Você está na página 1de 58

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS


INSTITUTO DE SOCIOLOGIA E POLÍTICA

Monografia

Uma Análise do impacto das coligações nas eleições para


a Câmara Municipal do Capão do Leão (1988-2008)

Rafael Nachtigall de Lima


2

Pelotas, dezembro de 2010


Rafael Nachtigall de Lima

Uma Análise do impacto das coligações nas eleições para


a Câmara Municipal do Capão do Leão (1988-2008)

Trabalho de conclusão de curso


apresentado ao Instituto de Sociologia e
Política como requisito parcial à obtenção
do título de Bacharel em Ciências Sociais

Orientador: Prof. Alvaro Augusto de Borba Barreto


2

Pelotas, dezembro de 2010


Agradecimentos

Começo este trabalho, agradecendo às pessoas que me apoiaram e


ajudaram a escrevê-lo. A todos aqueles que, com toda a certeza, fizeram desses
quatro anos de graduação, os melhores da minha vida.
Em primeiro lugar, agradeço ao meu orientador, professor Dr. Álvaro Barreto
pela paciência e compreensão durante estes anos em que fui seu orientando, seja lá
quando começamos, quando fui seu bolsista PIBIC-CNPq, e era de minha intenção
trabalhar com dois tópicos primários: sistema eleitoral e sistema partidário no
município do Capão do Leão, ou nestes últimos tempos, quando tornou-se
imperativo concluir os estudos que durante três anos fui amadurecendo a ideia,
escolhendo qual dos aspectos do sistema partidário tornaria a pesquisa mais
interessante e coletando dados.
Agradeço, também, à minha família que me apoiou intensamente nesses
últimos quatro anos, confiando nas escolhas que fiz e colheu comigo os frutos e as
agruras dessas escolhas. Aos meus pais, Marco Antônio e Tânia Maria, dedico
especialmente este trabalho, pois sem os esforços deles, eu não poderia esforçar-
me apenas aos estudos, podendo fazer da graduação a melhor época da minha
vida, uma época da qual vou lembrar sempre e servirá de base para o meu futuro.
Aos meus irmãos Juliane e Filipe, dedico a minha graduação como prova de que os
esforços são sempre recompensados desde que acreditemos naquilo que
perseguimos e que persigamos com vontade de viver dias melhores. Aos meus tios
e tias, minhas primas e primos também agradeço, pois tenho certeza que torceram
por mim, assim como meus queridos avós falecidos Volnei e Ana Nachtigall e José
Lima. Agradeço também à minha avó Elza que sempre me incluiu em suas preces.
4

Na graduação sempre tive excelentes professores que me ajudaram a


concluí-la com mais facilidade e prazer. Agradeço especialmente àqueles ligados à
Ciência Política, que é a área que eu mais tinha curiosidade e apreço antes de
entrar para a faculdade, apenas aumentaram os meus desejos de continuar
estudando este campo. Os conhecimentos de Daniel Mendonça tanto em análise do
discurso, quanto em teoria das elites, os de Hemerson Pase e Rosângela Schulz em
Democracia radical, foram de grande valia para os meus estudos. Dos professores
de Sociologia só tenho boas palavras: Maria Thereza, Paulo Cava e Francisco
Vargas, são de uma capacidade teórica magnífica que prepara e nos instiga a
questionar o social. Léo Peixoto, e sua didática impar, também foram de grande
importância na minha formação acadêmica, especialmente durante o ano de 2010.
Agradeço aos meus colegas de graduação que, com certeza, ajudaram-me
a tornar esse período mais alegre e menos pesado, apesar de que algumas
discussões sempre são bem vindas na construção do conhecimento teórico. Aqui,
cito especialmente Leandro, Matheus, Felipe, Christian e Aline. Tenho certeza que
ficaram apenas boas lembranças dessa gurizada que sempre se divertiu, seja nos
quinze minutos antes da aula começar, seja na aula propriamente dita e
especialmente depois que a aula acabava, quando estávamos juntos sempre
conversando e socializando.
Por último, agradeço aos meus amigos que tornaram esses quatro anos
muito aprazíveis e que continuaram comigo nessa caminhada. Agradeço
especialmente a Fábio, Matheus, Thiago, Jorge e Charles e às suas famílias que
sempre receberam-me em suas casas com muito carinho e atenção.
Resumo

Esse artigo é um estudo das coligações nas eleições para a Câmara Municipal do
Capão do Leão (RS), no período 1988-2008. O objetivo principal é analisar o
impacto que estas causaram na representação política, em especial a distribuição de
cadeiras entre os partidos e o aproveitamento de votos do eleitorado.
Subsidiariamente, a pesquisa pretende observar a validade dessa estratégia para os
diferentes partidos, o que será realizado por meio de análise comparada do
aproveitamento das legendas que coligaram e as que não coligaram.
Abstract

This article is a study of coalitions in elections for City Council of Capão do Leão
(RS) in the period 1988-2008. The main objective is to analyze the impact that they
caused to political representation, particularly the distribution of chairs among the
parties and the utilization of votes of the electorate. Alternatively, the research
intends to observe the validity of this strategy to the different parties, what will be
accomplished through the comparative analysis of the use of legends that coalesced
and not coalesced.
Lista de Figuras

Quadro 1 – Partidos que disputaram as eleições para a Câmara Municipal de


Capão do Leão, no período 1988 a 2008 ............................................................ 22
Quadro 2 – Número de eleições para a Câmara Municipal do Capão de Leão
disputadas pelos partidos, no período 1988 a 2008 ........................................... 23
Quadro 3 – Número de partidos que disputaram as eleições para a Câmara
Municipal de Capão do Leão, no período 1988-2008 ......................................... 24
Quadro 4 – Estratégia escolhida pelos partidos que disputaram as eleições
para a Câmara Municipal de Capão do Leão, no período 1988 a 2008 ........... 25
Quadro 5 – Eleições disputadas pelos partidos e aquelas em que escolheu
coligar para a Câmara Municipal de Capão do Leão, no período 1988 a 2008 26
Quadro 6 – Coligações efetuadas nas eleições para a Câmara Municipal de
Capão do Leão, no período 1988-2008 ............................................................ 27
Quadro 7 – Listas que concorreram às eleições para a Câmara Municipal de
Capão do Leão, no período 1988-2008 .............................................................. 28
Quadro 8 - Estratégia utilizada pelos partidos que não elegeram candidatos
para a Câmara Municipal do Capão do Leão, no período 1988-2008 ................ 40
Quadro 9 – Estratégias adotadas pelos partidos entre um pleito e outro, nas
eleições para a Câmara Municipal de Capão do Leão, no período 1988-2008 .. 41
Quadro 10 – Comparação entre o resultado oficial da distribuição de cadeiras
e a simulação sem coligações nas eleições para a Câmara Municipal de
Capão do Leão, no período 1988-2008 .............................................................. 47
Quadro 11 – Votos nominais não aproveitados nas eleições para a Câmara
Municipal do Capão do Leão, no período 1988-2008 ......................................... 48
Quadro 12 – Número efetivo de partidos nas eleições para a Câmara
Municipal do Capão do Leão, no período 1988-2008.......................................... 49
8
Lista de Tabelas

Tabela 1 – Listas, número e percentual de partidos discriminados pela


condição em que disputaram as eleições para a Câmara Municipal de Capão
do Leão, no período 1988-2008 .......................................................................... 29
Tabela 2 – Número de partidos concorrentes, número e percentual daqueles
que disputaram avulsos ou coligados, nas eleições para a Câmara de
Municipal de Capão do Leão, no período 1988-2008 ......................................... 29
Tabela 3 – Número de coligações, de partidos coligados e média de legendas
por coligação, nas eleições para a Câmara Municipal de Capão do Leão, no
período 1992-2008 .............................................................................................. 30
Tabela 4 – Resultado das eleições para a Câmara Municipal de Capão do
Leão, em 1988 .................................................................................................... 31
Tabela 5 – Resultado das eleições para a Câmara Municipal de Capão do
Leão, em 1992 .................................................................................................... 32
Tabela 6 – Resultado das eleições para a Câmara Municipal de Capão do
Leão, em 1996 .................................................................................................... 33
Tabela 7 – Resultado das eleições para a Câmara Municipal de Capão do
Leão, em 2000 .................................................................................................... 34
Tabela 8 – Resultado das eleições para a Câmara Municipal de Capão do
Leão, em 2004 .................................................................................................... 34
Tabela 9 – Resultado das eleições para a Câmara Municipal de Capão do
Leão, em 2008 .................................................................................................... 35
Tabela 10 – Número de vagas conquistadas pelos partidos nas eleições para
a Câmara Municipal de Capão do Leão, no período 1988-2008 ........................ 36
Tabela 11 – Número de vagas conquistadas pelos partidos nas eleições para
a Câmara Municipal de Capão do Leão, no período 1988-2008, conforme a
condição em que disputou .................................................................................. 37
Tabela 12 – Número de candidatos eleitos por cada partido e qual a estratégia
escolhida, conforme a eleição para a Câmara Municipal do Capão do Leão do
período 1988-2008 .............................................................................................. 37
Tabela 13 – Número de partidos concorrentes, quantidade e percentual
daqueles que se elegeram ou não, nas eleições para a Câmara Municipal de
Capão do Leão, no período de 1988-2008 ......................................................... 38
10

Tabela 14 – Número e percentual de aproveitamento das coligações que


disputaram as eleições para a Câmara de Vereadores de Capão do Leão, no
período de 1988-2008 ......................................................................................... 39
Tabela 15 – Número e percentual de partidos que conquistaram
representação, conforme a condição em que disputaram as eleições para a
Câmara Municipal de Capão do Leão, no período de 1988-2008 ...................... 39
Tabela 16 – Número e percentual de partidos que não se elegeram, conforme
a condição em que disputaram as eleições para a Câmara Municipal de
Capão do Leão, no período de 1988-2008 ......................................................... 40
Tabela 17 – Resultado das eleições para a Câmara Municipal de Capão do
Leão, em 1992, caso não houvesse coligação ................................................... 44
Tabela 18 – Resultado das eleições para a Câmara Municipal de Capão do
Leão, em 1996, caso não houvesse coligação ................................................... 44
Tabela 19 – Resultado das eleições para a Câmara Municipal de Capão do
Leão, em 2000, caso não houvesse coligação ................................................... 45
Tabela 20 – Resultado das eleições para a Câmara Municipal de Capão do
Leão, em 2004, caso não houvesse coligação ................................................... 45
Tabela 21 – Resultado das eleições para a Câmara Municipal de Capão do
Leão, em 2008, caso não houvesse coligação ................................................... 46
Tabela 22 – Número de vagas conquistadas pelos partidos nas eleições para
a Câmara Municipal de Capão do Leão, no período 1988-2008, caso não
houvesse coligação ............................................................................................. 48
Lista de Siglas

DEM Democratas
PCdoB Partido Comunista do Brasil
PDS Partido Democrático Social
PDT Partido Democrático Trabalhista
PFL Partido da Frente Liberal
PL Partido Liberal
PMDB Partido do Movimento Democrático Brasileiro
PP Partido Progressista
PPB Partido Progressista Brasileiro
PPS Partido Popular Socialista
PRB Partido Republicano Brasileiro
PSB Partido Socialista Brasileiro
PSDB Partido da Social Democracia Brasileira
PT Partido dos Trabalhadores
PTB Partido Trabalhista Brasileiro
PT do B Partido Trabalhista do Brasil
Sumário

Resumo ............................................................................................................ 4
Abstract ............................................................................................................ 5
Lista de Figuras ............................................................................................... 6
Lista de Tabelas .............................................................................................. 7
Lista de Siglas ................................................................................................. 9
Introdução ....................................................................................................... 11
Capítulo 1 – Os Estudos sobre coligação ........................................................ 16
Capítulo 2 – Listas e partidos que disputaram as eleições proporcionais de
1988 a 2008 ...................................................................................................... 22
2.1 Apresentação dos concorrentes ................................................................. 22
2.2 A Estratégia de coligar ................................................................................ 24
2.2.1 Os Partidos que coligam .......................................................................... 24
2.2.2 A Configuração das coligações ................................................................ 26
2.2.3 As Listas que disputaram os pleitos ......................................................... 28
Capítulo 3 – Os Resultados das eleições ........................................................ 31
3.1 Distribuição de votos de 1988 a 2008 ......................................................... 31
3.2 As Vagas conquistadas por partido e conforme a estratégia adotada ........ 36
Capítulo 4 – Simulação de resultado sem as coligações ................................. 43
Conclusão ........................................................................................................ 50
Referências ...................................................................................................... 52
Introdução

O presente trabalho estuda as coligações nas eleições para a Câmara


Municipal do Capão do Leão (RS), no período 1988-2008. O objetivo é analisar o
impacto que estas causaram na representação política do município, em especial a
distribuição de cadeiras entre os partidos e o aproveitamento de votos do eleitorado.
Subsidiariamente, a pesquisa pretende observar a validade dessa estratégia para os
diferentes partidos, o que será realizado por meio de análise comparada do
aproveitamento das legendas que coligaram e as que não coligaram.1
O recorte temporal adotado abrange 1988, a primeira eleição geral de
âmbito municipal realizada depois que a legislação eleitoral brasileira voltou a
permitir a coligação2, e 2008, a mais recente disputa de âmbito local já realizada.
Nesses 20 anos, registram-se seis pleitos (1988, 1992, 1996, 2000, 2004 e 2008),
nos quais foram distribuídas 54 cadeiras (nove em cada um).3
É importante destacar que coligação é o termo atualmente utilizado no
Brasil, seja na legislação eleitoral, seja na Ciência Política ou na imprensa em geral,
que designa a união formal de dois ou mais partidos com vistas a participar de uma
eleição.4 A coligação pode ocorrer tanto em disputas majoritárias (Prefeito, no caso
dos municípios), quanto proporcionais (Vereadores, também no caso em estudo).
Neste trabalho, como já foi indicado, o foco estará na disputa proporcional.

1
- Os aspectos ideológicos serão mencionados na bibliografia, mas o trabalho não tem a intenção de
seguir uma definição dos partidos no município quanto a este aspecto.
2
- A aliança eleitoral de partidos, proibida pelo Código Eleitoral de 1965, voltou a ser permitida a partir
das eleições isoladas de 1985.
3
- Capão do Leão, ao contrário de grande parte dos municípios brasileiros, não foi atingido pela
mudança no número de cadeiras das Câmaras de Vereadores, determinada pela Justiça Eleitoral, em
2004. Ele já mantinha e permaneceu com o número mínimo de cadeiras que compõem os legislativos
municipais.
4
- Outros termos utilizados são: aliança e apparentement (SCHMITT, 2005).
14

Apesar de muito comentada e referenciada em trabalhos sobre política


brasileira, apenas nos últimos anos as coligações praticadas no período pós-1985
passaram a ser analisadas de modo mais empírico, com estudos centrados em
situações concretas e casos particulares (BARRETO, 2009; SCHMITT,1999). A tese
de doutorado de Rogério Schmitt (1999), intitulada “Coligações eleitorais e sistema
partidário no Brasil”, foi o primeiro grande trabalho a analisá-las no atual período
político-eleitoral do país e teve como foco principal avaliar o impacto das coligações
nas eleições para a Câmara dos Deputados sobre o formato do sistema partidário e
sobre o funcionamento do sistema eleitoral. O livro de Alvaro Barreto, “Coligação em
eleições proporcionais: a disputa para a Câmara de Vereadores de Pelotas (1988-
2008)”, avalia a inserção das coligações naquele município e dimensiona os
impactos por ela causados na representação partidária.
Em 2006, Yan Carreirão escreveu “Ideologia e Partidos Políticos: um estudo
sobre coligações em Santa Catarina”, com vistas a analisar os pleitos ocorridos
entre 1986 e 2004 para todos os cargos daquele estado (exceto o de Senador e o de
Vereador) e verificar se os partidos encaram os aspectos ideológicos como
obstáculos na hora de procurar parceiros. Suas conclusões apontaram que as
coligações chamadas “inconsistentes”, aquelas realizadas entre parceiros de
diferentes campos ideológicos foram aumentando com o passar do tempo. Outra
conclusão é a de que alguns partidos tendem a ser mais exigentes com relação a
esse aspecto e cita o caso do PT como caso emblemático de partido exigente
ideologicamente no passado que afetou diretamente a mudança entre 1986 e 2004.
Isso porque, após 2002, ele flexibilizou este critério e chegou a coligar-se até mesmo
com o PFL.
No entanto, o livro “Partidos e coligações eleitorais no Brasil”, organizado por
Silvana Krause e Rogério Schmitt, em 2005, é o maior esforço conjunto sobre o
tema no Brasil. Ele conta com cinco artigos que abordam as coligações sob
diferentes perspectivas. No artigo inaugural, Schmitt faz um balanço sobre os
estudos sobre alianças e coligações eleitorais na Ciência Política brasileira, tentando
unificar a literatura dos dois períodos democráticos recentes no Brasil. No capítulo
seguinte, Vivaldo de Souza trata sobre o comportamento das coligações eleitorais
entre 1954-1962 e compara pleitos majoritários coincidentes com proporcionais,
analisando apenas parte do primeiro período. Em “A Lógica das coligações no
Brasil”, Aline Machado tem como objeto estudar as circunstâncias que levam os
15

partidos a optar pela coligação, analisando os pleitos de 1994 e de 1998. O


penúltimo capítulo é de autoria de Jefferson Dalmoro e David Fleischer, e tem como
preocupação a eleição proporcional, os efeitos das coligações e o problema da
proporcionalidade, em que revisam a literatura e as principais fórmulas que
poderiam resolver a desproporcionalidade entre o número de cadeiras e o número
de votos. Para encerrar o livro, Silvana Krause escreve o artigo: “Uma análise
comparativa das estratégias eleitorais nas eleições majoritárias (1994-1998-2002):
coligações eleitorais x nacionalização dos partidos e do sistema partidário brasileiro”.
Por conta dessas contribuições, pode-se destacar que a Ciência Política
consolidou um conhecido campo sobre o tema, segundo o qual afirma-se que,
quando os partidos brasileiros formam uma coligação na disputa proporcional, eles
criam um “partido virtual”, já que, para efeito de contagem de votos, tornam-se uma
única legenda ou lista concorrente (BARRETO, 2009). Fala-se em “efeito de
contagem” porque, para o eleitor, esses partidos e seus respectivos candidatos
continuam a existir separadamente. Em outros termos, o eleitor brasileiro não vota
diretamente em coligações, e sim em candidatos ou partidos. Esses concorrentes
são agregados pela fórmula eleitoral, quando da distribuição das cadeiras
(SCHMITT, 2005).
As características e as contradições básicas das coligações, e que serão
mais bem desenvolvidas na continuidade do trabalho, motivam esta pesquisa, que
busca trazer para o plano local a investigação sobre o efeito desse mecanismo nas
estratégias partidárias e no aproveitamento dos votos dos eleitores. Parte-se da
hipótese de que os grandes partidos são prejudicados pelas coligações nessa
matemática da distribuição de cadeiras, pois a maior parte delas envolve um grande
partido com outro(s) de menor expressão. Não se quer dizer que coligações entre
legendas de igual expressão não seja prática corrente entre grandes partidos ou
partidos de mesma força eleitoral. Parte-se do pressuposto, afirmado anteriormente,
que os partidos menores necessitem dos votos de partidos maiores para conquistar
uma cadeira, uma vez que o custo da primeira cadeira é muito grande em
circunscrições de baixa magnitude, como o caso do município a ser estudado.
Superar essa dificuldade é o principal motor das legendas pequenas em direção ao
comportamento coligacionista.
A escolha do Capão do Leão como foco do estudo se deve a dois fatores: o
primeiro é a ausência de estudos sobre as relações políticas na localidade, e o
16

segundo os vínculos do autor com o município. Por isso, e como forma de situar o
leitor, serão apresentadas algumas informações básicas sobre o local. Trata-se de
um pequeno município da zona sul do Rio Grande Sul, que até o dia três de maio de
1982 era distrito de Pelotas, com a qual faz divisa, assim como com Rio Grande,
Morro Redondo, Cerrito, Pedro Osório e Arroio Grande. A emancipação ocorreu por
força da Lei estadual 7.647/82, após plebiscito realizado no dia 28 de março daquele
ano (PREFEITURA MUNICIPAL DO CAPÃO DO LEÃO, 2010).
Conforme os dados do Censo 2010, a população é de 24.267 pessoas
(IBGE, 2010). Nas eleições de 2010, havia 17.575 eleitores aptos a votar (TRE-RS,
2010).5 O município tem sua economia baseada nas seguintes atividades:
agropecuária, extrativismo mineral em geral, comércio, prestação de serviços e
indústrias. As indústrias mais conhecidas localizadas no município são: Cooperativa
Sul-Riograndense de Laticínios (Cosulati), Avipal, frigoríficos Extremo-Sul e
Mercosul, Votorantim Celulose e Papel, SBS engenharia e Ivai Engenharia
(PREFEITURA MUNICIPAL DO CAPÃO DO LEÃO, 2010).
Como dito anteriormente, em 1982, Capão do Leão passou a existir como
um município e, ainda naquele ano, elegeu o seu primeiro prefeito, Elberto Madruga
(PMDB), que fora vereador em Pelotas durante muitas legislaturas. Em julho de
1985, este veio a falecer, deixando o exercício do cargo para seu vice, Getúlio
Victoria (PMDB), que completou o mandato e, em 1992, foi eleito prefeito. Na
segunda eleição da história município, em 1988, o escolhido foi Manoel Nei Neves
(PP), político que exerceu um segundo mandato entre 1997 e 2000. Vilmar Schmidt
(PDT) foi escolhido prefeito em 2000 e reeleito em 2004. No pleito mais recente, o
eleito foi João Quevedo (PDT), até então vice de Schmidt.
Vê-se, portanto, que até o ano 2000, o controle da Prefeitura alternou-se
entre PMDB (1982 e 1992), PP (1988 e 1996), e praticamente dois nomes: Getulio
Victoria e Manoel Nei. A partir da atual década, o poder está sob controle do PDT e
de seus aliados, especialmente com a liderança de Vilmar Schmitt e João Quevedo.6
Informa-se que os dados referentes aos resultados eleitorais foram
coletados a partir de duas fontes principais. A primeira foi o Tribunal Regional
Eleitoral do Rio Grande do Sul (TRE-RS) por intermédio do sítio institucional, onde

5
- Em 2008, última eleição abordada pelo trabalho, o eleitorado apto era composto por 17.399
pessoas.
6
- Informações sobre a composição da Câmara de Vereadores serão apresentadas no decorrer do
trabalho.
17

os dados dos pleitos de 1996 a 2008 foram encontrados. A segunda foi o Cartório
Eleitoral, localizado no município de Pelotas, e a mídia impressa (jornal Diário
Popular, em especial) para as disputas de 1988 e de 1992, pois as informações
referentes a estes dois pleitos não existem ou estão incompletas no sítio da Justiça
Eleitoral. Informações adicionais referentes aos estatutos legais que regiam as
eleições foram encontradas em produções acadêmicas e em jornais.
O trabalho está organizado em quatro capítulos. O primeiro trata da
bibliografia sobre coligações. O segundo tem como enfoque a apresentação dos
partidos e suas estratégias. Começa apresentando os partidos, passa a discriminá-
los quanto a coligados e não-coligados, para posteriormente medir a utilização do
recurso. No terceiro, o esforço é medir a efetividade da estratégia com base nos
resultados oficiais. O quarto simula como ficaria a distribuição de cadeiras caso não
houvesse coligações no município, além de outros dois indicadores: número efetivo
de partidos e índice de votos desperdiçados.
Capítulo 1 – Os Estudos sobre coligação

O acesso à Câmara de Vereadores se dá pela disputa proporcional em lista


aberta, cuja principal função é distribuir o poder político nos corpos representativos
entre os diversos segmentos existentes na sociedade, o que faz com que,
diferentemente dos cargos majoritários, mais correntes políticas tenham
representação.
No entanto, o modo como é realizada a distribuição de vagas nas eleições
proporcionais brasileiras dificulta a entrada de pequenos partidos nas casas
legislativas. A primeira prioridade passa a ser a identificação das regras que regem
essa distribuição.
Essas regras operam da seguinte forma. Primeiramente, é calculado o
cociente eleitoral, a partir da divisão do total de votos válidos pelo número de
cadeiras oferecidas em cada distrito (magnitude).7 Esse cociente é determinante
para o sistema eleitoral, pois equivale ao número de votos que um concorrente deve
somar para conquistar a primeira cadeira. Na prática, ele opera como cláusula de
exclusão, pois quem não o atinge está automaticamente excluído do rateio de
cadeiras. Isso significa, igualmente, que quanto menor a magnitude, maior a
cláusula de exclusão. No caso específico do Capão do Leão, esse cociente equivale
a 11,1% dos votos válidos (100% / 9 cadeiras).
A seguir, é calculado o cociente partidário, que é o produto da divisão, pelo
cociente eleitoral, do total de votos obtidos pelo conjunto de concorrentes da lista
(candidatos mais os da própria legenda ou legendas, em caso de coligação). O
número inteiro, quando igual ou superior a 1, indica a quantidade de vagas já
obtidas. Toda lista que atingiu uma cadeira está credenciada a participar da divisão
de sobras, pois é inevitável que nem todas as cadeiras sejam distribuídas, pois o
7
- Até as eleições de 1996 os votos brancos eram contabilizados como válidos, ao lado dos nominais
(em um candidato ou na legenda). A partir das eleições de 2000, os válidos incluem apenas os votos
nominais, ou seja, excluídos nulos e em branco.
19

cociente eleitoral é estabelecido como a razão perfeita da divisão dos votos válidos
pelas vagas disponíveis.
Para a divisão das sobras, o método é o seguinte: para cada vaga, divide-se
o total de votos obtidos pela lista pelo número de cadeiras já obtidas mais um. O
concorrente que tiver o produto maior fica com a cadeira em questão. E, assim,
sucessivamente, até que todas tenham sido distribuídas.
Para Nicolau (1998, p. 16) “o calculo da proporcionalidade baseado na série
de divisores D’Hondt é unanimemente apontado como o que gera os resultados
menos proporcionais” e ainda “opera em favor dos grandes partidos, pois legendas
de menor expressão eleitoral tendem a eleger menos parlamentares sob a sua
égide do que elegeriam sob outra séries de divisores” (Idem, p. 22).
Essas regras que fazem do cociente eleitoral (calculado no patamar mais
elevado dentre todas as fórmulas) cláusula de exclusão, são apontadas por vários
cientistas políticos como um fator que leva os partidos a optarem pelas coligações
nas eleições proporcionais (BRAGA 2006; BARRETO, 2006; NICOLAU 2006). Em
outras palavras, para superar as dificuldades oriundas da fórmula eleitoral, os
partidos são estimulados a coligar, especialmente os pequenos.
Como associa partidos diferentes, a coligação é apontada na literatura como
responsável pela redução no número de listas concorrentes. Porém, não se observa
o mesmo efeito no que diz respeito ao número de partidos representados, pois os
candidatos eleitos de uma lista podem ser de diferentes partidos. Nesse sentido,
uma das características mais marcantes das coligações é ser uma alternativa para
conseguir representação utilizada pelos partidos que, se concorressem sozinhos,
provavelmente não obteriam tal espaço político, ainda mais porque, conforme as
regras do sistema eleitoral brasileiro, nas quais o cociente eleitoral é calculado no
patamar mais elevado e opera como cláusula de exclusão, as legendas pequenas
são muito prejudicadas.
Outros elementos servem como incentivos à adoção da coligação. Barreto
(2009, p. 19) lista algumas das dificuldades presentes no modo como se organiza o
sistema político que levam os partidos a coligarem em eleições proporcionais:
20

a adoção do sistema de lista aberta ou não ordenada, a exigência de


obtenção do cociente eleitoral para que as legendas participem da
distribuição das sobras, o estabelecimento da fórmula de maiores médias
para a distribuição dessas sobras (d’Hondt) e a inclusão de votos brancos
(ocorrida até o pleito de 1996) são medidas fixadas pela legislação brasileira
que geram dificuldades importantes aos partidos e tornam a coligação uma
alternativa importante para tentar superá-las.

O Brasil utiliza o modelo lista aberta, o que significa dizer que o voto é dado
a um candidato dentro de uma lista de nomes oferecida pelo partido. O modo de
disputa faz com que a competição dê-se tanto entre listas quanto entre candidatos
do mesmo partido ou lista, sem que os partidos tenham qualquer controle sobre a
ordem dos candidatos na classificação, gerando incerteza sobre o pleito (BARRETO
2006; NICOLAU 2002). Para Nicolau (2006) e Samuels (1997), os sistemas
eleitorais de lista aberta fomentam a falta de coesão e o individualismo dos políticos,
o que é aumentado quando as coligações são efetuadas pelos partidos.
Tavares (1994) corrobora a visão, e ainda traz mais aspectos

o voto uninominal introduz uma forte competição entre os candidatos do


mesmo partido, faz resultar o cociente partidário e a hierarquia dos
candidatos partidários eleitos da soma dos votos em candidaturas
individuais, produz migrações aleatórias de votos que afetam a sua
contabilização e a verdade do escrutínio e, enfim, atomiza o partido (apud
SCHMITT, 1999, p. 25).

No entanto, se a coligação tem como motivação esses elementos, também é


preciso considerar os efeitos que ela produz no próprio sistema partidário-eleitoral. A
bibliografia evidencia que não importa a quantidade de votos que o partido obteve
para a lista, e sim a posição dos candidatos individualmente considerados. Logo, se
o partido A soma 70% e o B 30% dos votos da coligação, que consegue apenas
uma cadeira, e se o A tem seus votos distribuídos entre vários candidatos e o B tem
apenas um ou dois candidatos “bons de voto”, a vaga será ocupada pelo partido B.
O que torna ainda mais grave a situação narrada acima, é o fato de o vínculo entre
os partidos é meramente eleitoral, não existe nenhuma relação com coalizões
parlamentares ou compromissos posteriores ao término da disputa pelos votos
(SCHMITT, 1999).
Outro desses resultados é ser responsável pela falta de identidade dos
políticos com os partidos e a conseqüente fraqueza destes para com aqueles
(BARRETO, 2009, 2006; MAINWARING 2001).
21

Machado critica a transferência de votos entre os candidatos na disputa


proporcional sem a prévia concordância do eleitor, que, apesar de saber as regras,
não tem o menor controle de como o seu voto será redirecionado. Segundo ela

quando um partido concorre sozinho, os votos de um candidato fracassado,


já que pertencem à legenda são transferidos a outros candidatos, sem que o
eleitor seja consultado. Da mesma forma, os votos obtidos por um candidato
que excede a quota eleitoral são transferidos àqueles que individualmente
não a alcançarão (apud DALMORO e FLEISCHER, 2005, p. 97).

A literatura também define outra problemática aos estudos sobre coligações


no que tange à motivação dos partidos em coligar. Diferente da agenda institucional
esse quadro teórico tem como preocupação principal estudar as motivações
ideológicas das coligações. Para Miguel e Machado (2007)

a perspectiva ideológica julga que a coligação é um instrumento que permite


que partidos que se encontram próximos uns dos outros no espectro
esquerda-direita ampliem suas chances de vitória contra adversários
situados em posição oposta. Já a perspectiva pragmática acredita que os
competidores com chances reais na disputa buscam o maior número
possível de apoios, não importa de onde venham, afim de garantir a máxima
vantagem sobre seus adversários (MIGUEL e MACHADO, 2007, p. 759-
760).

Esta problemática é bem controversa e gera diferentes conclusões. É


consenso na teoria política atual que os atores se utilizam das regras do jogo para
obter ganhos eleitorais, o chamado modelo analítico da escolha racional
(BARRETO, 2009; MAINWARING 2001). Mainwaring (2001, p. 38) diz que “os
atores racionais têm um conjunto de preferências, levam em conta as regras do jogo
e escolhem os meios que maximizam suas possibilidades de concretizar essas
preferências e minimizar o custo de fazê-las”.
Para FIGUEIREDO que criou a Lei de Ferro das coligações,

maximizar votos é o objetivo principal de qualquer partido, secundariamente


a preferência é aliar-se no seu próprio campo ideológico. Se isto tornar-se
inviável, busca-se o campo mais próximo possível. Mas quem comanda este
processo a aritmética eleitoral (apud SCHMITT, 1999, p.81).

Essa visão é compartilhada, ainda que com ressalvas por CARREIRÃO. Ao


analisar o quadro do estado de Santa Catarina ele conclui que
22

o quadro mais geral que se visualiza mostra: por um lado, que, de fato, não
há uma coerência ideológica total nas coligações realizadas. De outro lado,
as coligações realizadas não permitem concluir a existência de um grande
caos partidário. Se considerarmos que coligações que não envolvam
simultaneamente partidos de esquerda e partidos de direita não provocam
tanta rejeição, ficamos com um percentual médio, no período, de 16%
coligações inconsistentes nas eleições para prefeito (CARREIRÃO, 2006, p.
147).

Depois de apontar as regras que regem o jogo político e as motivações


ideológicas e institucionais, o propósito do trabalho é dimensionar o impacto
causado pelas coligações na representação política de uma Câmara de Vereadores
de baixa magnitude e, portanto, de cláusula de exclusão elevada.
Para tal, em primeiro lugar toma-se como verdade algumas afirmações
encontradas na literatura sobre coligações eleitorais no Brasil, mais exclusivamente
coligações para as eleições proporcionais.
Para Schmitt

o apparentement[8] ajuda os menores partidos, e como a


desproporcionalidade tende a se dar especialmente em detrimento dos
pequenos partidos, pode-se esperar que o apparentement reduza a
desproporcionalidade (SCHMITT, 1999, p. 31).

Então a pergunta que fica é: se apenas os pequenos ganham ou ganham


muito mais do que os partidos grandes, porque estes aceitam coligar? Para os
estudiosos, os grandes partidos aceitam coligar em troca de apoio na disputa a
cargos majoritários e esse apoio resultará em falta de apoio a partidos adversários.
Nicolau expõe os principais motivos que levam um partido a coligar são:

1) a magnitude distrital; 2) o tamanho do partido; 3) o tamanho no HGPE; 4)


o poder de chantagem do partido; 5) o numero de candidatos que poderão
lançar” (apud SCHMITT, p.82)

Os partidos grandes tendem a não coligar entre si, assim como os pequenos
partidos tendem a assumir dois comportamentos: ou coligam entre seus pares, ou
coligam com partidos maiores (BARRETO, 2009; LIJPHART; SAMUELS). No que
diz respeito a municípios de baixa magnitude, como o caso do Capão do Leão, que
distribui nove cadeiras para vereador no período estudado, a coligação torna-se

8
- O autor uso este termo, de origem francesa, em detrimento de coligações devido ao fato de a
legislação brasileira do período democrático anterior (1950-1964), referir-se a essa união como
alianças
23

quase um imperativo para os menores partidos, pois, quanto menor a magnitude,


maior o custo de uma cadeira. Quem não coligar, corre sério risco de não conseguir
representação, como os dados empíricos pretendem demonstrar. Quem coligar
amplia as chances de conquistar cadeira, embora não tenha esta garantia.
Como dito anteriormente, coligações têm um efeito fragmentador sobre o
sistema partidário, porque tendem a fazer com que mais partidos obtenham
representação do que originalmente aconteceria caso elas não fossem permitidas, o
que seria medido pelo aumento no número efetivo de partidos.
O levantamento empírico, a ser apresentado na sequência, procura discutir
tais questões e ver como essas regras e os comportamentos dela decorrentes
operaram no caso específico do município do Capão do Leão (RS).
Capítulo 2 – Listas e partidos que disputaram as eleições
proporcionais de 1988 a 2008

2.1 Apresentação dos concorrentes

A primeira intenção deste capítulo é mostrar o quadro das coligações no


município do Capão do Leão, nos seis pleitos ocorridos entre o período de 1988-
2008. Nesta seção, os dados coletados mostrarão a estratégia dos partidos em cada
eleição. No entanto, antes de apresentar essas informações, é necessário indicar as
legendas que disputaram as eleições proporcionais no município, o que realiza o
Quadro 1.

1988 1992 1996 2000 2004 2008


PDT PDT PDT PDT PDT PDT
PMDB PMDB PMDB PMDB PMDB PMDB
PP PP PP PP PP
DEM DEM DEM DEM DEM
PSDB PSDB PSDB PSDB PSDB
PT PT PT PT PT
PL PL PL
PTB PTB PTB PTB
PSB PSB PSB
PCdoB PCdoB PCdoB
PPS PPS PPS
PT do B
PRB
Fonte: Diário Popular e TRE-RS
Quadro 1 – Partidos que disputaram as eleições para a Câmara Municipal de Capão
do Leão, no período 1988 a 2008
25

Nesse período, 13 partidos disputaram as eleições proporcionais realizadas


no município: PP9, PDT, PMDB, DEM10, PL, PTB, PT, PSDB, PSB, PCdoB, PT do B,
PPS e PRB.
Deve-se destacar, em primeiro lugar, que apenas dois partidos participaram
de todas as eleições proporcionais no período: PDT e PMDB. Em segundo lugar,
que PT do B pode ser considerado o caso de partido relâmpago, ou seja, aquele que
concorreu apenas em um pleito (2000).11 Como terceiro ponto a ser destacado é
aquilo que pode ser interpretado como a consolidação de duas das mais importantes
organizações partidárias do Brasil também no município, isso porque, depois de
terem participado das eleições no município pela primeira vez em 1992, PT e PSDB
sempre concorreram às vagas na Câmara de Vereadores. O último ponto a ser
sublinhado é que PP e DEM disputaram todas as eleições do período, mas tiveram
uma descontinuidade nos anos de 1992 e de 2004.
O Quadro 2 permite visualizar com mais propriedade as informações sobre a
participação das legendas nas disputas analisadas.

Partido Eleições Disputadas


PMDB 6
PDT 6
PP 5
PT 5
DEM 5
PSDB 5
PTB 4
PSB 3
PCdoB 3
PPS 3
PL 3
PT do B 1
PRB 1
Fonte: Diário Popular e TRE-RS
Quadro 2 – Número de eleições para a Câmara Municipal de Capão do Leão
disputadas pelos partidos, no período 1988 a 2008

9
- O partido que desde 2004 se chama PP, concorreu em 1988 como PDS e em 1996 e 2000 como
PPB. A medida justifica-se com vistas a tornar a leitura mais simples.
10
- Outro caso de partido que mudou sua designação com o passar dos anos, depois de ter disputado
os pleitos de 1988 a 2004 sob a sigla PFL. Preferiu-se adotar a atual denominação, embora ela tenha
sido utilizada apenas em 2008.
11
- O PRB também só disputou um pleito, mas ainda não pode ser incluído nesta categoria, pois esta
única eleição foi a mais recente.
26

O Quadro 3, a seguir, expõe o número de partidos que disputaram as


eleições. Ele permite verificar que, depois de contar com quatro partidos no primeiro
sufrágio analisado (1988), o município passou a contar com um grande leque de
legendas que se apresentaram ao eleitor, tendo esse número variado de oito (2004)
a dez partidos (1996 e 2000). Na eleição mais recente, este índice ficou em nove
legendas.

Eleição Partidos
1988 4
1992 9
1996 10
2000 10
2004 8
2008 9
Fonte: Diário Popular e TRE-RS
Quadro 3 – Número de partidos que disputaram as eleições para a Câmara
Municipal do Capão de Leão, no período 1988-2008

2.2 A Estratégia de coligar

Nesta seção, o trabalho parte ao seu objetivo maior, qual seja, estudar as
coligações e o impacto que elas causaram na representação parlamentar do
município.

2.2.1 Os Partidos que coligam

O Quadro 4 discrimina os partidos que disputaram os pleitos quanto à


estratégia adotada, ou seja, coligar ou concorrer de modo avulso.
27

Sit. 1988 1992 1996 2000 2004 2008


Coligar
PDT PT PDT PDT PDT
PL PCdoB PCdoB PP PP
PMDB PSB PMDB PMDB
DEM PT do B PSDB PSDB
PSDB PPS PTB DEM
PTB PT PTB
PSDB PL PPS
PCdoB PRB
Não-coligar

PDT PT PDT PSDB PPS PT


PMDB PMDB PMDB
PP PP PP
DEM DEM DEM
PSDB PT
PTB
PSB
PL
Fonte: Diário Popular e TRE-RS
Quadro 4 – Estratégia escolhida pelos partidos que disputaram as eleições para a
Câmara Municipal de Capão do Leão, no período 1988 a 2008

Verifica-se também um cenário de descontinuidade, tendo em vista que ela


não foi um expediente utilizado pelos partidos no primeiro pleito. No terceiro e no
quarto pleito (1996 e 2000) elas foram pouco utilizadas, quando, respectivamente,
apenas dois e cinco partidos coligaram. Por outro lado, as eleições ocorridas em
1996 e em 1992 foram as que mais contaram com partidos concorrendo de forma
avulsa, oito e cinco legendas, respectivamente.
Já as eleições de 1992, de 2004 e de 2008 foram as que contaram com
maior número de legendas que utilizaram essa estratégia (nove nos dois primeiros
casos e oito em 2008). Elas foram também aquelas em que houve o menor número
de partidos que tomaram a decisão de não-coligar, apenas um em cada pleito,
sendo que o PT fez essa opção em duas delas.
28

Partido Eleições Coligação %


Disputad
as
PDT 6 4 66,7
PMDB 6 3 50
PP 5 2 40
PT 5 2 40
DEM 5 2 40
PSDB 5 3 60
PTB 4 3 75
PSB 3 2 66,7
PCdoB 3 3 100
PPS 3 2 66,7
PL 3 2 66,7
PT do B 1 1 100
PRB 1 1 100
Fonte: Diário Popular e TRE-RS
Quadro 5 – Eleições disputadas pelos partidos e aquelas em que escolheu coligar
para a Câmara Municipal de Capão do Leão, no período 1988 a 2008

Outra leitura possível dessas informações, representada pelo Quadro 5,


refere-se ao número de vezes que cada legenda coligou. Em termos absolutos, o
partido que mais o fez foi o PDT (quatro pleitos), seguido por: PMDB, PTB, PSDB,
PDT e PCdoB (todos com três). PSB, PL, PT, PPS, PP e DEM foram partidos que
coligaram duas vezes. Aqueles que coligaram apenas uma vez foram PT do B e
PRB.
Em termos relativos, no entanto, destacam-se: PCdoB, PT do B e PRB, que
coligaram em todas as oportunidades em que concorreram. A diferença entre eles é
que os comunistas disputaram três eleições e os demais em apenas uma
oportunidade.
No entanto, a constatação mais importante trazida é a de que todos os
partidos que concorreram à Câmara Municipal coligaram em ao menos uma
oportunidade e o índice mínimo atinge 40% do total de coligações disputadas.

2.2.2 A Configuração das coligações

Nesta subseção o foco sai dos partidos individualmente considerados e suas


opções de aliar-se ou não a outros e passa para as coligações formadas por aqueles
que decidiram se vincular a outros.
29

1992 1996 2000 2004 2008


PMDB PT PDT PTB PDT
PSB PCdoB PPS PSDB PP
PTB PSB PT PTB
PSDB PCdoB PMDB PRB
PT do B PL
DEM PDT PMDB
PL PP DEM
PDT PSDB
PCdoB PPS
Fonte: Diário Popular e TRE-RS
Quadro 6 – Coligações efetuadas nas eleições para a Câmara Municipal de Capão
do Leão, no período 1988-2008

O Quadro 6 mostra a composição de cada coligação e os pleitos em que


elas foram utilizadas. No total, houve 14 coligações, das quais apenas duas
contaram com mais de dois integrantes (três, em ambos os casos): PSB-PCdoB-PT
do B, no ano 2000, e PT-PMDB-PL, em 2004. Todas as demais foram compostas
pelo número mínimo de integrantes.
Outro dado interessante é que dessas 14 coligações, apenas duas
repetiram-se integralmente: a aliança entre PTB e PSDB, que ocorreu em 1992 e em
2004, e a entre PDT e PP, que foi utilizada em dois pleitos seguidos (2004 e 2008).

2.2.3 As Listas que disputaram os pleitos

No Quadro 7 estão expostas as listas que efetivamente disputaram a s


eleições ocorridas a partir de 1988. A importância aqui é perceber que, além das 14
coligações celebradas, 20 listas eram formadas por apenas um partido, ou seja,
estes preferiram concorrer sozinhos.
30

1988 1992 1996 2000 2004 2008


PP PMDB PT PDT PTB PDT
PSB PCdoB PPS PSDB PP
PDT PTB PP PSB PT PTB
PSDB PCdoB PMDB PRB
PT do B PL
PMDB DEM PDT PP PDT PMDB
PL PP DEM
DEM PDT PMDB PMDB PPS PSDB
PCdoB PPS
PT DEM PSDB PT
PSDB DEM
PTB PT
PSB
PL
Fonte: Diário Popular e TRE-RS
Quadro 7 – Listas que concorreram às eleições para a Câmara Municipal de Capão
do Leão, no período 1988-2008

Ao excluir-se da análise a eleição de 1988, na qual nenhum dos quatro


partidos concorreu coligado, tem-se 1996 como o ano em que menos coligações
foram realizadas, apenas uma. No outro extremo dessa análise, 1992 e 2008 foram
os anos onde houve o maior número de coligações (quatro).
No que tange ao número de listas, nove foi máximo, o que ocorreu em 1996,
e quatro o mínimo, em 2004. A associação entre esses dados também indica que o
pleito de 1996 foi aquele em que mais partidos optaram por não coligar: oito
concorreram isoladamente e apenas dois formaram a única coligação daquela
disputa. Ao inverso, em 1992, 2004 e 2008, dos partidos envolvidos na disputa,
apenas um não coligou, o que faz com que quatro das cinco listas (1996 e 2008) ou
três das quatro (2004) sejam coligações.
Essas questões serão mais bem desenvolvidas na sequência do texto.
31

Tabela 1 – Listas, número e percentual de partidos discriminados pela condição em


que disputaram as eleições para a Câmara Municipal de Capão do Leão, no período
1988-2008
Eleição Listas Coligados Avulsos % %
Coligações Avulsos
1988 4 0 4 0 100
1992 5 4 1 80 20
1996 9 1 8 11,1 88,9
2000 7 2 5 28,6 71,4
2004 4 3 1 75 25
2008 5 4 1 80 20
Total 34 14 20 41,8 58,8
Fonte: Diário Popular e TRE-RS

A Tab. 1 mostra a quantidade de listas concorrentes no município e tem a


função geral de quantificar fenômenos, discriminando partidos quanto a categorias,
sem importar-se com as legendas participantes. Os números mostram um
crescimento entre 1988-1996 (de quatro para nove), depois uma tendência de queda
nos dois pleitos posteriores (de nove para sete e, depois, para quatro) e um pequeno
crescimento no último pleito, quando cinco listas se apresentaram aos candidatos.
O último aspecto a ser citado é o percentual de listas formadas pela
associação de partidos e as avulsas. Pode-se ver que, no período, 58,8% das listas
foram compostas por uma única legenda e o pleito onde o índice de avulsos foi
maior é o de 1988, quando 100% dos concorrentes utilizaram essa estratégia. Os
pleitos responsáveis pelo maior número de listas coligadas (1992 e 2008) foram
também aqueles em que o índice de partidos concorrendo de forma avulsa foi
menor, quando apenas 20% das listas apresentaram-se dessa forma.

Tabela 2 – Número de partidos concorrentes, número e percentual daqueles que


disputaram avulsos ou coligados, nas eleições para a Câmara de Municipal de
Capão do Leão, no período 1988-2008
Eleição Concor. Coligados Avulsos % Coligados % Avulsos
1988 4 0 4 0 100
1992 9 8 1 88,9 11,1
1996 10 2 8 20 80
2000 10 5 5 50 50
2004 8 7 1 87,5 12,5
2008 9 8 1 88,9 11,1
Total 50 30 20 60 40
Fonte: Diário Popular e TRE-RS
32

A Tab. 2 tem a pretensão de indicar os mesmos aspectos, agora


relativamente às legendas, e não mais às listas, e ajuda a entender a escolha feita
pelos partidos quanto a coligar ou não. O cenário apresenta resultados opostos aos
de listas: enquanto na tabela anterior o número de avulsos foi maior, nesta o número
de partidos que participaram coligados assume a dianteira (30 contra 20),
equivalente a 60%.
Dos seis pleitos analisados, em duas oportunidades mais partidos preferiram
concorrer como avulsos (1988 e 1996), em uma, houve igualdade na escolha da
estratégia (2000) e em três a opção majoritária foi por coligar (1992, 2004 e 2008).
Enfim, não há um comportamento uniforme dos partidos, apenas pode-se evidenciar
que nas duas disputas mais recentes manifestou-se o mesmo quadro: quase 90%
dos partidos (sete e oito, respectivamente) preferiam a aliança, enquanto apenas um
não o fez.

Tabela 3 - Número de coligações, de partidos coligados e média de legendas por


coligação, nas eleições para a Câmara Municipal de Capão do Leão, no período
1992-200812
Eleição Coligações Partidos Média
1992 4 8 2
1996 1 2 2
2000 2 5 2,5
2004 3 7 2,3
2008 4 8 2
Total 14 30 2,16
Fonte: Diário Popular e TRE-RS.

No total, as 14 coligações reuniram 30 partidos, o que dá uma média de 2,16


por aliança. Essa fração, no entanto, é provocada pelas duas que reuniram três
partidos (uma em 2000 e outra em 2004), pois todas as demais foram formadas por
dois partidos, concentradas nos pleitos de 1992, de 1996 e de 2008.
No próximo capítulo pretende-se explorar outro conjunto de informações,
aquele referente aos resultados obtidos pelos partidos avulsos e coligações.

12
- A eleição de 1998 foi excluída da tabela, pois não apresentou coligações.
Capítulo 3 – Os Resultados das eleições

Neste capítulo pretende-se identificar mais detalhadamente o impacto


causado pela estratégia de coligar nas eleições do Capão do Leão. Para isso,
trabalha-se, inicialmente, com o resultado das eleições e o percentual de votos não
aproveitados.

3.1 Distribuição de votos de 1988 a 2008

Tabela 4 – Resultado das eleições para a Câmara Municipal de Capão do Leão, em


1988
Partido Votos Cadeiras % votos % cadeiras
PMDB 3.022 4 34,1 44,4
DEM 3.006 3 34,0 33,3
PDT 1.773 2 20,0 22,3
PP 548 0 6,2 -
Brancos 503 - 5,7 -
Total 8.852 9 100 100
Fonte: Diário Popular e TRE-RS

Na primeira eleição em que as coligações foram permitidas, a de 1988, os


partidos leonenses resolveram não utilizá-la. Logo os quatro partidos que se
organizaram para aquelas eleições, tanto na majoritária quanto na proporcional,
lançaram seus candidatos de maneira avulsa. Pode-se dizer que o reduzido número
de partidos e a intenção que todos tinham de conquistar o executivo pesou na
escolha. Como resultado, houve um baixo número de votos desperdiçados 13: apenas
13
- Para o cálculo de votos desperdiçados são contabilizados todos os votos nominais não
aproveitados, embora, naquele pleito, o voto em branco fosse considerado válido e contribuísse para
o aumento do cociente eleitoral.
34

6,2% dos votos nominais dessa eleição não elegeram candidatos, exatamente
aqueles atribuídos ao PP (então PDS).
O PMDB foi o grande beneficiado do processo eleitoral, pois somou cerca de
um terço dos votos e conquistou 44,4% das cadeiras, enquanto DEM e PDT
mantiveram equilíbrio entre quantidade de votos e espaço político obtido.

Tabela 5 – Resultado das eleições para a Câmara Municipal de Capão do Leão, em


1992
Partido Votos Cadeiras % votos % cadeiras
PTB-PSDB 3.509 4 32,3 44,4
PDT-PCdoB 2.898 3 26,6 33,3
PMDB-PSB 2.359 2 21,7 22,3
DEM-PL 882 0 8,1 0
PT 357 0 3,3 0
Brancos 871 0 8,0 -
Total 10.876 9 100 100
Fonte: Diário Popular e TRE-RS

Neste pleito, cinco listas se apresentaram aos eleitores do município nas


eleições proporcionais, sendo que quatro delas (80%) reuniam mais de um partido,
ou seja, eram coligações e três obtiveram representação. O único partido a
concorrer sozinho não conseguiu eleger-se. Entre as quatro coligações, 75%
obtiveram sucesso.
Nas coligações, a distribuição de cadeiras não prejudicou os chamados
partidos grandes, haja vista que os partidos mais votados de cada lista (PDT e
PMDB) ficaram com a totalidade das cadeiras, pois seus parceiros, PCdoB e PSB,
respectivamente, não conseguiram grande votação com seus candidatos.
No entanto, PTB-PSDB, a coligação que mais recebeu votos conseguiu
otimizar o espaço político, a exemplo do que ocorrera com o PMDB quatro anos
antes: obteve 32,3% dos votos e 44,4% das cadeiras. O mesmo não ocorreu com as
outras duas coligações vencedoras (PDT-PCdoB e PMDB-PSB), cujo percentual de
votos e de cadeiras equivaleram-se.
Os números apontam, ainda, um percentual mais elevado de votos
desperdiçados do que há quatro anos (11,4%), reflexo do fato de duas listas não
terem atingido o cociente eleitoral (DEM-PL e PT).
35

Tabela 6 – Resultado das eleições para a Câmara Municipal de Capão do Leão, em


1996
Partido Votos Cadeiras % votos % cadeiras
PP 2.457 4 20,8 44,4
PDT 1.919 3 16,3 33,3
PMDB 1.801 2 15,3 22,3
PSDB 1.309 0 11,1 0
PT-PCdoB 1.219 0 10,3 0
PL 712 0 6,0 0
PTB 623 0 5,3 0
DEM 523 0 4,4 0
PSB 66 0 0,6 0
Brancos 1.165 0 10,0 -
Total 11.794 9 100,1 100
Fonte: TRE-RS

Em 1996, nove listas concorreram e apenas uma coligação foi celebrada


(PT-PCdoB), a qual não conseguiu eleger candidatos. Com tantos partidos
concorrendo individualmente e frente a uma cláusula de exclusão elevada para os
padrões brasileiros (11,1% dos votos válidos, incluídos os brancos)14, seis listas não
conquistaram cadeiras e os votos nominais desperdiçados atingiram 37,7%.15
Por outro lado, a distribuição de vagas seguiu o padrão existente nos dois
pleitos anteriores, mas os partidos que atingiram representação tiveram suas
votações supervalorizadas: a lista recordista de votos (PP) conquistou quatro
cadeiras e mais do que dobrou o aproveitamento (com 20,8% dos votos obteve
44,4% das vagas); a segunda mais votada fez três cadeiras e também dobrou o
aproveitamento (com 16,3% dos votos ficou com 33,3% das vagas) e a terceira e
última mais votada a conquistar espaço, foi premiada com duas cadeiras.

14
- O PSDB conquistou 11,1% dos votos válidos, como aparece na tabela. Na realidade, ele somou
11,09% e ficou a um voto de atingir o quociente eleitoral, que foi de 1.310 votos.
15
- Outro aspecto que torna essa eleição única no município é o fato de o candidato individualmente
mais votado não conseguir eleger-se, pois não pertencia a uma das listas que ultrapassaram a
cláusula de exclusão. O candidato, Dr. Édson Ramalho (PSDB), conquistou 830 votos, sendo
responsável por 63% dos votos de seu partido, quando este ficou a apenas um voto do cociente
eleitoral.
36

Tabela 7 – Resultado das eleições para a Câmara Municipal de Capão do Leão, em


2000
Partido Votos Cadeiras % votos % cadeiras
PDT-PPS 4.085 4 30,9 44,4
PPB 2.467 2 18,7 22,3
PSDB 2.216 2 16,8 22,3
PT 1.965 1 14,9 11,1
PSB-PCdoB-PT do 1.251 0 9,5 0
B
PMDB 836 0 6,3 0
DEM 402 0 3,0 0
Total 13.222 9 100,1 100
Fonte: TRE-RS

No pleito realizado no ano de 2000 duas listas eram formadas por


coligações e cinco com partidos avulsos. Das sete listas concorrentes, quatro
conseguiram representação, das quais apenas uma composta por partidos coligados
(PDT-PPS). Já entre os partidos isolados, três dos cinco garantiram vagas.
Na coligação realizada entre PDT e PPS, o primeiro ficou com as quatro
cadeiras a que a coligação tinha direito, muito pelo fato de PPS ter amealhado
apenas 23 votos para a chapa. Novamente, a afirmação da literatura não se
confirmou, pois o partido grande não se viu prejudicado por coligar com um partido
de pouca expressão.
Quanto ao índice de votos desperdiçados tem-se 18,8%, número
significativamente menor que o da eleição anterior, o que leva a crer que os partidos
pequenos começaram a entender o cálculo de distribuição de cadeiras ou passaram
a ter maior poder de barganha.

Tabela 8 – Resultado das eleições para a Câmara Municipal de Capão do Leão, em


2004
Partido Votos Cadeiras % votos % cadeiras
PDT-PP 6.669 4 48,0 44,4
PMDB-PT-PL 4.425 3 31,8 33,3
PSDB-PTB 2.766 2 19,9 22,3
PPS 41 0 0,3 0
Total 13.901 9 100,1 100
Fonte: TRE-RS
37

No pleito de 2004, houve redução no número de listas concorrentes para


quatro, sendo três compostas por coligações. Apenas PPS concorreu de modo
isolado e foi a legenda que não conquistou representação, o que também contribuiu
para a redução no índice de votos desperdiçados (apenas 0,3%)
Das quatro cadeiras conquistadas pela coligação PDT-PP, três ficaram com
o primeiro partido, que tinha o candidato à reeleição no Executivo, e a outra foi para
os progressistas. Na coligação entre PMDB, PT e PL, o PT ficou com duas das três
vagas conquistadas e o PMDB amealhou a outra. PSDB e PTB conquistaram uma
vaga cada na sua coligação, totalizando seis partidos com representação para o
mandato seguinte.

Tabela 9 – Resultado das eleições para a Câmara Municipal de Capão do Leão, em


2008
Partido Votos Cadeiras % votos % cadeiras
PDT-PP 4.661 3 32,9 33,3
PTB-PRB 3.021 2 21,3 22,2
PMDB-DEM 2.821 2 19,9 22,2
PT 1.861 1 13,1 11,1
PSDB-PPS 1.800 1 12,7 11,1
Total 14.164 9 99,9 99,9
Fonte: TRE-RS

Esse pleito foi o responsável pelo maior número de listas que conseguiram
ultrapassar o cociente eleitoral: todas as cinco chapas que concorreram elegeram,
das quais quatro coligações e uma formada por uma candidatura isolada. Dos
partidos que coligaram, PDT, PTB, PMDB e PSDB ficaram com as cadeiras que
cada coligação teve direito, enquanto PT conseguiu representação por suas próprias
forças.
Desse modo, nesta eleição não houve nenhum voto desperdiçado,
intensificando a tendência presente no pleito anterior e que contraria frontalmente o
quadro registrado em 1996, quando mais de um terço dos votos foram dados a
concorrentes que foram excluídos do rateio de vagas.
38

3.2 As Vagas conquistadas por partido e conforme a estratégia adotada

Tabela 10 – Número de vagas conquistadas pelos partidos nas eleições para a


Câmara Municipal de Capão do Leão, no período 1988-200816
Partido 1988 1992 1996 2000 2004 2008 Total
PDT 2 3 3 4 3 3 18
PMDB 4 2 2 0 1 2 11
PTB - 4 0 - 1 2 7
PP 0 - 4 2 1 0 7
PSDB - 0 0 2 1 1 4
PT - 0 0 1 2 1 4
DEM 3 0 0 0 - 0 3
Total 9 9 9 9 9 9 54
Fonte: Diário Popular e TRE-RS

Como mostra a Tab. 10, ao longo dos seis pleitos analisados, sete legendas
diferentes conquistaram representação: PDT, PMDB, PTB, PP, PSDB, PT e DEM.
Outra seis participaram dos pleitos sem, no entanto, conseguirem eleger um
vereador. O partido que mais obteve cadeiras foi o PDT, pois de suas bases saiu um
terço dos candidatos eleitos (18 de 54 vagas). O PMDB aparece em segundo lugar
com cerca de 20% dos eleitos (11 vagas), seguido de PTB e PP, cada um com 13%
(sete cadeiras). A seguir, figuram PT e PSDB (quatro cadeiras cada), legendas que
conquistaram representação a partir dos três pleitos mais recente. O DEM figura
com três vagas, conquistadas no primeiro pleito analisado, pois, desde então, não
obtém espaço pelas urnas.
O PDT é o único partido que sempre elegeu candidatos. O PMDB o fez em
cinco pleitos e o ano de 2000 ficou marcado como a primeira e única vez que o
partido não conseguiu eleger candidatos. PTB, PP, PT e PSDB tiveram sucesso em
três disputas e o DEM, como já visto, em apenas uma oportunidade.
Esses dados levam a considerar PDT e PMDB como os grandes partidos do
município. Os outros cinco partidos que conseguiram representação farão parte do
rol de partidos médios (PP, PTB, PT, PMDB, PSDB e DEM). Seis legendas (PSB,
PCdoB, PT do B, PRB, PPS e PL) nunca conseguiram representação e serão
consideradas pequenas.

16
- Também disputaram pleitos, mas nunca conquistaram cadeira: PSB, PCdoB, PT do B, PRB, PPS
e PL.
39

Tabela 11 – Número de vagas conquistadas pelos partidos nas eleições para a


Câmara Municipal de Capão do Leão, no período 1988-2008, conforme a condição
em que disputou
Partido Não-coligado Coligado Total
PDT 5 13 18
PTB - 7 7
PMDB 6 5 11
PT 2 2 4
PSDB 2 2 4
PP 6 1 7
DEM 3 - 3
Total 24 30 54
Fonte: Diário Popular e TRE-RS

A Tab. 11 mostra que o PTB só conquistou cadeiras, quando disputou


coligado com outras legendas, enquanto o DEM, apenas nas ocasiões em que não
coligou. PDT obteve mais vagas ao disputar coligado (13 a cinco), e PP (seis a um)
e PMDB (seis a cinco), quando avulsos. Em situação de igualdade, figuram PT e
PSDB (duas para cada situação).
No entanto, a tabela padece de uma imprecisão, produto da agregação das
informações. Consegue-se obter uma visão mais precisa se os dados forem
discriminados por eleição, o que ocorre logo a seguir.

Tabela 12 – Número de candidatos eleitos por cada partido e qual a estratégia


escolhida, conforme a eleição para a Câmara Municipal do Capão do Leão do
período 1988-2008
Sit. Partido 1988 1992 1996 2000 2004 2008 Total
Coligado

PDT - 3 - 4 3 3 13
PTB - 4 - - 1 2 7
PMDB - 2 - - 1 2 5
PT - - - - 2 - 2
PSDB - - - - 1 1 2
PP - - - - 1 - 1
Subtotal 0 9 0 4 9 8 30
Não-coligado

PP - - 4 2 - - 6
PMDB 4 - 2 - - - 6
PDT 2 - 3 - - - 5
DEM 3 - - - - - 3
PSDB - - - 2 - - 2
PT - - - 1 - 1 2
Subtotal 9 0 9 5 0 1 24
Total 9 9 9 9 9 9 54
Fonte: Diário Popular e TRE-RS
40

Os dados sobre o total de cadeiras conquistadas mostram que 44% delas


foram para os partidos que disputaram as eleições não-coligados. Mostram,
também, que dos sete partidos que conquistaram representação no município, cinco
o fizeram de ambos os modos, apenas o PTB e o DEM elegeram candidatos com
uma estratégia: o primeiro elegeu sete vereadores, quando coligado em 1992, em
2004 e em 2008; os democratas elegeram três, quando não-coligados, em 1988.
Entre os partidos que conquistaram cadeiras com ambas as estratégias, o
PP e o PMDB elegeram 85,7% e 54,4% respectivamente quando não-coligados. No
PDT, 72,2% dos eleitos vieram quando o partido estava coligado. PT e PSDB
apresentam um índice de 50%.
Outro aspecto que deve ser explicitado é que, em cinco eleições, um amplo
número de eleitos vinha de uma categoria apenas, ou seja, eram pertencentes ou
aos coligados ou aos não-coligados. Em 1988 e em 1996, eles vieram dos não-
coligados e em 1992, em 2004 e em 2008, dos coligados. Somente nas eleições de
2000 os números foram semelhantes, quando cinco vereadores foram amealhados
entre os não-coligados e quatro entre os coligados.

Tabela 13 – Número de partidos concorrentes, quantidade e percentual daqueles


que se elegeram ou não, nas eleições para a Câmara Municipal de Capão do Leão,
no período de 1988-2008
Eleição Concor. Eleitos Não % eleitos % Não Conc./
Eleitos eleitos vaga
1988 4 3 1 75 25 0,4
1992 9 3 6 33,3 66,7 1,0
1996 10 3 7 30 70 1,1
2000 10 4 6 40 60 1,1
2004 8 6 2 75 25 0,9
2008 9 5 4 55,6 44,4 1,0
Total 50 24 26 48,52 51,48 0,92
Fonte: Diário Popular e TRE-RS

A Tab. 13 mostra que o número de concorrentes que consegue se eleger é


menor do que daqueles que não conseguem. Ao desagregar dados têm-se, de um
lado, a eleição de 1996 como a de menor aproveitamento, quando apenas 30% dos
concorrentes se elegeram; de outro lado, nos pleitos de 1988 e de 2004, 75% dos
concorrentes conseguiram representação. O número de partidos eleitos manteve-se
41

estável em três entre 1988-1996, aumentou nos dois pleitos seguintes de quatro
para seis, e caiu para cinco em 2008.

Tabela 14 – Número e percentual de aproveitamento das coligações que disputaram


as eleições para a Câmara de Vereadores de Capão do Leão, no período de 1988-
2008
Eleição Coligaç. Eleita Não eleita % Eleita % Não eleita
1988 0 0 0 - -
1992 4 3 1 75 25
1996 1 0 1 - 100
2000 2 1 1 50 50
2004 3 3 0 100 -
2008 4 4 0 100 -
Total 14 11 3 78,6 21,4
Fonte: Diário Popular e TRE-RS

Ao mudar o foco da análise para o aproveitamento das coligações os


resultados são um pouco mais conclusivos: quase 79% das 14 coligações
conseguiram representação. Em outros termos, apenas três delas não se elegeram:
DEM-PL (1992), PT-PCdoB (1996) e PSB-PCdoB-PT do B (2000).

Tabela 15 – Número e percentual de partidos que conquistaram representação,


conforme a condição em que disputaram as eleições para a Câmara Municipal de
Capão do Leão, no período de 1988-2008
Eleição Coligado Não-Coligado % Coligado % Não-coligado
1988 0 3 - 100
1992 3 0 100 -
1996 0 3 - 100
2000 1 3 25 75
2004 6 0 100 -
2008 4 1 80 20
Total 14 10 58,3 41,7
Fonte: Diário Popular e TRE-RS

Em quatro dos seis pleitos, o número de partidos que conquistaram


representação veio totalmente de uma estratégia ou de outra. Em 1988 e em 1996,
100% dos partidos que conseguiram representação o fizeram de forma avulsa, e em
42

1992 e em 2004 o mesmo índice para os partidos que concorreram coligados.


Lembra-se que em 1988 não houve aliança entre os partidos.

Tabela 16 – Número e percentual de partidos que não se elegeram, conforme a


condição em que disputaram as eleições para a Câmara Municipal de Capão do
Leão, no período de 1988-2008
Eleição Coligado Não-Coligado % Coligado % Não-coligado
1988 0 1 - 100
1992 5 1 83,3 16,7
1996 2 5 28,6 71,4
2000 4 2 66,7 33,3
2004 1 1 50 50
2008 4 0 100 -
Total 16 10 61,5 38,5
Fonte: Diário Popular e TRE-RS

Os números entre os partidos que não se elegeram mostram um índice de


60% quando eles estavam coligados. A ressalva a ser feita aqui é a mesma
encontrada em BARRETO (2009, p.38): a probabilidade de mais partidos
conseguirem se eleger e não se eleger coligado “derivam do fato de haver muito
mais legendas participantes de coligação do que avulso”. Por conta desse alerta, é
importante analisar a estratégia adotada pelos partidos, como se segue.

Cond. Eleição Partido


Não- coligado

1988 PP
1992 PT
1996 DEM, PTB, PSDB, PL e PSB
2000 DEM e PMDB
2004 PPS
2008 Não houve
Coligado

1988 Não houve


1992 PSDB, PSB, PCdoB, DEM e PL
1996 PT e PCdoB
2000 PPS, PSB, PCdoB e PT do B
2004 PL
2008 PP, PRB, DEM e PPS
Fonte: Diário Popular e TRE-RS
Quadro 8 - Estratégia utilizada pelos partidos que não elegeram candidatos para a
Câmara Municipal de Capão do Leão, no período 1988-2008
43

Quanto aos partidos que não conseguiram representação, o DEM não


conseguiu eleger candidatos em quatro das cinco eleições que concorreu, sendo
que em 50% dessas ocasiões estava coligado. Outros partidos que alcançam o
índice de 50% de fracasso em cada categoria, são: PT, PSDB e PSB. Esses dados
sinalizam que os partidos trocam de estratégia para tentar eleger candidatos, mas
nem sempre essa mudança produz resultados. O PCdoB é o único caso de partido
que nunca elegeu candidatos utilizando-se apenas de uma estratégia, ou seja,
coligar em todas as oportunidades.

Eleição Partido Situação atual Estratégia atual Resultado


anterior
92-88 PP NC - F
92-88 DEM M C S
92-88 PT I A -
92-88 PSDB I C -
92-88 PSB I C -
92-88 PCdoB I C -
92-88 PL I C -
96-92 DEM M A F
96-92 PSDB M A F
96-92 PTB M A S
96-92 PL M A F
96-92 PSB M A F
96-92 PT M C F
96-92 PCdoB P C F
00-96 DEM P A F
00-96 PMDB P A S
00-96 PCdoB P C F
00-96 PSB M C F
00-96 PPS I C -
00-96 PT do B I C -
04-00 PPS M A F
04-00 PL R C -
08-04 PP P C S
08-04 PRB I C -
08-04 DEM R C -
08-04 PPS P C F
P - Permaneceu; M – Mudou; I – ingressou; R – Reingressou; NC - Não Concorreu; S – Sucesso; F- Fracasso
Fonte: Diário Popular e TRE-RS
Quadro 9 – Estratégias adotadas pelos partidos entre um pleito e outro, nas
eleições para a Câmara Municipal de Capão do Leão, no período 1988-2008
44

Os partidos que tiveram sucesso na eleição anterior e não conseguiram a


reeleição foram: PP (2008), PMDB (2000), PTB (1996) e DEM (1992). Destes, PP e
DEM estavam coligados, quando não conseguiram se eleger, sendo que apenas o
primeiro permaneceu com a estratégia do pleito anterior. PMDB e PTB concorreram
avulsos e não conseguiram sucesso. O PTB conseguiu representação em 1992 e
modificou a sua estratégia para 1996, quando concorreu avulso, e PMDB
permaneceu com a estratégia de não coligar, mas, em 2000, não conseguiu
representação.
Ao excluir dos dados das categorias “ingressaram” e “reingressaram” temos
16 partidos que tinham como opção modificar ou não modificar a sua estratégia, dos
quais nove modificaram. Ao excluir também aqueles partidos que tiveram sucesso
na eleição anterior, o universo de análise diminui para 12, com sete partidos
escolhendo modificar a estratégia. Em outras palavras, quase 60% dos partidos que
não conseguiram eleger candidatos modificaram suas estratégias, fazendo a leitura
de que a estratégia diferente poderia trazer benefícios.
Capítulo 4 – Simulação de resultados sem coligações

Para definir quais são os efeitos das coligações no que tange à aritmética
eleitoral, o método utilizado é o de simulações de cenários hipotéticos. O cenário a
ser idealizado é aquele no qual os partidos seriam proibidos de usar tal manobra ou,
como visto no caso das eleições de 1988 no município, os partidos não escolheriam
esse recurso para conseguir se eleger. De qualquer jeito, não se tem a intenção de
discutir se os partidos deveriam concorrer sozinhos tanto por força de lei quanto por
força de vontade própria, bem como não se têm como expectativa comparar
resultados para definir se as estratégias foram corretas ou se teriam mais sucesso
nas urnas se concorressem de outra forma os partidos.
Os resultados da simulação e aqueles realmente ocorridos serão
comparados, com base em dois indicadores principais: (1) o número efetivo de
partidos, que mede quantos partidos são importante dentro de uma casa legislativa,
sendo efetividade traduzida como poder de coalizão, poder de veto e de chantagem
(DALMORO e FLEISCHER, 2005; SCHMITT, 1999; MAINWARING, 2002) e (2) o
índice de votos aproveitados/desperdiçados, já explorado anteriormente.
46

Tabela 17 – Resultado das eleições para a Câmara Municipal de Capão do Leão,


em 1992, caso não houvesse coligação
Partido Votos Cadeiras %Votos % Cadeiras
PTB 3.153 4 29,0 44,4
PDT 2.852 3 26,2 33,3
PMDB 1.973 2 18,1 22,3
DEM 848 0 7,8 0
PSB 386 0 3,6 0
PT 357 0 3,3 0
PSDB 356 0 3,3 0
PCdoB 46 0 0,5 0
PL 34 0 0,3 0
Brancos 871 - 8,0
Votos Válidos 10.876 9 100 100
Fonte: Diário Popular e TRE-RS

Na primeira eleição simulada em que houve coligação (1992), verifica-se


que não há a mudança em nenhuma das cadeiras em relação à disputa efetiva.
PTB, PDT e PMDB são os únicos partidos a superar a cláusula de exclusão, o que
mostra que não dependeram dos votos obtidos por seus aliados (PSDB, PCdoB e
PSB, respectivamente).
No entanto, a ausência da coligação amplia significativamente o índice de
votos nominais desperdiçados, que passa de 11,4% no pleito real para 18,8%,
especialmente pelo acréscimo da votação somada pelos parceiros menores das
coligações: PSB (3,6%), PSDB (3,3%) e PCdoB (0,5%).

Tabela 18 – Resultado das eleições para a Câmara Municipal de Capão do Leão,


em 1996, caso não houvesse coligação
Partido Votos Cadeiras %Votos % Cadeiras
PP 2.457 4 20,8 44,44
PDT 1.919 3 16,3 33,33
PMDB 1.801 2 15,3 22,22
PSDB 1.309 0 11,1 0
PT 1.079 0 9,2 0
PL 712 0 6,0 0
PTB 623 0 5,3 0
DEM 523 0 4,4 0
PCdoB 140 0 1,3 0
PSB 66 0 0,6 0
Brancos 1.165 9,9
Votos Válidos 11.794 9 100 99,99
Fonte: TRE-RS
47

Em 1996, como a única coligação realizada não elegeu nenhum candidato, a


eventual ausência do uso deste recurso por parte das legendas não afeta a
distribuição de cadeira entre os partidos ou o índice de votos desperdiçados.

Tabela 19 – Resultado das eleições para a Câmara Municipal de Capão do Leão,


em 2000, caso não houvesse coligação
Partido Votos Cadeiras %Votos % Cadeiras
PDT 4.062 4 30,7 44,44
PP 2.467 2 18,7 22,22
PSDB 2.216 2 16,8 22,22
PT 1.965 1 14,9 11,11
PSB 903 0 6,8 0
PMDB 836 0 6,3 0
DEM 402 0 3,0 0
PT do B 176 0 1,3 0
PCdoB 172 0 1,3 0
PPS 23 0 0,2 0
Votos Válidos 13.222 9 100 99,99
Fonte: TRE-RS

Neste pleito, as alterações que seriam provocadas pela ausência da


coligação são pequenas, isso porque o PPS, que deixaria de estar aliado ao PDT,
somou apenas 23 votos, e os outros membros de uma coligação (PSB, PCdoB e PT
do B) não haviam conquistado vagas, quando concorreram unidos. Desse modo,
não há mudança na distribuição de cadeiras e o índice de votos desperdiçados sobe
apenas 0,2%.

Tabela 20 – Resultado das eleições para a Câmara Municipal de Capão do Leão,


em 2004, caso não houvesse coligação
Partido Votos Cadeiras %Votos % Cadeiras
PDT 5.919 5 42,6 55,6
PMDB 2.263 2 16,3 22,2
PT 2.015 2 14,5 22,2
PSDB 1.400 0 10,1 0
PTB 1.366 0 9,8 0
PP 750 0 5,4 0
PL 147 0 1,1 0
PPS 41 0 0,3 0
Votos Válidos 13.901 9 100,01 100
Fonte: TRE-RS
48

Em 2004, como quatro das cinco listas concorrentes originais eram


coligações, a simulação registra sensíveis diferenças no resultado final do pleito.
Sem a parceria com o PP, que não atingiria o cociente eleitoral e perderia a cadeira
que conquistou, o PDT ganharia duas vagas e ficaria com cinco. Algo semelhante
ocorreria com PMDB, que passaria de uma para duas cadeiras. Os grandes
prejudicados, no entanto, seriam PSDB e PTB, pois, ao desmancharem a coligação
que rendeu uma vaga para cada, ficariam na cláusula de exclusão. Logo, observa-se
que o fato de estarem aliados foi fundamental para ambos.
Outro dado importante é a diminuição do número de partidos representados
de seis para três, pois PSDB, PP e PTB conseguiram eleger candidatos graças ao
fato de estarem coligados. Nesse sentido, os grandes prejudicados foram PDT e
PMDB, que deixaram de ganhar duas e uma cadeiras, respectivamente.
A mesma variação pode ser identificada no índice de votos desperdiçados,
que passa de irrisórios 0,3% para 26,7%

Tabela 21 – Resultado das eleições para a Câmara Municipal de Capão do Leão,


em 2008, caso não houvesse coligação
Partido Votos Cadeiras %Votos % Cadeiras
PDT 4.220 4 29,8 44,4
PTB 2.765 2 19,5 22,2
PMDB 2.649 2 18,7 22,2
PT 1.861 1 13,1 11,1
PSDB 1.435 0 10,1 0
PP 441 0 3,1 0
PPS 365 0 2,6 0
PRB 256 0 1,8 0
DEM 172 0 1,2 0
Votos Válidos 14.164 9 100 99,9
Fonte: TRE-RS

A simulação relativa a 2008 identifica alterações dignas de destaque, assim


como ocorreu em 2004. Novamente, ao não coligar com o PDT ficaria com uma
vaga a mais e a quatro. Essa vaga seria obtida do PSDB que, ao não coligar com o
PPS, perderia a cadeira, pois não atingiria o cociente eleitoral.
Para PTB e PRB, que concorreram unidos, não haveria mudanças: o
primeiro permaneceria com as suas vagas conquistadas e o segundo, em razão da
escassa votação (256 votos), não ultrapassaria o cociente eleitoral e continuaria sem
49

representação. O mesmo vale para a aliança PMDB-DEM, que rendeu duas vagas
ao primeiro: ao disputarem isolados, o PMDB manteria suas cadeiras e o DEM, que
não amealhou nenhuma cadeira na disputa efetiva, ficaria na cláusula de exclusão.
Desse modo, verifica-se que a ausência de coligação modificaria a distribuição de
uma vaga, que passaria do PP para o PDT.
Reflexo da ausência de coligações, os votos não aproveitados ou excluídos
chegariam a 18,8%. Lembra-se que no pleito oficial o índice foi zero.

2004 2008
Partido
Real Simulado Dif. Real Simulado Dif.
PMDB 1 2 +1 2 2 =
PDT 3 5 +2 3 4 +1
PTB 1 - -1 2 2 =
PP 1 - -1 - - =
PT 2 2 = 1 1 =
PSDB 1 - -1 1 - -1
Quadro 10 – Comparação entre o resultado oficial da distribuição de cadeiras e a
simulação sem coligações nas eleições para a Câmara Municipal de Capão do Leão,
no período 1988-2008

O Quadro 10 sintetiza o impacto da coligação na distribuição de cadeiras


entre os partidos, no período 1988-2008. A eventual ausência de aliança entre os
partidos mostrou-se efetiva e teve um impacto maior nessa distribuição nos dois
pleitos mais recentes. Em 2004, três vagas foram realocadas: PTB, PP e PSDB
ficaram com vagas que, com suas votações próprias, não teriam direito e, caso as
coligações não ocorressem, elas passariam para PDT (duas) e PMDB. No pleito
mais recente, houve uma realocação: o PDT ganharia uma vagas, obtida pelo PSDB
por meio de coligação. No total, sem alianças, o PDT teria três cadeiras a mais e o
PMDB uma, e PSDB (duas) PTB e PP cederiam vagas.
Dessa forma, apesar de terem sido beneficiados, dois destes três partidos
(PTB e PSDB) não utilizaram os votos de grandes partidos para conseguirem
representação, ao contrário, em 2004, uniram-se e ambos saíram vencedores. Em
2008, o PSDB se uniu a um pequeno partido (PPS) e conseguiu representação. O
outro partido a ser beneficiado, o PP, aproveitou-se das forças de um partido
grande, o PDT, para conquistar a representação em 2004.
50

Tabela 22 – Número de vagas conquistadas pelos partidos nas eleições para a


Câmara Municipal de Capão do Leão, no período 1988-2008, caso não houvesse
coligação
Partido 1988 1992 1996 2000 2004 2008 Total
PDT 2 3 3 4 5 4 21
PMDB 4 2 2 0 2 2 12
PTB - 4 0 - 0 2 6
PP 0 - 4 2 0 0 6
PSDB - 0 0 2 - - 2
PT - 0 0 1 2 1 4
DEM 3 0 0 0 - 0 3
Total 9 9 9 9 9 9 54
Fonte: Diário Popular e TRE-RS

O primeiro aspecto a ser enfatizado é que os mesmos sete partidos que


conseguiram representação no resultado oficial conseguiriam eleger candidatos se
não houvesse nenhum tipo de aliança. Dessa forma, o fato de coligar ou não coligar
não prejudicou nenhum partido nesse aspecto.
O mesmo não pode ser dito quanto ao número de cadeiras conquistadas por
cada partido como foi visto anteriormente. As conclusões encontradas na bibliografia
quanto ao tamanho dos partidos foi a mesma identificada no trabalho, pois os
grandes partidos PDT e o PMDB, aqueles que elegeram o Prefeito e fizeram as
maiores bancadas, foram os prejudicados pelas coligações, uma vez que na
simulação de cenários, eles ficariam respectivamente com três e uma cadeiras a
mais caso não houvesse coligações. PTB e PP perderiam uma cadeira cada e o
PSDB perderia duas cadeiras. O PT e o DEM manteriam seus níveis.

Eleição Desperdício Sem coligação


1988 6,2 6,2
1992 11,4 18,8
1996 37,7 37,7
2000 18,8 20,0
2004 0,3 26,7
2008 0 18,8
Fonte: Diário Popular e TRE-RS
Quadro 11 – Votos nominais não aproveitados nas eleições para a Câmara
Municipal do Capão do Leão, no período 1988-2008
51

Outro efeito que as coligações provocam – sistematizado pelo Quadro 11 –


é a redução no percentual de votos não aproveitados ou desperdiçados. Em todos
os pleitos em que elas foram adotadas, com exceção de 1996, a diferença foi
sensível, especialmente porque, tal como informa a Ciência Política, a aliança entre
partidos é um mecanismo utilizado pelas legendas que sabem a dificuldade oriunda
do fato de o cociente eleitoral, calculado em seu nível mais elevado, operar como
cláusula de exclusão.
É destacável, ainda, que quanto mais coligações existem e mais elas têm
participação no total de listas concorrentes e de cadeiras obtidas, mais votos são
aproveitados. Ao inverso, quanto mais as coligações existentes são desmanchadas
e os partidos concorrem isoladamente, mais votos são desperdiçados. É o que se
viu nos pleitos de 2004 e 2008, em que os índices de votos que ficaram na cláusula
de exclusão foram irrisórios (0,3% e zero, respectivamente), em razão do fato de
quase todos os concorrentes serem coligações que atingiram o cociente eleitoral.
Quando é simulada a inexistência de alianças nesses pleitos, os índices sobem a
níveis significativos (26,7% e 18,8%, respectivamente).

Eleição NEP Sem coligação Diferença


1988 3,4 3,4 =
1992 3,4 3,4 =
1996 3,4 3,4 =
2000 4,0 4,0 =
2004 3,4 3,0 (-) 0,4
2008 5,2 4,0 (-) 1,2
Fonte: Diário Popular e TRE-RS
Quadro 12 – Número efetivo de partidos nas eleições para a Câmara Municipal do
Capão do Leão, no período 1988-2008.

Como as cadeiras foram realocadas apenas nas duas últimas eleições, o


número efetivo de partidos se altera somente nessas. Os resultados encontrados no
trabalho referendaram a bibliografia sobre o tema: com a ausência de coligações
que obtenham cadeiras, o número de partidos efetivos nas legislaturas diminuiria
especificamente em 2004 e em 2008. No primeiro pleito o índice cai de 3,4 para 3,0
partidos efetivos e, em 2008, de 5,2 para 4,0.
Conclusão

O objetivo principal do trabalho foi verificar o impacto das coligações eleitorais


na representação política do município, em especial na distribuição de cadeiras
entre os partidos e o aproveitamento de votos dos eleitores. No primeiro capítulo
foram apresentados os principais incentivos que levam os partidos a adotarem tal
estratégia, bem como efeitos que ela produz no sistema partidário, conforme as
afirmações da bibliografia especializada. O segundo capítulo apresentou os
participantes dos pleitos e mostrou que, das 34 listas participantes, 14 eram
coligações (42,2%), as quais reuniram 30 partidos (média de 2,16 por aliança). De
outra forma, as coligações foram utilizadas por 60% dos concorrentes, o que se
explica pelo fato de haver mais concorrentes coligados do que avulsos.
Partindo para os resultados alcançados, das 54 cadeiras distribuídas nos seis
pleitos, a maioria, 30 ou 55,4%, ficou com as coligações, e 24 ou 44,4% com
partidos avulsos. No total, sete partidos obtiveram representação nesses 20 anos:
PDT, o recordista, com 18 cadeiras; PMDB, PP, PTB, PT, PSDB e DEM. Dos 50
partidos, 24 ou 48% foram eleitos, dos quais 14 estavam coligados. Isso significa
que dos 30 partidos que participaram de coligação, 46,7% se elegeu. Dentre os não-
coligados, dos 20 que participaram, 10 se elegeram (50%). Ou seja, não há
diferença significativa entre as duas estratégias no que tange à representação. No
entanto, o aproveitamento das coligações é mais elevado, pois 11 das 14
conquistaram vaga (78,6%).
As três coligações que não conseguiram representação no município foram
compostas por DEM/PL (1992), PT-PCdoB (1996) e PSB-PT do B-PCdoB (2000).
Analisando esses dados quanto ao tamanho dos partidos temos que nunca um
53

partido grande deixou de participar de uma coligação vencedora. Em duas das três
vezes, havia um partido médio unido a um pequeno partido. A única coligação
envolvendo apenas pequenos partidos não conseguiu representação.
Outra análise interessante refere-se aos partidos que tiveram sucesso num
pleito, mas no pleito posterior não conseguiram eleger candidatos. Os partidos que
tiveram sucesso na eleição anterior e não conseguiram a reeleição foram: PP
(2008), PMDB (2000), PTB (1996) e DEM (1992). Destes, o PTB e o DEM
modificaram a estratégia da eleição em que haviam conquistado sucesso, quando o
PTB estava coligado em 1992 e os democratas não estavam coligados em 1988. Os
outros dois casos são de partidos que continuaram com suas estratégias de 2004 e
1996, respectivamente PP e PMDB. Nesse caso, os progressistas continuaram
coligados e os peemedebistas avulsos.
O quarto capítulo teve como enfoque a simulação do cenário onde as
coligações não fossem permitidas. Esse método tem como proposta quantificar a
força eleitoral do partido, ou seja, essa metodologia está interessada em saber quais
partidos souberam aproveitar melhor as regras do jogo para conseguir
representação. Quais, de outra forma, preferiram coligar mesmo sabendo que
poderiam vir a perder cadeiras, para agrupar força em outra frente, a disputa ao
pleito majoritário.
Para analisar os impactos três índices propostos pela literatura foram
testados: a realocação de cadeiras, o índice de votos desperdiçados e o número
efetivo de partidos. O que se diz sobre as coligações quanto a esses três índices foi
confirmado pelo trabalho, ou seja, a coligação interfere na distribuição de cadeiras,
beneficiando algumas legendas e prejudicando outras, mais especificamente, os
grandes partidos do município, PDT e PMDB foram os únicos que ganhariam
cadeiras caso as coligações não fossem permitidas.
Na mesma medida, as coligações produzem um maior aproveitamento de
votos nominais, pois em quatro dos cinco pleitos nos quais as coligações foram
utilizadas o índice de votos aproveitados por aqueles que se elegeram sempre
cresceu. No pleito de 1992, 7,4% mais votos foram arrebatados por listas que se
elegeram. Em 2000, o índice foi o mais baixo de 1,2%. Em 2004 e em 2008 os
índices obtiveram a maior alta (26,4% e 18,8%, respectivamente).
Por fim, o número efetivo de partidos encontra no trabalho os mesmos
resultados apontados pela bibliografia, quais seja a ausência de coligações diminui
54

esse índice. Tal qual a realocação de cadeiras se deu somente nos pleitos de 2004
e 2008, o número de partidos efetivos diminuiria, da mesma forma, nesses dois
pleitos. Enquanto no primeiro pleito citado a queda é pequena, de 3,4 para 3,0
partidos efetivos, em 2008 o índice desce de 5,3 para 4,0 partidos efetivos.
Referências

BARRETO, Álvaro. Coligação em eleições proporcionais: a disputa para a Câmara


de Vereadores de Pelotas (1988-2008). Pelotas: UFPel, 2009.

_____. Impacto da coligação nas eleições proporcionais: o caso da Câmara de


Vereadores de Pelotas (1988-2004). Pelotas: Instituto de Sociologia e Política,
2006.

BRAGA, Maria do Socorro Sousa. Dinâmica de coordenação eleitoral em regime


presidencialista e federativo: determinantes e conseqüências das coligações
partidárias no Brasil In: SOARES, Glaucio A. D. e RENNÓ, Lucio (Org.).
Reforma política: lições da história recente. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio
Vargas, 2006.

CARREIRÃO, Yan de Souza. Ideologia e Partidos Políticos: Um Estudo sobre


Coligações em Santa Catarina. Opinião Pública, v. 12, nº 1, 2006.

DALMORO, Jefferson e FLEISCHER, David. Eleição proporcional: os efeitos das


coligações e o problema da proporcionalidade In: KRAUSE, Silvana e
SCHMITT, Rogério (Org). Partidos e coligações eleitorais no Brasil. Rio de
Janeiro: Fundação Konrad Adenauer; São Paulo: Unesp, 2005.

DIÁRIO POPULAR. Pelotas. nov.-dez. 1988; 1992.

FIGUEIREDO, Argelina Cheibub e LIMONGI, Fernando. Partidos Políticos na


Câmara dos Deputados: 1989-1994. Dados. Rio de Janeiro, v. 38, 1995.

IBGE. Censo 2010. Municípios do Rio Grande do Sul. Disponível em:


http://www.censo2010.ibge.gov.br/dados_divulgados/index.php?uf=43

LIJPHART, Arend. Modelos de democracia: desempenho e padrões de governo em


36 países. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.

MACHADO, Aline. A lógica das coligações no Brasil In: KRAUSE, Silvana e


SCHMITTI, Rogério (Org). Partidos e coligações eleitorais no Brasil. Rio de
Janeiro: Fundação Konrad Adenauer; São Paulo: Unesp, 2005.
56

MAINWARING, Scott. Sistemas partidários em novas democracias: o caso do Brasil.


Porto Alegre: Mercado Aberto. Rio de Janeiro: FGV, 2001.

MIGUEL, Luis Felipe e MACHADO, Carlos. Um equilíbrio delicado: A dinâmica das


coligações do PT em eleições municipais. Dados. Rio de Janeiro, v. 50, nº 4,
2007.

NICOLAU, Jairo. Como controlar o representante? Considerações sobre as eleições


para a Câmara dos Deputados no Brasil. Dados. Rio de Janeiro, v. 45, nº 2,
2002.

______. O sistema eleitoral de lista aberta no Brasil. Dados. Rio de Janeiro, v. 49, nº
4, 2006.

______. A volatilidade eleitoral nas eleições para a Câmara dos Deputados brasileira (1992-
1994). XXII Encontro Anual da ANPOCS. Caxambu, out. 1998, mimeo.

PREFEITURA MUNICIPAL DO CAPÃO DO LEÃO. Informações. Disponível em:


<http://www.cpleao.com.br/site/content/municipio/index.php>

SAMUELS, David. Determinantes do voto partidário em sistemas eleitorais


centrados no candidato: evidências sobre o Brasil. Dados. Rio de Janeiro v. 40,
nº 3, 1997.

SCHMITT, Rogério. Coligações eleitorais e sistemas partidários no Brasil. Tese de


doutorado. Rio de Janeiro: IUPERJ, 1999.

TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL-Rio Grande do Sul. TRE-RS. 2008. Resultados


Eleitorais. Disponível em: <http://www.tre-rs.gov.br>.

Você também pode gostar