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Tema do Trabalho
Evolução histórica da Didáctica.
Contribuição de cada educador na configuração da didáctica como área específica de
pesquisa.
4. Conclusão ........................................................................................................................... 7
O pretendido no texto são algumas reflexões sobre as práticas pedagógicas que dinamizam o
quotidiano da escola, também, significa trazer á luz a própria experiência da pesquisadora,
tendo como fio condutor evidenciar uma forma inovadora de conduzir o problema que
envolve o processo de ensino-aprendizagem (Libâneo, 2001). Sendo assim, devemos ter
lucidez em observar que não é um factor que está definindo esta realidade, pelo contrário, é
toda uma dinâmica socialmente configurada em nosso quotidiano.
Para tanto, alguns temas são fundamentais para a compreensão da prática a ser desenvolvida.
Outros itens abordam situações que remetem à prática desenvolvida em sala de aula. Portanto,
numa perspectiva teórico-prática, este capítulo apresenta temas básicos em relação à
apropriação de conceitos importantes, a fim de que possam ser efectivados na prática escolar,
de forma consciente e crítica (Behrens, 1999).
1.1. Objectivos
1.1.1. Geral:
1.1.2. Específicos
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2. Desenvolvimento histórico da Didáctica e tendências pedagógicas
A história da Didáctica está ligada ao aparecimento do ensino no decorrer do
desenvolvimento da sociedade, da produção e das ciências como actividade planeada e
intencional dedicada à instrução. Desde os primeiros tempos existem indícios de formas
elementares de instrução e aprendizagem (Behrens, 1999). Sabemos, por exemplo, que nas
comunidades primitivas os jovens passam por um ritual de iniciação para ingressarem nas
actividades do mundo adulto.
Pode-se considerar esta uma forma de acção pedagógica, embora aí não esteja presente o
“didáctico” como forma estruturada de ensino. Na chamada Antiguidade Clássica (gregos e
romanos) e no período medieval também se desenvolvem formas de acção pedagógica, em
escolas, mosteiros, igrejas, universidades. Entretanto, até meados do século XVII não
podemos falar de Didáctica como teoria do ensino, que sistematize o pensamento didáctico e
o estudo científico das formas de ensinar (Behrens, 1999).
A formação da teoria didáctica para investigar as ligações entre ensino e aprendizagem e suas
leis ocorre no século XVII, quando João Amós Comênio (1592-1670), um pastor protestante,
escreve a primeira obra clássica sobre Didáctica, a Didacta Magna. Ele foi o primeiro
educador a formular a ideia da difusão dos conhecimentos a todos e criar princípios e regras
do ensino. Comênio desenvolveu idéias avançadas para a prática educativa nas escolas, numa
época em que surgiam novidades no campo da Filosofia e das Ciências e grandes
transformações nas técnicas de produção, em contraposição às idéias conservadoras da
nobreza e do clero. O sistema de produção capitalista, ainda incipiente, já influenciava a
organização da vida social, política e cultural (Gasparin, 2007).
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2.1. A Didáctica de Coménio se assentava nos seguintes princípios:
1) A finalidade da educação é conduzir à felicidade eterna com Deus, pois é uma força
poderosa de regeneração da vida humana. Todos os homens merecem a sabedoria, a
moralidade e a religião, porque todos, ao realizarem sua própria natureza, realizam os
desígnios de Deus. Portanto, a educação é um direito natural de todos.
2) Por ser parte da natureza, o homem deve ser educado de acordo com o seu
desenvolvimento natural, isto é, de acordo com as características de idade e capacidade para o
conhecimento. Consequentemente, a tarefa principal da Didática é estudar essas
características e os métodos de ensino correspondentes, de acordo com a ordem natural das
coisas.
4) O método intuitivo consiste, assim, da observação directa, pelos órgãos dos sentidos, das
coisas, para o registo das impressões na mente do aluno. Primeiramente as coisas, depois as
palavras. O planeamento de ensino deve obedecer o curso da natureza infantil; por isso as
coisas devem ser ensinadas uma de cada vez. Não se deve ensinar nada que a criança não
possa compreender. Portanto, deve-se partir do conhecido para o desconhecido.
Além disso, sua idéia de que a única via de acesso dos conhecimentos é a experiência
sensorial com as coisas não é suficiente, primeiro porque nossas percepções frequentemente
nos enganam, segundo, porque já há uma experiência social acumulada de conhecimentos
sistematizados que não necessitam ser descobertos novamente (Freire, 1996). Entretanto,
Coménio desempenhou uma influência considerável, não somente porque empenhou-se em
desenvolver métodos de instrução mais rápidos e eficientes, mas também porque desejava que
todas as pessoas pudessem usufruir dos benefícios do conhecimento.
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Sabe-se que, na história, as idéias, principalmente quando são muito inovadoras para a época,
costumam demorar para terem efeito prático. No século XVII, em que viveu Coménio, e nos
séculos seguintes, ainda predominavam práticas escolares da Idade Média: ensino
intelectualista, verbalista e dogmático, memorização e repetição mecânica dos ensinamentos
do professor (Freire, 1996). Nessas escolas não havia espaço para ideias próprias dos alunos,
o ensino era separado da vida, mesmo porque ainda era grande o poder da religião na vida
social. Enquanto isso, porém, foram ocorrendo intensas mudanças nas formas de produção,
havendo um grande desenvolvimento da ciência e da cultura. Foi diminuindo o poder da
nobreza e do clero e aumentando o da burguesia.
Na medida em que esta se fortalecia como classe social, disputando o poder económico e
político com a nobreza, ia crescendo também a necessidade de um ensino ligado às exigências
do mundo da produção e dos negócios e, ao mesmo tempo, um ensino que contemplasse o
livre desenvolvimento das capacidades e interesses individuais. Jean Jacques Rousseau (1712-
1778) foi um pensador que procurou interpretar essas aspirações, propondo uma concepção
nova de ensino, baseada nas necessidades e interesses imediatos da criança.
1) A preparação da criança para a vida futura deve basear-se no estudo das coisas que
correspondem às suas necessidades e interesses actuais. Antes de ensinar as ciências, elas
precisam ser levadas a despertar o gosto pelo seu estudo. Os verdadeiros professores são a
natureza, a experiência e o sentimento. O contacto da criança com o mundo que a rodeia é que
desperta o interesse e suas potencialidades naturais. Em resumo: são os interesses e 3
necessidades imediatas do aluno que determinam a organização do estudo e seu
desenvolvimento.
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3. Contribuição de cada educador na configuração da didáctica como área específica de
pesquisa
A Educação se dá em todos os momentos de nossas vidas, pois estamos em um constante acto
de aprendizado nas relações interpessoais exercidas nos grupos sociais existentes como a
família, a escola e a igreja. Para Candau (2014), somos todos educadores: “em ambos os
casos, vejo o educador, antes de mais nada, como um ser humano e, como tal, podendo ser
sujeito ou objecto da história”. No entanto, algo nos difere dos demais quando nos propomos
a estudar em uma universidade durante determinado tempo com a finalidade de obter uma
profissionalização, passando a ter intencionalidade em uma acção coordenada de ensino e
planeamento.
Por esta decisão, nos tornamos diferentes quando adquirimos conhecimentos e os ensinamos,
somos capazes de ser objecto ou sujeito da história pela acção exercida no ato de educar
quando participamos de maneira consciente ou não desse mesmo acto. Para Pimenta (2013), a
Didáctica pode ser entendida como a disciplina que estuda os objectivos, os conteúdos, os
meios e as condições do processo de ensino, tendo em vista finalidades educacionais que são
sempre sociais.
Desta maneira, entende-se que a didáctica é a pesquisa e a prática sobre o ato educacional de
aprender e ensinar, portanto, ocorre com sujeitos que juntos discutem, pensam e repensam
suas acções baseadas em teorias com intuito de resolver problemas de compreensão da
realidade. Assim, percebe-se a importância da Didáctica e da complementaridade dos
conhecimentos pedagógicos e disciplinares na incorporação dos conteúdos para a facilitação
da prática de ensino. Portanto, para que haja um bom aproveitamento do conteúdo ensinado,
esses dois requisitos – conhecimento disciplinar e conhecimento pedagógico – devem andar
lado a lado, como afirma Libâneo (2015):
Professor é condição necessária para ajudar o aluno a mobilizar suas capacidades intelectuais
para a apropriação dos conceitos. O professor deve não só dominar o conteúdo, mas,
especialmente, os métodos e procedimentos investigativos da ciência ensinada. Portanto, o
conhecimento disciplinar e o conhecimento pedagógico estão mutuamente integrados
(Libâneo, 2015). Em continuidade, Pimenta (2013), diz que os professores em sua prática
conseguem resolver problemas educacionais e são capazes de teorizar os conhecimentos
obtidos para a construção de novos saberes fundamentados na reflexão, isto é, na relação entre
teoria e prática.
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Dessa maneira, conciliar a relação entre teoria e prática é de fundamental importância para o
crescimento profissional dos docentes, uma vez que é a partir da ideia que se inicia a acção
educativa na perspectiva de ensinar de maneiras variadas e com o objectivo de facilitar a
compreensão do conhecimento pelo discente, fazendo com que o estudante desenvolva
autonomia nas ideias e procedimentos de estudo, como explica Libâneo: A teoria e a prática
são inseparáveis e fundamentais para a formação do professor, pois é a partir da relação teoria
e prática da didáctica que o professor poderá planejar e entender o processo de ensino e
aprendizagem (Freire, 1996).
O professor tem como principal função assegurar que os alunos dominem com segurança os
conhecimentos propostos, criar condições e meios para que os mesmos possam desenvolver
capacidades e habilidades intelectuais de modo que dominem métodos de estudo e de
trabalho, visando autonomia no processo de aprendizagem e independência de pensamento
Pimenta (2013). Nesse sentido, a Didáctica é imprescindível na formação docente como
norteadora das actividades pedagógicas em sala de aula. É a reflexão didáctica que questiona
sobre as diferentes formas de ensinar e de aprender, sobre os recursos a serem empregados
como suporte à acção do professor, sobre as metodologias eficientes e eficazes para o ensino.
O professor precisa ter noção das dinâmicas, das acções e reacções provocadas pelas suas
abordagens, suas interferências ou a ausência delas. Nesse contexto, existe outra discussão
que também parte da atitude do educador, que é o fato de fazer a avaliação dos planos a serem
executados. A avaliação dos conteúdos e dos conhecimentos teóricos desenvolvidos é
fundamental para que não ocorra dispersão dos objectivos de ensino, dessa forma, vislumbra-
se a avaliação e a pesquisa envolvendo a didática, no âmbito do fazer teórico-prático, pois:
Este esfacelamento entre teoria e prática é interessante aos detentores do poder, pois que
sempre poderão tomar as decisões fundamentais deixando aos executores tão somente as
decisões de “como fazer”, sem nunca lhes permitir interferência no “o que fazer”.
Ainda que essas especializações possam facilitar a tramitação administrativa das actividades e
do mercado de trabalho, dificultam o “que fazer” educacional na sua autenticidade, como um
todo, e facilitam a manipulação dos poderes hegemónicos (Candau, 2014). Saviani (2011)
apresenta a ideia sobre a hegemonia dos currículos definidos por poderes isolados e a
pertinência da acção dos sujeitos na implementação curricular que ocorre em contexto
definido pela realidade social.
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4. Conclusão
Com o presente trabalho conclui-se que a assimilação dos conhecimentos não se dá
instantaneamente, como se o aluno registasse de forma mecânica na sua mente a informação
do professor, como o reflexo num espelho. No ensino, ao invés disso, tem um papel decisivo a
percepção sensorial das coisas. Os conhecimentos devem ser adquiridos a partir da
observação das coisas e dos fenómenos, utilizando e desenvolvendo sistematicamente os
órgãos dos sentidos.
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5. Referências Bibliográficas
Behrens, M. A. (1999). Artigo: A prática pedagógica e o desafio do paradigma emergente. R.
bras. Est. pedag., Brasília, v. 80, n. 196.
Gasparin, J.L. (2007). Uma didáctica para a pedagogia histórico-crítica. 4. ed. revista e
ampliada. Campinas, SP: Autores Associados. (Colecção Educação Contemporânea).