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CURSO AUXILIAR VETERINÁRIO


2020
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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

▪ Módulo 1 - Como ser um profissional de sucesso?

▪ Módulo 2 - Bem estar, comportamento animal e raças

▪ Módulo 3 - Zoonoses, EPI e EPC

▪ Módulo 4 - Noções básicas de anatomia veterinária - 1

▪ Módulo 5 - Noções básicas de anatomia veterinária - 2

▪ Módulo 6 - Contenção ideal em diferentes momentos de cães

▪ Módulo 7 - Particularidades e contenção de Felinos

▪ Módulo 8 - Orientações básicas, contenção e particularidades dos animais silvestres e


exóticos.

▪ Módulo 9 - Noções básicas da fisiologia de cães e gatos - 1

▪ Módulo 10 - Noções básicas da fisiologia de cães e gatos - 2

▪ Módulo 11 - Cuidados básicos - 1

▪ Módulo 12 - Cuidados básicos - 2

▪ Módulo 13 - Conceitos introdutórios - 1

▪ Módulo 14 - Conceitos introdutórios - 2

▪ Módulo 15 - Dia a dia da clínica - 1

▪ Módulo 16 - Dia a dia da clínica - 2

▪ Módulo 17 - Acesso venoso e fixação - 1

▪ Módulo 18 - Acesso venoso e fixação - 2

▪ Módulo 19 - Acesso venoso e fixação - 3

▪ Módulo 20 - Cuidados básicos com o neonato, filhote e manejo reprodutivo


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▪ Módulo 21 - Conhecendo o ambiente hospitalar e rotina laboratorial

▪ Módulo 22 - Manejo do paciente internado

▪ Módulo 23 - Primeiros socorros - 1

▪ Módulo 24 - Primeiros socorros - 2

▪ Módulo 25 - Introdução a instrumentação

▪ Módulo 26 - Assepsia, limpeza cirúrgica e preparo de material

▪ Módulo 27 - Equipamentos anestésicos

▪ Módulo 28 - Instrumentação

▪ Módulo 29 - Instrumentação de cirurgias ortopédica

▪ Módulo 30 - Instrumentação de cirurgias oftálmica, oncológica e torácica

▪ Módulo 31 - Vivência cirúrgica - 1

▪ Módulo 32 - Vivência cirúrgica - 2

▪ Módulo 33 - Revisão prática geral

▪ Módulo 34 - Gestão emocional

▪ Módulo 35 - Prova de conclusão de curso


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Módulo 1 - Como ser um profissional de sucesso?

Abordaremos a conduta ética e perfil de um Auxiliar veterinário e como se destacar e ser


um profissional de sucesso.

O que faz um Auxiliar de Veterinária?

O Auxiliar Veterinário é o profissional responsável por cuidar dos animais mediante instruções do
veterinário.

Ele realiza aplicações de medicamentos, cuida da instrumentação cirúrgica, auxilia nas cirurgias
quando requisitado, acalma os cães ou gatos, preparar banho e tosa, administra corretamente as
mercadorias e sempre mantém o controle para reposição das mesmas

Cuida da higiene, trata das maternidades, verifica se as instalações estão corretas, observa o
comportamento das mães e crias, cuida de sua higiene e nutrição, presta os primeiros auxílios,
como corte de unhas, limpeza da glândula adrenal, limpeza do ouvido e tricotomia, raspagem de
pelo para cirurgia ou acesso venoso.

• Ética

No conjunto de regras de conduta ética do Auxiliar de Veterinária inclui-se nunca se passar por um
veterinário, jamais prescrever medicações, não diagnosticar e nunca realizar atendimentos em
domicílio sem o acompanhamento do veterinário responsável.

É função do profissional facilitar o trabalho do médico- veterinário, sempre sob supervisão.

• Perfil Auxiliar de Veterinária

Um Auxiliar de Veterinária deve ter como competências profissionais:

• Capacidade de Comunicação;

▪ Concentração;

▪ Decisão;

▪ Higiênico;

▪ Integro;

▪ Honesto;

▪ Dedicado;

▪ Caprichoso;

▪ Amar os animais;

▪ Pontual;

▪ Responsável;
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Módulo 2 - Bem estar , comportamento animal e raças

Abordar o comportamento e a psicologia de cães e gatos para que o auxiliar veterinário


possa entender melhor sobre os pets.

Introdução

Animais estão presentes na vida cotidiana do homem há 12.000 anos, quando começaram a ser
domesticados, fornecendo alimentos, agasalho, trabalho, proteção e companhia. O cão tem se
associado com o homem há mais tempo que qualquer outro animal doméstico e seu processo de
domesticação foi um fator importante no desenvolvimento da sociedade humana. Principalmente a
partir do século XX, os cães são usados para preencher mais necessidades humanas que
qualquer outra espécie doméstica e, por isso, é crescente a preocupação da sociedade em
oferecer um bem-estar de grau bom pleno para essa espécie.
A definição mais aceita de bem-estar animal é a de um completo estado de saúde física e mental,
em que o animal se encontra em harmonia com seu meio ambiente. Em 1993, na Inglaterra, o
Comitê de bem-estar de Animais de Produção definiu as cinco liberdades para a avaliação do
bem-estar animal.
Elas são: Liberdade nutricional, Liberdade sanitária, Liberdade comportamental, Liberdade
psicológica e Liberdade ambiental. A implementação das cinco liberdades vem ao encontro da
ideologia de uma grande parte dos médicos veterinários brasileiros

O que é o bem estar animal?

Refere-se a uma boa ou satisfatória qualidade de vida que envolve aspectos como saúde,
felicidade e longevidade.

De acordo com Barry Hughes (1976) “ Bem estar animal se refere a um estado de competa saúde
física e mental, em que o animal está em harmonia com ambiente em que habita “

Bem estar é ter:

Boa Saúde

Não sofrimento

Direito a vida

Direito a liberdade
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Cinco liberdades para a avaliação do bem-estar animal :

Abordagens do bem estar animal

1. Sentimento dos animais

Estado afetivo dos animais (sentimentos ou emoções) são elementos chaves na definição de
qualidade de vida.
Boas condições de bem estar requer: conforto, livre de dor prolongada ou intensa, de medo, fome,
sede e outros estados não prazerosos.

2. Funcionamento biológico
Crescimento e reproduções normais, livre de doenças, injúrias, má nutrição e anormalidades
fisiológicas e comportamentais.

3. Vida Natural
Ênfase na história/vida natural do animal
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O s

"Para tornar a vida mais confortável


para estes animais precisamos
conhecer suas necessidades"
animais devem ser mantidos em ambientes próximos ao que seria o seu habitat natural e devem
ser capazes de desenvolver e usar as suas adaptações naturais e capacidades instintivas.

Na prática, como podemos ajudar a manter o bem estar?

Conhecer a etologia e biologia da espécie animal


Condições ambientais e manejo adequado
Ausência de dor, estresse e sofrimento.

Comportamento Animal

O comportamento dos animais é o resultado do modo como os vários subsistemas nervosos e


hormonais interagem entre si e com o mundo externo. É importante observar que as
características comportamentais próprias de cada espécie auxiliam os animais a satisfazerem as
necessidades biológicas.

Cães: Os cães são animais predadores que vivem em grupos familiares extensos, possuindo uma
complexa organização social.

Gatos: Os gatos, por sua vez, são predadores de comportamento solitário, de natureza defensiva
e principalmente territorialista. Animais da espécie felina utilizam métodos visuais e vocais na
tentativa de evitar confronto físico.
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Nos últimos 25 anos, tem se tornado comum para os veterinários ver os animais apresentando
problemas comportamentais. Em parte, isso reflete a mudança no papel do cachorro na
sociedade, de um habitante do quintal para um membro da família. Os proprietários podem não
saber qual é o comportamento animal normal ou podem ter expectativas irreais do seu animal,
pois não observam os aspectos universais dos comportamentos dos cães e gatos.

Agressividade e Bem-Estar Animal

A agressividade é definida como um comportamento ao qual todos os mamíferos estão


vulneráveis, sendo um conflito onde a causa principal é o meio social em que o animal vive. O
comportamento agressivo, em alguns casos, é normal e faz parte do repertório comportamental do
animal, necessário para sua sobrevivência. Mensurações do comportamento têm grande valor na
avaliação de bem- estar. No animal, alguns sinais de bem-estar pobre são evidenciados por
mensurações fisiológicas, como aumento de frequência cardíaca, atividade adrenal e resposta
imunológica reduzida.
A agressão em animais de companhia tem profundas implicações com o bem-estar animal, e
mudanças comportamentais podem indicar que o bem-estar não está satisfatório,
comportamentos anormais, como estereotipias, automutilação e comportamentos agressivos
podem indicar que o indivíduo encontra-se em condições de bem-estar ruim.

São considerados posturas ou sinais de agressividade ou ataque iminente em cães e gatos:


Pilo-ereção, mostrar os dentes, vocalizar, encarar de frente, abanar apenas a ponta da cauda,
orelhas eretas, achatadas ou para frente, cauda elevada e contato visual prolongado.
Cães agressivos

Não existem raças agressivas. Existem raças que criaram má fama devido a acidentes, como Pit
Bull, Rottweiler, Fila Brasileiro, Pastor Alemão, Doberman ou Mastim Napolitano. Na verdade,
qualquer raça pode tornar- se agressiva. Essa característica depende de vários fatores, como o
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entorno social, vínculo com pessoas, estado sanitário, comportamento aprendido e bem-estar
animal. As raças mais conhecidas pela característica de guarda possuem maior potencialidade
para possessividade, territoriedade e dominância. Tais características combinadas com o tamanho
e a força do cão podem se tornar um grande risco para as pessoas se esses animais não forem
socializados e tratados adequadamente desde filhotes. A mídia tem enfatizado a ideia de que
certas raças de cães são de natureza violenta e representam perigo para as pessoas.

"Qualquer raça pode tornar-se agressiva. Essa característica depende de vários fatores, como o
entorno social, vínculo com pessoas, estado sanitário, comportamento aprendido e bem-estar
animal."

Antropomorfismo, o que é?

Antropomorfismo significa a aplicação de algum domínio da realidade social, biológica, física do


homem, inclusive seu comportamento, ao animal.

Um animal doméstico sofre todas as influências do ser humano e essa situação pode afetar não
só a saúde, mas também o seu comportamento, em que passa a ser um total dependente do
homem, interferindo nos relacionamentos familiares e pessoais.
A domesticação de cães e gatos remonta a mais de 10 mil anos, quando esses animais passaram
a consumir dietas similares às de seus proprietários, alimentando-se de suas sobras. Esse tipo de
alimentação fez surgir nesses animais problemas de saúde similares aos dos humanos, como
doenças cardíacas, obesidade, diabete, doenças hepáticas, doenças renais e câncer, que na
natureza não eram observadas anteriormente. Os animais domésticos têm necessidades
nutricionais e preferências alimentares diferentes das do homem. Não há dúvidas de que o
antropomorfismo alimentar interfere na saúde do animal, mas esses problemas de inadequação
nutricional só são percebidos no longo prazo. A inadequação nutricional normalmente se
apresenta na forma de dermatites alérgicas, obesidade, pressão arterial alterada, entre outras
enfermidades.
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Outro tipo de antropomorfismo que virou mania entre os proprietários é o antropomorfismo social.
Esse tipo de antropomorfismo não se deve confundir com cuidados sanitários, clínicos,
nutricionais, alimentares, cirúrgicos e que promovam o bem-estar pleno do animal, que se fazem
necessários aos animais domésticos, com os excessos, como unhas postiças, óculos e carrinhos
de bebe que alguns proprietários fazem uso em seus animais. Os animais domésticos se
comunicam através do corpo e de vocalizações, expressando dessa maneira seu comportamento.
Quando o cão é inserido no ambiente familiar, ele se vê como parte de uma matilha. Entretanto,
com o antropomorfismo, pessoas associam atitudes animais com posturas humanas. Assim,
comportamentos normais podem resultar em problemas como maus tratos, abandono e bem-estar
animal ruim.

Considerações finais

A preocupação com o Bem-Estar Animal é crescente, principalmente em relação a cães e gatos.


Muitas vezes o proprietário não sabe qual é o comportamento canino e felino normal e os tratam
como membros da família. Dessa maneira, pode-se desenvolver distúrbios comportamentais
nesses animais que sugerem uma não adaptação ao meio e um bem-estar ruim.pobre. Culturas
regionais variam amplamente, e o antropomorfismo, associação de atitudes animais com posturas
humanas, acomete com frequência os animais domésticos. O fato é que os animais domésticos
foram retirados de seu ambiente natural e não conseguem desempenhar todos os
comportamentos naturais da espécie. O antropomorfismo pode ser benéfico em alguns casos ou
mesmo prejudicar o animal em outros. Assim, o bom senso deve predominar e o conforto e bem-
estar devem ser sempre avaliados.

Obs: Todas as informações aqui obtidas são usadas como base para o estudo mais
aprofundado além do conteúdo passado durante as aulas teóricas e os livros
recomendados.

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Raças de Cães

Quando começou a associar-se com o homem, o cachorro já se diferenciava em várias raças. As


raças de cachorros que conhecemos hoje, apresentam uma diversidade muito acentuada de
aspectos distintos, cuja explicação não está somente na tendência natural do cão à variação, mas
também dos efeitos de uma domesticação muito antiga.

Aqueles que sustentam a tese segundo a qual o atual cachorro doméstico descende de uma única
espécie primitiva, apontam como causa da diversificação as mutações naturais, a ação de fatores
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ambientais, climáticos e reprodutivos, assim como a domesticação, isto é, a intervenção do
homem que, através dos tempos trabalhou para obter a fixação das diferentes características
físicas e psíquicas, apropriadas para satisfazer distintos interesses de trabalho ou esportivos.

Todas estas causas atuando juntas ou separadas, teriam contribuido para explicar a diversidade
das raças e também se descendem, como outros sugerem, de vários progenitores.

Com o passar do tempo, os cachorros assumiram papéis cada vez mais específicos na vida do
homem: especializaram-se em diversos sistemas de caça, guarda e pastoreio de rebanhos, tração
de trenós, e ainda em atividades de combate contra outros animais. Podemos considerar que há
nos dias de hoje, cerca de trezentas diferentes raças de cachorros que são reconhecidas
internacionalmente, além de outras tantas raças de cães mais novas, que já obtiveram um registro
provisório nas associações cinófilas. As raças de cachorros estão dividas em 11 grupos caninos:

Grupo 1 (cães pastores e boiadeiros)


Grupo 2 (pinschers, schnauzers e molossóides)
Grupo 3 (cães terriers)
Grupo 4 (dachshunds)
Grupo 5 (spitz e cães do tipo primitivo)
Grupo 6 (farejadores e raças assemelhadas)
Grupo 7 (apontadores)
Grupo 8 (retrievers, levantadores e cães d'água)
Grupo 9 (cães de companhia e toys)
Grupo 10 (galgos ou lebréis)
Grupo 11 (raças com registro provisório).

Grupo 1 - São os cães pastores e boiadeiros. Não é difícil imaginar que, ainda em tempos
remotos os pastores sentiram a necessidade de proteger os seus rebanhos, tanto dos ataques de
animais selvagens, quanto do próprio homem, e que pensaram em solucionar estes problemas
recorrendo aos cães, que provavelmente já eram utilizados na caça e proteção de propriedades.
Era necessário, porém, que estes cães pastores apresentassem um tipo físico específico.
Deveriam ser fortes e velozes, particularmente resistentes às intempéries e longas caminhadas, e
que tivessem uma pelagem clara, para que pudessem ser facilmente identificados em meio ao
rebanho, mesmo à noite. Graças à excepcional inteligência, vigor físico e notável resistência, os
cães pastores e boiadeiros de hoje exercem ainda inúmeras outras funções além de suas tarefas
tradicionais. Ex: Pastor Alemão, Border Collie, Bouvier de Flandres entre outros.
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Grupo 2 - Cães de Guarda, Trabalho e Utilidade. Na verdade, neste segundo grupo das raças
caninas, a Cinofilia internacional procurou reunir sobretudo aquelas que cumprem
tradicionalmente as funções de cão de guarda e defesa desde tempos distantes, e também as
chamadas raças de utilidade, isto é, os cães trabalhadores, que exercem com boa aptidão
diversas atividades que auxiliam o homem. Fazem parte deste grupo canino as raças que
participam nas exposições das chamadas "provas de trabalho" e que são classificadas pelos
aspectos físicos e psíquicos requeridos pelos respectivos padrões. Ex: São bernardo, Mastiff,
Bulldog, Dogue Alemão, Sharpei entre outros.

Grupo 3 - Por serem pequenos, resistentes e, portanto, fáceis de se manter, além de serem úteis
nas diversas atividades de caça de toca, os cães terriers eram, em tempos não tão distantes,
criados principalmente por pessoas de poucos recursos.Os Terriers modernos são às vezes muito
diferentes dos seus rústicos antepassados.

A popularidade que obteve uma ou outra raça, muitas vezes não dava tanta importância às suas
habilidades como caçadores do que à beleza da pelagem e demais caprichos da moda, como cor,
posição das orelhas e da cauda, etc. Mas apesar destes caprichos humanos, um verdadeiro cão
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terrier, de qualquer raça que seja, possui as mesmas qualidades físicas e psíquicas que os
tornaram populares há quase 2 mil anos. Ex: Fox Terrier, Cairn Terrier, Terrier Brasileiro e
o Yorkshire Terrier entre putros.

Grupo 4 - O quarto grupo das classificações das raças de cachorros reune os três tipos de
bassets alemães, conhecidos como "Dachshund" ou "Teckel". Embora sejam considerados raças
independentes, possuem um único padrão oficial.

Originalmente os Dachshunds são conhecidos como cães de toca por natureza. Devido ao
apurado olfato e seus dotes físicos, desempenham as funções de caça de toca com extrema
aptidão. Apesar de conhecermos os Dachshunds como afetuosos e inteligentes cães de
companhia, na Alemanha e na Inglaterra, ainda hoje, são utilizados para caçar animais de toca. A
característica física mais marcante dos dachshunds, é a visível desproporção entre o corpo
alongado e os membros curtos, típicos dos bassets alemães. Destacam-se ainda pelo
apuradíssimo olfato, que lhes permitem seguir a mais tênue das pistas. Ex: Dachshunds.

Grupo 5 - Em geral são raças de cães muito resistentes ao frio e a longas caminhadas, e também
muito fortes, como por exemplo o Akita, o Husky Siberiano e o Malamute do Alaska, capazes de
executarem trabalhos de tração, pastoreio e até guarda e rebanhos.Estes cães adaptam-se
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melhor em climas frios, amam a baixa temperatura e são aptos a se locomoverem com facilidade
na neve. Os cães do quinto grupo das classificações das raças são em geral muito dóceis,
sociáveis e não gostam de viver sozinhos, preferindo sempre a vida em matilha. Apesar de
inteligentes, são cães considerados independentes e por vezes um pouco teimosos, mais
indicados para proprietários experientes. Ex: Spitz alemão, Lulu da pomerânea, Akita, Husky
siberiano entre outros.

Grupo 6 - O sexto grupo das classificações das raças caninas reune os sabujos e os cães
farejadores. Estes cães apresentam excepcional resistência física, além de inigualável olfato e
capacidade de perseguição.Mais do que qualquer outro cão, os sabujos conservaram o instinto
para o trabalho coletivo, isto é, em matilha, típico, ainda hoje de muitos canídeos selvagens.
Enquanto outras raças acenturam a individualidade, muitas vezes em prezuizo de seus instintos
gregários, os sabujos e farejadores manifestaram específicas condições psíquicas que lhes
tornam mais fácil a convivência entre os seus semelhantes. Embora estes cães farejadores sejam
considerados ainda hoje especializados nas funções de caça, muitas das raças deste grupo
tornaram-se ao longo do tempo capazes de desempenhar outras funções. O Bloodhound por
exemplo é utilizado com sucesso como cão policial, enquanto outras raças deste grupo como
o Beagle e o Basset Hound são considerados maravilhosos cães de companhia. Ex: Beagle,
Dálmata entre outros.
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Grupo 7 - Os cães de mostra, ou cães apontadores foram desenvolvidos com o a intenção de se
criar um cão apto a auxilar o caçador na chamada caça moderna, ou seja, a atividade de caça
com a presença de armas de fogo.

O cão apontador pode ser definido como aquele que é capaz de mostrar ao caçador quando
adverte a presença da presa, isto depois de haver explorado atentamente o terreno, seja muito
extenso ou pouco vasto. Percebendo a presença da presa, este tipo de cão permanece imóvel
como uma estátua, tensionando cada músculo do corpo, demonstrando sua total atenção, com a
cauda vibrante e apontando com o focinho em direção a presa.Dentre as raças mais conhecidas
no grupo dos cães apontadores estão os setters e os pointers, raças pertencentes a seção dos
pointers e setters britânicos e irlandeses.

Grupo 8 - Algumas das raças deste grupo, o oitavo das classificações caninas, figuram entre as
mais populares em todo o mundo. Originalmente, os retrievers, ou recuperadores de caça, são os
cães responsáveis em buscar a presa abatida e trazê-la ao caçador. Os levantadores de caça são
aqueles cães que também desempenham a função de espantar a presa para que possa ser
avistada à distância. Devido à notável facilidade de adestramento e ao excelente faro, algumas
destas raças de cães retrievers, levantadores e cães d'água, como o Golden Retriever,
o Labrador, entre outras, são utilizadas nos dias de hoje em importantes funções, como cães guia,
farejadores e cães de salvamento.
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Grupo 9 - Os cães que pertencentes a esse grupo são cães de companhia como o Bichon Frisé,
o Chihuahua, o Shih Tzu e o Cristado chinês, Poodle entre outros.

Grupo 10 - O nome Lebrél deriva de "lebre", e foi atribuído a este tipo de cão, talvez por serem
grandes velocistas, assim como o pequeno animal silvetre, ou talvez porque a caça à lebre tenha
sido uma das funções que no passado eram confiadas a muitos cães deste tipo.todos os lebreis
apresentam as mesmas características físicas. Com aparência elegante, focinho comprido e
afilado, patas longas, peito estreito e profundo, músculos fortes, além de excepcional visão, os
lebréis são verdadeiras máquinas de corrida.

Os lebreis são apreciados hoje em dia principalmente como cães de companhia e de luxo, embora
algumas raças deste grupo continuem sendo utilizadas para funções de caça, corrida e ainda
outras atividades esportivas. Ex: Whippet, Borzoi entre outros.
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Grupo 11 - Estas são as raças de cães que não são reconhecidas internacionalmente (sistema
FCI), mas podem obter o registro no Brasil. Ex: Bulldog Campeiro, American Pit bull Terrier.

EXERCÍCIO

1) Comitê de bem-estar de Animais de Produção definiu as cinco liberdades para a avaliação do


bem-estar animal. Cite-as e comente sobre cada uma delas.

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2) Cite quais são considerados as posturas ou sinais de agressividade para um ataque iminente
de um cães ou gatos.

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3) É importante observar que os animais apresentam características comportamentais próprias de
sua espécie e isso auxilia os animais a satisfazerem as suas necessidades biológicas. Cite as
necessidades das espécies citadas durante a aula.

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4) Quais são os indícios e os sinais fisiológicos e comportamentais que um animal com bem-estar
pobre, poderá apresentar?

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5) Dos Grupos de Raças de cães citados acima, cite um exemplar de cada grupo e sua principal
característica.

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Módulo 3 - Zoonoses , EPI e EPC

Proposta: Orientar ao auxiliar veterinário os equipamentos e práticas de proteção


individual e coletiva utilizados no dia-a-dia da clínica veterinária. Além de abordar as
principais zoonoses.

TEÓRICO

1) EPI e EPC

2) Zoonoses

2.1) Raiva

2.2) Leptospírose

2.3) Doença da arranhadura do gato

2.4) Leishmania visceral

2.5) Sarna sarcóptica

2.6) Toxoplasmose

2.7) Esporotricose

TEÓRICO
PRÁTICA

1) Mostrar EPI/EPC utilizados na clínica.

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EPI e EPC

Equipamentos de Proteção Individual ou Equipamentos de Proteção Coletiva são


quaisquer meios ou dispositivos destinados a ser utilizados por uma pessoa ou um grupo de
pessoas, contra possíveis riscos ameaçadores da sua saúde ou segurança durante o exercício de
uma determinada atividade. Um equipamento de proteção individual pode ser constituído por
vários meios ou dispositivos associados de forma a proteger o seu utilizador contra um ou vários
riscos simultâneos.
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ZOONOSES

São doenças transmitidas do animais para os homens, o agente causador podem ser
diversos como fungos, bactérias, vírus, helmintos e rickettisia.
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RAIVA

SINTOMAS NO CÃO:

A sintomatologia nervosa é predominante e o período de incubação varia de 10 dias a 2


meses ou mais.

Os cães manifestam mudança de comportamento, escondem-se em lugares escuros ou


demonstram grande agitação. Apresentam inicialmente anorexia, irritação na região da
mordedura, estimulação das vias geniturinária e um ligeiro aumento da temperatura corporal.
Depois de 1 a 3 dias, acentuam-se os sintomas de excitação e agitação. O cão se torna
perigosamente agressivo, com tendência a morder objetos, animais e o homem, inclusive seu
próprio dono, e muitas vezes morde a si mesmo. Com a paralisia dos músculos de deglutição e
paralisia parcial das cordas vocais, a salivação se torna intensa e há mudança no latido. Na fase
terminal da enfermidade, pode-se observar convulsões generalizadas, incoordenação muscular e
paralisia dos músculos do tronco e das extremidades.

A forma muda da doença caracteriza-se pelo predomínio de sintomas paralíticos, de


maneira que a fase de excitação é muito curta ou não está presente. A paralisia começa pelos
músculos da cabeça e do pescoço, o animal tem dificuldade na deglutição e geralmente há
suspeitas de que o cão esteja engasgado com osso. O tratador, ao socorrê-lo, expõe-se à
infecção. Logo, sobrevém paralisia das extremidades, paralisia geral e morte. O curso da
enfermidade dura de 1 a 11 dias.

SINTOMAS NO HOMEM:

A enfermidade se inicia com sensação de angústia, hiperatividade, dor de cabeça,


elevação da temperatura corporal, mal-estar, anorexia, náuseas, irritabilidade e alterações
sensoriais imprecisas.

Os sintomas de hiperatividade podem ser predominantes até a morte ou substituídos por


uma fase de paralisia generalizada.

Na fase de paralisia há uma extrema sensibilidade à luz, por haver midríase, ao som e ao
vento, além do aumento da salivação. Com a evolução da doença, há espasmos nos músculos da
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deglutição e quadro de hidrofobia, onde a pessoa afetada se recusa a engolir a sua própria saliva.
Pode-se também observar espasmos dos músculos respiratórios, delírio e convulsões
generalizadas.

A enfermidade dura de 2 a 6 dias ou mais e, de modo invariável, termina com a morte. Não
havendo tratamento.

CONTROLE:

1. Vacinação anual dos animais;

2. Vacinação preventiva dos funcionários envolvidos em experimentos que utilizem animais


susceptíveis;

3. Utilização de proteção adequada- EPI/EPC

LEPTOSPIROSE

TRANSMISSÃO:

Roedores, especialmente os ratos, quando contaminados podem superar a infecção aguda


e se tornarem disseminadores crônicos de Leptospira spp através da urina.

A infecção do homem e de outros animais se produz por via direta ou indireta através da
pele e das mucosas nasal, bucal ou conjuntival. A via mais comum é a indireta, através de águas,
solo e alimentos contaminados por urina de animais infectados.
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SINTOMAS NOS ANIMAIS:

Em roedores, a doença dificilmente apresenta sintomas. Em cães, a infecção pode variar


de forma assintomática a quadros clínicos graves. A forma mais grave é a hemorrágica, que se
instala repentinamente com febre por 3 a 4 dias, seguida por rigidez e mialgias nos membros
posteriores, hemorragias na cavidade bucal com tendência a necrose e faringite. Em uma etapa
posterior, pode haver gastroenterite hemorrágica, nefrite aguda e icterícia.

SINTOMAS NO HOMEM:

O período de incubação da enfermidade dura de 1 a 2 semanas. A sintomatologia humana


é muito variável, desde casos leves, praticamente assintomáticos, até outros com cefaléia, febre,
vômitos, mal-estar, petéquias cutâneas, conjuntivite, às vezes icterícia, meningite, encefalite e, em
casos raros, até a morte se a doença progredir sem diagnóstico.

CONTROLE:

1. Vacinação de cães;

2. Reforço a cada 6 meses;

3. Impedir o acesso de roedores silvestres aos biotérios e estoques de ração;

4. EPI/EPC.

*Em cães a imunização tem sido eficaz na redução da incidência e severidade da leptospirose
canina, mas não previne o estado de portador, podendo levar a infecção ao homem.

DOENÇA DA ARRANHADURA DO GATO

Doença da arranhadura do gato é uma infecção


causada pela bactéria Bartonella henselae. Essa infecção
ocorre quando um indivíduo é arranhado ou mordido por um
gato hospedeiro dessa bactéria.

A bactéria tende a se proliferar infectando a parede


dos vasos sanguíneos, deixando o local lesionado com uma
bolha vermelha característica da doença.

SINTOMAS NO HOMEM:

Bolha vermelha em torno da lesão, gânglios linfáticos inflamados, dor e rigidez no local
lesionado, falta de apetite, febre, dor de cabeça, problemas de visão e tumefação cerebral.
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CONTROLE:

1. Fazer visitas frequentes ao veterinário;

2. Uso de preventivos de pulga;

3. Evitar brincadeiras de arranhões.

TOXOPLASMOSE

TRANSMISSÃO:

Toxoplasmose é uma doença infecciosa, congênita ou adquirida, causada por um


protozoário chamado Toxoplasma gondii que é encontrado nas fezes dos gatos e outros felinos.

A patologia pode ser adquirida por meio da ingestão de alimentos contaminados, como
carne crua ou mal passada, principalmente de porco e de carneiro e por vegetais mal higienizados
que abriguem os oocistos do protozoário encontrados nas fezes do hospedeiro.

Pode infectar quase todas as partes do organismo humano, incluindo cérebro, músculos e
até mesmo o coração. No entanto, se a pessoa for saudável de um modo geral, o sistema
imunológico a defenderá bem contra as ações do parasita, mantendo-o inativo dentro do
organismo e impedindo, assim, que a pessoa volte a ser infectada novamente por ele. Mas se a
resistência não for tão boa, principalmente se o paciente tiver alguma doença que comprometa o
sistema imunológico, a infecção pode ser reativada e causar sérias complicações.

A toxoplasmose não é contagiosa entre humanos, ou seja, ela não pode ser transmitida de
pessoa para pessoa. No entanto, as fezes de gatos e a ingestão de alimentos contaminados não
são a única porta de entrada para o parasita. Humanos também podem adquirir a doença em
outras situações, como o uso de facas e outros utensílios de cozinha contaminados, transfusões
de sangue e transplantes de órgãos.

A doença também pode ser congênita. Neste caso, ela é transmitida da mãe infectada para
o bebê por meio da placenta. Se a mulher foi diagnosticada com a doença um pouco antes ou
durante a gestação, as chances de ela passar a infecção para o filho são de 30%, em média.
25

SINTOMAS NO HOMEM:

Geralmente, a toxoplasmose é uma doença que passa desapercebida. Em alguns casos,


porém, em pessoas consideradas saudáveis, podem aparecer sintomas parecidos com os da
gripe, como dor de cabeça, coriza, dor no corpo, febre, fadiga e dor de garganta.

Já em pacientes com o sistema imunológico debilitado, podem surgir sintomas específicos,


como problemas de coordenação, convulsões, confusões, visão turvada, em alguns casos, até
mesmo infecções respiratórias, como pneumonia e tuberculose.

Em bebês, os sintomas são diferentes. Alguns podem nascer com pulmões e baço
anormalmente grandes, podem sofrer também de convulsões e de amarelamento da pele e dos
dentes, além de graves infecções nos olhos. Somente uma pequena parte dos bebês que nascem
com toxoplasmose demonstram sinais da doença nos primeiros dias de vida. Geralmente os
sintomas só aparecem na adolescência.
26
CONTROLE:

1. Avaliação médica;
2. Higienizar corretamente verduras e Legumes;
3. Higienizar utensílios de cozinha;
4. Lavar as mãos após higienizar caixas higiênicas;
5. Não ingerir carnes cruas ou mal cozidas.

ESPOROTRICOSE

TRANSMISSÃO:

A esportotricose é causada pelo fungo Sporothrix schenckii, e pode afetar animais e


humanos. A doença era comum em jardineiros, agricultores ou pessoas que tivessem contato com
plantas e solo em ambientes naturais onde o fungo pudesse estar presente em materiais
orgânicos. Porém, hoje, a forma de transmissão mais comum se dá entre animais e na forma
zoonótica através de arranhaduras, mordeduras ou contato com as secreções de lesões de gatos
doentes.

Os cães não desempenham um papel importante nesta epidemia, não havendo sido
comprovada, a partir dos casos atendidos no Ipec, a transmissão ao ser humano por esses
animais. É provável que os poucos casos de espororicose em cachorros foram devido ao contato
desses com gatos doentes.

SINTOMAS NOS GATOS:

Nos gatos doentes, as manifestações clínicas da esporotricose são lesões na pele,


principalmente em extremidades, que não cicatrizam e costumam evoluir rapidamente podendo
haver lise óssea. A incidência dessa patologia é maior em gatos machos, inteiros e que tenham
acesso à rua.
27

SINTOMAS NO HOMEM:

Normalmente a infecção é benigna e se limita apenas a pele, mas há casos que ela se
espalha pela corrente sanguínea afetando ossos e órgãos. Os sintomas vão variar conforme o
local que afeta.

Quando afeta somente a pele, é comum que surja como um nódulo pequeno e doloroso,
parecendo picada de inseto, podendo aumentar e ulcerar posteriormente. Se extracutâneo os
sintomas irão variar conforme o órgão afetado. Quando acomete os pulmões, os sintomas se
assemelham a tuberculose.

CONTROLE:

1. Castração;

2. Evitar que o animal tenha vida livre;

3. Isolamento de animais doentes;

4. EPI

OBS: O tratamento é prolongado (em casos mais graves, com duração de mais de um ano) e exige cuidados especiais
pelo dono para que este não contraia a doença.

IOS
EXERCÍCIO

1) O que são zoonoses? Cite 2 e disserte sobre elas quanto as suas formas de transmissão.

______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

2) Gato, macho, inteiro, 2 anos de idade foi atendido na clínica CDMV com feridas em membros
torácicos e em face. Tutor relata que animal tem de fugir para a rua e que as vezes demora até
2 dias para voltar para casa. Qual a principal suspeita? Quais os cuidados que o veterinário
deverá ter ao examiná-lo?

______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________
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3) Cite 2 formas de controle da raiva.

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______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

4) O que são EPI/EPC e disserte sobre a importância.

______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
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Módulo 4 - NOÇÕES BÁSICAS DE ANATOMIA VETERINÁRIA 1 


Proposta:

Conhecer a história da anatomia e aprender as noções básicas de planos


anatômicos, posicionamento e eixos dos animais.

Teórica
TEÓRICA

1. História da Anatomia

2. Qual a importância de saber anatomia ?

3. Planos anatômicos

4. Posicionamento dos animais

5. Anatomia óssea

a) Divisão do esqueleto ósseo

b) Quantidade de ossos

c) Classificação dos ossos

d) Esqueleto Axial

e) Dentição

f) Coluna Vertebral

g) Costelas

6. Articulações

a) Principais articulações
30
História da Anatomia Veterinária

Anatomia é o ramo do conhecimento que estuda a forma, a disposição e a estrutura dos


órgãos que compõe o organismo. De acordo com Vesalius, a anatomia “deve ser corretamente
considerada como a base solida de toda a arte da medicina e sua introdução essencial”. O termo
que é de origem grega, literalmente significa “cortar fora”, dai a dissecção do cadáver torna-se o
método tradicional de estuda-la. A palavra anatomia também significa separação ou
desassociação de partes de corpo.

O homem pré-histórico já observava à sua volta a existência de seres diferentes de seu corpo,
os animais. Com isso, passou a gravar nas paredes das cavernas e fazer esculturas das formas
que via. Assim, passou a notar detalhes, que hoje nos permite identificar as espécies animais
descritas. Foram os gregos que denotaram um maior avanço no estudo da anatomia, com
Asclépio. Depois de Asclépio, vieram sucessores, constituindo escola, como por exemplo:
Hipócrates; Aristóteles; Herófilo; Erasístrato; Celso; Rufus; Galeno.

Os Anatomistas estudaram sempre às escondidas, pois era proibido o uso da dissecação.


Considerava-se abuso a violação de um cadáver, de forma especial, o humano. Os estudos
provenientes nessa época e nas seguintes dependiam da autorização expressa do rei, ou corria-
se o risco de ser preso e condenado. As dissecações eram feitas em porões, adentrando as
madrugadas.

Qual a importância de saber anatomia?

A Anatomia Animal é a parte da Biologia que estuda a forma e a estrutura do corpo dos
organismos. Essa importante área permitiu que conhecêssemos a estrutura do nosso corpo e de
outros seres vivos, bem como fôssemos capazes de entender seu funcionamento.

A compreensão, por exemplo, de que o sangue circula no interior dos vasos sanguíneos só foi
possível através dos estudos anatômicos que analisaram o interior do corpo. Sem essa área, não
teríamos conhecimento nem mesmo da disposição dos órgãos no organismo e,
consequentemente, não seríamos capazes de criar tratamentos para determinadas doenças e
realizar cirurgias. Sendo assim, podemos concluir que essa área da Biologia é fundamental para a
Medicina de forma geral e influenciou diretamente em todo nosso conhecimento sobre saúde.

Além disso, o estudo da anatomia comparada, ou seja, o estudo comparativo entre a estrutura dos
vários animais, incluindo o homem, é de extrema importância para a compreensão dos processos
evolutivos. Órgãos semelhantes em organismos diferentes fazem com que seja possível
estabelecer laços de parentesco entre diferentes espécies.
31

Planos anatômicos

✓ Planos:
Frontal

Medial

Sagital

✓ Eixos:
Crânio - Caudal

Latero - lateral

Dorso - ventral

OBS: Isso é importante para o posicionamento!


32
Anatomia óssea

As funções primárias do esqueleto são a sustentação do corpo, a formação do sistema de


alavancas utilizado na locomoção e a proteção de partes moles. Os fatores biomecânicos,
portanto, são os mais importantes para moldar os ossos e determinar seu desenho microscópico.
O principal tecido esquelético, o osso, possui um papel secundário na manutenção da
homeostase mineral, fornecendo uma reserva de cálcio, fosfato e outros íons.

Divisão do esqueleto Ósseo

Os ossos podem ser classificados de diversas formas. A classificação topográfica reconhece o


esqueleto como:

Cranial: Ossos da Cabeça

Pós-cranial: Que se dividem em :

Esqueleto Axial :

Crânio, Atlas, axes, vertebras cervicais, vertebras torácicas, vertebras


lombares, sacrais, vertebras caudais, costelas, externo. O único osso que
tem no macho e não tem na fêmea é o osso peniano.

Esqueleto Apendicular :

Membros pélvicos - quadril, fêmur, tíbia e fíbula, patela , metatarso,


Falange distal, média e proximal.
Membro torácico - Escápula, úmero, rádio e ulna, metacarpo e falange
distal, média e proximal.

Classificação dos ossos

Os ossos, individualmente, são classificados de acordo com sua forma por um sistema
bastante ingênuo.
Os ossos longos, característicos de membros, tendem a ser cilíndricos e são claramente
adaptados ao funcionamento como alavancas. Talvez seja mais importante saber que esses ossos
se desenvolvem a partir de três centros de ossificação: um no corpo (diáfise) e um em cada
extremidade (epífise).
Os ossos curtos não possuem dimensão que exceda, significativamente, as demais. Muitos
estão agrupados juntos, no carpo e no tarso, onde a multiplicação das articulações possibilita a
realização de movimentos complexos e reduz a ocorrência de concussões. A maioria dos ossos
curtos se desenvolve a partir de um único centro de ossificação; a replicação desses centros
geralmente indica que o osso representa uma fusão de elementos que, em formas ancestrais,
eram distintos.
33
Os ossos planos são expandidos em duas direções. A categoria inclui a escápula, os ossos do
cíngulo pélvico e muitos dos que formam o crânio. Suas superfícies amplas permitem a fixação a
grandes massas musculares e a proteção de partes moles subjacentes.
Os demais ossos têm formas por demais irregulares para serem classificados em categorias
claramente definidas. Ossos planos ou irregulares não apresentam uniformidade no
desenvolvimento.

Figura 2: Ossos longos, curtos e planos. 1 de um cão.

Esqueleto Axial

Cabeça: Dolicocéfalos, Braquicéfalos e Mesocéfalos.


34

Tronco: O tronco é a maior parte da carcaça que permanece após a remoção da cabeça e do
pescoço, da cauda e dos membros torácicos e pélvicos; no linguajar comum, é o corpo do animal.
É composto de três segmentos — tórax, abdome e pelve — que não apresentam divisões
externas claras.

Esqueleto do cão. 1, asa do atlas, primeira vértebra cervical (C1); 2, processo espinhoso do áxis
(C2); 3, ligamento da nuca; 4, escápula; 5, última vértebra cervical (C7); 6, extremidade cranial
(manúbrio) do esterno; 7, úmero; 8, ulna; 8′, olécrano (ponta do cotovelo); 9, rádio; 10, ossos do
carpo; 11, ossos do metacarpo; 12, falanges proximais, médias e distais; 13, sacro; 14, osso do
quadril (coxal); 15, fêmur; 16, patela; 17, fíbula; 18, tíbia; 19, ossos do tarso; 19′, túber calcâneo
(ponta do jarrete); 20, ossos do metatarso; T1, L1 e Cd1, primeira vértebra torácica, lombar e
caudal, respectivamente.

Coluna vertebral

A coluna vertebral (ou espinha) se estende do crânio à extremidade final da cauda. É


composta de grande número de ossos distintos, as vértebras, que, por sua vez, são unidas de
modo firme, mas não rígido. A coluna sustenta o eixo do corpo e, assim, contribui para a
manutenção da postura; por flexão e extensão alternadas, e às vezes por torção, participa da
progressão e de outras atividades. A coluna vertebral envolve e protege a medula espinhal e as
estruturas acessórias contidas em seu canal central; de modo mais geral, protege as estruturas do
pescoço, tórax, abdome e pelve.

A maioria das vértebras apresenta um padrão comum, ao qual se sobrepõem características que
distinguem as diversas regiões: cervical (pescoço), torácica (dorso, em seu sentido mais estrito),
35
lombar (lombo), sacral (garupa) e caudal (cauda). O número de vértebras que compõem tais
regiões varia conforme a espécie e também, embora em extensão muito menor, individualmente.
Esse número pode ser representado por fórmulas; a do cão é C7, T13, L7, S3, Cd20-23.

Vértebras cervicais

Nas espécies domésticas, assim como na maioria dos mamíferos, existem sete vértebras
cervicais. As duas primeiras, o atlas e o áxis, são muito modificadas, permitindo a livre
movimentação da cabeça e, assim, requerem descrições individualizadas. As cinco outras são
mais características.

Vértebras cervicais do cão; a direção cranial está à esquerda. A, Atlas, vista dorsal. B, Áxis, vista
lateral. C, Quinta vértebra, vista lateral. 1, asa do atlas; 2,; 6, processo espinhoso; 7, processo
articular caudal; 8, processo transverso; 9, corpo; 10, processo articular cranial; 11.

Vértebras torácicas

As vértebras torácicas se articulam com as costelas e correspondem às mesmas em número.


Pequenas variações numéricas não são incomuns; geralmente são compensadas por uma
alteração recíproca na região lombar, o que não afeta a totalidade toracolombar. Todas as
vértebras torácicas compartilham características comuns, mas alterações seriadas que ocorrem
gradualmente (ou, em alguns pontos, de forma abrupta) distinguem os ossos mais craniais
daqueles mais caudais. As características torácicas comuns são corpos curtos, com extremidades
achatadas; facetas costais em ambas as extremidades, para as cabeças das costelas e nos
processos transversos, para os tubérculos das costelas; processos curtos e grossos; arcos
firmemente ajustados; processos espinhosos muito proeminentes; e baixos processos articulares.
36

Figura: Vértebra torácica do cão; vista lateral esquerda. 1, processo espinhoso; 2, processo
articular caudal; 3, processo transverso com fóvea costal; 4, processo mamilar; 5, incisura
vertebral caudal; 6, 7, fóveas costais; 8, corpo.

Vértebras lombares
As vértebras lombares diferem das torácicas por apresentarem corpos mais extensos e uniformes.
Outras características regionais são a ausência de facetas costais; processo espinhoso curto e,
geralmente, inclinado para a frente; processos transversos longos e achatados que se projetam
lateralmente, às vezes (como em cães) com uma inclinação cranioventral; processos articulares
enganchados; e processos mamilares, e ocasionalmente acessórios, proeminentes.

Figura: Sacro e vértebras caudais de cão. A, Sacro, vista ventral. B, Sacro, vista dorsal. C, Sacro,
vista cranial. D, Vértebra caudal, vista dorsal. E, Vértebra caudal, vista cranial; 7, corpo; 8,
processo transverso.
37

Vértebras caudais

O número de vértebras caudais varia enormemente, mesmo entre indivíduos de uma mesma
espécie. Essas vértebras apresentam uma simplificação progressiva na forma e, embora as
primeiras lembrem vértebras lombares em miniatura, os elementos centrais e finais da série são
reduzidos a bastões.

Dentição

A dentição de um cão é constituída por 42 dentes sendo eles:

12 incisivos
2 caninos
8 pré-molares
2 molares em cima 3 embaixo.

Costelas
O esqueleto torácico é completado pelas costelas e pelo esterno. As costelas são dispostas em
pares e, de modo geral, articulam-se com duas vértebras sucessivas; a caudal apresenta a
mesma designação numérica que a costela. Cada costela é composta de uma parte óssea dorsal,
a costela propriamente dita, e uma parte cartilaginosa ventral, a cartilagem costal.
A cartilagem da última costela pode não ser capaz de se conectar com sua vizinha; essa costela,
então, passa a ser chamada de “flutuante”.
38

Figura: Costela esquerda de um cão, vista caudal. B, Costela esquerda de um cão articulada com
duas vértebras, vista lateral. 1, tubérculo; 2, cabeça; 3, pescoço.

Figura: Esterno e cartilagens costais de cão (A) e de cavalo (B), vistas ventral e lateral esquerda.
1, manúbrio; 2, primeira costela; 3, esternebra; 4, articulação costocondral; 5, cartilagem xifoide.

Osso Pélvico

Embora o cíngulo pélvico seja, formalmente, uma parte do esqueleto do membro pélvico, parece
ser mais sensato discuti-lo aqui, já que é completamente integrado à construção do tronco. Cada
osso do quadril é composto de três ossos que se desenvolvem a partir de ossificações separadas
em uma única placa cartilaginosa.
É portanto importante descrever esses três componentes — ílio, púbis e ísquio — como unidades
separadas; juntos formam apenas um osso, essa divisão foi feita pela conveniência de facilitar a
descrição e o entendimento.
39

Figura: Ossos do quadril de cão em vistas lateral esquerda (A) e ventral (B). Vista dorsal (C) da
pelve equina. As linhas interrompidas demarcam as extensões aproximadas do ílio, púbis e ísquio.
1, asa do ílio; 6, púbis; 8, ísquio; 11, acetábulo; 12, sínfise pélvica; 16, sacro.

Esqueleto Apendicular

Membros torácicos :

Escápula: A escápula é um osso plano localizado sobre a parte craniodorsal, lateralmente


comprimida, do tórax. É a base da região do ombro.
40

Fígura: Escápula esquerda equina (E). 1, ângulo cranial; 2, espinha; 2′, tuberosidade da espinha;3
, ângulo caudal; 1.

Úmero

O úmero forma o esqueleto do braço. É um osso longo, localizado obliquamente contra a parte
ventral do tórax.
Sua extremidade proximal apresenta uma grande cabeça articular voltada para a cavidade
glenoide da escápula e, assim, equiparada à diáfise, à qual se une por meio de um colo.

Figura: Úmero esquerdo de cão; vistas caudal (A) e cranial (B). C, Extremidade distal do úmero
direito felino; vista cranial. Vistas cranial (D) e lateral (E) do úmero esquerdo equino.
41
Rádio e Ulna

O esqueleto do antebraço é formado por dois ossos, o rádio e a ulna.

O rádio é um osso em formato de haste simples, geralmente mais forte do que a ulna e se articula
com a superfície articular distal do úmero e seu formato adapta-se à mesma.

A ulna tem uma aparência incomum, já que sua diáfise é bastante reduzida e sua extremidade
proximal é prolongada além da superfície articular para formar o elevado olécrano, a ponta do
cotovelo. A extremidade distal apresenta uma pequena faceta articular para o rádio a seguir,
continua como o processo que faz contato com o osso ulnar do carpo

Figura: Ulna esquerda (A) e rádio esquerdo (B) de cão. Em sequência, a partir da esquerda: vista
cranial da ulna, vistas craniolateral e cranial do rádio e da ulna e vista caudal do rádio isolado.
Vistas cranial (C) e lateral (D) do rádio e da ulna esquerda.

Ossos do carpo

Os curtos ossos do carpo se articulam de maneira complexa, são dispostos em duas fileiras. A
fileira proximal é composta (em sequência mediolateral) dos ossos radial, intermédio, ulnar e
acessório; este último assemelha-se a um apêndice que se projeta atrás do carpo e, em animais
vivos, é um importante ponto de referência.
42

Figura: Os ossos do esqueleto do carpo em carnívoros (Car), R, rádio; U, ulna; a, osso acessório
do carpo; i, osso intermédio do carpo; r, osso radial do carpo; u, osso ulnar do carpo.

Ossos da mãe/patas

O padrão primitivo do esqueleto da mão dos mamíferos exibe cinco raios mais ou menos
equivalentes, cada um composto de um metacarpo e falanges proximal, média e distal dispostas
em linha

Membros pélvicos :

Pelve: O cíngulo pélvico foi descrito com o tronco (pág. 43) pelas razões anteriormente discutidas.

Fêmur

O fêmur que forma o esqueleto da coxa, é o mais forte dentre os ossos longos. A cabeça do fêmur
se articula com a a foça da pelve chamada de acetábulo, já a extremidade distal se articula com a
tíbia e a patela dando continuidade ao esqueleto pélvico.
43

Figura: Fêmur esquerdo de cão, vistas cranial (A), caudal (B) e lateral (C). Vistas cranial (D) e
lateral (E) do fêmur esquerdo equino. 1, cabeça; 1′, fóvea; 2, colo;3.

Tíbia e Fíbula

O esqueleto da perna é composto da tíbia e da fíbula que, diferentemente dos elementos


análogos do membro torácico, seguem lado a lado.

Tíbia e fíbula esquerdas de cão, vistas lateral (A), cranial (B) e caudal (C). Vistas cranial (D) e
lateral (E) da tíbia e da fíbula esquerdas equinas.

Ossos do Tarso

Os ossos do tarso são dispostos em três fileiras. A proximal é composta de dois ossos
relativamente grandes: o tálus, medialmente, e o calcâneo, lateralmente. A fileira média é formada
por um único osso, do tarso central mas a distal é composta de até quatro ossos, numerados em
sequência mediolateral.
44

Figura: Os ossos do esqueleto do tarso em carnívoros (Car). Tib, tíbia; F, fíbula; T, tálus; C,
calcâneo; c, osso central do tarso.

Articulações

Os ossos se encontram nas articulações; algumas delas são projetadas para unir firmemente os
ossos, enquanto outras permitem a livre movimentação. As articulações são classificadas como:

Articulação Fibrosa

Muitas das articulações fibrosas ocorrem no crânio e são denominadas suturas. As estreitas faixas
de tecido fibroso que delineiam e unem as margens dos ossos.

Figura: Os ossos do esqueleto do tarso em carnívoros (Car). Tib, tíbia; F, fíbula; T, tálus; C,
calcâneo; c, osso central do tarso.
45

Articulação Cartilaginosa

Articulações Cartilaginosas Muitas das articulações cartilaginosas são conhecidas como


sincondroses. Incluem as articulações entre as epífises e diáfises de ossos longos jovens e as
articulações correspondentes da base do crânio. A maioria delas é temporária e desaparece após
o término do crescimento, quando a cartilagem é substituída por osso.

Figura: Disco intervertebral (seta) unindo os corpos de vértebras adjacentes

Articulação Sinovial

Nas articulações sinoviais, os ossos articulados são separados por um espaço preenchido por
fluido, a cavidade articular. Os limites desse espaço são completados por uma faixa de tecido
conjuntivo delicado, a membrana sinovial. É fixada à periferia das superfícies articulares, que são
recobertas por finas camadas de cartilagem.
46
Figura: A, Secção de uma articulação sinovial. 1, cavidade articular; 2, membrana sinovial; 3,
cartilagem articular; 4, camada fibrosa da cápsula articular; 5, periósteo; 6, osso compacto.

Principais articulações

Articulação dos membros Torácico/Pélvico


47

Articulações vertebrais
48
Módulo 5 - NOÇÕES BÁSICAS DE ANATOMIA VETERINÁRIA 2


Proposta:

Conhecer a história da anatomia e aprender as noções básicas de planos


anatômicos, posicionamento e eixos dos animais.

TEÓRICO
TEÓRICA

1. Anatomia visceral

2. Anatomia do trato gastro intestinal básico.

3. Anatomia do trato reprodutivo básico.

4. Anatomia do trato urinário básica.

5. Anatomia respiratória básica.

6. Anatomia cardíaca básica.

7. Pele e anexos

________________________________________________________________________

Anatomia do Trato gastro intestinal


O aparelho digestório * engloba os órgãos relacionados com recepção, redução mecânica,
digestão química e absorção de alimentos e líquidos, e com a eliminação de resíduos não
absorvidos. É constituído pelo trato alimentar, que se estende da boca ao ânus, e certas glândulas
— glândulas salivares, pâncreas e fígado —, que drenam por meio de ductos que se abrem no
interior do trato. As partes que compõem o trato alimentar, na sequência correta, são boca,
faringe, esôfago, estômago, intestino delgado e intestino grosso (Fig. 3-1). Alguns dos órgãos
digestórios possuem outras funções, às vezes não menos vitais, que são bastante distintas do
processamento da ingestão de alimentos.
49

Figura: Representação esquemática do aparelho digestório no cão. 1, boca; 2, glândulas


salivares; 3, faringe; 4, esôfago; 5, estômago; 6, fígado; 7, duodeno; 8, pâncreas; 9, jejuno; 10,
íleo; 11, ceco; 12, cólon; 13, reto; 14, ânus.

Função: Apreensão do alimento, redução mecânica, digestão química e absorção de alimento e


liquido, e eliminação de resíduos não aproveitados.

O aparelho digestório se estende da boca até o anus.

Glândulas acessórias: Glândulas salivares ( ajuda na umidificação do alimento para facilitar a


digestão e deglutição e tem função antibacteriana leve), fígado (o papel do fígado no sistema
digestório é produzir bile, que tem como função reduzir a gordura em pequenas moléculas) e
pâncreas (Suco pancreático, que contém enzimas que quebram lipídios, proteínas, carboidratos,
glicose e todos os nutrientes), glândulas anais.

Anatomia do Sistema reprodutor Masculino

Função: Reprodução, sobrevivência da espécie, produção do gameta masculina e deposição no


interior do sistema feminino.

Órgãos envolvidos: Prepúcio , Osso peniano, Pênis , Bulbo da glândula, Testículo, Cordão
espermático, Epidídimo , ducto deferente , Anel vaginal.

Glândulas acessorias: próstata, bulbo uretral esquerda e direita apenas no Gato

Função: produzir o plasma seminal, o plasma seminal nutri o espermatozoide e equilibra o ph


dentro do ducto deferente.

Testículos- Função: Os testículos têm duas funções básicas a primeira é a produção de


testosterona, que ocorre nas células de Leydig dos testículos. A testosterona é o hormônio sexual
50
masculino mais importante, assim como o principal hormônio sexual feminino é o estrogênio, ou
estrógeno. Os hormônios sexuais masculinos são chamados de androgênios, ou andrógenos.

A segunda função dos testículos é a produção de espermatozoides. No entanto, essa


produção, que ocorre nos túbulos seminíferos dos testículos, só será possível se houver
testosterona suficiente na circulação sanguínea e, de maneira especial, no local onde os
espermatozoides são gerados. A fertilidade masculina, portanto, depende diretamente da função
dos testículos e da testosterona.

Figura: Ilustração da anatomia do sistema reprodutor masculino.

Anatomia do sistema reprodutor Feminino

Função: reprodução e perpetuação da espécie, produção e maturação do gameta


feminino ,receptação do gameta masculino e do penis, capacitação , fecundação e parto é o
unico sistema adaptado para gerar outra vida.

Órgãos envolvidos: Ovários, tuba uterina, tromba uterina, cervix, vestíbulo, vagina, vulva, clitóris.
51

Figura: Figura: Ilustração da anatomia do sistema reprodutor Feminino.

Anatomia do trato urinário básica

Função: O sistema urinário é o responsável por filtrar, armazenar urina e eliminar a ureia e outras
substâncias consideradas tóxicas para o nosso organismo.

Par de rins - Orgão de manutenção do meio interno, produz urina a partir da filtragem do sangue,
reabsorção ou eliminação de liquido dependendo da necessidade do individuo.

Par de ureteres - conduz a urina do rin para a bexiga

Bexiga - armazenamento de urina

Uretra - eliminação de urina

Figura: Ilustração da anatomia do sistema


urinário.
52

Anatomia do sistema respiratório

Função: absorção do oxigênio e liberação do CO2, produção da voz ( vocalização e latidos) e


olfação.

Parte condutora: nariz, cavidade nasal, faringe e laringe, traqueia, bronquios e bronquiolos

Parte Respiratória: Bronquíolos respiratórios, ductos alveolares, sacos alveolares e alvéolos

Mecanismo de bombeamento e troca gasosa.

Inspiração: entrada de ar no pulmão

Expiração: saída de pulmão

Orgãos envolvidos: sacos pleurais, esqueleto do torax e musculo associado ao torax, diafragma.

Figura: Ilustração da anatomia do sistema respiratório de um cão.


53
Anatomia do sistema cardíaco/ circulatório

Orgãos envolvidos: Coração, artérias, veias e sistema linfático

Função: Fornecer oxigênio e nutrientes ao organismo, eliminar os dejetos celulares e gás


carbônico.

Grande circulação: Átrio esquerdo, ventrículo esquerdo, artéria aorta, distribui para todo o
organismo e volta para o coração através da veia cava caudal e cranial, que desemboca no átrio
direito, ventrículo direito, duas artérias pulmonar, pulmão onde sofre troca gasosas, veia pulmonar
e átrio esquerdo.

Pequena circulação: átrio direito, ventrículo direito, artéria pulmonar, pulmão, átrio esquerdo,
ventrículo esquerdo.

Figura: Ilustração da anatomia do sistema circulatório de um cão.


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Módulo 6 e 7 - Contenção Ideal em diferentes momentos

Proposta:

Ensinar e mostrar formas de contenção conforme espécie e diferentes situações.

TEÓRICO
Teórica

1) Contenção de cães e gatos na clínica veterinária:

▪ Contenção química;

▪ Contenção física.

2) Colocação de mordaça;

3) Derrubamento;

4) E os gatos?- Contenção de gatos;

5) Posicionamento para Raio-x, Ultrassonografia, Ecocardiografia e Eletrocardiografia.

PRÁTICO
Prática

1) Ensinar formas de contenção utilizados para cães e gatos.

________________________________________________________________________

CONTENÇÃO DE CÃES E GATOS NA CLÍNICA VETERINÁRIA.

Conter um animal significa limitar seus movimentos em diversos graus ou, até mesmo, sua
completa imobilização. Com a finalidade de realizar avaliação, procedimento ou até mesmo para
segurança de profissionais que lidam com esses animais evitando assim acidentes, como
mordeduras, arranhões e ataques que coloquem a vida em risco.

Antes de efetuar qualquer exame, o profissional deve se informar com o tutor sobre o
temperamento do animal para que se possa escolher o melhor método de contenção a ser
empregado para cada caso.
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Existem dois tipos de contenção: a química e a física.

• Contenção química

A contenção de animais com utilização de fármacos é necessária em alguns casos na


rotina veterinária.

Pacientes agressivos, agitados ou estressados podem ser melhores examinados quando


estão sob efeito de tranquilizantes ou sedativos. Conter quimicamente não significa somente
imobilizá-lo e sim diminuir o estresse da manipulação oferecendo segurança aos profissionais. O
médico veterinário será o responsável pela escolha desses fármacos.

• Contenção física

Na maioria das vezes e para um menor estresse, a contenção física, também denominada
de mecânica, pode ser auxiliada pelo proprietário, cabendo ao examinador dar a orientação
correta de sua realização. Normalmente, esse tipo de contenção é bem aceita na grande maioria
dos cães, em virtude da boa sujeição desses animais ao ser humano.

Para uma abordagem inicial com cão é importante falar em tom amistoso, passar a mão
sobre o seu dorso, dando-lhe, posteriormente, as costas da mão para cheirar, o que ajudará a
captar a sua confiança. Os animais de pequeno e médio porte são mais facilmente contidos,
mantendo-os sobre uma mesa de superfície não escorregadia, após, se necessário, a colocação
da mordaça ou de uma focinheira. Já, cães de raças grandes e/ou gigantes são mais bem
imobilizados no chão.

A imobilização manual do animal em estação e em decúbito lateral facilitam a sequência do


exame físico e a realização de vários outros procedimentos (colheita de sangue, raspado de pele).

Para a contenção manual e em estação é necessário que coloque um braço sob o pescoço
e passe o outro braço sob o abdome do animal. Mais utilizado para um exame físico básico e para
aplicação de vacinas ou injeções.
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Cambão e focinheira/mordaça também podem ser utilizados. O primeiro em casos de
animais agressivos recém resgatados ou aqueles em que o próprio tutor não consegue manusear
por intensa agressividade. A mordaça/focinheira na maioria das vezes o próprio tutor ajuda na
colocação.

"

1) Colocação da mordaça:

1. Utilize um cordão de algodão ou tira de gaze resistente com aproximadamente 125 cm de


comprimento.

2. Promova uma laçada de duplo nó com o dobro do diâmetro do focinho do animal antes de
sua aproximação.

3. Coloque a laçada ao redor do focinho, posicionando o nó duplo acima deste. Aperte o nó e


cruze as extremidades sob o queixo do cão.

4. Desloque as pontas da mordaça para que elas permaneçam atrás das orelhas e amarre -
as com firmeza; caso contrário, o animal conseguirá tirá-la com as patas dos membros
anteriores.
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2) Derrubamento (animais de pequeno e médio portes):

1. Posicione os dois braços sobre o dorso do animal.

2. Leve - os em direção às regiões ventrais dos membros anterior e posterior (tarso e carpo),
localizados próximos ao corpo de quem executa o derrubamento.

3. Puxe o animal de encontro ao corpo do executor e retire, ao mesmo tempo, o apoio dos
membros que estavam presos com as duas mãos. Durante a queda, o animal deve ser
amparado pelo corpo da pessoa executora, sob o risco de acidentes indesejáveis (fratura
de costelas, queda da mesa de exame, etc.).

4. Com o animal posicionado em decúbito lateral, prenda os membros anteriores e


posteriores com as mãos, colocando os dedos indicado res entre os respectivos membros.

5. Prenda a cabeça do animal com o antebraço mais próximo a ela, mantendo os membros
posteriores estendidos.

3) E os gatos?

Os gatos são naturalmente mais estressados que os cães. É comum ouvir relatos por parte
dos tutores estresse do paciente antes mesmo de sair de casa.

O programa cat friendly pratice foi desenvolvido pela Associação Americana de Medicina
Felina com intuito de melhorar o atendimento, manejo, ambientação e demais características
envolvidas na saúde e bem-estar dos felinos nas clínicas e hospitais.

Para a contenção dessa espécie é indicado a utilização toalhas, assim conseguimos


conforto para o paciente e segurança para os profissionais.
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Posicionamento para Raio-x, Ultrassonografia, Ecocardiografia e Eletrocardiografia

Ao posicionarmos o paciente com o propósito de efetuar radiografias, deve-se dar nome a


este posicionamento, levando em conta a face do corpo do animal onde incide e a face onde
emerge a radiação.

Dar nome ao posicionamento é importante no estudo radiográfico dos diferentes órgãos


quanto à: posição, relação com outros órgãos, descrição da forma e arquitetura (interna e
marginal), tamanho, densidade radiográfica natural e número.
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NOMECLATURA:

1. D-V: dorso ventral (feixe de raios incide no dorso e emerge no ventre do animal atingindo o
filme)

2. V-D: ventro dorsal

3. L: lateral (incide de um lado e emerge no outro) L-D ou L-E

4. Cr-Ca e Ca-Cr: Crânio-caudal e Caudo-cranial (usados para membros da porção proximal


até o carpo ou tarso)

5. D-P e P-D: dorso-palmar/plantar e palmo/planto-dorsal (usados a partir do carpo/tarso


inclusive)

Posicionamento látero-lateral da cavidade abdominal.


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Posicionamento ventro dorsal da cavidade abdominal

Radiografia de tórax em projeção laterolateral

Radiografia de tórax em projeção ventridorsal


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Posicionamento para a projeção dorsoventral da cavidade torácica

Posicionamento da articulação do ombro e do braço para projeção mediolateral

Posicionamento da articulação do ombro para projeção caudocranial


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Posicionamento da articulação do cotovelo para projeção mediolateral.

Posicionamento da articulação do cotovelo e antebraço para projeção


craniocaudal

Posicionamento da articulação carpal para projeção mediolateral


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Posicionamento da articulação carpal para projeção dorsopalmar

Posicionamento da pata traseira em projeção dorsoplantar

Posicionamento do crânio para projeção ventrodorsal.


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EXERCÍCIOS
Exercício
1) Explique a diferença entre contenção química e contenção física.

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2) Como é feito o derrubamento de cães? Cite as etapas.

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3) Cite 2 posições radiográficas que podem ser realizadas para avaliar os pulmões.

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4) Sobre gatos, assinale com V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas:

( ) A contenção segurando firme o dorso e as patas traz mais segurança para o veterinário.

( ) A contenção utilizando toalha é realizada para gatos calmos e estressados.

( ) Em gatos, não se utiliza a contenção química.


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Módulo 8 - ORIENTAÇÃO BASICA E CONTENÇÃO DE PETS NÃO


CONVENCIONAIS

Proposta:

Ensinar e mostrar formas de contenção de peto não convencionais em diferentes


situações.

Contenção de Animais Silvestres

A contenção é o momento de maior estresse na vida de um animal silvestre podendo acarretar


reações potencialmente fatais. O óbito decorrente da contenção pode ser dividido em: superagudo
(durante a realização da contenção), agudo ou mediato (até uma hora após a contenção) e o
tardio (de horas a dias após a contenção).

Desta forma antes da contenção propriamente dita deverá ser identificada qual ou quais as
defesas do animal, para se reduzir assim o risco de injúrias ao operador, identificar também o
comportamento, o habito e o grau de vulnerabilidade ao estresse do animal. E associado a isso
tudo o operador necessitará de um pleno domínio do uso das técnicas e equipamentos a serem
empregados e um planejamento criterioso da manobra de contenção, priorizando sua rapidez e
eficiência.

A escolha do método de contenção para animais selvagens irá depender da espécie animal, do
peso, da idade e da situação em que se encontra tal indivíduo a ser manejado. A contenção pode
ser realizada sob os seguintes meios:


a) Meios físicos ou contenção física;

b) Meios químicos, contenção química ou farmacológica;

c) Associação de ambos os meios.

Alguns requisitos fundamentais devem ser observados quando da escolha do método de


contenção adequado, tais como:

- Permitir plena segurança para o paciente;

- Permitir plena segurança para a equipe envolvida;

- Permitir a realização adequada do procedimento médico ou de manejo que demandou a
necessidade da contenção.

Desta forma faz-se necessário uma equipe multidisciplinar bem treinada e entrosada para se
evitar falhas durante o procedimento da contenção.
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Contenção Física

É caracterizada como sendo a abolição mecânica dos movimentos, de modo que o animal
permaneça suficientemente contido para permitir a intervenção dos procedimentos veterinários
necessários com, por exemplo, efetuar exames clínicos, coleta de material para exames
laboratoriais e vacinação. O fator mais relevante é a segurança com que o procedimento é
realizado. A metodologia da contenção da forma física deve impossibilitar a ocorrência de
acidentes, que possam causar lesões tanto ao animal quanto a pessoa que a contem.

A escolha do método depende da espécie e do caso em questão, assim, um processo de


contenção física deve atender às exigências básicas para ser bem sucedido. Envolvendo o
conhecimento da biologia da espécie a ser contida e contar com a experiência de quem irá
realizar o procedimento, o que demanda certo tempo, mas só desta forma se poderá minimizar o
estresse que sempre se encontra envolvido em tais manobras.

Figura: Figura: Demonstração de contenção física em Teyo - setor de imagem do DOK Hospital
Veterinário.

Com relação ao conhecimento da biologia do animal isso implica em saber como tal animal
responde durante um período de estresse, ou seja, irá deter uma postura de ataque, defesa ou
fuga e quais com quais meios irá atacar e se defender, por exemplo, com o bico, garras, unhas,
dentes, chifres, durante o procedimento da contenção. E não esquecendo que aliado a tudo isso é
preciso também observar em quais condições do ambiente o animal se encontra verificando
dimensões, obstáculos, piso e laterais, que devem possibilitar o trabalho com o animal.
67

Figura: Figura: Demonstração de contenção física em serpente - setor de imagem do DOK


Hospital Veterinário.
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Tal tipo de procedimento de contenção pode ser feito utilizando alguns equipamentos especiais.
Tais como: luvas de couro, puçá que possui o formato de um coador, jaulas de contenção que
consiste numa gaiola que possui uma parede móvel para conter o animal contra uma parede fixa,
gancho e pinças pra manejar serpentes, tubos de PVC para conter aves e répteis, cambão para
mamíferos e repteis dentre outros.

Contenção Química

Na contenção química, diferentes drogas e equipamentos para aplicação são utilizados, porém,
alguns requisitos são especialmente importantes para os animais silvestres. Uma boa droga deve
permitir o uso intramuscular, devendo ter uma grande margem de segurança, o menor período de
indução e apresentar um pequeno volume a ser injetado. Isso tudo para permitir o uso de métodos
de aplicação à distância, como os dardos, através de rifles, pistolas (pólvora ou ar comprimido) e
zarabatanas, quando a massa corpórea do paciente é desconhecida devendo então ser estimada.
Sempre tendo como

objetivos a imobilização, analgesia e relaxamento muscular suficientes do animal para a efetuação


do procedimento a ser executado.

Assim, a contenção química consiste na administração de fármacos anestésicos ou tranqüilizantes


e em geral não se busca a anestesia geral, mas sim um estado de imobilidade que permita a
realização de um procedimento veterinário ou de manejo mais prolongado, minimizando assim o
estresse do paciente e oferecendo segurança para o animal e para a equipe. A via preferencial
para administração de drogas anestésicas é a intramuscular, devido a sua maior facilidade de
acesso e segurança nos resultados. Diversas drogas podem ser empregadas com sucesso,
isoladamente ou em combinação. A injeção das mesmas poderá ser realizada diretamente
mediante a contenção física ou à distância mediante o uso de equipamentos especiais, como a
zarabatana, armas de fogo ou de pressão próprias na propulsão de dardos para a injeção do
medicamento.

O sucesso na operação de contenção química não depende somente de uma simples ponderação
entre os diferentes fatores que influenciam os resultados, mas sim também em grande parte da
experiência pessoal de toda a equipe envolvida. A consulta a outros pesquisadores que trabalham
com a mesma espécie, ou espécie correlatas, ou o auxilio dessas pessoas apresentam-se como
uma das etapas de planejamento.

Colheita de sangue e acesso venoso

Durante a contenção das aves é importante lembrar que o mecanismo de respiração não conta
com a musculatura diafragmática e, portanto, a compressão exagerada dos sacos aéreos durante
a contenção pode impedir a ventilação e levar a asfixia.
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Os principais locais de colheita sanguínea em aves são: a veia jugular direita, a veia ulnar (ou da
asa) e a metatarsiana medial.

Em repteis, como nas aves o método de coleta de amostras será determinado pelo tamanho do
animal e pelo volume de sangue requerido para o teste em particular. Geralmente podemos tirar
com segurança o equivalente a 1% do peso do animal em sangue (entre 0,5% e 0,8% em um
réptil). A coleta de sangue pode ser realizada de diversas maneiras: por cardiocentese,
diretamente sobre o ventrículo; por venopunção da jugular, veia caudal ventral, veias caudais
laterais, veias braquiais e poplíteas, punção das veias coccígea caudal e palatina,veia supraorbital
entre outras vias de acesso. A escolha do local de colheita depende além do tamanho do animal, a
espécie.

Em pequenos mamíferos a colheita de sangue é similar a cães e gatos, a via de acesso vai
depender do tamanho do animal e espécie.
70
Módulo 9 e 10 - Noções básicas da fisiologia de cães e gatos 1 e 2


Capacitação do Auxiliar Veterinário no entendimento da fisiologia do funcionamento de


todas as funções presentes no nosso organismo: físicas, bioquímicas e mecânicas

TEÓRICO
Teórico
1) Introdução

2) Entendimento do funcionamento da fisiologia do sistema gastrointestinal e geniturinário,


cardiorespiratório e Nervoso.

3) Importância das funções físicas, bioquímicas e mecânicas dos sistemas.

PRÁTICO
Prática
1) Estudo comparativo da fisiologia e anatomia sistêmica

▪ Conhecer a importância de cada sistema e a anatomia.

______________________________________________________________________________

Funções do Sistema Gastro Intestinal

• Absorção de nutrientes obtidos na digestão de alimentos que asseguram a manutenção dos


processos vitais do organismo;

• Transformação das macromoléculas alimentares ingeridas (proteínas, carboidratos, etc) em


moléculas de tamanhos e formas apropriados para serem absorvidas;

•Transporte de alimentos digeridos, água e sais minerais através dos capilares sanguíneos
presentes na mucosa do intestino;

•Eliminação de resíduos alimentares não digeridos e não absorvidos em conjunto com restos de
células descamadas do trato gastro intestinal e substâncias secretadas na luz do intestino.

Fisiologia do sistema Gastro intestinal


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O sistema digestivo, ou digestório, é um canal que distende da cavidade bucal ao ânus, podendo
ser chamado também de trato gastrintestinal. Os órgãos que fazem parte do trato digestório
incluem: Cavidade Oral, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso e ânus.
Existem outros órgãos que fazem parte do sistema digestório mas que nunca entram em contato
com o alimento. Os órgãos digestórios acessórios auxiliam na digestão através da produção ou
armazenamento de secreções que passam para o trato gastrintestinal. São eles: a língua, as
glândulas salivares, o fígado, vesícula biliar e o pâncreas.

Cavidade oral
A cavidade oral é o local onde a digestão dos alimentos começa. Nela os dentes trituram o
alimento e, em conjunto com a língua, envolvem os pedaços dos alimentos com a saliva, que são
produzidas e secretadas pelas glândulas salivares que ficam em anexo à boca.

Faringe e esôfago
A faringe é um canal comum aos sistemas digestório e respiratório, por ela passam o ar que
encaminha-se para a laringe e o alimento vai para o esôfago.
O esôfago é o canal que, através dos movimentos peristálticos, leva o alimento ao estômago. Ele
está localizado entre os pulmões, atrás do coração, atravessando o músculo diafragma.

Estômago
O estômago é o órgão onde os alimentos são armazenados e misturados com o suco gástrico.
Este é formado majoritariamente por ácido clorídrico (HCl), que torna o pH do estômago ácido.
Os alimentos permanecem no estômago por horas. Ao se misturarem ao suco gástrico é formada
uma massa acidificada e semilíquida chamada quimo. Este, aos poucos e através do piloro, que é
um esfíncter muscular, vai sendo liberado para o intestino delgado.

Intestino Delgado
O intestino delgado é o órgão onde ocorre a maior parte da digestão e a absorção dos nutrientes
que o organismo precisa. Pode-se dividi-lo em três regiões: duodeno, jejuno e íleo.
Duodeno
É a primeira porção do intestino delgado. Medindo cerca de 25cm, é nessa região onde a digestão
do quimo ocorre predominantemente.É no duodeno onde atua o suco pancreático, secretado pelo
pâncreas e que possui diversas enzimas digestivas em sua composição. A secreção desse suco é
responsável pela hidrólise de grande parte das moléculas de alimento.
É no duodeno onde atua também a bile, que é produzida no fígado e armazenada na vesícula
biliar. A bile possui sais biliares que possuem ação detergente, emulsificando os lipídios
(gorduras).
72

Jejuno
É a continuação do duodeno, é denominado desta forma pois sempre que é aberto se encontra
vazio. Mede cerca de 5m e possui a parede mais espessa e mais vascular do que o íleo. É nessa
região, onde ocorre a absorção da maioria dos nutrientes pelo capilares sanguíneos presentes na
parede mucosa, nutrindo todas as células do organismo.
Íleo
É a última porção do intestino delgado, sendo a continuação do jejuno. Mede cerca de 1,5cm,
sendo mais estreito e possuindo túnicas mais finas e menos vascularizadas que o jejuno. O que
não foi absorvido, como água e o resto da massa alimentar que possui, principalmente as fibras, é
direcionado para o intestino grosso.

Intestino Grosso
O intestino grosso é local de absorção de água, tanto a ingerida quanto a água que provém das
secreções digestivas. A absorção de água ocorre rapidamente, de forma que, em mais ou menos
14 horas, a consistência do material alimentar se torna a consistência própria do bolo fecal. O
Intestino grosso assim como o Intestino delgado também se divide em: Ceco, Cólon e Reto.
Ambos apresentam a mesma função de absorção.

________________________________________________________________________

Sistema urinário
O Sistema Urinário ou Aparelho Urinário é responsável pela produção e eliminação da urina,
possui a função de filtrar as "impurezas" do sangue que circula no organismo.
O Sistema Urinário é composto por dois rins e pelas vias urinárias, formada por dois ureteres, a
bexiga urinária e a uretra.

Rins
Os rins são órgãos que se situam na parte posterior da cavidade abdominal, localizados um em
cada lado da coluna vertebral. Têm o formato semelhante ao de um grão de feijão .
Os rins se ligam ao sistema circulatório através da artéria renal e da veia renal, e com as vias
urinárias pelos ureteres. As artérias renais são ramificações muito finas que formam pequenos
emaranhados chamados glomérulos. Cada glomérulo é envolvido por uma estrutura arredondada,
chamada cápsula glomerular ou cápsula de Bowman.
73

Por conseguinte, a unidade básica de filtragem do sangue é chamada néfron, que é formada pelos
glomérulos, pela cápsula glomerular e pelo túbulo renal.
Forçado pela pressão sanguínea, parte do plasma (água e partículas pequenas nela dissolvidas,
como sais minerais, ureia, ácido úrico, glicose) sai dos capilares que formam os glomérulos e cai
na cápsula glomerular. Em seguida passa para o túbulo renal.
Substâncias úteis como água, glicose e sais minerais, contidas nesse líquido, atravessam a
parede do túbulo renal e retornam à circulação sanguínea. Assim, o que resta nos túbulos é uma
pequena quantidade de água e resíduos, como a ureia, ácido úrico e amônia: é a urina, que segue
para as vias urinárias. Observe no esquema a seguir as fases de formação da urina dentro no
néfron.
74

Vias Urinárias
As vias urinárias são formadas por bexiga, ureteres e uretra.

Bexiga Urinária
Órgão muscular elástico, uma espécie de bolsa, que está situada na parte inferior do abdome com
a função de acumular a urina que chega dos ureteres. Portanto, a bexiga recebe e armazena
temporariamente a urina e quando o volume chega a mais ou menos 300 ml, os sensores
nervosos da parede da bexiga enviam mensagens ao sistema nervoso, fazendo com que
tenhamos vontade de urinar.
Na parte inferior da bexiga, encontra-se um esfíncter - músculo circular que fecha a uretra e
controla a micção. Quando a bexiga está cheia o esfíncter se contrai, empurrando a urina em
direção a uretra, de onde então é lançada para fora do corpo. A capacidade máxima de urina na
bexiga é de aproximadamente 1 litro.

Ureteres
Conduzem a urina dos rins para a bexiga.

Uretra
Tubo muscular, que conduz a urina da bexiga para fora do corpo. A uretra da fêmea comparar ao
do macho tende a ser menor na espécie canina, e transporta a urina para fora do corpo.

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Sistema cardiovascular
O sistema cardiovascular é o conjunto que inclui o coração e os vasos sanguíneos e que
é responsável por levar o sangue rico em oxigênio e pobre em gás carbônico para todos os
órgãos do corpo, permitindo que funcionem de forma adequada.
Além disso, outra função importante deste sistema é trazer de volta o sangue de todo o corpo, que
está pobre em oxigênio e que precisa passar de novo pelos pulmões, de forma a fazer as trocas
gasosas.
75

Anatomia do sistema cardiovascular


Os principais componentes do sistema cardiovascular são:

Coração
O coração é o principal órgão do sistema cardiovascular e é caracterizado por um músculo oco,
localizado no centro do tórax, que funciona como uma bomba. Ele é dividido em quatro câmaras:
• Dois átrios: por onde o sangue chega no coração vindo do pulmão através do átrio
esquerdo ou vindo do corpo através do átrio direito;
• Dois ventrículos: é a partir daí que o sangue vai para o pulmão ou para o resto do corpo.
O lado direito do coração recebe o sangue rico em gás carbônico, também conhecido como
sangue venoso, e o leva para os pulmões, onde recebe oxigênio. Dos pulmões, o sangue segue
para o átrio esquerdo e desse, para o ventrículo esquerdo, de onde sai a artéria aorta, que leva o
sangue rico em oxigênio e nutrientes para todo corpo.

Artérias e veias
Para circular por todo o corpo, o sangue flui dentro de vasos sanguíneos, que podem ser
classificados como:
• Artérias: são fortes e flexíveis pois precisam transportar o sangue do coração e
suportar pressões sanguíneas elevadas. Sua elasticidade ajuda na manutenção da
pressão arterial durante os batimentos cardíacos;
• Artérias menores e arteríolas: possuem paredes musculares que ajustam seu diâmetro a
fim de aumentar ou diminuir o fluxo sanguíneo em uma determinada área;
• Capilares: são vasos sanguíneos pequenos e de paredes extremamente finas, que atuam
como pontes entre artérias. Estes permitem que o oxigênio e os nutrientes passem do
sangue para os tecidos e que os resíduos metabólicos passem dos tecidos para o sangue;
• Veias: transportam o sangue de volta para o coração e geralmente não estão sujeitas a
grandes pressões, não precisando ser tão flexíveis como as artérias.
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Todo o funcionamento do sistema cardiovascular está baseado no batimento do coração,


onde os átrios e ventrículos do coração relaxam e se contraem formando um ciclo que garantirá
toda a circulação do organismo.

Fisiologia do sistema cardiovascular


O sistema cardiovascular pode ser dividido em duas partes principais: a circulação pulmonar
(pequena circulação), que leva o sangue do coração aos pulmões e dos pulmões de volta ao
coração e a circulação sistêmica (grande circulação), que leva o sangue do coração para todos os
tecidos do organismo através da artéria aorta.
A fisiologia do sistema cardiovascular é ainda composta por diversas etapas, que incluem:
1. O sangue vindo do corpo, pobre em oxigênio e rico em gás carbônico flui através das veias
cavas até o átrio direito;
2. Ao encher, o átrio direito envia o sangue até o ventrículo direito;
3. Quando o ventrículo direito fica cheio, ele bombeia o sangue através da válvula pulmonar
até as artérias pulmonares, que vão suprir os pulmões;
4. O sangue flui para os capilares nos pulmões, absorvendo o oxigênio e eliminando gás
carbônico;
5. O sangue rico em oxigênio, flui através das veias pulmonares até o átrio esquerdo no
coração;
6. Ao encher, o átrio esquerdo envia o sangue rico em oxigênio até o ventrículo esquerdo;
7. Quando o ventrículo esquerdo fica cheio, ele bombeia o sangue através da válvula aórtica
até a aorta;
Por fim, o sangue rico em oxigênio, irriga todo o organismo, fornecendo a energia necessária para
o funcionamento de todos os órgãos.

Sistema Respiratório
A fisiologia do sistema respiratório é constituída por um par de pulmões e por vários órgãos que
circulam o ar para dentro e para fora das cavidades pulmonares. Os órgãos que fazem parte do
sistema respiratório são as fossas nasais, a boca, a faringe, a laringe, a traqueia, os brônquios, os
bronquíolos e os alvéolos.

Respiração
A respiração é o conjunto de processos de troca do organismo com o ambiente externo que
permite a obtenção de gás oxigênio (O2) e a eliminação do dióxido de carbônico (CO2).
A respiração é essencial para manter o bom funcionamento de todo corpo humano, sendo
fundamental para a vida. Ela auxilia na eliminação de toxinas que se formam no corpo,
equilibrando as funções orgânicas e contribuindo no fortalecimento dos órgãos.
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Uma boa respiração, mais lenta e profunda, pode ajudar inclusive a reduzir o estresse e relaxar o
organismo, diminuindo as batidas do coração. Uma a respiração correta também auxilia a
melhorar a elasticidade dos pulmões, contribuindo na manutenção de um bom equilíbrio entre os
gases no corpo.

Nariz ou Fossas Nasais


Sendo o primeiro componente do sistema respiratório, as fossas nasais são o principal canal de
entrada do ar no organismo humano. Nelas, o ar é aquecido, umedecido e filtrado.

Faringe
É o órgão comum aos sistemas respiratório e digestório e está conectado à boca e às fossas
nasais. O ar inspirado pelas narinas ou pela boca passa necessariamente pela faringe antes de
atingir a laringe.

Laringe
A laringe conduz o ar que se dirige aos pulmões, além de ser o local onde as cordas vocais,
capazes de produzir sons durante a passagem de ar e fundamentais para a fala, se localizam.
A entrada da laringe denomina-se glote. Acima dela há um tipo de “lingueta” de cartilagem
denominada epiglote, que funciona como válvula. Ao ingerir algum alimento, a laringe “sobe” e sua
entrada é fechada pela epiglote. Isso permite que o alimento ingerido não penetre nas vias
respiratórias.

Traqueia
A traqueia é um tubo elástico de aproximadamente 1,5 cm de diâmetro e 12 cm de comprimento,
cujas paredes são revestidas por anéis de cartilagem. Possui um epitélio de revestimento muco-
ciliar, onde são aderidas bactérias presentes e partículas de poeira que podem estar presentes no
ar inalado. Conduzem o ar que vem da laringe até se bifurcarem em sua região inferior, formando
os brônquios.
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Brônquios
Os brônquios são formados por 2 ramificações da traquéia, que se ramificam em tubos cada vez
mais finos e chegam até os pulmões, os bronquíolos.

Alvéolos Pulmonares
Os alvéolos pulmonares são pequenos sacos formados por células epiteliais achatadas (tecido
epitelial pavimentoso) e cobertas por capilares sanguíneos, no final dos menores bronquíolos. É o
local onde ocorre a hematose pulmonar, a troca de oxigênio e dióxido de carbono entre o meio
ambiente e o organismo, através da membrana alvéolo-capilar, que separa o ar do sangue.

Pulmões
Os pulmões são órgãos esponjosos, com 25 cm de comprimento, aproximadamente, sendo
envoltos por uma camada de tecido denominada pleura. É nos pulmões onde os brônquios se
ramificam, dando origem a tubos cada vez mais finos, os bronquíolos.

Diafragma
O diafragma é um fino músculo que separa o tórax do abdômen. Nele, a base de cada pulmão se
apoia proporcionando, em conjunto com os músculos intercostais, os movimentos respiratórios.

O que é Hematose?
A hematose é o processo que acontece nos alvéolos pulmonares e garante que o sangue rico
em gás carbônico seja oxigenado. O oxigênio é utilizado pelas células para a realização da
respiração celular, o processo no qual a célula produz energia.
Nos alvéolos pulmonares, o gás oxigênio difunde-se para o sangue nos capilares sanguíneos ao
seu redor e o gás carbônico, que está no sangue dos capilares, difunde-se para o interior dos
alvéolos. O oxigênio que passa para o sangue entra nas hemácias e se liga à hemoglobina. Ao
se ligar à ela, a oxi-hemoglobina é formada. Esta garante o transporte de oxigênio para as
células. O sangue oxigenado segue em direção ao coração, onde será impulsionado para o corpo
79

Como ocorre a Respiração?

A inspiração, que ocorre através da contração do diafragma e dos músculos intercostais,


proporciona a entrada de ar dentro dos pulmões. O ar inspirado é rico em gás oxigênio (O2).
A expiração, que acontece através do relaxamento do diafragma e dos músculos intercostais,
proporciona a saída de ar do organismo. O ar expirado é rico em gás carbônico (CO2).

______________________________________________________________________________

Sistema Nervoso
O Sistema Nervoso é responsável por coordenar funcionalmente todos os órgãos e sistemas do
corpo. Ele pode ser dividido em Sistema Nervoso Central e Sistema Nervoso Periférico.

Como funciona o Sistema Nervoso?


O sistema nervoso atua diretamente na coordenação funcional dos órgãos e sistemas do
organismo, através do armazenamento de informações, da captação de sensações e da
efetuação de reações através de mecanismos hormonais e motores. O Sistema Nervoso pode ser
dividido em dois:

1. Sistema Nervoso Central (SNC);


2. Sistema Nervoso Periférico (SNP).
O principal componente do Sistema Nervoso é o neurônio, que são especializados na condução e
recepção de impulsos elétricos, e são os responsáveis por transmitir toda a informação ao
Sistema Nervoso.
80

O Sistema Nervoso também é responsável pela percepção das variações do ambiente pelo
organismo, difusão das modificações que essas variações produzem e executam as respostas
adequadas para manter o equilíbrio interno do corpo.

Funções do Sistema Nervoso

Função Sensitiva: os nervos sensitivos são responsáveis por captar informações do meio interno
e externo do corpo e as conduzem ao Sistema Nervoso Central;

Função Integradora: a informação sensitiva trazida ao SNC é processada ou interpretada;

Função Motora: os nervos motores conduzem a informação do SNC para todo o organismo
(músculos e às glândulas do corpo), levando as informações transmitidas pelo SNC.

Cérebro

O cérebro é o principal órgão do Sistema Nervoso, sendo responsável por controlar ações
motoras, estímulos sensoriais e atividades neurológicas como a memória, o aprendizado, os
pensamentos, a fala e etc.
O cérebro é formado por duas partes, os chamados hemisférios direito e esquerdo, que são
separados por uma fissura longitudinal. O hemisfério direito é responsável por controlar o lado
esquerdo do corpo, assim como o hemisfério esquerdo é responsável por comandar o lado direito.
81

Medula Espinhal
A medula espinhal é a parte mais extensa do Sistema Nervoso Central. Ela é determinada por um
cordão cilíndrico, composto de células nervosas, localizado no canal interno das vértebras da
coluna vertebral.
A função da medula é promover a comunicação entre o organismo e o Sistema Nervoso, sendo
também responsável por coordenar os reflexos (respostas rápidas do corpo). A partir da medula
espinhal se originam outros 31 pares de nervos espinhais, que conectam a medula espinhal às
células sensoriais e aos vários músculos pelo corpo.
82
Módulo 11 e 12 - Cuidados Básicos 1 e 2
Proposta:

Capacitação do Auxiliar Veterinário na promoção de cuidados básicos e bem estar, nos


animais de companhia e, no aprendizado e aperfeiçoamento de técnicas

TEÓRICO
TEÓRICA

1) Introdução

2) Avaliação das unhas, importância de corta-las e como corta-las.

3) Importância da higiene dos olhos e como realiza-la.

4) Importância da higiene dos ouvidos e como realiza-la.

5) Importância da saúde oral e como realiza-la.

PRÁTICO
PRÁTICA

1) Corte de unhas

▪ Conhecer e manipular materiais necessários


▪ Contenção do animal para aplicação de técnicas
▪ Avaliar necessidade de corte de unhas e como corta-las
▪ Como intervir em possíveis acidentes devido ao corte das unhas
2) Limpeza dos olhos

▪ Conhecer e manipular materiais necessários


▪ Contenção do animal para aplicação de técnicas
▪ Cuidados com anexos oculares
▪ Como intervir em possíveis acidentes devido a limpeza dos olhos
3) Limpeza dos ouvidos

▪ Reconhecer a importância da limpeza dos ouvidos


▪ Conhecer e manipular materiais necessários
▪ Contenção do animal para aplicação de técnica
▪ Como auxiliar o Médico Veterinário em lavados otológicos
4) Saúde oral

▪ Identificação da dentição em filhotes e adultos


▪ Contenção do paciente para escovação dentária
▪ Passo a passo – escovação.
83

Métodos Gerais de Exploração Clínica

Devemos principalmente conhecer o que é normal para assim



sabermos o que é anormal - “ensinar o olho a ver.”
Aporte humano básico necessário

• Conhecimento.
• Raciocínio.
• Visão, audição, tato, olfação.
• Sensatez.
• Organização.
• Paciência.

Material básico necessário:

• Papel e caneta para anotações.


• Termómetro.
• Aparelho de iluminação (lanterna).
• Luvas de procedimento.
• Luvas de palpação retal.
• Frascos para acondicionamento de amostras.
• Material específico para contenção (cordas, cachimbo, mordaças, etc.).

Inspeção

Utiliza-se o sentido da visão, esse procedimento de exame se inicia antes mesmo do início
da anamnese, sendo o método de exploração clínica mais antigo e um dos mais importantes.

Pela inspeção investiga-se a superfície corporal e as partes mais


acessíveis das cavidades em contato com o exterior.

O exame deve ser feito em consultório ou a campo desde que seja bem iluminado. Caso
necessário luz artificial, faz-se necessário cor branca e de boa intensidade.
84

A observação quando feito a distância nos permite avaliar alterações como postura,
comportamento... Em contrapartida, observar os animais de perto nos confere uma maior precisão
em detalhes como lesões de pele, lesões oftálmicas...

O examinador deve ser treinado a olhar para o corpo do animal de forma


sistemática.

Palpação

É a utilização do sentido tátil. Com as mãos, ponta dos dedos e até instrumentos
consegue-se determinar características de um sistema orgânico ou da área explorada. O sentido
do tato fornece informações sobre estruturas superficiais ou profundas, como por exemplo
características da pele, avaliação de vísceras como fígado, baço (palpação abdominal) ou órgãos
genitais internos de grandes animais (palpação transretal).

Pela palpação, percebemos modificações da textura, espessura,


consistência, sensibilidade, temperatura, volume, dureza, flutuação,
elasticidade, edema e outros fenómenos.

Olfação

Método de exploração clínica que se baseia no olfato para avaliação do paciente.


Empregado através da avaliação clínica da transpiração cutânea ou mesmo pela avaliação de
excreções.

A técnica pala avaliarmos excreções ou ar expirado consiste em aproximar a mão em


forma de concha trazendo o ar expirado à narina do examinador.

Avalia-se: Hálito urêmico, doença periodontal, gastroenterite


hemorrágica, infecções de vias aéreas.

Avaliação do tecido ceratinizado – Unhas

Origina-se de modificações locais da pele e tem principal função a de proteção e suas


estruturas adjacentes.

As garras dos carnívoros podem ser comparadas as unhas dos seres humanos que ao ser
comprimida lateralmente adquiriu uma borda afiada.
85
Ao avaliarmos as unhas devemos atentar-nos a inflamações, deficiência mineral, saber o local que
esses animais vivem, casa com quintal ou apartamento e as possibilidades de lesões neoplásicas
e autoimunes.

É muito importante criar o hábito de checar os pés e as unhas de seu filhote regularmente
— isso não só lhe ajudará a encontrar qualquer área de lesão ou corpo estranho entre os dedos,
mas também lhe permitirá verificar se as unhas não estão ficando muito compridas.

Os cães possuem cinco unhas em cada pata dianteira, incluindo um dedo de lobo — o
equivalente ao polegar do ser humano, localizado um pouco mais acima na face medial do
membro. Em geral, existem quatro unhas em cada pata traseira, embora alguns cães também
possuam o dedo de lobo em uma ou ambas as patas traseiras.

Semelhantemente às nossas unhas, as unhas caninas crescem de forma contínua, mas


muitos cães as desgastam naturalmente durante suas atividades diárias. Se isso não acontecer,
será necessário garantir que elas sejam aparadas regularmente. O crescimento excessivo das
unhas pode tornar a caminhada desconfortável e ainda elas podem se enroscar e quebrar com
facilidade, resultando muitas vezes em feridas dolorosas ou infecções. As unhas de seu cão não
devem ultrapassar o limite da base das patas. Se você ouvir um estalido no chão conforme seu
cão caminha, as unhas provavelmente estarão muito compridas.

É importante começar a cortar as unhas do seu cão desde cedo, para que ele se acostume
a ser manuseado e a ficar quieto na hora de cortá-las. Portanto, aconselho você fingir que está
cortando as unhas do seu cão quando ele tiver de 2 meses em diante, assim ele já vai se
acostumando com a ideia.

Cães que vivem em apartamento normalmente precisam cortar as unhas mais vezes do
que cães que passam boa parte do dia no quintal. Isso porque o cimento vai lixando naturalmente
as unhas dos cães.

É melhor cortar as unhas aos poucos e frequentemente do que cortar


as uma grande quantidade de uma vez.

Tente cortar as unhas semanalmente mesmo que as caminhadas as mantenham


naturalmente curtas. A vascularização, que passa por dentro da unha do seu cão cresce à medida
que a unha cresce. Então, se você quer um tempo maior entre os cortes, a raiz estará mais perto
das pontas das unhas. Isto torna as unhas mais propensas ao sangramento durante o corte.

Cortar as unhas ao seu gato pode ser uma tarefa árdua caso ele não tenha sido habituado
a este procedimento desde tenra idade. Contudo com alguma paciência e perseverança é uma
tarefa que evitará danos nos sofás e demais móveis da casa.
86
O gato utiliza as unhas para marcar o seu território, para limitar as consequências
negativas deste comportamento, é aconselhável cortar regularmente as unhas dos gatos caseiros.

Gatos de casa não conseguem efetuar o seu desgaste natural, pelo que as unhas devem
ser cortadas, sobretudo as dos membros superiores. Em regra, basta que o faça uma vez por
mês, mas dependerá da velocidade a que crescem as unhas do seu bichano.

Uma técnica para proceder ao corte das unhas consiste em sentar-se no chão e instalar o
gato de barriga para cima, prendendo o corpo do felino entre os joelhos. Depois basta pressionar
ligeiramente a almofada da pata para que a unha fique a descoberto.

O estado das unhas do gatinho constitui um indicador da sua saúde. Demasiado duras ou
moles, são sinais de eventuais carências ou de uma infecção bacteriana. Se habitualmente o
animal roer as unhas, poderá encontrar-se numa fase de ansiedade.

Aconselhamos que antes de cortar as unhas pela primeira vez ao seu felino peça ao seu
veterinário para lhe mostrar como se faz. Apesar de não ser um procedimento difícil
é imprescindível que seja bem feito e sem magoar o gato.

Em regra, nas primeiras vezes, são necessárias duas pessoas para este processo, já que
alguns gatos não gostam e procuram fugir. Com a habituação conseguirá cortar as unhas sem
qualquer esforço e ajuda.

Materiais necessários:

• Pó hemostático
• Amido de milho
• Lixa de unha
• Alicate
• Petiscos

Cuidado com a limpeza dos olhos

O olho, órgão de visão que consiste no globo ocular e seus anexos (estruturas acessórias
como músculos que promovem movimento, pálpebras para proteção e aparelho lacrimal para
lubrificação). As pálpebras funcionam como cortinas e ao piscar distribuem a lagrima por todo
globo ocular.

A posição dos olhos na cabeça está relacionada com os hábitos e métodos de alimentação
dos animais. Em geral espécies predadoras como cão e gato, possuem olhos situados bem a
frente. Espécies predadas como cavalos, coelhos apresentam olhos lateralmente.

Quando perceber acúmulo de secreções nos olhos do seu cão, saiba que é a hora de fazer
a higiene do local, Algumas raças requerem cuidados com mais frequência que outras e com isso
alguns cuidados básicos devem ser tomados.
87

Use sempre soro fisiológico para fazer a limpeza dos olhos do seu pet.

Não esfregue algodão, gaze ou qualquer outro tecido nos olhos do seu pet, eles são
muitos sensíveis ao atrito e podendo ocorrer sérias lesões.

Pingue soro ou o aplique delicadamente com auxílio de algodão ou gaze, nos olhos do seu
animal de estimação, é a melhor maneira de efetuar a limpeza.

Não use um jato muito forte para não assustar seu pet, mas que seja suficiente para retirar
as impurezas e sujidades.

Não use colírios por conta própria, pois você pode causar desde leves irritações até
problemas com úlcera de córnea.

Procure fazer uma limpeza semanal nos olhos do seu pet, assim você criará hábito de
examina-lo impedindo a ocorrência de problemas mais sérios.

Ao notar qualquer alteração como olhos irritados, secreção de coloração amarelada ou


esverdeada, manchas nos olhos ou inchaços, procure seu medico veterinário oftalmologista.

Caso seu cão seja peludo como Poodle, Shih-tzu, Lhasa apso você percebera que existem
pequenos grumos no canto dos olhos. Procure retira-los com auxílio de algodão ou gaze com soro
fisiológico. Não corte o pelo de forma alguma.

• Materiais utilizados:
• Frasco de soro com agulha
• Seringa com agulha quebrada
• Gaze
• Algodão
• Sedação

Cuidados com os ouvidos

O ouvido externo é composto por três cartilagens elásticas: Anular, Auricular e Escutiforme.
As cartilagens Anular e Auricular formam o canal auditivo externo, este por sua vez é dividido em
canal horizontal e vertical. A cartilagem Escutiforme, tem a função básica de movimentação
eficiente da aurícula.

O canal auditivo é revestido por pele contendo glândulas sebáceas e ceruminosas além de
folículos pilosos. A combinação das secreções sebáceas e ceruminosas constituem o cerúmem
que possui principalmente a função de proteção contra objetos estranhos e manter a membrana
timpânica úmida e flexível.

A membrana timpânica (tímpano) é uma porção membranosa fina e ligeiramente opaca


que separa o ouvido médio do ouvido externo.
88
Ouvido médio consiste em um espaço na bula timpânica óssea, abertura da tuba auditiva e
ossículos (martelo, estribo e bigorna) com músculos e ligamentos.

Ouvido interno com função de receber os sinais auditivos e manter o equilíbrio.

As ondas sonoras chegam ao pavilhão auricular, segue para o canal vertical que tem a
função de condução dessas ondas, em seguida passa para o canal horizontal onde é amplificado,
chega a membrana timpânica que reverbera causando estimulação dos ossículos (martelo, estribo
e bigorna) ocorre estimulação da cóclea, nervo coclear e SNC.

É muito importante manter as orelhas do seu cachorro sempre limpas. As orelhas são
muito sensíveis e fundamentais para que um cachorro viva bem, portanto não podemos esquecer-
nos de cuidar delas. Quando formos fazer a limpeza, sempre olhe com cuidado pra ver se não tem
excesso de cera, feridas ou sujeiras.

O excesso de cera pode ser um sinal inflamação ou infecção no


ouvido e nesse caso o cão precisa ser tratado com medicamentos.

Sinais que seu cão possa estar com algum problema nos ouvidos:

1. Balanças excessivamente a cabeça


2. Cheiro forte vindo do conduto auditivo
3. Feridas ou excesso de cera na parte interna do conduto auditivo.
Materiais necessários:

• Cotonete
• Ceruminolítico
• Algodão
• Pinça
• Luvas

Cuidados com a dentição

A dentição do cão embora relativamente simples se adapta muito bem aos hábitos
alimentares desta espécie. Os dentes incisivos são pequenos e importantes para partir os
alimentos antes de sua introdução na boca.

Os dentes caninos são grandes e curvos e lateralmente comprimidos sendo adaptados


para ataques e preensão.

Os dentes pré molares e molares encontram-se no final da arcada dentaria e possuem


função de triturar o alimento.

Fórmula da dentição dos cães:


89
2-1-4-2
3-1-4-3
A dentição dos gatos é ainda mais perfeitamente adaptada a uma dieta carnívora, pois a
redução da serie molar eliminou em grande parte o potencial triturador como ocorre na espécie
canina. Os incisivos dos gatos são notavelmente pequenos e os dentes caninos relativamente
grandes.

Fórmula da dentição dos gatos:

3-1-3-1
3-1-2-1

Escovação dentária

Escovar os dentes dos cães tem como caráter fundamental a prevenção de doenças
periodontais e que se não tratada pode levar a consequências gravíssimas. Melhora o hálito do
animal e mostra um caráter de liderança sobre o mesmo.

O ideal é começar a escovação na fase de impriting que é quando


o cão está mais susceptível a novas experiências. Adotar esse hábito
depois de adulto é bem complicado, porém não impossível.

Escolha a hora certa para a escovação

Escove os dentes do seu cachorro quando ele estiver calmo e relaxado. Seu objetivo:
criar uma rotina. Trabalhar a escovação diariamente é o ideal. Mas se a boca estiver saudável,
três vezes por semana já fazem diferença. Sem a escovação, há o crescimento de placas,
deixando o cão com risco de mau hálito, doenças na gengiva e queda de dentes. Também pode
causar infecções dolorosas. Infecções graves podem se espalhar causando risco de vida.

Reúna as ferramentas

Você deve usar uma escova de dentes feita para cachorros. As cerdas são mais suaves e
especialmente anguladas. Escovas de dedo podem funcionar bem para cães abaixo de 13 kg.
Para cães maiores, hastes maiores podem dar melhor alcance. Use apenas pasta de dentes para
cachorros. Ela vem em sabores agradáveis para o cão, como frango ou manteiga de amendoim.
Nunca use a sua pasta de dentes. Ela contém ingredientes que podem ferir o estômago do seu
cão.

Assuma a posição

Procure ficar em um local que deixe seu cão confortável. Não fique acima do seu cão nem
assuma uma atitude ameaçadora. Ao invés disso, experimente se ajoelhar ou se sentar em frente
90
ou ao lado dele. Avalie o nível de ansiedade do seu cachorro. Se ele parecer irritado, pare e tente
de novo mais tarde. Talvez você precise dominar cada uma das seguintes etapas com o tempo.

Prepare as gengivas

Teste a disponibilidade de seu cão para ter a boca manipulada passando o dedo das
gengivas e dentes superiores. Isso vai ajudá-lo a se acostumar a ter algo contra os dentes. Use
pressão leve. Talvez você precise acostumá-lo com esse passo por algumas sessões antes de ir
em frente.

Teste a pasta de dente

Ponha um pouco de pasta na ponta do seu dedo. Deixe o cachorro lamber a pasta do seu
dedo para que ele acostume com a textura e o sabor. Se após alguns dias ele se recusar a lamber
a pasta, experimente um sabor diferente. Com sorte, você vai encontrar uma que ele sinta como
guloseima.

Experimente a escova de dentes

Quando o cão se acostumar com você abrindo e tocando sua boca, comece a usar a
escova e a pasta juntas. Levante seu lábio superior. Enquanto se aproxima dos dentes com a
escova, posicione as cerdas para que elas alcancem a linha da gengiva. Posicionar a um ângulo
de 45 graus dos dentes ajudará as cerdas a massagear a linha da gengiva e limpar as placas.

Faça movimentos circulares

Escove em círculos pequenos, indo aos extremos de cima e de baixo em cada lado. Na
medida em que você passa as cerdas pela linha da gengiva, algum pequeno sangramento pode
ocorrer. Um ligeiro sangramento ocasional não tem problema. Mas um sangramento contínuo e
pesado pode indicar que você está escovando com muita agressividade ou pode ser sinal de
problemas na gengiva. Peça orientação ao seu Veterinário

Concentre-se na placa

Escove apenas alguns dentes de uma vez, aumentando o número a cada dia. Leve dois
minutos no total. Se o cão resistir no começo, tente começar pelos dentes externos e atrás dos
dentes, que é onde a placa tende a se acumular. Se conseguir chegar aos dentes do fundo, ótimo.
Mas se não conseguir chegar a eles, não force muito. Sua língua grossa ajuda a limpar aquela
área.

Tranquilize o cão

Mantenha o humor leve enquanto estiver escovando os dentes do seu cão. Converse com
ele durante a escovação diária, dizendo exatamente o que está fazendo. Reafirme que ele é um
bom cachorro acariciando suas bochechas ou com tapinhas na cabeça.

Recompense
91
Quando terminar de escovar os dentes do seu cão, ofereça uma recompensa com sua
guloseima favorita ou com atenção extra. Sempre pare enquanto todos ainda estão se divertindo.
Lembre-se também que os cuidados dentais não terminam com a escovação. Certos
mastigadores e guloseimas também ajudam a combater as placas. E não se esqueça de agendar
limpezas dentárias profissionais regularmente. Pergunte ao Veterinário qual a melhor frequência
para o seu cão.

EXERCÍCIOS
EXERCÍCIOS

1) Quais são os aportes humanos necessários para uma boa exploração clínica?

_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

2) Quais os sinais que o cão apresenta quando está com algum problema no ouvido?

_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

3) Com relação a dentição é incorreto afirmar que:

2−1−4−2
a) A fórmula da dentição dos cães é "
3−1−4−3
b) A escovação é fundamental para a prevenção de doenças periodontais.

c) Os dentes incisivos são pequenos e importantes para partir os alimentos antes de sua
introdução na boca.

d) Os dentes pré molares e molares encontram-se no final da arcada dentária e não tem a
função de triturar o alimento.
92
Módulo 13 e 14 - Conceitos introdutórios para atuar na internação 1 e 2
Proposta:
➢ Entender a rotina de um setor de internação;

➢ Manejo básico do paciente internado.

TEÓRICO
TEÓRICA

1) Estrutura e organização do setor

2) Abordagem ao cão e gato enfermo

3) Atenção ao prontuário e prescrição médica

4) Monitoração básica dos pacientes

PRÁTICO
PRÁTICA

1) Manejo dos equipamentos básicos na internação do CDMV Clínica Veterinária

2) Aferição de parâmetros vitais

3) Confecção de planilha de medicações com base na prescrição médica veterinária

Estrutura e organização do setor de internação

A Resolução nº 1.015/2012, do Conselho Federal de Medicina Veterinária – CFMV,


conceitua e estabelece condições para o funcionamento dos estabelecimentos médicos
veterinários. A nova norma define que a clínica veterinária é destinada a consultas e tratamentos
clínico-cirúrgicos, podendo haver internações desde que o local funcione por 24 horas, com a
presença de um médico-veterinário em tempo integral, mesmo que não haja atendimento ao
público.

Para clínicas veterinárias que oferecerem serviço de internação, o setor deverá dispor de:

▪ Mesa e pia de higienização;


▪ Baias, boxes ou outras acomodações individuais e de isolamento compatíveis com os
animais a elas destinadas, de fácil higienização, obedecidas as normas sanitárias
municipais e/ou estaduais;
▪ Local de isolamento para doenças infecto-contagiosas, no caso de internação;
▪ Armário para guarda de medicamentos e descartáveis necessários a seu funcionamento;
▪ No caso dos medicamentos sujeitos a controle, será obrigatória a sua escrituração em
livros apropriados, de guarda do médico veterinário responsável técnico, devidamente
registrados nos órgãos competentes.
93
Limpeza e desinfecção de superfícies

Determinadas superfícies, especialmente as de toque frequente (negatoscópio, recipientes


de gaze, algodão, maçanetas, etc.) podem servir como reservatório de agentes infectantes, uma
vez que daí os micro-organismos podem ser transferidos para nariz, boca, olhos ou outra parte do
corpo muito facilmente. A infecção acidental de clientes ou pacientes ocorre principalmente
através do contato com as mãos enluvadas do profissional.

A limpeza e desinfecção de instrumentos e ambientes de uma forma em geral constituem


etapas importantes na minimização do risco. Estes procedimentos reduzem significativamente, a
contaminação e infecção cruzadas.

Classificação dos Ambientes

▪ Áreas não críticas - são aquelas não ocupadas no atendimento dos clientes ou as quais
estes não têm acesso. Essas áreas exigem limpeza constante com água e sabão com
poder desinfetante.
▪ Áreas semi-críticas - são aquelas vedadas às pessoas estranhas às atividades
desenvolvidas. Ex: lavanderia, laboratórios, biotério, salas de raio-X. Estas, devido ao seu
nível crítico, exigem limpeza e desinfecção um pouco mais eficiente que as áreas
anteriores.
▪ Áreas críticas - são aquelas destinadas à assistência direta ao paciente, exigindo rigorosa
desinfecção. Ex: setor de internação de pequenos e grandes animais domésticos ou
silvestres, setor de esterilização e salas de cirurgia. Segundo o Centro de Controles e
Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, existem duas categorias de superfícies:
a) Superfície de contato clínico: apresenta um alto potencial de contaminação/infecção direta a
partir de artigos contaminados seja por aerossóis gerados durante o procedimento ou pelo contato
das mãos enluvadas do profissional. Essas superfícies podem, mais tarde, facilitar a
contaminação de outros instrumentos, equipamentos, luvas e até mesmo infectar mãos.

b) Superfícies domésticas: estas não entram em contato com clientes, pacientes, instrumentos ou
equipamentos usados durante os procedimentos clínicos. Portanto, essas superfícies têm um
risco limitado de transmissão de infecções. Como é o caso de paredes, pisos e pias.

Para desinfecção de bancadas, móveis e equipamentos com superfícies metálicas é


adequado a fricção com álcool etílico a 70% com tempo de exposição de 10 minutos, conforme
descrito na norma Processamento de Artigos e Superfícies em Estabelecimentos de Saúde MS/
94. A operação deve ser repetida até completar o tempo de ação. Friccionar, deixar secar e repetir
três vezes a aplicação, até completar o tempo de ação de 10 minutos. Para as superfícies de
contato clínico que não possam ser descontaminadas facilmente, indica-se o revestimento com
materiais descartáveis. Todas as superfícies que são passíveis de contaminação e, ao mesmo
tempo, de difícil descontaminação devem ser cobertas. Incluem-se: puxadores de portas e
gavetas de armários; tubo, alça e disparador do raio-X; filme radiográfico; interruptores de
equipamentos laboratoriais de uma forma em geral; interruptores de negatoscópio; - hastes e
dispositivos de apoio em equipamentos laboratoriais.
94
Quanto à limpeza de paredes e pisos recomenda-se o uso de água e sabão. Usar
hipoclorito de sódio a 1%, em todas as superfícies domésticas não metálicas. Pisos e bancadas
devem ser limpos diariamente antes e ao final das atividades e as demais superfícies, gavetas,
mobiliários, entre outros, devem ser limpos uma vez por semana ou em uma periodicidade menor
se for o caso.

Lembretes técnicos:

▪ Após a alta do paciente, proceder à lavagem e desinfecção das gaiolas ou baias de


internamento, utilizando desinfetantes à base de amônia quaternária ou hipoclorito a 1%.
▪ Superfícies contaminadas por qualquer tipo de material biológico devem ser submetidas ao
processo de descontaminação imediatamente utilizando produtos desinfetantes. A primeira
etapa da descontaminação é a limpeza, pois a maioria dos desinfetantes não atua na
presença de matéria orgânica.
▪ O material descartável utilizado (gaze, algodão, esparadrapo, luvas e outros) deve ser
desprezado em sacos de lixo branco leitoso com o símbolo de resíduo infectante.
▪ Os coletores específicos para descarte de material perfurocortante não devem ser
preenchidos acima do limite de 2/3 de sua capacidade total e devem ser colocados sempre
próximos do local onde são realizados os procedimentos.
▪ Para os resíduos de serviços de saúde a Resolução RDC nº 306 de 07 de Dezembro de
2004 publicado no DOU de 10/12/2004 – ANVISA/MS deve ser rigorosamente seguida, de
acordo com o programa de gerenciamento de resíduos sólidos de saúde.

Leitura recomendada:

http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/manuais/animais/
guia_sanitario_para_estabelecimentos_medicos_veterinarios.pdf

Abordagem ao cão e gato enfermos

Tão importante quanto entender a doença e os mecanismos de cura – papel do médico


veterinário, é entender o temperamento do paciente, o que o processo de doença e cura está
interferindo no modo de vida dele, sobretudo no ambiente de internação. O papel do auxiliar de
veterinária nesse quesito, é fundamental. Lidar diariamente com os pacientes, buscando
compreender como cada um se comporta de forma individualizada, mas respeitando a natureza
de cada espécie e dentro desta, de cada raça, facilita e aprimora o serviço de assistência ao
doente e te torna um profissional diferenciado.

Ter sempre em mente, ao manusear um paciente, que este está fora do seu lar, longe das
pessoas de sua confiança, sentindo dor e medo, torna nossa abordagem mais empática, menos
brusca e automatizada, estabelecendo um vínculo de confiança com o animal. Tornando o manejo
diário menos traumático e mais proveitoso.

Para tanto, evite sempre abordagens muito bruscas, contenção e uso da força
desnecessárias. Esteja sempre portando seus EPIs visando sua proteção e a do paciente,
95
execute movimentos precisos, mantenha o ambiente livre de barulhos e procure manter a calma
em situações de estresse.

No ambiente de internação estamos sujeitos a todo tipo de paciente e temperamento, por


tanto é necessário preparo técnico e emocional da equipe para lidar com situações do cotidiano.
Tarefas simples e rotineiras como coletar sangue pode se tornar um transtorno muito grande a
equipe e ao paciente, se técnicas de contenção não forem utilizadas corretamente e aplicadas ao
paciente adequado. É improdutivo, por exemplo, utilizar toalha no auxílio à contenção de um
pitbull agressivo, por exemplo. Você colocaria em risco a sua integridade física e a do cão. A
toalha é geralmente utilizada para auxílio na contenção de felinos mais arredios e existem
diversas técnicas para minimizar o estresse dessa espécie tão susceptível a manipulações mais
bruscas. Para cães com temperamento mais agressivo, focinheira e auxílio do tutor, pode ser um
bom caminho para minimizar o estresse.

Cuidados básicos do dia-a-dia

Todo paciente crítico deve ser tratado com muita atenção e paciência. Geralmente
são pacientes que se locomovem pouco, urinam e defecam no próprio canil, têm
dificuldade para se alimentar, podem sentir dor e têm um motivo substancial para estar em
estado crítico, por isso algumas questões e comentários devem ser tecidos com relação à
esses pacientes.

Nos exames físicos periódicos, que são obrigatórios, deve-se estabelecer contato
com o paciente para fazê-lo sentir-se melhor. Alguns procedimentos devem ser adotados
na rotina do auxiliar de veterinária:

▪ Evitar decúbito prolongado (troca de posição a cada 2 h), de preferência com um


protocolo completo de reabilitação pela equipe de fisioterapia.
▪ Prevenir infecções, manter o ambiente sempre limpo. Utilize fraldas descartáveis
para manter a higiene.
▪ Manter as necessidades nutricionais supridas, sempre lembrando que o paciente
crítico é hipermetabólico, e pode necessitar de, pelo menos, uma vez e meia a
necessidade nutricional de um paciente comum. Vários são os métodos de nutrir
o paciente crítico, enteral ou parenteralmente; o importante é não subestimar as
necessidades nutricionais elevadas nesse momento.
▪ Prover bem-estar psicológico, realizar caminhadas frequentes, estimular o
paciente e oferecer muito carinho.
▪ Manter o paciente em repouso absoluto, deixando a luz apagada durante a noite.
Permita que o paciente durma o máximo de horas possível.
Em resumo, no dia-a-dia da internação, é imprescindível para o sucesso do
tratamento, que toda equipe esteja apta a reduzir o estresse causado pelo processo de
adoecimento em si, a ansiedade pela separação de seus tutores e o manejo repetido ao
longo do dia.
96
Atenção ao prontuário e prescrição médica

Na admissão de um paciente no serviço de internação de uma clínica ou hospital


veterinário, o protocolo terapêutico é ditado pelo Médico veterinário responsável pelo animal. Seja
por meio de receituário impresso ou via sistema informatizado, a prescrição com todas as
medicações, doses e posologias deve ser apresentada ao profissional responsável pelo setor de
internação, para que dê início ao tratamento.

Para facilitar a logística do setor, é usual de cada internação tenha pré-estabelecido


horários fixos de administração de medicações, essa adequação deve ser realizada pelo médico
veterinário plantonista. O papel do auxiliar de veterinária nessa situação é colaborar com a
confecção de uma planilha ou ficha (de acordo com cada serviço veterinário), onde a terapêutica
receitada pelo veterinário responsável, com doses, horários e vias de administração, esteja clara e
compreensível a qualquer outro plantonista da equipe.

É importante também desenvolver ou seguir um já pré-estabelecido código de checagem


das medicações administradas ao longo do plantão, afim de evitar a administração de um
medicamento repetidamente, por falha de comunicação da equipe, acarretando consequências
graves ao paciente e a evolução do tratamento. O auxiliar de veterinária é um profissional apto a
colaborar com o controle do prontuário de cada paciente, zelando para que cada medicamento
seja administrado no horário e dose que o médico veterinário responsável prescreveu. Bem como
monitorar a fluidoterapia, mantendo sempre a taxa e a velocidade de infusão estabelecidas no
prontuário.

Identificação de fármacos e vias de acesso

A atenção a todo e qualquer fármaco e sua respectiva via de administração, dentro de


um serviço de internação é crucial para o sucesso do tratamento e minimiza equívocos e
acidentes. Por isso a identificação de frascos de medicamentos, bem como das diferentes
vias de acesso que cada paciente possui é tão importante. É papel fundamental do auxiliar
de veterinária, na rotina de uma internação, identificar corretamente com nome e data,
cada acesso externo que o paciente possuir. São eles:

▪ Cateter venoso periférico: informar calibre e data da punção (imagem 1)


▪ Cateter venoso central: informar nome e data da punção (imagem 2)
▪ Cateter nasal para oxigênioterapia: informar nome e data de colocação
▪ Sonda nasogástrica: informar nome e data de colocação (imagem 3)
▪ Sonda esofágica: informar nome e data de colocação
▪ Sonda uretral/vesical: informar nome e data de colocação
▪ Dreno: informar nome e data de colocação
97

Imagem 1: cateter venoso periférico em cão. Identificação com calibre e



data da punção. Fonte: DOK Hospital Veterinário

Imagem 2: cateter venoso central em cão. Identificado com nome e



data da punção. Fonte: DOK Hospital Veterinário

Imagem 3: paciente com cateter venoso central e sonda nasogastrica em cão.


98
Monitoração básica do paciente internado

A verificação dos sinais vitais pode ser considerada a ferramenta mais importante dentre
todos os métodos de monitorização. É importante recordar que nenhum sistema eletrônico de
monitorização deve ser considerado 100% eficiente, pois deve estar relacionado diretamente com
os parâmetros encontrados durante o exame clínico, e deve ser checado sempre pelas mãos
humanas para verificar possíveis erros de mensuração ou de técnica. A análise dos sinais
respiratórios e cardiovasculares é indispensável para todo paciente internado e deve ser realizado
a cada hora pelo auxiliar veterinário e qualquer alteração reportada ao médico veterinário
plantonista imediatamente.

Parâmetros respiratórios

A frequência respiratória e o esforço respiratório (padrão geral) devem ser checados


com cuidado e de forma minuciosa, já que suas mudanças podem estar associadas a
alterações importantes da via aérea, doenças pulmonares, aumento no consumo de
oxigênio ou mesmo dor. Os sons pulmonares devem ser auscultados nos quatro
quadrantes.

O exame completo do sistema respiratório deve ser realizado por meio da frequência e
do padrão respiratórios, além da ausculta torácica completa em busca de abafamento de
bulhas, alteração dos sons respiratórios, e utilização da percussão torácica.

Parâmetros cardiovasculares

Já para o sistema cardiovascular, a frequência cardíaca e o ritmo devem ser


analisados continuamente, de preferência por meio do estetoscópio. Qualquer alteração no
ritmo e na frequência cardíaca deve ser prontamente relatada ao médico veterinário
plantonista. A palpação do pulso de um grande vaso periférico como a artéria femural ou
braquial, também é um importante parâmetro do status hemodinâmico do paciente. Um
pulso cheio e normocinético é um bom indício de uma paciente com pressão e volemia
adequadas.

Um exame básico do sistema cardiovascular deve contar com aferição da frequência e


ritmo cardíaco, pressão arterial não invasiva com auxílio de um dopller vascular veterinário
e tempo de preenchimento capilar.

Demais parâmetros básicos

A temperatura central, mensurada por via retal, também é um importante marcador do


status hemodinâmico do paciente e deve ser aferida sempre junto aos demais parâmetros
citados anteriormente.
99
A glicemia, apesar de não constituir um parâmetro vital deve ser monitorada nos
animais internados, sobretudo em filhotes, idosos, pacientes hiporéticos, em sepse ou
sempre que solicitado pelo médico veterinário.

O débito urinário, que consiste no volume de urina produzido pelo paciente a cada
hora, também não constitui um parâmetro vital mas em algumas situações é um importante
guia terapêutico. a mensuração do débito urinário pode ser realizado por método direto ou
indireto. O método direto é aferido quando o paciente está sondado e com um sistema de
coleta fechado que fica em nível inferior ao paciente. A bexiga deve ser esvaziada após
instalada sonda vesical e esse momento é considerado com tempo zero. Os intervalos de
mensuração dependem da solicitação do médico veterinário, porém geralmente é realizado
a cada 6 horas. A sonda deve ser lavada com solução salina estéril a cada 8 horas ou em
caso de queda súbita da produção de urina. O método indireto consiste na coleta da urina
da bandeja da gaiola ou da diferença entre tapete absorvente úmido e seco (cada grama
de diferença pode-se considerar 1 mL de urina).
100
Módulo 15 - Dia-a-dia da clínica 1
Proposta:

Instruir o Auxiliar Veterinário no amparo ao Médico Veterinário na rotina hospitalar.


Capacitação do Auxiliar Veterinário a manipular alimentos, oferta-los em regime hospitalar,
e capacitação para aplicação de fármacos nas diferentes vias de administração.

TEÓRICO

1) Introdução

2) Reconhecer diferentes tipos de alimento e principais vias de administração.

3) Conhecer vias e auxiliar na administração de fármacos

4) Reconhecer e auxiliar no manejo e tratamento de doenças causadas por vetores

5) Reconhecer e auxiliar no manejo e tratamento de doenças causadas por ectoparasitas

PRÁTICO

1) Nutrição

• Alimentação nas diferentes fases de vida (neonato – adulto)

• Manipulação de alimentos úmidos, secos e líquidos

• Técnicas para alimentação forçada e por sondas

2) Vias de aplicação

• Conhecer e manipular materiais para aplicação de fármacos

• Técnicas de aplicação de fármacos em cadáver

• Preparo e contenção do paciente para aplicação de fármacos

3) Parasitárias

• Vídeo aula – Técnica para limpeza de míiase


101
Parte 1: Nutrição em pequenos animais

Introdução

Juntamente com a nutrição, também foi demonstrado que o estabelecimento de um


esquema de cuidados básicos de alta qualidade, incluído a socialização e o treinamento é
essencial para garantir que o filhote se desenvolva em um cão adulto bem comportado.

Período neonatal até duas semanas de vida

Neste período os filhotes são indefesos e dependem exclusivamente da mãe. Neste


estágio o filhote gasta a maior parte do tempo dormindo. Os olhos e ouvidos encontram-se
fechados.

Os filhotes neonatos tem movimentos reduzidos e somente se arrastam lentamente, não


se mantem em pé nem mesmo sustentam o peso do próprio corpo. Neste momento irá procurar
ativamente a mãe e caso não encontre irá vocalizar balançando a cabeça de um lado ao outro.

Nesta fase os filhotes possuem capacidade reduzida de termorregulação, com isso,


contam com a mãe, ninhada e a temperatura do leite para aquecer seu corpo.

Muito importante que os filhotes mamem o colostro nas primeiras 24


horas após o nascimento, pois isso fornecerá os anticorpos essenciais
para eles.

Os processos de micção e defecação são estimulados por lambedura da mãe. A mesma é


responsável pela higiene do local comento qualquer material orgânico que esteja próximo a
ninhada.

Período de transição da segunda a terceira semana de vida

Neste período os olhos começam a responder a luz e aos movimentos.


Os canais auditivos abrem-se por volta de 18 a 20 dias.

Comportamentos de lambedura e mastigação começam a se desenvolver. Os filhotes


demonstram interesse por certos alimentos da sua mãe, embora toda a sua nutrição venha do
leite materno.

Lactação e desmame

O desmame começa entre duas e três semanas de vida, momento que o filhote irá
manifestar interesse pela comida da sua mãe. Nesse momento podemos oferecer alimentos secos
umedecidos ou mesmo papinha para desmame.

O alimento fornecido nesta fase deve ser exclusivamente para filhotes.


102

É essencial que os filhotes recebam alimentos próprios para eles até a quarta semana de
vida, já que o conteúdo de nutrientes e a quantidade de leite não são mais apropriados para
manter um crescimento saudável, caso eles sejam exclusivamente alimentados com leite materno.

Período de socialização da terceira a 12 semanas de vida

Durante este períodos os filhotes mostram-se mais sensíveis à socialização e experiências


negativas podem causar efeitos negativos futuros.

Os dentes de leite (também conhecidos como dentes decíduos) começam a aparecer


de três a quatro semanas de vida e progressivamente se ingerem alimentos sólidos. A medida
que fazem a transição para alimentos sólidos necessitam de água. A mãe começa a desestimular
a amamentação por parte dos seus filhotes.

A ninhada deve ser desmamada por volta da sexta



a oitava semana de vida

Período juvenil – de 12 semanas a fase adulta

Todos os órgãos de sentido já estão desenvolvidos nesse estágio, a taxa de crescimento


começa e diminuir. Os dentes de leite são substituídos por dentes permanentes e essa troca
costuma estar concluída por volta dos sete meses de idade.

Mudança de dieta

Quando um filhote faz a transição de um tipo de alimento para outro, é recomendada a


troca gradativa e crescente em período de uma semana.

A porção nova deve ser gradualmente aumentada de modo que


componha a metade da quantidade no dia 4 e a totalidade do alimento
novo no dia 7.

Alimentação natural - AN

Cada vez mais nós tutores nos preocupamos com uma boa alimentação para os nossos
cães e por isso, já existem no mercado pet alimentos orgânicos, livres de transgênicos e até
mesmo empresas especializadas no preparo de alimentos naturais.

Quando falamos de dietas caseiras ou oferta de restos alimentares devemos nos


preocupar com aumento do risco de obesidade nos cães. E para que isso não ocorra devemos
procurar o médico veterinário nutrólogo para que o mesmo possa programar uma dieta específica
para o seu cão. Uma vez prescrita a dieta, não devemos em hipótese alguma substituir um
alimento pelo outro sem consultar o nutrólogo devido ao risco de desbalancear a dieta. Existe
ainda a possibilidade de acrescentar nutrientes potencialmente nocivos a saúde do seu cão.
103

Parte 2: Vias de administração de fármacos

Introdução

Via de administração é o caminho pelo qual um medicamento é


levado ao organismo para exercer o seu efeito.

Para uma droga atuar e produzir seus efeitos no organismo dos animais deve primeiro ser
absorvida e então atingir uma concentração eficiente em seu local de ação (órgão alvo). A
absorção da droga geralmente é definida como a passagem da droga de seu local de
administração para a corrente sanguínea.

1. Via intramuscular

Preparar o animal para a injeção, posicionar o animal em decúbito lateral ou em estação,


contenha o animal conforme o necessário esfregue a pele sobre o local pretendido para injeção
com algodão embebido em álcool 70% ou outro desinfetante de pele. Insira agulha através da
pele no interior do músculo, em um ângulo de aproximadamente 45 a 90%, tracione antes de
injetar o êmbolo da seringa. Se houver entrada de sangue, selecione outro músculo ou um local
diferente no mesmo músculo para injetar. Injete o fármaco no músculo em velocidade moderada,
se nenhum sangue é aspirado pela seringa, retire a agulha do músculo e massageie suavemente
a área da injeção.

A via intramuscular é indicada para pacientes que são agressivos, com impossibilidade de
administração por via oral ou medicamentos que podem ser degradados pelo sulco gástrico

Possui vantagem de efeito rápido. Quando oleoso, absorção do fármaco é lenta e dolorosa.
Quando aquoso, absorção rápida.

Desvantagem, volume administrado deve ser pequeno, pode ser irritante, pode ser aplicada de
forma errada no linfonodo ou veia. Depende de treinamento, aplicar em músculo contraído pode
causar inflamação e dor.

2. Via Intravenosa

Prepare o animal para a injeção, posicione o animal apropriadamente para a injeção IV na veia
jugular, cefálica, safena lateral ou femoral, segure o corpo da seringa orientando o bisel da agulha
para cima, insira a agulha num ângulo aproximadamente de 30 graus com a pele. Avance a
agulha até que a metade pelo menos esteja dentro da veia, solte a pressão que distende a veia,
aspire pequena quantidade de sangue ate o canhão da agulha, injete o material em velocidade
moderada, remova a agulha da veia e imediatamente aplique pressão com uma bola de algodão
seco sobre o local da venopunção.
104
Tem como vantagem a obtenção rápida de efeitos, a possibilidade de administração de
grandes volumes em infusão lenta. Tem como desvantagem riscos de embolia, infecções por
contaminação. Imprópria para substâncias oleosas ou insolúveis

3. Via Subcutânea

Prepare o animal para a injeção, posicione o animal em decúbito esternal, na posição sentada
ou em estação, pince uma dobra de pele entre o polegar e os demais dedos - pescoço ou no
dorso do animal - esfregue a pele sobre a região onde pretende aplicar a injeção com algodão
embebido em álcool 70% ou outro desinfetante de pele. Insira a agulha até o canhão, através da
pele, no espaço subcutâneo, tracione o êmbolo antes de injetar o fármaco observe a entrada de
algum sangue na seringa, se houver entrada de sangue escolha outro local para a injeção, se não
for aspirado sangue o material deve ser injetado em velocidade moderada sobre a pele, remova a
agulha da pele e massageie a área de injeção.

Vantagem absorção contínua e segura, pouco treinamento. Desvantagem, dependendo do


fármaco deve ser aplicado em vários locais, devemos optar pela região lombossacra devido a
menor vascularização e plexo nervoso se comparado a região cervical

4. Via tópica

As vias tópicas são utilizadas normalmente para a obtenção de efeitos terapêuticos não
sistêmicos, isto é, localizados. No entanto, pode haver absorção de certos medicamentos pela
pele íntegra

5. Via oral

A via oral é a administração do fármaco através da cavidade bucal. Sua principal finalidade é
conduzir o medicamento ao estomago e intestino, para ai ser absorvido e levado por via
sanguínea aos tecidos susceptíveis. Como limitações desta via temos: inativação do medicamento
pelo suco digestivo, incerteza da quantidade absorvida e possibilidade de ação irritante sobre a
mucosa.

6. Via transretal

Usado principalmente em animais que precisam de administração quando em emergência e


ainda não estão canulados. Exemplo Convulsão. Rápida absorção do fármaco pela mucosa retal -
pelo plexo hemorroidal.

Parte 3: Doenças parasitárias causadas por vetores

É a penetração, multiplicação e / ou desenvolvimento de um agente parasitário em


determinado hospedeiro. Muitas vezes as consequências das lesões causadas pelo agente e pela
resposta do hospedeiro manifestam-se por sintomas, alterações fisiológicas e bioquímicas.
105
Biontófagas: quando as larvas invadem o tecido vivo (o animal não precisa estar ferido para que
isso aconteça). Nessa categoria, estão as espécies de insetos Callitroga americana, Dermatobia
hominis e Oestrus ovis

Necrobiontófagas: quando as larvas invadem tecidos já machucados por necrose, onde as elas
se alimentam do tecido morto. As moscas deste grupo são: licilia, sarcophaga, phaenicia,
calliphora, musca, mucina e fannia.

Miíase

Miíase primária ou furunculóide - Na miíase primária, os ovos da mosca são depositados sobre
a pele sadia e, quando eclodem, as larvas invadem os tecidos subcutâneos do hospedeiro.
Popularmente, as larvas da miíase primária são conhecidas como berne.

Miíase secundária - Neste tipo de miíase, os ovos da mosca são depositados em feridas abertas
e suas larvas se alimentam desse tecido já necrosado. Popularmente, essas larvas são
conhecidas como bicheira.

Miíase acidental ou pseudomiíase - Menos comum de acontecer em humanos, a miíase


acidental acontece quando alguém ingere um alimento que esteja infectado com larvas de
moscas, o que pode gerar distúrbios graves consequentemente.

Bernes

Bernes são larvas de moscas que se desenvolvem no tecido subcutâneo de animais,


principalmente dos cães (ou seja, embaixo da pele). É mais comum em cães que vivem no campo
ou em casas com quintal.

A berne é causada pela mosca berneira (Dermatobia hominis) e sua expectativa de vida é
de somente 1 dia. Quando precisa botar seus ovos, ela captura outro tipo de mosca, deposita
seus ovos nela e essa mosca trata de completar o ciclo, quando pousa em um animal.

Quando a mosca pousa no cão, as larvas caminham sobre o pelo até atingir a pele do
animal. Assim, conseguem criar uma perfuração e penetram no cão para que se desenvolvam 

A larva é capaz de aumentar 8 vezes de tamanho em apenas uma semana e continua
crescendo sem parar por cerca de 40 dias. 

O orifício criado pela larva para penetrar a pele do cachorro fica aberto, pois ele é utilizado
pela larva pra respirar. Por isso é muito fácil reconhecer a Berne, trata-se de um caroço com um
orifício e uma ponta esbranquiçada, que é a larva.

Parte 4: Ectoparasitas

Carrapatos
As doenças transmitidas por carrapato são muito comuns nos cães, mas extremamente raras nos
gatos. Sua maior prevalência ocorre durante ou logo após o tempo quente, época esta que
podemos observar numero crescente da população dos carrapatos.
106
No cão a espécie mais comum de carrapato é o Carrapato Marrom (Rhipicephalus
sanguineus). Eles sobem no animal, fixam-se na pele e podem transmitir doenças. Quando essa
situação ocorre é preciso buscar tratamento o mais rápido possível.

Este carrapato está adaptado às áreas urbanas, podendo ser encontrado no interior das
residências. Ao abandonar seu hospedeiro, a fêmea precisa de alguns dias para botar os ovos.
Para fazer seu ninho, ela procura lugares altos, sem umidade e com baixa luminosidade, como em
frestas, rodapés, batentes de porta, atrás de quadros e embaixo de estrados de camas.

Este carrapato não gosta de ficar no chão ou grama

O ciclo de vida do carrapato possui 4 fases: ovo, larva, ninfa e adulto. No cão podemos ver as
fases jovens (larva e ninfa) e adulta. Quando não estão no animal eles se escondem em "ninhos",
onde passam a maior parte da vida. O carrapato não troca de fase sobre o animal, ele sempre faz
isso no ambiente, nos ninhos.
Normalmente estes ninhos são próximos de onde o animal dorme. Ao sair do esconderijo, os
carrapatos caminham pelo ambiente a procura dos nossos amigos para se alimentarem. É mais
fácil encontrar os carrapatos no ambiente, geralmente em paredes ou muros, no amanhecer ou
entardecer, pois são momentos em que o clima está fresco.
Os carrapatos são extremamente resistentes, podem ficar semanas escondidos sem se
alimentar, aguardando uma condição de clima mais favorável para saírem em busca de alimento.
Eles também são resistentes a produtos de limpeza, por isso infestação não é sinônimo de sujeira.
Os carrapatos devem ser removidos com cuidado, se possível com auxilio de pinça. nunca deve
ser girado devido ao risco do aparelho bucal permanecer no hospedeiro.

Para mata-lo seu corpo não deve ser queimado, perfurado,


espremido ou esmagado, pois seu fluido pode ser fontes de contagio.

Curiosidade!!!!

Tempo máximo sem se alimentar:

Larva - até 60 dias;

Machos adultos - até 200 dias;

Fêmeas adultas - até 220 dias.

O Carrapato Marrom do Cão raramente sobe em gatos e em seres humanos, tendo


preferência pelos cães. Já o Carrapato-estrela pode parasitar qualquer espécie animal, incluindo o
homem.
107
Caso a fêmea seja esmagada antes de colocar os ovos, eles ainda não terão completado
sua maturação, além de estarem sem a camada protetora. Para que os ovos sejam viáveis no
meio ambiente, é necessária a ação de uma glândula (chamada Órgão de Genet) que secreta
uma camada protetora para os ovos.

Em altas infestações cães e gatos podem ficar anêmico. Isso porque,


Esfregaço
além de se alimentar do sangue, o parasita transmite doenças que atacam
os glóbulos vermelhos e brancos.
Indicação

O esfregaço sanguíneo é amplamente utilizado para pesquisa de hemoparasitos, tais


como: Anaplasmose, Babesiose, Filariose, Erliquiose entre outros. Também é importante para
verificar as características morfológicas dos eritrócitos, contagem diferencial de leucócitos e de
contagem de plaquetas por campo.

Passo a passo

1- Manter a lâmina horizontalmente entre o polegar e o indicador



2- Colocar uma pequena gota de sangue na extremidade da lâmina 

3- Com uma segunda lâmina (extensora) colocar o seu rebordo livre contra a superfície da
primeira, em frente à gota de sangue, formando um ângulo de 45º.

4- Realizar um movimento para trás de modo que entre em contato com a gota de sangue,
pressionando-a até que a gota se espalhe por toda a borda da lâmina.

5- Impelir a lâmina, guardando sempre o mesmo ângulo, em um só movimento, firme e uniforme,
sem separar uma lâmina da outra. 

6-Secar rapidamente ao ar, e enviar em porta-lâminas

"

Observações:

• Realizar ao menos três esfregaços


• Imprescindível que o sangue seja fresco
• Lâmina limpa e desengordurada – Usar álcool
• Evitar esfregaços espessos
108
• Identificar as lâminas
• Enviar devidamente

Pulgas

A espécie mais comum em cães e gatos no Brasil é a Ctenocephalides felis, introduzida na


América possivelmente no século XVI com os colonizadores europeus e seus animais - Parasita
cães, gatos e o homem em algumas situações.

As pulgas são parasitas externos e nossos animais podem pegar no ambiente e de outros
cães. Elas picam muitas vezes ao dia, o que causa muita coceira e algumas vezes alergia, feridas
e queda de pelos.

Se você encontrar pulgas ou aqueles "pontinhos pretos" que são as (fezes do parasita
adulto,) na pele e pelos do animal, busque o quanto antes o tratamento adequado, conforme
orientação do Veterinário.

O ciclo de vida deste parasita possui quatro fazes: ovo, larva, pupa e adulta. A fase que
vemos no animal é apenas a adulta, que representa 5% da infestação. As forma jovens que
correspondem a 95% estão no ambiente.

As pulgas adultas no animal colocam vários ovos por dia, estes caem no ambiente que ele
frequenta, onde se desenvolverão nas fases seguintes de larva e pupa (como um casulo).

Na próxima fase de "jovens adultas" ficam no ambiente aguardando a presença de um


animal, para pular sobre ele e se alimentar, dando continuidade ao ciclo.

Por isso quando há pulgas no animal é importante lembrar que elas estão no chão, nas
camas, no sofá e por todos os outros lugares frequentados pelos pets.

A pulga é o hospedeiro intermediário do verme Dipylidium caninum, que além de acometer


o animal pode acometer o homem, causando a zoonose Dipilidiose. O animal adquire a verminose
quando se coça e ingere acidentalmente as pulgas infectadas.

A picada da pulga também pode causar a DAPP (Dermatite Alérgica à Picada de Pulgas),
além de anemia, irritação e estresse no animal.

A pulga é um parasita muito voraz. Cerca 72 pulgas adultas podem


consumir 1 mL do sangue do animal por dia
109

EXERCÍCIO

RCÍCIOS
1) No período neonatal é importante que os filhotes mamem o colostro nas primeiras 24 horas.
Por que?

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_______________________________________________________________________

2) Qual o período de desmame da ninhada?

_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

3) Como deve ser feita a troca de alimentação dos filhotes?

_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

4) Cite as vias de administração dos fármacos.

_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

5) Qual a vantagem e a desvantagem de se utilizar a via intravenosa para administração dos


fármacos?
110
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

6) Correlacione os termos e suas características

(a) Biontófagas

(b) Necrobiontófagas

( ) Quando a larva invade o tecido vivo (o animal não precisa estar ferido)

( ) Quando a larva invade o tecido machucado por necrose (onde elas se alimentam por
tecido morto)

7) Cite as fases da miiase e explique cada uma delas.

_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

8) Marque V para Verdadeiro e F para Falso:

( ) O ciclo de vida do carrapato possui 4 fases ( Ovo, Larva, Ninfa e Adulto).

( ) A pulga é um endoparasita muito voraz. Cerca de 72 pulgas podem consumir até 1ml de
sangue por dia.

( ) As doenças acometidas por carrapatos são mais prevalentes nos gatos.

( ) A espécie de pulga mais comum encontrada no brasil é a Ctenocephalides canis.

( ) No cão, a espécie mais comum de carrapato é o carrapato estrela (Rhipicephalus


sanguineus).

( ) Além de anemia, irritação e estresse no animal, a picada de pulga também pode causar
DAPP.
111
Módulo 16 - Dia-a-dia da clínica 2

Proposta:

Instruir o Auxiliar Veterinário no amparo ao Médico Veterinário na rotina hospitalar.


Capacitação do Auxiliar par coleta de sangue nas diferentes vias, coleta de urina, fezes e
pelos. Auxiliar em procedimentos de biópsia.

TEÓRICA
TEÓRICO

1) Introdução
2) Conhecer materiais para coleta de sangue
a. Coleta de sangue nas diferentes vias
b. Armazenamento e envio
3) Coleta de urina – Materiais utilizados, armazenamento e envio
4) Coleta de fezes – Materiais utilizados, armazenamento e envio
5) Coleta de pelos – Materiais utilizados, armazenamento e envio
6) Biopsia – Instrumental necessário, armazenamento e envio
PRÁTICO

PRÁTICA
• Técnicas de contenção para
coleta de urina
1) Coleta de sangue
• Métodos de coleta de fezes
• Conhecer e manipular objetos
para coleta de sangue • Armazenamento correto da
amostra
• Realizar técnicas de contenção
para coleta de sangue • Identificação e envio
• Identificação e método de 4) Coleta de pelos
coleta nas diferentes vias • Conhecer e manipular objetos
• Armazenamento correto da para coleta de pelos
amostra • Exame auxiliar para coleta
• Identificação e envio • Métodos de coleta de pelos
• Armazenamento correto da
2) Coleta de urina amostra
• Conhecer e manipular objetos • Identificação e envio
para coleta de urina
5) Biopsia
• Técnicas de contenção para • Conhecer e manipular
coleta de urina
instrumental de biópsia
• Métodos de coleta de urina • Preparo de mesa
• Armazenamento correto da 9instrumental).
amostra • Métodos de coleta – fragmento.
• Identificação e envio • Armazenamento correto da
3) Coleta de fezes amostra
• Conhecer e manipular objetos • Identificação e envio

para coleta de fezes
112

Indicações de coleta de sangue

As células do sangue são de fácil obtenção em geral e seu estudo é de grande


utilidade diagnóstica em processos patológicos. Por essa razão este exame é uma das
análises mais solicitadas pelo clínico:

- confirmar a presença ou ausência de anormalidades sanguíneas 



- delimitar a extensão e o local do processo 

- estabelecer as causas de uma alteração sanguínea 

- servir de guia no prognóstico de casos clínico

Materiais utilizados para coleta:


• Agulhas
• Seringas
• Scalps
• Algodão
• Gaze
• Garrote

Veia Jugular externa

Quando a veia maxilar se junta com a veia linguofacial, na altura do ângulo da


mandíbula, origina a veia jugular externa (principal veia de coleta de sangue em todas as
espécies domésticas).

PORQUE É INDICADO COLETARMOS DA JUGULAR?

É um processo muito mais indolor e confortável para o animal (apesar de muitos


tutores se assustarem com o procedimento)

O sangue coletado é de muito melhor qualidade para a análise, pois fazemos pouca
pressão para retirada do sangue.

A contenção do animal é menor e o espaço de tempo de coleta é muito mais rápido.

Não compromete o acesso venoso para administração de medicamentos ou soro,


geralmente feito nas "patinhas". Se a coleta de sangue é feita em uma das patinhas, em geral
essa veia não pode mais ser utilizada como acesso para administração de medicamentos.

Veia cefálica

No membro torácico, na região do antebraço, localiza-se a veia que percorre a


superfície cranial do antebraço, segue proximalmente até o ombro onde se junta com a veia
jugular externa.

Veia safena
113
No membro pélvico, na região da perna, existe a veia v. safeno lateral (passa na face
externa da perna, útil na coleta de sangue em cães).

Veia femoral

No membro pélvico segue a musculatura da coxa interna - Importante via de coleta


para pacientes felinos.

Transfusão sanguínea

A transfusão sanguínea é considerada uma forma de transplante,do doador para o


receptor, com intuito de aumentar a capacidade de oxigenação e de reestabelecer os valores
normais de proteínas e plaquetas etc..

A terapia transfusional é indicada para pacientes em diferentes condições de saúde,


incluindo anemia, hemorragia, coagulopatia e hipoproteinemia. Após ser coletado do cão
doador, o sangue pode ser imediatamente transfundido em um animal receptor, ou pode ser
fracionado em hemocomponentes. No entanto, a utilização segura dos componentes
sanguíneos requer o conhecimento dos grupos sanguíneos e dos meios para minimizar o risco
de reações transfusionais, incluindo o teste de compatibilidade e triagem de cães doadores.

Os cães doadores devem ser adultos saudáveis, entre um e oito anos de idade, com
peso mínimo de 30kg e temperamento dócil. Vacinação e vermifugação devem estar
atualizadas, e os animais devem estar livres de ectoparasitas. Além do exame físico antes da
doação, deve-se investigar se o cão doador está livre de possíveis doenças vinculadas pelo
sangue, devem ser negativos para Ehrlichia canis, Babesia canis, Dirofilaria immitis, Borrelia
burgdorferi, e Leishmania sp. A realização de hemograma completo com contagem de
plaquetas deve ser feitos a cada doação sanguínea. Os cães podem doar sangue a cada 30
dias

A maior parte dos cães não requer sedação ou anestesia, porém, se necessário pode-
se usar tranqüilização para contenção dos animais.

Reações

• Imediatas: urticária, edema, dispnéia, taquicardia


• Tardia: hemólise (2 dias ou mais)
• Não imunológicas: sobrecarga de volume, hipotensão (sangue gelado), trombos,
transmissão de doenças, reações piogênicas por presença de leucócitos, intoxicação pelo
anticoagulante

Grupos/tipos sanguíneos
114
Os gatos têm dois grupos sanguíneos: A e B (embora haja um terceiro grupo AB que é
a combinação dos dois, porém, extremamente raro). O cão possui oito grupos sanguíneos
diferentes A1, A2, B, C, D, F Tr He.

Muito importante realizar tipagem sanguíneas antes das transfusões para minimizar
possíveis reações transfusionais.

Se a bolsa de sangue estiver refrigerada, ela deve ser aquecida em banho-maria à


37ºC antes de ser utilizada.

Homogeneizar a bolsa de sangue antes e durante a transfusão, porém isto só deve ser feito
quando o sangue atingir a temperatura ambiente, pois a homogeneização do sangue
refrigerado causa hemólise

Coleta de urina

O exame qualitativo de urina (E.Q.U) é importante para verificar os sinais clínicos de


doença renal ou dos órgãos urinários, para exames de triagem em internamentos e pré
cirúrgicos e interesse em complementar o diagnóstico, acompanhando o quadro clínico. Deve
ser solicitado esse exame, além das situações citadas, quando o animal apresentar dor ao
urinar, frequentes micções e aumento no volume de urina

• A coleta de urina pode ser realizada por:


• Micção espontânea
• Massagem da bexiga para induzir a micção
• Sonda uretral
• Cistocentese
Importante após a realização do procedimento, armazenar em recipiente apropriado e manter
refrigerado (2°-8°C).

Coleta de fezes

O exame parasitológico de fezes (EPF) deve ser realizado quando os animais


apresentarem palidez nas gengivas; anemia; diarreia com aspecto sangrento, escuro ou
pegajoso; fraqueza, perda de peso e morte súbita nos filhotes; prurido (coceira) perianal. A
importância do exame está em identificar precocemente o tipo de parasito que está
acometendo o animal e realizar um tratamento eficiente.

As amostras de fezes devem ser colhidas a fresco e não expostas ao sol, pois os
parasitos são frágeis e podem desaparecer prejudicando os resultados. É importante ser
enviadas ao laboratório, em recipientes apropriados, no mínimo 3 amostras de fezes de cada
115
animal colhidas em dias alternados, pois os parasitos são eliminados de forma intermitente
nas fezes.

Coleta de pelos

O exame parasitológico de pelos é realizado para verificar a presença de ácaros e


fungos. Este exame é de extrema importância, pois além de acometer os animais provocando
lesões ainda pode ser transmitido ao homem. Também é realizada a cultura do pelo para
determinar o patógeno responsável pelo dano facilitando o tratamento.

Indicações

• Raspado profundo até sangrar quando a suspeita for de ácaros


• Raspar em áreas diferentes da pele
• Para micoses arrancar o pelo e não cortar
• O material do raspado para pesquisa de ectoparasito pode ser colocado em envelope
limpo e seco

Fragmentos para biópsia

Os tecidos devem ser acondicionados em frascos de boca larga, dependendo da


quantidade do material. Envolver os tecidos que tendem a flutuar (pulmão e medula óssea)
com gaze ou algodão. Para a histopatologia convencional o fixador mais comum é a solução
aquosa de formalina, formol a 10% (1 parte de formol para 9 partes de água). Particularmente
para o sistema nervoso, deve ser realizada a fixação em formol a 20% (1 parte de formol em 4
partes de água), para preservar melhor a integridade do órgão. O volume ideal corresponde à
cerca de 20 vezes o volume da peça a ser fixada. Cortar o tecido em fatias finas (1 a 2 cm),
incluindo a lesão e algum tecido adjacente com aspecto normal.

EXERCÍCIO
EXERCÍCIOS

1) Quais são os materiais utilizados para uma coleta de sangue:

(a) Agulha, Seringa, Scalps, Doppler, Gaze, Garrote

(b) Agulha, Seringa, Cateter, Algodão, Gaze, Dupla Via


116
(c) Agulha, Seringa, Scalps, Algodão, Gaze, Garrote

(d) Agulha, Seringa, Scalps, Algodão, Gaze, Equipo

(e) Agulha, Seringa, Scalps, Algodão, Luva, Garrote

2) Porque é indicado coletarmos pela jugular?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

3) Correlacione os tubos:

(a)Tampa vermelha (d)Tampa azul

(b)Tampa Roxa (e)Tampa preta

(c)Tampa verde

( ) Usado para estudo de coagulação.

( ) Possui Heparina como anticoagulante natural usado para dosagem de chumbo e em


algumas máquinas de bioquímica.

( ) Utilizado para hematologia. Possui EDTA como anticoagulante.

( ) Usado para dosagem de glicose.

( ) Utilizado para exames bioquímicos, sorológicos e hormonais. Não possui


anticoagulante.

4) Explique qual a importância da transfusão sanguínea? Quando ela é indicada?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

5) Quais os meios utilizados para coleta de urina?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________
117
_____________________________________________________________________

6) Quais os cuidados que devemos ter ao armazenar as amostras de fezes?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________
118

Módulos 17, 18 e 19 - Acesso venoso e fixação 1, 2 e 3


Coleta de sangue

Proposta: Instruir o Auxiliar Veterinário no amparo ao Médico Veterinário na rotina


hospitalar

Teórico

1) Introdução

2) Conhecer materiais para coleta de sangue

Prática

3) Coleta de sangue nas diferentes vias

4) Armazenamento e envio

_____________________________________________________________________

Indicações de coleta de sangue

As células do sangue são de fácil obtenção em geral e seu estudo é de grande utilidade
diagnóstica em processos patológicos. Por essa razão este exame é uma das análises mais
solicitadas pelo clínico

- confirmar a presença ou ausência de anormalidades sanguíneas - delimitar a extensão e o


local do processo

- estabelecer as causas de uma alteração sanguínea

- servir de guia no prognóstico de casos clínico

Materiais utilizados para coleta:

• Agulhas

• Seringas

• Scalps
119
• Algodão

• Gaze

• Garrote

"

Fonte: Setor de internação DOK Hospital veterinário.

Tubos para coleta

TAMPA VERMELHA (Sem anticoagulante)

O soro é a porção do sangue após a separação do coágulo. É indicado para exames


bioquímicos, sorológicos e hormonais. Depois de colhido, o material deve ser mantido em
geladeira até sua manipulação (2o - 8oC).

Anticoagulante:

Amostras com anticoagulantes são indicadas para hemograma completo (contagem global de
hemácias, leucócitos, plaquetas, determinação do hematócrito, VCM; HCM; CHCM, e
dosagem de hemoglobina)
120
TAMPA ROXA (EDTA)

É o anticoagulante de eleição para hematologia. Podem ser feitas contagens de 24 a 36 horas


após a coleta, se a amostra estiver mantida em uma temperatura de refrigeração de 4o C.
Nunca deve ser congelado e nem sofrer temperaturas superiores a 37o C, nestes casos a
amostra é totalmente inviável.

TAMPA VERDE (HEPARINA)

É um anticoagulante natural. É o anticoagulante de eleição para a dosagem de chumbo. Para


exame de bioquímica em algumas máquinas é necessário esse tipo de anticoagulante.

TAMPA AZUL (CITRATO)

É o anticoagulante ideal para estudos de coagulação. É imprescindível manter a relação


anticoagulante/sangue para realizar as provas de coagulação. Os valores obtidos sem esta
relação não têm nenhum valor diagnóstico.

TAMPA PRETA (FLUORETO)

Recomendado especificamente para a dosagem de glicose, pois inibe o processo de glicólise,


que ocorre nas hemácias, mantendo os níveis in vitro deste metabólito por mais tempo. A
dosagem deverá ser feita em até 6 horas após a coleta, pois o processo de glicólise continua,
mesmo com a presença de fluoreto de sódio que apenas retarda este processo.

Erros de envio de amostras

• Escolha do tubo errado


• Não homogeneizar a amostra com EDTA
• Identificação da amostra
• Volume insuficiente ou excesso
• Presença de fibrina
• Coágulo
• Microbolhas

Acesso Venoso na internação

• Sempre deverá estar identificado com nome, data e calibre do cateter

• O manejo no acesso sempre deverá ser realizado com o auxílio de luvas de procedimento

• Nunca deixar o acesso venoso sujo com resquícios de sangue ou fezes, lembre-se que o
acesso venoso é uma porta de entrada para agentes contaminantes.

• O acesso venoso tem um tempo máximo de três dias em cada membro.


121
Módulo 20 - Cuidados Básicos com neonatal e com filhotes

Proposta:

Conhecer técnicas de manejo, alimentação, exames necessários desde o momento de


selecionar pais até o período neonatal. Como auxiliar no parto e reconhecer viabilidade
neonatal. Identificar possíveis erros na rotina e como evita-los.

TEÓRICO
TEÓRICA

1) Introdução

2) Importância da seleção de progenitores

3) Exames pré natais

4) Distocias – como intervir.

5) Avaliação do neonatal

6) Alimentação do neonatal

7) Conhecendo as principais doenças neonatais

8) Erros na rotina hospitalar

Parte 1

Definição de Neonatologia

A determinação do período neonatal é cercada de controvérsias, podendo ser o intervalo


desde o nascimento até a queda do cordão umbilical ou até o momento em que o filhote abre
os olhos. Alguns autores ainda acreditam que o filhote seja neonato até o momento em que
adquire competência imunológica adequada. No entanto, a tendência atual é considerar o
período neonatal como aquele em que o filhote ainda depende da mãe para sobreviver, sendo,
em média, de 30 dias. Além disso, dentro deste período, os sistemas orgânicos estão em
processo de amadurecimento anatômico-fisiológico, o que, gradativamente, torna o filhote apto
a sobreviver sem os cuidados maternos.

Desafio

Para o clínico de pequenos animais, as doenças neonatais representam um grande


desafio, pelas consideráveis perdas neonatais (em torno de 20 a 30%), pela imaturidade
fisiológica e imunológica (que torna o neonato particularmente sensível ao ambiente, aos
agentes infecciosos e parasitários) e pela sintomatologia clínica comum às diversas afecções.
122
A investigação diagnóstica no paciente neonato envolve aspectos complexos (exame
minucioso do filhote juntamente com a mãe e a ninhada), de difícil manejo (dificuldade de
manipulação, auscultação) e limitações impostas pelos meios diagnósticos de exploração,
como análises laboratoriais, ultrassonografias, exames radiográficos, eletrocardiográficos,
entre outros.

Cuidados com Neonato

❖ A escolha dos pais

Os cuidados com o neonato iniciam-se antes mesmo do nascimento, com a escolha


adequada dos progenitores. O nascimento de um neonato saudável depende de aspectos
relevantes que devem ser avaliados previamente à gestação, como as condições de saúde
física e psíquica dos progenitores, idade da fêmea, histórico reprodutivo, cruzamentos
criteriosos, nutrição adequada para a gestante, plano completo de vacinação, controle de
parasitoses internas e externas, exercícios físicos moderados, ambiente adequado e exames
complementares de triagem.

A análise criteriosa para identificação de afecções com caráter genético (displasia


coxofemoral, entre outras) e/ou congênito (malformações), bem como alterações de
comportamento e índole, deve ser realizada no momento da escolha dos possíveis
progenitores.

Maior sobrevivência neonatal é observada quando a gestação ocorre entre 2 e 4 anos nas
cadelas e em ninhadas com dois a cinco filhotes. Nas gatas, a sobrevivência torna-se maior a
partir da quinta gestação. Fatores como obesidade, nascimento de apenas um filhote ou mais
de cinco e a idade avançada da fêmea aumentam a mortalidade. Portanto, para um
procedimento reprodutivo bem-sucedido e nascimento de neonatos saudáveis, deve-se levar
em consideração o escore corporal adequado da fêmea (em torno de cinco, em uma escala de
0 a 10).

❖ A fêmea gestante

O período gestacional caracteriza-se pelo momento em que ocorrem diversas


modificações fisiológicas significativas no organismo da fêmea. As influências hormonais da
progesterona e da prolactina alteram o metabolismo geral, fazendo com que a fêmea gestante
apresente uma série de características fisiológicas.

As alterações respiratórias caracterizam-se pelo aumento da frequência respiratória


(15%) incrementada por dor, ansiedade e desconforto durante o trabalho de parto.

Em relação ao sistema cardiovascular, durante a gestação, há aumento da frequência


cardíaca, em resposta à dor.
123
As alterações gastrintestinais durante esta fase também são observadas com o
progredir da gestação, como diminuição do tempo de esvaziamento gástrico, diminuição do
tônus do esfíncter esofágico e aumento da pressão intragástrica com deslocamento cranial do
estômago pelo aumento do útero. A gestante apresenta maior predisposição a regurgitação e
aspiração do conteúdo regurgitado.

Administração de fármacos no
período gestacional

As alterações maternas
fisiológicas contribuem muito para os
efeitos nocivos dos medicamentos no
período gestacional. Deve-se
considerar que o sistema materno
apresenta diversas características
farmacocinéticas alteradas durante a
gestação, determinando maior grau
de exposição do feto às substâncias.

Exames pré-natais

O método tradicional para o


diagnóstico de gestação em cadelas
é a palpação do abdome, realizada
em qualquer exame físico rotineiro
em cães. Esse procedimento permite
que um examinador experiente avalie modificações morfológicas das estruturas presentes no
abdome. As vesículas embrionárias podem ser palpadas após 20 dias, como estruturas
esféricas de cerca de 1 cm de diâmetro, normalmente espaçadas de maneira uniforme dentro
do útero.

A auscultação dos batimentos cardíacos fetais por estetoscópio ou Doppler fetal pode
ser feita durante os 15 dias finais da gestação e propicia a contagem do número de fetos e a
sobrevivência dos mesmos. A frequência cardíaca fetal durante o parto varia de 170 a 230
bpm, sendo que fetos normais apresentam-se ativos próximos ao parto. A diminuição da
movimentação fetal e da frequência cardíaca (150 a 160 bpm) pode ser indício de angústia
fetal e hipoxia. Frequência cardíaca fetal inferior a 130 bpm e nascimento dentro de 1 a 2 h
representam menor sobrevivência neonatal.

O exame ultrassonográfico é o método de escolha para a detecção da prenhez, útil


para avaliar desenvolvimento, taxa de crescimento e viabilidade fetais. O diagnóstico definitivo
de gestação é empreendido pela visualização da vesícula gestacional, que se caracteriza por
uma bolsa esférica, por volta dos 19 dias de gestação.
124
A determinação precisa da idade gestacional por ultrassonografia transabdominal em
cadelas é importante quando se deseja planejar uma cesariana eletiva, tendo a segurança de
que a formação fetal estará realmente concluída.

A radiografia abdominal pode ser utilizada para confirmação da gestação após a


calcificação óssea esquelética, frequentemente aos 45 dias. Antes deste momento, os cornos
uterinos podem ser confundidos com alças intestinais distendidas com conteúdo e gases. O
número de fetos pode ser determinado radiograficamente, por meio da contagem dos crânios
fetais. Avaliações radiográficas tardias determinarão, além do diagnóstico da gestação, o
estágio de desenvolvimento fetal e a necessidade de execução de cesariana. Após 42 dias de
gestação, os crânios fetais e as colunas dorsais

são visíveis na radiografia.

A gestação nas cadelas e gatas tem a duração aproximada de 63 dias,


contudo, a sua aparente longa duração, entre 56 e 70 dias, varia de acordo
com o intervalo entre o cruzamento e o parto.

Preparando o ambiente e a fêmea

Na proximidade do parto, a fêmea deve ser isolada de outros animais. Administrar


fármacos para o esvaziamento da porção final do intestino é interessante, pois o reto repleto
exerce pressão sob o canal vaginal.

Para a higiene da cadela não é aconselhável o banho antes do parto. Duchas vaginais
com substâncias ácidas,

diminuem a possibilidade de infecção por herpes-vírus, sendo a única profilaxia, pois não há
vacina contra essa afecção no Brasil. A higienização pode ser realizada 2 a 3 dias antes do
parto em dias consecutivos. Além da higienização da genitália externa e dos mamilos, devem-
se retirar os pelos ao redor dos mamilos e, no caso de lesões nas glândulas mamárias, isolá-
las com curativos.

O local do parto e onde serão mantidos os neonatos deve ser um local em que a fêmea
já esteja acostumada (21 dias antes), sendo seguro para as crias, para que não haja
canibalismo, fuga ou pisoteamento.

A maternidade ou caixa de parição deve ficar em um lugar seco, arejado, livre de


insetos e a uma altura do chão que possibilite a entrada e a saída da fêmea com facilidade.
Para cadelas, pode ser feita de madeira,

com furos no assoalho para eliminação de urina e secreções vaginais, ou mesmo uma caixa
plástica que permita a higienização frequente. No caso de gatas, pode-se utilizar uma caixa ou
uma cesta. A maternidade deve ser ampla o suficiente para a parturiente aconchegar seus
neonatos, mas não tão grande que os mesmos mantenham-se muito longe e entrem em
125
hipotermia. Para forrá-la, utilizam-se panos que devem ser higienizados diariamente ou papel
absorvível específico.

A assistência ao parto deve ser realizada para se assegurar o nascimento e o


bem estar de todos os neonatos. Pode ser realizada pelo médico-veterinário,

O parto é um momento crítico para a parturiente, em que deve suportar a dor, remover
os filhotes dos envoltórios fetais, romper o cordão umbilical, limpar e massagear os neonatos,
estimular a amamentação, fornecer calor e cuidar de todos os neonatos. O parto ocorre em
ambiente caseiro onde a fêmea esteja acostumada ou mesmo no ambiente hospitalar.

Durante o parto, deve-se auxiliar segurando o neonato quando a expulsão ocorrer com
a fêmea em estação; romper os envoltórios fetais, secar e estimular a respiração; pinçar a
porção final do cordão umbilical ligado à placenta não expulsa, ligá-lo e realizar a desinfecção;
certificar-se da eliminação de todas as placentas e pesar todos os filhotes ao nascimento.

Parto distócico

As distocias são definidas como o parto que não se realiza somente com
as forças maternas, necessitando de intervenção manual, médica e/ou
instrumental do obstetra.

Existem inúmeras situações que levam à distocia, como más condições ambientais
(local inadequado de parição), alterações do canal de parto (imaturidade da pelve, fraturas,
conformação, características raciais, enfermidades ósseas), alterações uterinas (torção,
ruptura, prolapso, fibrose de colo de útero, tumores) e alterações fetais (apresentação e/ou
tamanho fetal).

Diagnóstico das distocias

• Acima de 60 dias a partir da data do diestro (diagnosticado por citologia)

• Acima de 70 dias da data prevista para o parto.

• Secreção vulvar abundante, esverdeada ou verde-enegrecida e/ou hemorrágica.

• Contrações uterinas intensas e frequentes por mais de 30 min sem que ocorra
expulsão fetal.

• Contrações uterinas fracas intermitentes por mais de 2 h sem expulsão fetal.

• Expulsão parcial do filhote.


126
Características ideais do neonato

"

Escore de Apgar

A utilização de escores de viabilidade neonatal (escore de Apgar) constitui-se em um


método simples de avaliação sistemática ao nascimento que avalia a eficácia das medidas de
reanimação em 1 min, 5 min e 60 min após o nascimento. O escore baseiase em frequência
cardíaca e respiratória, esforço respiratório e vocalização, tônus muscular, irritabilidade reflexa
e coloração das mucosas, atribuindo-lhes notas de 0 a 2, sendo a somatória das notas, a
pontuação do escore de 0 a 10.

"
Pontuação superior a sete indica boa viabilidade neonatal
e taxa de sobrevivência superior a 70%.
127

Exame físico

❖ Peso

O neonato perde cerca de 10% do seu peso ao nascimento nas primeiras 24 h de vida, O cão
neonato deve então pesar o dobro de seu peso ao nascimento nos primeiros 15 dias de vida.

❖ Temperatura

A prevenção da hipotermia é fundamental, devido à termorregulação imatura ao nascimento, A


hipotermia deprime a capacidade de sucção e a função gastrintestinal, além de incentivar o
abandono por parte da mãe, agravando ainda mais o quadro.

❖ Rítimos

O ritmo respiratório é observado a distância, deixando-se o neonato sobre a mesa de exame


físico, pois a manipulação realizada durante o exame pode alterar este parâmetro. As
frequências gradualmente diminuem, apresentando-se próxima à do adulto entre a sétima e a
oitava semana.

Alimentação

• COLOSTRO: IDEAL QUE SE VERIFIQUE AS PRIMEIRAS MAMADAS DE PERTO


PARA EVITAR DETERMINADOS ACIDENTES COMO: PISADA E MORDIDAS
BRUSCAS, VERIFICAR SE A MÃE TEM HABILIDADE MATERNA / VERIFICAR SE
TODOS OS FILHOTES ESTÃO MAMANDO.

Neonatos e filhotes desenvolvem facilmente hipoglicemia, devido a uma maior taxa


metabólica e baixa reserva de glicogênio hepático (reserva de glicose no fígado).

• CUIDADO PARA O BICO NÃO SER MUITO GRANDE –FILHOTES SÃO ESGANADOS
E SE ENGASGAM COM FACILIDADE FAZENDO FALSA VIA - broncoaspiraçãoe
pneumonia.

MIMETIZAR A POSICAO ANATÔMICA DAS TETAS COM O BICO DA


MAMADEIRA
Tempo de mamada

• Primeira semana: a cada 2 horas

• Segunda semana: a cada 3 horas

• Terceira semana: a cada 4 horas vs. Introdução da papinha desmame como


complemento.
128
Principais doenças neonatais

1. Trauma por mordedura: Provocado pela mãe n momento de cuidados com neonato.

Exemplo: Contusão abdominal; traumatismo cranioencefálico.

2. Acondroplasia: alteração no desenvolvimento da cartilagem de crescimento dos


animais jovens. Os animais afetados têm corpo normal e membros muito curtos.

3. Anasarca: acúmulo de líquido no tecido subcutâneo e nas cavidades do organismo.

4. Anencefalia: ausência de desenvolvimento cerebral somada à falta de desenvolvimento


dos ossos que constituem a calota craniana e os hemisférios cerebrais, estando bem
desenvolvidos somente o núcleo basal e o cerebelo. A deficiência de ácido fólico na
dieta é uma das causas do desenvolvimento da anencefalia. Os animais afetados
nascem mortos ou vêm a óbito poucas horas após o nascimento.

5. Lábio leporino e fenda palatina: provocam comunicação entre as cavidades oral e


nasal localizadas no palato primário (lábio leporino) ou afetam o palato secundário
(palatos duro e mole).

6. Gastrósquise: defeito na parede abdominal no qual uma falha em seu fechamento


durante o período fetal produz a saída de todos os órgãos abdominais e,

algumas vezes, também os torácicos.

7. Hipospadia: anormalidade na localização do orifício urinário, sendo ventral e proximal à


localização normal na glande peniana. O orifício pode se localizar na glande peniana,
na bainha do pênis, na junção do pênis com o escroto, no escroto ou no períneo.

8. Anormalidade afeta principalmente filhotes caninos e, com menor frequência, felinos,


que são incapazes de permanecer eretos e se locomover no estágio de
desenvolvimento esperado. O animal realiza movimentos de pedalagem para tentar
movimentar-se – portanto, “filhotes nadadores”.
129
Parte 2: Evitando erros na rotina

Definição

“É uma consequência de uma ação inesperada, sem planejamento, conhecimento. Pode ser
uma falha humano ou por equipamento.”

Erro médico juridicamente

❖ Negligência:

Deixar de tomar uma atitude ou apresentar conduta que era esperada para a situação.

Age com descuido, indiferença ou desatenção, não tomando as devidas precauções.

❖ Imperícia:

Inaptidão, ignorância, falta de qualificação técnica, teórica ou prática, ou ausência de


conhecimentos elementares e básicos da profissão.

Deveria prever, porém, não previu.

Erro medicamentoso

❖ Erro de prescrição

Escolha incorreta da droga, erro de cálculo de dose, via de administração,


concentração, velocidade de infusão ou prescrições ilegíveis.

❖ Erro de preparação

Diluição incorreta, mistura de drogas que são fisicamente e quimicamente


incompatíveis, medicamento fora do prazo de validade.

❖ Erro de administração

Procedimento ou técnica inapropriada e administração de medicamento, incluindo: Via


errada, via correta porém em local errado, erro na velocidade administração, intervalo
diferente do prescrito, omissão.

incluem-se neste grupo erros por nomenclatura semelhante e/ou aparência.

Erro médico e eventos adversos com drogas na prática clínica: a magnitude do problema.

"
130
Erros:

1. Destino incorretos dos lixos hospitalares – Lixo comum, lixo hospitalar e materiais
perfurocortantes.

2. Limpeza de miíase, escolhas de matérias a serem usados.

3. Devidos cuidados no procedimento - Sonda uretral.

4. Coleta de urina – Métodos

5. Coleta de sangue – Refrigeração, bolhas, coágulo, fibrina, volume....

6. Coleta de fezes – Armazenamento.

7. Devidos cuidados na tricotomia para acesso venoso.

8. Uso de EPI na rotina

9. Escolhas de seringas adequadas às medicações.

10. Escolhas de catéteres, scalps sondas para cada paciente.

11. Armazenamento de e fármacos de uso na rotina clínica.

12. Contenção – Braquicefálico.

13. Ampolas semelhantes em cor (âmbar...) descrição de fármaco.


131

E
EXERCÍCIO
XERCÍCIOS

1) Cite 3 principais doenças neonatais e explique o que é cada uma delas.

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_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

2) Qual o método de escolha para detecção de prenhez, desenvolvimento, taxa de


crescimento e a viabilidade fetal? E a partir de quantos dias é realizado o diagnóstico
definitivo?

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_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
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_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
132
Módulo 21 - Conhecendo o Ambiente hospitalar

Proposta: Conhecer a legislação que explana sobre a diferença das unidades


veterinárias. Entender, de maneira ampla, o que é uma unidade de serviço veterinário
e suas características. Conhecer os principais equipamentos hospitalares.

TEÓRICO
TEÓRICA

1) Diferença entre consultório, clínica, clínica de especialidade, hospital, pet shop,


ambulância e unidade de remoção.

2) Legislação hospitalar.

3) Ambiente hospitalar – equipamentos e estruturas.

PRÁTICO
PRÁTICA

1) Tour guiado pelo hospital veterinário – Turma dividida em grupos.

Ambiente hospitalar

Primeiramente, é de extrema importância que se destaque a diferença entre o que é


um consultório, uma clínica e um hospital veterinário. Diferentes serviços podem ser
oferecidos em cada uma dessas categorias de ambientes. O CFMV traz uma resolução, que já
está em vigor desde janeiro/2015, e regulamenta essa situação. Se trata da resolução
1015/2012.

Confira as diferenças entre os estabelecimentos veterinários:

Hospitais Veterinários são estabelecimentos capazes de assegurar as instâncias


médicas curativa e preventiva aos animais, com atendimento ao público em período integral
(24 horas), com a presença permanente e sob a responsabilidade técnica de médico
veterinário.
133

"

Clínicas Veterinárias são estabelecimentos destinados ao atendimento de animais para


consultas e tratamentos clínico-cirúrgicos, podendo ou não ter internações, sob a
responsabilidade técnica e presença de médico veterinário

"

Clínicas Veterinárias Especializadas são estabelecimentos destinados a prestar atendimento


integral em uma especialidade de Medicina Veterinária.

Consultórios Veterinários são estabelecimentos de propriedade de médico veterinário


destinados ao ato básico de consulta clínica, curativos e vacináveis de animais, sendo
vedadas a realização de procedimentos anestésicos e/ou cirúrgicos e a internação.
134

"

Unidade de Transporte e Remoção é o veículo destinado unicamente à remoção de


animais que não necessitem de atendimento de urgência ou emergência. Sua utilização
dispensa a necessidade da presença de um médico veterinário.

"

Ambulância Veterinária é o veículo identificado como tal, cujos equipamentos,


utilizados obrigatoriamente por um profissional médico veterinário, permitam a aplicação de
medidas de suporte básico ou avançado de vida, destinadas a estabilização e transporte de
doentes que necessitem de atendimento de urgência ou emergência.

Sabendo-se as diferenças entre cada tipo de estabelecimento, é necessário que


algumas orientações sejam dadas.
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O ambiente de um estabelecimento veterinário deve ser limpo, preferencialmente com
cores claras, que facilitem a identificação de sujidades. A limpeza deve ocorrer de forma
rotineira, haja visto o fluxo constante de animais e proprietários.

Os consultórios, salas de procedimentos, centro cirúrgico, banheiros, farmácias devem


ser identificados com avisos em suas portas, de forma que funcionários e clientes saibam do
que se trata cada ambiente.

O trânsito de pessoas e material em ambientes de extrema limpeza, como centro


cirúrgico, internação, sala de procedimentos deve ser o mínimo possível. O sentido do fluxo
deve ser sempre da área limpa pra área suja, evitando-se assim a contaminação.

O auxiliar veterinário deve sempre estar trajando uniforme limpo , com identificação de
sua função. Normalmente, o uniforme consiste em um pijama contendo calça e camisa, de
cores claras, e sapato fechado.

O relacionamento do auxiliar com o cliente ocorre desde a chegada do animal à clínica,


muitas das vezes o auxiliar recebe o paciente, leva-o até a balança e depois ao consultório.
Devido à esse contato, é necessário que o auxiliar tenha um comportamento de educação,
bom humor e postura adequeada. O cliente já percebe o tipo de serviço que será oferecido de
acordo com a forma que o auxiliar o trata.

Alguns ambientes dentro da clínica veterinária merecem atenção especial com


relação à sua estrutura diferenciada.

A internação é o local onde os animais que precisam de cuidados diferenciados são


designados. Funcionam 24h por dia, sempre na presença de um médico veterinário
responsável. O auxiliar que trabalha na internação deve estar atento o tempo todo, o
veterinário pode solicitar sua ajuda constantemente. Tirar animais dos canis, colocá-los na
mesa de procedimento, realizar curativos, aplicar medicações, participar de procedimentos de
emergência são algumas atividades desempenhadas.

Muitos estabelecimentos veterinários contam com laboratório de análises. É um


ambiente que requer limpeza e mínimo trânsito de pessoas possível. Há um veterinário
responsável por essa área, os exames de sangue, urina, fezes são realizados nesse local.

Pet shop/banho e tosa fazem parte de muitos empreendimentos veterinários. O


importante a se destacar com relação a esses locais é que sua entrada deve ser separada do
restante da estrutura. Normalmente, o funcionamento do pet shop é separado do
funcionamento da clínica.

Equipamentos hospitalares

Bombas de infusão são muito utilizadas em internações veterinárias. Com esses


equipamentos, é possível realizar fluidoterapia de forma que a quantidade administrada é
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extremamente controlada. Além disso, é mais fácil saber quando a fluido foi interrompida ou o
acesso venoso foi perdido ou obstruído. O funcionamento da bomba de infusão varia de
acordo com a marca do produto, porém sua base é a mesma. Calcula-se o volume a ser
infundido em 24 horas, programa-se a bomba para essa quantidade, prende-se o equipo ou a
seringa (pode ser um tipo específico ou não) e aperta-se o início da administração. A bomba
emite um aviso sonoro caso o acesso venoso fique obstruído.

Doppler é o equipamento usado para aferir a pressão sistólica do paciente. Através de


um manguito, que é acoplado no membro anterior do animal, no terço médio, a pressão é
aferida. O doppler emite o som do pulso arterial do paciente, a partir desse som, o veterinário
infla o manguito e após avaliar o resultado, tem-se o dado numérico da pressão.

O carrinho de anestesia é encontrado, principalmente, no centro cirúrgico. É o


equipamento usado para anestesia inalatório do paciente. É composto, basicamente, por
vaporizador de gases anestésicos, manômetros de oxigênio e ar comprimido e tubos. Alguns
podem conter, ainda, uma base com gavetas para guardar medicações.

O monitor multiparamétrico também é encontrado, principalmente, no centro cirúrgico.


Se trata do equipamento usado para monitorar o animal. Nele, encontramos dados como
eletrocardiograma, pressão, temperatura, oximetria. Seu funcionamento e interpretação é de
responsabilidade do anestesista. Monitores podem ser encontrados também em salas de
emergência para avaliação de pacientes críticos.

O microcópio pode estar presente em ambulatório e laboratórios. Muitas vezes, o


veterinário o utiliza para visualização de lâminas de amostras coletadas do paciente, como
pelos, conteúdo de nódulos, raspados de pele e lesões cutâneas. Normalmente, ele contém 3
lentes de aumento: 10x, 40x e 100x. As mais usadas são as duas primeiras. A de 100x requer
o uso de óleo de imersão, sendo mais usada em laboratórios de análises. É importante que o
microscópio fique em cima de uma superfície plana e seu transporte seja evitado.

___________________________________________________________________________

EXERCÍCIO

1) Revisar a legislação hospitalar,

2) Revisar a diferença de consultório, clínica, clínica de especialidade, hospital, pet shop,


ambulância e unidade de remoção.
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Módulos 22 e 23 - Primeiros Socorros 1 e 2

Proposta:

Conhecer técnicas de manejo, alimentação, exames necessários desde o momento de


selecionar pais até o período neonatal. Como auxiliar no parto e reconhecer viabilidade
neonatal. Identificar possíveis erros na rotina e como evita-los.

TEÓRICO
TEÓRICA

1) Triagem e classificação de risco - Urgência versus Emergência

2) Papel do auxiliar veterinário no pronto atendimento

3) Abordagem inicial ao paciente crítico

4) ABC do trauma

5) Dispnéia

6) Hemorragia

7) Convulsão e status epiléticus

8) Parada cardiorrespiratória

PRÁTICO
PRÁTICA

1) Contenção e estabilização no transporte do paciente crítico

2) Manobras para contenção de hemorrágia abdominal e membros

3) Reanimação cardio-cerebro-pulmonar

Identificação, triagem e classificação de risco


A rápida identificação de um doente crítico, na recepção de um serviço veterinário, é
ponto chave na eficiência de um pronto atendimento. A avaliação inicial da situação como um
todo influencia diretamente a abordagem inicial do paciente, já que devemos determinar qual
ou quais são os pacientes que requerem precocidade no atendimento no caso de atenção a
múltiplas vítimas, ou mesmo quando se tratar de um serviço de urgências com menor ou maior
capacidade de atendimento.
Nesse sentido, vale ressaltar a diferença conceitual entre urgência e emergência, dois
termos semelhantes e muito utilizados na rotina do pronto atendimento. Essas definições por
si só, já pode configurar um mecanismo de triagem e categorização dos pacientes.
138
Emergência corresponde a um processo com risco iminente de vida, que deve ser
diagnosticado e tratado nas primeiras horas após sua constatação. Exige que o tratamento
seja imediato diante da necessidade de manter funções vitais e evitar incapacidade ou
complicações graves. Representa situações como choque, parada cardíaca e respiratória,
hemorragia, traumatismo crânio-encefálico etc. Já a urgência significa um processo agudo
clínico ou cirúrgico, sem risco de vida iminente. Nesse caso há risco de evolução para
complicações mais graves ou mesmo fatais, porém, não existe um risco iminente de vida.
Representa situações como fraturas, feridas lácero-contusas sem grandes hemorragias, asma
brônquica, convulsões e etc.
Na veterinária, a palavra triagem descreve um processo de decisão médica ou
classificação baseada na identificação dos pacientes mais graves e na prioridade dada a eles
em relação aos menos graves. Existem algumas opções de separação dos doentes por
gravidade, por meio de mecanismos de triagem. A escala de triagem ideal deve incorporar
dados fisiológicos, anatômicos, considerar a idade, as doenças prévias e ter algum
conhecimento do mecanismo de lesão, para incorporar dados que nos permitam inferir que um
paciente é realmente mais grave que outro. Deve ser realizada de forma sistematizada e
padronizada por todos os funcionários de um mesmo serviço.

Sistema de classificação de triagem por classes (RABELO)


Um sistema que foi criado e desenvolvido por uma referência na área de
emergência e intensivismo veterinário, com base nos escores e sistemas humanos mis
eficientes, adaptados a realidade dos nossos pacientes. O sistema determina a
necessidade de atenção pela gravidade dos sinais clínicos e pela localização das
alterações por sistema orgânico. Os doentes podem ser divididos em quatro classes,
sendo que a classe I é a mais grave e a classe IV, a menos grave. (Quadro 1)
Quadro 1. Classificação por Classes de Rabelo, 2013.

Triagem na Recepção

CLASSE I – Atendimento Imediato (máximo 1 minuto) – Tratar como PCR


▪ Inconsciente
▪ Apneia ou padrão respiratório agônico
▪ Ausência de pulso ou não detectável
▪ Hipotermia
▪ Midríase
▪ Ausência de choque cardíaco ou não detectável

CLASSE II – Respira e/ou Ventila mal – Máximo 10 minutos


▪ Possível estabilidade cardiovascular
▪ Possibilidade de obstrução das vias aéreas
▪ Dispneia (inspiratória/expiratória/mista)
▪ (vômito, diarreia, anorexia etc.)
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CLASSE III – Atender até a 1ª hora, de acordo com sinais


▪ Possível estabilidade respiratória, mas com comprometimento
hemodinâmico
▪ Subestadiar por gravidade hemodinâmica
▪ Possível presença de Choque Mecânico ou Oculto
▪ Lesões mais aparentes (por trauma principalmente)

CLASSE IV – Atendimento possível até 24–72 h, dependendo do sinal clínico


O proprietário percebe que algo não anda bem, mas não define exatamente a
queixa

Papel do auxiliar veterinário no pronto atendimento


Todo e qualquer caso no pronto atendimento deve ser admitido e acompanhado de
perto pelo médico veterinário plantonista mas cabe ao auxiliar veterinário papel fundamental
para a rápida identificação de um possível caso emergencial, bem como sua atuação junto a
equipe, otimizando atendimento e conferindo qualidade ao serviço.
Algumas das atuações serão listadas abaixo:
• Identificar e diferenciar urgência de emergência ainda na recepção

• Solicitar presença imediata de um médico veterinário

• Aferir parâmetros: frequência cardíaca, respiratória, temperatura corporal, pressão


arterial sistólica, tempo de preenchimento capilar, coloração de mucosas, glicemia e
lactato.

• Acesso venoso periférico de maior calibre possível

• Manter sala de emergência sempre reposta e organizada: Cilindro de oxigênio,


circuito para oxigenioterapia, ambu, laringoscópio, traqueotubos, dopller vascular,
caixa cirúrgica, laminas de bisturi, luvas de procedimento e cirúrgicas, compressas,
gaze, equipos, fluidos (NaCl 0,9%, Ringer com lactato), cateter, scalp, torneira de 3
vias, sondas, esparadrapo e fármacos.

• Monitoração constante

Abordagem inicial ao paciente crítico

É importante que, mesmo que a consulta tenha sido com hora marcada, todos os
pacientes que chegam a um serviço veterinário sejam triados logo na chegada pelo auxiliar
veterinário. Com um exame clínico rápido e superficial, e de posse da queixa principal,
formula-se uma sequência de atendimento por gravidade, e a prioridade é dada àqueles em
140
descompensação mais avançada. Com a avaliação do nível de consciência, frequência
cardíaca, padrão respiratório, ausculta toraco-abdominal, avaliação das mucosas, do
enchimento jugular e das temperaturas central e periférica é possível traçar um perfil preciso
do estado clínico do animal. E, se necessário, a mensuração da pressão arterial também já
pode ser adiantada neste momento.

Anamnese

Esse é o primeiro contato do proprietário com a equipe de urgência. Ele deve ser
breve (no máximo em um minuto) e em conjunto com o exame físico inicial de
urgência, sempre que não for possível realizar o atendimento na recepção. Pode ser
agilizado por meio de um questionário rápido amplamente utilizado nas salas de
emergência. O CAPÚM, a fim de facilitar a anamnese e não deixar faltar nenhuma
pergunta importante.

Quadro 2. Anamnese CAPUM de emergência


ena Descrição do acontecimento. Como, onde, quando,
C
com quem?
A lergia O paciente é alérgico a algum fármaco?
assado/Prenhez Há histórico de doenças, cirurgias ou
P
internamentos prévios? Há possibilidadede gestação?
ltima refeição O que e quando o animal se alimentou pela
U
última vez?
edicação em uso. Há algum fármaco em uso que possa
M
interagir com a medicação a ser utilizada?

Esse momento do atendimento pode ocorrer ainda ao telefone, quando o


proprietário liga para o serviço e pode ser orientado por qualquer atendente, quando
utilizamos a ficha de anamnese padrão para atendimento telefônico. Isso facilita a
preparação da área de urgência de forma mais individualizada ao paciente que vai
chegar.

ABC do trauma
Para uma utilização fácil e rápida durante o momento tenso do atendimento, a
abordagem inicial é regida pelo algoritmo A-B-C que envolve patência de via aérea, a
estabilidade ventilatória e respiratória, o ajuste hemodinâmico na circulação e, por último, a
avaliação da capacidade neurológica, respectivamente. O algoritmo em inglês significa: Airway
– Breathing – Circulation. Adaptando o algoritmo, temos que: Ar - Boa Respiração –
Circulação.
▪ A: Examine as vias aéreas, aspire e libere, examine com laringoscópio.
• Procedimentos realizados por auxiliar veterinário: colaboração na inspeção da
cavidade oral, montagem do laringoscópio e aspirador.
141
• Procedimentos realizados por médico veterinário: entubação orotraqueal,
cricotireoideotomia, traqueotomia, punção cricoide.
▪ B: Cheque a SpO2 e a Capnografia, garanta a boa respiração e a ventilação.
• Procedimentos realizados por auxiliar veterinário: oxigenioterapia, colaborar com a
ventilação via ambú.
• Procedimentos realizados por médico veterinário: toracocentese e colocação de tubo
torácico.
▪ C: Controle as hemorragias, garanta um acesso vascular, verifique se há
choque oculto ou mecânico, prepare a reposição volêmica.
• Procedimentos realizados por auxiliar veterinário: punção vascular percutânea,
montagem de fluidoterapia, colaboração para tamponamento de hemorragias.
• Procedimentos realizados por médico veterinário: punção vascular percutânea e por
dissecção, contrapressão abdominal, autotransfusão.

Dispnéia
A dispneia é uma alteração do padrão respiratório normal, onde o paciente apresente
qualquer dificuldade em realizar os movimentos respiratórios. Em pequenos animais os
movimentos respiratórios normais costumam ser costo-abdominal, com o tempo de inspiração
durando um terço do tempo expiratório. Qualquer alteração diferente disto pode ser
considerada uma dispneia e configura uma emergência.

Diante desta alteração:


▪ Acionar imediatamente o médico veterinário
▪ Conter o mínimo possível o paciente
▪ Oferecer aporte de oxigênio da forma mais adequada a cada espécie e raça ( felinos
pela contenção mais estressante faz-se necessário coloca-los em gaiola de
oxigenioterapia, cães braquicefalicos se adaptam muito bem ao cateter nasal do tipo
óculos, já os dolicocefálicos se beneficiam do cateter nasal adaptado com uma
sonda uretral em uma ou em ambas as narinas).
▪ Prosseguir aferição dos demais parâmetros vitais de forma menos estressante
possível para o paciente.

Hemorrágias
Hemorragia é toda perda de sangue que o organismo pode sofrer, seja ela rápida
(aguda) ou de forma lenta e gradativa (crônica), grave ou não.
Dependendo da quantidade de sangue perdido poderá ocorrer anemia. O animal
anêmico apresenta letargia, falta de disposição, diminuição ou perda de apetite, respiração
acelerada e mucosas muito pálidas (gengivas e parte interna das pálpebras). No caso de
perda de grande volume de sangue em pouco tempo, existe o risco de parada cardíaca. Isso
142
acontece porque não há sangue sufi ciente dentro das câmaras do coração para esse órgão
“bombear”.
Hemorragia externa: Hemorragias externas são fáceis de detectar, pois você visualiza
a perda de sangue. Ela é provocada por cortes profundos, perfurações ou brigas entre
animais. Hemorragias superficiais ocorrem quando pequenos vasos que irrigam a pele são
rompidos e a perda de sangue é considerável, mas nunca fatal. Um exemplo é o sangramento
causado por escoriação, pequeno corte ou outro ferimento na pele. Se um vaso sanguíneo for
rompido (veia ou artéria), a hemorragia pode ser grave e deve ser estancada imediatamente.
Os vasos atingidos mais facilmente localizam-se nas patas, cauda, orelhas e pescoço. A
hemorragia grave pode ser fatal, por isso, ela precisa ser interrompida o mais depressa
possível e o volume de líquido perdido pelo organismo, reposto.
Diante deste quadro:
▪ Acione imediatamente médico veterinário
▪ Pressione o local com auxílio de compressa limpa ou estéril – não garrotear o
membro por mais de 10 minutos!
▪ Aferição de parâmetros vitais e monitoração contínua

Hemorragia interna: esse tipo de hemorragia é difícil de detectar, porque não podemos
visualizar o sangue, nem ter certeza se há sangramento interno. Após a queda de um lugar
muito alto, pancada no abdômen ou tórax, atropelamento ou outro acidente, o animal poderá
perder sangue resultado do rompimento de um órgão ou vaso sanguíneo. Os sinais que
podemos notar no caso de hemorragia interna são: queda de temperatura, palidez nas
mucosas e rebaixamento do nível de consciência. Pode haver perda total de consciência e dor
abdominal. A temperatura dos cães e gatos varia de 38ºC a 39ºC. No caso de hipotermia
(temperatura baixa), os valores serão inferiores a 37ºC. O aparecimento de sangue na urina,
fezes ou vômito, não significa hemorragia interna. Quando ele aparece em pequenas
quantidades ou com aspecto de rajadas, a causa da perda de sangue precisa ser investigada,
mas não deve causar desespero. Grandes quantidades de sangue eliminadas pelas fezes e
vômito podem ter como causa envenenamento por “chumbinho” (veneno para ratos) ou
ingestão de iscas com vidro triturado, ambos usados criminosamente para matar animais.
Nesta situação:
▪ Acionar médico veterinário imediatamente
▪ Preparar aparelho de ultrassonografia para o veterinário realizar exame de imagem
▪ Punção venosa com cateter de maior calibre possível e fluidoterapia a critério do
médico veterinário
▪ Preparar material de bandagem para manobra de empacotamento caso tenha que
esperar por cirurgia
▪ Providenciar manobras de aquecimento ou para manutenção de temperatura
corporal – colchão térmico, manta, bolsas de agua aquecida e etc.
143
Convulsão e stautus epileticus
A epilepsia é caracterizada por ataques convulsivos recorrentes. Ela pode ser genética,
ou seja, o animal herdou a doença de seus familiares, ou adquirida. Nesse caso, um histórico
de acidente com pancada na cabeça, quedas, envenenamento ou intoxicações e algumas
doenças justifi cam o animal tornar-se epilético.
Como reconhecer uma crise convulsiva? O animal demonstra incoordenação, cai no
chão e permanece deitado de lado em movimentos de pedalagem, como se estivesse
tentando levantar. Em alguns episódios, ele urina e defeca involuntariamente durante a crise.
Pode haver ou não perda de consciência. O animal fica ofegante e aos poucos vai se
acalmando. Muitos voltam ao normal em alguns minutos, outros fi cam abatidos durante o dia
todo, demonstrando cansaço. Nos casos mais graves, ocorrem crises sucessivas, durante
horas, configurando um quadro de status epileticus. Alguns animais demonstram claramente
uma fase pré convulsão: ficam agitados ou quietos demais várias horas antes da crise.
A convulsão em si é uma urgência e sendo o paciente um animal hígido, sem histórico
de cardiopatias graves, não oferece risco eminente de morte. Porem impressiona muito os
tutores e a intervenção deve ser realizada tão logo a crise se inicie. Imediatamente coloque o
paciente no chão para evitar quedas, proteja sempre que possível a cabeça para que não bata
com força durante a crise. Não puxe a língua ou tente conter os movimentos do paciente,
apenas o proteja de se ferir afastando qualquer superfície próxima que ele possa se chocar.
Auxilie o médico veterinário na administração do fármaco por via retal e aguarde a crise cessar
para que possa manusear o paciente, realizar manobras mais invasivas afim de estabilizar o
quadro e monitorar o paciente.

Parada cardiorrespiratória
A parada cardiorrespiratória caracteriza-se pela interrupção súbita da circulação, e as
manobras de reanimação (RCP) estão reservadas apenas para resgatar os pacientes onde
este evento de morte não era esperado. Não é objetivo da RCP instaurar medidas que
busquem retrasar o processo natural de morte. Nos casos de doenças terminais, crônicas ou
incuráveis, principalmente em pacientes com idade avançada, que sofrem de dor agônica e
incontrolável, a morte deve ser considerada como a evolução natural da doença e, na maioria
das situações, sua evolução não deve ser impedida.

Divisão de tarefas durante a RCP


Os protocolos e algoritmos da reanimação cardiopulmonar e a tabela de
dosagem de fármacos devem ser revistos periodicamente, ajustados sempre de acordo
com as novas diretrizes, praticados e afixados em local visível para acesso constante.
O número mínino de pessoas para realização de uma boa RCP é de três
pessoas, entretanto, o ideal seriam cinco pessoas. É fundamental que todos os
funcionários da instituição estejam devidamente reciclados e treinados, principalmente
144
para a massagem torácica, o grande pilar da manobra de RCP. A divisão de tarefas
pode ocorrer da seguinte maneira:
▪ 1ª Pessoa: Identifica a PCR, inicia as compressões torácicas externas de forma
imediata, com atenção à manutenção do ritmo, recolhimento torácico otimizado e força
de compressão suficiente para mover 25% do tórax.
▪ 2ª Pessoa: Assim que o segundo membro da equipe esteja presente ele pode
ser deslocado para a massagem ou ficar responsável pela ventilação, administração de
fármacos por via endobronquial, utilização da bolsa de reanimação (Ambu) e controle
dos parâmetros respiratórios após a obtenção da via aérea (exclusivamente o médico
veterinário). Normalmente, a pessoa mais experiente do grupo deve se ocupar das
funções mais técnicas e ainda trabalhar como líder e supervisor de todo o processo.
▪ 3ª Pessoa: Responsável pelo acesso vascular, e administração de volume e
fármacos. Cabe ressaltar que a infusão rápida de volume sempre será prejudicial
durante a RCP, a não ser que a causa tenha sido hipovolemia. Também é possível
notar que o acesso vascular não é imprescindível, desde que o segundo resgatista
tenha experiência e treinamento com a administração de fármacos por via
endobronquial.
▪ 4ª Pessoa: Assegura que os métodos de monitorização sejam disponibilizados
(colocação dos eletrodos e cabos de ECG, transdutor do Doppler etc.), prepara os
fármacos, carrega o desfibrilador, confere equipamentos, realiza ainda as anotações de
parâmetros clínicos e sobre o material gasto durante o procedimento, além de
coordenar o contato entre a área de emergência, a recepção e a família do doente.
Também será o responsável pelas compressões abdominais e assessoria direta ao
líder durante os procedimentos.
▪ 5ª Pessoa: O líder geralmente é a pessoa com mais treinamento e mais
capacitada tecnicamente. Ele dita as regras e coordena as manobras, sendo
responsável direto sobre os procedimentos de maior impacto (dissecações venosas,
desfibrilação, toracotomia). Pode ficar responsável por todas as manobras e dividir
tarefas à medida que mais pessoas se agrupam para ajudar no evento.
Normalmente, os protocolos humanos contemplam uma situação, em que sempre
haverá presença de uma equipe completa durante uma RCP, o que não ocorre em
Medicina Veterinária. Portanto, para a realidade veterinária em quase todo o mundo,
sugerimos esta sequência de manobras de acordo com a quantidade de profissionais
disponíveis e baseado nas novas recomendações do ILCOR 2010, e do Estudo
RECOVER 2012 as quais dão total prioridade à massagem torácica, e estão resumidas
no quadro 3.
145

Sugestão de manobra de acordo com o número de participantes por


RCP
• Se houver 1 Reanimador:
Realize somente massagem torácica eficiente por pelo menos 120s (2
ciclos completos de 60s)*
• 2 Reanimadores
Massagem + Vias Aéreas e Ventilação (fármacos por via endobronquial)
• 3 Reanimadores
Massagem + Vias Aéreas e Ventilação + Acesso Vascular e Fluidos
quando necessário
• 4 Reanimadores
Massagem + Vias Aéreas e Ventilação + Acesso Vascular e Fluidos +
Circulação e Monitorização
• 5 Reanimadores
Massagem + Vias Aéreas e Ventilação + Acesso Vascular e Fluidos +
Circulação e Monitorização
+ Líder coordenando as manobras
_____________________________________________________________
__

*Exceto nos quadros de asfixia, quando a via aérea deverá ser

Massagem cárdica
A posição adequada do reanimador em relação ao paciente é fator ímpar para o
sucesso da técnica, e o mesmo deve estar levemente arqueado, direcionando seu
peso para os braços, evitando-se distribuir a força para os lados ou para as pernas. Os
braços devem estar a 90° de inclinação do tórax e todo o esforço deve estar
concentrado nos ombros e mãos. Para que isso ocorra, é necessário que a mesa
esteja ajustada a cada reanimador, por meio de suportes ou regulação de altura.
A bomba torácica é o mecanismo mais importante na RCP em cães com mais de
20 kg de peso vivo, e nesses casos a mão do massageador deve estar no ponto mais
alto da cúpula torácica, a fim de gerar a maior diferença de pressão entre compressão-
descompressão. Já para os animais de tórax profundo e fino (hounds, por exemplo), a
posição pode ser executada com o paciente em decúbito dorsal (figura 2), apesar de
ser mais difícil estabilizar o paciente. Já em gatos e em animais com menos de 20 kg
pode-se utilizar a bomba cardíaca com o paciente em decúbito lateral direito (figura 1),
146
apoiando-se uma das mãos mais próxima da região cardíaca (entre 4° e 5° espaço
intercostal, logo abaixo do cotovelo).

"
Realize as compressões torácicas de 80 a 200 movimentos por minuto (80 em
cães maiores, 100-120 compressões em animais médios e 120 a 200 compressões em
filhotes ou felinos).
O uso das compressões abdominais intercaladas com as compressões externas
na reanimação aumenta substancialmente o fluxo sanguíneo cerebral e cardíaco, mas
intercalar as massagens torácicas com as abdominais só será possível quando do uso
de uma frequência mais baixa.

Ventilação
Uma vez realizada intubalção orotraqueal ou outra manobra para conquistar via
aérea pelo médico veterinário, o auxiliar veterinário pode colobarar realizando os
movimentos respiratórios durante a RCP.
Deve-se cuidar para que a pessoa que realiza a ventilação não exceda a
frequência de movimentos respiratórios (ideal entre 12 e 20 mpm) ao tentar
acompanhar o reanimador nas massagens cardíacas e com isso mantenha altas
pressões intratorácicas, impendindo o enchimento cardíaco completo. De forma geral,
sempre que o responsável por ventilar se deixa levar pela ansiedade e calor da
situação, ele aumenta a frequência de movimentos, o que compromete muito a função
ventilatória e induz a hiperventilação. Por isso recomendamos que o resgatista
ventilador não fique de frente para o resgatista compressor.
147

Módulo 25 - Introdução a cirurgia e a instrumentação

Proposta: Apresentar aos alunos o que é a cirurgica veterinária, como é o mercado e


como funciona a rotina clínica cirúrgica dentro do ambiente hospitalar.

TEÓRICO
TEÓRICA

1) Instrumentais de cirurgia geral;

2) Passo a passo do momento cirúrgico

3) Montando uma mesa cirúrgica

Tipos de instrumentos

Cada tipo de instrumento cirúrgico é feito para um uso em particular e deve ser
empregado apenas para esse propósito. A utilização de instrumentos em procedimentos
para os quais eles não foram feitos pode danificar ou cega-los.

PRÁTICO
148

Mesa de instrumentais cirúrgicos

A mesa cirúrgica é dividida por momentos cirúrgicos, esses chamados de Diéres, hemostasia ,
síntese e auxiliares. Abaixo vamos falar sobre cada etapa e o que constitui cada uma delas.

Diérese

Diérese = separação dos tecidos por intervenção manual ou de instrumental. Pode ser cruenta
ou incruenta
• Incruenta = com laser, criobisturi, bisturi eletro-cirúrgico
• Cruenta
• Arranamento = indicado para feixes vásculo-nervosos ou pedículos. Cria
superfícies irregulares, causa fixação do coágulo
• Curetagem = raspagem
• Debridamento = para remover bridas
• Divulsão ou deslocamento = para separar e não para cortar. Pode ser realizada
com a tesoura entrando fechada e saindo aberta ou com os dedos
• Escarificação = raspagem superficial, utilizada para coletar material para
biópsia
• Esmagamento = com a utilização de emasculadres (burdizo)
• Incisão
149

• por pressão = técnica de estocada ou lâmina invertida


• por deslizamento
• vai e vem

Hemostasia

Hemostasia é um conjunto de manobras manuais ou instrumentais para deter ou prevenir uma


hemorragia ou impedir a circulação de sangue em determinado local em um período de tempo.
A remoção de sangue derramado durante a cirurgia pode ser realizada por aspiração ou pela
secagem com gaze, realizada manualmente ou com instrumental.

As hemorragias podem ser de origem arterial, venosa, capilar ou mista. Podem trazer ameaça
à vida do paciente ou a sua pronta recuperação; retardam a cicatrização; favorecem a
infecção e podem dificultar a visualização das estruturas durante a cirurgia.

Síntese

Redução do espaço morto


A redução do espaço morto é importante para evitar a formação de seroma, o que pode
causar contaminação e consequente deiscência de sutura. Também é importante para diminuir
a tensão sobre a sutura de pele, o que diminuirá o risco de necrose por perda de irrigação do
local. Ao diminuir a tensão da sutura de pele, permite também a utilização de fio de sutura
mais fino, o que contribui para uma cicatriz mais esteticamente aceitável.

INSTRUMENTAIS

Diérese:

Cabo de Bisturi

São os principais instrumentos de corte usados para cortar os tecidos. Os cabos de bisturi n: 3
e 4 com lâminas descartáveis , que são numeradas de 11 a 24, são os mais utilizados em
medicina veterinária.
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Figura: Cabo de Bisturi n:4. Figura: Lâminas de bisturi n: 22 e n: 11

Tesouras

As tesouras, são instrumentos de corte, podem ser curvas ou retas, fortes ou delicadas e em
diversos tamanhos. Podem apresentar lâmina simples ou serrilhada e pontas rombas ou
ponteagudas ou uma combinação das duas. Assim podemos ter tesouras Romba-Romba,
Romba-Ponta, Ponta-Ponta. Enquanto a tesoura reta é mais utilizada pelo auxiliar para o
corte de fios, as curvas são mais utilizadas pelo cirurgião.

Esses instrumentos de diérese separam os tecidos por esmagamento, entre as duas lâminas
que os compõem. Quanto mais crítico for o contato entre as duas bordas, menor será o
trauma. As tesouras podem ser usadas para diérese incruenta, ou seja, a divulsão dos tecidos,
quando introduzidas fechadas nos tecidos e em logo serão retiradas aberta.

Tesoura de METZENBAUM : são indicadas para a diérese mais delicada de tecidos, podem
ser utilizadas em cavidades, introduzindo-as a fundo. É indicada para adiérese de
tecidos orgânicos por ser considerada menos traumática, pois apresentar sua porção
cortante mais curta que a não-cortante.

Hemostasia

Hemostasia é um conjunto de manobras manuais ou instrumentais para deter ou prevenir uma


hemorragia ou impedir a circulação de sangue em determinado local em um período de tempo.

As hemorragias podem ser de origem arterial, venosa, capilar ou mista. Podem trazer ameaça
à vida do paciente ou a sua pronta recuperação; retardam a cicatrização; favorecem a
infecção e podem dificultar a visualização das estruturas durante a cirurgia.
151
Os instrumentais utilizados são as pinças hemostáticas de vários modelos e tamanhos.
Apresentam formato semelhante ao da tesoura, diferindo-se delas pela presença da
cremalheira entre as duas argolas, que permite o fechamento do instrumental de forma auto-
estática com diferentes níveis de pressão de fechamento.

As pinças Kelly e Crile apresentam ranhuras transversais na face interna de suas pontas, que
podem ser retas ou curvas. As pinças retas, ou pinças de reparo, são utilizadas para
pinçamento de material cirúrgico como fios e drenos. As pinças curvas são utilizadas para
pinçamento de vasos e tecidos delicados.

As pinças de Crile apresentam ranhuras em todas face interna, enquanto as Kelly apresentam
ranhuras apenas até a metade de sua face interna. Por esse motivo, a escolha do tipo de
pinça determina a segurança da hemostasia a ser realizada.

Figura: Pinça Crile. Figura: Pinça Kelly

Síntese

Figura: Porta agulha. Figura: Pinça dete de rato


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Síntese é o conjunto de manobras manuais e instrumentais destinadas a restituir a


continuidade anatômica e funcional dos tecidos que foram separados na cirurgia ou por
traumatismo. Na síntese vamos ter o Porta agulha, tesouras de mayo e pinças dente de rato.

Figura: Tesoura de Mayo

Auxiliares

As pinças de campo têm por finalidade fixar os campo, fenestrados ou não, à derme do
paciente, impedindo que a sua posição seja alterada durante o ato cirúrgico. Sua extremidade
é aguda, curva para a preensão do campo e da pele do paciente. As mais comuns são as
pinças de Backhaus.

No grupo dos afastadores encontram-se variados tipos de afastadores, tais como “Gosset”,
“Finochietto”, “Farabeuf”, e outros..

Os afastadores estáticos são aqueles que utilizamos para a visibilidade no campo cirúrgico.O
afastador de “Gosset” é utilizado a fim de manter exposta a cavidade abdominal, e o
“Finochietto”, para a cavidade torácica.

Quando queremos facilitar o ato cirúrgico, o auxiliar deve lançar mão dos afastadores
dinâmicos tais como o “Farabeauf”, utilizado para a parede abdominal.
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Figura: Pinça de Allys Figura: Pinça Backaus

Afastador Dinâmico

Figura: Afastador de Farabeauf


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Afastador Alto-estático

Figura: Afastador de Finochieto


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Módulo 26 - Assepsia, Limpeza cirúrgica e preparo de material

Proposta:

Abordar os cuidados de limpeza do material e do ambiente cirúrgico, preparo e


conhecimento do material, arrumação da mesa de cirurgia, postura do auxiliar
veterinário durante o procedimento.

TEÓRICO
TEÓRICA
1) Ambiente cirúrgico;

2) Limpeza cirúrgica (assepsia, antissepsia, desinfecção, esterilização);

3) Instrumentais de cirurgia geral;

4) Paramentação cirúrgica;

5) Manejo do paciente no pré e pós operatório.

PRÁTICO
PRÁTICA

1) Paramentação, preparo de material;

2) arrumação da mesa cirúrgica.

Assepsia Cirúrgica

A cirurgia evoluiu eficientemente no combate à infecção no procedimento


cirúrgico, em todos os momentos de uma cirurgia – no pré-operatório, na cirurgia
propriamente dita e no pós-operatório. A ampla utilização da técnica asséptica na
cirurgia atual trás eficiência no controle e prevenção da entrada de microrganismos na
ferida cirúrgica.

Numa cirurgia ocorre uma lesão do tecido do animal, dessa forma, há livre
acesso de microorganismos do meio (do próprio meio ou do meio externo) aos tecidos
do paciente. Assim sendo, é desejo da equipe cirúrgica que o mínimo possível de carga
microbiana tenha contato com as superfícies expostas durante a cirurgia, para que haja
um pós-operatório com poucas ou nenhumas complicações, diminua-se o risco de
infecção da ferida cirúrgica e para que o processo de cicatrização não seja prejudicado
com a contaminação local. É impossível eliminar todos os microrganismos de um
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ferimento cirúrgico e de um campo estéril, entretanto, uma técnica asséptica limita a
exposição do paciente a uma quantidade não prejudicial de microrganismos. Assim, a
quantidade de microrganismos que entram na ferida cirúrgica feita com procedimentos
rigorosos de assepsia e antissepsia é mínima e o organismo do paciente é capaz de
eliminá-los por meio da ação de seu sistema imune.

As bactérias que contaminam ferimentos cirúrgicos em geral se originam da flora


endógena do paciente, dos funcionários, da sala de cirurgia e do ambiente. Assim, os
microrganismos podem entrar no ferimento cirúrgico através do ar (como partículas em
aspersão), de instrumentos cirúrgicos (por exemplo, o uso de instrumentos não
esterilizados ou mal esterilizados), pela equipe cirúrgica (o uso de luvas não estéreis,
por exemplo), pelo paciente (como no contato de pelos com a ferida cirúrgica). Portanto,
medidas de técnicas assépticas devem ser adotadas para que se diminua o máximo
possível à contaminação da cirurgia e assim, o risco de infecção e doença.

Uma técnica asséptica define-se como o conjunto de medidas que utilizamos


para impedir a penetração de microorganismos num
ambiente que logicamente não os tem, logo um
ambiente asséptico é aquele que está livre de
infecção. Dessa maneira, algumas medidas
abordadas são: preparação apropriada do
equipamento cirúrgico; preparação apropriada das
instalações e do ambiente; preparação apropriada do
local cirúrgico e preparação da equipe cirúrgica.

PREPARAÇÃO APROPRIADA DO EQUIPAMENTO CIRÚRGICO

Antes do procedimento cirúrgico é preciso que o material a ser utilizado seja


limpo de contaminação grosseira (instrumentos e tecidos – aventais, campos estéreis,
toalhas) manualmente ou com equipamentos como desinfetantes adequados logo após
a cirurgia, e os tecidos devem ser lavados e passados. Todo material que for
esterilizado, independente do método, deve ser preparado e embalado de forma
específica.
157

ESTERILIZAÇÃO POR AUTOCLAVE

A autoclave é um método físico de esterilização que age por meio do vapor sob
forte pressão.

O material a ser esterilizado deve ser embalado de acordo com regras, é preciso
que a embalagem seja permeável ao gás/vapor, impermeável a micróbios, durável e
flexível. A distribuição dos materiais a serem esterilizados dentro da autoclave deve ser
cuidadosa para que se mantenham espaços entre eles para facilitar o escoamento do
gás/vapor, a fim de evitar a formação de ¨bolsões¨ de ar seco, insuficiente para
esterilizar nas temperaturas atingidas habitualmente pelo autoclave. A ação da autoclave
se baseia na associação entre temperatura, pressão, umidade e tempo de exposição, de
modo que vapor saturado a 750 mmHg e temperatura de 121ºC são suficientes para
destruir os esporos mais resistentes, em apenas 30 minutos (MORIYA:2008).

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ASSEPSIA DA MESA DE INSTRUMENTAL CIRÚRGICO

A assepsia da mesa de instrumental cirúrgico pode ser feita com algodão e


solução de álcool iodado de maneira pré-determinada, seguindo único sentido sem
retornar no local já asséptico e por fim é passado nas extremidades da mesa.

Para que o material a ser utilizado na cirurgia mantenha a sua esterilização é preciso
que este seja armazenado corretamente (por exemplo, sem o contato com poeira) e embalado
adequadamente (embalagem permeável ao vapor, por exemplo). É necessário que o material
seja embalado de forma que possam ser facilmente desembalados sem que haja
contaminação do material. Ainda, recomenda-se que os aventais sejam embalados de forma
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que suas “cordas” fiquem voltadas para a face que se abrirá primeiro do pacote e desse modo,
facilitar a permanência da técnica estéril. Também é importante que seja observado se alguma
embalagem foi danificada por algum motivo, caso tenha sido é necessário que esse material
seja esterilizado novamente devido perda da segurança de esterilidade e, logo, risco de
contaminação.

ORGANIZAÇÃO DO INSTRUMENTAL CIRÚRGICO

Após a assepsia da mesa de instrumental cirúrgico, são separados os instrumentos


cirúrgicos. O auxiliar de sala entrega ao instrumentador o material para a cirurgia esterilizado
envolto de um recipiente também estéril (neste caso um pano de campo estéril) e lacrado com
papel, fita destinada a esses fins (identificadora de esterilização com vapor) e identificado. É
importante que o auxiliar de sala não toque no instrumental e pano estéril, pois este não
realizou métodos de antissepsia nãos mãos e antebraços. A seguir, o instrumentador coloca o
material para a cirurgia envolto de um recipiente também estéril sobre a mesa já devidamente
preparada. É importante que o instrumentador tenha o cuidado de não tocar na mesa
diretamente com suas mãos e antebraços, pois a mesa instrumental não está estéril. Então ele
abre o pano de campo estéril e, novamente com o cuidado de não tocar na mesa, colocando
as mãos apenas na face em contato com o instrumental e observa-se a fita de esterilização
marcada com tiras na transversal, assegurando sua esterilização. Por fim, o instrumentador
organiza a mesa de acordo com os tempos cirúrgicos: diérese, hemostasia e síntese. E na
região superior da mesa coloca os instrumentos de apoio e os especiais.

A diérese é a divisão dos tecidos que possibilita o acesso à determinada região ou


vísceras, dessa forma é neste tempo cirúrgico em que se realiza o corte e/ou dissecção dos
tecidos e vísceras. O tempo cirúrgico hemostasia se refere ao uso de instrumentos dedicados
a parar hemorragias, dessa maneira, destinam-se à oclusão de vasos sanguíneos. A síntese
corresponde ao tempo cirúrgico final destinado à aproximação das bordas da ferida cirúrgica
para orientar a cicatrização, facilitá-la, minimizar infecções pós-operatórias, evitar herniações,
entre outras funções.
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PREPARAÇÃO APROPRIADA DAS INSTALAÇÕES E DO AMBIENTE

A sala de cirurgia deve ser isolada do fluxo de tráfego geral de pessoas e animais. O
local cirúrgico deve ser separado entre áreas: limpa (por exemplo, a sala cirúrgica), mista
(como os corredores entre as salas cirúrgicas e as áreas de enfermeiros) e contaminada (por
exemplo, os consultórios). A movimentação entre essas áreas deve ser feita seguindo
regulamentos estabelecidos por cada hospital.

Um ambiente ideal cirúrgico deve conter:

• Vestiários;
• Sala de preparação anestésica e cirúrgica;
• Sala de suprimentos anestésicos;
• Área de trabalho de enfermeiros;
• Sala de instrumentos esterilizados;
• Sala de equipamentos;
• Sala de suprimento de manutenção;
• Áreas de pias de escarificação;
• Área de paramentação;
• Sala de cirurgia.
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PREPARAÇÃO APROPRIADA DO LOCAL CIRÚRGICO

A fim de evitar infecções hospitalares nos pacientes é preciso que cuidados de


equipamentos e de manutenção sejam feitos. Para amenizar o máximo possível a presença de
microrganismos no ambiente cirúrgico é necessária que se faça limpeza/desinfecção
rotineiras. Dentre as ações necessárias para manter a assepsia do ambiente cirúrgico estão:

• Rotinas diárias de limpeza; o Após cada procedimento cirúrgico; o Após o último


procedimento cirúrgico do dia.
• Pias/salas de escarificação devem ser limpas durante o dia conforme necessário; o
Entre seções de escarificação; o Após o último procedimento cirúrgico do dia.
• Limpeza e desinfecção diária das salas de preparação anestésica e cirúrgica; o Entre
preparações dos pacientes; o Após o último procedimento cirúrgico do dia.
• Limpeza adequada diariamente da sala de recuperação;
• Rotinas semanais e mensais de limpeza.

PREPARAÇÃO DA EQUIPE CIRÚRGICA

A preparação adequada da equipe cirúrgica e da equipe de uma forma geral é importante para
diminuir o rico de contaminação do paciente, desse modo, não há esterilização, há uma
amenização da carga de microrganismos com consequente amenização do risco de infecção
no pós-operatório. Uma preparação apropriada requer: vestuário cirúrgico adequado,
escarificação cirúrgica, técnica para vestimenta do avental estéril e técnica para calçar as
luvas estéreis.

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VESTUÁRIO CIRÚRGICO ADEQUADO

No centro cirúrgico, o vestuário adequeado é o pijama cirúrgico e sapatos fechados e


limpos.

ESCARIFICAÇÃO CIRÚRGICA

A escarificação cirúrgica é a limpeza das mãos e antebraços de acordo com técnica de


assepsia, com a finalidade de, caso haja durante a cirurgia um rompimento da luva estéril, o
mínimo possível de microrganismos entrem em contato com a ferida cirúrgica. A escarificação
ocorre pela remoção ou destruição dos microorganismos da microbiota transitória e pela
redução ou inativação da flora residente. Todos os membros da equipe cirúrgica que entraram
em contato direto com instrumentação estéril deverão realizar a escarificação.

Antes da escarificação é preciso que se removam todas as jóias e relógios,


recomenda-se que as unhas sejam aparadas e estejam sem esmalte, não podendo utilizar
unhas postiças, devem ser evitadas escovas duras e reaproveitáveis e deve-se colocar gorro e
máscara antes de se iniciar a técnica.

O material básico para a escarificação é:


• Água em pias com acionamento de pé, cotovelo ou joelho;
• Dispensador de sabão líquido e antisséptico;
• Escovas individuais e estéreis;
• Compressas estéreis;
• Soluções alcoólicas.

O procedimento de escarificação consiste em:


• Abra a torneira, sem utilizar as mãos, molhando as mãos, antebraços e cotovelo;
• Coloque a solução detergente antisséptica e espalhe-a nas mãos e antebraços;
• Pegue uma escova esterilizada e escove as unhas e espaços interdigitais;
• Após a escovação das unhas e espaços interdigitais, friccionar os antebraços
vigorosamente;
• Enxágue os dedos, depois as mãos, deixando que a água caia por último nos
antebraços que devem estar afastados do tronco, de forma que a água escorra
para os cotovelos;
• Seque as mãos com compressas estéreis, que devem vir dobradas em quatro
partes, enxugando-se primeiro uma das mãos e, com o outro lado enxuga-se a
outra. Colocam-se estes lados um de encontro ao outro, de forma a se obter outros
dois lados estéreis. Enxuga-se um antebraço. Vira-se a compressa na sua face
interna e enxuga-se o outro antebraço, desprezando as compressas;
• Aplique a solução alcoólica do antisséptico utilizado, deixando-a secar antes de
calçar as luvas;
• Vista o avental e calce as luvas cirúrgicas com técnica asséptica.
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RECOMENDAÇÕES GERAIS PARA PREVENÇÃO DE INFECÇÃO NO CENTRO
CIRÚRGICO

• Os uniformes devem ser privativos;


• Adornos e adereços não são recomendáveis;
• Aventais e campos cirúrgicos devem ser
resistentes à penetração de líquidos;
• Artigos pérfuros-cortantes devem ser
desprezados em local adequado;
• Deve haver limpeza entre uma cirurgia e outra;
• Fluidos devem ser despejados no expurgo;
• Artigos de uso único devem ser desprezados,
ou estabelecer critérios institucionais de
reprocessamento;
• Artigos esterilizados devem ser avaliados
quanto à data de validade e integridade da
embalagem;
• Circuitos de anestesia devem ser trocados a
cada paciente;
• Deve-se verificar a interferência de fatores que
intervêm na realização do ato anestésico-cirúrgico: Tipo da cirurgia, tipo e duração da
anestesia, hospitalização pré-operatória, paramentação cirúrgica, procedimentos
invasivos;
• Deve-se manter número reduzido de pessoas na sala de cirurgia;
• É imprescindível o uso de máscara dentro da sala de cirurgia;
• Deve haver a escovação e paramentação adequada da equipe cirúrgica;
• Deve haver preparo adequado no pré-operatório

Pré, trans e pós – operatório

Os cuidados pré operatórios a serem tomados com o paciente são muitos. Variam
desde a conversa com o cliente sobre os custos e riscos do procedimento até o preparo do
paciente em si. É importante que o Veterinário deixe claro como será a cirurgia, quais os
benefícios irá trazer ao animal e qual o prognóstico. É importante que haja um termo de
autorização para o procedimento.

É função do auxiliar veterinário preparar o paciente, verificando se seu estado geral


está bom e realizando a tricotomia e limpeza da região que será abordada cirurgicamente. É
necessário questionar o cirurgião com relação ao local da incisão e tamanho da área a ser
tricotomizada. Em seguida, com o animal já anestesiado e posicionado na mesa de cirurgia, é
feita a antissepsia da superfície corpórea. Esse processo se dá da seguinte forma: Uso de
uma substância degermante, com ação de sabão, seja ela povedine ou clorexidine. A área é
esfregada de forma a promover a formação de espuma. Em seguida, é realizado o enxágue
com solução fisiológica. Por último, uma substância alcóolica é utilizada. (nessa última etapa,
pode-se usar também povedine tópico)
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Os cuidados trans operatórios resumem-se, basicamente, em manter a sala
organizada, livre da movimentação desnecessária de pessoas e sem a manipulação do
material estéril por pessoas desparamentadas, evitando a infecção.

Nos cuidados pós operatórios, compreendem-se aqueles inerentes ao retorno da


consciência do paciente. É de suma importância a monitoração e observação, uma vez que o
paciente está com reflexos diminuídos e temperatura corpórea baixa. Com relação à sala de
cirurgia, o material usado deve ser recolhido, lavado, os pérfuros cortantes devem ter seu
destino apropriado e o lixo hospitalar separado do lixo comum. O centro deve ser limpo e
posteriormente fechado, para evitar contaminação.

EXERCÍCIOS
EXERCÍCIO

1) Fazer uma lista com o nome dos instrumentais abordados em aula.

2) Desenhar a arrumação da mesa.

3) Treinar o passo a passo da escovação.


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