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AULA 5
Adicional de Transferência
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I – INTRODUÇÃO – PRINCIPAIS VERBAS TRABALHISTAS
Neste módulo estaremos centralizando nossos estudos nas principais verbas trabalhistas,
ou seja, aquelas verbas ou procedimentos que estão presentes em mais de 90% das
reclamatórias trabalhistas.
O presente estudo visa aprofundar o conhecimento de cada uma dessas verbas, com
destaque dado à base de cálculo, demonstração das diversas formas de cálculo da
parcela, exemplos de condenação, apresentação de planilhas eletrônicas para efeito de
cálculo das parcelas.
Cabe lembrar, que todas as informações para a elaboração dos cálculos devem estar
contidas no comando sentencial, entretanto, quando isso não ocorre de maneira clara,
surge a possibilidade de se elaborar o cálculo buscando o melhor critério que o caso
permita, de modo a trazer vantagens à parte que está contratando os serviços do perito.
No módulo atual as verbas serão detalhadas uma a uma, e, quando possível, com as
referências legais.
Não vamos entrar no mérito se o reclamante tem direito ou não à percepção da verba, ou
se esta deve ser calculada com base nesse ou naquele valor. Todavia, vamos procurar,
sempre que possível, mostrar mais de uma maneira de calcular a mesma verba, desde
que a sentença permita tal procedimento.
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1. Adicional de Transferência - Fundamentação
O parágrafo 3º, do art. 469 da CLT, dispõe sobre o assunto, senão vejamos:
O valor do adicional integra a remuneração para todos os efeitos legais, enquanto for
pago, inclusive para cálculo de: horas extras, adicional noturno, domingos e feriados
trabalhados, 13os. salários, férias, abono de férias, aviso prévio, fgts, etc.
Há uma corrente doutrinária que entende que o adicional de transferência pode ter efeito
cumulativo, ou seja, o trabalhador transferido da cidade base para outra cidade tem o
direito de receber 25% de adicional sobre os seus vencimentos e, se após um determinado
período, novamente for transferido para outra cidade, poderá receber mais 25%, e assim
sucessivamente.
Vale lembrar, entretanto, que não estamos aqui discutindo o direito do trabalhador e sim
extraindo da sentença as informações cabíveis ao caso. É a sentença que irá definir se o
reclamante tem direito ou não ao recebimento da verba e se a verba deve ser paga de
forma cumulativa ou não. Caso a sentença seja omissa quanto ao critério de cálculo, se
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contratado pelo reclamante, o Perito Assistente deverá interpretar o comando sentencial
de forma a extrair o máximo que a condenação permita em favor do seu cliente, deixando
a decisão sobre o critério adotado para o juiz.
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2. Adicional de Transferência – Base de Cálculo
A base de cálculo do adicional de transferência está definida no texto da lei, parágrafo 3º,
do art. 469, da CLT, senão vejamos:
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3. Adicional de Transferência – Classificação da Verba
O adicional de transferência é uma verba de caráter salarial, que gera reflexos sobre outras
parcelas: aviso prévio, 13º salário, férias, terço de férias e FGTS.
Por ser parcela de caráter salarial, pode integrar a base de cálculo de outras parcelas,
como por exemplo: horas extras, adicional noturno, violações intervalares, entre outras
verbas.
Como integra a base de cálculo das parcelas acima, o cálculo do adicional de transferência
deve preceder o cálculo das referidas parcelas para posterior integração na base de cálculo
das verbas.
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4. Adicional de Transferência – Reflexos
O adicional de transferência sofre os efeitos diretos da sua base de cálculo, ou seja, pode
ser considerada como parcela salarial fixa, quando a base de cálculo for constituída por
verba salarial fixa, como, por exemplo, o salário base mensal. Pode, ainda, ser
considerada como parcela salarial variável, quando a sua base de cálculo for constituída
de parcelas variáveis, como, por exemplo: comissões, gratificações ou prêmios. Essa
particularidade reflete diretamente no cálculo das parcelas reflexas: aviso prévio, 13º
salários, férias, terço de férias e FGTS.
Quando o adicional de transferência tiver base cálculo fixa, as parcelas reflexas devem ser
calculadas com base no valor devido a título de adicional de transferência relativo ao mês
de pagamento de cada parcela reflexa. Para as parcelas rescisórias, o valor do mês da
rescisão contratual. Para os 13º salários, o valor do mês de dezembro de cada ano em que
os reflexos são devidos, o mesmo ocorrendo para os períodos de férias gozadas com o
terço constitucional, neste caso, o valor do mês de gozo das férias.
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do valor médio dos 12 meses anteriores ao mês de referência do pagamento da verba
reflexa, preferencialmente, valores corrigidos.
Se o adicional de transferência for constituído por base fixa e variável ao mesmo tempo, o
cálculo dos reflexos deverá ser realizado de forma separada, de acordo com os critérios
acima, neste caso, um cálculo (principal + reflexos) para a parte fixa e outro cálculo
(principal + reflexos) para a parte variável.
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5. Adicional de Transferência – Exemplos de Condenação
A seguir vamos analisar alguns comandos sentenciais inerentes à matéria. Temos algumas
decisões com textos simples e bem definidos, outras deixando margem para a
interpretação das partes.
Não há muita variação quanto ao deferimento da parcela, uma vez que a concessão da
verba é simples, ou seja, quando há o deferimento o Juiz define os parâmetros necessários
para a realização dos cálculos, como, por exemplo: base de cálculo, período, bem como os
reflexos decorrentes da parcela.
Pode, ainda, haver a concessão de diferenças entre o que foi pago e o adicional devido ao
reclamante, com diferenças reflexas decorrentes, isso em função da base de cálculo
adotada no período e até mesmo com relação ao adicional aplicado.
Portanto, é uma parcela com médio grau de dificuldade na realização dos cálculos de
liquidação.
Dados do processo:
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Com base na sentença acima, podemos fazer a seguinte análise:
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CASO 2 - Uma sentença complexa com duas possibilidades de solução:
Dados do processo:
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Pelo Reclamante:
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CASO 3
A empresa por sua vez, pagou o adicional de transferência na ordem de 25% para o
período em que o reclamante trabalhou nestas duas localidades.
Dados do processo:
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Vejamos qual é o resultado final:
ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA
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6. Considerações Finais
O histórico acima deve fazer parte do conhecimento do Perito, até mesmo para elaborar
uma possível fundamentação dos cálculos realizados, se necessário. O adicional de
transferência, assim como todas as verbas a serem calculadas nos autos, sempre devem
estar deferidas e definidas no título executivo.
ATENÇÃO PARA ESTE PONTO: Toda e qualquer definição para a elaboração dos
cálculos deve estar contida no comando sentencial. Entretanto, quando isto não ocorre,
ou seja, a verba é deferida, mas, os parâmetros são falhos ou inexistem, surge a
possibilidade de elaborar-se o cálculo buscando o melhor critério, fundamentado em uma
tese que venha a trazer vantagens à parte que está contratando os serviços do perito
assistente.
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7. Cálculo de Liquidação da Verba – Reclamatória Trabalhista
CAPA DO PROCESSO
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
Autor.........: XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
Advogado .: XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
AUTUAÇÃO
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PETIÇÃO INICIAL
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, brasileiro,
casado, RG x.xxx.xxx-x, CPF xxx.xxx.xxx-xx, residente e domiciliado à rua barão do
cerro azul 199, Curitiba/Pr., por seu advogado qualificado no presente caso, vem à
presença de V. Exa., para propor:
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, pessoa
jurídica de direito privado, estabelecido à Rua Marechal Deodoro, No. XXX, Centro,
Curitiba – Paraná, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.
1. CONTRATO DE TRABALHO:
2. ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA:
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A empresa não efetuou qualquer acréscimo salarial
em favor do reclamante em face das transferências realizadas no período contratual, como
comprovam os recibos de pagamentos ora juntados em anexo.
Acolha-se.
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4. REQUERIMENTOS FINAIS:
Nestes termos
Pede deferimento.
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
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CONTESTAÇÃO
Autos RT 1000/2010
MÉRITO
1. CONTRATO DE TRABALHO
2. ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA
O reclamante foi contratado para exercer a função vendedor, iniciando suas atividades
na cidade sede da empresa, Curitiba-Paraná. Nos meses de setembro de 2008 e março de
2009, foi transferido para as cidades de Maringá e Guaratuba, ambas no Paraná,
respectivamente.
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Cabe destacar, que as transferências beneficiaram o reclamante, pois as transferências
somente ocorreram em face do pedido efetuado pelo próprio reclamante, sob a alegação
de que sua esposa havia sido transferida para trabalhar nas referidas localidades.
REQUERIMENTO
Requer, por derradeiro, provar o alegado por todos os meios de prova em direito
admitidos, especialmente oitiva de testemunhas, juntadas de novos documentos,
depoimento pessoal do reclamante sob pena de confissão quanto à matéria de fato.
Nestes termos
Pede deferimento.
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
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Recibos de Pagamentos
Soma……: 1.930,00 Líquido ..….: 1.710,00 Soma ...…: 1.930,00 Líquido……: 1.710,00
Soma……: 1.930,00 Líquido ..….: 1.710,00 Soma ...…: 1.930,00 Líquido……: 1.710,00
Soma……: 1.930,00 Líquido ..….: 1.710,00 Soma ...…: 1.930,00 Líquido……: 1.710,00
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Recibo de Pagamento Recibo de Pagamento
Funcionário: XXXXXXX Mês..: mar-2009 Funcionário: XXXXXXX Mês ..: abr-2009
Descontos Descontos
Salário Base: 1.280,00 INSS..…….: 220,00 Salário Base.: 1.280,00 INSS......….: 220,00
Comissões..: 650,00 IRRF ……..: Comissões....: 650,00 IRRF.……..:
Soma……: 1.930,00 Líquido ..….: 1.710,00 Soma ...…: 1.930,00 Líquido……: 1.710,00
Soma……: 1.930,00 Líquido ..….: 1.710,00 Soma ...…: 1.930,00 Líquido……: 1.710,00
Soma……: 1.930,00 Líquido ..….: 1.710,00 Soma ...…: 1.930,00 Líquido……: 1.710,00
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SENTENÇA DE 1O GRAU
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
Termo de Audiência
SENTENÇA
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Isto posto, defiro o pedido formulado pelo reclamante na exordial
a título de adicional de transferência, nos termos do art. 469, par. 3º, da CLT, na ordem
de 25%, conforme requerido pelo autor.
CONCLUSÃO
INTIMEM-SE AS PARTES.
Cumpra-se no prazo legal.
Nada mais.
XXXXXXXXXXXXXXXXXXX
Juiz Presidente
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DESPACHO DETERMINANDO A ELABORAÇÃO DE CÁLCULOS
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
Juiz do Trabalho.
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COMENTÁRIOS
Neste momento do processo o Juiz poderá remeter o caso ao reclamante para que
apresente seus cálculos, abrindo prazo ao reclamado para conferir a conta e impugná-la,
de forma fundamentada, se considerá-la incorreta.
O Juiz poderá também enviar o caso diretamente a um perito por ele designado, abrindo
prazo para as partes efetuarem a conferência dos cálculos, podendo cada uma das partes
(reclamado e reclamante) apresentarem sua manifestação contrária aos cálculos
periciais, de forma fundamentada.
O cálculo foi homologado pelo Juízo que abriu prazo para as partes apresentarem
embargos ou impugnação aos cálculos.
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1º CÁLCULO POSSÍVEL PARA ESTE CASO – PELO AUTOR
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Para este cálculo foi aplicado o adicional de 25% para a primeira transferência e mais
25% para a segunda transferência, ou seja, a partir do mês de março de 2009, foi
aplicado o adicional de forma dobrada (50%).
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2º CÁLCULO POSSÍVEL PARA ESTE CASO – PELO RÉU
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Para este caso foi aplicado o adicional de 25% sobre os salários devidos nas localidades
anteriores ao período das transferências, ou seja, a partir de setembro de 2008 foi
aplicado o adicional de 25% sobre os salários pagos em Curitiba (salário + comissão
fixa). Em março de 2009, foi aplicado o adicional 25% sobre os salários relativos à
cidade de Maringá, ou seja, salário + comissão fixa + adicional de transferência.
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