Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
e Avaliação na Educação
Especial
Profª Jacqueline Leire Roepke
Prof. Valdecir Reginaldo de Oliveira
2018
Copyright © UNIASSELVI 2018
Elaboração:
Profª Jacqueline Leire Roepke
Prof. Valdecir Reginaldo de Oliveira
R716d
ISBN 978-85-515-0229-7
CDD 371.9
Impresso por:
Apresentação
Prezado acadêmico, primeiramente queremos deixar registrada a
alegria que estamos sentindo por estarmos fazendo parte da sua formação
acadêmica! Do mesmo modo estamos felizes por termos mais pessoas
ingressando no campo de estudos e de trabalho da Educação. Seja bem-
vindo!
III
Inspirados por Helen Keller, e sua concepção de que "Nunca se deve
consentir em rastejar quando se sente um impulso para voar" anelamos
contagiá-lo com o desejo e a coragem para alçar voos ousados. Não se
limite a ser um acadêmico e/ou profissional que rasteja. As escolas e a
sociedade atual necessitam de profissionais responsáveis e comprometidos
com a educação e com a disseminação da inclusão. Assim, dedique-se com
empenho e venha voar conosco!
NOTA
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
IV
UNI
V
VI
Sumário
UNIDADE 1 – ESCOLA: REORGANIZAÇÃO, FLEXIBILIZAÇÃO E CURRÍCULO................. 1
VII
UNIDADE 2 – ESCOLA: PLANEJAMENTO, AVALIAÇÃO, PROJETO POLÍTICO-
PEDAGÓGICO E INCLUSÃO................................................................................... 85
VIII
TÓPICO 2 – SEQUÊNCIA DIAGNÓSTICA, AVALIAÇÃO DO DIAGNÓSTICO,
AVALIAÇÃO DAS HABILIDADES............................................................................ 187
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 187
2 SEQUÊNCIA DIAGNÓSTICA.........................................................................................................188
3 AVALIAÇÃO DO DIAGNÓSTICO................................................................................................. 189
4 AVALIAÇÃO DAS HABILIDADES................................................................................................. 190
LEITURA COMPLEMENTAR.............................................................................................................. 199
RESUMO DO TÓPICO 2...................................................................................................................... 202
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 203
IX
X
UNIDADE 1
ESCOLA: REORGANIZAÇÃO,
FLEXIBILIZAÇÃO E CURRÍCULO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1
REORGANIZAÇÃO DA ESCOLA
1 INTRODUÇÃO
A expressão reorganização da escola aparece em textos, livros e artigos
que abordam diferentes situações escolares. Na maioria das vezes, está atrelada
a alguma reforma educacional, corroborando, assim, o sentido da palavra
"reorganização" apresentado na Figura 1. Por exemplo, de acordo com Michels
(2006), nos anos 1990 aconteceu a reforma educacional brasileira e com esta
reforma pensou-se na melhor forma de organizar a escola. Para tanto, a ideia era
verificar qual a situação da política educacional que vinha auxiliando o processo
organizacional escolar. Convém ainda citar um pensamento de Pitágoras (582 a.
C – 497 d. C), “Com organização e tempo, acha-se o segredo de fazer tudo e bem
feito.”
Ao longo deste tópico você também entrará em contato com estudos que
articulam a reorganização da escola com outros eixos, tais como: envolvimento
com a comunidade (ou a falta dele?); os ciclos e as adequações curriculares.
3
UNIDADE 1 | ESCOLA: REORGANIZAÇÃO, FLEXIBILIZAÇÃO E CURRÍCULO
2 GESTÃO ESCOLAR
Durante os anos 1970 e 1980, as escolas públicas tiveram representatividade
dos profissionais da Educação e entidades congêneres no sentido de existir maior
liberdade para administrar a instituição e suas rotinas pedagógicas e financeiras.
Com isso, a elaboração do plano educacional e toda a administração seriam
geridas pelos envolvidos (comunidade, professores, equipe gestora, dentre outros
interessados em contribuir com o bom andamento da escola) (MICHELS, 2006).
4
TÓPICO 1 | REORGANIZAÇÃO DA ESCOLA
6
TÓPICO 1 | REORGANIZAÇÃO DA ESCOLA
Não apenas deixará de existir uma escola para dar lugar a outro
empreendimento, mas também acarretará uma extrusão de famílias desfavorecidas
financeiramente do local. Não seria o ramo imobiliário o principal motivo para
que seja viabilizada a “reorganização da escola”, sendo muitas vezes de interesse
de corretores de imobiliárias a destruição de escolas que estão em local “impróprio
e impedindo o progresso”? Desta forma estaremos dificultando uma educação de
qualidade e adequada às famílias principalmente de baixa renda, que deixarão
de incentivar seus filhos a irem para a escola por motivo de distanciamento e
segurança (GIROTTO, 2016).
7
UNIDADE 1 | ESCOLA: REORGANIZAÇÃO, FLEXIBILIZAÇÃO E CURRÍCULO
8
TÓPICO 1 | REORGANIZAÇÃO DA ESCOLA
4 CICLOS DE APRENDIZAGEM
A forma seriada fez parte do dia a dia de muitas escolas, entretanto, passou
a ser refutada por supostamente prejudicar as classes menos favorecidas. Em
muitos casos, os alunos – da modalidade seriada – encontram muita rigidez nesse
sistema devido ao controle compulsório do tempo e muitas vezes não conseguem
completar seus estudos ou simplesmente abandonam a vida estudantil. Tentou-
se aqui no Brasil a implantação dos chamados “ciclos de aprendizagem” no lugar
da forma seriada, porém, sem sucesso - talvez devido à falta de organização e
preceitos que essa nova modalidade poderia oferecer (MICHELS, 2006).
9
UNIDADE 1 | ESCOLA: REORGANIZAÇÃO, FLEXIBILIZAÇÃO E CURRÍCULO
10
TÓPICO 1 | REORGANIZAÇÃO DA ESCOLA
11
UNIDADE 1 | ESCOLA: REORGANIZAÇÃO, FLEXIBILIZAÇÃO E CURRÍCULO
Por este ângulo, é válido frisar que propostas que abrangem reorganização
dos tempos e espaços, currículos e avaliação, inicialmente desestabilizam a rotina
que vigorava até então, desestruturando culturas organizacionais que pareciam
estar consolidadas até aquele momento, bem como, a lógica de funcionamento
da escola. Entretanto, a sociedade vive atravessando transformações, e estas
incidem na educação. Por isso, não se pode esperar que práticas educativas sejam
permanentes e imutáveis (FERNANDES, 2010).
• os alunos são organizados pelos seus anos de vida (dos seis aos 14 anos, em três
ciclos de três anos cada);
• não há reprovação;
• os estudantes dispõem de alternativas de apoio em caso de dificuldades
específicas, por exemplo: laboratórios de aprendizagem, professores itinerantes
e sala de integração e recursos;
• reorganização curricular;
• revisão de espaço/tempo para o trabalho coletivo na escola;
• formação continuada de profissionais da educação;
• supervisão pedagógica às escolas;
• envolvimento de alunos, famílias e funcionários na discussão do currículo.
12
TÓPICO 1 | REORGANIZAÇÃO DA ESCOLA
5 FORMAÇÃO DE PROFESSORES
A reorganização escolar abrange outras situações a serem debatidas, além
do número exorbitante de alunos em uma mesma sala de aula; a formação de
professores é uma delas. O governo brasileiro mantém projetos que viabilizam a
formação dos professores para melhorar a atual realidade do fracasso na educação
junto aos alunos (MICHELS, 2006). A formação continuada voltada para o contexto
educacional, social e familiar da comunidade no qual convivem seria uma excelente
opção para melhorar a qualidade da educação (GIROTTO, 2016).
13
UNIDADE 1 | ESCOLA: REORGANIZAÇÃO, FLEXIBILIZAÇÃO E CURRÍCULO
Para Nóvoa (2009, p. 7), a “[...] escola como o lugar da formação dos
professores, como o espaço da análise partilhada das práticas, enquanto rotina
sistemática de acompanhamento, de supervisão e de reflexão sobre o trabalho
docente”, possibilita que experiências partilhadas entre os docentes constituam
conhecimento profissional coletivo.
DICAS
Para saber mais sobre a formação docente e educação especial. Acesse os links para ler os
textos que originaram os fragmentos anteriores.
16
TÓPICO 1 | REORGANIZAÇÃO DA ESCOLA
TUROS
ESTUDOS FU
6 CURRÍCULO
Para que exista uma sociedade transformada, a escola convive com
currículos predefinidos para elaborar um processo de ensino e aprendizagem
que viabilize o progresso tanto de jovens quanto de adultos (MICHELS, 2006).
ATENCAO
FONTES:
ANASTASIOU, L.G. C.; ALVES, L. P. Estratégias de ensinagem. In: ANASTASIOU, Léa das Graças
Camargos; ALVES, Leonir Pessate. (Orgs.). Processos de ensinagem na universidade.
Pressupostos para as estratégias de trabalho em aula. 3. ed. Joinville: Univille, 2004.
19
UNIDADE 1 | ESCOLA: REORGANIZAÇÃO, FLEXIBILIZAÇÃO E CURRÍCULO
TUROS
ESTUDOS FU
Aqui nesta mesma unidade do seu livro, no Tópico 3, você encontrará maiores
informações a respeito das adequações/adaptações curriculares.
20
TÓPICO 1 | REORGANIZAÇÃO DA ESCOLA
21
UNIDADE 1 | ESCOLA: REORGANIZAÇÃO, FLEXIBILIZAÇÃO E CURRÍCULO
Para Leite, Borelli e Martins (2013), parte das pesquisas brasileiras acerca
de currículo e deficiência trata de:
22
TÓPICO 1 | REORGANIZAÇÃO DA ESCOLA
DICAS
8 OBSERVAÇÕES INSTIGANTES
No decorrer deste tópico pudemos observar que a reorganização da escola
no Brasil necessitaria se relacionar com pontos fundamentais, tais como: gestão,
aspectos de ordem financeira/econômica, avaliação, formação de professores,
interesses das comunidades das proximidades das unidades escolares, currículo e
inclusão. Michels (2006) focalizou a análise de três desses pontos: gestão, formação
de professores e inclusão. Girotto (2016), por sua vez, realçou aspectos de ordem
econômica e relativas aos lugares físicos, os ambientes que estão (estavam?) à
disposição da educação. Neste sentido, Michels (2006, p. 420) também deixa uma
expressiva contribuição:
23
UNIDADE 1 | ESCOLA: REORGANIZAÇÃO, FLEXIBILIZAÇÃO E CURRÍCULO
24
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
25
AUTOATIVIDADE
1 Releia o parágrafo escrito por Silva (2009, p. 457) e escreva as suas impressões
sobre ele:
26
UNIDADE 1
TÓPICO 2
FLEXIBILIZAÇÃO DO ENSINO
1 INTRODUÇÃO
Ao longo deste tópico você encontrará diversas vezes a palavra
flexibilização. Como mostra a Figura 3, esta palavra tem diversificados
significados. Este livro dá ênfase aos significados e sentidos concernentes à
flexibilização atrelados à educação. Como inspiração, lembremos: “o mar é
perigoso e a tempestade é terrível, mas eles nunca julgaram esses perigos como
razão suficiente para permanecer em terra” de Vincent van Gogh (1853-1890).
Assim como o tópico anterior, este tópico está subdividido em seções que
enfocam a gestão escolar, os tempos escolares (como os ciclos de aprendizagem)
e espaços, a formação de professores, o currículo e a inclusão/educação especial,
porém, no tópico anterior, o ponto central era a reorganização da escola, ao passo
que aqui os refletores estão sobre a flexibilização do ensino.
27
UNIDADE 1 | ESCOLA: REORGANIZAÇÃO, FLEXIBILIZAÇÃO E CURRÍCULO
2 FLEXIBILIZAÇÃO DA GESTÃO
Flexibilizar a gestão compreende descentralizá-la, constituindo assim um
novo modelo de gestão da educação pública. “Tendo por base a crítica ao modelo
centralizado de planejamento, a reforma de Estado iniciada no Brasil nos anos
de 1990 vem substituindo o planejamento centralizado pela flexibilização da
gestão” (MICHELS, 2006, p. 410, grifo nosso). Isso significa que a gestão passa
a ser compartilhada entre mais atores sociais, sendo assim, mais democrática e
participativa.
28
TÓPICO 2 | FLEXIBILIZAÇÃO DO ENSINO
29
UNIDADE 1 | ESCOLA: REORGANIZAÇÃO, FLEXIBILIZAÇÃO E CURRÍCULO
4 FLEXIBILIZAÇÃO DA FORMAÇÃO
Para Mill (2015), algumas das formas mais antigas de flexibilizar propostas
pedagógicas são: organização curricular por meio de módulos e a descentralização
dos espaços pela parceria com polos.
30
TÓPICO 2 | FLEXIBILIZAÇÃO DO ENSINO
Mill (2015) ainda cita outros aspectos que frequentemente emergem nos
debates acerca da massificação versus a personalização da formação:
• autonomia do estudante;
• mobilidade;
• organização;
31
UNIDADE 1 | ESCOLA: REORGANIZAÇÃO, FLEXIBILIZAÇÃO E CURRÍCULO
• estilos de aprendizagem;
• objetos de aprendizagem;
• individualização;
• transversalidade curricular;
• dinamicidade dos conteúdos;
• valorização de experiências e saberes prévios.
5 FLEXIBILIZAÇÃO CURRICULAR
As mudanças na estrutura e na organização da escola, para receber
adequadamente todos os estudantes, também foi mencionada por Carvalho
e Cruz (2017), bem como a preocupação com circunstâncias que envolvem o
currículo.
32
TÓPICO 2 | FLEXIBILIZAÇÃO DO ENSINO
6 FLEXIBILIZAÇÃO E INCLUSÃO
Ao discutirmos inclusão, devemos levar em conta o que as diretrizes
nacionais explicitam sobre essa questão e de que forma está sendo aplicada, bem
como a questão econômica das famílias e como a sociedade convive com esse
processo. O ser humano possui um conjunto de diferenças que lhe são peculiares.
Incontestavelmente, os professores lidam com essas diferenças em seu cotidiano
profissional. O que difere é o modo pelo qual cada docente “lida” com as
diferenças.
Leite, Borelli e Martins (2013) constataram que entre 2000 e 2010 havia
poucas pesquisas sobre estratégias para concretização da educação inclusiva. A
maioria das pesquisas se restringia “a reflexões e discussões teóricas que envolvem
os princípios e políticas educacionais, pouco retratando experiências didático-
pedagógicas que promovam ajustes curriculares e/ou formas de flexibilização do
ensino” (LEITE; BORELLI; MARTINS, 2013, p. 63, grifo nosso).
34
TÓPICO 2 | FLEXIBILIZAÇÃO DO ENSINO
Propõe-se que a escola deva ser um local de fácil acesso para os alunos,
com diversidade de currículo que facilite o plano de ensino e aprendizado
e que atenda às características individuais de cada aluno, bem como as suas
necessidades especiais. Neste sentido, o aluno poderá expressar seus anseios e
sentir que está sendo assistido, tendo maior motivação para o aprendizado. Deve-
se conhecer as condições sociais e familiares de cada aluno, para que este possa
ter uma atenção voltada às suas necessidades e padrões da educação familiar que
têm (LEITE; BORELLI; MARTINS, 2013).
35
UNIDADE 1 | ESCOLA: REORGANIZAÇÃO, FLEXIBILIZAÇÃO E CURRÍCULO
diante dessa situação, deve ter uma postura diferenciada, pois está se deparando
com uma particularidade em que necessita dar um apoio mais exclusivo ao aluno
com limitações (LEITE; BORELLI; MARTINS, 2013).
37
UNIDADE 1 | ESCOLA: REORGANIZAÇÃO, FLEXIBILIZAÇÃO E CURRÍCULO
7 REMATES CONTEMPLATIVOS
Com a leitura desse tópico, espera-se que você tenha compreendido
que as escolas precisam se reorganizar elegendo a flexibilização como um norte
em várias ações: na gestão escolar, na gestão de tempos e espaços escolares, na
formação de professores, no currículo e na inclusão. Michels (2006) ainda alega
que a flexibilização pode ser expressa também no processo avaliativo da escola,
na arrecadação de recursos, e em outros fatores que dão contornos à organização
escolar.
38
TÓPICO 2 | FLEXIBILIZAÇÃO DO ENSINO
DICAS
Também é uma excelente oportunidade para refletir sobre a saúde mental, e sobre como a
sociedade encarava pessoas que apresentavam condições psicológicas diferentes, por volta
de 1800.
39
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• Quanto aos espaços, a flexibilização diz respeito aos locais de estudo, que, por
exemplo na EAD, podem ser escolhidos pelo próprio estudante.
40
AUTOATIVIDADE
41
3 Bezerra e Araújo (2011) realizaram um estudo sobre educação especial
e inclusiva, relacionado com a Pedagogia Histórico-Crítica, a respeito de
alunos com deficiência intelectual.
42
UNIDADE 1
TÓPICO 3
ADEQUAÇÕES CURRICULARES
1 INTRODUÇÃO
Antes de enfocarmos o uso da palavra adequação no contexto escolar,
vamos observar seu significado, em linhas gerais, conforme exposto na Figura 5 e
tendo em mente a seguinte afirmação: “Inteligência é a capacidade de se adaptar
à mudança”, Stephen Hawking (1942-2018).
43
UNIDADE 1 | ESCOLA: REORGANIZAÇÃO, FLEXIBILIZAÇÃO E CURRÍCULO
2 ADEQUAÇÕES CURRICULARES
O artigo de Leite, Borelli e Martins (2013, p. 63, grifo nosso) embasou
o tópico antecedente, que discutiu a flexibilização. Para essas autoras, "[...] as
adequações curriculares aparecem como uma estratégia para que sejam atendidos
os princípios de uma escola para todos".
44
TÓPICO 3 | ADEQUAÇÕES CURRICULARES
45
UNIDADE 1 | ESCOLA: REORGANIZAÇÃO, FLEXIBILIZAÇÃO E CURRÍCULO
46
TÓPICO 3 | ADEQUAÇÕES CURRICULARES
Outra análise que Santos e Martins (2015) tecem acerca da fala de "PROF1"
é essa:
[...] quando dava Geografia, dava relevo. O que era relevo? Fazia
desenho para ela. Montanha... Trabalhava a palavra montanha. Se
tivesse mais orientação eu podia fazer alguma coisa além disso.
Matemática, também trabalhava a soma, depois levava o material
concreto para trabalhar com ela, a soma. Você precisa pensar para
trabalhar individualmente com esses alunos, ter tempo para trabalhar
com eles. Eu tinha 23 alunos, dois com diagnóstico, e tinha outros que
necessitavam de mais atenção, sem diagnóstico, duas alunas... Aluno,
que percebi com problemas de vista; falei com mãe, fez o exame, mas
veio fazer no final do ano e não comprou os óculos do menino; fazia,
às vezes, a tarefa, quando dava os meus óculos. Mas não podia ficar
emprestando meus óculos a ele, tinha 1,7º. Não enxergava nadinha,
ficava o tempo todinho lá atrás... Não podia passar nenhuma atividade
para ele, porque não enxergava... (SANTOS; MARTINS, 2015, p. 403).
47
UNIDADE 1 | ESCOLA: REORGANIZAÇÃO, FLEXIBILIZAÇÃO E CURRÍCULO
Nesse sentido, com base nos discursos dos sujeitos, percebemos duas
formas de se compreender as adequações curriculares. Acreditamos
que PROF1 considera difícil incorporá-las à sua prática, uma vez
que trabalha com um nível que requer mais conteúdos. Contudo,
observamos que, em relação a PROF2, isso acontece com mais
frequência, pois há uma flexibilização no modo como direciona o seu
trabalho docente. (SANTOS; MARTINS, 2015, p. 403, grifo nosso).
48
TÓPICO 3 | ADEQUAÇÕES CURRICULARES
NOTA
Para saber mais, confira a leitura complementar dessa unidade! Boa leitura!
49
UNIDADE 1 | ESCOLA: REORGANIZAÇÃO, FLEXIBILIZAÇÃO E CURRÍCULO
DICAS
3 ADAPTAÇÕES CURRICULARES
Toda uma organização é necessária para que o aluno com deficiência
possa estudar e conseguir superar-se: aulas em laboratórios de informática, apoio
pedagógico, conhecimento de Libras (professor), troca de experiências entre todos
os envolvidos etc. Os professores precisam também adaptar-se a novas ideias,
refletir em grupo com outros professores e debaterem sobre como mudanças irão
interferir positivamente em seu dia a dia na escola. A Educação Inclusiva exige
essas e muitas outras adaptações para que aconteça de fato. Encontramos vasto
e rico conteúdo na internet para que sejam melhoradas as aulas junto aos alunos
com necessidades educacionais especiais, bem como para todos os demais alunos
(FIGUEIRA, 2011).
50
TÓPICO 3 | ADEQUAÇÕES CURRICULARES
51
UNIDADE 1 | ESCOLA: REORGANIZAÇÃO, FLEXIBILIZAÇÃO E CURRÍCULO
O aluno que não pode ver, bem como todos os outros, precisam estar
cientes de que todas as adaptações realizadas na escola acontecem no cotidiano
das pessoas, e a prova disso são as competições paralímpicas (competições
adaptadas a pessoas com deficiência que caminham lado a lado com os Jogos
Olímpicos) que acontecem de forma oficial pelo mundo afora. Desta forma,
todos os estudantes – deficientes ou não – podem vivenciar práticas nas aulas
de Educação Física sem nenhum aluno ficar de fora (COSTA; MUNSTER, 2017).
52
TÓPICO 3 | ADEQUAÇÕES CURRICULARES
53
UNIDADE 1 | ESCOLA: REORGANIZAÇÃO, FLEXIBILIZAÇÃO E CURRÍCULO
DICAS
4 MUDANÇAS ARQUITETÔNICAS
Um aspecto que geralmente está associado com as reflexões sobre a
inclusão são as mudanças arquitetônicas que são necessárias para que todos
os estudantes consigam se locomover dentro dos espaços escolares. Silva
(2012) explica que edifícios utilizados para fins educacionais que são pouco ou
nada adaptados proporcionam entraves para a efetivação da inclusão escolar,
por exemplo: edificações que não possuem rampas, barra de apoio, banheiro
adaptado e portas alargadas causam embaraços para alunos que usam cadeira de
rodas. Extintores precisam estar localizados muito baixos para que alunos com
deficiência visual possam encontrá-los (SILVA, 2012).
54
TÓPICO 3 | ADEQUAÇÕES CURRICULARES
5 EQUIPE DE PROFISSIONAIS
Algumas dificuldades imperam no meio escolar diante de situações de
atendimento a alunos com deficiência. Ainda existem instituições educacionais
(escolas, universidades) que não estão devidamente preparadas para receber
alunos com alguma deficiência. Para além da falta de acessibilidade nos
ambientes, existe também despreparo e falta de conhecimento, às vezes até por
parte de profissionais que trabalham na educação, como professores e gestores
(SANTOS; MARTINS, 2015).
55
UNIDADE 1 | ESCOLA: REORGANIZAÇÃO, FLEXIBILIZAÇÃO E CURRÍCULO
A proposta inclusiva não deve ser tarefa apenas dos professores, todos
os funcionários da escola, inclusive da limpeza, demais alunos, comunidade,
equipe gestora, dentre outros, devem estar juntos nesse desafio. Apenas é preciso
lembrar a importância do segundo professor em sala de aula, que necessita de
treinamento constante, pois é ele que estará na maior parte do tempo ao lado do
aluno que possui limitações (FIGUEIRA, 2013).
56
TÓPICO 3 | ADEQUAÇÕES CURRICULARES
57
UNIDADE 1 | ESCOLA: REORGANIZAÇÃO, FLEXIBILIZAÇÃO E CURRÍCULO
58
TÓPICO 3 | ADEQUAÇÕES CURRICULARES
Por isso, neste momento, queremos suscitar reflexões sobre suas crenças
e atitudes acerca de pessoas com deficiência. Nem sempre é fácil reconhecer
determinados preconceitos, ou mesmo, pensamentos incongruentes com as
políticas de inclusão. Carecemos de um olhar diferenciado para os estudantes
deficientes, caso contrário, corremos o risco de não os inserir adequadamente no
meio escolar e, em consequência disso - também –, no meio social e familiar.
59
UNIDADE 1 | ESCOLA: REORGANIZAÇÃO, FLEXIBILIZAÇÃO E CURRÍCULO
que surgem no ambiente escolar quando se fala em incluir o aluno com deficiência
intelectual, essas dúvidas podem ser resumidas como sendo em quais temas
deverão ser abordados, em que tempo, de que forma ensinar, como empregar
métodos avaliativos. Diante dessas e muitas outras dúvidas é que o professor
poderá ponderar sobre a melhor forma de poder incluir esse aluno (SANTOS;
MARTINS, 2015).
Um outro aspecto muito importante que deve ser explanado aqui é que
o conteúdo a ser explicado em sala de aula deve ser o mesmo para todos os
educandos, inclusive para o aluno com DI. É claro que o aluno com limitações
não terá o mesmo ritmo de aprendizado, todavia, o assunto deve ser colocado
para ele de uma forma que ele entenda, uma forma resumida, ilustrativa, tendo
como alternativa as salas informatizadas e outros espaços dentro da escola. Todo
esse procedimento deve ser construído – de preferência – tendo como aliado o
segundo professor (SANTOS; MARTINS, 2015).
60
TÓPICO 3 | ADEQUAÇÕES CURRICULARES
Diante de todo esse debate, ainda existe a visão incorreta que alguns
profissionais da educação mantêm diante do aluno com deficiência intelectual.
Muitos educadores acham que esses alunos não se desenvolvem porque não
querem, por simples falta de esforço. Todavia, alunos com deficiência intelectual
não ignoram os afazeres escolares, o que acontece é que as suas limitações não os
deixam percorrer os caminhos do ensino sozinhos, eles precisam de apoio para se
desenvolverem (SANTOS; MARTINS, 2015).
NOTA
No filme "Mr. Holland - adorável professor" (1995) – o filho de Mr. Holland, que
se chama Coltrane “Cole” Holland, nasce surdo. Assim, esse é um filme que mostra diferentes
atitudes diante de um filho surdo, por parte da mãe e do pai da criança.
A mãe faz o que pode para aprender a se comunicar com ele. O pai parece não conseguir
acreditar que a comunicação com o filho seja possível. Mr. Holland é um exemplar professor
de música, e tem dificuldades em lidar com a frustração de ter um filho que não pode
contemplar as músicas compostas e tocadas pelo pai. Mr. Holland acaba deixando a família
em segundo plano e se dedica ainda mais como professor – na escola em que trabalha com
jovens.
61
UNIDADE 1 | ESCOLA: REORGANIZAÇÃO, FLEXIBILIZAÇÃO E CURRÍCULO
Em uma cena impactante que ocorre mais para o final do filme, o filho tenta estabelecer
um diálogo com o pai sobre a morte de um famoso músico. O pai parte do pressuposto de
que por ser surdo, seu filho nada sabe sobre música. Mas o filho lhe dá mostras de que isso
não é verdade. No final da trama, o garoto retorna já adulto, e expressando-se por meio da
oralidade. Assim consegue, finalmente, comunicar-se com o pai, que também parece ter
aprendido algumas formas de linguagem utilizadas pelos surdos.
7 FORMAÇÃO DOCENTE
Na escola, todos precisam se habituar a conviver com alunos com
deficiência intelectual e suas diferenças, respeitando-as. Todavia, para que
isso aconteça é preciso que os profissionais da educação estejam inteirados
pedagogicamente sobre como proceder frente a esses alunos, e infelizmente, essa
informação muitas vezes não existe, ou seja, o professor ou outro funcionário
da escola – muitas vezes - não sabe como atender o aluno com deficiência. A
boa notícia é que a maioria dos professores e do público escolar se preocupa em
obter orientações e informações sobre o assunto para poder melhor lidar com tais
situações (SANTOS; MARTINS, 2015). Dessa forma, "É necessária a contratação
de profissionais especializados, é preciso que os docentes sejam formados para
responder da melhor maneira possível à diversidade em sala de aula" (SILVA,
2012, p. 129).
62
TÓPICO 3 | ADEQUAÇÕES CURRICULARES
DICAS
8 AVALIAÇÃO
As adequações não se restringem ao currículo, à prática pedagógica,
às mudanças arquitetônicas e à formação docente. Elas também alcançam
a avaliação. O estudo feito por Paula e Enumo (2007), por exemplo, que trata
da avaliação assistida, destaca a adequação para crianças com dificuldades de
comunicação. Elas citam características inovadoras que diferenciam a avaliação
assistida da avaliação tradicional, e que prestigiam a população com dificuldades
no processo de aprendizagem ou em situação de desigualdade social. O intuito
do trabalho dessas pesquisadoras foi:
Vieira (2012, p. 167, grifo nosso) também ressalta que há leis que embasam
as adequações inclusive nos momentos avaliativos na esfera escolar:
63
UNIDADE 1 | ESCOLA: REORGANIZAÇÃO, FLEXIBILIZAÇÃO E CURRÍCULO
A estudante que foi sujeito da pesquisa de Oliva (2016), por exemplo, não
teve acesso aos textos e atividades em braile, e ao realizar sua prova oralmente,
acabou ficando exposta a prejuízos, pois, quando a avaliação está em mãos,
a pessoa pode retomar a leitura dos enunciados quantas vezes quiser, sem
constrangimentos. Já ficando na dependência de que a professora repita a leitura
oral das questões, ela está em situação de desvantagem.
64
TÓPICO 3 | ADEQUAÇÕES CURRICULARES
TUROS
ESTUDOS FU
"Adaptações Curriculares nas Aulas de Educação Física Envolvendo Estudantes com Deficiência
Visual", escrito em 2017 por Camila de Moura COSTA e Mey de Abreu van MUNSTER. Link do
artigo: http://www.scielo.br/pdf/rbee/v23n3/1413-6538-rbee-23-03-0361.pdf
Boa leitura!
65
UNIDADE 1 | ESCOLA: REORGANIZAÇÃO, FLEXIBILIZAÇÃO E CURRÍCULO
66
TÓPICO 3 | ADEQUAÇÕES CURRICULARES
67
UNIDADE 1 | ESCOLA: REORGANIZAÇÃO, FLEXIBILIZAÇÃO E CURRÍCULO
conexões com outras disciplinas; perder o “medo” que se tem ao deparar-se com
os conteúdos da Matemática; o uso da matemática no cotidiano, relacionando-a
com a natureza ao redor; utilizar as novas tecnologias para transcrever estudos
que mostram a realidade do que pode ser utilizado, conciliando a matemática
com o mercado de trabalho (PINTO, 2017).
68
TÓPICO 3 | ADEQUAÇÕES CURRICULARES
DICAS
Recomendamos que você assista ao filme "A teoria de tudo" (2015), dirigido por
James Marsh, que mostra algumas das adequações e adaptações que Stephen Hawking
precisou fazer para contrariar as expectativas que ouviu dos médicos quanto ao prognóstico
do seu estado de saúde, e para continuar lutando por seus sonhos.
Ele foi persistente para superar as limitações que iam desafiando pouco a pouco o seu corpo.
69
UNIDADE 1 | ESCOLA: REORGANIZAÇÃO, FLEXIBILIZAÇÃO E CURRÍCULO
LEITURA COMPLEMENTAR
INTRODUÇÃO
70
TÓPICO 3 | ADEQUAÇÕES CURRICULARES
71
UNIDADE 1 | ESCOLA: REORGANIZAÇÃO, FLEXIBILIZAÇÃO E CURRÍCULO
Para Omote et al. (2005), um dos principais aspectos que devem mudar no
processo de transformação da escola é o meio social, a mentalidade da comunidade
escolar e das famílias de alunos, que constituem fatores decisivos para uma
escola inclusiva. A rede de apoio do aluno, orientação e assessoria podem fazer
com que as práticas pedagógicas inclusivas sejam bem-sucedidas. A organização
de metodologias e práticas educativas favoráveis ao ritmo de aprendizagem do
aluno com deficiência envolverá a mudança de postura profissional de todos
aqueles envolvidos no processo educacional.
72
TÓPICO 3 | ADEQUAÇÕES CURRICULARES
73
UNIDADE 1 | ESCOLA: REORGANIZAÇÃO, FLEXIBILIZAÇÃO E CURRÍCULO
orientação curricular nos últimos 20 anos. Já Lopes (2006) retrata em seu estudo
como o currículo da educação básica foi apresentado em teses e dissertações de
programas brasileiros de pós-graduação em educação na região sudeste no período
de 1996 a 2002 e os resultados apontam, em termos de relações micro e macro, que
predominam na discussão metodológica as técnicas a serem utilizadas.
MÉTODO
Os critérios de seleção dos artigos, após sua busca pelos descritores, foram
a publicação no período de 2000 a 2010 e a relação com o tema investigado. Muitos
dos textos foram descartados nessa primeira etapa por não estarem relacionados
com o campo da Educação – quando, por exemplo, localizou-se um artigo
pela palavra-chave deficiência mas este se referia à deficiência de componente
nutricional. Para a sistematização dos dados, considerou-se necessário a descrição
da classificação das informações dos artigos em uma tabela, constituindo-se um
instrumento de sistematização dos resultados bibliográficos encontrados neste
estudo. As informações requeridas foram: (a) nome da revista; (b) classificação
nos estratos A1, A2, B1 e B2; (c) título do artigo; (d) palavra-chave de localização
do artigo; (e) palavras-chave descritas no artigo; (f) resumo do artigo; (g) o nome
dos autores; (h) filiação institucional; (i) ano de publicação do artigo; (j) endereço
eletrônico ou link do artigo.
74
TÓPICO 3 | ADEQUAÇÕES CURRICULARES
Tabela 1
75
UNIDADE 1 | ESCOLA: REORGANIZAÇÃO, FLEXIBILIZAÇÃO E CURRÍCULO
76
TÓPICO 3 | ADEQUAÇÕES CURRICULARES
Tabela 2
77
UNIDADE 1 | ESCOLA: REORGANIZAÇÃO, FLEXIBILIZAÇÃO E CURRÍCULO
Tabela 3
Educação
Curricular Currículo Deficiência
especial Total
A1 A2 B1 A1 A2 B1 A1 A2 B1 A1 A2 B1
2000 0 0 0 5 0 0 1 0 1 0 0 0 7
2001 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 2
2002 4 0 0 7 0 0 0 0 0 0 0 0 11
2003 1 0 0 3 0 0 0 0 0 0 0 0 4
2004 0 0 0 4 0 0 0 0 0 0 0 0 4
2005 1 1 0 6 0 1 0 1 0 0 2 0 12
2006 2 1 0 3 0 0 3 6 0 1 1 0 17
2007 1 1 0 4 7 0 2 2 1 0 3 0 21
2008 0 0 0 0 0 0 1 9 1 0 2 0 13
2009 1 0 0 7 1 0 2 7 0 0 2 0 20
2010 1 0 0 1 2 0 7 3 0 0 0 0 14
Total 12 3 0 41 10 1 16 28 3 1 10 0 125
78
TÓPICO 3 | ADEQUAÇÕES CURRICULARES
79
UNIDADE 1 | ESCOLA: REORGANIZAÇÃO, FLEXIBILIZAÇÃO E CURRÍCULO
80
TÓPICO 3 | ADEQUAÇÕES CURRICULARES
81
UNIDADE 1 | ESCOLA: REORGANIZAÇÃO, FLEXIBILIZAÇÃO E CURRÍCULO
82
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• Escolas que não oferecem estrutura física adequada, uma cultura de inclusão
que balize a atuação dos profissionais que ali atuam, tendem a desconcertar
situações significativas de aprendizagem.
83
AUTOATIVIDADE
1 O assunto a ser abordado em sala de aula para os alunos que não possuem
deficiência pode ser o mesmo para os alunos com Deficiência Intelectual
(DI)? Justifique a sua resposta.
3 Nesse tópico você viu alguns estudos sobre estudantes com deficiência
visual. Liste cinco barreiras que alunos com deficiência visual enfrentam
na escola em seu cotidiano. Depois, registre sua opinião sobre a seguinte
questão: Diante dessas barreiras, pode-se esperar que o aluno com deficiência
visual tenha o mesmo rendimento na sala de aula, se não forem realizadas
adequações?
84
UNIDADE 2
ESCOLA: PLANEJAMENTO,
AVALIAÇÃO, PROJETO POLÍTICO-
PEDAGÓGICO E INCLUSÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você en-
contrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
85
86
UNIDADE 2
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
As palavras cooperação e solidariedade se justapõem aos assuntos centrais
desse tópico. Afinal, como aponta Jesus (2004), a base da educação que respeita
a manifestação da diversidade requer uma edificação feita por muitas mãos. É
imprescindível que o apoio colaborativo perpasse cada etapa do erguimento de
novos andares no intuito de oferecer educação de qualidade para todos. Como
assinalam Santiago, Santos e Melo (2017, p. 646), a "[...] heterogeneidade como
elemento indispensável para o enriquecimento das interações em sala de aula".
Portanto, a diferença passa a ser encarada como algo valioso, que muito
pode acrescentar na sala de aula, onde todos devem ter o direito de aprender e de
participar, sendo inteiramente respeitados (SANTIAGO; SANTOS; MELO, 2017).
Desse modo, esse tópico traz discussões que vão além da inclusão de
alunos deficientes ou com necessidades especiais. Há debates aqui que atravessam
diversos grupos considerados minoritários, e/ou grupos que encontram maiores
dificuldades para se inserir nas organizações escolares e frequentarem-nas no
decurso dos estudos. Questões econômicas, étnicas, religiosas e de gênero podem
circundar explicitamente ou implicitamente algumas das reflexões desse tópico.
87
UNIDADE 2 | ESCOLA: PLANEJAMENTO, AVALIAÇÃO, PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO E INCLUSÃO
2 PLANEJAMENTO EDUCACIONAL
Por outro lado, muitas escolas públicas não oferecem o AEE no contraturno
escolar, como é indicado pela Política Nacional de Educação, no entanto, isso não
quer dizer que o aluno com deficiência não seja bem atendido nessa escola. Mesmo
não existindo o contraturno escolar, se a escola possuir um bom planejamento
coletivo de ações conjuntas para um fim comum que é realizar a inclusão de
modo produtivo, a proposta está sendo bem realizada. Então podemos concluir
que mesmo uma escola não seguindo os planos nacionais de Educação de AEE
pode, sim, promover uma inclusão de fato. Cada município tem a sua realidade,
uns com mais organização, outros com menos, no entanto, o profissionalismo,
o empenho e o envolvimento do público escolar poderão fazer a diferença para
o aluno com necessidades educacionais especiais (SANTIAGO; SANTOS, 2015).
90
TÓPICO 1 | PLANEJAMENTO, AVALIAÇÃO EDUCACIONAL E PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO
DICAS
91
UNIDADE 2 | ESCOLA: PLANEJAMENTO, AVALIAÇÃO, PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO E INCLUSÃO
DICAS
92
TÓPICO 1 | PLANEJAMENTO, AVALIAÇÃO EDUCACIONAL E PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO
da escola por ciclos passou a ser uma das alternativas apresentadas pelas propostas mais
ousadas de mudança dessa cultura. Este trabalho discute parte dessa questão, situando a
seguinte pergunta: seria a mudança da organização do trabalho escolar da seriação para
a escola ciclada a alternativa para o enfrentamento do fracasso escolar na escola pública?
Tomamos por base as pesquisas realizadas junto à rede municipal de Belo Horizonte, nos
processos de implantação e implementação do Projeto Político-Pedagógico Escola Plural,
em palco desde 1995. A pesquisa que deu suporte a essas reflexões discute as experiências
práticas de implementação da organização por ciclos nas escolas e as dificuldades e os
desafios vividos diante das condições de trabalho numa rede que decidiu por alterar a
organização do trabalho em todo o sistema de uma só vez (DALBEN, 2009, p. 66).
3 AVALIAÇÃO EDUCACIONAL
Houaiss e Villar (2009) direcionam o significado da palavra avaliação no
contexto escolar à conferência, ou averiguação da competência de um estudante,
ou à sondagem dos possíveis avanços que ele fez, como mostra a Figura 2:
93
UNIDADE 2 | ESCOLA: PLANEJAMENTO, AVALIAÇÃO, PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO E INCLUSÃO
94
TÓPICO 1 | PLANEJAMENTO, AVALIAÇÃO EDUCACIONAL E PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO
95
UNIDADE 2 | ESCOLA: PLANEJAMENTO, AVALIAÇÃO, PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO E INCLUSÃO
DICAS
Pretende-se com este trabalho discutir a avaliação da aprendizagem escolar como meio de
inclusão/exclusão a partir da análise de conceitos que permeiam as duas temáticas. Através
de um estudo teórico são apresentados aspectos relevantes que possibilitam ou dificultam a
consolidação do processo de avaliação para a diversidade, em torno das seguintes questões:
Como analisar a inclusão se não a partir da reflexão sobre a sua lógica contrária, a exclusão?
Como avaliar para a inclusão, considerando as diferenças, sem relativizá-las ou centrá-las
apenas nas limitações físicas, intelectuais ou sociais? (SOUZA; MACEDO, 2012, p. 275).
Outro artigo que pode contribuir para a sua construção de conhecimentos sobre avaliação,
escola e inclusão é o escrito por Sueli Salles Fidalgo, em 2006, denominado: A avaliação
na escola: um histórico de exclusão social-escolar ou uma proposta sociocultural para a
inclusão? Você pode ler o artigo na íntegra no link: <http://www.scielo.br/pdf/rbla/v6n2/02.
pdf>. Acesso em: 28 out. 2018.
Eis uma breve introdução:
Este artigo examina, primeiramente, o arcabouço teórico que tradicionalmente tem servido
de apoio para a avaliação nas escolas. Em seguida, outras formas mais inclusivas de avaliar
são discutidas, com base no conceito de que a linguagem é a ferramenta para manter ou
transformar o status quo. (FIDALGO, 2006, p. 15).
96
TÓPICO 1 | PLANEJAMENTO, AVALIAÇÃO EDUCACIONAL E PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO
97
UNIDADE 2 | ESCOLA: PLANEJAMENTO, AVALIAÇÃO, PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO E INCLUSÃO
98
TÓPICO 1 | PLANEJAMENTO, AVALIAÇÃO EDUCACIONAL E PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO
99
UNIDADE 2 | ESCOLA: PLANEJAMENTO, AVALIAÇÃO, PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO E INCLUSÃO
DICAS
100
TÓPICO 1 | PLANEJAMENTO, AVALIAÇÃO EDUCACIONAL E PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO
101
UNIDADE 2 | ESCOLA: PLANEJAMENTO, AVALIAÇÃO, PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO E INCLUSÃO
4 PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO
De acordo com Figueira (2011), um documento importante que deve
sempre ser lembrado é o Projeto Político-Pedagógico (PPP) das escolas, que
norteia, orienta e dirige todas as ações escolares, incluindo as suas diretrizes. No
Projeto Político-Pedagógico – assim como no currículo – devem existir menções
direcionadas aos alunos com necessidades educacionais especiais, explicitando
estratégias pedagógicas, bem como inovações de métodos para melhor incluir.
102
TÓPICO 1 | PLANEJAMENTO, AVALIAÇÃO EDUCACIONAL E PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO
recursos necessários e que estão ao alcance da escola devem ser empregados para
facilitar todo o processo de ensino e aprendizagem dos alunos. O Projeto Político-
Pedagógico norteia os rumos a serem concretizados no ambiente escolar, sendo
um constante guia para o bom andamento das atividades propostas, orientando
para que o desenvolvimento das práticas pedagógicas siga o que foi registrado
no referido documento para a obtenção de um melhor resultado (SOUTO, 2010).
103
UNIDADE 2 | ESCOLA: PLANEJAMENTO, AVALIAÇÃO, PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO E INCLUSÃO
104
TÓPICO 1 | PLANEJAMENTO, AVALIAÇÃO EDUCACIONAL E PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO
ATENCAO
105
UNIDADE 2 | ESCOLA: PLANEJAMENTO, AVALIAÇÃO, PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO E INCLUSÃO
LEITURA COMPLEMENTAR
Se o grupo sentir que é preciso, pode-se até fazer uma rápida análise do
Marco Referencial: ajudou a iluminar a prática? Há necessidade de se rever algum
ponto?
106
TÓPICO 1 | PLANEJAMENTO, AVALIAÇÃO EDUCACIONAL E PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO
CONCLUINDO
107
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• A avalição não pode ter como único procedimento e objetivo averiguar o que o
aluno aprendeu.
108
AUTOATIVIDADE
109
110
UNIDADE 2 TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
FIGURA 3 - INSERÇÃO NO DICIONÁRIO
111
UNIDADE 2 | ESCOLA: PLANEJAMENTO, AVALIAÇÃO, PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO E INCLUSÃO
O que acontece com frequência nos dias atuais é uma inclusão que é
eficiente apenas no papel, ou seja, se fala muito em incluir o aluno, mas na verdade
a prática não acontece. "A literatura refere que, embora a matrícula e permanência
de todo e qualquer aluno seja assegurada por inúmeros dispositivos jurídicos,
verificam-se, no contexto brasileiro, atrasos e desafios para alcançar uma inclusão
escolar satisfatória" (BRAZ-AQUINO; FERREIRA; CAVALCANTE, 2016, p. 255).
Diante desta situação, vemos a necessidade de debatermos com profissionais
diversos (educadores, psicólogos e outros) e chegarmos a um consenso que
atenda às necessidades das famílias, para que não só a matrícula aconteça nas
escolas, mas que o estudante com deficiência possa ser um coparticipante ativo do
processo de aprendizagem. Contudo, não é uma tarefa simples, porque enquanto
muitos profissionais tentam melhorar o processo de inclusão nas escolas, por
vezes ocorre a falta de dispositivos públicos que assessorem essas ações.
112
TÓPICO 2 | INSERÇÃO NO COTIDIANO ESCOLAR DA EDUCAÇÃO BÁSICA
113
UNIDADE 2 | ESCOLA: PLANEJAMENTO, AVALIAÇÃO, PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO E INCLUSÃO
Bialer (2015, p. 485, grifo nosso) também deu enfoque sobre as discussões
que abrangem a inserção escolar de alunos com autismo. "O objetivo deste
texto é abordar a inserção escolar no campo do autismo por meio de diversas
experiências escolares relatadas nas autobiografias escritas por autistas".
Algo que não se ouve com tanta assiduidade é a opinião dos estudantes
com necessidades educacionais especiais sobre suas experiências com a escola.
A percepção que eles têm desse processo pode auxiliar no desenvolvimento
de um trabalho mais efetivo em prol deles, e com eles. Isto quer dizer que o
autista tem muito a nos falar, por exemplo, o que mais lhe chama a atenção na
escola: disciplina de Informática, Artes ou Língua Portuguesa, por exemplo. Ao
se conhecer as suas áreas de interesse, o professor poderá conseguir resultados
grandiosos, pois, certamente o aluno com autismo se empenhará na disciplina
que mais gosta. Todavia, o professor não pode apenas motivar o autista na área
em que ele se destaca, mas, sim, procurar envolvê-lo em todas as disciplinas.
114
TÓPICO 2 | INSERÇÃO NO COTIDIANO ESCOLAR DA EDUCAÇÃO BÁSICA
115
UNIDADE 2 | ESCOLA: PLANEJAMENTO, AVALIAÇÃO, PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO E INCLUSÃO
Outra pesquisa que se refere à paralisia cerebral foi realizada por Rezio,
Cunha e Formiga (2012), a qual realçou aspectos da motricidade e da independência
funcional, atreladas às questões da Educação Especial e da Inclusão Educacional.
Verifica-se que o nível de independência funcional interfere na execução de
movimentos relativos às funções motoras grossas das crianças com paralisia
cerebral.
116
TÓPICO 2 | INSERÇÃO NO COTIDIANO ESCOLAR DA EDUCAÇÃO BÁSICA
117
UNIDADE 2 | ESCOLA: PLANEJAMENTO, AVALIAÇÃO, PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO E INCLUSÃO
118
TÓPICO 2 | INSERÇÃO NO COTIDIANO ESCOLAR DA EDUCAÇÃO BÁSICA
não se dará por completo. Isso requer novos debates sobre a implementação de
políticas destinadas à inclusão dos alunos surdos na educação (LACERDA, 2007).
Além do mais, existe a cultura surda, e para se apropriar dela, é recomendável
que o aluno surdo conviva com outras pessoas surdas.
Para Batista, Cardoso e Santos (2006, p. 304), são inúmeros os motivos que
podem colaborar para que crianças com deficiência ou necessidades educacionais
especiais apresentem baixos resultados nas avaliações padronizadas:
119
UNIDADE 2 | ESCOLA: PLANEJAMENTO, AVALIAÇÃO, PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO E INCLUSÃO
120
TÓPICO 2 | INSERÇÃO NO COTIDIANO ESCOLAR DA EDUCAÇÃO BÁSICA
DICAS
Um filme que pode contribuir nas reflexões sobre essa temática é o drama “Meu
nome é Radio” (2003), dirigido por Michael Tollin. O filme expõe o preconceito que acontece
perante um garoto com deficiência intelectual, e a diligência de um profissional da escola
que resolve acolhê-lo. Mostra o quanto todos saem ganhando quando a convivência entre
diferentes pessoas vai se processando. Todos têm a aprender com a diversidade.
121
UNIDADE 2 | ESCOLA: PLANEJAMENTO, AVALIAÇÃO, PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO E INCLUSÃO
122
TÓPICO 2 | INSERÇÃO NO COTIDIANO ESCOLAR DA EDUCAÇÃO BÁSICA
123
UNIDADE 2 | ESCOLA: PLANEJAMENTO, AVALIAÇÃO, PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO E INCLUSÃO
Assim, uma série de indagações afloram: Será que a escola está incluindo
de fato? As propostas sugeridas vão ao encontro do que os alunos com deficiência
física ou intelectual realmente necessitam para se desenvolver pedagogicamente?
“O aluno deficiente, inserido no ensino regular, está de fato incluído nas relações
a que se propõe a escola, ou as escolas teriam para ele um objetivo secundário?”
(FERMINIO, 2017, p. 25). Por outro lado, o professor tem tido apoio quando
diligentemente busca incluir os alunos com deficiência severa, e sente-se
decepcionado com os poucos avanços que nota no rendimento do aluno? Há um
espaço para ele expressar suas dúvidas e angústias quanto a esse processo? Será
que as escolas não estão vendo o aluno deficiente apenas como mais um número?
124
TÓPICO 2 | INSERÇÃO NO COTIDIANO ESCOLAR DA EDUCAÇÃO BÁSICA
125
UNIDADE 2 | ESCOLA: PLANEJAMENTO, AVALIAÇÃO, PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO E INCLUSÃO
DICAS
126
TÓPICO 2 | INSERÇÃO NO COTIDIANO ESCOLAR DA EDUCAÇÃO BÁSICA
127
UNIDADE 2 | ESCOLA: PLANEJAMENTO, AVALIAÇÃO, PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO E INCLUSÃO
128
TÓPICO 2 | INSERÇÃO NO COTIDIANO ESCOLAR DA EDUCAÇÃO BÁSICA
DICAS
129
UNIDADE 2 | ESCOLA: PLANEJAMENTO, AVALIAÇÃO, PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO E INCLUSÃO
130
RESUMO DO TÓPICO 2
Nesse tópico, você aprendeu que:
131
AUTOATIVIDADE
1 O uso das TIC aqui no Brasil está acontecendo de forma adequada pelos
alunos que frequentam escola regular? Basta colocar computadores em
quantidade suficiente para se ter um ensino de qualidade? Faça um
comentário a respeito dessa situação.
Comente:
132
UNIDADE 2 TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
Esse tópico abordará assuntos relativos à prática pedagógica inclusiva.
Ainda que seja um tema com uma conotação mais direcionada aos aspectos
práticos, iniciaremos a explanação com incursões teóricas e reflexivas sobre
inclusão, afinal, toda prática se fundamenta em alguma teoria.
2 INCLUSÃO: REFLEXÕES
Apesar de tantos anos consecutivos em que a segregação e a intolerância
marcaram a vida de estudantes com deficiência, alguns questionamentos estão
despontando no meio acadêmico, como no curso de Psicologia:
Por outro lado, Anjos et al. (2013, p. 505) propõem outras perguntas:
133
UNIDADE 2 | ESCOLA: PLANEJAMENTO, AVALIAÇÃO, PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO E INCLUSÃO
Isto posto, nas escolas é necessário que debates sejam feitos frequentemente,
a fim de gerar reflexões sobre como está acontecendo a inclusão de alunos com
necessidades educacionais especiais, pois é fato que muitas escolas públicas e
privadas ainda não têm estrutura física e humana adequada a uma efetiva inclusão
de tais alunos. Afinal, como aponta a pesquisa de Leonardo, Bray e Rossato (2009),
esses estudantes convivem com a falta de experiência dos professores e de todos
os outros profissionais da escola, que não estão preparados para recebê-los e
promoverem a inclusão propriamente dita.
134
TÓPICO 3 | PRÁTICA PEDAGÓGICA INCLUSIVA
O que acontece hoje - na grande maioria das vezes – são tímidas tentativas
de auxiliar o aluno com necessidades educativas especiais a buscar melhorar o
baixo índice de inclusão real e efetiva que existe na nossa sociedade. Vemos que
muitas escolas não têm projetos eficazes voltados à inclusão e que em grande
parte não existem estratégias para receber este aluno. Muitos professores não
estão preparados para lidar com as diferenças no cotidiano escolar (LEONARDO;
BRAY; ROSSATO, 2009).
Esta noção de que todos são iguais ou de que devem ser iguais ganha
sentidos a partir da ideologia religiosa e jurídica, segundo as quais
os homens são iguais perante Deus e perante a lei. Nesse prisma, a
aplicabilidade da lei ou, no caso, da educação inclusiva assegura os
direitos de todos, ganhando estatuto de compromisso moral e social
(CAVALLARI, 2010, p. 675).
135
UNIDADE 2 | ESCOLA: PLANEJAMENTO, AVALIAÇÃO, PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO E INCLUSÃO
Assim como Tessaro et al. (2005), nós aspiramos colaborar com o processo
de inclusão escolar, bem como, para o bem-estar das pessoas com deficiência.
Portanto, trazemos aqui nesse livro, reflexões, sugestões e orientações para que o
aluno com necessidades educacionais especiais possa ser acolhido com dignidade
e qualidade. Desejamos que ele também possa oferecer novas possibilidades às
pessoas que o cercam.
136
TÓPICO 3 | PRÁTICA PEDAGÓGICA INCLUSIVA
137
UNIDADE 2 | ESCOLA: PLANEJAMENTO, AVALIAÇÃO, PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO E INCLUSÃO
138
TÓPICO 3 | PRÁTICA PEDAGÓGICA INCLUSIVA
139
UNIDADE 2 | ESCOLA: PLANEJAMENTO, AVALIAÇÃO, PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO E INCLUSÃO
DICAS
Essa seção trouxe reflexões sobre diferenças e diversidade. Para incrementar seu
processo de construção do conhecimento sobre essa temática, indicamos a leitura do livro
“Diferenças e desigualdades na escola”, organizado por Marília Pinto de Carvalho. Publicado
em Campinas, pela Editora Papirus em 2013.
3 INCLUSÃO: DIFICULDADES
Vale lembrar que a pesquisa de Tessaro, et al. (2005) mostrou duas
dificuldades do processo de inclusão de alunos com deficiência nas escolas: a
discriminação social e a falta de preparo dos profissionais.
142
TÓPICO 3 | PRÁTICA PEDAGÓGICA INCLUSIVA
do aluno” não seria reflexo da má qualidade do ensino? Não obstante, boa parte
dos professores alega que a causa do fracasso escolar é “atribuída ao indivíduo
[estudante] e diluída nas suas deficiências, seja em relação ao seu cognitivo, à sua
saúde ou ao seu interesse” (ROSSATO; LEONARDO, 2012, p. 22).
A pessoa com deficiência deve ser e sentir-se valorizada, assim, ela estará
percebendo que está sendo incluída e se motivará em progredir na sua vida
educacional, pessoal e quiçá, futuramente, profissional. O aluno com deficiência
precisa sentir que está fazendo parte de um grupo, precisa ser “visualizado”,
sentir-se útil na escola e na sociedade. Preconceitos e rótulos necessitam ser
desmoronados.
• Escolas que não fizeram nenhuma mudança para dar início ao processo
inclusivo de alunos com deficiência.
• Escolas que só fizeram alterações de cunho físico, arquitetônico - construção de
rampas, adequação de banheiros e mobílias da sala de aula.
• Escola privada que nem sequer fez modificações físicas/arquitetônicas para
receber crianças com deficiência.
4 PRÁTICAS INCLUSIVAS
Depois de refletirmos sobre a inclusão, e sobre as dificuldades relativas a
ela, passemos agora a meditar sobre as práticas inclusivas.
144
TÓPICO 3 | PRÁTICA PEDAGÓGICA INCLUSIVA
DICAS
FONTE: CARVALHO, Rosita Edler. O Trabalho Pedagógico na Diversidade. In: Escola Inclusiva:
a reorganização do trabalho pedagógico. Porto Alegre: Mediação, 2008.
145
UNIDADE 2 | ESCOLA: PLANEJAMENTO, AVALIAÇÃO, PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO E INCLUSÃO
DICAS
146
TÓPICO 3 | PRÁTICA PEDAGÓGICA INCLUSIVA
147
UNIDADE 2 | ESCOLA: PLANEJAMENTO, AVALIAÇÃO, PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO E INCLUSÃO
DICAS
Leia o livro escrito por Michel Foucault (2011), para compreender esse intuito
da escola de disciplinar o comportamento das crianças. O autor fala de “corpos dóceis”, no
sentido de que as crianças se tornem submissas, obedientes, “domadas”.
148
TÓPICO 3 | PRÁTICA PEDAGÓGICA INCLUSIVA
Seguem as informações para você procurar por esse livro: Título “Vigiar e punir: nascimento
da prisão”, sendo que a 39ª edição foi publicada pela Vozes, em Petrópolis, em 2011.
A prática pedagógica deve ser revista para que exista inclusão, ou seja,
falamos aqui de uma proposta de ensino que viabilize a entrada do aluno com
deficiência nas escolas e que este possa vislumbrar as suas possibilidades. Até há
pouco tempo pensava-se que a escola não era o lugar para alunos com deficiência,
que estes deveriam ser exclusivamente encaminhados para outras instituições
(como as APAEs). As relações entre os alunos com deficiência e a sociedade em
que ele vive – incluindo a escola – são um ponto a ser trabalhado, em que muitas
vezes não existe interação propriamente dita.
149
UNIDADE 2 | ESCOLA: PLANEJAMENTO, AVALIAÇÃO, PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO E INCLUSÃO
150
TÓPICO 3 | PRÁTICA PEDAGÓGICA INCLUSIVA
DICAS
151
UNIDADE 2 | ESCOLA: PLANEJAMENTO, AVALIAÇÃO, PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO E INCLUSÃO
DICAS
“Baseado em pesquisa qualitativa numa escola pública de ensino fundamental de São Paulo,
o artigo discute os critérios de avaliação escolar das professoras, apontando em que medida
suas opiniões sobre masculinidade e feminilidade interferiam em seus julgamentos e o que
era mais valorizado no comportamento de meninas e meninos” (CARVALHO, 2001, p. 554).
152
TÓPICO 3 | PRÁTICA PEDAGÓGICA INCLUSIVA
153
UNIDADE 2 | ESCOLA: PLANEJAMENTO, AVALIAÇÃO, PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO E INCLUSÃO
154
TÓPICO 3 | PRÁTICA PEDAGÓGICA INCLUSIVA
Essa inclusão deve ser realizada de modo que o aluno com deficiência
seja agregado aos demais acadêmicos, sem prejuízo do objetivo geral no tocante
ao processo de ensino e aprendizagem. Além do mais, é ideal que ações sejam
realizadas para banir comportamentos preconceituosos e de segregamento,
como sinalizam Garcia, Bacarin e Leonardo (2018, p. 38): “Destarte, a efetivação
da acessibilidade ao conhecimento não depende apenas de direitos garantidos
em legislações, mas, sim, na quebra de paradigmas e preconceitos que ainda
permanecem nos meios acadêmicos”.
155
UNIDADE 2 | ESCOLA: PLANEJAMENTO, AVALIAÇÃO, PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO E INCLUSÃO
7 FORMAÇÃO DOCENTE
Reflexões sobre a formação docente estiveram presentes em alguns
tópicos desse livro, até porque essa é apontada como uma das dificuldades que
consternam o processo de inclusão escolar, como nos lembram Leonardo, Bray e
Rossato (2009, p. 305):
156
TÓPICO 3 | PRÁTICA PEDAGÓGICA INCLUSIVA
Portanto, outra pesquisa que precisa ser referida é a de Ingles, et al. (2014),
que tratou da Educação Especial, voltada às políticas educacionais inclusivas,
abrangendo discussões acerca da formação docente. Uma das conclusões dessa
pesquisa foi a de que, apesar de existirem políticas públicas para a educação
inclusiva, “elas ainda não conseguiram atingir as práticas pedagógicas e a
formação de professores” (INGLES, et al., 2014, p. 461, grifo nosso).
157
UNIDADE 2 | ESCOLA: PLANEJAMENTO, AVALIAÇÃO, PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO E INCLUSÃO
Apesar disso, existem pessoas com deficiência que persistem na luta por
seus objetivos, e contestam todos aqueles que não acreditaram neles. Pessoas com
essa garra contribuem expressivamente para a inclusão.
158
TÓPICO 3 | PRÁTICA PEDAGÓGICA INCLUSIVA
DICAS
159
UNIDADE 2 | ESCOLA: PLANEJAMENTO, AVALIAÇÃO, PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO E INCLUSÃO
LEITURA COMPLEMENTAR
[...]
4.3 Práticas pedagógicas inclusivas
160
TÓPICO 3 | PRÁTICA PEDAGÓGICA INCLUSIVA
SÍNTESE
161
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
162
AUTOATIVIDADE
2 Por que existe tanta evasão de alunos portadores de deficiência nas escolas
e universidades?
Por que não é suficiente que leis e normas sejam elaboradas para
garantir que a inclusão se processe?
163
164
UNIDADE 3
DIAGNÓSTICO E EDUCAÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você en-
contrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
165
166
UNIDADE 3
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
Até agora acessamos várias ponderações sobre adequações, adaptações
curriculares, proposta inclusiva, educação especial, inserção de alunos e avaliação.
Todas essas temáticas também marcaram presença na pesquisa de Enumo (2005)
sobre avaliação assistida. É pertinente trazê-la novamente neste tópico, pois, já
no resumo da pesquisa, é apresentada duas vezes a palavra “diagnóstico” – tema
que neste momento dos seus estudos está em destaque:
167
UNIDADE 3 | DIAGNÓSTICO E EDUCAÇÃO
2 DIAGNÓSTICO
Pensar sobre diagnóstico envolve necessariamente a discussão sobre o
que é considerado em conformidade com a norma e o que se distancia dela, ou
seja, o que é normal? O que é anormal? O que é saudável? O que é doentio? O
que é habitual? O que é mórbido?
168
TÓPICO 1 | O CONCEITO DE DIAGNÓSTICO E SUAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
DICAS
Para intensificar suas reflexões sobre o que é normal e o que é anomalia, leia o
livro “O normal e o patológico”, escrito por Georges Canguilhem, publicado no Rio de Janeiro,
pela Editora Forense Universitária, em 2002 (5ª edição).
Acesse: < https://bit.ly/2Rm5xQw>. Acesso em: 30 out. 2018.
Atenção! A leitura complementar deste tópico consiste numa resenha do livro.
169
UNIDADE 3 | DIAGNÓSTICO E EDUCAÇÃO
DICAS
170
TÓPICO 1 | O CONCEITO DE DIAGNÓSTICO E SUAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
3 DIAGNÓSTICO E EDUCAÇÃO
Agora vamos procurar compreender algumas relações entre diagnósticos
e a educação?
171
UNIDADE 3 | DIAGNÓSTICO E EDUCAÇÃO
Outra pesquisa que associou diagnóstico e educação foi feita por Franco,
Carvalho e Guerra (2010). Ela trata do diagnóstico de Paralisia Cerebral, e o
discurso, ou seja, a opinião de professores sobre esse quadro clínico e o processo
de ensino.
172
TÓPICO 1 | O CONCEITO DE DIAGNÓSTICO E SUAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
DICAS
O livro é "Você é especial", escrito por Max Lucado, ilustrado por Sergio Martinez. Carlos
Osvaldo Cardoso Pinto fez a tradução para a Língua Portuguesa. Publicado em São Paulo pela
Editora Hagnos, em 2004.
173
UNIDADE 3 | DIAGNÓSTICO E EDUCAÇÃO
A escola tem as suas colocações diante da inclusão, que podem ser baseadas
em análises aprofundadas de cada caso ou podem advir de conhecimentos
do cotidiano para realizar seus planejamentos. Ao conhecer o diagnóstico
médico do aluno com deficiência, poder-se-á elaborar estratégias direcionadas
individualmente.
174
TÓPICO 1 | O CONCEITO DE DIAGNÓSTICO E SUAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
DICAS
175
UNIDADE 3 | DIAGNÓSTICO E EDUCAÇÃO
DICAS
176
TÓPICO 1 | O CONCEITO DE DIAGNÓSTICO E SUAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
DICAS
177
UNIDADE 3 | DIAGNÓSTICO E EDUCAÇÃO
178
TÓPICO 1 | O CONCEITO DE DIAGNÓSTICO E SUAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
Outra infeliz situação que tem sido recorrente em muitos espaços escolares
é a constatação feita por certos "especialistas da educação", de que o fracasso
escolar se encontra tão somente no aluno que não aprende. "Esse processo isenta
o Estado de responsabilidade pela condição de vida da sociedade e responsabiliza
o indivíduo pelos problemas que ocorrerem com ele” (LEONARDO; SUZUKI,
2016, p. 52). Não podemos ser coniventes com isso, atribuindo a culpa da não
aprendizagem, ou do "mau comportamento", apenas para o aluno que os
apresenta. Em vez disso, não seria melhor auxiliá-los para que se desenvolvam?
Não poderíamos ampliar nossa visão e procurar identificar outros possíveis
desencadeadores do fracasso escolar? Será que a cultura da nossa sociedade,
atravessada pela lógica capitalista, não tem ignorado a necessidade de incluir
com humanismo, sendo mais fácil medicar para fugir do problema?
179
UNIDADE 3 | DIAGNÓSTICO E EDUCAÇÃO
180
TÓPICO 1 | O CONCEITO DE DIAGNÓSTICO E SUAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
DICAS
O psicoterapeuta Carl Gustav Jung (1875-1961) já propunha que as teorias podem ser
de conhecimento do profissional, e que cabe ao profissional compreender e saber aplicar
todas as técnicas. Todavia, ao entrar em contato com uma pessoa, não se deve esquecer
de que se trata de uma pessoa interagindo com outra. Ambos humanos, dignos de respeito,
consideração e atenção.
181
UNIDADE 3 | DIAGNÓSTICO E EDUCAÇÃO
LEITURA COMPLEMENTAR
A delimitação entre o que pode ser considerado normal e o que deve ser
tido como "patológico" é uma questão que gera constantes discussões conceituais.
No terreno da psicopatologia, essa discussão ainda é mais relevante, já que sua
demarcação é muito mais flutuante e suas fronteiras pouco rígidas.
182
TÓPICO 1 | O CONCEITO DE DIAGNÓSTICO E SUAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
Canguilhem isto implica dizer que a doença só existe, e só pode ser prevenida,
pois antes existiu um doente. Isto ainda implica dizer que o primeiro a se queixar
é o doente e, portanto, a patologia do saber médico não pode estar dissociada da
realidade do indivíduo. O autor ainda complementa afirmando que "não há nada
na ciência que antes não tenha aparecido na consciência e que, especialmente no
caso que nos interessa, é o ponto de vista do doente que, no fundo, é verdadeiro"
(Canguilhem, 1966, p. 68).
Nesta visão, pode-se abstrair que a norma, não sendo uma média estatística,
é algo individual, ou seja, uma noção que define as capacidades máximas de uma
pessoa. Assim, cada indivíduo teria sua concepção do que é normal para si, já que
a média não tolera desvios individuais que não podem ser considerados como
patológicos.
183
RESUMO DO TÓPICO 1
• É preciso fazer uma reflexão e discussão de cunho ético no que toca ao exagero
de diagnósticos para crianças, que acarreta a medicalização de problemas
escolares. Quais são os reais interesses de tantas crianças estarem sendo
medicadas? Elas são beneficiadas com isso? No que são prejudicadas?
184
AUTOATIVIDADE
185
186
UNIDADE 3
TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
Introduziremos com o pensamento de Schopenhauer (1788 - 1860) em
Aforismos para a sabedoria de vida: “Todos os espíritos são invisíveis para os
que não o possuem, e toda a avaliação é um produto do que é avaliado pela esfera
cognitiva de quem avalia”. Com essa reflexão podemos iniciar a abordagem dos
assuntos respeitantes à sequência diagnóstica, à avaliação do diagnóstico e à
avaliação das habilidades.
Por fim, esse tópico aborda a avaliação das habilidades. Esse tema já
emergiu em uma ou outra parte desse livro, mas será pormenorizado nesse tópico.
187
UNIDADE 3 | DIAGNÓSTICO E EDUCAÇÃO
2 SEQUÊNCIA DIAGNÓSTICA
Sequência diagnóstica é uma expressão comumente relacionada ao
diagnóstico psicopedagógico, temática que será abordada no próximo tópico
desse livro. Ela diz respeito ao passo a passo do processo diagnóstico.
188
TÓPICO 2 | SEQUÊNCIA DIAGNÓSTICA, AVALIAÇÃO DO DIAGNÓSTICO, AVALIAÇÃO DAS HABILIDADES
Ainda para Moraes (2010), testes ou sessões lúdicas podem ser combinados
para se levantar aspectos emocionais, avaliação de desempenho, verificação de
determinadas habilidades etc.
DICAS
3 AVALIAÇÃO DO DIAGNÓSTICO
As pesquisas de Enumo (2005) sobre avaliação assistida, e de Lopes
e Almeida (2015) acerca de questões e modelos de avaliação e intervenção em
Psicologia Escolar, que foram apresentadas no Tópico 1 desta unidade, configuram
reflexão e avaliação a respeito do processo diagnóstico.
189
UNIDADE 3 | DIAGNÓSTICO E EDUCAÇÃO
190
TÓPICO 2 | SEQUÊNCIA DIAGNÓSTICA, AVALIAÇÃO DO DIAGNÓSTICO, AVALIAÇÃO DAS HABILIDADES
191
UNIDADE 3 | DIAGNÓSTICO E EDUCAÇÃO
192
TÓPICO 2 | SEQUÊNCIA DIAGNÓSTICA, AVALIAÇÃO DO DIAGNÓSTICO, AVALIAÇÃO DAS HABILIDADES
DICAS
Boa leitura!
193
UNIDADE 3 | DIAGNÓSTICO E EDUCAÇÃO
194
TÓPICO 2 | SEQUÊNCIA DIAGNÓSTICA, AVALIAÇÃO DO DIAGNÓSTICO, AVALIAÇÃO DAS HABILIDADES
sinais, parte dos surdos apresenta dificuldades para ler e escrever, sobretudo
no que se refere à conjugação de verbos, pois a Língua Portuguesa, para muitos
deles, corresponde à segunda língua, então não têm tanta afinidade com ela,
quanto às pessoas que a aprenderam espontaneamente como primeira língua.
Em contrapartida, se todas as avaliações para surdos tiverem versões em Libras,
poderão ser destinadas a surdos que não conheçam essa forma de linguagem,
então, podem existir dois alunos surdos numa sala, que não conseguirão realizar
os mesmos testes.
DICAS
Consulte o artigo que está sendo referido nessa seção (GUIMARAES; ODA, 2013),
para visualizar mais dados que podem auxiliar na escolha de um procedimento avaliativo que
seja coerente com as singularidades de um estudante.
O artigo apresenta quadros e tabelas que listam modalidades de avaliação (recepção-
expressão), relacionadas aos instrumentos avaliativos.
Segue o link do artigo: <http://www.scielo.br/pdf/rcefac/v15n6/v15n6a33.pdf>. Acesso em: 8
out. 2018.
195
UNIDADE 3 | DIAGNÓSTICO E EDUCAÇÃO
196
TÓPICO 2 | SEQUÊNCIA DIAGNÓSTICA, AVALIAÇÃO DO DIAGNÓSTICO, AVALIAÇÃO DAS HABILIDADES
DICAS
197
UNIDADE 3 | DIAGNÓSTICO E EDUCAÇÃO
E
IMPORTANT
Após a leitura desse tópico, ficou notório que apesar do esforço de alguns pesquisadores,
professores, pais, pessoas com deficiência, líderes políticos, em prol da inclusão, ainda há
muito por ser feito.
Para finalizar, reavemos o pensamento de Schopenhauer, filósofo que inspirou a abertura desse
tópico. Jamais podemos esquecer que os resultados de processos avaliativos não apontam
apenas aspectos localizados no(s) estudante(s). A forma de aplicar tais procedimentos e de
interpretar os dados emitidos por eles é inevitavelmente influenciada pelas singularidades do
professor, ou do profissional da saúde: de suas subjetividades.
198
TÓPICO 2 | SEQUÊNCIA DIAGNÓSTICA, AVALIAÇÃO DO DIAGNÓSTICO, AVALIAÇÃO DAS HABILIDADES
LEITURA COMPLEMENTAR
O PEI deve ser desenvolvido por uma equipe composta por membros
que revisam as informações úteis sobre o aluno obtidas por meio da avaliação
e desenvolvem um programa educacional para atender às necessidades
educacionais únicas desse aluno. A referida equipe pode ser composta pelos
familiares do aluno, pelos professores do aluno, por um professor de educação
especial, por profissionais que trabalham na escola, os quais farão parte da equipe
conforme as características do aluno e as necessidades que o mesmo apresentar,
e também pelo aluno, quando for apropriado (Culatta; Tompkins, Werts, 2007).
Os autores (2007) indicam que os aspectos que devem fazer parte do PEI
são:
- o nível de desempenho que o aluno apresenta no momento em que o programa
é elaborado;
- os objetivos a serem alcançados, que devem ser expressos de forma que
permitam mensuração futura;
- os serviços de educação especial que serão fornecidos, com a data de início, a
duração e o local nos quais eles serão oferecidos; a extensão da participação do
aluno na sala comum do ensino regular;
- as pessoas que serão responsáveis pela implementação do PEI;
- os procedimentos que serão utilizados para reavaliar o aluno de modo a
oferecer subsídios para a reformulação do PEI.
200
TÓPICO 2 | SEQUÊNCIA DIAGNÓSTICA, AVALIAÇÃO DO DIAGNÓSTICO, AVALIAÇÃO DAS HABILIDADES
FONTE: SILVA, A.M. Educação especial e inclusão escolar: história e fundamentos. Curitiba: IBPEX,
2012 p. 170.
201
RESUMO DO TÓPICO 2
• Cada deficiência tem a sua característica, sendo que existem tipos de deficiência
específicos e diferentes graus de incapacidades, não sendo possível estabelecer
uma listagem fixa de instrumentos avaliativos.
202
AUTOATIVIDADE
2 Por que a sequência diagnóstica não pode ser engessada, ou seja, severamente
seguida?
203
204
UNIDADE 3
TÓPICO 3
O DIAGNÓSTICO PSICOPEDAGÓGICO
1 INTRODUÇÃO
Sintamo-nos inspirados pelas palavras de Paulo Freire (2004, p.142): “A
alegria não chega no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca.
Ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria”.
2 PSICOPEDAGOGIA
No Brasil, a psicopedagogia despontou em resposta ao aumento de
casos de fracasso escolar, decorrente do aumento das matrículas de crianças –
principalmente, porque até então parte delas ficava fora dos muros da escola, em
geral, por motivos econômicos. O foco da psicopedagogia é a aprendizagem, e
isso inclui os entraves que a afetam (MILMANN, 2013).
205
UNIDADE 3 | DIAGNÓSTICO E EDUCAÇÃO
NOTA
O termo “ensenãs” está tal e qual aparece na citação indicada. Para conferir
acesse o link: < https://bit.ly/2IGYcrF>. Acesso em: 30 Out. 2018.
206
TÓPICO 3 | O DIAGNÓSTICO PSICOPEDAGÓGICO
Essa crítica se pauta nos pressupostos de que o fracasso escolar não pode
ser centralizado apenas na figura do estudante, já que pode ser decorrência de
vários fatores (ou da soma de vários deles) atinentes ao processo educativo, por
exemplo:
DICAS
A autora Maria Helena Souza Patto é uma referência nas discussões sobre a
problematização das causas do fracasso escolar.
Assim, sugerimos a leitura do livro “A produção do fracasso escolar: histórias de submissão
e rebeldia”, escrito por Maria Helena Souza Patto, cuja segunda edição foi publicada em São
Paulo, pela Casa do Psicólogo, em 2000.
3 PSICOPEDAGOGIA E INCLUSÃO
Nessa seção falaremos da pesquisa de Freitas (2016) que trata da
aprendizagem enquanto fenômeno central da Psicopedagogia. Contudo, essa
pesquisa possui um viés estético, voltado à experiência e à inclusão. A parte final
da seção faz menção à pesquisa de Zugueib Neto (2004) que disserta sobre doença
mental na adolescência, sob o prisma da psicopedagogia.
208
TÓPICO 3 | O DIAGNÓSTICO PSICOPEDAGÓGICO
tentando sempre encontrar uma solução eficaz. Entretanto, muitas vezes esbarra-
se em desprovimentos (econômicos, políticos, arquitetônicos, ou de qualificação,
por exemplo).
Assim como nós, muitas pessoas estão aspirando, ansiando pela oferta
de uma educação de fato engajada com a aprendizagem das crianças. Estamos
falando de objetivos para além da inclusão: que todo o sistema de ensino seja
melhor assistido (FREITAS, 2016).
A crítica que essa autora está fazendo se refere ao imediatismo que assola
tantas escolas, e tentativas de ensino insípidas, mornas, vazias de sentido para
as crianças (e para os próprios professores?), isentas de afeto. Essa impressão
paranoica de que tudo vai acontecendo no piloto automático, sem vida. Um
"aprendizado" raso, ainda pautado em decorar, em vez de vivenciar.
209
UNIDADE 3 | DIAGNÓSTICO E EDUCAÇÃO
A escola tradicional precisa ser moldada para atender alunos com alto
nível de deficiência, sendo amparada com pessoal técnico capacitado com novas
formas de ajudá-los. Lembrando que a família deve fazer parte deste processo,
acompanhando o estudante em todas as fases do seu desenvolvimento, em todas
as esferas de apoio (escola, clínicas e etc.).
210
TÓPICO 3 | O DIAGNÓSTICO PSICOPEDAGÓGICO
DICAS
Que tal suspender por um momento a leitura, para refletir sobre hospitais
psiquiátricos através de filmes?
Deixamos aqui algumas sugestões de obras cinematográficas que tratam do assunto:
1 Um Estranho no Ninho (1975) - um drama estadunidense dirigido por Miloš Forman.
2 Bicho de Sete Cabeças (2000) - dirigido por Laís Bodanzky, conta a história de um paciente
psiquiátrico – Neto –, personagem interpretado por Rodrigo Santoro. É um dos filmes
brasileiros mais premiado.
3 Uma Mente Brilhante (2001) – um drama romântico estadunidense dirigido por Ron
Howard. O protagonista do filme tem sinais de esquizofrenia.
4 O seu jeito de andar (2014) – Dirigido por Andrew Fleming (EUA). Trata da interação entre
Jay e Daisy. Ele, um homem oriundo de uma família rica, que por conta de vícios diversos
está falido. Ela, uma moça que vive em um hospital psiquiátrico, sendo que ela sempre viveu
isolada da sociedade, desde pequenina. Sempre, entre aspas, pois Jay resolve permitir que ela
experiencie um pouco da vida fora dos muros do hospital psiquiátrico. Assim, como se pode
supor, o filme pode ser classificado como drama, comédia e romance.
5 Nise: O coração da loucura (2016) – filme brasileiro dirigido por Roberto Berliner, cuja
categoria é drama biográfico. A atriz Gloria Pires dá vida a uma personagem que trabalha
em um hospital psiquiátrico e sugere novas modalidades de tratamento aos pacientes com
esquizofrenia.
211
UNIDADE 3 | DIAGNÓSTICO E EDUCAÇÃO
212
TÓPICO 3 | O DIAGNÓSTICO PSICOPEDAGÓGICO
A situação manicomial não deve ser vista como a única alternativa para a
recuperação de deficiência intelectual. Em contrapartida, a organização de novas
propostas, como a desinstitucionalização de práticas psiquiátricas tradicionais e
que visam somente o tratamento clínico, não deve ser a única forma curativa.
Uma sugestão seria a criação de espaços distintos e contextualizados, abertos a
práticas socioeducacionais e socioculturais diversas.
DICAS
4 O DIAGNÓSTICO PSICOPEDAGÓGICO
Essa seção traz as contribuições da pesquisa de Dell' Agli e Brenelli (2007)
acerca de diagnóstico psicopedagógico por meio de jogo.
213
UNIDADE 3 | DIAGNÓSTICO E EDUCAÇÃO
DICAS
214
TÓPICO 3 | O DIAGNÓSTICO PSICOPEDAGÓGICO
215
UNIDADE 3 | DIAGNÓSTICO E EDUCAÇÃO
216
TÓPICO 3 | O DIAGNÓSTICO PSICOPEDAGÓGICO
• Sensório-motor: de 0 a 2 anos.
• Pré-operatório: de 2 a 7 anos.
• Operatório concreto: de 8 a 12 anos.
• Operatório formal: a partir de 12 anos.
217
UNIDADE 3 | DIAGNÓSTICO E EDUCAÇÃO
E
IMPORTANT
Fazemos votos de que seu percurso acadêmico e profissional seja permeado pela alegria, da
qual nos lembrou Paulo Freire, na abertura desse tópico. Que a alegria não se faça presente
tão somente nos momentos de conclusão (seja da conclusão do curso, ou das situações
de aprendizagem que você mediar até contemplar o sucesso do aluno e/ou do professor).
Lembre-se de que atuar na educação, com a educação, requer esforços, coragem, mas é um
processo que você pode desenrolar com boniteza e alegria.
218
RESUMO DO TÓPICO 3
• Nosso atual sistema capitalista rotula o aluno como sendo responsável por seu
sucesso ou fracasso.
• Várias áreas, como: Arte, Educação e Cultura são pertinentes para levar adiante
projetos para oferecer uma vida mais digna à pessoa com deficiência mental.
219
AUTOATIVIDADE
220
REFERÊNCIAS
ANACHE, A. A.; MITJANS, A. M. Deficiência mental e produção científica
na base de dados da CAPES: o lugar da aprendizagem. Psicol. Esc. Educ.
(Impr.), Campinas, v. 11, n. 2, p. 253-274, dez. 2007. Disponível em: < https://bit.
ly/2PdW3X3>. Acesso em: 5 out. 2018.
222
CORREIA, R. L.; COSTA, S. L.; AKERMAN, M. Processos de ensinagem em
desenvolvimento local participativo. Interações (Campo Grande), Campo
Grande , v. 18, n. 3, p. 23-29, set. 2017. Disponível em: <http://www.scielo.br/
scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1518-70122017000300023&lng=pt&nrm=iso>;
<http://dx.doi.org/10.20435/inter.v18i3.1526>. Acessos em: 8 nov. 2018.
223
FERNANDES, S. Fundamentos para educação especial. 2. ed. Curitiba: Ibpex,
2011.
224
deficiência. Psicol. Esc. Educ., Maringá, v. 22, n. spe, p. 33-40, 2018. Disponível
em: < https://bit.ly/2NpfiuI >. Acesso em: 5 out. 2018.
225
INGLES, M. A. et al. Revisão sistemática acerca das políticas de educação inclusiva
para a formação de professores. Rev. bras. educ. espec.,Marília, v. 20, n. 3, p. 461-
478, Sept. 2014. Disponível em: < https://bit.ly/2E88nGW >. Acesso em: 5 out. 2018.
226
LIMA, N. M. F.; DORZIAT, A. Formação docente para educar na diversidade:
concepções subjacentes nos documentos oficiais e na prática explicitada.
Ensaio: aval.pol.públ.Educ., Rio de Janeiro , v. 23, n. 87, p. 437-460, jun. 2015 .
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
40362015000200437&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 29 out. 2018.
227
Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
229
227, jun. 2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0104-40602002000100015&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 9 out.
2018.
230
SILVA, N. L.; MENDES, O. M. Avaliação formativa no ensino superior: avanços e
contradições. Avaliação (Campinas), Sorocaba, v. 22, n. 1, p. 271-297, Apr. 2017.
Disponível em: < https://bit.ly/2xXbgoL >. Acesso em: 5 out. 2018.
231
SOUZA, E. S. et al. Participação e necessidade de assistência na realização de tarefas
escolares em crianças com paralisia cerebral. Fisioter. mov. (Impr.), Curitiba, v.
24, n. 3, p. 409-417, set. 2011. Disponível em: < https://bit.ly/2pz1gNU >. Acesso
em: 5 out. 2018.
232
VIEIRA, A. B. Currículo e educação especial: As ações da escola a partir dos
diálogos cotidianos. 2012. Tese. (Doutorado em Educação) – Programa de Pós-
Graduação em Educação da Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória.
233