Você está na página 1de 49

Escola Politécnica da Universidade de São Paulo

Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental


PHA3412 - Saneamento

Renato Carlos Zambon


Ronan Cleber Contrera
Theo Syrto Octavio de Souza
PARTES CONSTITUINTES DE UM SISTEMA
DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA

M a na n cia l E sta çã o d e R e d e de
Tra ta m en to D istrib u içã o
de Água
R e se rva tó rio
C a p ta ção

A d u to ra d e A d u to ra
á g ua b ru ta d e ág u a
E sta çã o tra ta d a
e le va tória
d e ág u a b ru ta

2
REDE DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA

 REDE DE DISTRIBUIÇÃO: é a parte do sistema de


abastecimento formada por tubulações e acessórios,
destinados a colocar água potável à disposição dos
consumidores, de forma contínua, em quantidade,
qualidade, e pressão adequadas.

 CUSTO DA REDE: tipicamente de 50 a 75% do custo total


do sistema de abastecimento de água.

3
4
5
6
7
TIPOS DE REDE
Quanto ao porte e função das tubulações:
 Principal, primária, tronco ou mestra: são tubulações de
maiores diâmetros que tem por finalidade abastecer as
tubulações secundárias.
 Secundária: são tubulações de menores diâmetros que tem a
função de abastecer diretamente os pontos de consumo do
sistema de abastecimento de água.
Essa divisão nem sempre ocorre ou é clara nos projetos, mas
pode facilitar a manutenção e operação do sistema, minimizar
problemas, permite realizar novas ligações facilmente com a
tubulação em carga e, no passado, era a única forma viável de
calcular as redes.
8
TIPOS DE REDE
Quanto a topologia:
 Rede Ramificada: o traçado é aberto, semelhante a uma
árvore, grelha ou espinha de peixe, cada ponto da rede é
atendido por um caminho único desde o reservatório ou outra
fonte de suprimento (se um trecho é interrompido, fica isolada
toda a rede a jusante).
R e se rva tó rio P o n ta seca

R e d e p rin cip a l

Tre ch o

R e d e se cu n d á ria

9
TIPOS DE REDE
Quanto a topologia:
 Rede Malhada ou em Anéis: a rede é fechada, forma anéis com
múltiplos caminhos para o escoamento (maior flexibilidade
para atender diferentes distribuições da demanda e para
manutenção da rede).

10
TIPOS DE REDE
Quanto a topologia:
 Mista: Possui anéis e trechos ramificados.

Reservatório

Rede m alhada Rede ram ificada

11
exemplo de rede ramificada

12
exemplo de rede ramificada

ou quase,
tem um
anel aqui...

13
exemplo de rede malhada

14
exemplo de rede malhada (em blocos)

15
exemplo de rede mista

16
RECOMENDAÇÕES PARA O TRAÇADO
são recomendações ...
 Rede principal:
analisar caso a caso....
 formar rede malhada
 direcionadas às zonas de maiores demandas
 localizadas em vias ou áreas públicas
 vias sem pavimentação, sem tráfego intenso, sem
interferências significativas, com solo adequado
 Rede secundária:
 rede simples ou dupla (localização no passeio)
 comprimento máximo de 600 m cada trecho
 atendida pelas duas extremidades depende do diâmetro, da
densidade da demanda e
 formar rede malhada do atendimento por uma
ou duas extremidades
17
FORNECIMENTO DE ÁGUA PARA A REDE

Diferentes alternativas podem e são utilizadas para o


fornecimento de água para uma rede:
 através de um único reservatório de montante
 com elevatória a montante ou em linha atendendo parte
da rede (booster)
 com reservatório de sobras (a jusante)

 sistemas complexos com múltiplos reservatórios,


boosters, válvulas redutoras de pressão, etc.

18
FORNECIMENTO DE ÁGUA PARA A REDE

R e se rva tó rio
p rincipa l
A d u çã o R e se rva tó rio
d e sob ra

Rede de
d istribu içã o

Com reservatório de montante e reservatório de sobra à jusante


19
FORNECIMENTO DE ÁGUA PARA A REDE
lembrar: energia... transientes...
uso crescente da rotação variável R e se rva tó rio
no lugar de reservatórios elevados..
d e sob ra
D e p ó sito
p rincipa l
A d u çã o

Rede de
E sta çã o d istribu içã o
e le va tó ria
Alimentação direta na rede com elevatória e reservatório de sobra
20
FORNECIMENTO DE ÁGUA PARA A REDE

E sta çã o E sta çã o
e le va tó ria 1 e le va tó ria 2

Rede de
d istribu içã o

Alimentação direta na rede através de vários pontos


21
FORNECIMENTO DE ÁGUA PARA A REDE
R e s e rv a tó rio
p rinc ipa l
E s ta ç ã o R e s e rv a tó rio
e le v a tó ria s e to ria l 1

S e to r 1

R e s e rv a tó rio
s e to ria l 2
Adução
p rinc ipa l
S e to r 2

B o o s te r
R e s e rv a tó rio
s e to ria l 3

abastecimento de setores distintos S e to r 3


22
PRESSÕES MÁXIMAS E MÍNIMAS
Devem ser atendidos nas redes os seguintes limites:
 Pressão estática máxima: 500 kPa (50 mca)
 calculada em condição de vazão nula e imposta pelo nível
d’água máximo nos reservatórios ou pressões máximas nas
elevatórias presentes no sistema
 Pressão dinâmica mínima: 100 kPa (10 mca)
 calculada com demanda de pico no dia e hora de maior
consumo e reservatórios nos níveis mínimos
Para atender esses limites é comum ser necessária a divisão da
rede em zonas de pressão (por exemplo alta, média e baixa) e
o uso combinado de reservatórios apoiados ou elevados em
diferentes cotas, boosters e válvulas redutoras de pressão.
23
ATENDIMENTO & ZONAS DE PRESSÃO

24
ATENDIMENTO & ZONAS DE PRESSÃO
pode ser de de sobras
ou complementar
abastecido por adutora
independente

25
VAZÃO PARA DIMENSIONAMENTO DA REDE

 Q: vazão, L/s K1  K 2  P  q
Q 
 K1: coeficiente do dia de maior consumo 86400
 K2: coeficiente da hora de maior consumo
 P: população final para a área a ser abastecida, hab
 q: consumo per capita final de água, L/(hab.dia)

como a vazão deve ser distribuída


ao longo de dezenas ou centenas de
trechos e nós de uma rede?

26
VAZÃO PARA DIMENSIONAMENTO DA REDE

 simplificação: não se considera -cada- ligação (milhares em


uma rede) individualmente no cálculo, elas são concentradas
em nós da rede;
 exemplo, para “n” lotes em uma quadra:

q1 q2 q3 q4 q5 q6 q7 q8 q9 q10 q11 q12 ... qn

Sqi/2 Sqi/2

27
VAZÃO PARA DIMENSIONAMENTO DA REDE

Alternativas:
 pelo número de lotes atendidos em cada quadra e quantidade
média de habitantes em cada um;
 considerando a vazão específica por unidade de comprimento das
ruas, distribuição em marcha (L/(s.km)), concentra-se metade da
vazão obtida em cada trecho para cada nó de extremidade (com o
devido ajuste no caso de redes duplas);
 considerando a vazão específica por unidade de área (L/(s.ha)), e as
áreas de influência de cada nó, ajustadas conforme áreas de
densidades diferentes (dividir em zonas homogêneas);
 e em todos os casos anteriores, somar as vazões concentradas para
consumidores especiais, caso existam.

28
ANÁLISE E DIMENSIONAMENTO DE REDES

 Equação da continuidade, para cada nó “i”:

Q n ó fin a l  i
 Q n ó in ic ia l  i
 Q c o n c e n tra d a , i  0

 Perda de carga, para cada trecho “j”:


 H j  H n ó in icia l d e j  H n ó fin a l d e j  f (Q j )

 Para diagnóstico de redes existentes ou dimensionamento de


redes novas ou em expansão interessa saber: qual o material,
condição, classe de pressão e diâmetro de cada trecho?
29
ANÁLISE E DIMENSIONAMENTO DE REDES

 Carga em cada nó:


2
pi Vi
H i  zi  
 2g

 As velocidades em redes são normalmente baixas, geralmente


se desconsidera o termo cinético na carga;
 Normalmente, também não se consideram na prática as
perdas localizadas (lembrar da precisão e variabilidade
espacial e temporal das vazões...)

30
ANÁLISE E DIMENSIONAMENTO DE REDES

Critérios:
 Pressão máxima a ser atendida - setorização
 Pressão mínima a ser atendida - simulação
a norma atual é
 Limites de velocidade (NBR 12218/1994) menos restritiva,
 mínima 0,6 m/s mas se dimensionar
a Pmin no limite e a
 máxima 3,5 m/s demanda crescer
 Antiga PNB 594/1977: além do previsto...
 perda unitária máxima de 8 m/km (0,8 %)
 velocidade máxima 2,0 m/s
 Porto (1998): Vmax=0,6+1,5D ou 2,0 m/s
 Diâmetro mínimo: 50 mm
31
DIMENSIONAMENTO: REDES RAMIFICADAS

Sequência de cálculo para o dimensionamento:


1. calcular as vazões em cada trecho (de jusante para
montante)
2. calcular as pressões estáticas em cada nó (reservatório
com NAmax) e verificar atendimento
3. estimar os diâmetros em cada trecho (Vmax e/ou jmax)
4. calcular velocidade, perda de carga unitária e perda de
carga em cada trecho
PD<
5. calcular as cargas e pressões dinâmicas em cada nó (de
Pmin?
montante para jusante, reservatório com NAmin)
6. verificar o atendimento das pressões mínimas
7. corrigir diâmetros se necessário e retornar ao passo 4

32
DIMENSIONAMENTO: REDES MALHADAS

 Quando a rede forma anéis ou tem múltiplas fontes de


suprimento o cálculo das vazões deixa de ser direto...
 Vamos tratar destes casos e do uso de softwares específicos
para o projeto de redes de abastecimento na próxima aula!

33
ROTEIRO BÁSICO PARA PROJETOS
 Delimitação da área a ser atendida (plantas do empreendimento,
levantamento topográfico, etc.)
 Estudo demográfico da área a ser atendida (zonas homogêneas,
população de fim de plano, consumidores especiais, etc.)
 Concepção do sistema de distribuição:
 Estudos das zonas de pressão e de setorização
 Traçado da rede de distribuição (principais e secundárias)
 Seleção dos pontos de concentração de vazões (levar em conta
também a topografia e extensão dos trechos)
 Distribuição das vazões nos nós ou trechos (lotes, comprimento
ou área de influência) e cálculo das vazões concentradas nos nós
 Análise e dimensionamento da rede
34
MATERIAIS DOS TUBOS E CONEXÕES
Ferro fundido dúctil
 Diâmetros: 16 opções de 50 a 1200 mm
 Comprimento: barras de 6 a 8 m
 Classes: K-9, K-7 e 1 MPa
 Revestimento interno com argamassa de
cimento
 Revestimento externo com zinco e
pintura betuminosa
 Juntas mais comuns em redes: elástica
(ponta e bolsa) e flanges

 observações: corrosão, incrustação


(redução do “C”), estanqueidade,
necessita ancoragem (juntas p&b)...

35
MATERIAIS DOS TUBOS E CONEXÕES
PVC (PBA e DEFoFo)
 Diâmetros: 9 opções de 50 a 270 mm
(100 a 600 no DEFoFo)
 Comprimento: barras de 6 m
 Classes: 3 opções de 60 a 100 mca
 DEFoFo: DE equivalente ao ferro fundido
 Juntas mais comuns em redes: elástica
(ponta e bolsa)

 observações: juntas p&b, fragilidade e


estanqueidade, mais difundida em
pequenos diâmetros atualmente...

36
MATERIAIS DOS TUBOS E CONEXÕES
Polietileno
 Diâmetros: 32 opções de 16 a 1600 mm
 Comprimento na maior parte das redes
(tubos ø 63 e 90 mm): bobinas de 100 m
 Classes: 9 opções de 40 a 250 mca
 Sem revestimento interno ou externo
 Leve e flexível, estanqueidade,
resistência química e à abrasão
 Menor rugosidade
 Principais juntas: solda termoplástica
(topo, sela, soquete e eletrofusão) e
flanges (p/ acessórios e outros materiais)
 obs.: uso ainda incipiente em redes no
país, mas cresce rapidamente.
37
Polietileno - fornecimento em bobinas

Dimensões das bobinas com 100 metros


para tubos SDR≥17 (ISO 4427/2007)
ø Tubo ø Interno Altura ø Externo.
(mm) (mm) (mm) (mm)
20 700 190 900
25 700 190 980
32 900 260 1200
40 900 330 1300
50 1200 360 1600
63 1500 390 2000
75 1800 390 2400
90 2200 460 2800
110 2200 560 3000
125 2500 760 3200
63/90 são os mais comuns em redes de água

38
39
ACESSÓRIOS

 Válvulas de manobra
 Válvulas de descarga
 Ventosas
 Válvulas redutoras de pressão
 Hidrantes

40
VÁLVULAS DE MANOBRA

Objetivos principais:
 Isolar trechos de canalização para reparos
 Melhorar o abastecimento de determinadas áreas
 Delimitar os setores de abastecimento
SETOR DE MANOBRA:
 Extensão de rede: 7 a 35 km
 Número de economias: 600 a 3.000
 Área: 40.000 a 200.000 m2 41
VÁLVULAS DE DESCARGA

42
VENTOSAS

43
VÁLVULAS REDUTORAS DE PRESSÃO

Efeito sem consumo de água Efeito com consumo de água

Uso para abastecer zonas de pressão

44
HIDRANTES DO TIPO COLUNA

45
HIDRANTES DO TIPO SUBTERRÂNEO

46
BLOCOS DE ANCORAGEM

observar padrões das concessionárias

necessários quando se utilizam juntas do tipo ponta e bolsa (junta elástica)

47
Projeto I: enunciado no site...

48
Exercício

logo depois do intervalo!

49

Você também pode gostar