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LINGUAGENS
A
o sair de um elevador, uma missão é dada: passar por um estreito
corredor, em um andar elevado, e pegar uma bexiga. A tarefa se
transforma em desafio quando parte dessa estrutura cai e um novo
trajeto é proposto para a conclusão da tarefa.
[…]
É o caso da obra “You Are the Ocean”, do duo americano Özge Samanci e
Gabriel Caniglia, que permite que o público manipule o oceano usando
apenas ondas cerebrais. Se você está focado, pode criar uma tempestade. Se
não, o mar permanece calmo.
[…]
[…]
MENON, Isabella. Em festival de arte eletrônica, visitante pode controlar oceano e
esticar corpos nus. Folha de S.Paulo. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/
ilustrada/2018/07/em-festival-de-arte-eletronica-visitante-pode-controlar-oceano-e-
esticar-corpos-nus.shtml>. Acesso em: 30 abr. 2019.
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Explorando as fronteiras da arte,
ciência e tecnologia
Luana Cruz
A
rte, ciência e tecnologia. Três campos que envolvem grande
complexidade nas formas de procurar saber e produzir saber. Na
Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG) há um grupo de
pesquisadores dedicados a pensar as fronteiras das descobertas que
envolvem essas áreas.
O Laboratório de Poéticas Fronteiriças (Lafront), coordenado pelo professor
Pablo Gobira, consolida estudos nas fronteiras dos saberes, linguagens
artísticas, conhecimento científico e tecnológico. […]
[…]
“O campo artístico é tão complexo que pode ser equivalente à Física Nuclear
ou à Biologia Nuclear. A gente não pode tratar mais o campo da arte como se
pensou que poderia. […]”
[…]
Futuro breve
O professor vislumbra um futuro breve em que as pessoas talvez enxerguem
as fronteiras entre arte, ciência e tecnologia de forma mais prática. “Existe
multidisciplinaridade em áreas como Engenharia Robótica, Biologia
Sintética, entre outras. Geralmente, aceita-se melhor transcender as tabelas
de áreas em que há mais interesse do mercado, o que não é muito o caso da
arte”, explica.
No entanto, Pablo Gobira enxerga grande potencial de a arte contribuir com
o mercado. “Há possibilidade de contribuição na criação de produtos para
ajudar a indústria a torná-los mais consumidos ou funcionais”. […]
[…]
CRUZ, Luana. Explorando as fronteiras da arte, ciência e tecnologia. Minas Faz Ciência.
Disponível em: <http://minasfazciencia.com.br/2019/02/25/explorando-as-fronteiras-da-
arte-ciencia-e-tecnologia>. Acesso em: 30 abr. 2019.
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CONHEÇA A
OPINIÃO DE
QUEM ESTUDA
O ASSUNTO.
Arte e Tecnologia
André Anastácio Obra denominada
Outrospectre, dos artistas
holandeses Frank Kolkman
Criar inovando, inovar criando e Juuke Schoorl, em que
os visitantes, com a ajuda
A
de óculos, experimentam
intersecção entre arte, ciência e tecnologia, uma sensação de sair do
oferecendo sentido, possibilidades, razão e próprio corpo.
emoção para a existência humana, pode ser
considerada anterior ao surgimento das tecnologias analógicas e digitais.
Para iniciar nossa reflexão, podemos voltar no tempo e imaginar como
poderia ser o ateliê de Leonardo da Vinci no século XV: um espaço de criação
que reuniu pinturas, estudos de anatomia, desenhos técnicos de máquinas
voadoras, cálculos matemáticos, partituras, poesias e diversas outras
formas de pesquisa e expressão humana. Olhar para todos esses elementos
convivendo e se complementando em um mesmo espaço de criação e
inovação é a imagem de que precisamos para compreender a prática da Arte
e da tecnologia na contemporaneidade.
Voltando ao nosso tempo, com o crescente fenômeno das novas
tecnologias de comunicação e informação, é cada vez mais evidente que
determinado conhecimento não existe isolado, mas é fruto de uma série
de fragmentos de diversas áreas do saber. Essa transversalidade é um
ingrediente importante para o artista da cultura tecnológica conseguir
se expressar e criar em um contexto de complexidade de dados e rede de
informações. A Multimídia criada nesse campo da arte pode reunir design,
arquitetura, matemática, física, botânica, música, engenharia, entre outros,
em uma mesma obra, que pode criar reflexões sociais e propor outros
“mundos possíveis”.
Além do oceano de informações em que navegamos atualmente, também
temos o surgimento constante de equipamentos e dispositivos eletrônicos,
que passaram a ser incorporados pela arte como suporte e ferramenta para
trabalhar determinado tipo de conteúdo e sua relação com o espectador.
Nesse sentido, vale destacar que, por vezes, esse processo de criação
também abrange a prototipagem e o desenvolvimento de hardwares e
softwares específicos, conjugando a originalidade da obra de arte com
inovação tecnológica.
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Alquimias computacionais de um Ateliê Laboratório
Um fator significativo que impulsionou a produção artística na cultura
digital foi o surgimento de laboratórios de arte e tecnologia, laboratórios
maker e mídia labs, lugares onde se cultivam práticas como a de do it
yourself, engenharia reversa, eletrônica artesanal, creative coding, entre
outras. Esses espaços abrigam diversas áreas do conhecimento para
experimentação, desenvolvimento e prototipagem de obras chamadas
“transmídia”, pois conseguem agrupar diversas mídias e conteúdo variado
em uma mesma experiência.
Podemos citar como exemplo o Laboratório Nano (Núcleo de Arte e Novos
Organismos), que, sob coordenação dos artistas e pesquisadores Guto
Nóbrega e Malu Fragoso, abriga biólogos, músicos, arquitetos, designers
e programadores, imbuídos no desenvolvimento de experimentações
artísticas que envolvem um hibridismo entre arte, tecnologia e natureza.
No Laboratório Nano são utilizados sensores em plantas, colmeia de
abelhas, amostras de água, entre outros, com o objetivo de criar respostas
visuais, sonoras e mecânicas para o público perceber sua relação sensível
com a natureza valendo-se de elementos interativos. Guto Nóbrega
percebe a produção desse tipo de arte como “um nó em uma rede
complexa de caráter afetivo”.
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O público tem se interessado cada vez mais em participar ativamente da
obra e da produção de sentido da obra e de experiências que estimulem
os sentidos e o senso crítico por meio de respostas sonoras, visuais e
mecânicas. Festivais nacionais e internacionais, como File e ARS
Eletrônica, e instituições, como Museu do Amanhã e MAAT,
têm estimulado a formação
de público e a produção de
trabalhos nessa vertente
artística. Na exposição
desses festivais e
museus, é possível
encontrar trabalhos
que fazem uso de novas
tecnologias disponibilizadas
pela indústria, mas também
obras que desenvolvem sua própria
tecnologia. A gama de expressões
artísticas que se valem da tecnologia
é vasta, mas podemos citar algumas: Arte
Sonora, Arte Generativa, Realidade Virtual e
Aumentada, Video Mapping, Visualização de dados,
Biohacking, Arte Cinética, entre várias outras.
Para além de criar formas de exibir um conteúdo
que expande nossa relação com a realidade, a arte
também é responsável por produzir reflexões sobre
o uso e os efeitos da tecnologia na sociedade e por
ampliar as possibilidades de uso de uma tecnologia
A realidade virtual é capaz para além da predeterminada em fábrica. Afinal,
nos fazer experimentar ainda estamos descobrindo e avaliando os impactos
sensações como se a
reais do desenvolvimento acelerado de novas tecnologias e seu uso
estivéssemos vivendo
naquele momento. indiscriminado na sociedade. O artista experimenta os limites da
tecnologia, montando, desmontando, remontando e hackeando, não só
para explorar as possibilidades de criação com inovação, mas também
para encontrar nesses limites dilemas éticos, distopias e utopias para o
uso das tecnologias. Podemos vislumbrar um futuro mais equilibrado
com a ajuda das tecnologias, e a arte se lança nesse caminho de
incertezas para nos ajudar a refletir o futuro no presente.
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1. Identifique três “gambiarras” presentes no seu cotidiano, explique sua
função e liste os materiais utilizados no desenvolvimento dessa tecnologia.
2. Assista ao vídeo Ivan Henriques – Pinic Brasil (disponível em: <http://ftd.li/
yegwc8>) e inspirado nas obras do artista, pense e descreva uma maneira de
HORA DE
ARTICULAR usar uma tecnologia para “desenhar o futuro”.
SUAS IDEIAS
3. Pense em algo que você tenha interesse em construir ou desenvolver (por
exemplo, um microscópio caseiro) e busque na internet uma forma
do it yourself (DIY) de materializar sua ideia.
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O PERCURSO PERCORRIDO Pós-Modernismo
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JUNHO | 2019 EDIÇÃO No 5
LINGUAGENS
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