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Relatório de avaliação de ruído

Introdução:

Foi solicitado ao PSIU, através de Ofício n.º 14/2003 -SMS/CG/OP de


27/06/2003, para que procedesse avaliação de ruído na região onde será construído o
hospital de M`Boi Mirim, com o fim de verificar eventuais impactos provocados pela
operação de terminal de ônibus instalado na vizinhança.
Tal solicitação se deve ao protocolado n.º 291/2002 do Ministério Público do
Meio Ambiente, que demonstra preocupação com a incompatibilidade de localização de
um terminal de ônibus próximo a um hospital, devido à possibilidade de emissão
sonora importante.

Data da avaliação: 15/07/2003


Horário : 15 h
tempo: bom
Temperatura: 25ºC
Presença de ventos: insignificante

Metodologia:

Os procedimentos ditados pela NBR-10.151/2000 foram obedecidos, no que se


refere a medições externas.
Instrumento utilizado: medidor de nível de pressão sonora marca Quest, classe II,
devidamente calibrado.
Quatro pontos eqüidistantes, distanciados cerca de 50 m, ao longo da área onde
será construído o hospital foram determinados para as medições. Não foram realizadas
medições na seção lateral da área, uma vez que não havia a possibilidade de acessá-
la. Um ponto de medição adicional foi definido na entrada do terminal, na situação de
sinal fechado para o trânsito da avenida, com o fim de estimar a contribuição da
operação do terminal. Neste ponto foram realizadas duas medições de 1 min cada. No
primeiro ponto, em frente à área do futuro hospital, foram executadas cinco medições

1
de 1 min cada. Nos demais pontos foram realizadas três medições com duração de 1
min cada.
Os valores do nível equivalente (Leq), nível mínimo (Lmín) e nível máximo
(Lmáx) ponderados na escala A, para cada medição, foram registrados. O valor médio
e o desvio padrão (DP) para cada série de medidas foram calculados. Para o total de
medidas ao longo da avenida, em frente à área do futuro hospital, também calculou-se
o erro-padrão, com o propósito de estimar o nível de ruído equivalente produzido pelo
tráfego.

A área do hospital está localizada na altura do número 5203 da avenida M`Boi


Mirim, ao lado do Terminal Jardim Ângela, inaugurado há duas semanas. O movimento
diário é de 40 a 50 ônibus por hora, aproximadamente, segundo o supervisor do
terminal.
No local, estimou-se que a avenida M`Boi Mirim, dotada de piso asfáltico em
boas condições e com tráfego nos dois sentidos, apresentava um fluxo horário de
tráfego aproximado de 1560 veículos de pequeno porte (automóveis, vans e
motocicletas) e de 480 veículos de grande porte (ônibus e caminhões). O limite de
velocidade no local é de 50 km/h.
A característica do trecho analisado, local de construção do hospital, é de aclive,
com aproximadamente 20% de inclinação no sentido Santo Amaro - Capão Redondo.

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Desenho esquemático do local:

3 Local das
medições

Futuro 2
hospital

1
Semáforo

Entrada

Terminal
Santo
de ônibus
Amaro

Vista superior

Futuro
hospital

Terminal

Vista lateral

3
Resultados:

Tabela 1: Valores de Lmin, Leq e Lmáxi para os pontos de 1 a 4, com respectivos valores da média e do desvio-
padrão:
Medidas Lmin Leq Lmax
1.1 69,1 78,7 90,3
1.2 71,8 80,3 88,6
1.3 67,4 77 83,8
1.4 64,2 77,6 85,7
1.5 64 77,9 90,3
Média 67,3 78,3 87,7
DP 3,3 1,3 2,9

Medidas Lmin Leq Lmax


2.1 64,1 77 87,4
2.2 67,8 76,4 87,4
2.3 60,8 78,2 88,9
Média 64,2 77,2 87,9
DP 3,5 0,9 0,9

Medidas Lmin Leq Lmax


3.1 64,1 79,6 90,6
3.2 61,8 75,6 89,7
3.3 70 78,8 91,6
Média 65,3 78,0 90,6
DP 4,2 2,1 1,0

Medidas Lmin Leq Lmax


4.1 54,6 77,3 90
4.2 63,7 78,7 87,7
4.3 65,1 78,2 89,6
Média 61,1 78,1 89,1
DP 5,7 0,7 1,2

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Tabela 2: Valores registrados na entrada do terminal:
Medidas Lmin Leq Lmax
1 61,8 65,8 74,2
2 62 64,8 73
Média 61,9 65,3 73,6
DP 0,1 0,7 0,8

Tabela 3: Estimativa do nível de ruído a partir do cálculo do erro-padrão:


Medidas Lmin Leq Lmax
1 69,1 78,7 90,3
2 71,8 80,3 88,6
3 67,4 77 83,8
4 64,1 77 87,4
5 67,8 76,4 87,4
6 60,8 78,2 88,9
7 64,1 79,6 90,6
8 61,8 75,6 89,7
9 70 78,8 91,6
10 54,6 77,3 90
11 63,7 78,7 87,7
12 65,1 78,2 89,6
13 64,2 77,6 85,7
14 64 77,9 90,3
MA= 64,9 78,0 88,7
DP= 4,3 1,3 2,1
EP= 2,5 0,7 1,2

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Discussão:

Verifica-se que, para o conjunto de medidas ao longo da avenida, em frente à


área do futuro hospital, foi registrado um Leq de 78  0,7 dB(A), com erro-padrão de
0,7 dB(A), inferior ao erro do equipamento, que é de 2 dB. Assim, pode-se afirmar que
a amostra foi suficiente para caracterizar o ruído gerado pelo tráfego nas circunstâncias
descritas. Para o nível de ruído máximo também vale a mesma assertiva, já que o erro
foi inferior a 2 dB. Já para o valor mínimo, uma aproximação do ruído residual, seria
necessário ampliar a amostra para buscar um erro menor.
O ruído gerado pela operação do terminal, com o fluxo da avenida parado, foi
de 65,7  0,7 dB(A) (Leq), praticamente 12 dB inferiores ao ruído do trânsito na
avenida, portanto desprezível para o ruído global.
Desse modo, constatou-se que a principal fonte de ruído, que eventualmente
pode interferir nas atividades hospitalares, é o trânsito de veículos na avenida M`Boi
Mirim.
Segundo a OMS1, os efeitos mais importantes da exposição ao ruído em
hospitais é a perturbação do sono, incômodo e interferência na comunicação. Para
prevenir tais efeitos, a entidade recomenda que o nível máximo interior no período
noturno não pode ultrapassar 40 dB(A). Tanto para o período diurno como o noturno, o
valor de Leq interior indicado é de 30 dB(A). Em ambientes de tratamento e de
recuperação de pacientes, os quais apresentam menor habilidade para enfrentar o
estresse, o valo do nível máximo não pode ser maior do que 35 dB(A) (Leq). Cuidado
maior deve ser observado em unidades de terapia intensiva e centros cirúrgicos.
Portanto, no projeto do hospital, estes aspectos devem ser observados,
considerando o ruído gerado pelo tráfego local e as diretrizes acima referidas, com o
fim de se obter um estabelecimento adequado, também do ponto de vista acústico.
Para alcançar este fim, haverá a necessidade de adoção de critérios de engenharia
acústica, como por exemplo, a instalação de barreiras, isolamento de fachadas,
disposição da construção em relação à fonte, etc.

Luiz Felipe Silva


Engenheiro
RF: 630.568.7-00

6
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1
Berglund B, Lindvall T, Schwela DH. Guidelines for community noise. Geneva: World Health
Organization; 1999.

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