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Pedagogia Do Esporte
Pedagogia Do Esporte
DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÕES
Resumo
O desenvolvimento da Pedagogia do Esporte no Brasil é tratado, neste texto, a partir da discussão do ensino de es-
porte por meio de jogos. O referencial teórico utilizado é a abordagem americana de Mitchell, Oslin e Griffin (2003).
São apresentados procedimentos pedagógicos e metodológicos relativos a jogos de invasão e perspectivas de trabalho
aos professores de Educação Física.
Palavras-chave: esporte – pedagogia– educação física.
Quadra 2
Quadra 3
Quadra 4
Quadra 1
tro grupo (ou para a linha mais próxima do
outro jogo).
Embora possa parecer simples, tais regras
precisam ser ensinadas e reforçadas nos está-
gios elementares, no ensino de jogos, quando
vários jogos estão sendo desenvolvidos. As Figura 1 – Quadras ou campos (áreas para
crianças devem ser capazes de ter autocon- jogos de invasão)
trole quando sua bola ultrapassa os limites Fonte: Mitchell, Oslin e Griffin (1997).
estabelecidos do seu jogo e, portanto, aguar-
dar. Ao mesmo tempo, devem ser capazes de A figura 2 ilustra algumas possibilidades
resistir à tentação de chutar ou jogar a bola para jogos de rede. Na parte A, o ginásio/qua-
que vem de outro jogo/campo. O ensino e o dra é dividido em duas partes com um nú-
reforço destas regras auxiliam o processo pe- mero igual de espaços (6) em cada metade,
dagógico para que a criança tenha ciência de totalizando doze pequenos espaços. As redes
seus limites. são estendidas em cada metade do ginásio,
Na figura 1, o ginásio/quadra é dividido resultando áreas múltiplas para os jogos de
em quatro espaços para o ensino de jogos de rede/parede. Observe que nos estágios ele-
invasão, numerados em seqüência 1, 2, 3 e 4. mentares os professores decidem como irão
O jogo é conduzido pela largura do ginásio, atuar sem as redes (talvez usando cones, cor-
de tal forma que cada espaço é mais comprido das ou linhas) sobre as quais a bola deve cru-
que a largura, e as equipes (que permanecem zar. Isso possibilita o domínio do espaço para
as mesmas durante uma unidade de aulas) crianças. A parte B mostra as redes na largura
são permanentemente designadas para um do ginásio, criando espaços múltiplos, neste
determinado espaço, ou seja, ao entrar no gi- caso, em quatro divisões.
násio/quadra e realizar as atividades de aque- As aulas de Educação Física, como tantas
cimento e alongamento, já identificam o seu outras, passam por rotinas, sendo considera-
espaço. Esta organização facilita o início da das formas constantes de se iniciar, desenvol-
aula com os alunos conhecendo o lugar onde ver e encerrar o trabalho de ensino/aprendi-
devem ocupar. Dessa forma, realizam as ati- zagem. As rotinas interferem diretamente na
vidades de aquecimento e alongamento inde- otimização do tempo da aula de Educação
pendentemente. A chamada não é necessária Física. Muitas aulas iniciam com alunos sen-
nesse nível, mas pode ser feita no momento tados em pequenos grupos ou em círculo, de
de aquecimento (alongamento). O aluno do forma que o professor possa explicar o trans-
ensino fundamental (6º ao 9º ano) pode atuar correr das atividades e distribuir o material a
de forma independente, se organizado para tal. ser utilizado. Rotinas que permitem um início
Os professores podem ensinar rotinas, regras, de aula mais ativo, no qual os alunos possam
procedimentos de aquecimento e alongamen- entrar imediatamente na prática e organizar
to e outros aspectos de supervisão da mesma seu próprio material, são melhores do que as
forma que podem ensinar outros conteúdos. rotinas tradicionais a exemplo das que iniciam
Criar oportunidades de rotinas práticas para com a chamada presencial.
os alunos e oferecer-lhes apropriados retor- Consideremos uma classe de terceiro ano
nos e elogios para implementação de êxito são do ensino fundamental, tendo cerca de vinte
também tarefas dos professores. e quatro alunos, todos envolvidos em jogos de
rede, nos quais eles estão aprendendo táticas, na aula, organizando seu espaço, seu grupo,
habilidades e movimentos de um jogo de rede os cones, etc.
adaptado, numa determinada área. Sua pre- Há uma grande importância na utilização
ocupação reside numa simples troca de bola dos pequenos espaços de demarcação colorida
(passe e recepção por sobre uma linha ou tal- para guiar os alunos na colocação dos cones
vez por um espaço no chão). A rede não é o em posição correta; os espaços serão comple-
foco do jogo na fase inicial, mas o desenvolvi- tados independentemente dos jogadores, ao
mento dos aspectos táticos, sem a preocupa- passo que os adversários podem localizar a
ção de se ultrapassar a altura da rede. Pode-se bola que será utilizada. O jogo pode começar
também criar diversas variedades como o uti- imediatamente após os espaços serem orga-
lizar de uma obrigatoriedade de ação: “de um nizados, para que o tempo de aula seja bem
pingo” (exemplo: a bola deve pingar uma vez aproveitado.
na quadra oposta à rede). Durante as fases iniciais de aprendiza-
A primeira tarefa do professor envolve a gem, os jogos apresentam paradas naturais,
organização de doze áreas de jogo e o início de tal forma que os alunos precisam apren-
dos jogos o mais rápido possível. Pelo fato de der como iniciar e re-iniciar o jogo quando
não haver tempo para o professor organizar houver uma parada (como uma bola indo
tais áreas, ele precisará de um sistema simples para fora da quadra, por exemplo). Os alu-
para que os alunos possam seguir suas rotinas nos com mais experiência sabem que, quando
dentro de suas próprias áreas. Utilizando de- uma equipe causa a saída da bola num jogo de
marcações de linhas na área de jogo (apresen- invasão, por exemplo, o jogo é reiniciado pela
tadas na figura 2 A), os alunos podem entrar linha lateral pela outra equipe. Este conceito
Figura 3.1 – Jogos de invasão 2x2 Figura 3.2 – Jogos de invasão 3x3
Fonte: Mitchell, Oslin e Griffin (1997).