Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Em Lucas 10.2, lemos as seguintes palavras de Jesus aos setenta, aos quais enviou
de dois em dois a todas as cidades e lugares aonde havia de ir: “Grande é, em
verdade, a seara, mas os obreiros são poucos; rogai, pois, ao Senhor da seara que
envie obreiros a sua seara”. A Igreja precisa de bons obreiros.
PRIMÓRDIOS DO MINISTÉRIO
Abel apresentou uma oferta (de animais) ao Senhor (Gn 4.4 e Hb 11.4). As Escrituras
nos dizem que com Sete se começou a invocar o nome do Senhor (Gn 4.26). Noé
edificou um altar e ofereceu holocaustos ao Senhor (Gn 8.20). Esta é a primeira
menção de altar na Bíblia.
Jacó também edificou um altar ao Senhor (Gn 33.20; 35.1,3,7). Jó, contemporâneo
dos patriarcas, oferecia holocaustos ao Senhor. Isso implica altar (Jó 1.5).
Mais à frente, vemos Israel, como nação, sendo colocada por Deus como “um reino
sacerdotal” (Ex 19.6; 2Pe 2.9 e Ap 1.6). Em Êxodo 19.22,24 e 24.5, vemos o
sacerdócio mosaico. Já em Levítico 3.6 e Números 18.2, vê-se a instituição do
sacerdócio levítico. Os textos de Êxodo 28.1 e Números 18.1 falam justamente de
Arão e seus filhos, que eram da casa de Coate e serviriam no sacerdócio. Os filhos de
Arão eram Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar.
Na igreja atual, de forma geral, há quatro tipos de obreiros na Seara: o bom obreiro, o
mau obreiro, o falso obreiro e o ex-obreiro.
O BOM OBREIRO
“Bom”, segundo os textos bíblicos de Timóteo e Mateus, é ser sadio na fé, no viver e
na doutrina bíblica; equilibrado em tudo; capaz; aprovado (2Tm 2.15); limpo quanto ao
bom combate espiritual (2Tm 4.8); e duradouro quanto ao seu trabalho e aos frutos de
seu trabalho.
Os sinais de um bom obreiro são nítidos. Ele é fiel, leal a toda prova e humilde. O
humilde aprende mais, resiste mais, aparece pouco, mas faz muito. Um exemplo disso
está em Lucas, em Atos dos Apóstolos; Aristarco (Cl 4.10) e Epafras (Fm 23).
Outros sinais são a sua espiritualidade e consagração. Ele também é dócil. É fácil de
se lidar com ele. Em outras palavras, ele é exatamente o oposto do obreiro “difícil”.
O obreiro difícil é aquele complicado para dialogar e tratar de assuntos da obra e das
ovelhas. E difícil pô-lo em movimento, fazê-lo funcionar. Ele é difícil de participar,
comparecer e cooperar, e costuma ser evitado. Um obreiro que teve má formação
ministerial pode ficar estragado pelo resto da vida se não acordar para a realidade dos
fatos.
Outro sinal marcante de um bom obreiro é a sociabilidade. Ele é sociável com os seus
pares de ministério, a sua congregação e a família. Imagine um obreiro que ninguém o
quer por ser antissocial. E inadmissível.
EXEMPLOS DE BONS OBREIROS
Podemos destacar, já no Novo Testamento, bons obreiros como Demétrio (3Jo 12) e
Barnabé (At 11.22-24). Diz as Sagradas Escrituras que Barnabé “era um homem bom”
(At 11.24, versão Almeida Revista e Atualizada). Temos ainda os obreiros que
trabalharam com Paulo e que são citados nominalmente por ele (Cl 4.7-14).
O MAU OBREIRO
“Então, o seu senhor, chamando-o à sua presença, disse-lhe: Servo malvado, perdoei-
te toda aquela dívida, porque me suplicaste. Não devias tu, igualmente, ter compaixão
do teu companheiro, como eu também tive misericórdia de ti?”, Mt 18.32-33.
“Não terão conhecimento os obreiros da iniquidade, que comem o meu povo como se
comessem pão? Eles não invocam ao Senhor”, Sl 14.4.
Os textos acima deixam claro que obreiro de má qualidade é aquele que é infiel e não
procura melhorar. Mas como um bom obreiro torna-se mau ou ruim?
O bom obreiro costuma tornar-se mau aos poucos. Temos os exemplos bíblicos de
Judas Iscariotes, discípulo de Jesus; Geazi, servo do profeta Eliseu; e Pernas,
cooperador do apóstolo Paulo. A mudança é fruto dos maus costumes e maus hábitos
que o obreiro trouxe do passado, ou os adquiriu depois, e não largou.
Outra coisa que pode afetar um bom obreiro, tornando-o ruim é o desconhecimento do
seu temperamento e o agir segundo este (Pv 16.32; 23.12; 25.28). Há também o caso
de bons obreiros que se tornam maus por copiarem maus exemplos dos outros e de
fora ou por ter má formação ministerial (Lc 9.49-50).
Um obreiro estranho, misterioso, enigmático, isolado de todos, também tem tudo para
se tornar um mau obreiro, bem como o obreiro sempre imaturo social, emocional e
espiritualmente (Ec 10.16). Por último podemos citar como fator que pode provocar
essa mudança negativa o obreiro receber poderes em demasia, como no caso de
Joabe (2Sm 3.39; 16.10; 19.22).
Os sinais de um mau obreiro estão listados em Mateus 25.26, Jeremias 6.13 e 50.6, e
Miquéias 3.9-11. Ele é parasita, indolente, ocioso, preguiçoso, desordenado na sua
vida, na família e no seu trabalho; não tem ordem, é ambicioso por posição, cargo e
credencial; é invejoso, mercenário e mercadeja os dons e as coisas de Deus. Neste
caso, temos os exemplos de Balaão e Simão, o mago (At 8.18).
O mau obreiro também é liberal na doutrina bíblica, e nos bons e santos costumes da
igreja, como o sacerdote Urias (2Rs 16) e as duplas Himeneu e Fileto, e Himeneu e
Alexandre (2Tm 2.17,18 e 4.14,15). Aliás, muitos maus obreiros costumam agir em
dupla.
O mau obreiro é briguento. Daí, passa a politiqueiro. É divisionista por rebeldia (1Rs
13.26) e reclamador crônico, diferente de Jesus, do qual é dito em Isaías 53.7 que
“não abriu a sua boca”. Ele ainda procura ser “independente” e isolado. Geralmente,
para ser insubmisso. É constantemente problemático. E um problema para si mesmo.
Ele dá problema, gera e depois alimenta o problema. Em outras palavras, ele complica
um problema já existente.
Ezequiel 34 diz que o mau obreiro larga as ovelhas e o seu campo. Ele tem mau
caráter, e isso é altamente comprometedor. Quando ele dá fruto, este não vinga.
EXEMPLOS DE MAUS OBREIROS
Uma das duplas de maus obreiros célebres nas Escrituras é Nadabe e Abiú. Ela é
conhecida como a dupla inovadora (Lv 10.1-10). Coré (Nm 16.13) foi insubmisso ante
Moisés, o dirigente constituído por Deus. Aitofel, o gilonita, portanto de Judá (2Sm
15.12-13), era conselheiro pessoal de Davi, mas juntou-se a Absalão na revolta deste
contra o rei, seu pai. Por isso, Aitofel é chamado por alguns “o Judas do Antigo
Testamento”.
Abiatar, o sacerdote (2Sm 8.17), ajudou a conduzir a Arca do Senhor (1Cr 15.11), mas
foi infiel no final do reino de Davi (1Rs 1.7; 2.27). Joabe, o grande general de Davi
(2Sm 8.16), não foi fiel a Davi até o fim (1Rs 1.7; 2.28). Ele juntou-se a Adonias, o filho
mais velho de Davi, no seu complô contra o pai.
Há muitas figuras de mau obreiro nas Escrituras. Simei é a do mau obreiro declarado
(2Sm 16.5-9,13). Podemos ver também 2 Samuel 19.18-23 e 2 Reis 2. Ziba, no
passado, fora servo do rei Saul (2Sm 9.2). Ele é figura do mau obreiro camuflado
(2Sm 16.1-4; 19.16,17,25,26).
Aimaás, filho do sacerdote Zadoque, era muito apressado. Ele era também um grande
corredor, mas não tinha mensagem para entregar, como podemos ver em 2 Samuel
18.19 em diante.
O FALSO OBREIRO
O pseudo obreiro é aquele que nunca foi obreiro de fato. O falso obreiro vê o
ministério como uma carreira profissional, uma profissão. Um exemplo é o levita de
Juízes 17.6-12 e 18.14.
Paulo escreveu sobre o falso obreiro em suas epístolas. “Porque tais falsos apóstolos
são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo”, 2Co 11.13. “E
isso por causa dos falsos irmãos que se tinham entremetido e secretamente entraram
a espiar a nossa liberdade que temos em Cristo Jesus, para nos porem em servidão”,
Gl 2.4.
No Antigo Testamento, Moisés falou sobre o castigo dos falsos profetas, e descreveu
estes como filhos de Belial: “…uns homens, filhos de Belial, saíram do meio de ti, que
incitaram os moradores da cidade…”, Dt 13.13.
O EX-OBREIRO
Em Atos 1.25, lemos o relato dos apóstolos acerca de Judas, que também se encaixa
nesse perfil. “Neste ministério e apostolado, de que Judas se desviou”, diz o texto
bíblico.
Jesus exortou seus discípulos, dizendo do perigo de “quem lança mão do arado, e
olha para trás”: “Ninguém que lança mão do arado e olha para trás é apto para o
Reino de Deus”, Lc 9.62. Paulo, escrevendo em 1 Timóteo 1.6, lembra que alguns
obreiros não foram até o fim: “Do que desviando-se alguns, se entregaram a vãs
contendas”. Ainda falando a Timóteo, Paulo deixa claro que, infelizmente, “alguns
fizeram naufrágio na fé” (1Tm 1.19).
Certa vez, depois de um discurso considerado duro, o Mestre perguntou aos doze, os
únicos que permaneceram após as suas palavras: “Quereis vós também retirar-vos?”.
Ao que Simão Pedro respondeu: “Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras
da vida eterna” (Jo 6.67-68).
COMO O BOM OBREIRO PODE MELHORAR
Para que o bom obreiro possa continuar a melhorar no exercício de sua função na
obra de Deus, ele terá que observar pelo menos alguns pontos considerados
essenciais para sua formação.
Em primeiro lugar, o bom obreiro deve gostar de ler, e ler muito. E bom também que
ele curse formalmente ou no mínimo que seja um bom autodidata. Ele deve ainda
contatar e conviver com pessoas cultas, tanto na cultura bíblica como secular.
Em segundo lugar, deve o obreiro fazer uma constante auto-avaliação. O bom obreiro
deve ter autocrítica. Para o nosso melhoramento como obreiros do Senhor, devemos
analisar o nosso gráfico constantemente. Estamos subindo, conforme as palavras de
Paulo em Filipenses 3.14? Estamos parados, conforme o servo mau e negligente da
parábola do Mestre em Mateus 25.25? Ou estamos descendo, conforme a descrição
dos sacerdotes inferiores aos levitas em 2 Crônicas 29.34?
Em terceiro lugar, o bom obreiro deve frequentar ambientes de culto. Em quarto lugar,
ele deve ser humilde. O humilde aprende muito mais, e mais depressa. Em quinto, ele
deve ser atento observador dos bons obreiros.