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Espaco e tempo, distancia e presenca: conceitos para pensar a formagado humana Lilian do Valle* Amesa que originou as presentes reflexdes era consagrada ao exame das “interse¢ées e fronteiras entre as modalidades a distancia e presencial”. Nela, incumbiu-nos, sobretudo, a reflexao sobre a organizacao do ensino-aprendi- zagem na educagao tradicional e na EaD, com atencao especial a flexibilidade temporal, espacial e pedagégica como elemento fundamental para a demo- cratizagao da formagao e do conhecimento. A perspectiva adotada para o tratamento da questdo valeu-se do farto arsenal tedrico-conceitual que a filosofia faculta aqueles que pretendem inter- rogar-se sobre o que, habitualmente, passa por evidente, por inquestionavel, por resolvido de uma vez por todas (e bem sabemos quao numerosos s30, em educagao, os pressupostos jamais postos em questao!). Pensando, assim, tra- duzir a intencao dos organizadores, pareceu-nos, entao, que o primeiro passo nessa tarefa de elucidacgao deveria, forgosamente, eleger as proprias nogdes de espaco e de tempo,’ tal como podem se declinar hoje na chamada educagao presencial e, sobretudo, em nossa EaD on-line como objetos de nosso exame. No entanto, nosso interesse pelos conceitos de tempo e de espaco nao atende somente a uma formalidade académica, tampouco apenas a exigéncia de precisdo —sem a qual ndo ha pensamento digno desse nome. Ele é, antes de qualquer outra coisa, inspirado pelo compromisso com a formagao humana, coma formagdo para a autonomia que, parte integrante e ineliminavel de todo 1 Universidade do Estado do Rio de Janeiro. E-mail: lilidovalle@gmail.com. 2. Sobre oassunto, ver Valle (2000). Para aprofundamento, vale a penaassinalar que as reflexdes inspiradas na obra de Cornelius Castoriadis. indicaremos, lve se segue sao amplamente i i 2 i i. 15 mais significativas das obras do fildsofo publicadas no tanto quanto possivel, as passagen: Brasil. 104 Projeto democratico, deve guiar as iniciativas de educagao a distancia @ dar. -Ihes sentido.? Espaco e tempo: eis ai duas nodes que vem sendo, algum tempo, maltratadas pelo pensamento educacional. Nao se trata, evi lentemente, de uma atitude de aberta hostilidade: apenas uM desprezo, uma 'gnorancia, um despreparo revelados, nas reflexdes académicas, pelo INauspicioso habito de 86 se falar em “espaco-barra-tempo” ~ como se fossem um SO conceito, como se houvesse esse magico aqui e agora que o discurso educacional, naturalizan. do, da por garantido. Ora, esse, chamemos assim, descaso conceitual, naturalmente, Se prolon- ga e se manifesta, de forma semivelada, na propria designagao da modalidade que é objeto mais direto de nosso encontro. De forma semivelada, Porque nao € diretamente, mas paradoxalmente, sob 0 signo da distancia, que o espaco acaba sendo convocado para designar um novo modo de investir na formacao humana. Tanto é que, ao que parece, sob 0 signo da temporalidade é que se Pretende definir a modalidade tradicional como aquela que se faz presencial. Todavia, o que querem, de fato, dizer esses termos? Pois, examinando-se um pouco mais de perto, vemos claramente que distancia e presenca nao sé Nao sao excludentes como também definem apenas de maneira muito super- ficial aquilo que buscamos designar — porque é superficialmente que podemos dizer que 0 que se opée a presenga é... a distancia. As cartas, as memérias do passado, 0 nosso pensamento estao ai para nos fazer ver que nao foi um mérito da informatica garantir a presenga de- safiando a distancia... O que diverge da presenca nao é a distancia, mas a auséncia, e 0 que se contrapée a distancia nao é, felizmente, a presenca, mas a proximidade. Espaco e tempo — assim, no singular - so, desde sempre, coordenadas a partir das quais se pensam a identidade e a diferenca dos seres, a partir das quais se pensa, enfim, com as categorias tradicionais, sua existéncia.4 Mais ainda, espago e tempo seriam, ao que parece, simplesmente as préprias con- digdes para o pensamento.’ E decerto nao seria razodvel entrar aqui nessa discussao, que é muito mais ampla e profunda, da investigag3o sobre se ha e quais sao os a priori intuitivos do pensamento, mesmo que ela interesse direta- mente a educacao. Diga-se, pois, mais simplesmente, que tempo e espaco, da 3. Sobre autonomia, ver Castoriadis (1975, p. 92-93; 1987, p. 312; 1992, p. 126, 238, 148, 160-162; 2002, p. 219-222). 4 Mais especificamente, Castoriadis (1982, p. 139-258). 5 Cf. Kant (200). Educagio a Distancia e Tecnologias Digitais ma como familian forme mante 05 representamos, so o que nos permite pensar a existéncia, isto é, a identidade — No case educativo, ou seja, a identidade da Edueageo, identidade indicada pelo termo Contudo, aqui, comegam nossos bém, para pensar a identidade, a ident de uma sociedade, de um animal ou anéncia, é Fenn ateniere de que o ser possa permanecer, essencialmente, 0 b fi mente, falamos de identidade a cada vez que alguma coisa se mantém, no que é essen é % cial, id€ntica a ela mesm tos de poder designa-la por um sé nome oe Problemas, j4 que, familiarmente tam- idade do que é, do ser— de um homem, coisa -, nossa referéncia é sempre a 7 aed de vista do espaco, portanto, a identidade define uma ordem estavel- Ce a que, segundo cada um dos multiplos aspectos sob os quais, apesar de tudo, 0 ser se apresenta — um homem, uma sociedade, um animal ou uma coisa —, implica falar de coexisténcia, de copertencimento de diferentes elementos ou seres num estar-aqui idéntico Do ponto de vista do tempo, a identidade significa auséncia de qualquer modificagao, a0 menos no que se define como essencial: essa ordem estavel e, digamos logo, sempre ideal deve permanecer inalterada.* Ordem ideal, porque a coexisténcia que faz existir, para nés, o espaco, essa ordenacao, deve deixar de fora tudo 0 que, a partir de seu ponto de vista, é desordem, 6 excesso ou, ao contrario, é auséncia. O prego da unidade, tanto quanto o da pluralida- de que, assim, se cria no espaco, é a amputagao de tudo 0 que nao é a esséncia inalteravel, a ordem ideal. Vemos jd que, no que diz respeito aos homens e as sociedades, essa forma de pensar o espaco, a coexisténcia, é a imposic3o exterior de um valor —de uma fronteira, de um nome, de um numero —dominante e Unico. Diante de tal valor, todos os elementos sao intercambiaveis, se equivalem e 6 existem pelo senti- do de copertencimento, a partir do qual sua (sub)identidade ou sua identidade dependente sao pensadas. Mas pior ainda é pensar a identidade no tempo, uma vez que ela implica fazer do tempo o que ele nao é: atemporalidade. Ocultar, no tempo, o que © caracteriza — a alteracao, isto é, 0 aparecimento do novo ~ é ocultar, na @ criagdo,” de maneira que ndo sdo categorias a priori de tempo e er a existéncia como sendo uma ordena- possibilidade de rearranjos dos mesmos existéncia, de espago que nos levam a concebi go fixa ou no maximo uma infinita 6 Cf. Castoriadis (2987, p. 211-228). 7. CE Castoriadis (2982, p. 232-239; 1992, P- 262-294; 2002, P. 225-227). Espaco e tempo, distancia e presenca: conceitos para pensar a formagso humana 105 106 jé definidos. E, a0 contrario, a eleicig como identidade do idéntico consigg ‘des do tempo e do espaco elementos, a partir de tipos de relagao de uma e uma sé forma de dizer 0 5€% mesmo, que nos leva a construir essas representac que, depois, naturalizamos. Portanto, sera, sem duvida, preciso comegar por criticar essa Concepcao, pela qual o tempo acaba sendo a referéncia para falar da... atemporalidade — daquilo que nao esta, em sua esséncia, sujeito & alteragao do tempo ~e pela qual o que identificamos como espago s6 pode ser uma referéncia toda exte- rior de uniformizagao. a ser feita, mas, infelizmente, nem sempre de imeira é que, para criticar a légica ser como total permanéncia, preci- Essa critica comegou forma mais radical, por duas razées: a pri identitaria tradicional, aquela que pensa o pitamos o ser, nosso pensamento sobre o ser (e, assim, © perdemos) naquilo que, igualmente, o ser jamais pode ser totalmente: a impermanéncia, a total indeterminagdo. Na medida em que os esquemas tradicionais de coexisténcia implicavam a imposig3o de um valor como absoluto em vez de criticarmos a absolutizagdo, nos recusamos a pensar a coexisténcia, o manter-se junto de uma sociedade, a identidade de um individuo. A segunda razao é que acreditamos que a afirmacio da pluralidade seja suficiente para nos assegurarmos que nao estamos limitando nossa apreensao da identidade a um sé elemento. Entretanto, isso nao é verdade: a uniformi- zago do espaco, sua ordenaco estavel, ndo sé no impede mas também supée a pluralidade de elementos, sua diferenga, como posicao diferente no arranjo ideal. Nao é o plural que se opée ao uniforme, mas a alteridade; nao é a coexisténcia que se opée a singularidade, mas a forma como ela foi pensada. O que percebemos como identidade, a existéncia, deve, de certo modo, poder ser dito sob a forma de permanéncia, ordenaco, pois essa é a manei- ra que temos para entendé-la, para visualiza-la, para... espacializa-la. O fato de essa ordenacao ser complexa nao significa apenas que as relagdes entre os elementos do conjunto, do espago, so inumeraveis e partem em todas as diregdes. O fato de essa ordenacao ser complexa quer dizer também, para comegar, que ndo podemos separar, discriminar, isolar, no ser do homem e da sociedade, fatias, elementos, estruturas e subestruturas absolutamente discri- minados, uma vez por todas. Nosso ser afetivo (nosso espago afetivo) nao esté separado de nosso ser biolégico ou racional; a economia, a religido, a cultura ndo sao elementos des- membréaveis. Depois disso, é claro, as relagdes que isso, que nao posso chamar _ sen&o, formalmente, de elementos, constrdi entre si ndo so sé numerosas € Educacho a Distancia e Tecnologias Digitais, variadas —nem podem ser di itas a cemos: de pertencimento, de imma verdade é que jamais encontramos con € da sociedade, o que nao significa somente que temos de aprender que nosso me algumas de suas determinacoes: se buscarmos uma 4 Pensamento, ai, Mas, se isso é 0 e: essa dimensio, ada temporaldade, eo cec een pee ce mien pare ns h vossh 1 @.0 que significa dizé 5 ssivel f nifica dizé-la no plural? é possivel pensar a pluralidade de tempos, em vista da forma com ome que a qualifiquemos: como com-temporaneidade? a como'se solicits A nogao de uma pluralidade de tempos se dissolve quando imaginam que esses tempos Possam... Coexistir a uma so vez. Em que ela se dissolve? A resposta mais evidente ndo é a boa: ela nao se dissolve na pluralidade de representagdes que podemos ter para o tempo, mas no fato de que todas elas implicam uma certa forma (proviséria) de espacializagao do tempo. Ha multiplas maneiras de investir a dimensdo da temporalidade, construindo balizamentos para o que, em geral, é nossa apreensao do... movi- mento. Ha 0 tempo cronoldgico, linear e irreversivel do relégio e das folhinhas; hd o tempo dito natural, ciclico e reversivel das estagdes; ha 0 tempo ldgico do pensamento, linear porque escandido por uma causa da qual sempre se implica seu efeito; o tempo finalista, inteiramente movido por uma finalidade situada no destino ou na origem; e o tempo subjetivo do sonho, feito da coexisténcia de memorias que jamais se anulam, jamais se confundem inteiramente — um tempo que nao pode ser dito ciclico nem linear nem ldgico, que estrutura os diferentes elementos de uma forma sui generis. O que estamos designando, assim, como tempo é uma organizacao 6, ainda, o que se deveria deno- particular de elementos: em outras palavras, minar... espago. Portanto, nao parece haver saida: se tomarmos o tempo como pluralidade de tempos, tudo o que teremos é, ainda, a espacializagao uma ordem, uma légica, um esquema do tempo, sua redugao ao que ele nao é: ma de coexisténcia. Mas, 0 qUe é pior, continuaremos 2 ocultar que ° tempo soé 4 se dé 0) porque ele faz incidir no diferent espaco (mesmo que so sé dé no espa¢ erent ae itido no conjunto do que era O a Jo estava con espaco o que nao estava 13, 0 que nao estave : e ser, na coexisténcia da identidade. Essa incidéncia 6, pode-se dizer, a posigao de -Espago e tempo, distancia © presenta: conceitos para pensar formacio humana 107 108 novos elementos e também a emergéncia de uma outra ordem, que, estando no tempo, nao sera definitiva, acabada.* Haveria um espaco ou espacos fora do tempo, um espago intemporal da educacao, ou um espaco dando origem a uma pluralidade de tempos? Ou, ag contrério, haveria um tempo fora do(s) espago(s), um tempo extraespacial a educacao? Um (s6 ou multiplo, tanto faz) espago fora do tempo: © que poderia significar essa ideia? Haveria alguma coisa, chamada educagso, que, sem ne. nhuma referéncia ao tempo, pudesse ser pensada como um espago ou como uma multiplicidade de espacos? Esses espagos estariam, € claro, encravados na propria intemporalidade, numa eternidade que se estabeleceria pelo préprio fato da educagao. Contudo, sem o tempo, 0 que dizer de, como qualificar, como, discriminar cada uma das manifestagdes que esse extraordindrio fenémeno desdobraria? Como apreender a singularidade de cada espago, a nao ser pela referéncia comum que os absorve todos como exemplares da mesma verdade? Nesse caso, é preciso dizer, todos os espagos seriam imediatamente omes- mo espaco, um s6 e Unico espaco educativo a se reiterar de maneira perpétua como poténcia ou como ato. Na perspectiva de um tempo Unico ou da auséncia do tempo, os espacos $6 so reiteragao do mesmo. Em outras palavras, sem a perspectiva do tempo, no espago somente se engendra a diferenga: dia-pheros, dia, trans, para além, outro lugar; pheros, phoros, de carregar, de pdr — transporte, deslocamento, enfim, do mesmo. E esse mesmo, entao, $6 sera di-ferente por- que posto em outro local. A diferenga, como deslocamento, é apenas diferenca do idéntico ou identidade do diferente, desde um ponto de vista. Mas, essa referéncia, esse local, quem define? Tomemos um exemplo: do ponto de vista do conquistador, a partir de seu referente externo, todas as nacées indigenas sdo a mesma coisa: indios, mas em posicées diferentes; eles coexistem, mas sao assimilados, pelo operador da palavra indios, aos mesmos, porém em posicées diferentes. No entanto, imediata e necessariamente, um tempo fora do espaco viria a ser 0 qué? Haveria alguma coisa, chamada educacao, que, sem referéncia ao es- Pago, fosse dotada de um tempo proprio, de tempos préprios significando, talvez, a propria temporalidade manifestada? Mas manifestada em qué? Manifestada onde? Sem 0 espago, a absurda imagem de um tempo desencarnado remete a ideia de uma profusio desconexa, a uma multiplicidade cadtica que nao poderd ser significada, de tempos sem encarnacao, de sentidos inassimilaveis. 8 Cf, Castoriadis (1982, p. 246-257; 1987, p. 233-252) Educagio a DistBncia e Tecnologias Digitais pode ser pensado como alteridade, portantoo daquilo que 0 sujeito constrdi e da forma como de seu ser, exterior da sociedade. que revela exatamente o limite ele constréi o espaco — interior Parece, pois, ser de nosso interesse que os termos presenga e distanci longe de serem atribuidos privativamente a uma ou outra mmodalidade de ensino, sejam reservados para nos ajudar a pensar 0 compromisso com a for- magao humana, que, em qualquer caso, deve caracterizar a aco pedagégica conferindo-Ihe sua coeréncia, sua razio de ser mais elevada, sua dignidade. : Para tanto, de fato, torna-se imprescindivel recorrer as nogées de tem- po e de espago — nogGes muitissimo especiais, porque sem elas é impossivel pensar qualquer fendmeno, ¢ impossivel pensar a educagdo. Tudo 0 que nos aparece esta disposto em uma coordenada de tempo — um ontem, um hoje e um amanha — e de espaco — um aqui ou acola, um junto ou separado, um préximo ou distante. Qualquer experiéncia é experiéncia para um sujeito, e esse sujeito deve ser situado em um tempo e um espago. Nos nado pensamos no vazio, nem as experiéncias se d3o no vazio. Mas como definir espaco e tempo? Essa 6 uma longuissima discussao, que marca a histéria do pensamento e que pode se revelar altamente complexa, quando se esta buscando refletir sobre as condi¢des mais gerais de existéncia, como o fez, desde sempre, a filosofia e como 0 faz também a fisica contempo- ranea. Nao parece prudente que, no ambito dessas reflexdes, busquemos nos aventurar to longe: entretanto, cabe-nos, seguramente, a responsabilidade de tentar elucidar alguns pontos cruciais. Tradicionalmente, o espago é definido como a dimensao que permite ia. No espaco, as coisas podem ser dispostas, medidas, relacionadas. O espaco organiza a relagao entre as coisas. Quanto ao tempo, foi pensado como sucessao: o tempo é 0 que acontece. Ocorre que, tradicio- nalmente, pensou-se que 0 ser pleno fosse aquele ao qual, justamente, nada acontecia, Deus, o intemporal. Para pensar ° humano e sua formacao, era preciso considera-lo sob a perspective divina, isto é, pensar sua esséncia in- corruptivel. O modelo nao é, aqui, 2 atividade, mas, antes, a imobilidade. A imobilidade é a figura do que se apresenta, do que ocupa um lugar no espago @n&o se move. Um espago sem tempo: pensar a coexisténci; Espago e tempo distdncia epresenca: conceitos para pensar? formacao humana 109 sconsiderado, espacializado, reduzido a rimeira acepgao da confusao entre tempo mento desaparece, SO restando o que dade, medir como perto ou longe» é de: Nessa perspectiva, © tempo éd uma posi¢ao espacial. E estae . Hie espaco —aquela em que aideia de mor se pode definir como distancia oup dernidade inventou ainda uma outra maneira de confun. a moderni diregdo oposta: @ ideia de que ha uma lei da na em diregdo ao qual a humanidade Todavia, dir tempo e espago, que foi 4 to 3 a de que hd um pon i eae Cink 7 pelos trilhos da histéria, ou da tecnologia, ou do 70: i rtancia fornecida i 6 - fazem qualquer impo! es |vimento econdmico ~ des i Geeeolae diferengas no espago. A Unica diferenga que conta € aquela que se e , 1 dissob a forma do tempo. Nessa segunda acepgao, @ confuso a espacoe tempo é aquela em que a ideia de identidade, 2 de permanéncia desaparecem, 56 restando mesmo 0 processo, 0 meio. onto central de nossas reflexes: podemos, mporal e espacial introduzida pelas novas nicagdo nada significara para a educacao se continuarmos reduzindo a formago humana a uma simples passagem entre duas situagdes — a do humano que nao é o que deveria ser, que desconhece ° que deveria conhecer, e a daquele que, finalmente, conhece, que ja chegou ao objetivo fixado. A rigidez da espacializagao é a medida de um menos-ser e de um mais-ser: nao ha alternativas. Chegamos, assim, 20 P' agora, dizer que a flexibilidade te! tecnologias de informagao e comu Vé-se logo que ela nao é caracteristica de uma modalidade apenas: o que importa se posso estudar agora ou daqui a pouco, neste ou em outro lugar, se 0 que é fundamentalmente importante, para onde quero ir e como pretendo fazé-lo esto, de antemao, inteiramente fixados? Em contraposigao a rigidez da espacializagao, defrontamo-nos com o que se pode chamar da indeterminagao total do que 86 se pensa como proces- so, como meio. O apego ao processo, ao meio, as modalidades predefinidas implica o esquecimento dos fins. Nao ha como manter uma relagdo coerente com processos, meios e modalidades se nao se tém em vista os fins - que, como acabamos de mencionar, néo devem, necessariamente, ser pensados como se fez por tradi¢ao, como predeterminados, como definidos de uma vez por todas... Proponhamos, assim, uma outra forma de definir tempo e espaco, a luz do compromisso com a formagao da autonomia humana, ou melhor, com 2 autoformagao de sujeitos reflexivos e deliberantes: 0 espago é a dimensao que 9. CF. Castoriadis (2987, p. 237), Educagio a Distancia e Tecnologias Digitais

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