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Monografia
Esse artigo é um estudo das coligações nas eleições para a Câmara Municipal do
Capão do Leão (RS), no período 1988-2008. O objetivo principal é analisar o
impacto que estas causaram na representação política, em especial a distribuição de
cadeiras entre os partidos e o aproveitamento de votos do eleitorado.
Subsidiariamente, a pesquisa pretende observar a validade dessa estratégia para os
diferentes partidos, o que será realizado por meio de análise comparada do
aproveitamento das legendas que coligaram e as que não coligaram.
Abstract
This article is a study of coalitions in elections for City Council of Capão do Leão
(RS) in the period 1988-2008. The main objective is to analyze the impact that they
caused to political representation, particularly the distribution of chairs among the
parties and the utilization of votes of the electorate. Alternatively, the research
intends to observe the validity of this strategy to the different parties, what will be
accomplished through the comparative analysis of the use of legends that coalesced
and not coalesced.
Lista de Figuras
DEM Democratas
PCdoB Partido Comunista do Brasil
PDS Partido Democrático Social
PDT Partido Democrático Trabalhista
PFL Partido da Frente Liberal
PL Partido Liberal
PMDB Partido do Movimento Democrático Brasileiro
PP Partido Progressista
PPB Partido Progressista Brasileiro
PPS Partido Popular Socialista
PRB Partido Republicano Brasileiro
PSB Partido Socialista Brasileiro
PSDB Partido da Social Democracia Brasileira
PT Partido dos Trabalhadores
PTB Partido Trabalhista Brasileiro
PT do B Partido Trabalhista do Brasil
Sumário
Resumo ............................................................................................................ 4
Abstract ............................................................................................................ 5
Lista de Figuras ............................................................................................... 6
Lista de Tabelas .............................................................................................. 7
Lista de Siglas ................................................................................................. 9
Introdução ....................................................................................................... 11
Capítulo 1 – Os Estudos sobre coligação ........................................................ 16
Capítulo 2 – Listas e partidos que disputaram as eleições proporcionais de
1988 a 2008 ...................................................................................................... 22
2.1 Apresentação dos concorrentes ................................................................. 22
2.2 A Estratégia de coligar ................................................................................ 24
2.2.1 Os Partidos que coligam .......................................................................... 24
2.2.2 A Configuração das coligações ................................................................ 26
2.2.3 As Listas que disputaram os pleitos ......................................................... 28
Capítulo 3 – Os Resultados das eleições ........................................................ 31
3.1 Distribuição de votos de 1988 a 2008 ......................................................... 31
3.2 As Vagas conquistadas por partido e conforme a estratégia adotada ........ 36
Capítulo 4 – Simulação de resultado sem as coligações ................................. 43
Conclusão ........................................................................................................ 50
Referências ...................................................................................................... 52
Introdução
1
- Os aspectos ideológicos serão mencionados na bibliografia, mas o trabalho não tem a intenção de
seguir uma definição dos partidos no município quanto a este aspecto.
2
- A aliança eleitoral de partidos, proibida pelo Código Eleitoral de 1965, voltou a ser permitida a partir
das eleições isoladas de 1985.
3
- Capão do Leão, ao contrário de grande parte dos municípios brasileiros, não foi atingido pela
mudança no número de cadeiras das Câmaras de Vereadores, determinada pela Justiça Eleitoral, em
2004. Ele já mantinha e permaneceu com o número mínimo de cadeiras que compõem os legislativos
municipais.
4
- Outros termos utilizados são: aliança e apparentement (SCHMITT, 2005).
14
segundo os vínculos do autor com o município. Por isso, e como forma de situar o
leitor, serão apresentadas algumas informações básicas sobre o local. Trata-se de
um pequeno município da zona sul do Rio Grande Sul, que até o dia três de maio de
1982 era distrito de Pelotas, com a qual faz divisa, assim como com Rio Grande,
Morro Redondo, Cerrito, Pedro Osório e Arroio Grande. A emancipação ocorreu por
força da Lei estadual 7.647/82, após plebiscito realizado no dia 28 de março daquele
ano (PREFEITURA MUNICIPAL DO CAPÃO DO LEÃO, 2010).
Conforme os dados do Censo 2010, a população é de 24.267 pessoas
(IBGE, 2010). Nas eleições de 2010, havia 17.575 eleitores aptos a votar (TRE-RS,
2010).5 O município tem sua economia baseada nas seguintes atividades:
agropecuária, extrativismo mineral em geral, comércio, prestação de serviços e
indústrias. As indústrias mais conhecidas localizadas no município são: Cooperativa
Sul-Riograndense de Laticínios (Cosulati), Avipal, frigoríficos Extremo-Sul e
Mercosul, Votorantim Celulose e Papel, SBS engenharia e Ivai Engenharia
(PREFEITURA MUNICIPAL DO CAPÃO DO LEÃO, 2010).
Como dito anteriormente, em 1982, Capão do Leão passou a existir como
um município e, ainda naquele ano, elegeu o seu primeiro prefeito, Elberto Madruga
(PMDB), que fora vereador em Pelotas durante muitas legislaturas. Em julho de
1985, este veio a falecer, deixando o exercício do cargo para seu vice, Getúlio
Victoria (PMDB), que completou o mandato e, em 1992, foi eleito prefeito. Na
segunda eleição da história município, em 1988, o escolhido foi Manoel Nei Neves
(PP), político que exerceu um segundo mandato entre 1997 e 2000. Vilmar Schmidt
(PDT) foi escolhido prefeito em 2000 e reeleito em 2004. No pleito mais recente, o
eleito foi João Quevedo (PDT), até então vice de Schmidt.
Vê-se, portanto, que até o ano 2000, o controle da Prefeitura alternou-se
entre PMDB (1982 e 1992), PP (1988 e 1996), e praticamente dois nomes: Getulio
Victoria e Manoel Nei. A partir da atual década, o poder está sob controle do PDT e
de seus aliados, especialmente com a liderança de Vilmar Schmitt e João Quevedo.6
Informa-se que os dados referentes aos resultados eleitorais foram
coletados a partir de duas fontes principais. A primeira foi o Tribunal Regional
Eleitoral do Rio Grande do Sul (TRE-RS) por intermédio do sítio institucional, onde
5
- Em 2008, última eleição abordada pelo trabalho, o eleitorado apto era composto por 17.399
pessoas.
6
- Informações sobre a composição da Câmara de Vereadores serão apresentadas no decorrer do
trabalho.
17
os dados dos pleitos de 1996 a 2008 foram encontrados. A segunda foi o Cartório
Eleitoral, localizado no município de Pelotas, e a mídia impressa (jornal Diário
Popular, em especial) para as disputas de 1988 e de 1992, pois as informações
referentes a estes dois pleitos não existem ou estão incompletas no sítio da Justiça
Eleitoral. Informações adicionais referentes aos estatutos legais que regiam as
eleições foram encontradas em produções acadêmicas e em jornais.
O trabalho está organizado em quatro capítulos. O primeiro trata da
bibliografia sobre coligações. O segundo tem como enfoque a apresentação dos
partidos e suas estratégias. Começa apresentando os partidos, passa a discriminá-
los quanto a coligados e não-coligados, para posteriormente medir a utilização do
recurso. No terceiro, o esforço é medir a efetividade da estratégia com base nos
resultados oficiais. O quarto simula como ficaria a distribuição de cadeiras caso não
houvesse coligações no município, além de outros dois indicadores: número efetivo
de partidos e índice de votos desperdiçados.
Capítulo 1 – Os Estudos sobre coligação
cociente eleitoral é estabelecido como a razão perfeita da divisão dos votos válidos
pelas vagas disponíveis.
Para a divisão das sobras, o método é o seguinte: para cada vaga, divide-se
o total de votos obtidos pela lista pelo número de cadeiras já obtidas mais um. O
concorrente que tiver o produto maior fica com a cadeira em questão. E, assim,
sucessivamente, até que todas tenham sido distribuídas.
Para Nicolau (1998, p. 16) “o calculo da proporcionalidade baseado na série
de divisores D’Hondt é unanimemente apontado como o que gera os resultados
menos proporcionais” e ainda “opera em favor dos grandes partidos, pois legendas
de menor expressão eleitoral tendem a eleger menos parlamentares sob a sua
égide do que elegeriam sob outra séries de divisores” (Idem, p. 22).
Essas regras que fazem do cociente eleitoral (calculado no patamar mais
elevado dentre todas as fórmulas) cláusula de exclusão, são apontadas por vários
cientistas políticos como um fator que leva os partidos a optarem pelas coligações
nas eleições proporcionais (BRAGA 2006; BARRETO, 2006; NICOLAU 2006). Em
outras palavras, para superar as dificuldades oriundas da fórmula eleitoral, os
partidos são estimulados a coligar, especialmente os pequenos.
Como associa partidos diferentes, a coligação é apontada na literatura como
responsável pela redução no número de listas concorrentes. Porém, não se observa
o mesmo efeito no que diz respeito ao número de partidos representados, pois os
candidatos eleitos de uma lista podem ser de diferentes partidos. Nesse sentido,
uma das características mais marcantes das coligações é ser uma alternativa para
conseguir representação utilizada pelos partidos que, se concorressem sozinhos,
provavelmente não obteriam tal espaço político, ainda mais porque, conforme as
regras do sistema eleitoral brasileiro, nas quais o cociente eleitoral é calculado no
patamar mais elevado e opera como cláusula de exclusão, as legendas pequenas
são muito prejudicadas.
Outros elementos servem como incentivos à adoção da coligação. Barreto
(2009, p. 19) lista algumas das dificuldades presentes no modo como se organiza o
sistema político que levam os partidos a coligarem em eleições proporcionais:
20
O Brasil utiliza o modelo lista aberta, o que significa dizer que o voto é dado
a um candidato dentro de uma lista de nomes oferecida pelo partido. O modo de
disputa faz com que a competição dê-se tanto entre listas quanto entre candidatos
do mesmo partido ou lista, sem que os partidos tenham qualquer controle sobre a
ordem dos candidatos na classificação, gerando incerteza sobre o pleito (BARRETO
2006; NICOLAU 2002). Para Nicolau (2006) e Samuels (1997), os sistemas
eleitorais de lista aberta fomentam a falta de coesão e o individualismo dos políticos,
o que é aumentado quando as coligações são efetuadas pelos partidos.
Tavares (1994) corrobora a visão, e ainda traz mais aspectos
o quadro mais geral que se visualiza mostra: por um lado, que, de fato, não
há uma coerência ideológica total nas coligações realizadas. De outro lado,
as coligações realizadas não permitem concluir a existência de um grande
caos partidário. Se considerarmos que coligações que não envolvam
simultaneamente partidos de esquerda e partidos de direita não provocam
tanta rejeição, ficamos com um percentual médio, no período, de 16%
coligações inconsistentes nas eleições para prefeito (CARREIRÃO, 2006, p.
147).
Os partidos grandes tendem a não coligar entre si, assim como os pequenos
partidos tendem a assumir dois comportamentos: ou coligam entre seus pares, ou
coligam com partidos maiores (BARRETO, 2009; LIJPHART; SAMUELS). No que
diz respeito a municípios de baixa magnitude, como o caso do Capão do Leão, que
distribui nove cadeiras para vereador no período estudado, a coligação torna-se
8
- O autor uso este termo, de origem francesa, em detrimento de coligações devido ao fato de a
legislação brasileira do período democrático anterior (1950-1964), referir-se a essa união como
alianças
23
9
- O partido que desde 2004 se chama PP, concorreu em 1988 como PDS e em 1996 e 2000 como
PPB. A medida justifica-se com vistas a tornar a leitura mais simples.
10
- Outro caso de partido que mudou sua designação com o passar dos anos, depois de ter disputado
os pleitos de 1988 a 2004 sob a sigla PFL. Preferiu-se adotar a atual denominação, embora ela tenha
sido utilizada apenas em 2008.
11
- O PRB também só disputou um pleito, mas ainda não pode ser incluído nesta categoria, pois esta
única eleição foi a mais recente.
26
Eleição Partidos
1988 4
1992 9
1996 10
2000 10
2004 8
2008 9
Fonte: Diário Popular e TRE-RS
Quadro 3 – Número de partidos que disputaram as eleições para a Câmara
Municipal do Capão de Leão, no período 1988-2008
Nesta seção, o trabalho parte ao seu objetivo maior, qual seja, estudar as
coligações e o impacto que elas causaram na representação parlamentar do
município.
12
- A eleição de 1998 foi excluída da tabela, pois não apresentou coligações.
Capítulo 3 – Os Resultados das eleições
6,2% dos votos nominais dessa eleição não elegeram candidatos, exatamente
aqueles atribuídos ao PP (então PDS).
O PMDB foi o grande beneficiado do processo eleitoral, pois somou cerca de
um terço dos votos e conquistou 44,4% das cadeiras, enquanto DEM e PDT
mantiveram equilíbrio entre quantidade de votos e espaço político obtido.
14
- O PSDB conquistou 11,1% dos votos válidos, como aparece na tabela. Na realidade, ele somou
11,09% e ficou a um voto de atingir o quociente eleitoral, que foi de 1.310 votos.
15
- Outro aspecto que torna essa eleição única no município é o fato de o candidato individualmente
mais votado não conseguir eleger-se, pois não pertencia a uma das listas que ultrapassaram a
cláusula de exclusão. O candidato, Dr. Édson Ramalho (PSDB), conquistou 830 votos, sendo
responsável por 63% dos votos de seu partido, quando este ficou a apenas um voto do cociente
eleitoral.
36
Esse pleito foi o responsável pelo maior número de listas que conseguiram
ultrapassar o cociente eleitoral: todas as cinco chapas que concorreram elegeram,
das quais quatro coligações e uma formada por uma candidatura isolada. Dos
partidos que coligaram, PDT, PTB, PMDB e PSDB ficaram com as cadeiras que
cada coligação teve direito, enquanto PT conseguiu representação por suas próprias
forças.
Desse modo, nesta eleição não houve nenhum voto desperdiçado,
intensificando a tendência presente no pleito anterior e que contraria frontalmente o
quadro registrado em 1996, quando mais de um terço dos votos foram dados a
concorrentes que foram excluídos do rateio de vagas.
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Como mostra a Tab. 10, ao longo dos seis pleitos analisados, sete legendas
diferentes conquistaram representação: PDT, PMDB, PTB, PP, PSDB, PT e DEM.
Outra seis participaram dos pleitos sem, no entanto, conseguirem eleger um
vereador. O partido que mais obteve cadeiras foi o PDT, pois de suas bases saiu um
terço dos candidatos eleitos (18 de 54 vagas). O PMDB aparece em segundo lugar
com cerca de 20% dos eleitos (11 vagas), seguido de PTB e PP, cada um com 13%
(sete cadeiras). A seguir, figuram PT e PSDB (quatro cadeiras cada), legendas que
conquistaram representação a partir dos três pleitos mais recente. O DEM figura
com três vagas, conquistadas no primeiro pleito analisado, pois, desde então, não
obtém espaço pelas urnas.
O PDT é o único partido que sempre elegeu candidatos. O PMDB o fez em
cinco pleitos e o ano de 2000 ficou marcado como a primeira e única vez que o
partido não conseguiu eleger candidatos. PTB, PP, PT e PSDB tiveram sucesso em
três disputas e o DEM, como já visto, em apenas uma oportunidade.
Esses dados levam a considerar PDT e PMDB como os grandes partidos do
município. Os outros cinco partidos que conseguiram representação farão parte do
rol de partidos médios (PP, PTB, PT, PMDB, PSDB e DEM). Seis legendas (PSB,
PCdoB, PT do B, PRB, PPS e PL) nunca conseguiram representação e serão
consideradas pequenas.
16
- Também disputaram pleitos, mas nunca conquistaram cadeira: PSB, PCdoB, PT do B, PRB, PPS
e PL.
39
PDT - 3 - 4 3 3 13
PTB - 4 - - 1 2 7
PMDB - 2 - - 1 2 5
PT - - - - 2 - 2
PSDB - - - - 1 1 2
PP - - - - 1 - 1
Subtotal 0 9 0 4 9 8 30
Não-coligado
PP - - 4 2 - - 6
PMDB 4 - 2 - - - 6
PDT 2 - 3 - - - 5
DEM 3 - - - - - 3
PSDB - - - 2 - - 2
PT - - - 1 - 1 2
Subtotal 9 0 9 5 0 1 24
Total 9 9 9 9 9 9 54
Fonte: Diário Popular e TRE-RS
40
estável em três entre 1988-1996, aumentou nos dois pleitos seguintes de quatro
para seis, e caiu para cinco em 2008.
1988 PP
1992 PT
1996 DEM, PTB, PSDB, PL e PSB
2000 DEM e PMDB
2004 PPS
2008 Não houve
Coligado
Para definir quais são os efeitos das coligações no que tange à aritmética
eleitoral, o método utilizado é o de simulações de cenários hipotéticos. O cenário a
ser idealizado é aquele no qual os partidos seriam proibidos de usar tal manobra ou,
como visto no caso das eleições de 1988 no município, os partidos não escolheriam
esse recurso para conseguir se eleger. De qualquer jeito, não se tem a intenção de
discutir se os partidos deveriam concorrer sozinhos tanto por força de lei quanto por
força de vontade própria, bem como não se têm como expectativa comparar
resultados para definir se as estratégias foram corretas ou se teriam mais sucesso
nas urnas se concorressem de outra forma os partidos.
Os resultados da simulação e aqueles realmente ocorridos serão
comparados, com base em dois indicadores principais: (1) o número efetivo de
partidos, que mede quantos partidos são importante dentro de uma casa legislativa,
sendo efetividade traduzida como poder de coalizão, poder de veto e de chantagem
(DALMORO e FLEISCHER, 2005; SCHMITT, 1999; MAINWARING, 2002) e (2) o
índice de votos aproveitados/desperdiçados, já explorado anteriormente.
46
representação. O mesmo vale para a aliança PMDB-DEM, que rendeu duas vagas
ao primeiro: ao disputarem isolados, o PMDB manteria suas cadeiras e o DEM, que
não amealhou nenhuma cadeira na disputa efetiva, ficaria na cláusula de exclusão.
Desse modo, verifica-se que a ausência de coligação modificaria a distribuição de
uma vaga, que passaria do PP para o PDT.
Reflexo da ausência de coligações, os votos não aproveitados ou excluídos
chegariam a 18,8%. Lembra-se que no pleito oficial o índice foi zero.
2004 2008
Partido
Real Simulado Dif. Real Simulado Dif.
PMDB 1 2 +1 2 2 =
PDT 3 5 +2 3 4 +1
PTB 1 - -1 2 2 =
PP 1 - -1 - - =
PT 2 2 = 1 1 =
PSDB 1 - -1 1 - -1
Quadro 10 – Comparação entre o resultado oficial da distribuição de cadeiras e a
simulação sem coligações nas eleições para a Câmara Municipal de Capão do Leão,
no período 1988-2008
partido grande deixou de participar de uma coligação vencedora. Em duas das três
vezes, havia um partido médio unido a um pequeno partido. A única coligação
envolvendo apenas pequenos partidos não conseguiu representação.
Outra análise interessante refere-se aos partidos que tiveram sucesso num
pleito, mas no pleito posterior não conseguiram eleger candidatos. Os partidos que
tiveram sucesso na eleição anterior e não conseguiram a reeleição foram: PP
(2008), PMDB (2000), PTB (1996) e DEM (1992). Destes, o PTB e o DEM
modificaram a estratégia da eleição em que haviam conquistado sucesso, quando o
PTB estava coligado em 1992 e os democratas não estavam coligados em 1988. Os
outros dois casos são de partidos que continuaram com suas estratégias de 2004 e
1996, respectivamente PP e PMDB. Nesse caso, os progressistas continuaram
coligados e os peemedebistas avulsos.
O quarto capítulo teve como enfoque a simulação do cenário onde as
coligações não fossem permitidas. Esse método tem como proposta quantificar a
força eleitoral do partido, ou seja, essa metodologia está interessada em saber quais
partidos souberam aproveitar melhor as regras do jogo para conseguir
representação. Quais, de outra forma, preferiram coligar mesmo sabendo que
poderiam vir a perder cadeiras, para agrupar força em outra frente, a disputa ao
pleito majoritário.
Para analisar os impactos três índices propostos pela literatura foram
testados: a realocação de cadeiras, o índice de votos desperdiçados e o número
efetivo de partidos. O que se diz sobre as coligações quanto a esses três índices foi
confirmado pelo trabalho, ou seja, a coligação interfere na distribuição de cadeiras,
beneficiando algumas legendas e prejudicando outras, mais especificamente, os
grandes partidos do município, PDT e PMDB foram os únicos que ganhariam
cadeiras caso as coligações não fossem permitidas.
Na mesma medida, as coligações produzem um maior aproveitamento de
votos nominais, pois em quatro dos cinco pleitos nos quais as coligações foram
utilizadas o índice de votos aproveitados por aqueles que se elegeram sempre
cresceu. No pleito de 1992, 7,4% mais votos foram arrebatados por listas que se
elegeram. Em 2000, o índice foi o mais baixo de 1,2%. Em 2004 e em 2008 os
índices obtiveram a maior alta (26,4% e 18,8%, respectivamente).
Por fim, o número efetivo de partidos encontra no trabalho os mesmos
resultados apontados pela bibliografia, quais seja a ausência de coligações diminui
54
esse índice. Tal qual a realocação de cadeiras se deu somente nos pleitos de 2004
e 2008, o número de partidos efetivos diminuiria, da mesma forma, nesses dois
pleitos. Enquanto no primeiro pleito citado a queda é pequena, de 3,4 para 3,0
partidos efetivos, em 2008 o índice desce de 5,3 para 4,0 partidos efetivos.
Referências
______. O sistema eleitoral de lista aberta no Brasil. Dados. Rio de Janeiro, v. 49, nº
4, 2006.
______. A volatilidade eleitoral nas eleições para a Câmara dos Deputados brasileira (1992-
1994). XXII Encontro Anual da ANPOCS. Caxambu, out. 1998, mimeo.