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Neuro 01
Neuro 01
NEUROCIÊNCIA EDUCACIONAL
CONTEXTUALIZANDO
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TEMA 1 – FUNDAMENTOS: DESDE O PRINCÍPIO, APRENDENDO PARA
SOBREVIVER
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TEMA 2 – NEUROCIÊNCIA CELULAR: NEURÔNIOS – GERENTES DA VIDA
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presença de neurotransmissores; e até mesmo por sinapses gasosas, que
ocorrem por meio de gases específicos, como NO e CO.
Ainda no neurônio encontraremos, na porção final do axônio, o botão
sináptico, no qual poderá ser percebida a presença de vesículas contendo os
neurotransmissores.
Sabemos que todas as células estão em um meio líquido, assim como há
presença de líquidos internamente. O líquido que está fora da célula é chamado
de líquido extracelular (LEC), e o do meio interno denominamos líquido intracelular
(LIC).
No líquido extracelular há predominantemente uma carga positiva; já no
líquido intracelular, há uma carga negativa. A este fenômeno denominamos
polarização, o que significa que as células são polarizadas.
A forma como ocorre a transmissão do impulso no neurônio depende
basicamente da despolarização e repolarização da célula, o que se realiza quando
um estímulo atinge algum local da membrana celular, fazendo com esta mude sua
permeabilidade, permitindo a entrada de íons positivos no meio intracelular;
consequentemente, como tudo tende a um equilíbrio, a célula irá se repolarizar,
gerando um novo impulso no neurônio subsequente.
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A divisão anatômica do sistema nervoso se dá em sistema nervoso central
e sistema nervoso periférico. Funcionalmente temos também o sistema nervoso
autônomo ou, como alguns neurocientistas preferem, sistema nervoso vegetativo.
Já comentamos que as respostas dos seres vivos passam por três grandes
eixos, ou seja, uma aferência – encaminhamento da informação; um
processamento desta informação e, finalmente, a resposta à informação.
Desta forma, pode-se dizer que o sistema nervoso central é a estrutura que
processa a informação. Sua localização está no neuroeixo, estrutura envolvida
pelos ossos do crânio e em conjunto com a coluna vertebral; já as estruturas que
se projetam fora do neuroeixo formarão o sistema nervoso periférico.
O sistema nervoso central é composto por cérebro, cerebelo e tronco
encefálico de medula espinal. O cérebro é dividido em telencéfalo e diencéfalo; o
tronco encefálico é dividido em mesencéfalo, ponte e bulbo. O conjunto formado
por cérebro, cerebelo e tronco encefálico denomina-se encéfalo.
Gostaríamos de salientar que na mídia em geral, fala-se muito de cérebro,
como se fosse a única estrutura responsável pelas funções nervosas superiores;
entretanto, principalmente nas últimas décadas, há evidências de que a
participação de cerebelo e tronco encefálico nestas funções é significativa. Por
isso, ao longo deste material pretendemos dar a merecida importância a estas
estruturas.
Ressaltamos a importância de nos familiarizar com estes nomes todos, com
sua localização e, principalmente, com suas possíveis funções, para que
possamos entender como ocorrem determinados processos em nossos alunos,
desde a leitura e escrita até algumas respostas comportamentais.
3.2 Encéfalo
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3.3 Córtex cerebral
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áreas estas presentes em todos os lobos, corroborando para a ideia de
interdependência de todas as funções do sistema nervoso.
Abaixo do lobo parietal, está o lobo temporal, conhecido por suas áreas
auditivas, de aquisição, de memória visual, de memória geral e também o córtex
de associação polimodal. Este é um lobo importante nas relações de leitura – ao
estudarmos as dislexias, voltaremos a citar estas áreas.
Um lobo quase não citado na literatura é o lobo da ínsula, área cortical
que pode ser vista abaixo do lobo temporal, relacionado ao olfato.
Finalmente temos o lobo frontal, relacionado ao planejamento,
pensamento, imaginação, avaliação e considerações. Neste lobo podemos
encontrar as áreas motora, pré-motora, motora suplementar (área descrita
somente em 1988, com o auxílio de novas tecnologias de neuroimagem) e uma
grande área denominada córtex de associação pré-frontal, também conhecida por
área pré-frontal. O lobo frontal foi uma das áreas encefálicas que mais cresceu no
ser humano nos últimos milhões de anos. Esta área está relacionada, dentre
inúmeras funções, à inibição de respostas primitivas; em estudos recentes, é
considerada uma das áreas envolvidas no Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade (TDAH).
Os lobos têm responsabilidades distintas em determinadas funções.
Entretanto, devido às inúmeras fibras de projeção intra-hemisféricas, fibras de
associação inter-hemisféricas e as áreas de associação que estão distribuídas em
todo o córtex cerebral, não podemos deixar de salientar que a resposta funcional
final é dependente de praticamente todas as áreas encefálicas.
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o funcionamento do sistema nervoso autônomo, estando então implicado na
regulação da pressão sanguínea, respiração, batimento cardíaco e ativação
fisiológica nas respostas referentes a circunstâncias emocionais.
Estudos recentes indicam que há uma proteína, a leptina, que é liberada
quando comemos de forma demasiada. O hipotálamo aparentemente percebe os
níveis de leptina na corrente sanguínea e responde com a queda da sensação de
apetite. Sugere-se que algumas pessoas têm uma mutação genética em um gene
que produz a leptina e seu corpo não envia a mensagem para o hipotálamo
informando que já se comeu o suficiente, o que dá origem a uma hipótese para a
obesidade, ainda que muitos obesos não apresentem esta mutação genética, o
que leva mais uma vez, ao cuidado com afirmações absolutas quando falamos
sobre o sistema nervoso.
O hipotálamo também está química e neurologicamente relacionado com a
glândula pituitária, conhecida como a glândula mestra. Esta glândula libera
hormônios relacionados à regulação do crescimento e do metabolismo.
O hipocampo consiste de duas estruturas que formam uma curva partindo
da amígdala. Está significativamente relacionado à conversão de memória
imediata em memória de longa duração. Pesquisas demonstram que quando o
hipocampo é lesionado o indivíduo não consegue construir novas memórias, como
se tudo o que fosse experimentado desaparecesse após algum tempo; entretanto,
não se perde o acesso a memórias mais antigas.
As amígdalas são estruturas em forma de amêndoas situadas em ambos
os lados do tálamo, no extremo inferior do hipocampo. Quando estimuladas
eletricamente em animais, estes respondem com agressividade. Por outro lado,
quando as amígdalas são extirpadas, os animais se tornam extremamente dóceis
e não respondem a estímulos que lhes causariam raiva e medo, além de haver
diminuição das respostas sexuais. Vale ainda lembrar que amígdalas são
estruturas pertencentes ao sistema límbico – diferentemente das popularmente
conhecidas amígdalas presentes na garganta, cuja denominação correta é
tonsilas palatinas.
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aprendizagem motora. É formado por dois hemisférios – os hemisférios
cerebelares – e por uma parte central, chamada de verme cerebelar. O termo
cerebelo deriva do latim, e significa "pequeno cérebro".
Estudos atuais indicam que o cerebelo, por meio de circuitos cérebro-
cerebelares – projeções entre o cerebelo e diferentes áreas do córtex cerebral –
tem participação relevante em funções como atenção, linguagem e outros
aspectos da cognição.
Pode-se dizer que um grande marco no estudo do cerebelo envolvendo
funções cognitivas se deu na década de 1980, quando um pesquisador chamado
Erick Courchesne, da Universidade da Califórnia (San Diego, EUA), em suas
investigações neuroanatomofuncionais relacionadas ao autismo infantil, percebeu
que não haveriam alterações no córtex cerebral de autistas, mas sim em seus
cerebelos.
Vejam que o cerebelo até então, nas abordagens tradicionais, aparece
como uma estrutura relacionada a funções motoras e de equilíbrio, e nenhuma
destas funções é descrita como alterada no autismo infantil – distúrbio
caracterizado pelo prejuízo em três áreas do desenvolvimento: interação social,
comunicação e presença de comportamento restrito e repetitivo, nenhuma das
áreas com referências motoras significativas.
Então qual seria a relação entre cerebelo e autismo?
Courchesne e seus colaboradores sugerem que a relação estaria implicada
em funções não motoras para o cerebelo. Esta pesquisa desencadeou uma série
de outros estudos no mundo todo, reconsiderando o cerebelo como estrutura
envolvida em processos nervosos superiores.
Podemos citar o envolvimento do cerebelo em funções como linguagem,
atenção seletiva, memória, e também em distúrbios como transtorno de déficit de
atenção e hiperatividade e autismo infantil. Além disso, são descritas duas
síndromes cerebelares cujas manifestações predominantes não são de origem
motora: a síndrome cerebelar afetivo-cognitiva, caracterizada por manifestações
comportamentais, e a síndrome da fossa posterior, caracterizada principalmente
por mutismo após cirurgias do cerebelo.
O objetivo, neste momento, é apenas o de apresentar o cerebelo sem
cometer a injustiça de relacioná-lo somente a funções motoras e de equilíbrio, e
demonstrar que, como as demais estruturas do sistema nervoso, suas funções
são complexas e interdependentes.
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4.4 Tronco encefálico: passagem para a vida
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Por esta estrutura ser um filtro de informações que deve ter acesso ao
córtex cerebral, há evidências que esteja relacionada ao transtorno de déficit de
atenção e hiperatividade (TDAH), pois teoricamente, não faria corretamente a
“filtragem” de estímulos que chegam ao córtex, levando o indivíduo acometido por
este distúrbio a não selecionar adequadamente o que explora em sua atenção.
Na prática, é como se a pessoa não conseguisse diferenciar a importância de um
professor falando e um ruído que esteja ocorrendo fora da sala de aula.
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4.6 Neurotransmissores: a química cerebral
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Endorfina: Esse neurotransmissor relaciona-se a sentimentos como
euforia e êxtase. Esse neurotransmissor atua também aliviando a sensação
de dor e reduzindo o estresse.
Dopamina: A função da dopamina está relacionada com o local onde ela
atua. Assim como a endorfina, essa molécula também está relacionada
com a euforia e, além disso, apresenta ligação com a execução de
movimentos suaves e regulação das informações advindas das diferentes
partes do cérebro.
Noradrenalina: Esse neurotransmissor é responsável pela excitação física
e mental, bem como é conhecido por promover o bom humor produzido no
locus coeruleus, atuando como mediador dos batimentos cardíacos,
pressão sanguínea e conversão de glicogênio em energia, entre outros.
Serotonina: Esse neurotransmissor relaciona-se, por exemplo, com
estímulos dos batimentos cardíacos, regulação dos níveis de humor e início
do sono.
Ácido Gama Amino Butírico (GABA): O principal neurotransmissor
inibitório do encéfalo. O processo inibitório ocorre quando o GABA se liga
ao receptor, permitindo dessa forma a entrada de cloro para dentro da
célula. Responsável pela sintonia fina e coordenação dos movimentos
entre outros.
Glutamato: Principal neurotransmissor excitante do cérebro, vital para
estabelecer os vínculos entre os neurônios que são a base da
aprendizagem e da memória em longo prazo. A atuação do glutamato é
fundamental no processo de memória.
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Vejam que o processo de plasticidade das células nervosas pode ser
considerado um marco na neurociência, principalmente quando pensamos nas
infinitas possibilidades do desenvolvimento humano.
A neuroplasticidade é um precioso conhecimento para a educação. Com
base neste conhecimento, podemos ter um novo “olhar” para a diversidade, que
nos permite perceber a enorme possibilidade de desenvolvimento no ser humano.
Por maiores que sejam as limitações, ao oferecermos um meio ambiente
favorável, o conjunto biológico fará sua parte para responder adequadamente a
este meio, em um contínuo processo de evolução e adaptação.
FINALIZANDO
O texto que devemos estudar para esta aula tem uma abordagem bastante
didática da divisão do sistema nervoso central e suas funções. Você deverá
realizar a leitura do capítulo 11.
VAN DE GRAAFF, K. M. Anatomia humana. 6. ed. Barueri: Manoele, 2003.
Disponível em: <http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/978852
0413180>. Acesso em: 30 ago. 2018.
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Texto de abordagem prática
Saiba mais
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REFERÊNCIAS
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