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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE


INSTITUTO DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS
GRADUAÇÃO EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS
TEORIA MACROECONÔMICA I
PROFESSORA: ADRIANA FERREIRA PONTA

MARIA EDUARDA CÂNDIDO DE AQUINO FERREIRA


MARIA PAULA SANTOS FERREIRA

T2
ANÁLISE MACROECONÔMICA DE REPORTAGEM

NITERÓI
2021.2
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO………………………………....……………………………….....….3
2. RESUMO……………………………………….…………………………………..….4
3. REPORTAGEM…………………………………………………...……....…………23
4. ANÁLISE MACROECONÔMICA………………………………..……….…...…...26
5. CONCLUSÃO……………………………….……………………………….….…...28
6. BIBLIOGRAFIA……………...……………………………………………….……...29
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1. INTRODUÇÃO
A presente atividade tem como função analisar de maneira prática a
reportagem, sob o viés macroeconômico, com conceitos adquiridos na disciplina de
Teoria Macroeconômica 1. Ademais a análise será realizada dentro da ótica de uma
economia aberta, onde todas as influências econômicas externas como exportação,
importação e cotação de moeda estrangeira será levada em consideração e fará
diferença no comportamento da economia analisada.
A reportagem a ser analisada tem como título “Brasil deve crescer pouco, com
inflação ainda alta e dólar em até R$ 6 em 2022”, e no decorrer da atividade será
possível imergir nos conhecimentos a respeito de uma economia aberta e tipos,
funções e modo de aplicação das taxas de câmbio.
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2. RESUMO
As políticas macroeconômicas em uma Economia Aberta: Taxas Fixas de
Câmbio.
O câmbio fixo é independente da demanda/oferta estrangeira, enquanto o
câmbio flutuante baseia-se na demanda/oferta estrangeira. Ademais, é importante
salientar que cada um dos cambios se comporta de uma forma diferente quando se
trata de políticas macroeconômicas. Sendo elas:
Políticas Fiscais: que correspondem aos gastos do governo (G) e aos impostos
(T).
Políticas Monetárias: são as que correspondem à emissão de moeda, emissão
de títulos e ao controle da taxa de juros.

● Modelo de Mundell-Fleming

É a junção do modelo IS-LM com a curva do equilíbrio externo. Tal modelo é


usado para analisar os efeitos das consequências do uso de diferentes
políticas macroeconômicas em regimes cambiais variados. Os fluxos de
capitais são maiores do que os comerciais, com isso a taxa de juros divergente
faz com que os fluxos de capitais fluem para um deles.

● Mercado Cambial

E = taxa de câmbio nominal; ou seja, o valor de uma moeda nacional em


relação a uma moeda estrangeira.
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Exemplo: o valor do real comparado com o euro.


R$6,40 = 1 € , sendo assim
E = R$ 6,40/€

Eixo vertical => taxa de câmbio E


Ponto A => ponto de equilíbrio do mercado cambial, que é a junção a taxa de
câmbio de equilíbrio E* e a quantidade de moeda estrangeira transacionada do
mercado, por exemplo,€*.
Como é determinada a oferta de euros (S) de um país?
➢ Exportações, investimentos diretos e empréstimos.
Como é determinada a demanda de moeda estrangeira de um país?
➢ Pagamento de empréstimos externos e importações.
Quando a taxa de câmbio aumenta ocorre a diminuição no valor da moeda
nacional. Sendo assim, no caso do Brasil o real é desvalorizado.
Em contrapartida, há um aumento no valor do euro, ou seja, ele é valorizado
em termos de moeda doméstica.

● Determinação da demanda agregada

Como já mencionado, em uma economia aberta temos que levar em conta as


influências econômicas externas. Tendo isso como verdade, tanto os bens
domésticos(produzidos dentro do pais, quanto os bens estrangeiros(produzidos no
exterior), são parte da determinação da demanda agregada. Sendo assim, obtemos
os gastos com consumo e investimento internos e externos:
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AdemaIs, essa análise irá se basear na ideia de que os gastos do governo só


ocorrem internamente G = G d
Em uma economia fechada: Absorção = Demanda agregada. Isso ocorre
pois os gastos com os bens estrangeiros por parte dos residentes não são
levados em consideração. Entretanto, em uma economia aberta, é necessário
que esses fatores sejam contabilizados. Dessa forma, temos:

C = consumo G = gastos do governo M =


importações I = investimento X = exportações

Economia fechada: Qd = C + I + G

Economia aberta: Qd = C + I + G + (X − M)

Absorção doméstica => A = (C + I + G)

Saldo da balança comercial => BC = (X − M)

Com isso, a demanda agregada em uma economia aberta => Qd = A + BC

É necessário a retirada das importações, pois elas são os gastos com os


bens estrangeiros. Como as exportações são os gastos dos estrangeiros
com os bens domésticos, eles fazem parte da contabilização.

● Fatores que determinam a demanda agregada

A absorção é determinada por 3 fatores: os gastos do governo (G), de


forma positiva; os impostos (T), de forma negativa; e a taxa de juros (i) de
forma negativa.
● A = (C + I + G)
● ↑ G→ ↑A
● ↑ T→ ↓(Q − T)→ ↓C→ ↓A; [(Q − T) =renda disponível]
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● ↑ i→ ↓C→ ↓I→ ↓A

+−−

Com isso, temos a função: A = A(G, I, i)

A balança comercial também é determinada por 3 fatores: a absorção


doméstica (A) de forma negativa; a absorção estrangeira (A* de forma *)
positiva; e a taxa de câmbio real (EP *m/P) de forma positiva.

● ↑ A → ↑(C + I + G)→ ↑gastos de consumo e investimento com bens


estrangeiros → ↑M→ ↓BC
● ↑ A* → ↑X no mundo → ↑BC

A taxa de câmbio real mede o preço do bem estrangeiro quando


relacionado ao bem doméstico (usando a mesma moeda). Sendo: P
=preço doméstico; P * m preço do bem estrangeiro.
Depreciação real => ↑ e→ ↑X e ↓M (bens estrangeiros ficam mais caros em
relação aos domésticos)

● ↑ EP m */P → ↑X e ↓M→ ↑BC

−++

Desse modo, chegamos a função: BC = BC (A, A*, EP m*/P)

Função da demanda agregada

+−−++

Q d = Q d(G, T, i, A*, EP m*/P)


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2.2. Modelo IS/LM para uma Economia Aberta

● Curva IS

Ela é negativamente inclinada pois


relaciona a taxa de juros (i) com o
consumo (C) e o investimento (I), as
quais como vimos, são funções
negativas entre si e tem um efeito direto
na demanda agregada. É a curva do
mercado de bens. (IS => I = S; sendo
S=poupança)

↓ i→ ↑C e I → ↑ Qd
● Deslocamento da IS

As variáveis responsáveis pelo deslocamento

da curva IS em uma economia aberta são os

gastos do governo (G), os impostos (T),a


absorção estrangeira (A*) e a taxa de câmbio

(E). Todos esses fatores fazem com que a

curva se desloque à direita, IS para IS’.

↑ G → ↑Qd

↓ T→ ↑(Q − T)→ ↑C→Qd

↑ A* → ↑M no resto do mundo → ↑X →BC→ ↑Qd

↑ E→ ↑e→ ↑X e ↓M→ ↑BC→ Qd


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● Função IS da economia aberta

Qd = C + I + G + (X − M)

Levando em consideração que:

● C = c (Q − t) − ai
● I=−b
● G = G, ou seja, foi previamente informado
● X = X [X = X (Q* , ou seja, X foi previamente, informado e é função
de Q* (renda estrangeira => indica o desejo do mundo de comprar
nossos bens) e da taxa de câmbio real.
● M = M0 = M0 + mQ , ou seja, M0 não depende da renda e mQ sim,
pois demonstra quanto a economia vai estar disposta a importar
quando o nível de renda é aumentado.
● m => propensão marginal a importar

Com isso, podemos substituir os elementos e chegar em:

● => multiplicador keynesiano da economia


aberta
● 1 − c => propensão marginal a poupar

Obs: Em uma economia aberta há o efeito de vazamento do fluxo de


renda para o exterior sob a forma de importações mais elevadas. Isso
ocorre porque tanto os bens domésticos quanto os importados são
levados em conta. Dessa maneira, o multiplicador keynesiano em uma
economia aberta tem menor valor que em uma economia fechada.

● Curva LM
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Ela é positivamente inclinada e relaciona a demanda por moeda com a oferta de

moeda. Por serem iguais no equilíbrio: , sendo A oferta real de


moeda e L a demanda por moeda.

A equação que representa é: (v e f são sensibilidades constantes


positivas)

● Mobilidade de capital

Reta de equilíbrio externo: essa reta diferencia a economia aberta da


economia fechada pois ela engloba as relações exteriores. O balanço de
pagamento de um país (BP), é a soma entre as transações correntes
(TC) com o movimento de capitais (MK). Ele representa o registro de
todas as transações de um país.
● BP = TC + MK

As transações correntes se aproximam do saldo da balança comercial.


(X − M).
O movimento de capitais são os fluxos de capitais de um país (f).
Eles são positivos em relação à taxa de juros doméstica pois quanto
maior ela é, maior é o investimento financeiro em ativos domésticos.
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Com isso, há uma maior entrada de capitais para o país, visto que,
investir domesticamente se torna mais vantajoso. Entretanto, quando a
taxa de juros internacional aumenta, os investimentos no exterior
aumentam também, ou seja, é uma função negativa do fluxo de capitais.

Isso nos leva a função: BP = BC ( A, A*,


EPm*/ P) + f(i, i*).

Ela é positivamente inclinada. O ponto


representa o ponto de desequilíbrio que
ocorre pela alta da demanda agregada
(Qd) . Isso representa um déficit no
balanço de pagamento, ou seja, na
balança comercial.

↑ Qd→ ↑A→ ↑M→ ↓BC

Para voltar ao equilíbrio (BC = 0) é necessário que haja um aumento


na taxa de juros doméstico. Dessa maneira, o investimento interno se
torna mais vantajoso trazendo um fluxo de capitais para o país.A
esquerda da curva representa um superávit no balanço de pagamentos.

● Inclinação da curva BP

A inclinação da curva BP depende do grau de mobilidade do capital e da


velocidade de circulação entre os países.

Quando há uma baixa mobilidade de capital,


para uma dada mudança na demanda
agregada (Qd , é necessário que ocorra uma
grande variação da taxa de juros (i) para que o
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balanço de pagamentos volte ao equilíbrio.

No caso de uma alta mobilidade de capital,


quando a demanda agregada sofre uma
alteração, para voltar ao equilíbrio, é
necessária apenas uma pequena variação
na taxa de juros.

Esse gráfico representa uma falta


de mobilidade de capital.

Esse gráfico representa a perfeita


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mobilidade de capital. Ela é comum em uma economia globalizada, pois, em


geral há uma grande mobilidade de capitais e eles se movem rapidamente entre
os países. Além disso, a taxa de juros doméstica é igual a taxa de juros
internacional(i = i*) e a reta é perfeitamente elástica.

As duas curvas e a reta juntas formam o


Modelo Mundell-Fleming – o qual foi
previamente mencionado – e representam
o equilíbrio do balanço de pagamentos.

Modelo Mundell-Fleming/Câmbio Fixo

● Política monetária

A compra de títulos no mercado aberto é uma política monetária expansionista, pois:


Aumenta a oferta nominal de moeda (↑ Ms ), que desloca a curva LM para a direita
(LM’, no gráfico). Diminui a taxa de juros (i), pois os fluxos financeiros correm mais
rápido que os fluxos comerciais. Devido à variação da taxa de juros, em um primeiro
momento a taxa de juros doméstica (i) tende a aumentar mais que a taxa de juros
internacional (i*).

● Porém, no momento em que i* é


maior que i, os residentes vendem seus
títulos domésticos para comprar títulos
estrangeiros, pois o retorno desse
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investimento será maior.

● Assim, os preços dos ativos externos


aumentam e consequentemente o retorno diminui.
Por outro lado, o preço dos títulos domésticos

diminui, aumentando seu retorno. Dessa forma, a

arbitragem internacional tende a equilibrar


novamente as taxas de juros i e i*.

● Isso produz uma fuga de capitais do país, e o efeito disso no mercado


cambial é o aumento da demanda por euros (L) no país, deslocando a curva
D para D’.

● Há um desequilíbrio no mercado cambial devido ao excesso de demanda


por moeda estrangeira. Para reequilibrar, é necessário manter a paridade
da moeda à taxa de câmbio fixada. Assim, o Banco Central vende os
euros que os agentes querem comprar aumentando a oferta de euros (a
curva S move-se para S’).

Quando o Banco Central aplica essa medida e os agentes compram esses


euros, gastam a moeda nacional, portanto, a perda de reservas internacionais
(R) implica na oferta nominal de moeda (Ms). LM desloca para LM’ novamente,
e, por fim, causa o equilíbrio no mercado cambial representado pelo ponto de
equilíbrio inicial (A=C).

● Mercado monetário
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O aumento na oferta nominal de moeda (Ms) gera desequilíbrio, fazendo


com que a oferta seja maior que a demanda por moeda (L). Para resolver,
deve-se diminuir a taxa de juros (i) a fim de aumentar a demanda por moeda
pelo motivo especulativo(Le)
Porém, como a taxa de juros i está menor que i*, é necessário ocorrer a
queda na oferta nominal de moeda (M s) novamente.

Assim, pode-se concluir que a demanda agregada (Qd) permaneceu


constante, o que faz a política monetária demonstrar-se totalmente ineficaz.
Além disso, a oferta de moeda é endógena, pois quando a oferta de moeda cai
por interferência do Banco Central, não há política monetária restritiva para tal
fim. Cai pelo próprio processo de operação do Banco Central no mercado
cambial.
A balança comercial (BC) não se altera também. Os deslocamentos da
curva LM são respostas endógenas a fluxos de capital em câmbio fixo.
Primeiramente desloca-se para LM’ com a compra de títulos e volta para LM
por movimento endógeno.
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● Política fiscal
Aumento dos gastos do governo (G) ou redução de impostos (T): O aumento de
G desloca a curva IS para IS’, tendo B como ponto de equilíbrio temporário. Em
um segundo momento em B, a taxa de juros i é maior que i*, o que induz um
influxo de capital externo para o país. Isso aumenta a oferta de euros no país,
explicitada pelo movimento de S para S’.

Mercado cambial

Dada a taxa de câmbio fixo E, há um


desequilíbrio no mercado cambial dado
pela distância AB. O excesso de oferta
de euros pode ser resolvido através do

comprometimento do Banco Central a


manter fixa a paridade da moeda.

Portanto, o Banco Central deve intervir no mercado cambial comprando


o excesso de euros com reais e aumentando as reservas internacionais (R).
Aumentando a moeda em circulação, a curva LM desloca para LM’. O ponto de
equilíbrio final é C, no nível de demanda agregada Qd1

● Mercado monetário
O aumento dos gastos do governo (G) aumenta a absorção doméstica (A),
aumentando a demanda agregada (Qd ). Os impactos disso seriam o aumento
da demanda por moeda por motivo transacional (Lt ), gerando desequilíbrio no
mercado monetário.
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Para reequilibrar, é necessário aumentar a taxa de juros (i), pois reduziria a


demanda por moeda pelo motivo especulativo (Assim, a taxa de juros (i)).
tenderia a aumentar.
Porém, como i está dada por i* e não pode ficar permanentemente acima de
i*, o aumento endógeno na oferta de moeda causa equilíbrio novamente devido
à intervenção do Banco Central no mercado cambial e, consequentemente, no
monetário.
Assim, a política fiscal com câmbio fixo é totalmente eficaz, pois não produz
o efeito crowding out, a demanda agregada (Qd )aumenta. Já no saldo da
balança comercial há uma piora, pois o equilíbrio final causa um aumento das
importações (M). Com as exportações (X) constantes, o saldo da balança
comercial piora.
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➢ Vulnerabilidade externa diz respeito ao ciclo de impactos econômicos de uma


economia interna na economia de parceiros comerciais entre si. Isso piora com o
câmbio fixo.

Ex: Se há queda nos investimentos privados em um país, são reduzidos a


demanda agregada, o produto, a renda e o crescimento interno da economia.

Essa queda de Q implica na queda das importações (M), assim afetando os


parceiros comerciais de forma a diminuir suas exportações (X) e,
consequentemente, reduzindo a demanda agregada (Qd), o nível de produto
(P), e refletindo na queda das importações desse outro país. Essa queda de
importações em um país gera a queda das exportações em outro, fechando um
ciclo.
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● Modelo Mundell-Fleming/Câmbio Flexível

Compra de títulos públicos no mercado aberto

● O Governo paga os títulos com moeda, o que


aumenta a oferta nominal de moeda (MS) desloca a
curva LM para LM’.
● A taxa de juros nacional (i) tende a ser
menor que a taxa de juros internacional (i*),
demonstrando um equilíbrio temporário no ponto
B.

Pôr a taxa de juros internacional (i*) estar maior, é mais vantajoso que os
residentes vendam os títulos domésticos para comprar estrangeiros, visto que
renderão mais. Esse fluxo caracteriza a fuga de capitais de um país, resultando
no aumento da demanda por euro (L).

● Mercado cambial

O excesso de demanda por euro

torna necessário aumentar a taxa

de câmbio para reequilibrar o mercado. Aumentando a


taxa de câmbio, a moeda

nacional é desvalorizada, resultando em um conceito chamado “depreciação cambial”.


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Com a moeda desvalorizada, aumentam as exportações (X) e,


consequentemente, o saldo da balança comercial. Os bens importados ficam
mais caros que os bens domésticos, porém a demanda agregada aumenta
deslocando a curva IS para IS’.

● Mercado monetário

0 Por fim, a política monetária mostra-se totalmente eficaz, pois o saldo da


balança comercial melhora em decorrência da depreciação do câmbio, embora
seja ruim para o consumidor doméstico que não consegue mais consumir bens
domésticos com tanta facilidade, já que os preços aumentam.

● Política fiscal

Aumento dos gastos do governo (G) para expansão fiscal.

O aumento de G desloca a curva IS para a direita em IS’, tendo um


equilíbrio temporário no ponto B;

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Nesse ponto, a taxa de juros i está maior que i*, o que causa a entrada
de capital através da compra de títulos domésticos.

Mercado cambial

No gráfico ao lado, é possível observar o


excesso de oferta de euros através da distância
AB e, consequentemente, do deslocamento da
curva S para S’;

Esse excesso obriga a queda da taxa de juros para gerar apreciação


cambial, ou seja, uma valorização da moeda. O saldo da balança comercial
diminuiu, visto que se torna mais vantajoso importar. Com o aumento das
exportações (X) e a diminuição da demanda agregada (Qd), a curva IS’ retorna
para IS e o ponto de equilíbrio final é em C.

● Mercado monetário

O aumento dos gastos do governo (G) faz aumentar a demanda agregada (Qd )

deslocando IS para IS’, e a oferta de moeda pelo motivo transacional (Lt ). Com
isso, a taxa de juros doméstica (i) tende a aumentar. Porém como a taxa de juros
doméstica (i) está igual à taxa de juros internacional (i*), a demanda agregada
diminui (Qd), deslocando IS’ de volta para IS e causando também a diminuição da
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oferta de moeda (Lt ). Só então sendo possível atingir o equilíbrio, a política fiscal
demonstra-se totalmente ineficaz, visto que o saldo da balança comercial piora e
ocorre crowding out total através da apreciação do câmbio.

Mecanismos de Transmissão da Política Monetária

➢ Economia fechada:

➢ Economia aberta:
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3. REPORTAGEM

Brasil deve crescer pouco, com inflação


ainda alta e dólar em até R$ 6 em 2022
Depois de um tombo de 3,9% em 2020, o crescimento de mais de 4% do
Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2021 está praticamente garantido, ajudado
em boa parte pelo efeito estatístico da base muito baixa do ano anterior. O resultado
oficial será divulgado em 4 de março.

Em 2022, porém, a história será diferente. Ou melhor: deve voltar a ficar igual
ao que era antes, retornado à série de anos em que o país ficou preso a um
crescimento fraco logo antes de a pandemia chegar.

Nas projeções generalizadas de economistas, o país, em 2022, deve crescer


pouco mais do que zero. A expectativa média de mercado hoje é de uma alta de
0,36%. Alguns já falam até em um novo ano de recessão e em quedas de até 0,5% –
caso das projeções dos bancos Itaú e Credit Suisse.

Isto, ainda, apimentado por uma inflação que, embora não deva repetir os
mesmos 10% em que está agora, continuará alta, e um dólar que seguirá pressionado
pelas fraquezas domésticas e acomodado com folga na casa dos R$ 5,50. Há até
quem não descarte que a moeda possa flertar com os R$ 6 em alguns momentos.

Tudo isso com juros amargos provavelmente acima dos 11% ao longo do ano,
encarecendo o crédito, espantando os investimentos das empresas e deixando a roda
da economia ainda mais difícil de girar.

“O primeiro trimestre se beneficiará de um crescimento forte e pontual do PIB


agropecuário, mas esperamos contração nos trimestres subsequentes (…), devido à
contração na demanda decorrente do aumento de juros”, escreveu o Itaú em seu
relatório mais recente de previsões, em dezembro.
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Na prática, significa que a sensação de muitos brasileiros hoje, de renda


apertada e muita coisa cara, mudará muito pouco no novo ano, dado que crescer
perto de zero é deixar tudo mais ou menos onde está.

“A recuperação já está perdendo tração e tudo isso sugere que ainda teremos
um ano difícil pela frente”, diz o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano
Rostagno.

“Claro que não será tão ruim quanto 2020, quando houve a eclosão da
pandemia, mas teremos um ritmo de crescimento muito baixo e uma sensação para o
trabalhador e o consumidor de que as coisas não estão melhorando no ritmo em que
gostariam.”

A previsão do Mizuho é de um crescimento do PIB de 0,5% em 2022, podendo


ser menor e até negativo sob a sombra de alguns fatores que podem surpreender –
caso da variante Ômicron do coronavírus, novas ondas de infecções que fujam do
controle ou de uma crise hídrica que não melhore no ritmo esperado e possa até levar
ao racionamento de energia neste ano.

A inflação, hoje em 10,8%, deve desacelerar aos 4,7% até o final do ano, na
estimativa do banco – mas ainda flertando com o limite máximo tolerado pela meta do
país, que é de uma alta de preços de até 5%.

Isso significa que, no geral, os preços não vão cair, mas apenas crescer com
menos força em cima dos níveis já altos a que chegaram.

O dólar, por sua vez, deve ficar navegando entre os R$ 5,40 e os R$ 5,90.
“Pode até testar o patamar dos R$ 6, por conta principalmente das eleições e também
pela perspectiva de que o banco central dos Estados Unidos volte a subir juros”, disse
Rostagno.

Inflação e rupturas na indústria


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“Parte da desaceleração do crescimento que estamos vendo vem de uma


perda de fôlego natural, depois de um movimento muito forte de recuperação”, diz o
economista-chefe da Santander Asset Management, Eduardo Jarra. “Mas é uma
acomodação mais forte do que se esperava.”

A economia já teve pequenas quedas no segundo e no terceiro trimestre de


2021, e indica que encerrou o quarto no zero, pelos resultados fracos dos principais
dados setoriais do período.

A expectativa é que os trimestres seguintes, já 2022 adentro, continuem nesta


mesma toada morna, dando o compasso que conferirá o crescimento quase parado
do ano completo.

“Há alguns suspeitos para isso”, diz Jarra. “Um deles é a inflação muito mais
alta, que afeta o poder de compra das famílias e a dinâmica do consumo. Há também
problemas na indústria, que, depois de uma recuperação forte no início, passa hoje
por dificuldades na cadeia de suprimentos.”

A projeção da gestora do Santander é que o PIB cresça 0,5% em 2022, e a


inflação vá para 5,4%, ainda acima do teto da meta, de 5%. “É ainda um ano de
inflação alta, com os juros apertados, a economia engatinhando. Será ainda um ano
difícil”, disse o economista.
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4. ANÁLISE MACROECONÔMICA
Ao avaliar o que foi exposto na reportagem, pode-se concluir que, de acordo
com as previsões dos economistas baseadas no atual cenário brasileiro, haverá uma
contração na economia do país no ano de 2022. Para compreender plenamente o
comportamento de tal ocorrência, deve-se considerar distintos fatores. Estes incluem
o comportamento do PIB, o valor da inflação, a previsão de crescimento do setor
agropecuário no primeiro trimestre, o aumento nos juros dos empréstimos, os
investimentos privados e o baixo poder de compra da população e a cotação do dólar
consoante ao cenário político do ano eleitoral.
Primeiramente, é preciso examinar o que ocorrerá com o PIB brasileiro no ano
de 2022. De acordo com as previsões dos economistas, diferentemente do ano de
2021, que o valor do PIB apresentou crescimento de 4% em relação a 2020, a
tendência para o ano atual é de fraco crescimento, seguindo um padrão parecido com
os anos anteriores à pandemia. Entretanto, ainda existem algumas previsões mais
pessimistas, que preveem um ano de recessão com quedas que podem chegar a
0,5%. Percebe-se, assim, que há divergências quanto ao cenário econômico brasileiro
para 2022, principalmente devido aos distintos fatores que cerceiam a conjuntura
política, como as eleições e as possíveis instabilidades que venham a ocorrer.
Ademais, cabe ressaltar o comportamento da inflação para o ano de 2022. No
presente momento, a mesma encontra-se nos 10,8%, ultrapassando a meta proposta
para o ano de 2021, que seria de 5%. Desse modo, as previsões mais otimistas
apontam que o país não deve alcançar os dois dígitos, como alcançou em 2021, e
que a inflação deve apresentar desaceleração, chegando aos 4,7%, valor este ainda
muito próximo da meta estabelecida pelas autoridades do Banco Central. Portanto,
com os dados apresentados, a conjuntura econômica deve ser muito parecida com a
de 2021, ou seja, uma população com baixo poder de compra.
Ademais, é pertinente pontuar a previsão de crescimento no setor agropecuário
no primeiro trimestre de 2022, sendo este o carro-chefe da economia brasileira.
Segundo as previsões dos economistas, tal área deve apresentar um breve
crescimento no primeiro trimestre de 2022, contudo, com a diminuição da demanda
ocasionada pelo aumento dos juros dos empréstimos, tal crescimento tende a decair,
de modo que, no segundo trimestre, o mesmo setor apresente contração.
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Partindo do pressuposto que esta é uma análise de uma economia aberta, ou


seja, que considera as relações econômicas entre os países, cabe analisar, também,
a cotação do dólar para o ano de 2022. De acordo com os economistas, a moeda
estadunidense deve, ao longo do ano, variar entre R$5,40 e R$5,90, podendo chegar
aos R$6,00 por conta do ano eleitoral e pelo possível aumento na taxa básica de juros
pelo banco central dos Estados Unidos. Tais valores refletem diretamente na
economia brasileira, uma vez que os mesmos são determinantes quando trata-se de
exportações. Desse modo, pode-se afirmar que este é mais um fator que influencia no
crescimento e na contração do setor agropecuário no ano de 2022.
Portanto, pode-se concluir que o país seguirá um padrão anteriormente visto
nos anos que precederam a pandemia, ou seja, a economia brasileira tenderá a um
fraco crescimento ou até mesmo a uma pequena contração. Dessa maneira, os
preços serão afetados pelo aumento dos juros e consequente crescimento da
inflação, de modo que o poder de compra da população se manterá nos mesmos
padrões de 2021. No que concerne aos investimentos privados na economia
brasileira, há também a tendência de decréscimo pelos mesmos motivos apontados
em relação ao consumo da população.
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5. CONCLUSÃO
Portanto, através da análise da reportagem, é possível concluir que o
surgimento constante de novas variantes no cenário pandêmico que vive-se
atualmente dificulta a recuperação econômica do país, uma vez que tal conjuntura
influencia diretamente na economia brasileira e prejudica o rápido restabelecimento
dos diversos setores da economia, como a indústria e o agronegócio, este segundo
que, de acordo com as previsões dos economistas, deve promover um tênue
crescimento na economia no primeiro trimestre de 2022, mas que, logo, perderá força.
Desse modo, é possível afirmar que a demanda agregada sofrerá, por mais um
ano, uma contração, uma vez que a mesma é composta pelo consumo da população
e pelos investimentos privados, que tendem a diminuir com o aumento da taxa básica
de juros e consequente aumento da inflação. Tal cenário demonstra e sugere que o
PIB não apresentará forte crescimento neste ano, podendo até mesmo chegar a ser
negativo devido ao surgimento de novas variantes e instabilidades políticas.
No que tange ao tema inflacionário, pode-se perceber um certo otimismo
quanto às previsões dos economistas. Porém, a incerteza quanto ao surgimento de
novas variantes faz com que as previsões para o valor da inflação subam e o país
feche o ano, mais uma vez, acima do marco de 5% estabelecido pelas autoridades do
Banco Central. Tal conjuntura faz com que a população continue com a sensação de
pouca renda e preços altos, denominando, assim, um baixo poder de compra por
mais um ano consecutivo.
Ademais, é importante pontuar a cotação do dólar e seus aumentos que estão
intimamente relacionados com o fato de 2022 ser um ano eleitoral. A previsão é de
que a moeda estadunidense não ultrapasse os R$5,90, mas que, com as
instabilidades políticas, que refletem na economia, tal valor pode chegar aos R$6,00.
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6. BIBLIOGRAFIA
SACHS, J. & LARRAIN, F. Macroeconomia. São Paulo: Makron Books.

https://www.cnnbrasil.com.br/business/brasil-deve-crescer-pouco-com-inflacao-ainda-
alta-e-dolar-em-ate-r-6-em-2022/

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