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Polis e Psique, Vol.

2, Número Temático, 2012 P á g i n a | 171

Efeitos transversais da supervisão clínico-institucional


na Rede de Atenção Psicossocial
Cross-effects of institutional and clinical supervision in the psychosocial attention network
Efectos transversales de la supervisión clínica-institucional
En la red de atención psicosocial

Joana Angélica Macedo Oliveira


Universidade Federal Fluminense, Niterói, Rio de Janeiro, Brasil.
Eduardo Passos
Universidade Federal Fluminense, Niterói, Rio de Janeiro, Brasil.
Resumo
Construímos uma cartografia dos efeitos transversais disparados na rede de atenção
psicossocial a partir do processo de supervisão do território. Tomamos para análise a rede de
atenção psicossocial de uma área programática (AP) do município do Rio de Janeiro-RJ.
Partimos da análise de dois dispositivos: a Supervisão clínico-institucional da equipe de um
Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e a Supervisão clínico-institucional do território em
que se encontra o CAPS. A supervisão se mostrou como um dispositivo que faz operar uma
rede transversal ativadora de conectividade e de efeitos de coletivização na rede de saúde do
território.
Palavras-chave: Subjetividade, Transversalidade, Saúde Mental, Supervisão.

Abstract
We build a cartography of the effects in the psychosocial care network triggered from the
supervison divice. We analyze the psychosocial care network in a program area (PA) in the
municipality of Rio de Janeiro, RJ. We start from the analysis of two devices: a clinical-
institutional supervision of the staff of a Center for Psychosocial Care (CAPS) and a clinical-
institutional supervision of the territory in which lies the CAPS. Supervision is shown as a
device that makes operating a cross-network connectivity and activating effects of
collectivization in the health work.
Keywords: Subjectivity, Transversality, Mental Health, Supervision.
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Resumen
Construimos una cartografía de los efectos transversales disparados en la red de atención
psicosocial desde el proceso de supervisión del territorio. Tomamos para analizar la red de
atención psicosocial de un área programática (AP) del Municipio de Rio de Janeiro-RJ.
Partimos del análisis de dos dispositivos: la Supervisión clínico-institucional del equipo de un
Centro de Atención Psicosocial (CAPS) y la Supervisión clínico-institucional del territorio en
el que se encuentra el CAPS. La supervisión se presento como un dispositivo que hace operar
una red transversal activadora de conexión y de efectos de colectivización en la red de salud
del territorio.
Palabras-clave: Subjetividad, Transversalidad, Salud Mental, Supervisión.

Introdução: Constituição do Plano comportar outros perigos: doença mental


Problemático – controle – serviços abertos. A
modulação sofrida pelo exercício de poder
Em pesquisa anterior (Oliveira, no campo das práticas em saúde mental
2006; Oliveira & Passos, 2007) acerca das coloca um problema gravíssimo para os
novas formas de assujeitamento exercidas atores da reforma psiquiátrica brasileira.
em dois serviços de saúde de mental Para a manutenção da relação manicomial
(CAPS) revelou uma modulação das linhas com a loucura não é imprescindível o
de forças que constituem o exercício de manicômio. Isso implica em dizer que a
poder no contemporâneo. Constatamos relação manicomial pode persistir
uma transformação da relação de tutela, enquanto modo de pôr-se em relação entre
operada pelo antigo manicômio, para a de os atores que compõem o processo de
controle dos serviços ditos “abertos”, desinstitucionalização da loucura. Nesse
levando-nos à construção de duas séries sentido, as formas de atenção e de gestão
paralelas e contemporâneas que se exercidas nos serviços territoriais em saúde
apresentam como linhas de forças mental, descentralizados e “abertos”
modulantes do exercício de poder. Nessa podem se configurar em novos modos de
complexa operação, situamos o perigo de sobrecodificação, de segmentação, captura
modulação da série doença mental – e controle a céu aberto que perpetua a
tutela – manicômio para outra que pode relação manicomial.
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Foi isso o que revelou a discussão de Janeiro. Nosso objetivo foi analisar os
sobre as políticas públicas de subjetivação efeitos gerados pela dinâmica da rede de
em serviços de saúde mental, nos saúde considerando seus momentos tanto
fornecendo pistas para problematizar três de expansão, aquecimento, propagação e
formas de cronicidade constituídas a partir diferenciação das linhas em conexão
dos modos de atenção e de gestão do quanto de retração, esfriamento,
cuidado em serviços substitutivos de saúde estagnação e homogeneização de suas
mental: 1) cronicidade dos usuários, 2) linhas.
cronicidade dos profissionais 3) A pesquisa em questão se deu numa
cronicidade dos dispositivos em saúde cidade que foi uma das pioneiras na luta
mental. Quando se põe em análise esses dos trabalhadores pelo processo de
três modos de cronificação chama atenção desinstitucionalização da loucura.
os efeitos-subjetividade - de retração, Realizamos uma cartografia dos efeitos
constrangimento e esfriamento - que disparados na rede de atenção psicossocial
expandem a relação manicomial para além a partir do processo de supervisão do
dos muros do manicômio. território. Tomamos como caso crítico-
A discussão dessas formas de clínico a rede de atenção psicossocial de
cronicidade nos forçou a pensar que podem uma AP no município do Rio de Janeiro-
existir redes relacionais geradoras de RJ.
dinâmicas burocráticas, fechadas, frágeis e Essa experiência teve seu ponto de
empobrecidas que perpetuam a relação partida em agosto de 2008, a partir de um
manicomial, diluindo-a por todo socius. convite da direção e da coordenação
Por outro lado, podem emergir clínica do CAPS dessa AP para que um
comunicações transversais que operam dos pesquisadores assumisse a supervisão
graus de abertura na rede de atenção clínico-institucional do serviço e do seu
psicossocial, criando efeitos-subjetividade território. A encomenda dirigida pela
de aquecimento e de expansão das formas coordenação de saúde mental do município
de relação entre usuários, trabalhadores e foi a de que a supervisão não se
gestores. restringisse apenas ao CAPS, mas se
O presente trabalho é resultado de estendesse a outros equipamentos da rede
uma pesquisa que problematiza a dinâmica de atenção psicossocial, funcionando de
comunicacional da rede de atenção maneira ampliada pelo território.
psicossocial de uma área da cidade do Rio
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Composição do Plano da Pesquisa: É nesse cenário que uma equipe


Impressões sensíveis de um trajeto e a sobrevivente constituída por um diretor,
experimentação afetiva de um meio uma coordenadora clínica, um psiquiatra,
três psicólogos, uma assistente social, uma
Estávamos lançados no campo não enfermeira, duas terapeutas ocupacionais,
só como pesquisadores, mas também como uma administradora, uma professora de
trabalhadores da rede de atenção dança, uma musicoterapeuta, uma auxiliar
psicossocial. Um de nós exercia a função- administrativa, duas auxiliares de
supervisão em CAPS II de uma área enfermagem, uma cozinheira, uma copeira,
programática que compreende nove bairros duas auxiliares de serviços gerais, dois
da zona norte da cidade do Rio de Janeiro. porteiros e dois vigilantes tomam para si o
Esse território conta com cinco desafio da construção de uma rede
equipamentos de saúde: uma Policlínica, progressiva e ininterrupta de cuidados
um Posto de Saúde, uma Emergência, intensivos em saúde mental.
CAPS II e um Instituto Psiquiátrico. No ano de 2011 o CAPS II atendia
O CAPS é o único Centro de 483 usuários. Apesar de funcionar como
Atenção Psicossocial deste território, CAPS II, não oferece refeição diária aos
atendendo a uma população oficial de usuários assistidos, ofertando apenas um
aproximadamente de 700.000 habitantes pequeno lanche, o que afeta
(IBGE, 2010); sendo a população toda da significativamente o projeto clínico-
AP estimada em 1.112.000 habitantes político desse serviço. O cuidado prestado
(IPP-2009). Pode-se dizer que há um aos usuários no CAPS II inclui as seguintes
deserto sanitário instituído neste território, atividades: atendimento individual,
se levarmos em consideração o número de atendimento em grupos (conscientização
equipamentos de saúde frente à demanda do movimento corporal, grupo terapêutico,
populacional dessa região. Além disso, musicoterapia, grupo de família,
essa é uma área de pobreza com baixo atendimento em oficinas terapêuticas
investimento em políticas públicas, o que (brincando de cinema, oficina de vídeo,
produz uma dureza nos modos de sentir, geração de renda, oficina expressiva) e
pensar e fazer que ganha ares, visitas domiciliares.
frequentemente, de brutalidade. A
violência atravessa capilarmente as A metodologia da Pesquisa
relações sociais.
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De início devemos ressaltar o que estão sempre em desequilíbrio e que ora se


entendemos como particularidade do aproximam, ora se afastam uma das
dispositivo-supervisão e como o outras.” (idem).
experimentamos no CAPS enquanto Guiados pelas trilhas abertas por
recurso metodológico de que a rede de Foucault (1975), Deleuze (1996) e Barros
atenção psicossocial lança mão para (1997) compreendemos o dispositivo por
construir o cuidado e gerir esse mesmo sua capacidade de irrupção naquilo que se
cuidado. O que é esse dispositivo? encontra impedido de criação, de
Foucault em seu artigo “Sobre a expansão, de diferenciação. Cabe ao
História da Sexualidade” (1979) nos indica dispositivo criar tensão, movimentar,
três aspectos que devem ser considerados mexer, deslocar para outro lugar, desfazer
para a análise de um dispositivo: a) a códigos, compor-se a partir de múltiplas
formação em rede dos dispositivos (o conexões e ao mesmo tempo gerar outras
dispositivo como produtor de ligação entre tantas conexões. Essas funções imanentes
elementos heterogêneos: discurso, ao dispositivo, de saída não estão dadas,
instituição, leis, regulamentos, enunciados tornando-se necessário dispará-las,
científicos, proposições filosóficas, etc); b) construí-las, ou seja, pô-las a funcionar.
a qualidade da ligação criada e recriada Pensar o exercício clínico-político da
nessa rede (a relação de pressuposição supervisão nos convoca considerar tanto os
recíproca entre os elementos dessa rede se elementos heterogêneos de que esse
encontra em constante movimento); c) a dispositivo é composto quanto os seus
dimensão estratégica dessa rede (o efeitos em termos de processos de
dispositivo responde sempre a uma produção de subjetividade e de produção
urgência). de saúde. No campo atual da saúde
Deleuze (1996, p.83), ao comentar pública, devemos pensar o dispositivo da
o conceito de Foucault sobre o dispositivo supervisão clínico-institucional a partir da
pensa-o como “uma meada, um conjunto noção de apoio institucional.
multilinear composto por linhas de A partir das contribuições de
natureza diferente”. No dispositivo as Campos (2000), tomamos o apoio
linhas não delimitam ou envolvem institucional como dispositivo de
processos homogêneos por sua própria ampliação da capacidade de reflexão, de
conta, como o sujeito, o objeto, a entendimento e de análise dos coletivos,
linguagem, etc, mas, “traçam linhas que ajudando não só a qualificar sua própria
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intervenção, mas, sobretudo aumentando todos os trabalhadores do serviço,


sua capacidade de produzir saúde (Brasil, incluindo a cozinheira, as merendeiras,
2008). Dessa maneira, o apoio institucional profissionais de serviços gerais e da
tem a função de: 1) ativar espaços vigilância. O processo de supervisão do
coletivos, através de arranjos ou CAPS se desdobrou a partir de três linhas
dispositivos que propiciem a interação de ação: planejamento dos processos de
entre sujeitos; 2) reconhecer as relações de trabalho, análise permanente dos processos
poder, afeto e a circulação de saberes, de trabalho e a discussão e construção
visando à viabilização dos projetos coletiva dos casos clínicos.
pactuados por atores institucionais e A supervisão do território
sociais; 3) mediar a construção de normalmente acontecia às quartas-feiras
objetivos comuns e a pactuação de das 13h30 min às 16h30 min. Participaram
compromissos e contratos; 4) agir com os deste dispositivo os equipamentos de saúde
coletivos, interferindo em processos de (Unidades Básicas de Saúde, Programa de
qualificação das ações institucionais; 5) Saúde da família, Ambulatórios,
promover ampliação da capacidade crítica Emergência Psiquiátrica, Hospital
dos grupos, propiciando processos Psiquiátrico, etc.) e os equipamentos da
transformadores das práticas de saúde e rede intersetorial (CRAS, CRES, diretores
contribuindo para melhorar a qualidade da de Escolas do território, Associação de
gestão no SUS (Oliveira, 2011). Moradores, Lonas Culturais, Conselho
Analisamos dois dispositivos Distrital, Fórum Judiciário, etc). A
concretos: 1) a supervisão de equipe supervisão do território foi um dispositivo
enquanto rede de trabalhadores do CAPS e de discussão coletiva dos impasses e
2) a supervisão de território enquanto rede dificuldades experimentados no
de trabalhadores dos equipamentos de atendimento de casos clínicos encarados
saúde coletiva e dos equipamentos como de difícil resolutividade no território.
intersetoriais implicados com a produção
de cuidado e gestão desse mesmo cuidado Composição dos conceitos-ferramenta: a
no território. concepção de rede
A supervisão do CAPS acontecia às
terças-feiras das 09h30min às 12h30min. Gilles Deleuze e Félix Guattari em
Estavam presentes nesse dispositivo a Mil Platôs (1995) afirmam o conceito de
direção do CAPS, a coordenação clínica, rede a partir do primado ontológico da
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linha de força sobre a forma constituída, fechamento, capturando a potência de


fazendo operar o primado da relação ou da diferir da vida. O fechamento gera modos
conexão sobre a forma instituída. A fim de de experimentar a realidade em que o
efetuar os desafios que essa ontologia produto se separa de seu processo de
convoca, tais autores tomam de produção. A dinâmica em rede se
empréstimo à botânica o termo rizoma que caracteriza por esse paradoxo, por essa
define sistemas e caules subterrâneos de ambivalência, porque comporta tanto um
plantas flexíveis que dão brotos e raízes funcionamento quente quanto um
adventícias em sua parte inferior. funcionamento frio.
Para esses autores, um rizoma é É importante ressaltar que a
composto por conexão de linhas de dinâmica da rede se torna quente quando
segmentaridade dura, linhas de opera por conectividade ascendente e
segmentação maleável e linhas de fuga, expansão sem hierarquia, criando efeitos
diferentes linhas que atravessam tanto os transversais. Em outras palavras, a rede
grupos, os indivíduos, quanto as quente afirma a experiência do coletivo
sociedades compondo nosso mapa como constituinte de novas formas de
individual, grupal ou coletivo. Tais linhas existência, gerando efeitos de
se transformam e penetram umas nas diferenciação da vida. Esse plano de
outras, formando um rizoma que se estende produção heterogenético cria uma política
como um mapa aberto a ser traçado o de resistência aos efeitos de serialização,
tempo todo. É nesse sentido, que descrever homogeinização, autoritarismo
a dimensão rizomática da realidade nos característicos do capitalismo
leva a traçar cartografias. A cartografia é o contemporâneo.
método de acompanhamento dos processos Há uma tendência ao movimento de
de conexão que engendram dada realidade. esfriamento da rede quando identificamos,
Passos e Barros (2004), ao cartograficamente, em sua dinâmica a
definirem a dimensão pública e coletiva preponderância de linhas duras ou
das redes no contemporâneo, ressaltam o segmentares compostas de nós que
sentido ambíguo e paradoxal de seu funcionam como concentrados de poder. O
funcionamento. Deve-se compreender que movimento de esfriamento da rede está
tais redes comportam, ao mesmo tempo, relacionado com a função desempenhada
abertura, deixando escapar linhas de fuga por seus nós. Quando os nós da rede
criadoras de novas formas de existência, ou exercem a função de concentrados de
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poder tendem a se transformarem em auto- processos de diferenciação que ativam o


referentes, passando a reproduzir seu campo de forças de que a realidade é
próprio lugar em uma conectividade constituída (Guattari, 2004).
descendente, hierárquica, vertical e Em sua versão fria, a rede de saúde
fechada. Neste caso, o cargo de direção de pode ser constituída de concentrados de
um CAPS, por exemplo, pode coincidir e poder que impedem tanto o manejo
colar com a função-de-direção, tornando-se distribuído das funções de gestão, quanto à
indistintos e inseparáveis, de tal maneira abertura transversal intra e inter grupos,
que aquele que ocupa o cargo tende a comprometendo as construções e
concentrar em si toda a função de direção, pactuações coletivas. Quando detectamos a
comprometendo o protagonismo e a predominância desse funcionamento
corresponsabildiade dos integrantes da concentracionário de poder, há indícios de
equipe. A concentração de poder em um nó que essa rede esteja esfriando.
da rede compromete o grau de abertura Outro vetor que nos parece
transversal do grupo. A transversalidade do importante ressaltar frente ao movimento
grupo é o que garante, segundo Guattari de esfriamento da rede diz respeito a uma
(2004), uma posição sujeito ou uma relação de distinção e de separação entre os
posição assujeitada nessa mesma rede. nós da rede, de maneira que se pressupõem
Dessa forma, os concentrados de poder entre eles efeitos de verticalização,
esfriam a rede na medida em que hierarquização, oposição, dicotomização,
diminuem o grau de abertura transversal, ou efeitos de homogeneização, serialização
produzindo efeitos de assujeitamento em e assujeitamento. A título de exemplo
seus integrantes. pode-se citar a relação de distinção e
Definimos transversalidade como o separação entre as funções de atenção e de
aumento do grau de abertura gestão na rede de atenção psicossocial,
comunicacional quando os sujeitos comprometendo o grau de transversalidade
rompem o padrão organizacional grupal. Neste caso, vê-se que, se de um
tradicional verticalizado e hierarquizado da lado, os diferentes se separam
comunicação nas instituições. Dessa hierarquicamente, gerando uma relação de
maneira, tornam-se agentes ativos de oposição e dicotomia entre atenção e
transformação e de uma conectividade que gestão, do outro lado, os iguais se colam
não pára de ser desfeita, feita e refeita ao formando blocos sintomáticos de
intensificar as alianças, as relações e os corporativismo que indicam uma posição
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assujeitada dos trabalhadores e dos semelhantes e bem distribuídos


gestores na rede de atenção psicossocial. espacialmente, mas, sobretudo, como um
Convém ressaltar novamente que a conjunto de serviços complementares uns
relação de hierarquização, autoritarismo, aos outros, que devem compor um sistema,
homogeneização, serialização e exigindo ordenação, normatização,
assujeitamento dos trabalhadores e racionalização.
usuários são efeitos-subjetividade
produzidos por concentrados de poder que A dimensão afetiva da rede de atenção
operam localizando o poder como se ele psicossocial
fosse algo que se detivesse nas próprias
mãos, tornando-o privado, obscurecendo A dimensão afetiva de uma rede diz
desta forma o exercício de sua circulação respeito ao grau de abertura relacional
presente nas relações de força intra e inter entre os seus nós constituintes. Em outras
grupos. palavras, uma rede se caracteriza pelo grau
Para melhor pensar a concepção de de abertura de seus componentes (os nós
rede com que estamos trabalhando, é da rede) para ser afetado e afetar,
importante distinguir as diversas constituindo um sistema de conversações
dimensões da rede de atenção psicossocial. produtoras de territórios existenciais tanto
para os usuários quanto para os
A dimensão funcional da rede de trabalhadores e gestores dos serviços
atenção psicossocial (Teixeira, 2003). O acolhimento dialogado
é proposto como uma conversa que pode
Definimos como funcional a ser operada por qualquer profissional em
dimensão que descreve o funcionamento e qualquer momento de atendimento em
a articulação do sistema de saúde. À qualquer dos encontros que funcionem
medida que a assistência à saúde é como nós da rede de conversações
expandida surge uma preocupação não composta pelos serviços de saúde, pelos
apenas com o estabelecimento dos trabalhadores e usuários. As conversações
serviços, mas, sobretudo, com o modo formam extensas redes de trabalho cuja
como os serviços se articulam executando matéria prima é de afetos. Seguindo as
ações de saúde. Nesse contexto, a rede é indicações de Teixeira (2005), nomeamos
compreendida não somente como um mero como rede de produção de afetos os
conjunto de serviços de características sistemas transversais de conversações que
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funcionam conectando, aumentando as embora não seja redutível a ele. A ciência


possibilidades de agenciamento e de governar o Estado é apenas um dos
composição de forças entre usuários, modos de expressão da política. Se
trabalhadores, gestores, supervisores, ampliarmos o sentido de política pública,
agentes comunitários de saúde, não o restringindo mais ao domínio
pesquisadores e diferentes profissionais da específico das práticas mediadas pelo
saúde. Estado, é porque nos interessa pensar as
relações de poder que põem os sujeitos em
A dimensão intensiva da rede de atenção relação, articulando-os, fazendo-os
psicossocial constituir mundos e ao mesmo tempo
constituindo um tecido existencial para
A dimensão intensiva de uma rede eles (Benevides & Passos, 2005).
diz respeito aos movimentos de Alterações da experiência coletiva
diferenciação contínua resultado da podem gerar políticas públicas malgrado o
comunicações transversais que se dão entre centripetismo característico da máquina do
elementos heterogêneos. Em outras Estado que tende a interioriza o
palavras, uma rede entra em processo de movimento das forças que emanam do
diferenciação de acordo com os elementos coletivo. Entendemos que as políticas
que entram em conexão e com o grau de públicas estão encarnadas nas experiências
abertura para ser afetado e afetar. A dos usuários, trabalhadores e gestores que
dimensão intensiva é responsável pelos se transformam em consonância com a
movimentos de transformação e criação de alteração das práticas de atenção e de
novas realidades na/da rede. gestão. Significa dizer que uma mudança
nos processos de produção de saúde requer
A dimensão pública da rede de atenção também transformação nos processos de
psicossocial subjetivação. Transformar os modos de
cuidar num serviço de saúde exige que se
Definimos a dimensão pública da alterem também a organização dos
política de saúde como aquela construída a processos de trabalho, a dinâmica de
partir da experiência concreta dos coletivos interação da equipe, os mecanismos de
implicados nas práticas de produção de planejamento, de decisão, de avaliação e
saúde. Essa dimensão política da rede de de participação. Para isso, são necessários
saúde está relacionada com o Estado arranjos e dispositivos que interfiram nas
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formas de relacionamento nos serviços e relações entre os sujeitos e as instituições


nas outras esferas do sistema, garantindo indica a perspectiva política do processo de
práticas de corresponsabilização, de produção de saúde.
cogestão e de grupalização.
O dispositivo da supervisão
A dimensão criativa da rede de atenção
psicossocial Um de nós experimentou a função
de supervisora clínico-institucional de uma
A dimensão criativa se constitui a AP do RJ durante três anos e quatro meses
partir de uma perspectiva estético-ético- ao mesmo tempo em que efetuou a
política do processo em rede de produção pesquisa de campo nesse mesmo território.
de saúde. A perspectiva estética é a que O desafio de superar a distância entre o
identifica nas redes de saúde seus pesquisador e o trabalhador de saúde, entre
movimentos de produção de campos de o sujeito e objeto do conhecimento, forçou-
virtualidades, isto é, novos sentidos e nos a afirmar o caráter de intervenção da
formas de vida. A perspectiva ética pesquisa. A pesquisa-intervenção é uma
ressalta a abertura à experimentação, pois das pistas do método da cartografia (Passos
uma rede pode se caracterizar por uma & Barros, 2009), e que nos orientou a
maior ou menor disposição à experimentar pensar a produção de conhecimento acerca
novas formas de fazer, pensar e sentir nas do dispositivo de supervisão como um
relações que se estabelecem entre os trabalho não só de descrever, mas também
sujeitos implicados no processo de de intervir e acompanhar os efeitos-
produção de saúde. Não cabe julgar com subjetividade que adivinham ao longo do
valores morais os mundos que se cria, mas percurso da investigação. A pesquisa-
acompanhar cuidadosamente o quanto de intervenção forjou uma desestabilização
vida consegue passagem e expressão daquilo que nos territórios existenciais
nesses mundos que são produzidos nas comparecia cristalizado, endurecido,
redes de saúde. Aqui a ética não se orienta fechado. Tomamos a supervisão do CAPS
por valores morais, mas sim por um e a supervisão de território como
“ethos” de acolhimento aos movimentos de dispositivos concretos de intervenção e
criação. Por fim, a dimensão criativa das acompanhamento dos efeitos transversais
redes de saúde diz respeito à mudança das produzidos na rede de atenção
instituições e grupos. Tal alteração das psicossocial do território. Não bastava pô-
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los a funcionar, mas, sobretudo, demandas de diversas naturezas,


acompanhar cada vez mais seus efeitos. comprometendo a criação e a organização
Coube ao supervisor acompanhar dos processos de cuidado. Percebíamos
os movimentos da rede de saúde, atento às que a equipe do CAPS ficava
desestabilizações das linhas totalitárias sobrecarregada, pulverizando o cuidado
presentes. As linhas duras foram aos desenvolvido, levando-os a produzir pouco
poucos liberando passagem às forças que ou quase nenhum impacto no território.
habitavam a rede de saúde. Tínhamos o Era curioso o modo como os
desafio de criar abertura a uma trabalhadores do CAPS lidavam com a
comunicação transversal para liberar as experiência de crise dos usuários naquele
linhas de conectividade intra e intergrupos serviço. Acreditava-se se que a crise tinha
nos serviços e nas outras esferas do sistema como espaço de cuidado privilegiado o
em múltiplas direções e múltiplos sentidos. hospital psiquiátrico. A comunicação
A aposta na participação bem como na transversal interna e externa dava sinais de
inclusão dos diferentes sujeitos implicados esfriamento e estagnação frente às
no processo de produção de saúde e a situações de crise.
ênfase na conectividade da rede foram A discussão e construção coletiva
diretrizes metodológicas que nos guiaram sobre os casos fez aparecer o
nessa pesquisa-intervenção. funcionamento da rede de atenção
Inicialmente a experiência de psicossocial como “um caso” a ser
supervisão do CAPS colocou-nos em também posto em análise. Tínhamos o
contato com uma sensação de dispersão duplo desafio de, por um lado, discutir os
coletiva que incomodava. As situações que casos trazidos pelos trabalhadores da rede
atravessavam a discussão coletiva dos de atenção psicossocial e, por outro, por
casos de usuários do CAPS compareciam em análise o funcionamento da rede de
num regime de urgência que nos impedia atenção psicossocial como um caso
de escutá-las, pausá-las. Era preciso evitar também a ser cuidado por mais difícil que
o apelo a soluções imediatas e milagrosas a essa aposta pudesse nos parecer.
fim de formular problemas, criando Investimos na produção de uma
pactuações sempre coletivas e provisórias. comunicação transversal e intensiva
O CAPS atendia a um grande contingente traçada a partir de alianças entre a atenção
de usuários da policlínica. Esse e a gestão nos diversos níveis da rede,
atendimento ocupava os trabalhadores com criando abertura para a emergência de
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outros sentidos, ou seja, outras dimensões Havia pouca valorização do trabalho com
da rede para além da dimensão funcional. grupos, faltando espaço físico para o
A experiência de supervisão do trabalho clínico-grupal.
território também teve um início difícil, Após um estudo de dois meses
levando-nos a experimentar afetos sobre o perfil da clientela atendida e os
paradoxais. As expressões sisudas modos de cuidado ofertados pela
estampadas nas feições dos trabalhadores e policlínica aos usuários acolhidos pela área
gestores anunciavam quase sempre a de saúde mental, constatou-se que 65,72%
iminência de um duro combate. Em dos atendimentos eram feitos a mulheres
muitos momentos entramos em contato com idade entre 20 e 49 anos que possuíam
com acusações, ataques, julgamentos, diagnósticos de ansiedade generalizada.
hostilidades, culpabilizações, desrespeito, Tais usuárias faziam uso de
disputa pelo poder, antagonismo. A benzodiazepínicos e ansiolíticos como
dificuldade de obtermos informação da única possibilidade de tratamento.
prática em saúde mental da policlínica foi Verificou-se que 23,28% dos atendimentos
potente analisador que nos levou a uma que eram realizados a quadros crônicos de
aproximação dos processos de cuidado e psicose tinham como única oferta de
de gestão daquele serviço. tratamento a manutenção da mesma receita
Não existia na policlínica abertura há vários anos. Detectou-se também
para discussão e construção coletiva dos 25,72% dos atendimentos eram realizados
casos, nem havia um momento na equipe a usuários dependentes de substâncias
de saúde mental em que pudesse pensar o psicoativas mais precisamente cocaína e
funcionamento dos processos de trabalho. crack. Constatou-se que 29% dos usuários
Isso gerava uma série de mal entendidos que davam entrada na internação no
envolvendo os usuários, trabalhadores, a Instituto psiquiátrico da AP pertenciam ao
gestão do serviço e os demais território do CAPS e da policlínica. Estes
equipamentos do território. Os usuários dados funcionaram como indicadores
com quadro de maior gravidade, na clínicos e importantes analisadores do
maioria das vezes, não chegavam a ser cuidado no território.
acolhidos. Já aqueles que eram acolhidos Compreendíamos a partir desse
pelo serviço experimentavam como única estudo que não bastava apenas contratar
possibilidade de tratamento a manutenção mais psicólogos, psiquiatras, enfermeiros,
da mesma receita médica há vários anos. terapeutas ocupacionais dentre outros
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profissionais para enfrentar a dificuldade juntos grupos cujo objetivo era a


de acesso naquele serviço. Era necessário desmedicalização de usuários que faziam
transformar também as formas de cuidado uso de benzodiazepínicos e outros
e a gestão dos processos de cuidado. Após ansiolíticos por longa data. A fisioterapia
discussões de equipe que passaram a construiu grupos com usuários crônicos
compor a rotina do serviço, iniciamos uma que tinham dificuldades de locomoção.
experiência com dois grupos de recepção
no acolhimento de primeira vez dos Conclusão
usuários. Estes grupos tinham a
possibilidade de acolher até doze usuários Iniciamos esta pesquisa
por encontro que acontecia duas vezes por interessados em problematizar efeitos
semana. O primeiro grupo foi composto de transversais da supervisão clínico-
uma psiquiatra e dois psicólogos e o institucional do CAPS e do seu território.
segundo composto de um psiquiatra, uma A supervisão de território foi uma aposta
psicóloga, uma enfermeira e um estagiário ética que operou na zona limiar entre saúde
de psicologia. Esta experiência operou uma mental e saúde coletiva, entre a clínica e a
abertura transversal que permitiu a política, entre a atenção e a gestão, entre a
construção de alianças entre trabalhadores supervisão e a pesquisa, entre macro e a
e a direção, possibilitou parcerias de micropolítica, entre produção de saúde e a
trabalho entre trabalhadores que jamais produção de subjetividade articulando uma
tinham trocado uma única palavra, rede transversal de conversações.
dinamizou o processo de acolhimento dos A supervisão como dispositivo
usuários que dormiam na fila sem, muitas transversalizante do cuidado e da gestão do
vezes, conseguir atendimento. cuidado exigiu uma aposta numa dupla
O planejamento coletivo dos direção: 1) ativando o sistema de
processos de trabalho, sua análise regulação, ou seja, a rede de serviços em
permanente e a discussão e construção sua dinâmica acêntrica, funcional, afetiva,
coletiva dos casos desafiou-nos a intensiva, pública e criativa; 2) ativando a
experimentar novos modos de cuidar rede de usuários, trabalhadores e gestores
construídos e geridos coletivamente. que constroem coletivamente o cuidado e a
Surgiu o atendimento de acupuntura gestão do cuidado no território. São estes
realizado pela enfermeira acupunturista. A processos de interação entre usuários,
psicologia e a psiquiatria constituíram trabalhadores, gestores e serviços e destes
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com outros movimentos e políticas de Humanização. Brasília: Editora do


intersetoriais que fazem com que as redes Ministério da Saúde.
de atenção psicossocial experimentem Campos, G. W. S. (2000). Um método
movimentos de produção de saúde e para análise e co-gestão de coletivos
produção de subjetividade num regime de – a construção do sujeito, a
co-emergência em dado território. produção de valor de uso e a
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de Psicologia da Universidade Federal


Fluminense (UFF).
E-mail: e.passos@superig.com.br

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