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Seguir a Cristo requer renúncias

Mateus 19:16 a 22

PANO DE FUNDO:
Escrito provavelmente no ano 50 d.C, por Mateus (Levi), outrora o publicano, mas a
seguir o Apostolo, a mensagem do livro gira em torno do tema da realeza de Jesus.
Mateus apresenta o Messias Rei, que é revelado, o Rei que é rejeitado, e o Rei que
irá voltar. No entanto, também Mateus concentra mais exclusivamente sobre a
rejeição de Jesus como Rei.
A probabilidade de que o público de Mateus fosse predominantemente judaico fica
ainda mais evidente a partir de diversos fatos: Mateus normalmente cita os costumes
judaicos sem explicá-los, diferentemente dos outros Evangelhos. O uso que Mateus
faz do idioma grego pode sugerir que ele estava escrevendo na condição de judeu
palestino para judeus helenistas de outros lugares.
Seu propósito é claro: demonstrar que Jesus é o tão esperado Messias da nação
judaica. A abundância das citações do AT é especialmente planejada para
demonstrar o elo entre o Messias da promessa e o Cristo da História. Esse propósito
nunca sai do foco de Mateus e ele até mesmo acrescenta vários detalhes incidentais
das profecias do AT como prova das declarações messiânicas de Jesus.

INTRODUÇÃO
Antes de tudo, porém, “lavai-vos, purificai-vos, tirai a perversidade de vossas almas
e da fonte de meus olhos”, a fim de que apareça “a terra nua. Aprendei a fazer o
bem, fazei justiça ao órfão, defendei a viúva, para que a terra produza erva de
pastagem e árvores frutíferas. Vinde, dialoguemos, diz o Senhor”, a fim de que “se
façam os luzeiros no firmamento dos céus para iluminar a terra”. Aquele rico
perguntava ao bom Mestre o que fazer de bom para ter a vida eterna. Diga-lhe o
bom Mestre, por ele considerado um homem e nada mais — enquanto na realidade
é “bom,” porque é Deus —, diga-lhe o Mestre que, se quiser conseguir a vida, guarde
os mandamentos, aparte de si a amargura da malícia e da iniquidade, não mate, não
cometa adultério, não roube, não pronuncie falsos testemunhos, para que apareça
a terra enxuta e germine o respeito ao pai e à mãe, e o amor ao próximo. Responde
o moço: “Tudo isso já fiz”. Donde provém então tantos espinhos, se a terra é
frutífera? Vai, arranca as densas raízes da avareza, “vende os teus bens” e enche-
te de frutos, dando tudo aos pobres; “terás um tesouro nos céus”, e depois segue o
Senhor, “se quiseres ser perfeito”, unindo-te àqueles que ele instrui na Sabedoria,
ele que sabe fazer a distinção entre o dia e a noite, e fará que conheças a Sabedoria
para que tenhas lugar entre os “astros do firmamento do céu”; o que não se realizará
se aí não estiver o teu coração; não se realizará, se aí não estiver o teu tesouro,
como ouviste o bom Mestre dizer. Mas a tristeza difundiu-se pela terra estéril e “os
espinhos sufocaram a palavra divina”. (Confissões de Agostinho)
A GRANDE IDEIA DO TEXTO
Não podemos seguir o Rei sem pagar um preço. Afinal, ele morreu na cruz por nós!
Temos, por acaso, o direito de escapar do sacrifício e do sofrimento?

ESTRUTURA
1. O bom jovem (vs. 16a)
2. A vida eterna (vs. 16b)
3. O Bom Mestre (vs. 17)
4. A pratica dos mandamentos (18 -20)
5. A renúncia gera perfeição (21,22)

Embora Mateus seja muito indefinido com respeito ao tempo em que o evento
ocorreu, o relato paralelo em Marcos (cap.10:17-22) deixa a nítida impressão de que
ele se deu imediatamente - pelo menos logo a seguir - depois de conceder uma
bênção às criancinhas. Se esse é o caso, então os pontos de vista de Cristo sobre
o matrimônio, as crianças e as possessões materiais seguem uma sequência que
tem o mérito de ser muito lógica. Qual foi esse acontecimento extraordinário? Isto:
repentinamente, ali mesmo no caminho, enquanto Jesus e seus discípulos viajavam
pela Peréia, veio um homem ao Mestre com uma pergunta que o consumia e por
cuja resposta ele ansiava ardentemente. Era uma pergunta muito importante, tendo
haver com a salvação.

1) O bom jovem (vs. 16a; cf Mc. 10:17)


Quem era esse jovem, e quais as suas qualificações para ser tão bom?
Era jovem, rico e preeminente; Limpo, zeloso e reverente.
Era jovem (Mt 19.20), provavelmente não tivesse mais de 40 anos de idade, talvez
fosse muito mais jovem. Era rico (Mt 19.22), isto é, em possessões materiais e
terrenas. Era preeminente (Lc 18.18 E perguntou-lhe um certo príncipe [...]
ACF), sendo qualificado de “principal”, provavelmente um dos oficiais encarregados
da sinagoga local, um homem de elevada reputação. Isso era verdade com maior
razão por ser ele limpo (Mt 19.20, um homem de excelente conduta exterior, um
indivíduo virtuoso). Era zeloso, ansioso. Ele tinha um problema em sua mente e
coração. Não havia encontrado aquilo que pudesse dar descanso a sua alma.
Estando ansioso em resolver o problema, “correu” para Jesus (Mc 10.17 [...]um
homem correu ao seu encontro...). Finalmente, era reverente, demonstrado pelo
fato de que ele “se ajoelhou diante de Jesus, (Mc 10.17 [...]e, ajoelhando-se diante
dele...).
Aplicação: Nossas qualificações são importantes, mas não ideais para alcançarmos
a salvação.

2. A Vida Eterna (vs. 16b)


O termo vida eterna é utilizado cerca de 50 vezes nas Escrituras, e sempre se refere
principalmente à qualidade e não quantidade. Embora a vida eterna, obviamente,
traz a ideia de ser uma realidade eterna que não se refere simplesmente a existência
interminável.
Apesar de sua abordagem à salvação ter por base as obras, não a fé, fica claro que
o jovem estava sendo sincero. Sua maneira de encarar a salvação não era diferente
daquela de outros judeus de seu tempo. No entanto, apesar de sua posição na
sociedade, sua moralidade e sua religião, ele sentia clara necessidade de algo mais.
O que importa é que esse jovem compreendeu que ele ainda não havia atingido a
vida eterna, nem mesmo em princípio. Foi esse fato que o deixou inquieto,
intranquilo. Ao ir a Jesus ele buscava a fonte certa. Não sabemos até que ponto este
jovem entendia a natureza da “vida eterna”. Se “vida” significa resposta ativa ao
ambiente de alguém, então vida eterna deve significar uma resposta ativa,
interminável, ao melhor dos ambientes, a saber, o celestial. É comunhão com Deus
(Jo 17.3 E a vida eterna é esta: que conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e
a Jesus Cristo, a quem enviaste.).
Aplicação: A vida eterna é antes de tudo uma qualidade de existência, a capacidade
divinamente dotada de estar vivo para Deus e as coisas de Deus. Essa é a essência
da vida eterna, a vida do próprio Filho de Deus que habita dentro.

3. O Bom Mestre (vs. 17)


O termo usado aqui pra Mestre é didaskalos – professor, rabino...
Em vez de levar o jovem pelo valor de face e pedindo-lhe para "tomar uma decisão
por Cristo," Jesus foi muito mais profundo na busca de o estado de seu coração e
testou seu verdadeiro propósito e motivação. Em vez de regozijando-se de que o
homem estava aparentemente disposto a receber a vida eterna e encorajando-o a
simplesmente fazer uma oração ou afirmar sua fé, Jesus lhe fez uma pergunta em
troca que era imensamente desconcertante.
A resposta de Jesus, porém, não se concentrou na salvação, mas levou o jovem a
pensar seriamente sobre o significado da palavra "bom" que havia usado ao se dirigir
a Jesus. "Bom só existe um", disse Jesus. "Você crê que eu sou bom e, portanto,
que sou Deus?" Se Jesus é apenas mais um dos muitos líderes religiosos na história,
então suas palavras não têm mais peso do que qualquer outro líder religioso. Mas
se Jesus é bom, então ele é Deus, e devemos atentar para o que ele diz.
Jesus não respondeu de imediato, mostrando o caminho da salvação, porque o
homem estava faltando uma qualidade essencial. Faltava-lhe o sentido de seu
próprio pecado, e Jesus teve que apontar isso.

4. A prática dos mandamentos (vs. 17b - 19)


Por que Jesus trouxe à baila a questão dos mandamentos? Acaso ensinou que as
pessoas recebem a vida eterna ao obedecer à lei de Deus? Se alguém fosse capaz
de guardar os mandamentos, certamente receberia a vida eterna. Acontece, porém,
que ninguém consegue guardar a lei de Deus perfeitamente, "visto que ninguém
será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o
pleno conhecimento do pecado" (Rm 3:20). Jesus não introduziu o assunto da lei
para mostrar ao jovem como ser salvo, mas para mostrar-lhe que precisava ser
salvo.
Por certo, o jovem estava pensando somente na obediência exterior, pois se
esqueceu das atitudes do coração.
Aplicação: A lei é um espelho que revela quem somos (Tg 1:22-25 Sejam
praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando a vocês mesmos.
Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não praticante, assemelha-se àquele
que contempla o seu rosto natural num espelho; pois contempla a si mesmo,
se retira e logo esquece como era a sua aparência. Mas aquele que atenta bem
para a lei perfeita, lei da liberdade, e nela persevera, não sendo ouvinte que
logo se esquece, mas operoso praticante, esse será bem-aventurado no que
realizar.). Livre-se de uma vida ambígua.

5. A renúncia gera perfeição (vs. 20 - 22)


Mas Jesus conhecia o coração deste homem não estava pronto para crer nEle,
assim como os corações de muitas pessoas que expressam grande interesse por
ele não está pronto para acreditar.
Aqui, a presunção e superficial está digladiando-se com o profundo
descontentamento. Esse jovem tenta convencer-se de que tudo está bem; contudo,
em seu íntimo, está pateticamente perturbado.
Jesus, fitando-o, amou este jovem que se achava ajoelhado diante dele (Mc 10.21).
Não só aprecia sua “preocupação por virtude e por boa conduta exterior*, mas
também devia apiedar-se dele em virtude da luta que experimentava (Mt 9.36-38;
11.28). Jesus, porém, também sabia que havia algo terrivelmente errado com esse
jovem rico e importante. Suas possessões materiais o haviam escravizado (ver vv.
22, 23).
Se você quer ser perfeito [...] Este jovem desejava mesmo ser “perfeito’',
plenamente maduro? É importante observar que Jesus acrescentou: e venha e me
siga. Esse “seguir”, que devia ser acompanhado por um testemunho ativo e
preparação para o mesmo, implica que o jovem deve aprender a “negar-se a si
mesmo e tomar sua cruz” (16.24), e assim não mais seria capaz de devotar-se ao
serviço de Mamom (riquezas).
A resposta foi trágica (vs 22. Quando, porém, o jovem ouviu essa palavra, foi
embora muito triste, porque possuía muitas propriedades). Ele ficou
“entristecido” (cf. 14.9; 17.23; 18.31; 26.22, 37). “Descaiu seu semblante” (Mc 10.22;
cf. Gn 4.6). Colocado diante da escolha de render-se a Jesus ou agarrar-se às suas
riquezas materiais, ele escolhe estas últimas.
Segundo a Escritura, a dois homens se pediu que fizessem um sacrifício. Um foi
Abraão (Gn 22.1, 2); o outro, o jovem rico. O sacrifício que se pediu a Abraão foi
muitíssimo maior. Por meio de sua disposição de fazer o sacrifício, Abraão
demonstrou o genuíno caráter de sua fé. “Creu no Senhor, e isso lhe foi imputado
para justiça”. O jovem rico, embora lhe fosse pedido que fizesse um sacrifício muito
menor, mas ainda um sacrifício considerável, recusou, com isso comprovando que
não tinha a fé pela qual se aceita a salvação como um dom gratuito de Deus. Abraão
colocou sua confiança em Deus; o jovem, em suas riquezas. Essa foi a diferença.
Aplicação: O evangelho não é um meio de adição de algo melhor para o que já tem,
uma forma de complementar o esforço humano por divina. Nem é simplesmente um
meio de satisfazer as necessidades psicológicas, não importa o quão real e
significativa que sejam. Jesus não morreu simplesmente para fazer as pessoas se
sentirem melhor, aliviando suas frustrações e ansiedades.

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