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12/09/21, 13:51 Expresso | O “dever de solidariedade”, 20 anos depois do 11 de setembro

POLÍTICA

O “dever de
solidariedade”, 20

 anos depois do 11 de
 setembro

José Soeiro

12 SETEMBRO 2021 13:20

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Expresso
Jorge Sampaio (1939-2021). A Presidência (fotogaleria)

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12 SETEMBRO 2021 13:20

Quis o destino que o último texto público de Jorge Sampaio fosse


o apelo a que deu o nome “Dever de solidariedade”. Referia-se
“aos desafios de longo prazo que são comuns a toda a
humanidade”: alterações climáticas, revolução digital,
desequilíbrios mundiais, desigualdades, conflitos que ameaçam a
paz global. E aludia também à resposta urgente a crises como a
da Síria, Cabo Delgado ou Afeganistão. Até ao fim, Sampaio pôs o
peso da sua palavra e do seu percurso ao serviço da atenção às
vítimas da violação dos direitos humanos e ao serviço da
mobilização solidária com os refugiados, nomeadamente os
estudantes sírios ou as jovens afegãs, para quem buscava
oportunidades de acolhimento e de estudo.

Quis também o destino que a despedida de Jorge Sampaio


coincidisse com os 20 anos do 11 de setembro de 2001, esse
acontecimento catalisador, momento de transição que inaugurou
uma outra era, talvez o início do século. Há 20 anos, foi o choque
com as imagens, sem percebermos bem do que se tratava. Depois,
nos dias e nos meses seguintes, a perceção de que aquele evento
teria uma consequência brutal muito para além das vítimas
diretas que causou. A “legítima defesa” foi então invocada por
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 Bush Jr. para uma investida imperial muito para além de


qualquer ação defensiva. O que há vinte anos se iniciou foi, pois,
uma remilitarização da política, com a reabilitação da narrativa
das “forças do bem” contra as “forças do mal”, na expressão que
Geroge W. Bush passou a utilizar obstinadamente, como
contraparte da narrativa da “guerra santa” contra o “Grande Satã”
norte-americano. O clima emocional que o ataque provocou foi
explorado pela administração americana para descartar as
respostas assentes no direito internacional. Primeiro, o
bombardeamento e a invasão do Afeganistão, em outubro de
2001, com significativa complacência internacional (também
pelo momento de abalo que se atravessava), e, pouco mais de um
ano e meio depois do 11 de setembro, um verdadeiro ponto de
viragem na política: a ocupação militar do Iraque, expressão da
“guerra infinita” movida então pelos Estados Unidos,
instrumento para o controlo do petróleo iraquiano, para o
reforço da presença militar no médio oriente, para o
relançamento da economia pela indústria de guerra e (não
esqueçamos!) autêntico ultimato sobre a ONU e sobre o
multilateralismo.

A posição das esquerdas à esquerda (Bloco, PCP) e de Sampaio


não coincidiu em 2001, no que à intervenção militar no
Afeganistão diz respeito. Já em 2003, então Presidente, Sampaio
não permitiu que as tropas portuguesas fossem para o Iraque, ao
contrário da intenção do Governo de Durão Barroso, que
associou Portugal à ocupação militar através do acolhimento da
Cimeira da Guerra, nas Lajes. Pelo seu lado, Sampaio criticou a
intervenção norte-americana e empenhou-se, pouco depois do
termo do seu mandato presidencial, numa intervenção política
nos antípodas dos que, em Portugal e noutros países, fizeram
coro com o belicismo imperial e elogiaram a “determinação
norte-americana" contra a “fraqueza europeia”. “A iniciativa da
Aliança das Civilizações, lançada pelas Nações Unidas em 2006 -
depois da problemática, contestada e danosa invasão e ocupação

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 militar do Iraque e da multiplicação de atentados à bomba


contra civis em vários países, designadamente ocidentais - era, a
meu ver”, escreveu Sampaio no seu último texto, “a resposta certa
para promover o diálogo de civilizações, uma cultura da
tolerância, do conhecimento e respeito mútuos e uma
coexistência pacífica entre os povos com base no direito
internacional e na protecção dos direitos humanos”. Em 2013,
Sampaio criou ainda a Plataforma Global de Assistência
Académica de Emergência a Estudantes Sírios, uma iniciativa
inédita, que tem revelado grande sucesso e que agora procurava
alargar a outros âmbitos, como o apoio a estudantes afegãos.

Muitas são as dimensões do percurso e da bondade de Jorge


Sampaio que têm sido muito justamente sublinhadas nestes dias
- da luta estudantil à defesa dos presos políticos do fascismo, das
pontes com as esquerdas à confiança que suscitava nesses
diálogos, dos gestos concretos e simbólicos contra o abandono
escolar ou contra a homofobia ao ativismo pela
autodeterminação de Timor ou pelos direitos dos doentes de sida
ou tuberculose. Mas aquele último apelo fica a ressoar-nos na
cabeça e interpela-nos hoje no balanço destes últimos 20 anos.
As instituições internacionais estão mais debilitadas, o
despotismo financeiro expande a sua dominação, conflitos
históricos permanecem e agravaram-se, as ocupações militares
revelaram os seus efeitos, a regulação dos principais problemas da
humanidade - a fome, a pandemia, a crise climática, a
perseguição aos refugiados... - enfrentou nos últimos anos a
indiferença e a imensa arrogância de governos como os de Trump
ou Bolsonaro. E nós, que temos feito? Que outros caminhos
temos ajudado a trilhar? E sobretudo: o que podemos fazer mais?
Teremos a perspicácia de fazer deste adeus um compromisso
solidário para o futuro?

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