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Mulher gestante tem direito a pensão mesmo sem prova de paternidade.

Saiba como obter a pensão denominada de alimentos grávidos

Deixar de pagar pensão alimentícia é das poucas coisas no Brasil que resulta em prisão

imediata do inadimplente. A frase, de tão repetida, já quase virou jargão em nossa sociedade e

denota o amplo conhecimento dos artigos 1.694 a 1.710 do nosso Código Civil, que instituiu o

direito.

Mas há um outro direito menos divulgado que muitas gestantes deixam de exercer por

simples falta de conhecê-lo: o dos alimentos gravídicos, previsto na lei 8.804/2008 e que obriga

o genitor do feto – mesmo que ele negue a paternidade -, a ajudar nas despesas da mulher

grávida de modo a que ela possa, dignamente, ter acesso a “alimentação especial, assistência

médica e psicológica, exames complementares, internações, parto, medicamentos e demais

prescrições preventivas e terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico, além de outras que o

juiz considere pertinentes”, conforme lista o artigo 2º da lei.

Assim como o direito a pensão alimentícia, o direito aos alimentos gravídicos é um

daqueles de que a mulher não pode e não deve abrir mão: afinal, ele diz respeito ao

desenvolvimento saudável do bebê que ela está gerando. E, mais ainda, a obrigatoriedade

estabelecida, desde a gravidez, de pagamento dos alimentos pelo futuro pai desemboca, após o

nascimento da criança, no dever de pagamento da pensão alimentícia: o artigo 6 º da lei já

estabelece que “após o nascimento com vida, os alimentos gravídicos ficam convertidos em

pensão alimentícia em favor do menor até que uma das partes solicite a sua revisão”.
Com advogado (a) próprio ou por meio da Defensoria Pública, a mulher deve reclamar

seu direito aos alimentos gravídicos assim que houver confirmação da gravidez e recusa

espontânea do provável pai a contribuir para o custeio das despesas que ela traz. E uma coisa

importante: como o exame de DNA na gestação não é seguro nem para a mulher nem para o feto,

para exercício desse direito bastam os indícios de paternidade. A lei deixa clara a dispensa de

prova inequívoca da paternidade - que poderá até ser impugnada por meio do teste de DNA após

o nascimento do neném.

Assim, ao impetrar seu pedido pelos alimentos gravídicos, a futura mãe deve incluir na

ação o laudo médico que comprova a gravidez mais o nome do provável pai junto com elementos

que mostrem a existência da relação: servem cartões, fotos, posts românticos em redes sociais,

trocas de mensagens, e-mails. Além disso, ela deve apresentar, se houver, quaisquer orientações

médicas demonstrando necessidades especiais – como a de assistência médica e psicológica, de

realização de exames complementares, medicamentos e demais prescrições preventivas e

terapêuticas indispensáveis ao seu caso.

Pode-se dizer que o direito aos alimentos gravídicos instituídos na lei 8.804/2008 deriva

do direito assegurado no artigo 2º do nosso Código Civil, que estabelece que: “a personalidade

civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os

direitos do nascituro”, o feto. Isso porque a nossa Constituição Federal protege a vida como

direito fundamental - mas não só a vida extrauterina, que é um direito inviolável da pessoa

humana conforme prescreve o caput do artigo 5º da Constituição, mas também a vida

intrauterina.

Video:
O desembargador do Tribunal de Justica mineiro Newton Teixeira Carvalho deu entrevista

sobre o instituto dos alimentos gravídicos para um programa de TV do estado. São dois

minutinhos e meio somente; para assistir, clique aqui.

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