Queridos irmãos, logo de início, sirvo-me do versículo do livro da sabedoria que
diz: “A vida dos justos está nas mãos de Deus, nenhum tormento os atingirá, aos olhos dos insensatos parecia ter morrido, mas eles estão em paz”. Vocês podem me questionar: qual a relação entre este versículo e a liturgia de hoje? E eu digo para vocês que há um vínculo patente, pois o justo é aquele que entende que o seu único e verdadeiro bem é o Senhor, que a sua esperança, abrigo, proteção e felicidade é o Deus Altíssimo e por isso não temem os sofrimentos, as provações porque está ancorado nesta Rocha firme. A primeira leitura de hoje foi retirada do livro de Jó, obra esta que de modo comovente apresenta a vida e as dificuldades de um homem que não apenas era possuidor de muitos bens e de uma família numerosa, mas era bom, piedoso, e muito temente a Deus. Na primeira parte do livro vemos esta realidade da prosperidade e de um coração totalmente voltado a Deus, depois entra em cena a figura de satanás que sugere que Jó só é agradável e temente a Deus porque a mão do Senhor sempre esteve sobre ele, com isso, por permissão divina , pouco a pouco Jó foi sendo privado dos seus bens, de sua riqueza, perdeu seus familiares chegando até mesmo a ser assolado por uma grave doença. Podemos ver que ao desenrolar desta obra Jó desiludido, comenta com pesar e amargura o fato de sua vida ter se transformado em vale de sofrimento e dor, e por parecer que Deus já não estivesse mais ali com ele, ou estaria indiferente a tudo que lhe acontecia. Contudo, o grito de Jó, mais do que um grito de desespero por causa de tamanha provação e sofrimento, é um grande brado daquele que se entregou completamente a Deus e que sabe que somente nele está a sua salvação, por isso é para Deus que Jó se volta,não se atreve a virar as costas. Jó sabia que só em Deus ele encontraria esperança, só no Senhor encontraria o sentido para a sua vida e sua existência. Essa obra grandiosa traz em jogo o problema do sofrimento e do mal no mundo, apontando-o como grande mistério. Mas nós, somos chamados a enxergar essas realidades como oportunidades que Deus nos concede para termos a nossa vida e vocação ressuscitadas quando permitimos que Cristo carregue conosco a nossa cruz. Meus irmãos, só que já experimentou o maior peso e sofrimento do mundo é capaz de entender a minha e a tua dor, o meu e o teu sofrimento, e Essa pessoa é Jesus Cristo que a cada dia estende a mão para nos levantar, para nos curar. Em meio a essa temática da dor e do sofrimento o Evangelho vem para nós com uma grande Resposta, o Cristo. É interessante que o relato evangélico nos fala da cura da febre da sogra de Pedro e depois da cura de muitas outras pessoas que estavam enfermas e possuídas pelo demônio. Se tomarmos essa primeira cura, isto é Jesus que vai ao encontro da sogra de Pedro e a levanta, erguendo-a, vemos que a resposta imediata desta mulher foi o serviço. Mas por quê? Justamente porque o encontro pessoal com cristo nos põe em contato com a nossa realidade nua e crua, com aquilo que precisa ser modificado, ser curado em nós, e isso nos tira da inércia, da estaticidade, e nos leva a ação, ao serviço, em outras palavras Cristo realiza uma grande obra de Ressurreição em nossas vidas. E que serviço é esse? O anúncio do reino que se desdobra numa vida conformada a de Cristo. Meus irmãos, esta sogra de Pedro também representa a cada um de nós, representa a humanidade inteira, que se encontra enferma por tantas mazelas, ideologias, negação da verdade, e que ao permitir-se ser erguido por Cristo, alimentado e sustentado por sua Palavra e pelos sacramentos confiados a Igreja ganha um novo sentido, uma nova direção, tornar-se partícipe dessa grandiosa missão salvífica do divino redentor. Um dos efeitos da instauração do reino de Deus é a expulsão do demônio e do seu pretenso reinado, do pecado e do mal. Por isso neste dia permita que o seu coração, que a sua vida seja verdadeiro terreno onde Deus, e somente ele exerce o seu reinado a sua soberania. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém!