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Apostila Dir Civil V - POSSE
Apostila Dir Civil V - POSSE
- Da Posse -
Prof. Me. Antônio José Resende1
UNIDADE I – INTRODUÇÃO
A matéria sobre o direito das coisas, ou direitos reais, está disposta na Parte
Especial, Livro III, e abrange do art. 1.196 ao art. 1.510 do Código Civil (Lei nº 10.406,
de 10 de janeiro de 2002).
Para o estudo deste conteúdo, serão consultados também os artigos 920 a 981
do CPC, (NCPC, art. 554 – 568) para análise da proteção e tutela dos direitos
possessórios e dos reais.
Há, ainda hoje, ampla discussão na doutrina pátria sobre a nomenclatura mais
adequada para nomear o objeto do direito positivado nesta parte do Código Civil, se a
denominação mais pertinente seria “direito das coisas” ou “direitos reais”.
Os civilistas nacionais empregam ambas as expressões, “Direitos das Coisas” e
“Direitos Reais”. Lafayette Rodrigues PEREIRA denominou sua obra Direito das
Coisas, embora não ressalte a distinção entre as expressões, enquanto autores mais
recentes como Caio Mário da Silva PEREIRA, em Instituições de Direito Civil, volume
IV – Direitos Reais, e Orlando GOMES, preferem “Direitos Reais”.
O legislador ao elaborar o Código Civil de 2002 optou por utilizar a denominação
“Direito das Coisas” para o Título do Livro III, que abrange o Título I, “Da Posse” e os
Títulos II ao X, que tratam do direito de propriedade e dos direitos reais limitados,
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Mestre em Filosofia pela UFMG (1999), Advogado e Professor na PUC-GOIAS, FANAP e Instituto
Santa Cruz. Advoga na Área Civil. Especialista em Direito Civil e Processo Civil – PROORDEM/ESA,
Goiânia – GO (Curso em andamento, 2014/2015). Cursou Atualização em Direito Processual Civil
(Centro Educacional de Extensão, Goiânia – GO). Especialista em “O Pensamento Dialético” pela UCG.
Especialista em Filosofia Contemporânea pela UFG. Bacharel em Direito pela PUCGOIAS. Licenciado e
Bacharel em Filosofia pela UFG. Lecionou Filosofia por mais de 25 anos, especialmente Filosofia
moderna e ética. Lecionou na Universidade Federal de Goiás – UFG, como professor substituto (1990) e
na Universidade Salgado de Oliveira – UNIVERSO (2002 - 2006). Atualmente leciona as Disciplinas:
Direito Civil e Direito Constitucional. Áreas de interesse: Direito Constitucional e Direito Civil, com
ênfase em obrigações, direitos reais e sucessão. Contatos: Cel. (62) 81510162 E-Mail:
ajresende@yahoo.com.br
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Origem do direito civil romano: jus civile, jus gentium e jus naturale.
Direito comparado do mundo ocidental.
Surgimento do Estado moderno: racionalização dos direitos fundamentais,
incluindo o de propriedade, como matriz dos direitos reais.
Nas Revoluções liberais, século XVIII, o direito de propriedade é defendido como
direito de todos.
Desenvolve-se, inicialmente, o aspecto individualista da propriedade (Direito a
propriedade: CF, art. 5º, caput e XXII e art. 170, II; CC, art. 1.228, caput).
Com a preponderância, posteriormente, do direito coletivo sobre o individual,
surge uma concepção de função social da propriedade (CF/1988, art. 5º, XXIII e
art. 170, III; CC, art. 1.228, §1º).
Direito real (jus in re): poder jurídico, direto e imediato, do titular sobre a coisa, com
exclusividade e contra todos (erga omnes).
Elementos essenciais: suj. ativo, coisa, relação de poder do suj. ativo sobre a coisa,
chamado domínio, e o suj. passivo que é, em tese, toda a coletividade (universal),
sendo determinado quando denominado ou especificado.
Direito pessoal (jus ad rem): relação jurídica pela qual o suj. ativo pode exigir do suj.
passivo determinada prestação (obrigação).
Elementos essenciais: suj. ativo (credor), suj. passivo (devedor) e a prestação.
Teorias:
a) A teoria unitária realista procura unificar os direitos reais e obrigacionais a
partir do critério do patrimônio, ao considerar que o direito das coisas e o direito
das obrigações fazem parte de uma realidade mais ampla, que é o direito
patrimonial;
b) Conforme a teoria dualista ou clássica, o direito real apresenta características
próprias, que o distinguem dos direitos pessoais. Considera-se mais adequada à
nossa realidade esta teoria.
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1.5 – Obrigação propter rem: é a que recai sobre uma pessoa, por força de
determinado direito real. Só existe em razão da situação jurídica do obrigado, de titular
do domínio ou de detentor de determinada coisa (Vide art. 1.277, CC/2002).
Exemplos:
1) obrigação imposta aos proprietários e inquilinos de um prédio de não prejudicarem a
segurança, o sossego e a saúde dos vizinhos (CC, art. 1.277);
2) pagamento de despesas de condomínio;
3) a obrigação de o proprietário de um imóvel de indenizar o terceiro que, de boa-fé,
realizou benfeitorias sobre o mesmo etc.
b) Obrigações com eficácia real. Por exemplo: Contrato de locação firmado entre as
partes gera obrigação. Terá eficácia real quando for feita a averbação do contrato no
Cartório de Registro de Imóveis. Ver art. 8º, da Lei nº 8.245/1991; Ver também art. 33,
da mesma Lei, sobre direito de preferência do locatário, no caso da venda do imóvel.
UNIDADE II – POSSE
agressões de quem quer que seja” (Savigny apud Caio Mário da Silva Pereira,
2007: 18).
Animus – elemento subjetivo, que significa a intenção de ser dono da coisa e
de defendê-la contra a intervenção de outrem (animus domini ou animus REM
sibi habendi). Se não ocorrerem os dois elementos, há, neste caso, mera
detenção.
Desdobramento da posse
Para Savigny, posse é fato e direito. “Os direitos são os interesses juridicamente
protegidos”. Conforme Ihering, a posse corresponde a um direito. Clóvis Bevilacqua
assinala que a posse é um fato protegido pelo direito, nesse sentido, a posse é um
direito especial (sui generis).
Caráter duplo da posse: considerada em si é um fato; pelos direitos que gera,
entra na esfera do direito.
Efeito jurídico: as ações reais, por ex., exigem presença do cônjuge na relação
processual concernente ao bem imóvel, outorga uxória ou marital (CPC, art. 10;
NCPC, art. 73).
A posse não entra no rol taxativo do art. 1.225 do CC/2002.
Direitos pessoais incorpóreos – utilizam-se as cautelares inominadas. Poder
cautelar geral do juiz (CPC, art. 798; NCPC, art. 297).
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Quase posse
Os romanos só consideravam posse a emanada do direito de propriedade. A
exercida nos termos de qualquer direito real menor (iura in re aliena), ou direitos reais
sobre coisas alheias, servidão e usufruto, por ex., eram denominados quase posse, por
ser aplicada aos direitos ou coisas incorpóreas. No direito atual tais situações são
consideradas posse propriamente dita.
Composse
É a situação pela qual duas ou mais pessoas exercem, simultaneamente,
poderes possessórios sobre a mesma coisa (CC, art. 1.199). A composse pode ser:
Pro diviso – quando exercida simultaneamente e se estabelece uma divisão de
fato entre os compossuidores, quanto a sua utilização;
Pro indiviso– é aquela em que se exercem, ao mesmo tempo e sobre a
totalidade da coisa, os poderes de utilização ou exploração comum do bem.
Posse indireta ou mediata: é a posse do proprietário que que cede o uso e gozo do
bem para um terceiro. Por ex. a do proprietário que cede a terra a outro para usufruto;
a do proprietário que empresta o imóvel para terceiro etc.
O comodatário/proprietário exerce a posse indireta, como consequência de seu
domínio (dono).
O comodatário exerce a posse direta por concessão do proprietário.
Dá-se o desdobramento da posse. Uma posse não anula a outra, isto é, ambas
coexistem no tempo e no espaço e são posses jurídicas (jus possidendi) e têm o
mesmo valor, não autônomas, pois implicam o exercício de efetivo direito sobre
a coisa.
Ambos podem invocar a proteção possessória contra terceiros.
Não há usucapião para o possuidor direto.
Posse justa: Conforme estabelece o art. 1.200 do Código Civil, posse justa é a não
violenta, clandestina ou precária. É a posse adquirida legitimamente ou sem vício
jurídico externo. Ou ainda, aquela que não repugna ao direito, porque adquirida
conforme os modos previstos na lei.
Posse injusta (ou posse viciada): é a que foi adquirida viciosamente, por violência
(violenta) ou clandestinidade (clandestina) ou por abuso do precário (precária), ou seja,
por abuso de confiança.
Ainda que viciada, a posse injusta não deixa de ser posse, visto que a sua
qualificação é feita em face de determinada pessoa. Será injusta em face do legitimo
possuidor; será, porém, justa e suscetível de proteção em relação às demais pessoas
estranhas ao fato.
Nesse sentido, poderá o possuidor de posse injusta em relação ao legítimo
possuidor, propor ação possessória contra um terceiro que tente adquirir injustamente
a sua posse. Neste caso, o possuidor, mesmo que de posse injusta, tem melhor posse,
em relação ao terceiro.
Desse modo, cessada a violência (art. 1.208, CC), que caracteriza esbulho, o
esbulhador será tornado possuidor. Terá posse injusta (viciada), mas será possuidor,
para efeito da proteção possessória.
Violência – vis absoluta = violência física. Ex. Tomar à força o objeto; expulsar
alguém do imóvel.
Violência – vis compulsiva = violência moral.
Clandestina – furta o objeto, ocupa o imóvel às escondidas, sorrateiramente.
Precária – do locatário, por ex., que tinha a posse justa e passa a ser injusta se
no vencimento do contrato se recusa a devolver o imóvel ao proprietário.
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Posse nova: é a de menos de ano e dia (Vide art. 924, CPC; NCPC, art. 558).
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Não se confunde com a ação de força nova, que leva em conta não a duração
temporal da posse, mas o tempo decorrido desde a ocorrência da turbação ou
do esbulho.
Posse natural: é a que se constitui pelo exercício de poderes de fatos sobre a coisa.
Posse civil ou jurídica: é considerada aquela que se realiza por força da lei, sem
necessidade de atos físicos ou materiais. È a que se adquire, ou se transmite pelo
título.
Posse ad interdicta: consiste na posse que pode ser defendida pelos interditos
possessórios ou ações possessórias, quando molestada, mas não conduz à usucapião.
Fonte: DONIZETTI, Elpídio; QUINTELLA, Felipe. Curso didático de direito civil. São
Paulo: Atlas, 2012, p. 700.
3) pela perda propriamente dita da coisa. Exemplos: objeto perdido dentro de casa, não
há perda propriamente da coisa; objeto perdido na rua.
4) pela destruição da coisa ou seu desaparecimento. Pode acontecer em diversas
situações, tais como:
Acontecimento: fato natural. Por ex.: morte de um animal por idade avançada;
caso fortuito. Ex.: animal morto atingido por um raio etc.
Fato do próprio possuidor: por exemplo, ao provocar a perda total do veículo por
direção perigosa ou imprudente.
Fato de terceiro: por exemplo, em ato atentatório à propriedade.
Quando deixa a coisa de ter as qualidades essenciais à sua utilização ou a
perda do valor econômico. Exemplos: terreno invadido pelo mar; nos casos de
confusão, comistão, adjunção e avulsão.
5) pela colocação da coisa fora do comércio, porque se tornou inaproveitável ou
inalienável (extra commercium). Pode ocorrer por razões de: ordem pública,
moralidade, higiene e segurança pública. Por ex.: desapropriação de terras, confisco de
produtos alimentícios por fiscalização sanitária etc.
6) pelo esbulho, isto é, pela posse de outrem.
3.1 – Introdução
PROTEÇÃO DA POSSE
OBSERVAÇÕES:
Turbação é todo ato que causa dano ou embaraça o livre exercício da posse
alheia. Por ex., cortar o arame da cerca que protege a posse alheia; roubar ou
furtar coisas da posse alheia; impedir o acesso do verdadeiro possuidor à sua
posse; jogar lixo no terreno alheio etc.
Possuidor poderá manter ou restabelecer a situação de fato “por sua própria
força” (§ 1º), isto é, pelos seus próprios recursos, sem apelar para autoridade,
polícia ou justiça;
Os atos de defesa não podem ir além do indispensável à manutenção da posse
(§ 1º);
Para que a defesa direta seja legítima, é necessário que: a reação se faça logo,
imediatamente após a agressão; a reação deve-se limitar ao indispensável à
retomada da posse. O excesso configura crime de “exercício arbitrário das
próprias razões”, art. 345, CP.
Preleciona Carlos R. Gonçalves (2010: 131): “Pode o guardião da coisa exercer
a autodefesa, em benefício do possuidor ou representado. Embora não tenha o
direito de invocar, em seu nome, a proteção possessória, não se lhe recusa,
contudo, o direito de exercer a auto proteção do possuidor, conseqüência natural
de seu dever de vigilância”.
Depreende-se do art. 933, CPC (NCPC, art. 568), que é concedida liminar em
interdito proibitório.
Diz a Súmula 228 do STJ: “É inadmissível o interdito proibitório para a proteção
do direito autoral”.
Legitimidade ativa:
1) Exige-se a condição de possuidor para a propositura dos interditos – art. 926, CPC
(NCPC, art. 560), mesmo que não tenha título (possideo quod possideo).
2) Art. 927, CPC (NCPC, art. 561): “Incumbe ao autor provar: I- a sua posse; II- a
turbação ou o esbulho praticado pelo réu; III- a data da turbação ou do esbulho; IV- a
continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção; a perda da posse, na
ação de reintegração”.
3) O detentor, por não ser possuidor, não tem essa faculdade.
4) Não basta ser proprietário ou titular de outro direito real. Se somente tem o direito,
mas não a posse correspondente, o agente terá de valer-se da via petitória, não da
possessória, a não ser que se trate de sucessor de quem detinha a posse e foi
molestado. Vide art. 1.207, CC/2002.
5) “Ao sucessor a título singular é facultado unir a sua posse à do antecessor, para os
efeitos legais. Desse modo, se este tinha posse e foi esbulhado, àquele será facultado
assumir sua posição, para o fim de ajuizar a competente ação possessória contra o
terceiro.” (Gonçalves, 2010: 133).
6) O nascituro não é possuidor. Não é titular de direitos subjetivos.
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Legitimidade passiva:
1) O autor da ameaça, turbação ou esbulho (CPC, art. 927, II e 932; NCPC, art. 561, II
e art. 567), assim como do “terceiro que recebeu a coisa esbulhada, sabendo que o
era”, isto é, de má-fé, como expressamente dispõe o art. 1.212, CC-02.
2) Contra o terceiro que recebeu a coisa de boa-fé não cabe ação de reintegração de
posse, pela interpretação a contrario sensu do citado dispositivo legal.
3) Curador, pai ou tutor, responde por autoria moral, se, tendo conhecimento do ato,
não tiver recolocado as coisas no status quo ante, voluntariamente, ou por culpa in
vigilando – em caso de turbação ou esbulho praticados por pessoa privada de
discernimento ou menor incapaz de entender o valor ético da sua ação.
4) A ação pode ser proposta tanto contra o autor do ato molestador como contra quem
ordenou a sua prática. Também contra o representante legal. A este cabe se defender
com o recurso de nomeação à autoria (art. 62, CPC; NCPC, art. 339/338).
5) O herdeiro a título universal ou mortis causa (CC, art. 1.207). Para Sucessor a título
singular – vide art. 1.212, CC-02 (má-fé).
6) Pessoa jurídica de direito privado autora do ato molestador, não o seu gerente,
administrador ou diretor, se estes não agiram em nome próprio.
7) Pessoas jurídicas de direito público, contra as quais pode até ser deferida medida
liminar, desde que sejam previamente ouvidos os seus representantes legais (CPC, art.
928, parágrafo único; NCPC, art. 562, parág. único).
8) No caso de preposto – cabe nomeação à autoria. Se o demandado é simples
detentor (CC, art. 1.198), nomeia à autoria (CPC, art. 62; NCPC, art. 339); se é
possuidor direto apenas (CC, art. 1.197), denuncia da lide ao possuidor indireto (CPC,
art. 70, III; NCPC, art. 125).
Procedimento
Ação de força nova (menos de ano e dia). Admite-se o deferimento da tutela
antecipatória (liminar), com base no art. 927, do CPC; NCPC, art. 562. O
procedimento é especial. A cognição é sumária (inaudita altera pars).
Ação de força velha (mais de ano e dia do início da turbação ou do esbulho). O
procedimento é ordinário. Admite-se antecipação de tutela se preenchidos os
requisitos do art. 273, CPC; NCPC, art. 298.
É possível que o réu alegue, em contestação, ter sofrido ofensa em sua posse,
pleiteando a tutela possessória em face do autor.
Fundamento legal: arts. 922, 278, § 1º e 273, todos do CPC; NCPC, art. 556 e
arts. 298 e segs.
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c) Exceção de domínio
d) Cumulação de pedidos
Prevê o art. 921, do CPC (NCPC, art. 555), que além da proteção possessória,
pode o autor pleitear a condenação do réu em perdas e danos, cominação de pena
pecuniária ou desfazimento da construção ou plantação realizada, quando da
ocupação possessória.
e) Manutenção provisória na posse daquele que tiver a coisa, se não estiver manifesto
que o obteve de alguma das outras pessoas por meio vicioso (art. 1.211, CC/2002).
Ver também: art. 1.299, CC (direitos dos vizinhos); arts. 1.300 a 1.302, CC.
Autor (Sujeito ativo): Proprietário ou possuidor (arrendatário, locatário etc.).
Objeto: impedir a continuação da obra que prejudique prédio vizinho ou esteja em
desacordo com os regulamentos administrativos.
Pressupostos:
1) Obra nova;
2) Prédios vizinhos.
Petição Inicial: Embargos de obra (suspensão); pena de multa e perdas e danos (arts.
282 e 936, do CPC).
Art. 940, CPC, o nunciado pode requerer prosseguimento:
1) Alegando prejuízo;
2) Prestar caução;
3) Salvo, se infringir regulamento administrativo. Neste caso, não há prosseguimento
da obra, até a sua devida regularização.
Esta ação é manejada em caso de prédio velho que ameaça cair, bem como
para andaimes de construção que ameaçam desabar. Pode ser utilizada também para
proteção dos vizinhos quando há excesso em caso de ruídos.
Tem caráter preventivo e cominatório (c/ multa). Pode ser oposta quando haja
fundado receio de perigo iminente, em razão de ruína do prédio vizinho ou vício na sua
construção (art. 1.280, CC/02). Cabe também nos casos de mau uso da propriedade
vizinha. Ex. Fundação de prédio, tapume ou andaime que ameaça cair, poluição sonora
etc.
Não há previsão legal para esta ação no atual Código Civil, nem mesmo no
CPC. Estava prevista no art. 381, CC de 1939 e foi repetida no CC de 1973.
Dec.-Lei nº 1.075, de 22-1-1970 (Imissão de Posse).
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Cabimento:
1) Promessa de compra e venda com cláusula de prazo para a imissão na posse;
2) Promessa de compra e venda, locação e comodato (direitos obrigacionais; cláusula
contratual que traduza uma imediata transmissão de posse).
Não cabimento:
1) Constituto possessório;
2) Sucessão causa mortis.
d) Ação Negatória
É cabível quando o domínio do autor, por um ato injusto, esteja sofrendo alguma
restrição por alguém que se julgue com direito de servidão sobre o imóvel. Ou seja,
quando atos praticados por terceiro restringem ou limitam o exercício do domínio.
e) Embargos de terceiro (arts. 1.046 seg., CPC; art. 1.048, CPC – Prazo; NCPC, arts.
674 e segs.)
3.6 – Responsabilidade por perda ou deterioração da coisa (arts. 1.217 e 1.218, CC)
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O possuidor de boa fé tem direito de ser indenizado pelo que gastou com as
benfeitorias necessárias e úteis. Com relação a elas tem direito de retenção. Tem
direito de retirar as voluptuárias.
O possuidor de má fé tem direito de ser indenizado pelo que gastou com as
benfeitorias necessárias. Não tem direito às úteis. Não pode levantar as voluptuárias.
Não tem direito de retenção.
Referências:
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva.
FARIAS, Cristiano Chaves; ROSENVALD, Nelson. Direitos Reais. Rio de Janeiro: Lumen Juris.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: parte geral. São Paulo: Atlas.
Link do Texto: TARTUCE, Flávio. A função social da posse e da propriedade e o direito civil
constitucional. Jus Navigandi, Teresina, ano 10, n. 900, 20 dez. 2005. Disponível em:
http://jus.com.br/revista/texto/7719
Link do Vídeo: Sonho Real História da Desocupação do Parque Oeste Industrial:
http://www.youtube.com/watch?v=Ai5S9nkV1WM