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264 Elementos de análise de sistemas de potência

CAPÍTULO
9.8 Em um sistema consistindo em duas usinas geradoras, os custos incrementais em dólares
por megawatt-hora, com Pi e P2 em megawatts, são 10
dF dF,
- ·' = O,ti08/' 1 + H,O = 0,0121', + 9,0
dl', dl',

O sistema opera nas condições de despacho econômico com Pi =P 2 = 500 MW e aPL/aP2 =0,2.
Determine o fator penalidade da usina 1.

9.9 Um sistema de potência opera nas condições de despacho econômico de carga com um
À para o sistema de $12.5 por megawatt-hora. Se for aumentada a saída da usina 2 de IOO kW FALTAS TRIFÁSICAS
(enquanto as outras saídas são mantidas constantes) resulta no aumento de perdas l2 1 de II IR SIMl:TRICAS
12 kW no sistema. Qual é o custo adicional aproximado por hora se a saída desta usina é acrescida
de 1 MW?

9.IO Um sistema de potência é suprido por somente duas usinas, ambas operando sobre condi-
ções de despacho econômico. No barramento da usina 1 o custo incremental é $11 por megawatt·
hora e na usina 2 é $!0 por megawatt·hora. Qual das usinas tem o mais alto fator de penalidade?
Qual é o fator de penalidade da usina 1 se o custo por hora pelo aumento da carga do sistema de
1 MW é $12.5? Quando ocorre uma falta num sistema de potência, a corrente que circula é determinada pelas
forças eletromotrizes internas das máquinas no sistema, por suas impedâncias e pelas impedâncias
9.11 Calcule os valores listados abaixo, para o sistema do Exemplo 9.5 com Ã= $13.5 por existentes no sistema entre as máquinas e a falta. A corrente que circula numa máquina síncrona
megawatt-hora para o sistema. Assuma o custo de combustível nas condições de não-existência imediatamente após a ocorrência de uma falta, o valor que circula após uns poucos ciclos e o valor
de carga de $200 e $400 por hora para as usinas 1 e 2, respectivamente. sustentado ou em estado permanente da corrente de falta diferem consideravelmente por causa
do efeito da corente de armadura sobre o fluxo que gera a tensão na máquina. A corrente varia
(a) P,, P2 e a potência entregue à carga para despacho econômico com coordenação de perdas, relativamente de modo lento desde seu .valor inicial até seu valor em estado permanente. Este
de transmissão. ·
capítulo estuda o cálculo da corrente de falta em diferentes períodos e explica as mudanças na
(b) Pi e P2 para o valor da potência entregue para a carga na parte (a) mas com perdas de trans- reatância e na tensão interna da máquina síncrona à medida que a corrente varia desde seu valor
missão não coordenadas. Perdas de transmissão devem ser incluídas, entretanto, na determi- inicial no momento da ocorrência da falta até seu valor final em estado permanente. A descrição
nação da potência total de entrada do sistema. de um programa computacional para calcular as correntes de falta fica adiada para mais tarde
(e) Custo total de combustível em dólares por hora para as partes (a) e (b). quando já tenhamos estudado as faltas assimétricas, pois esses programas não ficam restritos a
faltas trifásicas t.

IOJ TRANSITÓRIOS EM CIRCUITOS-SÉRIE RL

A seleção de um disjuntor para um sistema de potência depende não apenas da corrente que
o disjuntor deverá suportar sob condições normais de operação mas também da corrente máxima
que ele transportará momentaneamente e da corrente que ele poderá interromper sob a tensão da
linha na qual ele se encontra.

Para um livro inteiramente dedicado ao estudo de faltas, veja "P. M. Andersen, Analysis of Fa11/ted
Power Systems, Iowa Sta te Uniwrsity Press, Iowa, 1973.
266 Elemento s de análise de sistemas de potência
Faltas trifásicas simétricas 267

Com o objetivo de resolver o problem a do cálculo da corrente


inicial quando o gerador
.síncrono é curtocir cuitado , consideremos o que acontec e
quando uma tensão CA é aplicada a um
circuito contend o valores constan tes de resistência e
indutân cia. Seja a tensão aplicada
Vmax· sen (wt +a), onde t é zero no instante da aplicação
da tensão. Enuro a determi na o
módulo da tensa-o quando o circuito é fechado . Se a tensa-o
instantâ nea for zero e aument ar no
sentido positivo quando for aplicada pelo fechame nto da
chave, a será zero. Se a tensão estiver
em seu valor instantâ neo máximo positivo, a será 11/2. A
equação diferencial é
Figura 10.2 A corrente como função do tempo num circuito 1
Rl para Cl'.-0 = 71/2, onde O= tg- (Wl/R).
A tensão é Vmax· sen ( wt +OI) aplicada no instante t =
O.
di
Vmax sen (wt +a)= Ri+ L dt (10.1)
Nas Seções 6.2 e 6.3, estudam os os princ1p1os de funcion
amento do gerador síncron o,
consistindo em um campo magnético girante que gera uma
A solução desta equaçlfo é tensão no enrola~ento da armadur a
que tem resislência e reatância. A corrente que circula, quando
um gerador e c_urtocucm~ado'.é
análoga à que circula quando uma tensão alternad a é aplicada
s.ubitamente a assocrnçao-séne
i=
1
;7 [sen(wt +a - O)-
V.
r.-R•!L sen (a - O)] (10.2)
de uma resistência e uma reatância. Entreta nto, existem diferenç
na armadur a afeta o campo girante.
as importa ntes porque a corrente

Uma boa maneira de analisar 0 efeito de um curto-ci rcuito


trifásico nos terminais de um
alternad or sem carga consiste em tomar um oscilograma
onde jz j é .jR 2 + (wL) 2 e O é tg- 1 (wL/R) . da corrente e~ u.ma das_ fases quando
esse curto-c1·rcm't o o co r re · Estando as tensões geradas nas fases de uma rnaqum a tnfas1ca defasadas
~"º'''ºalmente
O primeiro termo da Equação (10.2) varia sinusoid '""' !:, com o tempo. O segundo termo em .
120° elétricos entre si. 0 curto-ci rcuito ocorre ern diferent es pontos da onda em cada ase.
f
é não-periódico e decai exponen cialmen te com- uma const~nt
e de tempo L/R. Este termo
nlfo-periódico é chamad o compon ente CC da corrente . Reconhe
cemos o termo senoidal como
o valor em estado perman ente da corrente num circuito
RL para a tenslfo aplicada. Se o valor
do termo em estado perman ente nlfo é zero quando t =O,
o compon ente CC aparece na solução ,
de modo a satisfazer a condiçã o física de se ter corrente nula
no instante do circuito ser fechado .
Notar que o termo CC nlfo existe se o circuito é fechado
num ponto da onda da tenslfo, tal que b
a-O =O ou a-O = 11. A Figura 10.l mostra a variaçlfo da
corrente com o tempo de acordo com
a Equaçlo (10.2) quando a-O= O. Se o circuito é fechado
no ponto da onda da tensão que
a-O = ±11/2, o compon ente CC tem seu máximo valor

--liMf---
inicial, sendo igual ao valor máximo da
compon ente senoidal. A Figura 10.2 mostra a corrente em
função do tempo para a-O= -11/2. a
O compon ente CC pode ter qualque r valor de zero a Vmax/
tâneo da tensão quando o circuito é fechado e também
1Z1,
depende ndo do valor instan-
o
HH-- --~-~
do fator de potênci a do circuito . No
instante da aplicaçlfo da tensão, os compon entes CC e de estado
perman ente têm sempre a mesma
amplitu de mas são opostos em sinal de modo a expressa - ------ ------ ------ ---
r o valor nulo, da corrente então
existent e.

___,..
Tempo

Fipn IO.l A corrente como função do tempo para um gerador síncrono


A oorrente tem como função do tempo num circuito Rl para Figura 10.3 curtocirc uitado, funcionando
OI-O= O onde O= tg-1 (Wl/R).
A tenslo é Vmax· sen ( Wt +OI) aplicada no instante t = O. em vazio. A compone nte transl.to'r·1a unidirecional da corrente foi eliminada ao redesenhar o
oscilo grama.
268 Elementos de análise de sistemas de potência
Faltas trifásicas simétricas 269

Por essa razão, a componente unidirecional, ou transitória CC, da corrente é diferente em


O valor eficaz da corrente representada por esta interseção, ou seja, 0,707 multiplicado por ob
cada fase. Se a componente CC da corrente for eliminada da corrente de cada fase, a curva das
correntes de fase em função do tempo será aquela mostrada na Figura 10.3. Comparando as
em amperes, é conhecido por corrente transitória /!' I·
Agora, pode ser defmida uma nova
reatância da máquina . .ú chamada reatância transitória, ou, neste caso particular, reatância
Figuras 10.I e 10.3, vemos a diferença entre a aplicação de uma tensão a um circuito RL comum
e a aplicação de um curto-circuito a uma máquina síncrona. Não há componente CC em nenhuma
transitória do eixo direto e é igual a Xd IEgl/ !J'
1 para o alternador operando em vazio antes
da ocorrência da falta. Se o decréscimo rápido de alguns dos primeiros ciclos for desprezado, o
dessas figuras. Numa máquina síncrona o fluxo no entreferro é muito maior no instante em que ponto de interseção que a envoltória da corrente faz com o eixo zero pode ser determinado com
ocorre o curto-circuito de que alguns ciclos após. A redução do !luxo é causada pela força magne- maior precisão representando-se em papel semilogarítmico o excesso da envoltória da corrente
tomotriz da corrente na armadura. Nosso estudo na Seção 6.2 consistiu sobre o efeito da corrente sobre o valor permanente representado por aa, como é mostrado na Figura 10.4. A porção linear
da armadura, que é chamado reaçãu da annaJura. O circuito equivalente, desenvolvido na
desta curva é prolongada até encontrar o eixo de tempo zero, e a interseção é somada ao valor
Seção 6.3, leva em conta a redução do fluxo devido à reação da armadura e se refere à sil uação
máximo instantâneo da corrente permanente para obter o valor máximo instantâneo da corrente
em estado permanente, após o transitório CC ter de;aparecido e após a amplitude da onda mos- transitória que corresponde a ob na Figura 10 .3
trada na Figura 10.3 ter-se tornado constante. Quando ocorre um curto-circuito nos terminais da
máquina síncrona, é necessário transcorrer um tempo para reduzir o fluxo no entreferro. À
medida que o fluxo diminui, a corrente da armadura diminui porque a tensão gerada pelo fluxo
do entreferro determina a corrente que fluirá através da resistência e da reatància de dispersão
du enrolamento da armadura.
T--,r-r
1
1
i
'
.
1
Envoltória da corrente
,,.,,.,.,.,. menos o valor em

10.2 CORRENTES DE CURTO-CIRCUITO E REATÂNCIAS regime permanente

DAS MÁQUINAS SINCRONASi' 1


1

Podemos definir, com o auxílio da Figura 10.3, certos termos que são valiosos p<tra o calculo
da corrente de curto-circuito num sistema de potência. As rcatâncias que vamos estudar são as
do eixo direro que mencionamos na Seção 6.3. Lembramos que a reatância de eixo direto é
usada para calcular as quedas de tensão causadas por aquela componente da corrente de armadura
que está em quadratura (defasada 90º) com a tensão gerada em vazio. Como é pequena a resis-.
tência em um circuito com falta comparada com a reatância indutiva, a corrente durante uma
falta está sempre atrasada com um grande ângulo, e torna-se necessário o uso da chamada reatância
do eixo direto. No estudo a seguir, deve ser lembrado que a corrente mostrada no oscilograma da
Figura l 0.3 é aquela que circula no alternador funcionando em vazio antes da falta ocorrer.
Na Figura l O.3 a distância oa é o valor máximo da corrente de curto-circuito permanente.
Este valor de corrente multiplicado por 0,707 é o valor eficaz de lI 1 da corrente de curto-
circuito em regime permanente. A ·tensão em vazio do alternador llcg
dividida pela corrente
em regime permanente II
1 é chamada reatâ11cia si11cra11a do gerador ou reatância síncrona
do eixo direta Xd, uma vez que o fator de potência é baixo durante o curto-circuito. A
resistência da armadura, relativamente pequena, é desprezada.
-
T empo

Excesso da cnvoltória da corrente da Figura 10.3 sobre a correnlt' m:íxima permanente. traçada
Se a envoltória da onda de corrente for retrocedida até o tempo zero e se forem desprezados em escala semilogarítmica.
alguns dos primeiros ciclos onde o decréscimo é muito rápido, a interseção será a distância ob.

O valor eficaz da corrente, determinado pela inter.seção da envoltória da corrente com o


tempo zero, é chamado corrente subtransitória /1
11

Na Figura 10.3, a corrente subtransitória
t Para um estudo mais completo, veja C. F. Wagner. "Machine Charactcristics", i11 Cen!Jal Station il 0,707 vezes a ordenada oc. A corrente subtransitória muitas vezes é chamada corrente eficaz
Engineers of the Westinghouse Electric Corporation, Electrica/ Transmission and Distribution Reference 'ca inicial, que é uma denominação mais adequada porque contém a idéia de desprezar a
Book, 4~ ed., Cap. 6, págs. 145-194, East Pittsburgh, Pa., 1964; e A. E. Fitzgerald, C. Kingsley, e ·componente CC e tomar o valor eficaz da componente CA da corrente imediatamente após a
A. Kusko, E/ectric Maclzinery, 3~ ed., págs. 312-319, 479-492, McGraw-Hill Book Company, New York, ; 000!.Tência da falta. A reatância subtransitória de eixo direto X;J para um alternador funcio-
1971.
m.ndo em vazio antes da ocorrência da falta trifásica em seus terminais é llg I" l I/ 1 I·
270 Elementos de análise de sistemas de potência
Faltas trifásicas simétricas 271

As correntes e reatâncias estudadas acima são defuúdas pelas seguintes equações, que são
e 13,8l1/69Y kV, com uma reatância de 10%. Antes de ocorrer a falta, a tensão no lado de alta
aplicáveis a um alternador funcionando em vazio antes da ocorrência de uma falta trifásica
tensão do transformador é 66 kV. O transformador está em vazio, e não há corrente circulando
em seus terminais:
entre os geradores. Achar a corrente subtransitória em cada gerador quando ocorre um curto-
circuito trifásico no lado de alta tensã'o do transformador.
ºª J~J (10.3)
1I 1 =72 xd Solução Escolha como base, no circuito de alta tensão, 69 kV e 75.000 kVA. Então, a
tensão-base no lado BT é 13,8 kV.

ob l!~A
1]'1
=J2 X~
(10.4)

'~~'
()('
1]" 1 71 (10.5)
v' - ,Y" d

Figura 10.5 Diagrama unifilar para o Exemplo 1O.1.


onde /I / = corrente em regime permanente, valor eficaz
/ /' / corrente transitória, valor eficaz, excluindo a componente CC
11" / = corrente subtransitória, valor eficaz, excluindo a componente CC Gerador 1:
X ,1 = reatância síncrona do eixo direto
X~ = reatância transitória do eixo direto
x;; = reatância subtransitória do eixo direto ' -- l~ 75.000 -
.\.; - O,_ . - 0,375 p.u.
50 000
/ /~" / = tensão eficaz entre um terminal e o neutro, em vazio
oa, oh. oc = interseções mostradas na Figura 10.3.
ll,957 p.u.

Em trabalho analítico, as correntes em regime permanente, transitórias e subtransitórias,


podem ser expressas como fasores, tomando geralmente Eg como referência. Gerador 2:

A corrente subtransitória II'' 1


é muito maior do que a corrente em regime permanente
II 1porque a diminuição do fluxo no entreferro da máquina causada pela corrente da armadura, V"_ (
.~d -
')~ 75.0()() _ {)
J,.-- - , 75
()
p.u .
corno foi descrito na Seção 6.3, não pode ocorrer imediatamente. Então, é induzida nos enrola- .'S <XlO
mentos da armadura, justamente após a ocorrência da falta, uma tensão maior do que a que 6(·
existe quando é alcançado o regime permanente. Entretanto, levamos em conta a diferença na 1:,,2 = f,9 ~ n,957 p.u.
tensão induzida usando reatáncias diferentes em série com a tensão em vazio Eg para calcular
as correntes nas condições subtransitórias, transitórias e em regime pennanente. Vamos examinar
os transitórios em máquinas sob carga na próxima seção. Transformador:

As Equações (10.3) a (10.5) indicam o método para determinar a corrente de falta num
gerador quando suas reatâncias são conhecidas. Se o gerador estiver sem carga quando ocorrer Y =O, 10 p.u.
a falta, a máquina é representada pela tensão em vazio em relação ao neutro, em série com a
reatância apropriada. A resistência é levada em conta se for desejada urna precisão maior. Se
houver impedância externa ao gerador entre seus terminais e o curto-circuito, a impedância A Figura 10.6 mostra o diagrama de reatâncias antes da falta. Urna falta trifásica em p é
externa deve ser incluída no circuito. simulada fechando-se a chave S. As tensões internas das duas máquinas podem ser consideradas
em paralelo, uma vez que elas deverão ser idênticas em módulo e em fase se nao houver circulação
Exemplo 10.l Dois geradores são ligados em paralelo ao lado de baixa tensão de um de corrente entre elas. A reatância subtransitória equivalente em paralelo é
transformador trifásico /J.-Y, corno é mostrado na Figura 10.5. O gerador 1 tem para valores
nominais 50.000 kVA e 13,8 kV. O gerador 2 tem 25 .000 kVA e 13,8 kV. Cada gerador tem uma 0,375 X 0,75
reatância subtransitória de 25%. O transformador apresenta corno valores nominais 75 .000 kVA 0,25 p.u.
0,375 + 0,75
2 72 Elementos de análise de sistemas de potência Faltas .trifásicas simétricas 273

Em geral, as reatâncias subtransitóri as de geradores e motores são usadas para determinar a


Portanto, na forma de fasor e tomando /lg como referência, a corrente subtransitóri a no curto-
corrente inicial que circula na ocorrência de um curto-circuit o. Para determinar a capacidade de
circuito é interrupção de disjuntores, exceto aqueles que abrem instantaneam ente, a reatância subtransitória
é usada para os geradores e a reatância transitória é usada para os motores síncronos. No estudo
"
I = - ----0,957
------ -)2,735 p.u. da estabilidade onde o problema consiste em determinar se a falta fará com que a máquina perca
j0,25 +)O, to o sincronismo com o resto do sistema, caso a falta seja removida após um determinado intervalo
de tempo, aplicam-se às reatâncias transitórias.
A tensão no lado delta do triângulo é

10.3 TENSÕES INTERNAS DE MÁQUINAS COM CARGA SOB


e,DS)(i0,10 ) = 0,2735 p.u. CONDIÇÕES TRANSITÓR IAS

Todo o estudo precedente corresponde a um gerador síncrono que não transporta corrente
e nos geradores 1 e 2 no instante da ocorrência da falta trifásica nos terminais da máquina. Agora; vamos considerar
um gerarlor com carga quando ocorre uma falta. A Figura I0.7a é o circuito equivalente de um
" 0,957 - 0,274 gerador que tem uma carga trifásica equilibrada. A impedância externa é mostrada entre os
l 1 = ---------- - - jl,823 p.u.
j0,375 terminais do gerador e o ponto P onde a falta ocorre. A corrente que circula antes de ocorrer
0,957 - 0.274 a falta no ponto P é h, a tensão no ponto da falta é Vt e a tensão nos terminais do gerador
/"2 - - --------- - -}0,912 p.u. é Vt. Conforme foi estudado no Capítulo 6, o circuito equivalente do gerador síncrono consiste
- J0,75
em sua tensão em vazio Eg em série com sua reatância síncrona Xs. Se ocorrer uma falta
trifásica no ponto P do sistema, veremos que um curto-circuit o desde P até o neutro no
circuito equivalente não satisfaz as condições para calcular a corrente subtransitóri a, uma vez
que a reatância do gerador deve ser x:J se estivermos calculando a corrente subtransitória
j 0,10 111 , ou x::, se estivermos calculando a corrente transitória !'.
/'
O circuito mostrado na Figura 10.7b nos dá o resultado desejado. Aqui, a tensão E; em
série com X;} fornece a corrente em regime permanente h quando a chave S é aberta, e
fornece a co1rente para o curto-circuit o através de X:J e Zext quando a chave S é fechada.
Se quisermos determinar E;, esta corrente através de x:J será !". Com a chave S aberta,
Barra neuua
vemos que

Figura 10.6 Diagrama de reatâncias para o Exemplo 10.1. E;= V,+ jf 1 X~ (10.6)

Para achar a corrente em amperes, os valores em p.u. são multiplicado s pela corrente-base Ze>et p Zexl p
do circuito:

\I'í\ 1
75.000
1823----
\13 X 13,8
5720 A

E,
r-
v,
h
+

v, ZL
E ..
V,
+
-
h

s
ZL

\(í\
75.000
2860 A •
0,912 \13 X 13,8

,, (a) (b)
Embora as reatâncias das máquinas não sejam realmente constantes e dep~n~am do grau
de satura a:o do circuito magnético, seus valores geralmente ficam dentro de ~e~os hmites ~ P?dem IF!pm 10.7 Circuitos equivalentes para o gerador abastecendo uma carga trifásica equilibrada. A
oconência
· çt a' · s t ·pos de máquinas A Tabela A.4 apresenta valores tlp1cos de reatanc1as de. de uma falta trifásiça em P é simulada pelo fechamento da chave S. (a) Circuito equivalente
ser previs os para v r10 1 · usual do gerador com carga, em regime permanente. (b) Circuito para cálculo de ! 11 •
uma máquina, necessárias ao se fazer o cálculo de faltas como também no estudo de esta bTd d
11 a e.
274 Elementos de análise de sistemas de potência
Faltas trifásicas simétricas 275

e eata .equação defUUJ: p;,. que é chamada tensão interna aubtramttória ou de tensão atrás ciaf Se usarmos a tensão Vr no ponto da falta como fasor referência
f.Un.cia Wbtransitória, Dé modo semelhante, quando calculamos a corrente transitória / 1 que•·
dev1uer fornecida através da reatância transitória x:,,
a tensão motriz é a tensão interna tran-•
sitória ou tensão atrás da reatância transitória E~; onde v1 = -12,8 = 0,97& p.u.
/(\O

13,2
30.000
Corrente-base = 1312 A
(10.7), v'3 X 13,2
20.000
As tensões E; e E~ são determinadas por h e ambas serão iguais à IL 1128 /36,9º A
tensão em vazio Eg apenas 0,8 \/3 12,8
quando h for nula, instante em que Eg é igual a Vr. X X

Neste ponto, é importante notar que E~ em série com Xa represen 1128 . o


tará o gerador antes = = 0,861 36,9 p.u.
da ocorrência da falta e imediatamente após a falta apenas se a corrente 1312
anterior à falta no gera-
dor for h . Por óutro lado, Eg em série com a reatância síncrona
X é o circuito equivalente = 0,86(0,8 + )0,6) = 0,69 + )0,52 p.u.
da máquina sob a condição de regime permanente para qualquer carga.8
Para um valor diferente
de h no circuito da Figura 10.7, Eg permaneceria o mesmo, porém Para o gerador
seria necessário um novo
valor para E;.
Os motores síncronos têm reatâncias do mesmo tipo que os geradores. Quando V,= 0,970 + j0,1(0.69 + )0,52) = 0,918 + j0,069 p.u.
um motor
é curtocircuitado, ele não recebe mais energia da linha, porém seu campo
permanece energizado E;= 0,918 + )0,069 + j0,2(0,69 + j0,52) = 0,814 + J0,207
e a inércia de seu rotor com sua carga conectada conserva sua rotação p.u.
por um período indeter-
minado. A tensão interna do motor síncrono faz com que ele forneça
corrente para o sistema, ,, = 0,814 + j0,207 =
agindo então como se fosse um gerador. Por comparação com as fórmulas Io j0,3 0 69 _ .2 71 p.u.
correspondentes de ' J '
um gerador, as tensões internas transitória e subtransitória de um
motor síncrono são dadas
por = 1312(0,69 - j2,71) = 905 - )3550 A

(10.8)
(10.9) p j0,10 p
+
Os sistemas que contêm geradores e motores com carga podem ser resolvido
s tanto" pelo
teorema de Thévenin como também pelo uso das tensões internas transitór Vr
ias e subtransitórias,
como é ilustrado pelos exemplos seguintes. E"

Exemplo 10.2 Um gerador e um motor síncronos possuem Barra neutra Barra neutra
os valores nomma1s
30 .000 kVA e 13 ,2 kV, e ambos têm reatância sub transitórias de 20%. (a) Antes da falta (b) Durante a falta
A linha de conexão entre
eles apresenta uma reatância de 10% na base dos valores nominais da
máquina. O motor consome
20.000 kW soh fator de potência 0,8 capacitivo, com Umá tensa-o deil2,8 Figura J0.8 Circuitos equivalentes para o Exemplo 10.2.
kV em seus terminais
quando ocorre uma falta trifásica nos tem1inais do motor. Achar a
corrente subtransitória no
gerador, no motor e no ponto de falta, usando a tensão interna das máquina Para o motor
s.
Solução Escolher como base 30.000 kVA e 13,2 kV.
A Figura I0.8a mostra o circuito equivalente do sistema descrito. V,= VI= 0,97~ p.u.
Vemos que a Figura
10.Sa é semelhante à 10.7 b e que antes da falta E~ e E~ podem
ser substituídas por Eg e
E111 desde que as reatâncias subtransitórias também sejam substituídas pelas
E';., = 0,97 + jO - j0,2(0,69 + j0,52) = 0,97 - j0,138 + O, 104
reatâncias síncronas.
Entretanto, para determinar a corrente subtransitória necessitamos = 1,074 - j0,138 p.u.
da representação da
Figura 10.Sa.
276 Eleme11tos de análise de sisremas de poréncia Faltas trifásicas simétricas 277
·--·· ..- - - ------ ------------- -·------

,, 1,074 jO, 1.18 Exemplo 10.3 Resolver o Exemplo 10.2 usando o teorema de Thévenin.
/,,, =
0,69 15,37 p.u.
'l) 1 Solução
1 ,-

1312( 0,69 - ;5,'37) = 905 - ;7050 A i0,3 X j0,2 .


~03 ·01 =.10,12 p.u .
./' +.t .~

Na falta Jj = 0,97/.!r_ p.u.


No ponto da falta:

l'í = t; + 1;;, = 0,69 - j2,7 l - 0,69 - jS,37 = - i8,08 p.u. ., _ o,97 +;o
11 -j8,08 p.u.
- j0,12

-;8,08 X 1312 = -j!0.600 A


A corrente acima, obtida com a aplicação do teorema de Thévenin, é a que sai do circuito
no ponto da falta devido à redução da tensão para zero nesse ponto. Se esta corrente causada
pela falta se divide entre os circuitos paralelos dos geradores inversamente proporcional a suas
A Figura I0.8b mostra os percursos de /~, 1;;, e I'J. ~espectivas impedâncias, os valores result~ntes são as correntes de cada máquina devido apenas
A corrente subtransitória na falta pode ser encontrada pelo teorema de Thévenin, que é a vanaçao da tensão no ponto da falta. As correntes de falta, assim atribuídas às duas máquinas,
aplicável a circuitos lineares e bilaterais. Quando são usados valores constantes para as reatâncias deve ser somada a corrente que circula em cada máquina antes da falta para ser obtida a corrente
das máquinas síncronas, supõe-se que haja lincaiidadc. Quando o teorema é aplicado ao circuito total das máquinas após a falta. O teorema da supcrposiçao explica a razno para a adiçllo da
da Figura I0.7b, o circuito equivalente é um gerador simples e uma impedância simples termi- corrente que circula antes da falta à corrente calculada pelo teorema de Thévenin. A Figura JO.IOa
nando no ponto de aplicação da falta. O novo gerador tem uma tensão interna igual a V[> que é mostra um gerador com a tensão Vf> conectado ao ponto da falta e igual à tensão na falta antes
a tensão no ponto de falta antes da ocorrência da falta. A impedância é o valor medido no ponto de sua ocorrência. Este gerador não afeta a corrente que circula antes da ocorrência da falta e 0
da falta "olhando" o circuito com Iodas as fontes de tcns:io curtocircuitadas. As rcatâncías sub· circuito .corresponde ao da Figura I0.8a. Colocando outro gerador, em série com v . com ;mia
1
transitórias podem ser usadas se forem desejadas as conentes iniciais. A Fígura 10.9 é o equivalente fem cJe igual módulo ao de Vt porém defasado de 180", obtemos o circuito da Figura I o. I Ob,
Thévcnin da Figura I0.7h. A impedância Z 1i é igual a (Z, ..,1 1;x;j)·Z1/<Z1. +z.. , 1 +;x'J). que corresponde ao da P"igura 10.8/J. O princípio da superposição, aplicado primeiramente curto-
1
Na ocorrência de u111 curto-circuito trifásico em /'. s1111ulado pelo fccha111c11to da chave S, rncuilando F~ o' !:'"
m e Jlf, 1·1irr1cL·c as. e·11rre1 t lcs· o 11 t'·'
luas pe 1a uls
·1 · t n'b uu;[io
· " ua·1 coircrrll' de falta
a corrente subtransitória no ponto de falta é entre os dois geradores de maneira inversamente proporcional às impedâncias de seus circuitos.
Após, curtocircuitando o gerador restante - Vt com E~. E~, e v
1 no circuito, obtém-se a
corrente que crrcula antes da falta. Adicionando os dois valores da conente em cada ramo
V[
[" = __ ~j(Z1. + Zcx, + jX~) (10.10) obtém-se a corrente no ramo após a falta. Aplicando o princípio acima para o exemplo presente'.
z,h -zi(z,:+-Tx~f- temos

2
Corrente de falta do gerador = -- ;8,08 x j0, -- jJ,23 p.u.
j0,5

p Corrente de falta do motor = -· ;8,08 x i0,3 -· ;4,85 p.u.


;o,5

A estas correntes deve ser sornada a corrente anterior à falta h para se obter as correntes
subtransitórias totais nas máquinas:

l~ = 0,69 + ;0,52 i3,23 = 0,69 -- j2, 71 p.u.

Figura I0.9 Equivalente Thévenin <lo circuito da Figura I0.7h. 0,69 ;O,'i2 - ;4,85 - 0,69 ;5,17 p.u.
278 Elementos de análise de sistemas de potência Faltas trifásicas simétricas 279

j0,10

(a) Antes da falta (b) Durante a falta

Figura 10.IO Circuitos ilustrando a aplicação do teorema da superposiçã o para determinar


a proporção da
corrente de falta em cada ramo do sistema.

Notar que h tem o mesmo sentido que 1;,


porém oposto a 1;;
1 • Os valores em p.u. ..• [
encontrad os para IJ. líf e 1;;, são os mesmos do Exemplo l 0.2 e,
amperes também serão os mesmos.
portanto, os valores em \- --- \' 1 .

. .
1
.
· 7 3 s·11l>s·tituindo as reatâncias subtransitórias pelas
figura t0.11 [)i;.1granrn de rcatanc1as ohttdo
. . da Figura ~ . - '~, . t • . s suhtransitórias pelas tensões geral 1as
Geralmeu te, a corrente de carga é omitida na determina ção da corrente re·1tâncías síncronas das maqmnas e as tcn~rn.:s m cnM . .
em cada linha e1~1 vazio. Os valores das re<1tâncias e5tão representad os em p.u.
quando ocorre uma falta. No método de Thévenin, desprezar a corrente
de carga significa que a
corrente anterior à falta em cada linha não é somada à componen te da
corrente que circula na
falta. O método do Exemplo I0.2 despreza a corrente de carga se as tensões MATRIZ IMPEDÂNCIA DE BARRA PARA CÁLCULO DE FALTAS
atrás da reatância 10.4
subtransit ória de todas as máquinas são supostam ente iguais à tensão l7J
no ponto de falta antes
de sua ocorrênci a, visto ser o caso desde que não circulem .correntes em , faltas foram até agora restritos a simples circuitos, poréi_n
nenhuma parte da rede Nossos estudos sobre cálculo de
antes da falta. d d s generalizadas Entretant o, chegaremos as
.
daqui em diante es t en d erem os nosso estu o para 'f"
.
re e
. com a qual -á· estamos fam1hanza .. . d s
os. e
Desprezando a corrente de carga no Exemplo 10.3, temos equações gerais começan do com uma rede espec1 _
1ca 1 .
, . série com as tensoes gera das do circuito mostrado na Figura 7 ·3
mudarmo s as reatancias err1 _ d· f .
n substituíd as pelas tensões mternas
. , " e se as tensoes gera as orei
para reatâncias subtrans1tonas, F
subtransit órias, teremos a rede mostrada na igura 10 11 Se esta rede for o equivalente mono·
Corrente de falta do gerador = 3.23 x 1312 = 4240 A tu.dar. uma falta na barra 4, podemos seguir
.
fásico de um sistema n ast . r:
ico e escolherm os para es , .
- 10 3 d ignar Vt como sen d o a. tensão na barra 4 antes da ocorrenci a
Corrente de falta do motor = 4.8 5 x 1312 = 6360 A 0 procedim ento da Seçao · e es
da falta.
Corrente na falta = 8.08 x 1312 = 10,600 A

A corrente na falta é a mesma se considerarmos ou nil'o a corrente de


carga. porém as
contribuições das linhas são diferentes. Quando a corrente da carga é
incluída, obtemos do
Exemplo I0.;1.

Corrente de falta do gerador= 1905 -j35501 = 3660 A

Corrente de falta do motor = 1- 905 - j70501 = 7200 A

\"1
A soma aritmética dos módulos das correntes do gerador e do motor não com as admitãncia s representad as em p.u. e uma falta trifásica na
é igual à corrente
de falta porque as correntes do gerador e do motor não estão em fase. Figura 10.1 2 Circuito da Figura 10.11
barra 4 do sistema simulada por vf e - vf em série.
280 Elementos de análise de sistemas de potência
Faltas trifásicas simétricas 281

Uma falta trifásica é simulada na barra 4 pela rede da Figura 10.12 onde os valores das Geralmente, considera-se a rede sem cargas antes da falta. Neste caso, nenhuma corrente circula
impedâncias da Figura 10.11 foram substituídos por suas admitâncias. As tensões geradas antes da falta, e todas as tensões por toda a rede são as mesmas e iguais a Vr. Esta suposição
Vt e - Vt em série simulam o curto-circuito. A tensão gerada Vt apenas nes~e ramo não causaria simplifica nosso cálculo consideravelmente, e aplicando o teorema da superposição temos
corrente no ramo. Com Vt e -Vr em série, o ramo constitui um curto-circuito, e a corrente no
ramo é !J.As admitâncias, em vez de impedâncias, foram representadas em p.u. nesse diagrama.
Se E~. Eb, E~ e· Vt forem curtocircuitada s, as tensões e correntes serão aquelas devidas apenas v1 = vJ + v·~ = vJ - r;z 14
a -Vr. Então, a única corrente que entra num nó vinda de uma fonte é a devida a - Vt e igual V2 = l·j + V~= VI - l'{Z 24
a -IJ no nó 4 (I'j vinda do nó 4) uma vez que não há corrente neste ramo até a inserção de (10.15)
- Vt· As equações dos nós na forma matricial para a rede com - Vt como única fonte são "3 = VI+ vt = vf - l'{Z34
V4 =V1 -lj=0

. o() r-- 12,33


0,0
0,0
-10,83
4,0
2,5 V~j-
5:0 V'
501[
Estas tensões existem quando a corrente subtransitória circula e Zbarrn foi formada para
uma rede que possui valores subtransitórios para as reatâncias do gerador.
o =j 4,0 {10.11)
2,5 -17,83 8,0 Vl Para uma falta na barra k, desprezando as correntes anteriores à falta, temos
- /'( 1 5,0 5,0 8,0 - 18,0 - J.J·
(10.16)
onde o sobrescrito /'J. indica que as tensões são devidas apenas a - Vt. O sinal /'J. foi escolhido
para indicar a mudança- na tensão devido à falta. e a tensão na barra 11 após a falta é
Invertendo a matriz admitância de barra da rede da Figura 10.12, obtemos a matriz impe-
dância de barra. As tensões de barra devido a - Vt são dadas p~r
V. = J·~· -
z;e .•· Vr
Zu . (10.17)

o Usando os valores numéricos da Equação (10.11 ), invertemos a matriz quadrada Y barm


o daquela equação e encontramos
(10.12)
o
- 1/ 0, 1488 0,0651 0,0864 0,09781
e então
' 0,0651 0, 1554 0,0799 0,096 7
1 (10,18)
0,0864 0,0798 O, 1341 O, 1058
(10.13)
r
0,0978 0,0967 0, 1058 0, 1566

Geralmente, considera-se Vr= ILOº p.u., e com essa suposição para nossa rede com falta temos

,--·
\
/" = -1 j6,386 p.u.
(10.14) I j0.1566
I '\J -- J0,0978
-. = o,3755 p.u.
J01566
1

Quando a tensão do gerador -Vr é curtocircuitada na rede da Figura 10.12 e E~'. Eb, E~ e V2 = 1 - ~· 096
'01566
2 = O38l5 .u.
1
p
Vt estão no circuito, as correntes e tensões em quaisquer partes da rede são as que existiam J 1

antes da falta. Pelo princípio da superposição, estas tensões anteriores à falta adicionadas aos )0,1058
valores dados pelas Equações (1 O.14) dão-nos as tensões existentes após a ocorrência da falta.
V3 = 1 - . = 0,3244 p.u.
0 1566
./.
282 Elementos de análise de sistemas de potência
Faltas trifásicas simétricas 283

As correntes em qualquer parte da red d


dâncias. Por exemplo , a corrente de falta :~~a~: ~~ee~~~n
~:~a~s a tªr~r das tens?es e impe- 10.5 REDE EQUIVA LENTE DA MATRIZ DE IMPEDÂNCIA DE BARRA
e , e que cucula para
o nó 3, é
te emprega ndo as impe-
0,3755 0,3244 Embora não pos;amo s imaginar um circuito realizável fisicamen
barra, podemos desenhar um circuito com impedân cias de
f(l,25·-- dâncias da rede de impedüncias de
ncia indicadas entre os ramos. Tal diagrama sení proveitos o para entender o significado
transferê
- J0,2044 p.u. das equações desenvolvidas na Seção 10.4.
outros 3 ramos da rede
Vindo do gerador, ligado ao nó l, a corrente é Na Figura 10.13. os colchetes foram traçados entre o ramo 4 e os
de referênc iat. Associad os a esses colchetes estão os símbolos
que têm 4 nós e mais o nó
Z 14 • Z 24 e Z 34 que identific am
/" = E~ ~- V1 _ 1 - 0,3755
a )0,3 - j0,3

- )2,0817 p.u.

Outras correntes podem ser determin adas de m .


em qualquer outra barra sáo calculada s ig~:~~::t :'::~a~te'.l~d asd tensões .e corrent~s
.para ª.falta aci 1 a e a partu da matnz
1111pedancia.

v;~~:~' ~a (~~:·~~~ª~ ~;;:c i;;~nte ~~na aplica~~º


1 1 .,
que 0 : do teorema de Thévenin , e reconhec emos '•li

da rede para calcular a corrente de faltªa ma nz_ I.mpbe ancrn de barra sao as impedân cias Thévenin
· · ·d E
nas vanas arras. · As Concessi on anas · E· .
e nerg1a lctnca
fornecem os dados para os usuários que d evem d etermma r a corrente de falta d . ·----.,..----- -
'fi . d . ' , e maneira a se Z,..1 "----- --'
espec1 1car os disjuntor es para uma plant a m · ·
ustna1 ou para um sistema de po t enc1a
. . em a1gum CD t' <Il t • @ t ©
ponto. Em geral, os dados fornecido s incluem os MVA de c ur t o-circuit o, onde
;1,.,

.____\~·,____'~;·____i~"____~'j___
MVAde curto-ci rcuito= j3 x (nomina l kV) x /" x 10 J
(10.19)
nós independe ntes. Fechando
Figura 1O.13 Rede equivalente da matriz de impedância de barra com quatro
as admitânci as de transferência
a chave .)' simulamo s uma falta no nó 4. São mostradas ~omente
pan1 o nó 4.

cia de barra. As impedân cias de


as impedân cias de transferê ncia do nó 4 da matriz de impedân
X Ih = ~~\T ~omin~16(:3). X -~ºº n (l 0.20) excitaçã o da matriz de impedân cia de barra são Z 11 , Z 22 , Z 33 e Z 44 • Nenhum a corrente pode
/_.( ramo quando a chave S estiver aberta. Quando S é fechada, a corrente
circular em qualquer
que, de acordo com a Equação
(l 0.20) temos circula no circuito apenas para o nó 4. Esta corrente é Vr/Z 44
Resolvendo a Equação (l 0.19) para fsc e substitui ndo na Equação colchetes significa ndo que a
( 10.13 ), é IJ'
para uma falta no nó 4. Podemos interpret ar os
2 corrente IJ'. na direção do nó 4 da rede, induz as quedas de tensão
I'JZ 14 , I'JZ1A e I'JZ 34 nos
x,h = ~Y". nomina!2 _ n respectiv amente. Estas quedas de tensão estáo no sentido
(l 0.21) ramos conectad os aos nós 1. 2 e 3,
MV A de curto-cir cuito
dos nós respectiv os.
temos
Se kV-base é igual a kV-nomi nal, converte ndo para valor p.u., Se a chave S no circuito da Figura 10.13 estiver aberta, todos
os nós estarão na tensão
10.11 se E~'. E/; e E~ forem iguais a Vr. Se S for fechada, o exame
MVA base Vr, como na Figura
em relação ao nó O de referênci a serão os
x1h =
MVA de curto-cir cuito p.u. (10.22) do circuito mostrará que as tensões nos quatro nós

_ 1base J. R. Ncuenswander, Modem Power


Xth - 7-;;- p.u. (l 0.23) t Esta rede equivalente está desenhada da maneira adotada em
refere à rede equivalen te da matriz
Systems. lntcxt Educational Pubtishers, Ncw York, 1971, que se
impedânci a de barra como sendo o equivalente ancinho.
284 t:lementus de análise de sistemas dl' porêt1cia Faltas trifásicas simétricas 285

valores especificados pelas Equações UO.15 ). Portanto, se interpretarmos as impedâncias de A rede com admitâncias representadas em p.u. é mostrada na Figura J0.14 da qual obtemos
transferência indicadas nesse circuito como foi descrito anteriormente, o circuito é o equi- a matriz admitância dos nós:
valente ao da Figura 10.ll com S aberta e da Figura 10.12 com S fechada, sendo que ainda
estamos desprezando a corrent.e anteiior à falta.
Naturalmente, podemos simular curto-circuitos nas outras barras de uma maneira semelhante
e podemos estender este procedimento a uma rede generalizada tendo um número qualquer de
[ .. 2',889
5,952
5,952
- 13,889
0,0
7,937
0,0
0,0 7,937
0,0 j
Ybarra= j 0,0 7,937 -23,175 2,976 4,762
nós. Poderíamos indicar as outras impedâncias de transferência do circuito equivalente por meio de 0,0 0,0 2,976 -6,944 3,968
colchetes adicionais e só não o fizemos porque ficaria muito confuso com tantos colchetes para ' 7,937 0,0 4,762 3,968 ·-16,667
indicar as impedâncias de transferência. De fato, geralmente omitimos os colchetes quando
traçamos este equivalente da rede para a matriz de impedância de barra, porém devemos ter
em mente que as impedâncias de transferência existem e devem ser consideradas na interpretação Esta matriz 5 x 5 é invertida num computador digital, dando a matriz de curto-circuito
da rede.

Exemplo 10.4 Determinar a matriz-impedância de barra para a rede do Exemplo 8.1,


para a qual os rçsultados do estudo de fluxo de potência são mostrados na Figura 8 .2. Os geradores
r
0,079]
0,0558
0,0558
0,1338
0,0382 0,0511
0,0664 0,0630
0,0608
0,0605
nas barras l e 3 possuem valores nominais de 270 e 225 MVA, respectivamente. As reatâncias zbarra= .i 0,0382 0,0664 0,0875 0,0720 0,0603
subtransitórias dos geradores mais as reat<incias dos transformadores que os conecta às barras 0,0511 0,0630 0,0720 0,2321 0,1002
são iguais a 0,30 p.u. cada um. tomando como base os valores nominais dos ger<idores. As relações 0,0608 0,0605 0,0603 0,1002 0,1301
de transformação dos transformadores s:lo tais que a tensãn-base cm cada circuito de gerador
é igual à tensão 11nm111al do gerador. lnrluii as rcat;i11cias dus geradores e t1:1nsformad01cs na Visualizando a rede de forma semelhante à da Figura 10.13, será mais facil encontrarmos
matriz. Achar a corrente subtra11sitó1ia numa falta trifásica na barra 4 e a corrente que chega à as correntes e tensões desejadas.
barra em falta através de cada linha. A corrente antes da falta pode ser dcsprczacb e todas as
A corrente subtransitória numa falta trifásica na barra 4 é
tensões são c<fisideradas iguais a 1.0 p.u. antes da ocorrência da falta. A base do sistema é
100 MVA. De~'prczar tod:1s as resistências.
Solução'. Convertidas para a base de 100 MVA. as reatâncias combinadas dos gerador,·s /" = 1,0
e transformadores são - j4,308 p.u.
j0,2321

,_'º X :no
100
Gerador na barra 1: ·\' = () ,_, O, 1111 p lJ. Nas barras 3 e 5 as tensões são

100
(;erador na barra 3: \'=OIOx
,. 2:? :'i =0,UJJpu. J 3 = 1,0 - ( -j4,308 )(j0,0720) = 0,6898 p.u.
V5 = 1,0 - (-j4,308)(j0,1002 ) = 0,5683 p.u.

(/)-~1;:;7___dª)~' '3'. ,("


As correntes para a falta são
(ll '"' •J',?

14J6:1 ~ '-\ Da barra 3: 0,6898( - }2,976) = -j2,053


-----'1l1ílf'------
Da barra 4: 0,5683( - j3,968) = - j2,255
- j?, 937
. - )2,976 -j4,308 p,U,
® ]3,968@
Da mesma matriz de curto-circuito, podemos obter informações semelhantes para faltas
Figura 10.14 Diagrama ue 1catânc1a,par.1 {) l·\Clllplo lil.4. em quaisquer outras barras.
286 Elementos de análise de sistemas de potência
Faltas trifásicas simt!tricas 287

10.6 SELEÇÃO DE DISJUNTORES


nominal constante de 1.200 A, a corrente nominal de curto-circuito sob a tensão máxima
Muito estudo já foi feito sobre valores nominais de disjuntores e uso deles. Nosso objetivo (corrente simétrica que pode ser interrompida a 72,5 kV) é 19.000 A. Isto significa que o
agora é dar uma introdução para este assunto. Para informações adicionais necessárias para especi- produto 72,5 x 19.000 é o valor constante da corrente nominal de curto-circuito multiplicada
ficar disjuntores, o leitor poderá consultar as publicações ANSI, listadas nos rodapés que acom- pela tensão de operação na faixa de 72,5 a 60 kV, uma vez que 72,5/1,21 é igual a 60. A
panham esta seçlfo. corrente nominal de curto-circuito sob 60kV é 19.000 x 1,21 ou 23.000A. Para tensões
A corrente subtransitória, para a qual estivemos devotando grande parte de nossa atenç:ro menores de funcionamento, esta corrente de curto-circuito não pode ser excedida. Para 69 kV,
até agora, é a corrente simétrica inicial e nlfo inclui a componente CC. Como temos visto, a a corrente nominal de curto-circuito é
inclus:ro da componente CC resulta num valor eficaz da corrente imediatamente após a falta,
que é maior do que a corrente subtransitória. Para disjuntores a óleo acima de 5 kV, a corrente 72 5
' X 19.000 = 20.000 A
subtransitória multiplicada por 1,6 é considerada como sendo o valor eficaz da corrente cuja 69
força disruptiva o disjuntor deve suportar durante o primeiro ciclo após a ocorrência da falta.
Esta corrente é chamada co"ente momentânea, e por muitos anos os disjuntores foram dimen- Os disjuntores da classe 115-kV, e acima, têm um fator K igual a 1,0.
sionados em termos de sua corrente momentânea como também por outros critériost. Um procedimento simplificado para calcular a corrente simétrica de curto-circuito, chamado
A capacidade nominal de interrupção de um disjuntor era especificada em kVA ou MV A. método E/x+, despreza todas as resistências, todas as cargas estáticas e todas as correntes ante-
Os k VA de interrupção são iguais a y'3 vezes a tensão da barra à qual o disjuntor é ligado riores à falta. A reatância subtransitória é usada para os geradores no método E/X, e para os
multiplicado pela corrente que o disjuntor deve ser capaz de interromper quando seus contatos motores síncronos a reatância recomendada é o valor X~ do motor multiplicado por 1,5
se separam. Esta corrente é, naturalmente, menor do que a corrente momentânea e depende que é o valor aproximado da reatância transitória do motor. Os motores de indução abaixo de
da velocidade do disjuntor, tal como 8, 5, 3 ou 1,5 ciclos, que é a medida do tempo que trans- 50 HP são desprezados e vários fatores de multiplicação são aplicados ao X~ dos motores de
corre a partir da ocorrência da falta até a extinção do arco. indução de maior porte, dependendo de seu tamanho. Se não houverem motores presentes, a
A corrente que o disjuntor deve interromper geralmente é assimétrica, uma vez que contém corrente simétrica de ctirto-circuito seria igual à corrente subtransitória.
uma parte da componente CC de decaimento. Uma relação de valores nominais recomendados A impedância, pela qual a tensão Vt na falta é dividida para se determinar a corrente de
para disjuntores a óleo de alta tensão AC especifica a corrente nominal de interrupção de disjunto- curto-circuito, deve ser examinada quando é usado o método E/X. Na especificação de um dis-
res em termos da componente assimétrica que é simétrica em relação ao eixo zero. Esta corrente juntor para a harra k, esta impedância é 7,kk da matriz de impedância de harra com as próprias
é adequadamente chamada co"ente simétrica de capacidade de interrupção requerida, ou reatâncias das máquinas, uma vez que a correnle de curto-circuito é expressa pela Equaçao
simplesmente co"ente nominal simétrica de c11rto-circ11ito. Freqüentemente, o termo simétrica (10.16). Se a relação X/R desta impedância for 15 ou menos, pode ser usado um disjuntor
é omitido. A seleção de disjuntores também pode ser feita em relação à corrente total (com- com a tensão e kV A corretos caso sua corrente nominal de interrupção seja igual ou exceda à
ponente CC incluída)tt. Vamos limitar nosso estudo em um tratamento breve da base simétrica da corrente calculada. Se a relação X/R for desconhecida, a corrente calculada poderá ser não
escolha do disjuntor. mais do que 80% do valor permitido para o disjuntor para a tensão existente na barra. O guia
de utilização ANSI especifica um método corrigido para levar em conta as constantes do tempo
Os disjuntores são identificados pela classe da tensão nominal, como por exemplo 69 kV.
CA e CC para o decaimento da amplitude da corrente caso a relação X/R exceda 15. O método
Entre outros fatores especificados, citamos a corrente nominal constante, a tensão máxima
nominal, o fator de faixa de tensão K, e a corrente nominal de curto-circuito sob tenslfo máxima corrigido também considera a velocidade do disjuntor.
nominal. K determina a faixa de tensão na qual a corrente nominal de curto-circuito, multi- Este estudo da seleção de disjuntores é apresentado não como um estudo de utilização de
plicada pela tensão de operação, é constante. Para um disjuntor de 69 kV tendo uma tensão disjuntores, porém para mostrar como é importante entender o cálculo de faltas. O seguinte
nominal máxima de 72,5 kV, um fator de faixa de tensão K igual a 1,21, e uma corrente exemplo poderá clarear o princípio.

Exemplo IO.S Um gerador de 25 .000 kVA e 13 ,8 kV com Xj = 15% é conectado através


de um transformador a uma barra que abastece quatro motores idénticos. como mostra a Figura
10.15. A reatância subtransitória x;j de cada motor é 20% na base de 5.000 kVA, e 6,9 kV. Os
t Veja G. N. Lester, "High Voltage Circuit Breaker Standards in the USA: Past, Present and Future"
IEEE Trans. Power Appar. Syst., vol. 93, 1974, p. 590.{;00. valores nominais do transformador trifásico são 25.000 kVA e 13,8/6,9 kV, com uma reatância de
'
tt Veja "Schedules of Preferred Ratings and Related Required Capabilities for AC High-Voltage Circuit
Breakers Rated on a Symmetrical Current Basis", ANS! C37 .06-1971 e "Guide for Ollculation of
Faulted Currents for Applkation of AC High-Voltage Circuit Breakers Rated on a Total Current Basis" Veja "Application c;uidc for AC lligÍ1-Voltagc Cirrnit llreakers Ra•ed on a Symmctncal Current llasis",
ANSI C37.5-1979, American Na!ional Standards Institute, New York. :j:
' ANSI C37.010-1972, Ameriran National Standards lnstitutc, Ncw York. Esta publicação é també111
IEEE Std. 320-1972.
288 Elementos de análi<e de sistemas de potência Faltas trifásicas simétricas 289

dispersão de 10%. A tensão de barra nos motores é 6,9 kV quando ocorre uma falta trifásica
no ponto P. Para a falta especificada, determinar (a) a corrente subtransitória na falta, (b) a
corrente subtransitória no tl1sjuntor A e (e) a corrente simétrica de curto-circuito (como
definido para o uso de disjuntores) na falta e no disjuntor A.

Figura 10.16 Diagrama de reatâncias para o Exemplo 10.15.

Através do disjuntor A,
Figura 10.15 Diagrama unifilar para o Exemplo 10.5.

/" = -}4,0 + 3(-jl,O) = --j7,0 p.u. =7 x 2090 = 14.630 A


Solução (11) Para as bases de 25 .000 kVA e 13,8 kV no circuito do gerador, as bases para
os motores são 25.000 kVA e 6,9 kV. A reatância subtransitória de cada motor é
(e) Para calcular a corrente do disjuntor A a ser interrompida, substituir a reatância
sub transitória de j 1,O pela reatância transitória de j 1,5 nos circuitos dos motores da Figura
25.000 10.16. Então
x;; = 0,20 -· - .. = 1,0 p.u.
5.000 . 0,375 X 0,25 .
/.,h = J õ,375 + õ}s = 10, 15 p.u.
A Figura 10.16 é o diagrama com os valores assinalados das reatâncias subtransitórias. Para
uma falta no ponto P, O gerador contribui com uma corrente de
V1 = 1,0 p.u.
1,0 0,375
X - i4,0 p.u.
/.,h = j0, 125 p.u. j0, 15 0,625
1o
1; = jO, '125- = -j8,0 p.u. Cada motor contribui com uma corrente de

1 1,0 0,25 .
A corrente-base no circuito de 6;:J kV é X ----- X ·----- =- /0 167 p.U.
4 j0, 15 0,625

25.000 A corrente simétrica de curto-circuito a ser interrompida é


-~ - --- = 2090 A
,/3 X 6,9
f'j = 8 X 2090 = 16.720 A (4,0 +3 X 0,67) X 2090 = 12.560 A
O procedimento usual é especificar todos os disjuntores conectados a uma barra com base
(b) Através do disjuntor A chega a contribuição do gerador e de três dos quatr0 motores.
na corrente que flui para essa barra em falta. Nesse caso, o valor nominal de interrupção de
O gerador contribui com uma corrente de corrente de curto-circuito dos disjuntores conectados à barra de 6,9 kV deve ser ao menos

_ . ()
8
X 0,25
--j4,0 p.u. 4 +4 X 0,67 = 6,67 p.U.
J 1 0,50
ou
Cada motor contribui com 25% da corrente de falta restante, ou seja -j 1,0 p.u. 6,67 X 2090 13.940 A
290 Elementos de análise de sistemas de potência Faltas trifásicas simétricas 291

Um disjuntor de 14,4-kV possui uma tensão máxima nominal de 15,5 kV e o fator K


de 2 ,67. Para 15 ,5 kV sua corrente nominal de interrupção de curto-circuito é 8.900 A. Este
disjuntor apresenta uma corrente nominal simétrica de interrupção de curto-circuito de 1,0

2,67 x 8.900 = 23.760 A, a uma tensão de 15,5/2,67 = 5,8 kV. Esta corrente é o valor máximo
que pode ser interrompido mesmo que o disjuntor possa estar num circuito de tensão menor.
O valor nominal de corrente de ínterrupção de curto-circuito em 6,9 kV é

15,5 j0,09
-·- X 8900 = 20000 A
6,9 .

A capacidade requerida de 13.940 A é bem abaixo de 80% de 20.000 A, e o disjuntor é


adequado em relação à corrente de curto-circuito.
Figura 10.17 Rl'dl' l'quivalcnte da impedüncia de barra para a matriz de impedância de barra do Exemplo 10.5.
A corrente de curto-circuito poderia ser obtida usando-se a matriz de impedâm:ia de barra.
Para esse objetivo, foram identificados dois nós na Figura 10.16. O nó 1 é a barra no lato BT
do transformador, e o nó 2 é o lado AT. Para a reatância do motor de 1,5 p.u.

1·2 = 1,0 - 1"z2·1 = 1,0 - (-J6,67)(i0,09 ) = o,4


. 1
Y11 = -;10 + --- -j12,67
jl,5/4 e, uma vez que a admitância entre os nós 1 e 2 é -jlO, a corrente na falta, vinda do trans-
Y12 =jlO . formador, é
(0,4 - 0,0)( -jlO) = - j4,0 p.u.
Y22 = -jlO - j6,67 = - jl6,67
que também está de acordo com nosso resultado anterior.
A matriz admitância de barra é
Também achamos imediatamente a corrente de curto-circuito numa falta trifásica no nó 2
que, fazendo referência à Figura 10.17 com S 1 aberta e S 2 fechada é
y _ -r-12,67
barra - J 10,0
10,0 1
-16,67 1,0 . 77
ls,=·0114= -18, p.u.
e sua ínversa é J 1

Mesmo este exemplo simples ilustra a importância da matriz de impedância de barra, onde
z -
·[º·150
bana- J O090
0,0901
O 114
os efeitos de uma falta em um número de barras tem de ser estudado. A inversão da matriz
nã'o é necessária, como vimos na Seção 7 .7, pois Zbarra pode ser gerada diretamente pelo
1 1

computador.
A. Figura 10.17 é a rede que corresponde à matriz de impedância de barra. Fechando S e
1
deixando S 2 aberta fica representada uma falta na barra 1. · PROBLEMAS
A corrente de ínterrupção de curto-circuito simétrico numa falta trifásica no nó J é
10.I Uma tensão alternada de 60 Hz com valor eficaz de 100 V é aplicada a um circuito-série
RL pelo fechamento de uma chave. A resistência é 15 Q e a indutância é 0,12 H.
1,0
I = --·-- -j6,67 p.u.
se j0,15 (a) Ache o valor da componente CC da corrente no fechamento da chave para um valor da tensão
nesse instante de 50 V.
que corresponde aos nossos cálculos anteriores. A matriz de impedância de barra nos dá a tensão (b) Qual é o valor instantâneo da tensão que produz o máximo componente CC da corrente no
na barra 2 com a falta na barra 1 . fechamento da chave?
292 Elementos de análise de sistemas de potência Faltas trifásicas simétricas 293

(e) Qual é o valor instantâneo da t1msão que resulta na ausência de qualquer componente CC de I0.6 Dois motores síncronos com reatâncias subtransitórias de 0,80 e 0,25 p.u., respectiva-
corrente no fechamento da chave? mente, numa base de 480 V, 2.000 kVA, estão conectados a uma barra. Esta barra está conectada,
(d) Se a chave for fechada quando a tensão instantânea for zero, ache o valor da corrente instan- através de uma linha com reatância de O,023 n, a uma barra de um sistema de potência. Nesta
tânea após transcorridos 0,5, 1,5 e 5 ,5 ciclos. barra, os MV A de curto-circuito do sistema de potência são 9 ,6 MV A para urna tensão nominal
de 480 V. Para uma tensão na barra do motor igu~ a 440 V, despreze a corrente de carga e ache
10.2 Um gerador, conectado a um transformador por um disjuntor de 5 ciclos, apresenta os a corrente eficaz simétrica inicial numa falta trifásica na barra do motor.
valores nominais de l 00 MV A e 18 kV com reatâncias de X;J = 19%, Xd = 26% e Xd = 130%.
Está funcionando em vazio e sob tensão nominal quando ocorre um curto-circuito trifásico entre
o disjuntor e o transformador. Ache (a) a corrente de curto-circuito permanente no disjuntor,
(b) a corrente eficaz simétrica inicial no disjuntor, e (e) a máxima componente CC possível de
corrente de curto-circuito no dbjuntor.
I0.7

z
o, 15 o.os
- . 0,08 0, 15
barra - 1 0,04 0,06
[ 0,07 0,09
0,04
0,06
0, 13
0,05
0,01
0,09
0,05
0,12
l
A matriz impedância de barra para uma rede de 4 barras, com valores em p.u., é

10.3 O transformador trifásico ligado ao gerador, descrito no Problema 10.2, tem os valores
nominais 100 MVA e 240Y/l 86kV, X= 10%. Se ocorrer um curto-circuito trifásico no lado AT Os geradores estão conectados às barras l e 2 e suas reatâncias subtransitórias foram incluídas
do transformador sob tensão nominal e em vazio, ache (a) a corrente eficaz simétrica inicial ria matriz Z bana. Desprezando a corrente anterior à falta, ache a corrente sub transitória em
nos enrolamentos no lado AT e (b) a corrente eficaz simétrica inicial na linha no lado BT. p.u. no ponfo de falta para urna falta trifásica na barra 4. Considere a tensão no ponto de falta
igual a 1,0 p.u. antes da ocorrência da falta. Ache também a corrente em p.u. do gerador 2, cuja
10.4 Os valores nominais de um gerador de 60 Hz são 500 MVA e 20 kV, com X:J = 0,20 p.u. reatância subtransitória é 0,2 p.u.
Ele alimenta uma resistência pura de 400 MW sob 20 kV. Esta carga é ligada diretamente aos
terminais do gerador. Curtocircuitando simultaneamente as três fases da carga, ache a corrente 10.8 Para a rede mostrada na Figura 10.18, ache a corrente subtransitória em p.u. do gerador
eficaz simétrica inicial no gerador em p.u. em relação às bases de 500 MVA e 20 kV. 1 e na linha 1-2, como também a tensão nas barras 1 e 3 para urna falta trifásica na barra 2.
Considere que nenhuma corrente circula anteriormente à falta e que a tensão na barra 2 antes
10.S Um gerador é conectado através de um transformador a um motor síncrono. Reduzidas .da falta é 1,0 p.u. Use nos cálculos a matriz impedância de barra.
a uma mesma base. as reatâncias subtransitórias p.u. do gerador e do motor são 0,15 e 0,35
respectivamente, e a reatância de dispersão do transformador é 0,10 p.u. Ocorre uma falta trifásica I0.9 Para urna falta trifásica na barra l da rede da Figura 10.11, onde não há carga (todas
nos terminais do motor quando a tensão nos terminais do gerador é 0,9 p.u. e a corrente de saída as tensões de nós são 1,0 p.u.), ache a corrente subtransitória na falta, as tensões nas barras
do gerador é 1,0 p.u. com fator de potência 0,8 capacitivo. Ache a corrente subtransitória em p.u. 2, 3 e 4 e a corrente do gerador ligado à barra 2.
no ponto da falta, no gerador e no motor. Use a tensão nos terminais do gerador como o fasor de
referência e obtenha a solução (a) calculando as tensões atrás da reatância sub transitória no IO.lO Ache a corrente subtransitória em p.u. numa falta trifásica na barra 5 na rede do
gerador e no motor e (b) usando o teorema de Thévenin. Exemplo 8.1. Despreze a correntci"'anterior à falta, considere todas as tensões de barra iguais
a 1,0 p.u. antes da ocorrência da falta e faça uso dos cálculos já realizados no Exemplo 10.4.
Ache também a corrente nas linhas 1-5 e 3-5.

10.11 Um gerador de 625 kVA e 2,4, kV com x:J


= 0,20 p.u. é ligado a uma barra através
de um disjuntor mostrado na Figura 10.19. À mesma barra, através de disjuntores, estão ligados
três motores síncronos com valores nominais de 250 HP e 2,4 kV, com fator de potência unitário,
90% de rendimento e x:J
= 0,20 p.u. Os motores estão funcionando em plena carga, com fator
de potência unitário e tensão nominal, com a carga igualmente dividida entre as máquinas.

Figura 10.18 Rede para o Problema 10.8. Figura 10.19 Diagrama unilllar para o Problema 10 .11.
294 Elementos de análise de sistemas de potência
CAPÍTULO

(a) Trace o diagrama de impedâncias representando as impedâncias em p .u . numa base de 2 '4 kV•
625 kVA. 11
(b) ~che a corrente simétrica de curto-circuito em amperes que deve ser interrompida pelos dis-
JUntores A e B para uma falta trifásica no ponto P. Simplifique os cálculos desprezando
a corrente anté's da faJta.
(e) Repita a parte (b) para uma falta trifásica no ponto Q.
(d) Repita a parte (b) para uma falta trifásica no ponto R

IOJ 2 Um disjuntor, com tensão nominal de 34,5 kV e uma corrente nominal constante de
1 .SOO A, tem um fator de faixa de tens[o K de 1,65. A tensão máxima nominal é 38 kV COMPONENTES SIMi=TRICOS
corrente nominal de curto-circuito para aquela tensão é 22 kA. Ache (a) a tensão abaixo da ~~a~
a cor~ente nommal de curto-circuito não aumenta à medida que a tensão de operação diminui
e, o valor dessa corrente; (b) a corrente nominal de curto-circuito para 34,5 kV.

Em 1918, uma das mais poderosas ferrramentas para tratar com circuitos polifásicos desequili-
brados foi apresentada por C. O. Fortescue num encontro do "American Institue of Electrical
Engineers"t. Desde aquele ano, o método de componentes simétricos. tornou-se de grande
importância e foi objeto de muitos artigos e pesquisas experimentais. As faltas assimétricas em
sistemas de transmissão, que podem consistir em curto-circuitos, impedância entre linhas, impe-
dância de uma ou duas linhas para terra, ou condutores em aberto, são todas estudadas pelo
método dos componentes simétricos.

11.l SINTESE DE FASORES ASSIMÉTRICOS A PARTIR


DE SEUS COMPONENTES SIMÉTRICOS

O trabalho de Fortescue prova que um sistema desequilibrado de n fasores correlacionados


pode ser decomposto em n sistemas de fasores equilibrados denominados componenres simé-
rricos dos fasores originais. Os n fasores de cada conjunto de componentes são iguais em com-
primento, e os ângulos entre os fasores adjacentes do conjunto são iguais. Embora o método seja
aplicável a qualquer sistema polifásico desequilibrado, vamos restringir nosso estudo a sistemas
trifásicos.
De acordo com o teorema de Fortescue, três fasores desequilibrados de um sistema trifásico
podem ser decompostos em três sistemas equilibrados de fasores. Os conjuntos equilibrados de
componentes são:
1. Componentes de seqüência positiva, consistindo em três fasores iguais em módulo, 120º defa-
sados entre si, e tendo a mesma seqüência de fase que os fasores originais.

C. L. Fortescue, "Method of Symmetrical Coordinates Applied to the Solution of Polyphase Net-


works", Trans. A/EE, vol. 37, p. 1027-1140, 1918.
295

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