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Manual

Manejo
Integrado
de Pragas e
Doenças
Gerência Desenvolvimento Tecnológico

Sumário
1. Introdução
Em ecossistemas naturais, espécies consideradas pragas encontram-se em
equilíbrio com as demais populações, danos eventualmente ocasionados não se agravam
ou necessitam de controle. Em contrapartida, em um monocultivo, como geralmente
ocorre na produção agrícola, ocorre redução da biodiversidade limitando as interações
entre populações, espécies mais adaptadas aumentam suas populações e podem
ocasionar danos intensos, caracterizando-se como pragas. Além da redução da produção,
as pragas ocasionam aumento de custos de manejo, baixa a valorização dos produtos no
mercado, seja pela má aparência ou pela redução da qualidade do produto.
O termo praga na agricultura se refere a “qualquer espécie, raça ou biótipo de
vegetais, animais ou agentes patogênicos, nocivos aos vegetais ou produtos vegetais”. As
Pragas são evidenciadas como um dos principais entraves à obtenção de rendimentos
superiores na agricultura e as perdas ocasionadas variam em decorrência de diferentes
fatores e suas combinações.
Trabalhos científicos avaliando perdas ocasionadas por pragas relatam redução
de produtividade na faixa de 29% na cultura do milho (Picanço et al., 2003), 25% a 69%
em aveia (Shahzaib et al., 2012), 37% em arroz e 40% em batata (Oerke, 2006). Perdas
ocasionadas por doenças foram relatadas na faixa de 7% em soja (Allen et al., 2016), 32%
em amendoim (Tanzubil & Yahaya, 2017) e variando de 30% a 50% em café (Cerda et al.,
2017). Problemas fitossanitários não manejados ou manejados incorretamente podem
inviabilizar totalmente o cultivo. A utilização de produtos fitossanitários para a prevenção
e o controle de pragas, e o surgimento de novas ferramentas como o Manejo Integrado
de Pragas, têm contribuído para reduzir as ameaças fitossanitárias e vem promovendo a
sustentabilidade da produção agrícola, garantindo a sanidade e produtividade da cultura.
A abordagem deste manual tem por objetivo orientar o público alvo, sobre os
tratamentos fitossanitários na Biopalma e os impactos causados pelas pragas.

1.1. Fundamentos para utilização do Manejo Integrado de Pragas


A ideia do Manejo Integrado de Pragas (MIP) surgiu na década de 1970, em
resposta aos problemas decorrentes do uso indiscriminado e abusivo de agrotóxicos, tais
como resistência de pragas ao uso de alguns defensivos químico, mudança de “status”
de praga secundária para problema chave, ressurgência de pragas, eliminação de
inimigos naturais e polinizadores, contaminação ambiental e de alimentos, entre outros
fatores.
O MIP consiste no planejamento, uso de táticas e estratégicas voltadas para o
controle de praga, visando à sua manutenção em níveis que não causam danos
econômicos à produtividade das culturas, bem como à qualidade de seus produtos. Um
programa adequado de MIP deve ser composto por três princípios básicos.
Princípio econômico: toda tecnologia adotada deve ter custo compatível com os
benefícios; isto é, produtividade maior e custo menor.
Princípio ecológico: as medidas ou estratégias adotadas devem possibilitar um
incremento das interações que ocorrem no agroecossistema, ou seja, primeiramente
deve-se conhecer todas as interações existentes no palmar: o estágio de
desenvolvimento, as condições nutricionais da planta, os fatores climáticos, as principais
pragas e a presença de inimigos naturais e assim depois implementar a medida de
controle.
Princípio toxicológico: sempre optar pela utilização de defensivos seletivos, com
menor toxicidade ao homem e ao meio ambiente e baixo impacto sobre inimigos
naturais.
O objetivo dessa estratégia de manejo não é o de eliminar os agentes, mas manter
os níveis populacionais no Nível de Equilíbrio (NE) (Figura 1), por meio da utilização
simultânea de diferentes técnicas ou táticas de controle, de forma econômica e
harmoniosa com o ambiente, levando em consideração a fase biológica da praga e/ou
agentes patogênicos. O Nível de Dano Econômico (NDE) é a menor população de agentes
pragas que pode causar danos econômicos significativos às plantas iguais ao custo de
adoção de medidas de controle, é a menor densidade populacional capaz de causar
perdas econômicas. O Nível de Controle (NC) é quando a praga assume densidades
populacionais capazes de causar injúrias na planta e se não controladas podem causar
perdas econômicas. Vale ressaltar que valores de NDE e NC são específicos de cada
agente praga.

Figura 1. Nível de dano econômico (NDE), Nível de controle (NC) e Nível de equilíbrio (NE)
de uma população hipotética de praga. Fonte: adaptado de Pedigo e Rice (2009).
Dano Econômico: (DE) é a quantidade mínima de injúria que justifica a aplicação de
determinada tática de manejo; Nível de Dano Econômico (NDE): é a menor densidade
populacional da praga que causa dano econômico; Nível de Controle (NC): é a menor
densidade populacional da praga na qual táticas de manejo necessitam ser tomadas para
impedir que o NDE seja alcançado; Nível de Equilíbrio (NE): é a densidade populacional
média de uma população da praga por um longo período, não afetadas por temporárias
intervenções no controle da praga.

1.2. Estratégias de manejo utilizadas no MIP


As estratégias básicas utilizadas no MIP encontram-se diretamente relacionadas
com as ações de identificação do problema: prevenir, monitorar e controlar. Sendo que
as práticas de controle são selecionadas em função da praga-chave e somente utilizadas
quando atingem o NC, com a finalidade de eliminar ou minimizar os danos causados pelos
insetos praga.

1.2.1. Monitorar
O monitoramento é a base para a tomada de decisão. Ele deve ser realizado de
forma regular para que se conheça a densidade populacional e/ou nível de dano das
pragas existentes no palmar. O monitoramento é feito por meio de amostragens que
variam conforme a praga. Quando a densidade populacional da praga se encontra abaixo
do NC, a estratégia de “monitorar” é considerada a melhor abordagem. Portanto o
monitoramento é fundamental para que a decisão de controle seja tomada no momento
correto, evitando-se possíveis perdas de produtividade.

1.2.2. Redução das densidades populacionais das pragas


Trabalhar para a redução das densidades populacionais das pragas, com o
objetivo de minimizar ou prevenir problemas de ordem fitossanitária essa estratégia é
empregada, quando a partir do monitoramento, as populações das pragas atingem o NC,
então a estratégia é reduzir os picos populacionais. O controle pode ser obtido através
da manipulação do ambiente de cultivo, de modo a torná-lo desfavorável às pragas por
meio de ações que reduzam as chances de localização e colonização da planta
hospedeira, promovam a dispersão dos indivíduos e afetem sua reprodução e
sobrevivência. Algumas ações que podem ser implementadas com o objetivo de reduzir
a densidade populacional das pragas incluem o uso de controles naturais, biológicos,
químicos, cultural, mecânicos e etológicos.

1.2.3. Redução da suscetibilidade


Reduzir a suscetibilidade das plantas cultivadas às injúrias causadas pelas pragas
é considerado uma alternativa que reduz a possibilidade de perdas causadas pelas
pragas, pois é uma estratégia que contribui com as relações e interações do hospedeiro
com as pragas, de forma a tornar hospedeiro menos suscetível a populações
potencialmente prejudiciais. A aplicação dessa estratégia visa proporcionar as plantas
condições agronômicas favoráveis que proporcionem que as plantas expressem o seu
máximo potencial produtivo e de desenvolvimento. É importante salientar que favorecer
o desenvolvimento do palmar não reduz a população da praga; no entanto, suas injúrias
causam menor impacto negativo sobre essa planta, quando em comparação com uma
planta que apresenta desequilíbrio das condições em que está exposta.

1.2.4. Combinar redução nas populações das pragas e redução da suscetibilidade


Uma estratégia que permita combinar monitoramento, redução das densidades
populacionais e redução da suscetibilidade das plantas é o princípio básico para o
desenvolvimento de um programa de MIP completo. Nesse sentido, a utilização de uma
abordagem mais complexa, utilizando diferentes táticas de controle, compatíveis entre
si e ao mesmo tempo, muito provavelmente produzirá melhores resultados, quando em
comparação ao uso de uma única estratégia, por meio de apenas uma tática. Hás
evidências demonstrando que o uso de uma única estratégia está mais sujeito a falhas,
quando uma única tática de controle é utilizada.

2. Seleção e uso de táticas de manejo


Após definido o nível de dano da praga existente pode-se associar vários métodos
de controle. Vale ressaltar que a adoção das melhores táticas de controle envolve
conhecimentos do palmar, comportamento das pragas e de seus inimigos naturais. Com
base nesses elementos, o controle deve ser selecionado de acordo com parâmetros
técnicos (eficácia), econômicos (relação custo x benefício), que preserve a saúde das
pessoas envolvidas e o ambiente de tratamento e sejam adaptáveis as comunidades
inseridas no ambiente.
2.1. Controle Natural
Este tipo de controle se refere a regulação espontânea das populações de um
agroecossistema, onde existem espécies que naturalmente realizam a regulação das
densidades populacionais de espécies-praga, ou seja, visa a conservação dos inimigos
naturais presentes no palmar. O controle biológico natural é realizado por parasitoides
(vespas e moscas), predadores (percevejos, besouros, formigas, aranhas, pássaros etc.) e
entomopatógenos (fungos, vírus, bactérias e nematoides) que ocorrem
espontaneamente nos plantios. Portanto, é necessária a identificação taxonômica dos
agentes reguladores, a dinâmica populacional e a biologia desses organismos no
agroecossistema dos plantios.

• Identificação dos inimigos naturais: Conhecer quais são os inimigos naturais da


praga para poder verificar se eles estão presentes no palmar. Uma das formas de
conservar os inimigos naturais é a utilização de inseticidas seletivos, que
controlam as pragas, porém têm pouco efeitos sobre os inimigos naturais. Outra
forma é a manutenção, liberação e/ou pulverização desses inimigos naturais no
campo.
• Estabelecimento de nectaríferas: A combinação de plantas nectaríferas contribui
para o aumento da diversidade de organismos parasitoides, predadores e agentes
microbianos de controle natural de pragas, podendo reduzir ou impedir o dano
resultante de ataques ao plantio.

2.2. Método mecânico


Consiste na utilização de medidas de controle que causem a destruição direta dos
organismos praga ou que impeçam que estes causem injúrias às culturas.
a) Catação manual e esmagamento: ocorre a coleta e destruição direta de ovos, larvas ou
ninfas, pupas e/ou adultos dos organismos que estão causando prejuízos na cultura. Uma
prática de uso limitado e restrita a pequenas áreas e quando há disponibilidade de mão-
de-obra.
b) Uso de barreiras: visa impedir ou dificultar o acesso de pragas ao interior da área de
cultivo.

2.3. Método físico


Aplicação de métodos de origem física para o controle de praga, tais como:
a) Cobertura do solo: Estas funcionam como barreira física, impedindo ou dificultando o
ingresso de larvas ao sítio de alimentação. Em geral a matéria orgânica selecionada para
ser utilizada ao redor da palma afetada reduz significativamente os danos da praga.
b) Inundação de áreas: A umidade do solo é um fator adverso ao desenvolvimento de
pragas de raiz, portanto a irrigação por inundação pode contribuir para o controle de
algumas pragas de raiz, porém se mal empregada pode desenvolver outros problemas
fitossanitários.
f) Armadilhas luminosas: Essa técnica é utilizada para atrair e capturar insetos que são
atraídos pela luz. As armadilhas luminosas apresentam baixa seletividade, atraindo,
capturando e matando muitos outros insetos, inclusive insetos benéficos.
2.4. Método comportamental ou etológico
É um método de controle que se baseia no estudo da fisiologia dos insetos e
objetiva alcançar seu controle por meio da manipulação de seus hábitos ou
comportamento. Os feromônios são substâncias produzidas pelos insetos, específicos
para cada espécie, com objetivo de comunicação entre os indivíduos da mesma espécie.
Podendo ser utilizados no MIP para detecção (verificação da presença de pragas na
cultura), no monitoramento (permite estimar a densidade populacional da praga e
acompanhar sua dinâmica ao longo do tempo) e no controle (por meio da coleta massal).
A utilização de feromônios como um método direto de controle de pragas ou para
o monitoramento de populações pode ser empregado para detecção de incidência
prematura de pragas, levantamento de áreas infestadas, monitoramento do nível
populacional da praga e captura massal, visando ao controle da praga. No caso da coleta
massal, exige-se em geral muitas armadilhas para coletar a maior quantidade possível de
insetos. É uma técnica que necessita de grandes quantidades de feromônios no campo,
em formulações apropriadas para desorientar e impedir o acasalamento, sendo que a
taxa de liberação deve ser de longo período e estável.

2.5. Método cultural ou manipulação do ambiente de cultivo


Este controle se refere há boas práticas agronômicas para fazer do cultivo de
palma produtivo e rentável. Com este controle se busca condições adequadas para o seu
desenvolvimento e impedir a reprodução e desenvolvimento das pragas.

a) Poda: consiste na retirada de folhas que se encontram em excesso e que deve ser
realizada de maneira regular. Esta prática normalmente se faz de maneira desordenada
e tardia deixando um elevado número de folhas nas plantas, o qual pode favorecer a
permanência e desenvolvimento de algumas pragas. A poda é necessária pois elimina
fontes de inóculo permitindo assim a quebrar do seu ciclo biológico de algumas pragas.
b) Colheita regular: a colheita se maneja através de ciclos. Quando os ciclos são muitos
longos favorecem o aparecimento de cachos podres e passados, que servem como
atrativos para algumas pragas.
c) Sistema adequado de erradicação de plantas: a eliminação precoce de plantas
enfermas, plantas estas que servem como fonte de propagação e multiplicação de pragas
e doenças devem ser prontamente eliminadas para reduzir a disseminação, fonte de
alimento, refúgio ou proteção de qualquer praga no palmar.
d) Adubação: tem por finalidade fornecer uma boa nutrição à planta, tornando-a menos
suscetível ao ataque de pragas. No entanto, o fornecimento de alguns elementos pode
provocar uma pseudoresistência ou resistência induzida à planta, causando mudanças
fisiológicas nesta e tornando-a desfavorável ao desenvolvimento do inseto.
e) Desbaste/Raleio: adensamento de plantio pode promover ambientes mais escuros e
úmidos, o que pode proporcionar a permanência e atração de pragas para os plantios. A
prática de desbaste deve garantir a manutenção da produtividade da área.
f) Destruição de hospedeiros alternativos: nesse caso devem-se eliminar plantas que
estejam ao redor ou no interior da área de cultivo, de forma a impedir que essas sejam
utilizadas pelos organismos-praga como fontes alternativas de alimento e/ou abrigo.
g) Aeração do solo: prática importante para o manejo fitossanitário da palma, pois afeta
diretamente o sistema radicular, ponto chave para captação e translocação de água e
nutrientes. A aeração do solo pode ser afetada por compactação, excesso de água e por
características da natureza do solo.
h) Manejo Planta Daninhas: A ocorrência de plantas invasoras, em especial aquelas que
favorecem o sombreamento excessivo do palmar, contribuem para aumentar a umidade
relativa e evita a entrada de luz ao redor das plantas, criando condições favoráveis para
permanência de praga nas parcelas. Portanto o controle de plantas invasoras através de
manejo químico e/ou mecânico devem ser regular.
i) Uso correto de herbicidas: em áreas com alta incidência de pragas e doenças evitar o
uso de herbicidas a base de glifosato, pois a interação deste princípio ativo com a nutrição
das plantas está relacionado: a) redução drástica da absorção e/ou translocação de Fe,
Mn e Zn; b) redução da eficiência fisiológica das plantas, o que diminui a concentração
de nutrientes consequentemente aumenta a suscetibilidade a pragas e doenças; c) limita
a atividade microbiana da rizosfera.

2.6. Método biológico


Este se refere ao uso de insetos e organismos benéficos para o controle de pragas.
Se diferencia do controle natural, pois neste método ocorre manipulação, multiplicação
e liberação/aplicação massiva destes organismos benéficos.
a) Manutenção das condições ambientais: tem por finalidade manter ou manipular
adequadamente as condições ambientais, de modo a favorecer a reprodução, o abrigo e
a alimentação dos inimigos naturais. Exemplos: aumento na diversidade de espécies
cultivadas (policultivo); restringir o uso de agrotóxicos etc.
b) Multiplicação e liberação de agentes de controle biológico: consiste na criação e
multiplicação massal, para posterior liberação e/ou aplicação visando o controle das
pragas e doenças. Isso é feito quando a população de inimigos naturais no ambiente de
cultivo não é suficiente para controlar as pragas ou quando não é possível melhorar as
condições ambientais. Para implementação dessa estratégia é necessário realizar a
seleção dos inimigos naturais e desenvolver técnicas de criação e multiplicação massal e
acompanhamento de sua ação após a aplicação e/ou liberação.
c) Introdução de agentes exóticos de controle biológico: consiste na introdução de
inimigos naturais em locais onde eles não ocorrem naturalmente, visando o controle de
pragas.
d) Uso de inseticidas biológicos: são produtos comerciais e podem ser utilizados em
diferentes insetos pragas da palma de óleo. O maior ou menor porcentagem de controle
depende das condições climáticas durante a aplicação, a qualidade da água utilizada para
o preparo da calda, a dose empregada e a cobertura da pulverização. No MIP estes
inseticidas biológicos entram como mais uma estratégia de controle de focos de pragas
e ajudam a manter o potencial do controle natural.

2.7. Método químico


Baseia-se na utilização de produtos químicos, que aplicados direta ou
indiretamente sobre os insetos, respeitando as recomendações de uso, provocam sua
morte. Trata-se do método mais utilizado no controle de pragas devido à facilidade de
aquisição e de uso desses produtos, facilidade de estabelecimento da relação causa-
efeito, baixo custo inicial, boa eficiência, etc. Entretanto, os agrotóxicos apresentam as
desvantagens de não serem específicos, por apresentarem-se tóxicos ao homem e a
outros animais. Muitos agrotóxicos, principalmente os lançados recentemente no
mercado e pertencentes a novos grupos químicos, apresentam baixa persistência e,
portanto, baixo risco à saúde humana e ao ambiente, desde que utilizados corretamente.
Assim, quando da definição de uso do método químico no controle de pragas,
alguns critérios importantes devem ser considerados na escolha e na utilização do
produto e envolvem aspectos técnicos, econômicos e ecotoxicológicos, tais como
registro dos produtos, proteção do aplicador, toxicidade ao homem e ao ambiente,
toxicidade às plantas cultivadas, eficiência, custo, seletividade aos organismos benéficos,
condições climáticas, dosagem utilizada, período de carência, rotação de produtos
quanto ao seu modo de ação. Estes parâmetros devem ser levados em consideração para
a escolha do método químico no controle de pragas e doenças no palmar.

3. O Manejo Integrado de Pragas na Palma


O MIP praticado na Biopalma envolve diferentes táticas de controle de acordo
com a praga e doença associada ao plantio.

A) Pragas

1. Principais desfolhadores prejudiciais ao dendezeiro

1.1. Opsiphanes invirae

1.1.1. Descrição dos ciclos biológicos

Fase Ovo – 8 a 12 dias


A fêmea coloca os ovos individualmente ou em
pequenos grupos sobre os folíolos ou próximo à
ráquis das folhas. Os ovos apresentam tonalidades
que variam de cinza claro leitoso, cinza escuro,
cinza com linhas pretas, leitoso com manchas
vermelhas, com linhas pretas e vermelhas e todo
vermelho; variação possivelmente associada ao
desenvolvimento do embrião no interior do ovo.
Ao eclodirem, as lagartas se alimentam de todo o
córion do ovo antes de iniciarem a raspagem dos
folíolos.
Fase Larval – 36 a 44 dias
As lagartas recém-eclodidas se distribuem nas
folhas, preferindo, entretanto, o terço médio e
superior da copa das plantas. Elas são de cor verde
com faixas longitudinais de cor alaranjada,
apresentam apêndices cefálicos e a extremidade
do corpo bifurcada, passam por 5 instares e são
observadas na face inferior dos folíolos.
Fase Pupa – 15 a 20 dias
Antes de pupar, as lagartas migram para o estipe
próximo da coroa foliar ou para as plantas epífitas
que crescem junto à coroa. Se o nível populacional
for alto, elas podem pupar ao longo do estipe e na
vegetação ao redor. As pupas inicialmente são
verde-claras brilhantes passando a marrom com
listras transversais e longitudinais de coloração
róseo ferrugem.

Fase Adulto – 8 a 10 dias


O dorso do corpo do adulto é marrom, as asas
anteriores apresentam faixa transversal amarelo
alaranjada no terço apical e o ângulo apical é
marcado por duas manchas brancas. As asas
posteriores são ligeiramente dentadas com a faixa
podendo ser amarelada ou amarelo alaranjada. As
fêmeas possuem tufos de pelos nas asas
posteriores e a largura da banda transversal das
asas posteriores é mais larga e evidente. Os adultos
possuem hábito diurno e apresenta
quimiotropismo positivo por substâncias orgânicas
em processo de fermentação ou decomposição.

Hábito alimentar
Causam desfolha durante o dia. Consome todo o
limbo foliar e nervura central.

Ciclo total – 67 a 86 dias

1.1.2. Danos e Importância Econômica


Os imaturos de Opsiphanes consomem em média, durante toda sua fase larval,
que dura aproximadamente 36 dias, 800 cm² de área foliar, aproximadamente 2,4
folíolos. Desse consumo 8% ocorre nos três primeiros instares enquanto o restante, que
representa 92%, é consumido no quarto e quinto instar. As duas últimas fases
correspondem em média 54% da duração de todo o estágio larval. Esse consumo é
importante variável para determinação do nível de dano econômico. As lagartas
geralmente se alimentam das folhas do nível da 17 e quando não controladas podem
atingir o terço superior, nível folha 9. O nível de crítico determinado foi de 4 (quatro)
lagartas por folha para áreas com primeira ocorrência e em áreas reincidentes, que
apresentam desfolha acima de 25%, o nível passa para 2 (duas) lagartas por folha. De
acordo com as referências bibliográficas as injúrias causadas pela desfolha de 50% das
folhas pode causar perda de mais de 40% na produção de frutos quando a desfolha
ocorrer na parte superior do dossel, já uma desfolha de 50% na parte inferior do dossel
pode reduzir em 17% a produção. Os reflexos na produção são percebidos entre o 6º e
26º mês após a primeira desfolha e a produção acumulada em dois anos é mais afetada
do que a produção imediata de seis meses. Nos plantios da Biopalma a praga tem maiores
ocorrências nos meses de abril a setembro.

1.1.3. Metodologia de amostragem para determinação do Nível Crítico


Considerando a possibilidade eminente de surgimento nos plantios e a voracidade
das lagartas é fundamental a realização de monitoramento constante, a fim de prevenir
possíveis surtos. O monitoramento das populações de adultos, lagartas e pupas deve ser
realizado constantemente nas diversas áreas de plantio. A distribuição espacial de O.
invirae se dá em forma de “reboleiras” de 990 a 3700 metros de alcance. A infestação se
dá inicialmente nas bordas do plantio, com posterior disseminação, sendo que as larvas
de O. invirae se dispersam passando de uma planta a outra, infestando toda a parcela.
Portanto sugere-se que as armadilhas sejam colocadas nas bordas do plantio, para coleta
de adultos e, consequentemente, redução da infestação de larvas.

• Lagartas e Pupas: Observar as lagartas e/ou pupas presentes na folha 17 ou nível


de folhagem que a praga estiver atacando, utilizar haste em madeira ou alumínio
que permita alcançar e inçar a folha selecionada para amostragem, para plantios
com até 6 metros de altura, já nos plantios com altura superior realizar o corte da
folha da amostragem. Realizar a contagem do número de indivíduos (lagartas
e/ou pupas) por folha, considerando o caminhamento a cada 10 linhas, realizando
a leitura a cada 5 plantas. A frequência do monitoramento dever realizada sempre
que identificar a presença de lagartas ou desfolha e logo após o controle químico
ou biológico quando realizado.
OBS.: Para áreas que seja necessário o corte da folha intercalar as linhas e plantas
da leitura a cada ciclo de amostragem.
• Adultos: Ao observar a presença de adultos da praga e/ou desfolha causada pela
praga, realizar a instalação de armadilhas a cada 25 hectares nas bordaduras das
parcelas afetadas ou com a presença de adultos. As armadilhas devem ser
vistoriadas a cada 3 dias e quando a captura for superior a 10 adultos/armadilha,
em dias consecutivos, aumentar o número de armadilha com o objetivo de
controlar, conforme item 1.1.4. – Controle etológico. As armadilhas são
confeccionadas com sacos plásticos transparentes de 50 litros com 1,00 m de
altura por 0,60 m de largura. Essas armadilhas apresentavam abertura para
entrada dos insetos com o formato elíptico na entrada, de forma que ela fique
estreita dificultando a saída do adulto capturado. Dentro das armadilhas, é fixado
um recipiente de garrafa PET com furos na parte superior, contendo 500 ml de
melaço de cana-de-açúcar no seu interior ou adicionar o 300 ml de melaço
diretamente no interior do saco plástico. O melaço deve estar diluído na
proporção de 1:1 (1 Litro de melaço para 1 L de água). O melaço também pode
ser substituído por feromônios específicos da praga. As armadilhas são suspensas
nas plantas a uma altura de aproximadamente 1,5 metros do solo (Figura 2).
Figura 2 – Armadilhas para monitoramento e/ou captura de adultos de Opsiphanes
invirae contendo melaço de cana-de-açúcar.

1.1.4. Manejo para controle e prevenção de Opsiphanes invirae

Controle Natural
a) Manejo preventivo: Estabelecimento de nectaríferas (Tabela 1, Figura 3)
O plantio de nectaríferas deve ser realizado nas bordaduras das parcelas de
todo o plantio, com o objetivo de contribui no aumento da diversidade de
organismos parasitoides, predadores e agentes microbianos de controle natural
de pragas.

Tabela 1 – Plantas nectaríferas usualmente encontrados em plantios de palma de óleo.


Nome científico Nome popular
Cassia reticulata Barajo-Saragundi
Urena lobata Malva Roxa ou Urena
Urena trilobata Malva ou Urena
Triumfetta lappula Carrapicho redondo ou Carrapichão
Crotalaria sp. Crotalaria
Solanum nigrum Erva de Santa Maria ou Erva moira
Figura 3 – Plantas nectaríferas aptas para plantio: A) Barajo-Saragundi B) Malva Roxa C)
Malva D) Carrapichão E) Crotalaria F) Erva de Santa Maria.

• As plantas selecionadas para o plantio devem estar dispostas nas bordaduras do


plantio, conforme croqui 1:

Croqui 1 – Estabelecimento de nectaríferas no plantio.

• Realizar uma vez por ano o plantio e ou replantio das plantas nectaríferas nas
bordaduras das parcelas;
• As manutenções de limpeza das plantas nectaríferas devem ser realizadas a cada
6 (seis) meses;
• Em áreas de reincidências plantar nos locais que haja falha ou ausência de planta
de palma de óleo, conforme croqui 2:
Croqui 2 – Estabelecimento de nectaríferas no plantio em áreas com reincidência da
praga.

b) Manejo preventivo: Retirada de cachos podres e passados


A retirada de cachos podres e passados das plantas contribui para redução e
permanência da fase adulta, pois os adultos apresentam quimiotropismo positivo
por substâncias orgânicas em processo de fermentação ou decomposição.

Controle Biológico
a) Manejo curativo: Identificação, multiplicação e liberação de parasitoides (Tabela
2, Figura 4);

Tabela 2 – Parasitoides usualmente encontrados em plantios de palma de óleo e fase da


praga controlada.
Nome científico Família Estado afetado
Brachymeria sp. Chalcididae Pupa
Cassinaria sp. Ichneumonidae Lagarta
Chetogera sp. Tachinidae Pupa
Conura sp. Chalcididae Lagarta e Pupa
Cotesia sp. Braconidae Lagarta
Elasmus sp. Elasmidae Lagarta
Perilampus sp. Pteromalidae Pupa
Pseudobrachymeria sp. Chalcididae Pupa
Rhisipolis sp. Braconidae Lagarta
Figura 4 – Pupa de O. invirae parasitada por Brachymeria sp.

b) Manejo curativo: Aplicação inseticidas biológicos registrado para praga ou


cultura;
• Nível Crítico: Primeira ocorrência 5 a 7 lagartas por folha;
• Nível Crítico: Reincidência 3 a 4 lagartas por folha;
• As doses dos produtos utilizados e volumes de aplicação devem seguir
recomendações do Responsável Técnico e Bula (Tabela 3, Figura 5 e 6).

Tabela 3 – Produtos biológicos registrados para a praga e recomendações de bula.


Volume de Calda
Produtos
Princípio Ativo Doses Utilizadas Pulverização Pulverização
Registrados
Aérea Terrestre
Dipel SC 600 a 1000 g/ha
400 a 2500 L/ha
Bacillus thuringiensis Dipel WP 0,6 a 1,0 L/ha 20 a 40 L/ha
Thuricide 400 a 600 g/ha 200 L/ha
Figura 5 – Tamanho adequado para potencializar efeito com o uso de inseticida biológico
a bases de Bacillus thuringiensis (Bt).

Figura 6 – Lagartas de O. invirae controladas com Bacillus thuringiensis.

c) Manejo curativo: Identificação, multiplicação e aplicação de entomopatógenos.


(Tabela 4);
A utilização de preparado elaborado a partir de lagartas infectadas com vírus em
campo, são coletadas lagartas infectadas por vírus entomopatógenos, em laboratório são
lavadas com água destilada, congeladas e separadas em sacos contendo,
aproximadamente, 200 g de lagartas infectadas. Nos próximos controles, esse material
congelado é triturado até completar 1 L de solução, esta mistura é posteriormente
adicionada ao pulverizador. Apesar da eficiência desse preparado não ter sido constatada
por experimentação, observações mostraram que, após 3 a 7 dias da aplicação, não se
observam mais lagartas vivas no campo.

Tabela 4 – Entomopatógenos mapeados em pesquisas atacando lagartas de O. invirae.


Estado
Nome científico Classe
afetado
Bacillus thuringiensis Bactéria Lagarta
Beauveria sp. Fungo Lagarta
NoarCPV, da família Reoviridae. Vírus Lagarta
Nomouraea rileyi Fungo Lagarta
Paecilomyces sp. Fungo Lagarta

d) Manejo curativo: Identificação, multiplicação e aplicação de predadores (Tabela


5, Figura 7);

Tabela 5 – Predadores mapeados em pesquisas atacando lagartas de O. invirae.


Estado
Nome científico Família
afetado
Alcaeorrhynchus grandis Pentatomidae Lagarta
Crematogaster sp. Formicidae Pupa
Dinoponera gigantea Formicidae Pupa e Adulto
Podisus nigrispinus Pentatomidae Lagarta
Lagarta e
Solenopsis saevissima Formicidae
Pupa
Wasmannia sp. Formicidae Pupa

Figura 7 – Imaturo de O. invirae sendo predado por Solenopsis sp.


Controle Etológico
a) Manejo curativo: Instalação de armadilhas
• A partir dos dados de monitoramento e/ou observar a abundância de adultos
e/ou desfolha causada pela praga, realizar a instalação de armadilhas a cada 2,5
hectares nas bordaduras das parcelas afetadas ou com a presença de adultos. As
armadilhas devem serem confeccionadas conforme item 1.1.3. (Figura 2). As
armadilhas devem ser vistoriadas a cada 3 dias, realizando a quantificação de
adultos capturados. Quando utilizado melaço realizar a substituição durante as
vistorias, na utilização de feromônios específicos da praga realizar a troca deve
ser conforme recomendação do fabricante.

Controle Químico
a) Manejo curativo: Aplicação de inseticida químico registrado para praga e cultura.
• Nível Crítico: Primeira ocorrência maior que 10 lagartas por folha;
• Nível Crítico: Reincidência maior que 4 lagartas por folha;
• As doses dos produtos utilizados e volumes de aplicação devem seguir
recomendações do Responsável Técnico e Bula: atualmente não existe produto
químico registrado para a praga.

Controle Cultural
a) Manejo preventivo: Balanço Nutricional
• O balanço nutricional, mais que aplicação de um único elemento, contribui para
a obtenção e manutenção de plantas sadias. Este ponto está mais relacionado ao
balanço de N/K. O excesso de N foliar e baixos conteúdos de K aumentam a
suscetibilidade da planta ao ataque de insetos. Estabelecer níveis de K foliar
próximos a 1,4% de acordo com a idade do plantio (Potássio foliar variando de
1,2% a 1,6%) e relação N/K próxima a 1,85.
1.1.5. Ciclos da praga associado à época e métodos de controle
CALENDÁRIO FITOSSANIDADE 2020 - Gerência de Desenvolvimento Agronômico - Tomé-Açu
jan/20 jul/20
Nº Se Te Qu Qu Se Sá Do Legenda: Nº Se Te Qu Qu Se Sá Do
1 1 2 3 4 5 Feriados 30 1 2 3 4 5
2 6 8 8 16 10 11 12 Instalação Armadilhas Opsiphanes 31 6 7 8 9 10 11 12
3 13 14 15 16 17 18 19 Monitoramento Armadilhas Opsiphanes 32 13 14 15 16 17 18 19
4 20 22 23 23 24 25 26 Monitoramento Lagarta Opsiphanes 33 20 21 22 23 24 25 26
5 27 28 28 28 31 Pulverização para Controle de Opsiphanes 34 27 28 29 30 31

fev/20 ago/20
Nº Se Te Qu Qu Se Sá Do Nº Se Te Qu Qu Se Sá Do
5 1 2 35 1 2
6 3 4 5 6 7 8 9 36 3 4 5 6 7 8 9
7 10 11 12 13 14 15 16 37 10 11 12 13 14 15 16
8 17 18 19 20 21 22 23 38 17 18 19 20 21 22 23
9 24 25 26 27 28 29 39 24 25 26 27 28 29 30
40 31

mar/20 set/20
Nº Se Te Qu Qu Se Sá Do Nº Se Te Qu Qu Se Sá Do
9 1 41 1 2 3 4 5 6
10 2 3 4 5 6 7 8 42 7 8 9 10 11 12 13 7 Independência Brasil
11 9 10 11 12 13 14 15 43 14 15 16 17 18 19 20
12 16 17 18 12 20 21 22 44 21 22 23 24 25 26 27
13 23 24 25 26 27 28 29 45 28 29 30
14 30 31

abr/20 out/20
Nº Se Te Qu Qu Se Sá Do 10 Páscoa Nº Se Te Qu Qu Se Sá Do
15 1 2 3 4 5 20 Compensação Feriado Tiradentes 46 1 2 3 4
16 6 7 8 9 10 11 12 21 Tiradentes 47 5 6 7 8 9 10 11
17 13 14 15 16 17 18 19 48 12 13 14 15 16 17 18 12 N. Senh. Aparecida
18 20 21 22 23 24 25 26 49 19 20 21 22 23 24 25
19 27 28 29 30 50 26 27 28 29 30 31

mai/20 nov/20
Nº Se Te Qu Qu Se Sá Do 1 Dia do trabalhador Nº Se Te Qu Qu Se Sá Do
20 1 2 3 51 1
21 4 5 6 7 8 9 10 52 2 3 4 5 6 7 8 2 Finados
22 11 12 13 14 15 16 17 53 9 10 11 12 13 14 15 15 Procl. Da República
23 18 19 20 21 22 23 24 54 16 17 18 19 20 21 22
24 25 26 27 28 29 30 31 55 23 24 25 26 27 28 29
56 30
jun/20 dez/20
Nº Se Te Qu Qu Se Sá Do 8 Compensação Feriado Corpus Cristi Nº Se Te Qu Qu Se Sá Do
25 1 2 3 4 5 6 7 10 Corpus Cristi 57 1 2 3 4 5 6
26 8 9 10 11 12 13 14 58 7 8 9 10 11 12 13
27 15 16 17 18 19 20 21 59 14 15 16 17 18 19 20
28 22 23 24 25 26 27 28 60 21 22 23 24 25 26 27 25 Natal
29 29 30 61 28 29 30 31
Figura 8 – Calendário para monitoramento e controle de Opsiphanes invirae, exemplo polo Tomé-Açu.
ANEXO I – Status atual e planejamento de execução de pulverização

Pulverização Terrestre em áreas com nível crítico


Hectares com a nov/20 jan/21 mar/21 mai/21 jul/21
Polo Fazenda presença da Área prevista Área prevista Área prevista Área prevista Área prevista
Produto e Produto e Produto e Produto e Produto e
praga* para para para para para
Dose Dose Dose Dose Dose
Pulverização Pulverização Pulverização Pulverização Pulverização
CAROLINA 2.783,6 1.948,5 1.809,3 1.391,8 Dipel - 1.113,4 Dipel - 974,3 Dipel -
TOME- Dipel - 0,8 Dipel -
0,650 0,650 0,650
ACU NIPPAK 852,0 681,6 L/ha 639,0 0,650 L/ha 511,2 426,0 340,8
L/ha L/ha L/ha
VERA
1.174,6 822,2 704,8 469,9 Dipel -
VERA CRUZ Dipel - 0,8 Dipel -
0,650 - - - -
CRUZ EIKAWA 111,0 77,7 L/ha 66,6 0,650 L/ha 44,4
L/ha
III IRMAS 607,2 425,0 364,3 242,9

Pulverização Terrestre em áreas com nível crítico


Hectares
nov/20 jan/21 mar/21 mai/21 jul/21
com a
Polo Fazenda Área prevista Área prevista Área prevista Área prevista Área prevista
presença da Produto e Produto Produto Produto Produto e
para para para para para
praga* Dose e Dose e Dose e Dose Dose
Pulverização Pulverização Pulverização Pulverização Pulverização
MINAS GERAIS 334,5 33,4 Dipel - 0,6 10,0 Dipel - - - - - - -
CONCORDIA
MUNIZ 344,7 34,5 L/ha 10,3 0,6 L/ha - - - - - -
CONQUISTA III 324,5 64,9 19,5 - - - - - -
IPITINGA 460,3 92,1 Dipel - 0,6 27,6 Dipel - 8,3 - - - - -
VERA CRUZ
VALE VERDE II 433,4 86,7 L/ha 52,0 0,6 L/ha 15,6 - - - - -
VERA CRUZ 1.174,6 123,3 105,7 70,5 - - - - -
CAROLINA 2.783,6 292,3 Dipel - 0,6 271,4 Dipel - 208,8 Dipel - 167,0 Dipel - 146,1 Dipel - 0,6
NIPPAK 852,0 102,2 L/ha 95,8 0,6 L/ha 76,7 0,6 L/ha 63,9 0,6 L/ha 51,1 L/ha
Voraz - 0,7
TOME-ACU 160,0 - - - - - - - -
L/ha
CAROLINA 2.783,6
Match -
100,0 - - - - - - - -
0,4 L/ha

*Levantamentos realizados até julho/20


** Previsão com base nas últimas ocorrências
1.2. Brassolis sophorae

1.2.1. Descrição dos ciclos biológicos

Fase Ovo – 24 a 30 dias


Ovos de B. sophorae são arredondados e
endurecidos, com região inferior parcialmente
achatada. São depositados em posturas
contendo entre 14 e 300 ovos que, quando
recém-depositados, são esbranquiçados ou
rosa-claro, tornando-se cinza-escurecido à
medida que se aproxima da eclosão das
lagartas.

Fase Larval – 115 a 120 dias


A cabeça das lagartas é castanha-avermelhada e
seu corpo possui listras longitudinais marrom-
escurecidas e claras. Possuem três pares de
pernas torácicas bem desenvolvidas, dois pares
de falsas pernas no abdômen e um par na região
anal. Seus imaturos apresentam glândula
cervical na porção ventral da cápsula cefálica,
que funciona para liberação do feromônio de
trilha da espécie. As lagartas possuem hábito
gregário, vivendo juntas durante o dia em
"ninhos" feitos de diversos folíolos conectados
por uma densa rede de seda. À
noite atacam as folhas de qualquer nível da
planta.

Fase Pupa – 13 a 17 dias


A fase de pupa ocorre no estipe da
planta ou na vegetação vizinha. As pupas são
grandes, largas e convexas, possuindo faixas
longitudinais amarelo-claras. No campo, essas
pupas apresentam diferentes colorações,
variando entre verde, bege e rosa na parte
superior do corpo. A parte dorsal é, na maioria
das vezes, mais escurecida. À medida que se
desenvolvem, as pupas tornam-se castanhas e,
quando próximas à emergência dos adultos,
exibem coloração castanho-escura.
Fase Adulto – 7 a 13 dias
Os adultos são grandes e apresentam as asas
anteriores e posteriores marrons, com leves
reflexos violáceos na parte dorsal. Asas
anteriores são caracterizadas pela presença de
uma faixa amarela, larga e em forma de Y, sendo
a mesma evidente em fêmeas. Asas posteriores
possuem três desenhos semelhantes a olhos
circundados de preto e
um marrom na sua parte inferior. Fêmeas são
maiores que machos e possuem abdômen mais
desenvolvido. Saem ao crepúsculo e possuem
voo irregular.

Hábito alimentar

Causam desfolha durante a noite. Consome


todo o limbo foliar deixando apenas a nervura
central.

Ciclo total – 159 a 180 dias

1.2.2. Danos e Importância Econômica


Os imaturos de Brassolis consomem em média, durante toda sua fase larval, que
dura em média 115 dias, 500 cm² de área foliar, aproximadamente 2 e 2,5 folíolos. A injúria
inicial caracteriza-se pela raspagem causada por lagartas de primeiro instar. À medida que
as lagartas se desenvolvem, o dano se intensifica, com destruição a estrutura
parenquimatosa da folha, permanecendo apenas a nervura central. Esse consumo é
importante variável para determinação do nível de dano econômico. As lagartas
consomem folhas localizadas em diferentes níveis (em qualquer um dos espirais), porém
maior intensidade e frequência de ataque têm sido observados nas folhas do espiral
inferior e médio, folhas do nível da 17 a 25. O nível de crítico determinado foi de 5 (cinco)
ninhos por hectare para áreas com primeira ocorrência e em áreas reincidentes, que
apresentam desfolha acima de 25%, o nível passa para 3 (três) ninhos por hectare. As
esfolhas parcial ou total nas palmeiras, reflete de maneira considerável na fisiologia da
planta e, consequentemente, no processo fotossintético e na produção de cachos nas
palmeiras atacadas. De acordo com as referências bibliográficas as injúrias causadas pela
desfolha de 50% das folhas pode causar perda de mais de 40% na produção de frutos
quando a desfolha ocorrer na parte superior do dossel, já uma desfolha de 50% na parte
inferior do dossel pode reduzir em 17% a produção. Os reflexos na produção são
percebidos entre o 6º e 26º mês após a primeira desfolha e a produção acumulada em dois
anos é mais afetada do que a produção imediata de seis meses. Nos plantios da Biopalma
a praga tem maiores ocorrências nos períodos chuvosos.

1.2.3. Metodologia de amostragem para determinação do Nível Crítico


Considerando a possibilidade eminente de surgimento nos plantios e a voracidade das
lagartas é fundamental a realização de monitoramento constante, a fim de prevenir
possíveis surtos. O monitoramento das populações de lagartas e pupas deve ser realizado
constantemente nas diversas áreas de plantio.

• Ninhos: Realizar a contagem de ninhos presentes na planta. Anotando os ninhos


com e sem presença de entomopatógenos (fungos). Realizar a contagem do
número de ninhos e/ou pupas por planta, considerando o caminhamento a cada 10
linhas, realizando a leitura a cada 5 plantas. A frequência do monitoramento dever
realizada sempre que identificar a presença de lagartas ou desfolha e logo após o
controle químico ou biológico quando realizado.
OBS.: Quando constatada a presença de ninhos contaminados realizar a abertura
dos mesmo e manter nas plantas encontradas, pois, os esporos são levados pelo
vento e contaminam outros ninhos. Outra alternativa é o transporte dos ninhos
infestados ao laboratório para multiplicação dos conídeos e posterior utilização em
pulverizações por ocasião de novas infestações da praga.
• Pupas: Verificar a quantidade de pupas presentes na folha 25 ou nível de folhagem
que a praga estiver atacando. Utilizar haste em madeira ou alumínio que permita
alcançar e inçar a folha selecionada para amostragem, para plantios com até 6
metros de altura, já nos plantios com altura superior realizar o corte da folha da
amostragem. Realizar a contagem do número de ninhos e/ou pupas por planta,
considerando o caminhamento a cada 10 linhas, realizando a leitura a cada 5
plantas. A frequência do monitoramento dever realizada sempre que identificar a
presença de lagartas ou desfolha e logo após o controle químico ou biológico
quando realizado.
OBS.: Para áreas que seja necessário o corte da folha intercalar as linhas e plantas
da leitura a cada ciclo de amostragem.

1.2.4. Manejo para controle e prevenção de Brassolis sophorae

Controle Natural
a) Manejo preventivo: Estabelecimento de nectaríferas (Tabela 1, Figura 1).
O plantio de nectaríferas deve ser realizado nas bordaduras das parcelas de
todo o plantio, com o objetivo de contribui no aumento da diversidade de
organismos parasitoides, predadores e agentes microbianos de controle natural.

• As plantas selecionadas para o plantio devem estar dispostas nas bordaduras do


plantio, conforme Croqui 1;
• Realizar uma vez por ano o plantio e ou replantio das plantas nectaríferas nas
bordaduras das parcelas;
• As manutenções de limpeza das plantas nectaríferas devem ser realizadas a cada 6
(seis) meses;
• Em áreas de reincidências plantar nos locais que haja falha ou ausência de planta
de palma de óleo, conforme Croqui 2.

Controle Mecânico
a) Manejo curativo: Destruição manual de ninhos.
Qualquer visualização dos ninhos, eles são derrubados e destruídos (por pisoteio),
quando não constatada a presença de parasitismo das lagartas.

• Nível Crítico: Primeira ocorrência 3 ninhos por hectare;


• Nível Crítico: Reincidência 1 ninho por hectare.

Controle Biológico
a) Manejo curativo: Identificação, multiplicação e liberação de parasitoides (Tabela 6,
Figura 9);

Tabela 6 – Parasitoides usualmente encontrados em plantios de palma de óleo e fase da


praga controlada.
Nome científico Família Estado afetado
Telenomus sp. Platygastridae Ovos
Anastatus sp. Eupelmidae Ovos
Argoravinia sp. Sarcophagidae Pupa
Belvosia spp. Tachinidae Pupa
Brachymeria annulata Chalcididae Pupa
Brachymeria incerta Chalcididae Pupa
Brachymeria ovata Chalcididae Pupa
Conura sp. Chalcididae Lagarta
Hemimasipoda sp. Tachinidae Pupa
Horismenus sp. Eulophidae Ovos
Sarcophaga sp. Sarcophagidae Pupa
Spilochalcis morleyi Chalcididae Pupa
Spilochalcis nigrifrons Chalcididae Pupa
Tetrastichus sp. Eulophidae Ovos
Winthemia analis Tachinidae Lagarta e Pupa
Winthemia erythrina Tachinidae Pupa
Winthemia pinguis Tachinidae Pupa
Xanthozona melanopyga Tachinidae Pupa
Figura 9 – Ovos de B. sophorae parasitados por himenópteros da família Eulophidae.

b) Manejo curativo: Aplicação inseticidas biológicos registrado para praga ou cultura;


• Nível Crítico: Primeira ocorrência 5 ninhos por hectare;
• Nível Crítico: Reincidência 3 ninhos por hectare;
• As doses dos produtos utilizados e volumes de aplicação devem seguir
recomendações do Responsável Técnico e Bula (Tabela 7, Figura 10).

Tabela 7 – Produtos biológicos registrados para a praga e recomendações de bula.


Volume de Calda
Princípio Ativo Produtos Registrados Doses Utilizadas
Pulverização Aérea Pulverização Terrestre
Able 100 mL/100 L de água Bula sem especificação 4L de calda por planta
Bac-Control Max WP 30 g/100 litros de água
10 a 40 L/ha 400 a 500 L/ha
Bac-Control WP 60 g/100 litros de água
Bacillus thuringiensis Dipel SC 0,6 a 1,0 L/ha
20 a 40 L/ha 400 a 2500 L/ha
Dipel WP 600 a 1000 g/ha
Tarik WP 60 g/100 litros de água 10 a 40 L/ha 400 a 500 L/ha
Thuricide 400 a 600 g/ha 20 a 40 L/ha 200 L/ha
Figura 10 – Tamanho adequado para potencializar efeito com o uso de inseticida biológico
a bases de Bacillus thuringiensis (Bt).

c) Manejo curativo: Identificação, multiplicação e aplicação de entomopatógenos.


(Tabela 8, Figura 11);
Utilização de ninhos encontrados contaminados: Na ocorrência de surtos,
recomenda-se utilizar 500 g de lagartas infectadas trituradas para preparar 600 L de
solução do fungo, que é uma quantidade suficiente para aplicação para um hectare.

Tabela 8 – Entomopatógenos mapeados em pesquisas atacando lagartas e pupas de B.


sophorae.
Nome científico Classe Estado afetado
Isaria farinosa Fungo Lagarta e Pupa
Bacillus thuringiensis Bactéria Lagarta e Pupa
Beauveria bassiana Fungo Lagarta e Pupa
Beauveria brongniartii Fungo Lagarta e Pupa
Cordyceps sp. Fungo Lagarta
Nomuraea sp. Fungo Lagarta e Pupa
Figura 11 – Lagartas de B. sophorae infectadas por Beauveria bassiana.

d) Manejo curativo: Identificação, multiplicação e aplicação de predadores (Tabela 9,


Figura 12).

Tabela 9 – Predadores mapeados em pesquisas atacando lagartas de O. invirae.


Nome científico Família Estado afetado
Alcaeorrhynchus grandis Pentatomidae Lagarta
Mantis religiosa Mantidae Lagarta

Figura 12 – Imaturo de B. sophorae sendo predado por Mantis religiosa (Louva-deus).

Controle Químico
b) Manejo curativo: Aplicação de inseticida químico registrado para praga e cultura.
• Nível Crítico: Primeira ocorrência maior que 10 lagartas por folha;
• Nível Crítico: Reincidência maior que 4 lagartas por folha;
• As doses dos produtos utilizados e volumes de aplicação devem seguir
recomendações do Responsável Técnico e Bula.

Tabela 10 – Produtos químicos com registro para praga e cultura.


Volume de Calda
Produtos
Princípio Ativo Doses Utilizadas Pulverização
Registrados Pulverização Aérea
Terrestre
Metomil + Bula sem
Voraz 500 a 700 ml/ha 600 L/ha
Novalurom especificação
Bula sem
Etofenproxi Safety 200 a 300 L/ha 1000 L/ha
especificação
Em torno de 5
Lufenurom Match 40 - 50 ml/100 L 20 L/ha
L/planta

Controle Cultural
a) Manejo preventivo: Balanço Nutricional
• O balanço nutricional, mais que aplicação de um único elemento, contribui para a
obtenção e manutenção de plantas sadias. Este ponto está mais relacionado ao
balanço de N/K. O excesso de N foliar e baixos conteúdos de K aumentam a
suscetibilidade da planta ao ataque de insetos. Estabelecer níveis de K foliar
próximos a 1,4% de acordo com a idade do plantio (Potássio foliar variando de 1,2%
a 1,6%) e relação N/K próxima a 1,85.
1.2.5. Ciclos da praga associado a época e métodos de controle
CALENDÁRIO FITOSSANIDADE 2020 - Gerência de Desenvolvimento Agronômico - Moju
jan/20 jul/20
Nº Se Te Qu Qu Se Sá Do Legenda: Nº Se Te Qu Qu Se Sá Do
1 1 2 3 4 5 Feriados 30 1 2 3 4 5
2 6 8 8 16 10 11 12 Monitoramento Pupas de Brassolis 31 6 7 8 9 10 11 12
3 13 14 15 16 17 18 19 Monitoramento Lagarta Brassolis 32 13 14 15 16 17 18 19
4 20 22 23 23 24 25 26 Controle Lagartas de Brassolis 33 20 21 22 23 24 25 26
5 27 28 28 28 31 Controle Pupas de Brassolis 34 27 28 29 30 31
Controle Ovos de Brassolis
fev/20 ago/20
Nº Se Te Qu Qu Se Sá Do Nº Se Te Qu Qu Se Sá Do
5 1 2 35 1 2
6 3 4 5 6 7 8 9 36 3 4 5 6 7 8 9
7 10 11 12 13 14 15 16 37 10 11 12 13 14 15 16
8 17 18 19 20 21 22 23 38 17 18 19 20 21 22 23
9 24 25 26 27 28 29 39 24 25 26 27 28 29 30
40 31

mar/20 set/20 7 Independência Brasil


Nº Se Te Qu Qu Se Sá Do Nº Se Te Qu Qu Se Sá Do
9 1 41 1 2 3 4 5 6
10 2 3 4 5 6 7 8 42 7 8 9 10 11 12 13
11 9 10 11 12 13 14 15 43 14 15 16 17 18 19 20
12 16 17 18 12 20 21 22 44 21 22 23 24 25 26 27
13 23 24 25 26 27 28 29 45 28 29 30
14 30 31

abr/20 10 Páscoa out/20 12 N. Senh. Aparecida


Nº Se Te Qu Qu Se Sá Do 20 Compensação Feriado Tiradentes Nº Se Te Qu Qu Se Sá Do
15 1 2 3 4 5 21 Tiradentes 46 1 2 3 4
16 6 7 8 9 10 11 12 47 5 6 7 8 9 10 11
17 13 14 15 16 17 18 19 48 12 13 14 15 16 17 18
18 20 21 22 23 24 25 26 49 19 20 21 22 23 24 25
19 27 28 29 30 50 26 27 28 29 30 31

mai/20 1 Dia do trabalhador nov/20 2 Finados


Nº Se Te Qu Qu Se Sá Do Nº Se Te Qu Qu Se Sá Do 15 Procl. Da República
20 1 2 3 51 1
21 4 5 6 7 8 9 10 52 2 3 4 5 6 7 8
22 11 12 13 14 15 16 17 53 9 10 11 12 13 14 15
23 18 19 20 21 22 23 24 54 16 17 18 19 20 21 22
24 25 26 27 28 29 30 31 55 23 24 25 26 27 28 29
56 30
jun/20 8 Compensação Feriado Corpus Cristi dez/20 25 Natal
Nº Se Te Qu Qu Se Sá Do 10 Corpus Cristi Nº Se Te Qu Qu Se Sá Do
25 1 2 3 4 5 6 7 57 1 2 3 4 5 6
26 8 9 10 11 12 13 14 58 7 8 9 10 11 12 13
27 15 16 17 18 19 20 21 59 14 15 16 17 18 19 20
28 22 23 24 25 26 27 28 60 21 22 23 24 25 26 27
29 29 30 61 28 29 30 31

Figura 13 – Calendário para monitoramento e controle de Brassolis sophorae, exemplo


polo Moju.
ANEXO II – Status atual e planejamento de execução de controle.

Pulverização Terrestre em áreas com nível crítico


nov/20 mar/21
Hectares com a
Polo Fazenda Área prevista Área prevista
presença da praga* Produto e Produto e
para para
Dose Dose
Pulverização Pulverização
Dipel - 0,6 Dipel - 0,6
MOJU Amanda 957,3 191,5 76,6
L/ha L/ha

Catação Manual em áreas com nível crítico


Hectares com a
nov/20 mar/21 abr/21
Polo Fazenda presença da
Área Área Área
praga* Diárias Diárias Diárias
prevista prevista prevista
CONCÓRDIA Limeira 15,3 15,3 3 - - - -
Amanda 957,3 382,9 77 191,5 38 134,0 27
MOJU
Kakuri 15,4 15,4 3 - - - -

*Levantamentos realizados até julho/20


** Previsão com base nas últimas ocorrências
1.3. Euprosterna elaeasa

1.3.1. Descrição dos ciclos biológicos

Fase Ovo – 3 a 7 dias


São transparentes, de formato oval, gelatinosos e
achatados. Com o passar dos dias, eles ficam amarelos.
Seu tamanho é de aproximadamente 2 mm de
comprimento por 1,5 mm em largura.

Fase Larval – 26 a 42 dias


Tem formato oval, ligeiramente achatado, emerge oito
dias após a postura. O primeiro instar é inferior a 1 mm,
com coloração amarelos claros e apêndices simples. O
segundo ínstar tem comprimento médio de 1,2 mm e
apresenta espinhos aderentes chamados scoli. A partir
do terceiro instar apresentam coloração esverdeada
com pequenas manchas marrons e amarelas, que
permanece até o sétimo insta. A diferença entre os
instares é dada pelo aumento no tamanho e largura da
cápsula cefálica, em seu último instar atinge até 18 mm
de comprimento e são cobertos por uma série de onze
pares de scoli urticantes.

Fase Pupa – 16 a 25 dias


A fase de pupa ocorre no estipe da
planta e/ou na vegetação vizinha. Tem formato
ligeiramente oval, de cor castanha rosada, com 7 a 9
mm de diâmetro. A pupa se desenvolve em um casulo
marrom de forma ovoide. Em uma extremidade,
apresenta uma tampa circular que é empurrado pelos
adultos quando ao emergirem.

Fase Adulto – 1 a 10 dias


Os adultos são de cor bronze com uma linha que divide
a asa anterior ao meio, da margem interna ao ápice. As
fêmeas são maiores que os machos, têm envergadura
entre 22,5 e 24,8 mm, enquanto os machos medir entre
17,1 e 21,0 mm. As fêmeas têm antenas filiformes ao
contrário dos machos que eles têm antenas
bipectinadas. Os machos apresentam um cogumelo
marrom no último segmento abdominal e a fêmea
possui duas cerdas de tonalidade mais clara.
Hábito alimentar

Causam desfolha durante o dia, no campo é possível


observar que o maior consumo ocorrer nos horários
mais quentes. Consome todo o limbo foliar deixando
apenas a nervura central. O aspecto após a desfolha é
semelhante aos danos provocados por queimas com
fogo.

Ciclo total – 49 a 60 dias

1.3.2. Danos e Importância Econômica


A fase de lagarta de E. elaeasa têm duração média de 36 dias, sendo o consumo
médio por lagarta de 75 cm² de área foliar, aproximadamente 0,3 folíolos. A injúria inicial
caracteriza-se pela raspagem causada por lagartas do segundo ao quarto instar, as lagartas
de primeiro insta não se alimentam. À medida que as lagartas se desenvolvem, o dano se
intensifica, com destruição a estrutura parenquimatosa da folha, permanecendo apenas a
nervura central. Esse consumo é importante variável para determinação do nível de dano
econômico e auxilia na tomada de decisão de controle. As lagartas consomem folhas
localizadas em diferentes níveis (em qualquer um dos espirais), porém maior intensidade
e frequência de ataque têm sido observados nas folhas do espiral inferior e médio, folhas
do nível da 25 a 33. O nível de crítico determinado foi de 7 (sete) a 14 (quatorze)
lagartas/folha para áreas reincidentes e 15 (quinze) a 20 (vinte) lagartas/folha para
primeira ocorrência, porém para área de primeira incidência que apresentam desfolha
acima de 25%, deve-se usar os parâmetros para áreas de reincidência. Embora o dano
causado nos últimos instares pareça mais alarmante, os danos superficiais dos primeiros
instares servem como porta de entrada para infecção causadas por fungos como
Pestalotiopsis sp., doença que afeta as folhas.
As literaturas indicam que desfolha superior a 50% tem efeito significativo na
produção de cachos e na proporção de óleo por cacho. De forma geral as injúrias causadas
pela desfolha de 50% das folhas pode causar perda de mais de 40% na produção de frutos
quando a desfolha ocorrer na parte superior do dossel, já uma desfolha de 50% na parte
inferior do dossel pode reduzir em 17% a produção. Os reflexos na produção são
percebidos entre o 6º e 26º mês após a desfolha e a produção acumulada em dois anos é
mais afetada do que a produção imediata de seis meses.

1.3.3. Metodologia de amostragem para determinação do Nível Crítico


Considerando a possibilidade eminente de surgimento nos plantios e a voracidade das
lagartas é fundamental a realização de monitoramento constante, a fim de prevenir
possíveis surtos. O monitoramento das populações de lagartas deve ser realizado
constantemente nas diversas áreas de plantio.
• Lagartas: Observar as lagartas presentes na folha 25 ou nível de folhagem que a
praga estiver atacando, utilizar haste em madeira ou alumínio que permita alcançar
e inçar a folha selecionada para amostragem, para plantios com até 6 metros de
altura, já nos plantios com altura superior realizar o corte da folha da amostragem.
Realizar a contagem do número de indivíduos (lagartas) por folha, considerando o
caminhamento a cada 10 linhas, realizando a leitura a cada 5 plantas. A frequência
do monitoramento deve ser realizada sempre que identificar a presença de lagartas
ou desfolha e logo após o controle químico ou biológico quando realizado.
OBS.: Para áreas que seja necessário o corte da folha intercalar as linhas e plantas
da leitura a cada ciclo de amostragem.

1.4. Manejo para controle e prevenção de Euprosterna elaeasa

Controle Natural
a) Manejo preventivo: Estabelecimento de nectaríferas (Tabela 1, Figura 1).
O plantio de nectaríferas deve ser realizado nas bordaduras das parcelas de
todo o plantio, com o objetivo de contribui no aumento da diversidade de
organismos parasitoides, predadores e agentes microbianos de controle natural.

• As plantas selecionadas para o plantio devem estar dispostas nas bordaduras do


plantio, conforme Croqui 1;
• Realizar uma vez por ano o plantio e ou replantio das plantas nectaríferas nas
bordaduras das parcelas;
• As manutenções de limpeza das plantas nectaríferas devem ser realizadas a cada 6
(seis) meses;
• Em áreas de reincidências plantar nos locais que haja falha ou ausência de planta
de palma de óleo, conforme Croqui 2.

Controle Biológico
a) Manejo curativo: Identificação, multiplicação e liberação de parasitoides (Tabela
11);

Tabela 11 – Parasitoides usualmente encontrados em plantios de palma de óleo e fase da


praga controlada.

Nome científico Família Estado afetado


Distratix sp. Braconidae Lagarta

b) Manejo curativo: Aplicação inseticidas biológicos registrado para praga ou cultura


(Figura 14);
• Nível Crítico: Primeira ocorrência 15 a 20 lagartas/folha;
• Nível Crítico: Reincidência 7 a 14 lagartas/folha;
• As doses dos produtos utilizados e volumes de aplicação devem seguir
recomendações do Responsável Técnico e Bula: atualmente não existe produto
químico registrado para a praga.
Figura 14 – Tamanho adequado para potencializar efeito com o uso de inseticidas.

c) Manejo curativo: Identificação, multiplicação e aplicação de entomopatógenos.


(Tabela 12);
A utilização de preparado elaborado a partir de lagartas infectadas com vírus em
campo, são coletadas lagartas infectadas por vírus entomopatógenicos, em laboratório são
lavadas com água destilada, congeladas e separadas em sacos contendo,
aproximadamente, 200 g de lagartas infectadas. Nos próximos controles, esse material
congelado é triturado até completar 1 L de solução, esta mistura é posteriormente
adicionada ao pulverizador. Apesar da eficiência desse preparado não ter sido constatada
por experimentação, observações mostraram que, após 3 a 7 dias da aplicação, não se
observam mais lagartas vivas no campo.

Tabela 4 – Entomopatógenos mapeados em pesquisas atacando lagartas de E. elaeasa.


Nome científico Classe Estado afetado
Bacillus thuringiensis Bactéria Lagarta
NoarCPV, da família Reoviridae Vírus Lagarta
Figura 11 – Lagartas de E. elaeasa infectadas por vírus não identificado.

Controle Cultural
b) Manejo preventivo: Balanço Nutricional
• O balanço nutricional, mais que aplicação de um único elemento, contribui para a
obtenção e manutenção de plantas sadias. Este ponto está mais relacionado ao
balanço de N/K. O excesso de N foliar e baixos conteúdos de K aumentam a
suscetibilidade da planta ao ataque de insetos. Estabelecer níveis de K foliar
próximos a 1,4% de acordo com a idade do plantio (Potássio foliar variando de 1,2%
a 1,6%) e relação N/K próxima a 1,85.
1.4.1. Ciclos da praga associado a época e métodos de controle
CALENDÁRIO FITOSSANIDADE 2021 - Gerência de Desenvolvimento Agronômico - Referência: Ciclo Concórdia
jan/21 jul/21
Nº Se Te Qu Qu Se Sá Do Legenda: Nº Se Te Qu Qu Se Sá Do
1 1 2 3 Feriados 27 1 2 3 4
2 4 5 6 7 8 9 10 Monitoramento Lagarta Euprosterna 28 5 6 7 8 9 10 11
3 11 12 13 14 15 16 17 Pulverização para Controle de Euprosterna 29 12 13 14 15 16 17 18
4 18 19 20 21 22 23 24 30 19 20 21 22 23 24 25
5 25 26 27 28 29 30 31 31 26 27 28 29 30 31

fev/21 ago/21
Nº Se Te Qu Qu Se Sá Do Nº Se Te Qu Qu Se Sá Do
31 1
6 1 2 3 4 5 6 7 32 2 3 4 5 6 7 8
7 8 9 10 11 12 13 14 33 9 10 11 12 13 14 15
8 15 16 17 18 19 20 21 34 16 17 18 19 20 21 22
9 22 23 24 25 26 27 28 35 23 24 25 26 27 28 29
36 30 31

mar/21 set/21
Nº Se Te Qu Qu Se Sá Do Nº Se Te Qu Qu Se Sá Do
36 1 2 3 4 5 6 Compensação Feriado Independência Brasil
10 1 2 3 4 5 6 7 37 6 7 8 9 10 11 12 7 Independência Brasil
11 8 9 10 11 12 13 14 38 13 14 15 16 17 18 19
12 15 16 17 18 19 20 21 39 20 21 22 23 24 25 26
13 22 23 24 25 26 27 28 40 27 28 29 30
14 29 30 31

abr/21 out/21
Nº Se Te Qu Qu Se Sá Do 10 Páscoa Nº Se Te Qu Qu Se Sá Do
14 1 2 3 4 19 Compensação Feriado Tiradentes 40 1 2 3 11 Compensação Feriado N. Senh. Aparecida
15 5 6 7 8 9 10 11 21 Tiradentes 41 4 5 6 7 8 9 10 12 N. Senh. Aparecida
16 12 13 14 15 16 17 18 42 11 12 13 14 15 16 17
17 19 20 21 22 23 24 25 43 18 19 20 21 22 23 24
18 26 27 28 29 30 44 25 26 27 28 29 30 31

mai/21 nov/21
Nº Se Te Qu Qu Se Sá Do 1 Dia do trabalhador Nº Se Te Qu Qu Se Sá Do
18 1 2 1 Compensação Feriado Finados
19 3 4 5 6 7 8 9 45 1 2 3 4 5 6 7 2 Finados
20 10 11 12 13 14 15 16 46 8 9 10 11 12 13 14 15 Procl. Da República
21 17 18 19 20 21 22 23 47 15 16 17 18 19 20 21
22 24 25 26 27 28 29 30 48 22 23 24 25 26 27 28
23 31 49 29 30
jun/21 dez/21
Nº Se Te Qu Qu Se Sá Do 7 Compensação Feriado Corpus Cristi Nº Se Te Qu Qu Se Sá Do
23 1 2 3 4 5 6 10 Corpus Cristi 50 1 2 3 4 5
24 7 8 9 10 11 12 13 51 6 7 8 9 10 11 12
25 14 15 16 17 18 19 20 52 13 14 15 16 17 18 19
26 21 22 23 24 25 26 27 53 20 21 22 23 24 25 26 25 Natal
27 28 29 30 54 27 28 29 30 31

Figura 13 – Calendário para monitoramento e controle de Euprosterna elaeasa, exemplo


polo Concórdia.
ANEXO II – Status atual e planejamento de execução de controle.

Pulverização Terrestre em áreas com nível crítico


Hectares com a presença dez/20 fev/21
Polo Fazenda
da praga** Área prevista para Produto e Área prevista para Produto e
Pulverização Dose Pulverização Dose
CONCÓRDIA Santa Clara 140,0 126,0 Dipel - 0,6 L/ha 75,6 Dipel - 0,6 L/ha

** Previsão com base nas últimas ocorrências


2. Principais broqueadores prejudiciais ao dendezeiro

2.1. Eupalamides cyparissias

2.1.1. Descrição dos ciclos biológicos

Fase Ovo – 14 a 22 dias


Os ovos são ovais e alargados com as extremidades
afiladas possui estrias longitudinais proeminentes.
A coloração é cinza rosado quando recém
ovipositados, tornando-se mais escuros com o
passar do tempo. Após a eclosão dos ovos as larvas
se dispersam rapidamente, estabelecendo-se na
base dos frutos e no pedúnculo do cacho.

Fase Larval – 161 a 423 dias


As lagartas são de coloração leitosa, grandes e
volumosas A cabeça é bem esclerificada, da cor
castanho-brilhante com uma mandíbula escura e
muito forte.

Fase Pupa – 30 dias


Se inicia quando as lagartas de último estádio
deixam, pela parte exterior da coroa e dos cachos,
o interior do estipe da planta atacada e se alojam
nas axilas foliares, onde constroem o casulo com
restos de material orgânico ali presentes. As pupas
são grandes de cor castanho claro e extremidade
escurecida.

Fase Adulto – 12 a 18 dias


São mariposas grandes de atividade vespertina e
matutina, possuem coloração marrom acinzentada
com tons de verde metálico e violeta, o dimorfismo
sexual é visível pelo frênulo que nos machos é
formado de uma única cerda e nas fêmeas por um
tufo de cerdas. Cada fêmea deposita em média 265
ovos em 30 posturas. Existe certa preferência por
depositar seus ovos em cachos abortados e
apodrecidos.
Hábito alimentar
Formam galerias nos frutos e inflorescências em
diferentes estágios de desenvolvimento, nos
pedúnculos dos cachos, bases foliares e estipe da
planta. Causam danos nos frutos e inflorescência
em diferentes estágios de desenvolvimento, ao
abrirem galerias nos pedúnculos dos cachos, bases
foliares e estipes da planta. Isto dificulta ou impede
a circulação da seiva bruta e elaborada causando,
debilidade e a morte da planta.

Ciclo total – 217 a 553 dias

2.1.2. Danos e Importância Econômica


Os danos provocados afetam a produção, pois seus imaturos danificam frutos e
inflorescências em diferentes estágios de desenvolvimento, ao abrirem galerias nos
pedúnculos dos cachos, bases foliares e estipe da planta. Os principais sintomas externos
incluem formação de galerias no pedúnculo dos cachos colhidos e nas bases peciolares o
que reduz o fluxo de nutrientes e água dos vasos condutores, provocando o
amarelecimento das folhas jovens, redução do número de folhas na coroa, arqueamento
das folhas mais velhas, redução do número de inflorescência, abortamento das flores,
senescência dos cachos em formação e em maturação. Em casos muito severos, é possível
observar a podridão do tecido abaixo da região do meristema da planta, o que pode levar
a planta afetada a morte (Figura 14).
Sem controle os danos provocados pela praga podem causar perdas na produção,
variando de 16% nos primeiros anos de ocorrência e alcançando valores superiores a 52%
a partir do sexto ano do ciclo da praga. A curto prazo, os dois primeiros ciclos da praga
observam-se reduções em torno 16% na produção, a médio prazo que compreende do 3º
ao 5º ciclo da praga, ocorrer redução no número de estruturas reprodutivas, alcançando
perdas ao redor de 34%. Já a longo prazo, a partir do 6º ciclo da praga, as perdas são
superiores a 52% e em alguns casos podem ser irreversíveis quando ocorre a morte das
plantas afetadas. Estudos realizados na Colômbia mostram que além da perda de produção
pode haver a redução na taxa de extração de óleo dos cachos brocados, estes cachos
diminuem em 4,21 pontos percentuais quando comparados com cachos sadios, de
maneira pontual. Nos plantios da Biopalma a fase de larva tem maiores ocorrências nos
meses de março a agosto e a fase de adultos com predominância nos meses de setembro
a dezembro.
A) B) C)

D) E)

Figura 14 – Danos causados pelo ataque de E. cyparissias. A) galerias no pedúnculo e frutos


do cacho. B) abortamento das estruturas reprodutivas atacadas. C) galerias por todo estipe
da planta. D) arqueamento e amarelecimento das folhas. E) podridão do estipe

2.1.3. Metodologia de amostragem para determinação do Nível Crítico


O monitoramento das populações de larvas, número de cachos brocados e adultos
devem ser realizados mensalmente nas diversas áreas de plantio, para assim entender a
dinâmica da praga e as áreas com possíveis danos causados por sua ação.

• Cachos Brocados: A amostragem deve contemplar 36% das áreas em colheita, de


forma a não repetir parcelas no mesmo mês de amostragem. Cada parcela
amostrada deve compor 8% das plantas. Anotando o número de cachos brocados
e cachos não borcados das plantas avaliadas durante o processo de colheita.
• Adultos: Durante o levantamento de cachos brocados também é apontado a
quantidade de adultos observados das plantas amostradas. As anotações da
quantidade de adultos mostram a evolução e distribuição da praga, além de auxiliar
na tomada de decisão de início dos manejos propostos.
• Intensidade de Dano: Verificar, mensalmente, a quantidade de larvas presentes nos
cachos brocados, considerando 2 (dois) cachos brocados por hectare, classificando
as larvas encontradas: L1 (pequena - até 3 cm), L2 (média - 3 a 6 cm) e L3 (grande -
maior que 6 cm) (Figura 15). Com o auxílio de uma machadinha realizar o
debulhamento dos cachos avaliados e quantificar o total de larvas presentes,
separando por tamanho.
OBS: Avaliar 1 (uma) parcela de aproximadamente 30 hectares a cada 500 hectares.
A população das parcelas que compõem os 500 hectares deve ter parâmetros
semelhantes considerando os seguintes pontos:
o Áreas com ecossistema diferente: excesso de sombra e/ou
adensamento superior 143 plantas/hectare, separando por
densidade;
o Valores nutricionais separando em dois grupos:
▪ Valores inferiores a 1,2% de K foliar;
▪ Valores superiores ou igual a 1,2% de K foliar;
o Selecionar áreas por % de cachos brocados considerando os
intervalos: 0,1% a 2,5%; 2,6% a 7,5%; 7,6% a 10%; >10%;
o Áreas com tratamentos diferentes devem compor o mesmo lote
amostral de acordo com o tratamento realizado, assim é possível
acompanhar a efetividade do tratamento proposto.
• Classificação quanto a intensidade de dano: Grupo 1 - ausência de larvas, Grupo 2
– presença de até 5 larvas tamanho L1/cacho, Grupo 3 – presença de até 5 larvas
tamanho L2/cacho, Grupo 4 – presença de até 5 larvas tamanho L3/cacho e Grupo
5 – presença de mais de 5 larvas independentemente do tamanho/cacho.

Figura 15 – Classificação das fases de E. cyparissias.

2.1.4. Manejo para controle e prevenção de Eupalamides cyparissias


Mediante os possíveis danos causados pela praga é de suma importância executar
e manter a periodicidade dos manejos recomendados para a prevenção e redução de
E. cyparissias nos plantios da Biopalma.

Controle Natural
a) Manejo preventivo: Estabelecimento de nectaríferas (Tabela 1, Figura 1).
O plantio de nectaríferas deve ser realizado nas bordaduras das parcelas de
todo o plantio, com o objetivo de contribui no aumento da diversidade de
organismos parasitoides, predadores e agentes microbianos de controle natural.

• As plantas selecionadas para o plantio devem estar dispostas nas bordaduras do


plantio, conforme Croqui 2.
• Realizar uma vez por ano o plantio e ou replantio das plantas nectaríferas nas
bordaduras das parcelas;
• As manutenções de limpeza das plantas nectaríferas devem ser realizadas a cada 6
(seis) meses.

Controle Cultural
a) Manejo preventivo:
• Planta Daninhas: A ocorrência de plantas invasoras, em especial aquelas que
favorecem o sombreamento excessivo do palmar, contribuem para diminuir a
entrada de luz ao redor das plantas, criando condições favoráveis para instalação e
permanência da praga nas parcelas. O controle de plantas invasoras através de
manejo químico e/ou mecânico deve ser realizado a cada 3 meses.
• Promover o raleio das áreas com densidade superior a 170 plantas/hectares e que
apresentam mais de 50% de cachos brocados e mais 15% das plantas com sintomas
de ataque no interior do estipe (Figura 14).
o Realizar a leitura do número de estruturas produtivas de todas as plantas
da parcela;
o Após a contagem separar as plantas em hexágonos amostrais (Croqui 3);
o A partir da distribuição dos hexágonos selecionar a planta que será
erradicada (Croqui 4);
o Utilizando o número de estruturas no momento da leitura, erradicar a
planta que possuir o menor número de estruturas de cada hexágono;
o Se no hexágono amostral existir alguma planta morta ou falha, não será
necessário eliminação de novas plantas;
o Se no hexágono amostral existir alguma planta com sintomas do ataque de
Eupalamides ou outra anomalia esta deve ser a eliminada;
o Promover a erradicação química até obter densidade de 145
plantas/hectare nas parcelas afetadas, o que equivale a eliminação de 14%
das plantas;
o Após definida a planta que será eliminada, promover a erradicação química
com a injeção de aproximadamente 200 ml de MSMA;
o Abrir 3 (três) furos no estipe da planta entre as bases dos pecíolos. Os furos
podem ser abertos com perfurador motorizado (broca de 19 mm) ou
motosserra, distantes de 1,0 a 1,5 metro do chão e com 45° de inclinação
descendente em relação ao solo (Figura 3);
o Utilizando pulverizador manual de 1,5 L ou pulverizador costal de 20 L
injetar o herbicida em cada perfuração, aplicando dosagens aproximadas
de 67 ml/furo. O herbicida MSMA é o produto com melhor referência na
erradicação de palmeiras;
o Tampar os furos após aplicação com fruto solto encontrado no entorno;
o Durante o período de 8 a 22 dias ocorre o secamento total das plantas;
o A evolução da produtividade (toneladas de CFF/ha), número de cachos por
planta e peso médio do cacho devem ser comparados mensalmente
utilizando as bases de colheita com referência dos últimos 12 meses, antes
e depois do raleio.
Croqui 3 – Separação dos hexágonos independentes.

Croqui 4 – Raleio de 14% das plantas, hexágono independente. Imagem demonstrativa da


seleção e erradicação das plantas que possuem menor número de estruturas produtivas
por hexágono amostral.
• Balanço Nutricional: Mais que aplicação de um único elemento, contribui para a
obtenção e manutenção de plantas sadias. Este ponto está mais relacionado ao
balanço de N/K. O excesso de N e baixos conteúdos de K aumentam a
suscetibilidade da planta ao ataque de insetos. Estabelecer níveis de K foliar >=1%
e relação N/K >= 2,5.

b) Manejo curativo:
• Poda: A manutenção de 2 (dois) ciclos de poda por ano para as áreas com 5,0% ou
mais de cachos brocados; Manutenção de 1 (um) ciclo de poda por ano para as
áreas com menos de 5,0% de cachos brocados;
OBS.: A atividade de poda deve garantir a retirada de cachos passados e podres e
manter no máximo 42 folhas por planta e no mínimo 38 folhas por planta.
• Colheita: Manter colheita regular com ciclo de no máximo 08 dias nas áreas que
atingiram o nível crítico (áreas com mais de 5,0% de cachos brocados).
• A classificação quanto a intensidade de danos em grupos terá como objetivo
priorizar ações. Áreas que integram o Grupo 2 e possuam menos de 5,0% de cachos
brocados deve-se priorizar e intensificar a colheita, executando ciclos de 14 dias.
Áreas que integram o Grupo 3 e possuam menos de 5,0% de cachos brocado deve-
se priorizar e intensificar a colheita, executando ciclos de 12 dias. Áreas que
integram o Grupo 4 e possuam mais de 5,0% de cachos brocado deve-se priorizar
a pulverização de produtos biológico, registrados para o controle da praga,
direcionando a aplicação para a coroa de cachos e intensificar a colheita
executando ciclos de 8 dias. Áreas que integram o Grupo 5 e possuam mais de 30%
de cachos brocado deve-se priorizar a pulverização de produtos químicos,
registrados para o controle da praga, direcionando a aplicação para a coroa de
cachos e intensificar a colheita executando ciclos de 8 dias.

Estas práticas garantem o corte do ciclo de vida da praga e evita o acúmulo de


cachos passados e podres nas plantas.

Controle Mecânico
a) Manejo curativo:
• Captura de adultos: Durante o período de maior ocorrência conforme calendário
de atividades (Figura 18). Esta prática ajuda a reduzir a população de ovos além de
mostrar a evolução e efetividade das práticas de manejos propostos. A captura de
adultos deve ser realizada com o auxílio de rede entomológica (Figura 16)
confeccionadas com varas de madeira com tamanho superior a 2 metros dependo
da altura do plantio onde será realizado o controle, a altura da vara deve garantir a
captura próxima a região da folha 25, aro de arame de 20 cm de diâmetro e tecido
tipo organza.
Nível Crítico para adultos: 5 adultos/hectare.
• Coleta de pupas: Durante o período de maior ocorrência conforme calendário de
atividades (Figura 18). Esta prática ajuda a reduzir a população de adultos além de
mostrar a evolução e efetividade das práticas de manejos propostos. A coleta de
pupas deve ser realizada em todo o diâmetro da planta. Com o auxílio de um
gancho (Figura 16) que garanta a retirada das pupas presentes nas axilas foliares,
localizadas abaixo da coroa de cachos, dependo da altura do plantio onde será
realizado o controle, será necessária a utilização de escadas.
Nível Crítico para pupa: Média de 25 pupas/planta.

Figura 16 – Ferramentas utilizadas no controle e monitoramento de E. cyparissias. A) Rede


entomológica utilizada na captura de adultos. B) Gancho utilizado para a coleta de pupas.

Controle Biológico
a) Manejo curativo: Identificação, multiplicação e liberação de parasitoides (Tabela
11);

Tabela 11 – Parasitoides usualmente encontrados em plantios de palma de óleo e fase da


praga controlada.
Nome científico Família Estado afetado
Oxysarcodexia conclausa Sarcophagidae Pré-Pupa
Helicobia sp. Sarcophagidae Pré-Pupa
Ooencyrtus sp. Encyrtidae Ovos
Hololepta sp. Histeridae Lagarta

Liberação de Ooencyrtus sp. ocorre através de ovos identificados como


parasitados em laboratório (Figura 16):
• Dose: 30 ovos parasitados/palma.
• Distribuição: cada 5 linhas a cada 5 plantas.

Figura 16 – Ovos de E. cyparissias parasitados por Ooencyrtus sp.


b) Manejo curativo: Identificação, multiplicação e aplicação de entomopatógenos.
(Tabela 12, Figura 17);

Tabela 12 – Entomopatógenos mapeados em pesquisas atacando lagartas E. cyparissias.


Nome científico Classe Estado afetado Praga
Steinernema carpocapsae Nematóide Lagarta Eupalamides

Figura 17 – Lagartas de E. cyparissias infectadas por Steinernema carpocapsae.

c) Manejo curativo: Identificação, multiplicação e aplicação de predadores (Tabela


13);

Tabela 13 – Predadores mapeados em pesquisas atacando ovos, lagartas e pupas de E.


cyparissias.
Gênero Família Estado afetado
Odontomachus Formicidae Lagarta
Crematogaster Formicidae Ovos
Pheidole Formicidae Lagarta
Iridomyrmex Formicidae Lagarta
Histeridae Formicidae Lagarta e Pupa

Controle Químico
a) Manejo curativo: Aplicação de inseticida químico registrado para praga e cultura.
• Nível Crítico: Áreas registradas com mais de 30% de cachos brocados e
intensividade de dano classificada no grupo 5;
• As doses dos produtos utilizados e volumes de aplicação devem seguir
recomendações do Responsável Técnico e Bula: atualmente não existe produto
químico registrado para a praga.
2.1.5. Ciclos da praga associado a época e métodos de controle
CALENDÁRIO FITOSSANIDADE 2020 - Gerência de Desenvolvimento Agronômico - Acará
jan/20 jul/20
Nº Se Te Qu Qu Se Sá Do Legenda: Nº Se Te Qu Qu Se Sá Do
1 1 2 3 4 5 Feriados 30 1 2 3 4 5
2 6 8 8 16 10 11 12 Monitoramento Largatas de Eupalamides 31 6 7 8 9 10 11 12
3 13 14 15 16 17 18 19 Coleta de Pupas Eupalamides 32 13 14 15 16 17 18 19
4 20 22 23 23 24 25 26 Captura Adulto Eupalamides 33 20 21 22 23 24 25 26
5 27 28 28 28 31 Liberação Parasitóides para Controle de Ovos de Eupalamides 34 27 28 29 30 31

fev/20 ago/20
Nº Se Te Qu Qu Se Sá Do Nº Se Te Qu Qu Se Sá Do
5 1 2 35 1 2
6 3 4 5 6 7 8 9 36 3 4 5 6 7 8 9
7 10 11 12 13 14 15 16 37 10 11 12 13 14 15 16
8 17 18 19 20 21 22 23 38 17 18 19 20 21 22 23
9 24 25 26 27 28 29 39 24 25 26 27 28 29 30
40 31

mar/20 set/20 7 Independência Brasil


Nº Se Te Qu Qu Se Sá Do Nº Se Te Qu Qu Se Sá Do
9 1 41 1 2 3 4 5 6
10 2 3 4 5 6 7 8 42 7 8 9 10 11 12 13
11 9 10 11 12 13 14 15 43 14 15 16 17 18 19 20
12 16 17 18 12 20 21 22 44 21 22 23 24 25 26 27
13 23 24 25 26 27 28 29 45 28 29 30
14 30 31

abr/20 10 Páscoa out/20 12 N. Senh. Aparecida


Nº Se Te Qu Qu Se Sá Do 20 Compensação Feriado Tiradentes Nº Se Te Qu Qu Se Sá Do
15 1 2 3 4 5 21 Tiradentes 46 1 2 3 4
16 6 7 8 9 10 11 12 47 5 6 7 8 9 10 11
17 13 14 15 16 17 18 19 48 12 13 14 15 16 17 18
18 20 21 22 23 24 25 26 49 19 20 21 22 23 24 25
19 27 28 29 30 50 26 27 28 29 30 31

mai/20 1 Dia do trabalhador nov/20 2 Finados


Nº Se Te Qu Qu Se Sá Do Nº Se Te Qu Qu Se Sá Do 15 Procl. Da República
20 1 2 3 51 1
21 4 5 6 7 8 9 10 52 2 3 4 5 6 7 8
22 11 12 13 14 15 16 17 53 9 10 11 12 13 14 15
23 18 19 20 21 22 23 24 54 16 17 18 19 20 21 22
24 25 26 27 28 29 30 31 55 23 24 25 26 27 28 29
56 30
jun/20 8 Compensação Feriado Corpus Cristi dez/20 25 Natal
Nº Se Te Qu Qu Se Sá Do 10 Corpus Cristi Nº Se Te Qu Qu Se Sá Do
25 1 2 3 4 5 6 7 57 1 2 3 4 5 6
26 8 9 10 11 12 13 14 58 7 8 9 10 11 12 13
27 15 16 17 18 19 20 21 59 14 15 16 17 18 19 20
28 22 23 24 25 26 27 28 60 21 22 23 24 25 26 27
29 29 30 61 28 29 30 31

Figura 18 – Calendário para monitoramento e controle de Eupalamides cyparissias, exemplo polo Acará.
ANEXO II – Status atual e planejamento de execução de controle.

Hectares com a presença da


Polo Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
praga no nível crítico*
MOJU 3.678,3 C+CAT+P C+CAT+P C+P C+P C+P+CAT C+P+CAT C+CAP C+CAP C+CAP C+P+PA C+P+PA C+P+PA
CONCORDIA 10.246,3 C+CAP C+CAP C+P+PA C+P+PA C+P C+P C+P C+P+CAT C+P+CAT C+CAP C+CAP C+CAP
TOME-ACU 8.084,2 C+PA C+PA C+P C+P C+P C+P C+P C+P+CAT C+P+CAT C+CAP C+CAP C+CAP
VERA CRUZ 2.397,0 C+PA C+PA C+P C+P C+P C+P C+P C+P+CAT C+P+CAT C+CAP C+CAP C+CAP

C - Colheita Ciclo Regular 8 dias


P - Ciclo de Poda
PA - Liberação Parasitoide de Ovo
CAT- Coleta de Pupas
CAP - Captura de Adultos
*Levantamentos realizados até setembro/20

Captura de Adultos de Eupalamides


out/20 nov/20 dez/20 jan/21 fev/21
Polo
Área prevista para Área prevista para Área prevista para Área prevista para Área prevista para
Diárias Diárias Diárias Diárias Diárias
Captura de Adultos Captura de Adultos Captura de Adultos Captura de Adultos Captura de Adultos

MOJU - - - - - - - - - -
CONCORDIA 5.871,4 294 5.871,4 294 5.871,4 294 5.871,4 293,6 5.871,4 294
TOME-ACU 3.054,6 153 3.054,6 153 3.054,6 153 - - - -
VERA CRUZ 863,1 43 863,1 43 863,1 43 - - - -

Coleta de Pupas de Eupalamides


jan/21 fev/21 mai/21 jun/21 ago/21 set/21
Polo
Área prevista para Área prevista para Área prevista para Área prevista para Área prevista para Área prevista para
Diárias Diárias Diárias Diárias Diárias Diárias
Coleta Pupas Coleta Pupas Coleta Pupas Coleta Pupas Coleta Pupas Coleta Pupas

MOJU 3.367,2 337 3.367,2 337 3.367,2 337 3.367,2 337 - - - -


CONCORDIA - - - - - - - - 5.871,4 587 5.871,4 587
TOME-ACU - - - - - - - - 3.054,6 305 3.054,6 305
VERA CRUZ - - - - - - - - 863,1 86 863,1 86
2.2. Rhynchophorus palmarum

2.2.1. Descrição dos ciclos biológicos

Fase Ovo – 2 a 5 dias


São de cor branco-creme tornando-se creme à
medida que avança até a eclosão. Formato elíptico
e superfície lisa, são ovopositados de forma
individual e colocados em orifícios feitos pela
fêmea com o rostro (bico) a uma profundidade de
4,5 mm, depois são tampados com uma substância
pastosa de cor café.
Fase Larval – 45 a 70 dias
Possui corpo segmentado, nos primeiros instares é
de cor branca passando a creme durante o seu
desenvolvimento. Pode chegar a medir de 4,5 a 6,0
cm nos últimos instares. A fase de larva passa por 9
a 10 instares. Quando cessa o crescimento, inicia-
se a construção de um casulo com as fibras da
planta, dentro do qual se transforma em pupa.

Fase Pupa – 25 a 45 dias


Tamanho médio de 5 cm se formam dentro de um
casulo construído com as fibras da planta, dentro
do qual se transforma em pupa e posteriormente
em inseto adulto. O adulto ao emergir
permanece alguns dias no interior do casulo até o
total endurecimento do tegumento.

Fase Adulto – 60 a 95 dias


Os adultos são de hábitos diurnos, maior atividade
nos horários crepusculares. São atraídos por
tecidos em decomposição em média,
sendo que o macho vive cerca de 127 dias e a
fêmea cerca de 45 dias, pondo, aproximadamente,
105 ovos (4,2 ovos/dia). A proporção entre machos
e fêmeas é de 1:0,85.

Hábito alimentar
Formam galerias nas bases dos pecíolos foliares,
pedúnculo dos cachos e na região meristemática
em plantas que estão afetadas por podridões.

Ciclo total – 132 a 215 dias


2.2.2. Danos e Importância Econômica
O dano direto é causado pelo ataque das larvas que se alimentam das bases dos
pecíolos das folhas, pedúnculo dos cachos e da região meristemática em plantas que estão
afetadas por podridões. O adulto R. palmarum é atraído pela fermentação dos tecidos
danificados pelas podridões, se tornando locais adequados para sua reprodução. Uma
população de três larvas é suficiente para causar a morte de uma planta de seis meses de
idade. O dano indireto se dá pelo nematoide, Bursaphelenchus cocophilus, causador da
enfermidade anel vermelho, a qual ocasiona abortamento de cachos e morte da planta.
Esta doença é transmissível a outras plantas, sendo o adulto do R. palmarum o principal
vetor, que pode adquirir o B. cocophilus quando chega para se alimentar de uma planta já
contaminada ou, durante os estágios larvais, quando o inseto completa seu ciclo biológico
dentro das plantas colonizadas (Figura 19).
A principal medida de controle e monitoramento do R. palmarum é a utilização de
armadilhas, contendo atrativos alimentícios (cana de açúcar e/ou melaço) e feromônio,
para fazer a captura massal da praga. De forma geral o monitoramento populacional da
praga nos permite a escolha do nível do manejo a ser aplicado e a eficiência dele, o qual é
capaz de aumentar o número de insetos capturados e reduzir os casos de anel vermelho.

A) B)

Figura 19 – Danos causados por R. palmarum. A) dano direto causado pelos imaturos. B)
danos indiretos causados pelos adultos.

2.2.3. Metodologia de amostragem para determinação do Nível Crítico


O monitoramento é o principal componente do manejo de R. palmarum. É fundamental
acompanhar a variação no número de indivíduos ao longo do tempo e definir as áreas
críticas, sendo estas informações relevantes para a administração das medidas de controle.
• Dimensionamento armadilhas no plantio
o 1 armadilha para cada 50 hectares para monitoramento:
▪ Quando não se conhece a população do inseto.
o 1 armadilha para cada 20 hectares para monitoramento:
▪ Quando houver incidência de AF na parcela menor que 2%
e/ou quando a média de insetos por armadilha for menor ou
igual a 3.
o 1 armadilha para cada 10 hectares:
▪ Quando houver incidência de AF na parcela entre 2% e 4%
e/ou quando a média de insetos por armadilha estiver entre
4 a 10 e/ou quando há ocorrência de 10 plantas/parcela por
Anel vermelho, manter as armadilhas ativas por 3 meses ou
até a redução do número de novos casos da doença.
o 1 armadilha para cada 05 hectares:
▪ Quando houver incidência de AF na parcela maior ou igual a
5% e/ou quando a média de insetos por armadilha estiver
entre 11 a 20 e/ou quando há ocorrência de 5 a 10
plantas/parcela por Anel vermelho, manter as armadilhas
ativas por 3 meses ou até a redução do número de novos
casos da doença.
o 1 armadilha para cada 03 hectares:
▪ Quando houver incidência de AF na parcela maior ou igual a
5% e/ou quando a média de insetos por armadilha for maior
ou igual a 21 e/ou quando há ocorrência de mais 5
plantas/parcela por Anel vermelho, manter as armadilhas
ativas por 3 meses;

• Dimensionamento armadilhas nas parcelas com divisa com mata


o 1 armadilha para cada 200 metros, disposta nas bordas das matas.

• Confecção armadilhas para captura de Rhynchophorus palmarum


o Preparo melaço:
▪ Diluir melaço concentrado na proporção 1:2 (melaço: água
limpa) em recipientes com tampa, sem furos;
▪ Misturar lentamente por 4 minutos, até que a mistura fique
visivelmente homogênea;
o Preparo cana-de-açúcar:
▪ Retirar pedaços de cana-de-açúcar com aproximadamente
10 cm de comprimento por 3 diâmetro, tendo peso
aproximado de 60 g por colmo;
▪ Cada balde deve conter a proporção de aproximadamente
400 gramas de cana para cada 300 ml de mistura de água +
melaço;
o Elaboração e instalação (Figura 20):
▪ Utilizar armadilhas tipo baldes com tampa com capacidade
mínima de 10 litros;
▪ Fazer uma abertura cilíndrica de 6 a 8 cm de diâmetro na
tampa do balde. Deixar com o formato de um telhado em
ângulo de 45° para evitar entrada excessiva de água e
impedir a saída dos insetos. Deve garantir área de pouso
ao inseto e permitir sua entrada, mas evitar sua saída.
▪ Abrir orifícios por toda lateral do balde, sem exceder 3
mm de diâmetro. Os furos devem começar a uma altura de
10 cm da base do balde.
▪ Colocar no fundo do balde 300 ml da mistura de água e
melaço 7 colmos de cana-de-açúcar;
▪ Pendurar o feromônio com arame liso na tampa balde, entre
a lateral e a entrada da armadilha, sem contato ou
proximidade com o fundo ou lateral dela;
▪ Dispor a armadilha entre plantas no chão;
▪ Deve-se realizar um furo na tampa do sachê para permitir
saída do feromônio volatilizado, no caso de feromônios que
utilizam embalagens Eppendorf;
▪ O feromônio deve ser trocado a cada 3 meses, ou conforme
recomendação do fabricante (eficiência do produto);

Figura 20 – Modelo armadilhas para controle e monitoramento de R. palmarum.

2.2.4. Manejo para controle e prevenção de Rhynchophorus palmarum

Controle Cultural
a) Manejo preventivo:
• Planta Daninhas: A ocorrência de plantas invasoras, em especial aquelas que
favorecem o sombreamento excessivo do palmar, contribuem para diminuir a
entrada de luz ao redor das plantas, criando condições favoráveis para instalação e
permanência da praga nas parcelas. O controle de plantas invasoras através de
manejo químico e/ou mecânico deve ser realizado a cada 3 meses.
• Identificação e eliminação precoce das plantas detectadas como mortas por
anomalias desconhecidas e/ou pela doença anel vermelho, para evitar a atração da
praga e disseminação, realizar a eliminação química 3 dias após a identificação
dessas plantas. O sucesso dessa medida de controle requer monitoramentos
fitossanitários rotineiros, a cada 30 dias.

Controle Etológico
a) Manejo curativo:
Captura de adultos: A principal medida de controle é a utilização de armadilhas para fazer
a captura massal da praga. Mediante os possíveis danos causados pela praga é de suma
importância executar e manter a periodicidade do monitoramento e manutenção das
armadilhas a cada 30 dias.
o Dimensionamento armadilhas no plantio para controle de R.
palmarum
▪ 1 armadilha para cada 10 hectares:
• Quando há ocorrência de 5 plantas/parcela por Anel
vermelho, manter as armadilhas ativas por 3 meses
ou até a redução do número de novos casos da
doença.
▪ 1 armadilha para cada 5 hectares:
• Quando há ocorrência de 5 a 10 plantas/parcela por
Anel vermelho, manter as armadilhas ativas por 3
meses ou até a redução do número de novos casos
da doença.
▪ 1 armadilha para cada 03 hectares:
• Quando há ocorrência de mais 5 plantas/parcela por
Anel vermelho, manter as armadilhas ativas por 3
meses ou até a redução do número de novos casos
da doença.

Controle Biológico
a) Manejo curativo: Identificação, multiplicação e liberação de parasitoides (Tabela
14);

Tabela 14 – Parasitoides usualmente encontrados em plantios de palma de óleo e fase da


praga controlada.
Nome científico Família Estado afetado
Paratheresia menezesi Tachinidae Pupa
Parabilaea rhynchophorae Tachinidae Pupa
Paratheresia brasiliensis Tachinidae Pupa

b) Manejo curativo: Identificação, multiplicação e aplicação de entomopatógenos.


(Tabela 15, Figura 21);

Tabela 15 – Entomopatógenos mapeados em pesquisas atacando adultos R. palmarum.


Nome científico Classe Estado afetado
Beauveria bassiana Fungo Adulto
Metarhizium sp. Fungo Adulto

Figura 21 – Adultos de R. palmarum mortos por Beauveria bassiana.


2.2.5. Ciclos da praga associado a época e métodos de controle
B) Anomalias

1. Principais anomalias de ocorrência na Biopalma

1.1. Amarelecimento Fatal

1.1.1. Descrição

Anomalia de etiologia desconhecida que pode causar perda da produção e algumas situações
levar à morte da planta. Existem diferentes classificações para os níveis de infecção do distúrbio.
Souza et. al. (2000) consideram uma escala de notas para diferentes graus de severidade variando de
1 a 10. O grau 1 caracteriza-se por um amarelecimento dos folíolos basais das folhas jovens, que já
mostram um tom verde pálido, os sintomas na folha flecha são visíveis a partir do grau 2 quando o
processo de murcha das flechas tem início, nos graus mais avançados nota-se uma necrose
generalizada das folhas mais novas e da flecha, podendo a planta secar em sua totalidade, que seria
a último nível de severidade, grau 10. Pesquisadores da FEDEPALMA consideram as escalas de 1 a 6
para classificarem a doença em estágios de infecção. A caracterização do Amarelecimento Fatal Grau
1 é quando lesão abrange até 19% das flechas, no grau 2 o dano ocupa de 20 a 39% da flechas, no
grau 3 a lesão afeta 40 a 59% das flechas, nestes três estágios de infecção geralmente não ocorre
abortamento dos cachos e inflorescências e as próximas folhas podem apresentar uma coloração
amarelada Os graus mais avançados afetam de 60 a 100%, geralmente apresentam abortamento de
cachos e inflorescências e as folhas próximas às flechas tornam-se amareladas, seguidas de necrose,
no grau 4 a lesão abrange de 60 a 79% das flechas, no grau 5 a necrose ocupa 80 a 90% das flechas
e no grau 6 as flechas são afetadas totalmente.
De moda geral o AF tem seus primeiros sintomas notados na folha ainda no estágio de flecha,
que são pequenas lesões necróticas que se apresentam na parte interna das flechas. Estes danos vão
aumentando e tomando as características de podridões. Paralelamente ao surgimento destes pontos
necróticos, as folhas (3, 4, 5 e 6) que estão localizadas no primeiro anel de folhas, podem ou não
apresentar uma coloração amarelada e seca dos folíolos rudimentares Os sintomas mais avançados
são caracterizados pela necrose total da folha flecha, que em algumas plantas, pode atingir o
meristema central levando à mesma a morte (Figura 22). Casos menos severos de AF não levam a
morte das plantas e muitos dendezeiros afetados recuperaram-se e apresentam produtividades
próximas a do normal, mesmo voltando a desenvolver novos sintomas da doença. Apesar de se
classificar em níveis de infecção a síndrome que afeta os dendezeiros, a não determinação da causa
do amarelecimento fatal por meio de uma comprovação de que à mesma seja de causa biótica ou
abiótica continua sendo um desafio para os pesquisadores e produtores.
A) B) C)

Figura 22 – Sintomatologia da síndrome do Amarelecimento Fatal. A) lesão na folha flecha. B) lesões


necróticas das folhas do terço superiores. C) amarelecimento das folhas do terço superior

Palmas afetadas pela síndrome do AF se recuperam naturalmente, entretanto, algumas ações


podem ser utilizadas como ferramenta para acelerar a recuperação e reduzir o impacto na perda de
produtividade, tais como: cirurgia, reforço nutricional, drenagem, limpeza do palmar e etc. O
processo de recuperação dependerá das características da doença (sintomas leves ou graves), do
manejo agronômico e das condições climáticas.

1.1.2. Etiologia

1.1.2.1. Causa biótica

a) Entomologia
Segundo Celestino Filho et al. (1987), em seu levantamento de insetos em lavouras com AF
no Amapá em comparação ao Pará, relataram ocorrência de AF em áreas cobertas por gramínea e
por puerária, concluindo que o tipo de cobertura não influencia a ocorrência e distribuição de AF.
Celestino Filho et al. (1993), realizando inventário de insetos em dendezais afetados por AF e
dispersando-os em dendezais sadios, não encontraram relação entre as 533 espécies de homópteros
e 111 de hemípteros encontrados. Diversos outros estudos e levantamentos foram conduzidos nesta
linha, sugerindo diferentes espécies de insetos como suspeitos, mas sem proporcionar provas
conclusivas. Dentre os quais, pode-se citar Van Slobbe (1988), Louise (1990) e Embrapa (1989).

b) Fitoplasma
Brioso et al. (2005) avaliaram por meio de PCR mais de 100 amostras de plantas com AF,
porém encontraram presença de fitoplasma em apenas quatro, número considerado pequeno por
vários pesquisadores. Van Slobbe (1991) relatou que em teste histoquímico com uso de DAPI (corante
específico para DNA que atua como sonda fluorescente) realizado na Denpasa em mais de 1.000
amostras de dendezeiros sadios e doentes, todos os resultados foram negativos. Foram enviadas
amostras de plantas com AF para a Universidade de Bonn, Alemanha, e não foi detectada a presença
de fitoplasma.

c) Fungos e bactérias
Silva (1989) coletou amostras de plantas doentes, obtendo 26 isolados de fungos e 7 de
bactérias que foram inoculados em plantas jovens e adultas, porém não obtiveram resultados
positivos na reprodução do postulado de Koch. Continuando estudos de isolamento de fungos e
bactérias de plantas com AF e inoculações em plantas sadias, Silva (1989) identificou que plantas em
bom estado de nutrição e vigor, quando inoculadas, não apresentavam sintomas de AF, enquanto
que plantas (de viveiro) que vinham recebendo inoculações a cada 3 meses durante um ano e foram
podadas com retirada de 70% das folhas, apresentaram sintomas de AF 3 meses após a poda. Os
microrganismos mais testados (mais suspeitos) foram Fusarium sp., Pythium sp., Phytophthora sp.,
Erwinia sp., Pseudomonas sp. e nematóides não-identificados, todavia, sem apresentarem resultados
satisfatórios quanto à transmissão da doença. Trabalhos de isolamentos mensais e inoculações
quinzenais foram realizados durante um ano sem obtenção de resultados satisfatórios.
Van Slobbe (1988) injetou com pistola três soluções fungicidas: Benomyl visando ao controle de
Fusarium sp.; Metalaxyl + Folpet de Phytophthora sp.; e Fessetil + Alumínio. Entretanto, nenhum
tratamento teve sucesso na indicação de um possível patógeno.
A Denpasa também realizou trabalhos visando identificação do agente causal, testando
tratamentos com fungicidas, incluindo benomyl, ridomyl, aliette, vitamax, antibióticos
(oxitetraciclina, estreptomicina e formalina) e inseticidas, aplicados em plantas sadias e com AF, os
quais não propiciaram nenhum efeito curativo ou profilático. Testou-se também a aplicação de
becemil, um produto usado para tratamento animal, com efeito fungicida, bactericida e viricida
(Boari, 2008). Boari (2008) relata que houve isolamento de fungos e bactérias patogênicas
provenientes de tecidos da parte aérea do dendezeiro por diversos pesquisadores, sem sucesso na
reprodução do postulado de Koch.

d) Vírus e viróides
Diferentes pesquisadores de instituições nacionais e internacionais atuaram na tentativa de
identificação de vírus e viróides ocasionando Amarelecimento Fatal em palma de óleo, realizando
testes de métodos de transmissão mecânica, microscopia eletrônica de transmissão e eletroforese
bidimensional (Boari, 2008). Trindade et al., (2005) realizaram testes de transmissão mecânica
através da introdução de ferramentas cortantes em plantas com AF, subsequentemente
introduzindo-as em plantas sadias. Ainda foram realizados testes de extratos de palmas para palmas
sadias, de palmas para plantas indicadoras de vírus e de raízes, estipe e ráquis de plantas com AF
para plantas indicadoras de vírus. Nenhuma das transmissões mecânicas obteve sucesso aparente.
Kitajima (1991) observou tecidos de raízes, folhas e flechas de plantas sadias e com AF
utilizando microscopia eletrônica de transmissão, porém não encontrou nenhum patógeno, incluindo
fitoplasmas, espiroplasmas e fitomonas. Comparando amostras a partir de folhas de dendezeiro com
e sem AF, utilizando protocolo de purificação viral, Lin (1989) encontrou em plantas com AF a
presença de macromoléculas com coeficientes maiores que os observados em amostras sem AF. Em
1990, ao repetir o ensaio, Lin não conseguiu obter o mesmo resultado anterior, descartando sua
conclusão anterior. Os pesquisadores Singh et al., (1989) avaliaram 130 amostras de folhas e raízes
submetidas à eletroforese detectaram presença de ácidos nucléicos patogênicos, que indica um
organismo do tipo vírus ou viróide poderia estar associado ao AF. Todavia, nas últimas 70 análises, os
resultados obtidos não foram satisfatórios, o que reduz a possibilidade de o agente causal ser estes
tipos de organismos. O fato de não ocorrer transmissão por meio de ferramentas, meio mais eficiente
de transmissão de vírus e viróides, corrobora com a baixa probabilidade destes agentes serem
causadores da doença.

e) Pólen e proteínas
Análises temporais de casos de AF indicam possível disseminação ao longo do vento
predominante. Em virtude destes resultados, levantou-se a possibilidade de a transmissão da doença
ocorrer via pólen contaminado. Elaborou-se um ensaio de polinização assistida durante 17 meses,
em que foram polinizadas 89 plantas sem sintomas, isoladas das doentes e polinizadas com pólen de
plantas com AF. Não foram obtidos resultados satisfatórios. Lin (1990), comparando o padrão
proteico de extratos de plantas com e sem AF utilizando eletroforese em gel de poloacrilamida,
encontrou presença de dez bandas de proteínas com peso molecular que variaram de 31 kDa a 91
kDa, todavia, ambas não apresentaram nenhuma diferença qualitativa aparente.

f) Nematóides
Silva (1996) e Ferraz (2001) relatam terem encontrado diferentes espécies de nematoides em
solo de plantio de palma e em diferentes tecidos de plantas com Amarelecimento Fatal. Todavia,
afirmam que as espécies encontradas não possuem forma efetivamente parasita que possam ser
causa primária de ocorrência do AF.

g) Doença Infecciosa
Van De Lander (1999) utilizaram a geoestatística para analisar a variação espacial da doença
em plantações do Suriname. Os resultados por eles obtidos foram compatíveis com a hipótese de a
doença ser infecciosa, sendo disseminada pelo vento, visto que a disseminação da doença se dava
no sentido dos ventos predominantes da região.

1.1.2.2. Causa abiótica


Silva (1989) observou que áreas de maior ocorrência de AF coincidiam com manchas de solo
de características poucos desejáveis para a agricultura, por serem ora excessivamente arenoso,
compactos, afloramento de laterita ou sujeitas a alagamentos periódicos em decorrência de má
drenagem.
Douglas Laing em 2012 apontou a acidificação progressiva dos solos cultivados e considerou
que este poderia ser um dos fatores mais críticos para o declínio da saúde das raízes e da rizosfera
em sistemas intensivos, ele discute que a deficiência transitória de cálcio (Ca) tem um papel
primordial na causa do AF. Estudos realizados por Cenipalma demonstram que a ocorrência de alta
saturação de alumínio ocasiona avanço de AF com maior rapidez quando comparado com solos com
menor saturação de alumínio. Duff (1963) aponta a bactéria saprofítica Erwinia lathyri como agente
causal do AF, este autor e Silva et. al. (1996) indicam que as palmeiras afetadas estão subnutridas e,
por conseguinte, não estão saudáveis antes da invasão dos micro-organismos saprofíticos
responsáveis pela podridão dos tecidos apicais da planta. Já Alvaro Acosta e Fernando Munévar
(2013) sugerem que o AF seja causado por um complexo de organismos fúngicos e seu
desenvolvimento é regulado pelas interações entre a planta, patógenos e meio ambiente.
Bergamin et. al. (1998) concluíram que a condição do AF é abiótica na natureza, porque o
distúrbio não está em conformidade com qualquer padrão estabelecido, nem quanto à aparência,
nem quanto ao crescimento dos focos, mas houve maior presença de palmeiras sintomáticas nas
margens dos córregos, ou seja, a distribuição espaço-temporal não possui padrão característico de
doenças fitopatogênicas. No Brasil as pesquisas acerca da causa do AF vêm sendo discutida por Boari
(2008), mas ainda não há solução eficaz, apenas indícios que apoiam os estudos realizados por Laing
(2012).
Diversas pesquisas já foram realizadas relacionando características físicas e hídricas do solo
com a ocorrência do AF (RODRIGUEZ, et. al., 2000; CHINCHILLA, 2008) e das possíveis
interações entre as características físicas com as características químicas do solo nos dendezais
(MUNIZ, et. al., 2011), entretanto, os resultados não foram conclusivos, apenas indicativos de que
áreas com reduzida drenagem e próximas a cursos de água possuem maior incidência de plantas com
sintomas de AF. As condições físico-hídricas do solo e sua relação com a incidência do
amarelecimento fatal e estado nutricional da palma de óleo também vem sendo estudadas por
Teixeira et. al. (2010). Estudos recentes com o objetivo de identificar mudanças nos perfis protéicos
em plantas de dendê afetadas pelo amarelecimento fatal sugerem que as mudanças nos fatores
abióticos proporcionam o desenvolvimento da doença e a exposição das plantas em condições
anaeróbicas permite um ambiente favorável para o estabelecimento de agentes patogênicos
oportunistas sendo estes os responsáveis pelo declínio da planta afetada (NASCIMENTO et. al., 2018).
As hipóteses abióticas também são reafirmadas por Sá et. al., 2018, que com a finalidade de avaliar
a forma de disseminação da síndrome do Amarelecimento Fatal notou ausência de padrões
epidemiológicos, que caracterizem o aparecimento e o crescimento do AF, sugerindo o envolvimento
de fatores não bióticos na caracterização da doença.

1.1.3. Classificação
Atualmente o departamento de Fitossanidade classifica as características da síndrome do
Amarelecimento Fatal (AF) em 6 (seis) tipos: Dano na Flecha (DNF), Amarelecimento Fatal Grau 1
(AFG1), Amarelecimento Fatal Grau 2 (AFG2), Amarelecimento Fatal Grau 3 (AFG3), Podridão de
Flecha (PF), Podridão Severa de Flecha (PSF).
O início pode ser caracterizado pelo aparecimento de danos nas flechas sem aspecto de podridão,
sendo apenas parte da flecha afetada e não apresentam amarelecimento das folhas. Estes danos
podem ser causados por insetos ou atrito com outras folhas durante o seu crescimento, classificado
como DNF (Figura 23).

Figura 23 – Sintomatologia da síndrome do Amarelecimento Fatal. Anomalia Dano na Flecha: Lesões


sem aparência de podridões.

O Grau 1 é caracterizado por apresentar amarelecimento das folhas jovens (folhas do terço
superior), acompanhado de secamento dos folíolos rudimentares, flechas sem podridão, presença
de danos ocupando até 20% das flechas (Figura 24).
Figura 24 – Sintomatologia da síndrome do Amarelecimento Fatal. Anomalia Amarelecimento Grau
1: Flechas sem podridões, danos ocupando até 20% das flechas e secamento dos folíolos
rudimentares.

O Grau 2 é caracterizado por apresentar amarelecimento das folhas jovens (folhas do terço
superior), acompanhado de secamento de folíolos, flechas com podridão ocupando de 40 a 60% das
flechas (Figura 25).

Figura 25 – Sintomatologia da síndrome do Amarelecimento Fatal. Anomalia Amarelecimento Grau


2: Flechas com podridões, danos ocupando de 40 a 60% das flechas.

O Grau 3 é caracterizado por apresentar amarelecimento das folhas jovens (folhas do terço
superior), acompanhado de secamento de folíolos, flechas com podridão ocupando mais de 60% das
flechas, podendo apresentar abortamento dos cachos e inflorescências (Figura 26).
Figura 26 – Sintomatologia da síndrome do Amarelecimento Fatal. Anomalia Amarelecimento Grau
3: Flechas com podridões, danos ocupando mais de 60% das flechas.

O PF é caracterizado por não apresentar amarelecimento das folhas jovens, porém as flechas
apresentam podridão afetando até 50% das flechas (Figura 27).

Figura 27 – Sintomatologia da síndrome do Amarelecimento Fatal. Anomalia Podridão de Flecha:


Flechas com podridões afetando até 50% das flechas.

O PSF é caracterizado por não apresentar amarelecimento das folhas jovens, porém as flechas
apresentam podridão afetando mais de 50% das flechas (Figura 28).

Figura 28 – Sintomatologia da síndrome do Amarelecimento Fatal. Anomalia Podridão Severa de


Flecha: Flechas com podridões afetando mais de 50% das flechas.

Apesar de não se conhecer qual o fator externo que predispõe o surgimento do AF é possível,
com adequado manejo agronômico, prevenirmos as altas incidências da enfermidade e evitar perdas
na produção. Não se deve entender como manejo do AF o emprego de uma única ação, mas sim um
conjunto de ações adequadas de manejo agronômico e fitossanitário e o processo de recuperação
dependerá das características da doença (sintomas leves ou graves), do manejo agronômico da
cultura e das condições climáticas. Práticas como a drenagem de áreas sujeitas a alagamentos,
mesmo que temporários, são alternativas para promover o declínio da doença, uma vez que
trabalhos recentes apontam que falta de oxigenação nas raízes permite um ambiente favorável para
o estabelecimento de agentes patogênicos oportunistas sendo estes os responsáveis pelo progresso
da enfermidade. A adição de adubos com propriedades que estimulam o desenvolvimento radicular
também deve ser um manejo a ser adotado, visto que o uso constante do solo leva a sua acidificação
e este pode ser um fator propulsor para o declínio da saúde das raízes e da rizosfera, o que causa a
deficiência temporária de alguns elementos químicos essenciais para o desenvolvimento da planta,
proporcionando condições adequadas para o estabelecimento de microrganismos oportunistas. A
literatura atual não apresenta perdas esperada para o ataque de AF, porém na prática é comum
afirmar que plantas afetadas por AF terão sua produção comprometida por 12 (doze) meses.

1.1.4. Técnicas de Manejo

1.1.4.1. Revisão Fitossanitária


É fundamental revisar mensalmente o estado fitossanitário do plantio para que se possa
identificar precocemente a ocorrência da anomalia, efetuando-se o registro dos dados para
conhecimento de áreas de risco, facilitar o planejamento das atividades e reportar o estado do plantio
e as ações realizadas. Identificar palmas enfermas em estágio inicial aumenta a possibilidade de
recuperação das plantas após ação.

1.1.4.2. Nutricional e de Solo


O balanço nutricional, mais que aplicação de um único elemento, contribui para a obtenção e
manutenção de plantas sadias. Deve-se garantir que a palma receba os diferentes nutrientes que
necessita, na quantidade que necessita, balanceados e no momento que necessita, para desenvolver
eficientemente todos seus processos metabólicos. O programa nutricional deve contemplar análise
de solo e de material vegetal, identificação do tipo de solo, material genético plantado e ano de
plantio, objetivando a aplicação de nutrientes suficientes para suprir as necessidades vegetativas e
produtivas da planta. Uma planta bem nutrida e manejada é vigorosa e possui menor riscos de
ocorrência de anomalias em geral. O desbalanço nutricional e manejo agrícola inadequado predispõe
a palma a adquirir, entre outras doenças e anomalias, o Amarelecimento Fatal, gerando situações de
estresse que facilitam a entrada e desenvolvimento de microrganismos. A deficiência de boro se
manifesta com a presença de folhas e folíolos curtos. Um sintoma similar se observa em algumas
palmas afetadas por AF, especialmente quando apresentam novas emissões foliares. A deficiência de
magnésio pode deixar a palma mais susceptível a infecção. Alta saturação de alumínio ocasiona
desenvolvimento deficiente de raízes e fixação de fósforo, tornando-o indisponível à planta e baixa
disponibilidade de nutrientes, como cálcio, magnésio e potássio. Como consequência, ocasiona
plantas com desbalanço nutricional.
Em parcelas com incidência de AF menor que 3%, deve ser aplicado tratamento individual em
cada planta afetada: 500g de NPK formulação de desenvolvimento vegetativo (10-07-22 com 3% de
MG 0,6% de B e 5% de S). Parcelas com incidência maior ou igual a 5% serão tratadas por inteiro.
Além do manejo nutricional do plano de fertilização tradicional, o tratamento de plantas com AF
consistirá na aplicação adicional de:
• 320 kg de NPK formulação de desenvolvimento vegetativo (10-07-22 com 3% de MG 0,6% de
B e 5% de S) por hectare;
• 2 kg de Silício (Si 75%) por hectare;
• 150 g de Boro por planta;
• 30 toneladas por hectare de composto orgânico (cachos vazios, fibra, etc.)
A utilização de adubos adicionais deve levar em consideração que que o excesso de N foliar e
baixos conteúdos de K aumentam a suscetibilidade da planta. Estabelecer níveis de K foliar próximos
a 1,4% de acordo com a idade do plantio (Potássio foliar variando de 1,2% a 1,6%) e relação N/K
próxima a 1,85.
1.1.4.3. Plantas Invasoras
A ocorrência de plantas invasoras, em especial aquelas que são potenciais hospedeiros de
enfermidades, são fatores de risco que exigem manejo. Estas plantas também contribuem para
aumentar a umidade relativa ao redor das plantas, criando condições favoráveis para patógenos e
desfavoráveis à planta. Deve-se realizar o controle de plantas invasoras através de manejo químico
ou mecânico, regularmente. Em áreas com incidência de AF, não utilizar herbicidas à base de glifosato
(Roundup original®, Roundup Transorb®, etc.).

1.1.4.4. Palmas Espontâneas


Deve-se eliminar todas as ocorrências de palmas espontâneas no plantio para reduzir as fontes
de inoculo e de plantas hospedeiras ao(s) organismo(s) responsáveis pela enfermidade ou aos insetos
associados a ela. Palmas espontâneas são aquelas que se desenvolvem como resultado de não
realização da atividade de recolhimento de fruto solto ou quando se executa colheita com ciclo
extenso, ocasionando excessivo desprendimento. Deve-se eliminar as palmas espontâneas com
herbicida (não utilizar herbicidas à base de glifosato) ou cortando-as desde a raiz – não se deve cortar
no coleto ou estipe, pois ocorre rebrota.

1.1.4.5. Drenagem
Deve-se evitar que alagamentos no plantio, especialmente durante as épocas de maior
precipitação. Os alagamentos podem ocorrer de forma superficial ou em decorrência de níveis de
lençol freático altos. O estresse ocasionado pelo excesso de água aumenta a probabilidade de
aparição da enfermidade, além de reduzir as possibilidades de recuperação das palmas e servir de
meio de disseminação e de reprodução de microrganismos-praga. Deve-se realizar estudos
topográficos, incluindo estudos planialtimétricos e altimetria das parcelas. Assim, é possível
identificar os pontos altos e baixos dentro dos lotes para implementar adequadamente ferramentas
de drenagem. Implementar uma rede de poços de observação do nível os lençóis freáticos para
observar as flutuações e determinar as parcelas que a água permanece acima de 50 centímetros de
profundidade no solo. Deve-se elaborar um estudo de drenagem realizado por professional
especialista, para determinação de quantidade, profundidade e densidade dos drenos. Um bom
sistema de drenagem contribui a reduzir os riscos de ocorrência da doença ou de facilitar a
recuperação das palmas tratadas. Complementando o estudo de drenagem, deve-se contar com
informações de velocidade de infiltração da água e resistência da penetração no solo, a fim de
determinar os níveis de compactação.

1.1.4.6. Poda
Palmas identificadas com Amarelecimento Fatal não deverão ter folhas sadias retiradas, exceto
por folhas já em senescência (secas). A intenção é maximizar o número de folhas fotossinteticamente
ativas para melhorar as condições de recuperação destas plantas, limitando os danos causados e a
remoção de estruturas sanas.

1.1.4.7. Corte de flecha


A cirurgia como a prática pela qual tecidos afetados são removidos, auxilia a acelerar a
recuperação das plantas. Todavia, se ao realizar uma cirurgia muitas folhas são removidas, esta
prática perde seus efeitos benéficos. Portanto, cirurgias devem ser realizadas com muito cuidado e
critérios muito bem definidos, de modo a não afetar demais a folhagem da palmeira.
Esta prática visa eliminar o inoculo, removendo tecidos danificados até encontrar tecido saudável.
No entanto, em casos de sintomas severos, existe o risco de o corte ficar muito próximo ao
meristema, causando graves danos à planta. Neste caso, a cirurgia é mais prejudicial do que a doença,
por isso é necessário definir uma altura limite para remoção. Por enquanto, manter o nível da
primeira coroa de cachos formados (aproximadamente folha 17) como o local mais baixo até o corte
de tecidos doentes. A essa altura, muitas vezes ainda há tecidos afetados, uma condição que se
manifestará na qualidade da folha em recuperação. Geralmente uma única cirurgia bem-feita é
suficiente. Não é necessário fazer retratamento de plantas em recuperação cujas novas folhas
demonstrem ausência de sintomas da doença, estas se recuperarão sozinhas. Depois disso, as
palmeiras tratadas estarão sob observação através das revisões. Caso algumas das plantas tratadas
emitam flechas que sequem novamente ou sofram necrose com dano profundo, então se justifica
uma nova cirurgia. O corte dos tecidos danificados é realizado com o objetivo de acelerar o processo
de recuperação. Toda planta que não recebe tratamento adequado e no menor tempo, média de 15
(quinze) dias entre a observação e o tratamento, pode ter sua produção atrasada em 12 (doze)
meses, porém se as plantas receberem tratamento adequado podem ter este período encurtado
para 8 (oito) meses a partir da última ocorrência. Uma planta é considerada como recuperada,
quando possuir 16 (dezesseis) novas folhas saudáveis, emitidas após a cirurgia ou o ataque da
doença.
Imediatamente após a cirurgia, aplicar inseticida do grupo químico pirazol registrado para a
cultura, na concentração de 0,5%, e dose de 100 ml da mistura por palma ou o suficiente para tornar
os tecidos completamente molhados. O inseticida é usado para prevenir a colonização de pragas em
especial o Rhynchophorus palmarum. Para poder acompanhar esta aplicação, é conveniente
adicionar um corante orgânico, como a rodamina, ao inseticida.

1.2. Marchitez sorpresiva

1.2.1. Descrição
A Marchitez sorpresiva (MS) doença também conhecida pelos nomes de “cedros wilt” e “hart
rot”. O nome sorpresiva se dá a rapidez da evolução da enfermidade a partir dos primeiros sintomas
que ocorre nas folhas baixeiras se estendendo até as folhas de nível 9 e 17 leva de 15 a 20 dias,
posteriormente causando a morte da planta em menos de 60 dias. Os sintomas são descritos por
degeneração e morte das raízes, descoloração de cor “café” dos folíolos e secamento progressivo das
folhas começando pelo ápice do folíolo e ápice da folha e progredindo rapidamente das folhas
baixeiras até as folhas superiores, perda do brilho dos frutos, abortamento de cachos e
inflorescências e posterior morte da planta (Figura 29). Não existe evidências nas literaturas que
plantas diagnosticadas por MS tem recuperação. Esta enfermidade é mais prevalente em plantações
onde não se realiza boas práticas de manejo, especialmente a ausência do controle de gramíneas. A
identificação de plantas com suspeitas de MS também pode ser confirmada através da visualização
microscopia dos protozoários flagelados em diferentes tecidos da planta, especialmente nas raízes.
Figura 29 – Sintomas externos de Marchitez sorpresiva. A) secamento das folhas baixeiras. B) descoloração
de cor “café” das iniciando pelas pontas dos folíolos. C) perda do brilho natural do cacho. D) abortamento
de frutos.

1.2.2. Etiologia

O primeiro registro dessa enfermidade foi no Suriname e posteriormente na Colômbia, Equador


e Peru. Esta doença está associada a presença do protozoário flagelado do gênero Phytomonas,
identificado como Phytomonas staheli (Mc Ghee 1980), no floema das raízes das plantas afetadas.
Os flagelados identificados na palma possuem tamanho aproximado de 15-20 X 0,5-1,0 micras (Figura
30). Eles não se encontram distribuídos uniformemente na planta, podem ser encontrados em alguns
vasos vasculares e está ausente em outros.
Os sintomas da doença são amplamente descritos na literatura, porém sua epidemiologia é pouco
conhecida. Este microrganismo já foi identificado causando danos a cultura do café e foram
transmitidos por injeção, porém não foi identificado nenhum vetor nesta cultura. Na palma esta
enfermidade tem como vetor associado insetos da família Pentatomidae, sendo o principal Lincus
sp., existem possibilidades de outros insetos, que normalmente se alojam nas axilas das folhas, serem
vetores da doença. A transmissão desse tipo de patógeno ser por semente seria um evento difícil de
ocorrer, visto que uns dos primeiros sintomas da doença é o abortamento dos cachos, tanto nos
maduros como nos em desenvolvimento, portanto o fruto é desprendido da planta antes que o tecido
seja contaminado pelo protozoário.

Figura 30 – A) flagelado do gênero Phytomonas. B) vetor associado a Marchitez sorpresiva: Lincus


sp.
1.2.3. Técnicas de Manejo

1.2.3.1. Revisão Fitossanitária


A importância de se revisar mensalmente o estado fitossanitário do plantio para identificação de
plantas ainda em estágio inicial da doença, efetuando-se o registro dos dados para conhecimento de
áreas de risco, facilitar o planejamento das atividades, reportar o estado do plantio e as ações a serem
realizadas.

1.2.3.2. Erradicação Precoce


A identificação precoce da doença para futura erradicação é a principal forma de controle, visto
que uma planta afetada por Marchitez ainda não possui tratamento. Identificar palmas enfermas em
estágio inicial diminui a possibilidade de disseminação da doença.

1.2.3.3. Plantas Invasoras


A ocorrência de plantas invasoras, em especial aquelas que são potenciais hospedeiras da doença
(encontradas mais de doze gêneros de plantas hospedeiras entre elas as que produzem látex e
palmas silvestres) e dos insetos vetores (especialmente gramíneas). Deve-se realizar o controle de
plantas invasoras através de manejo químico ou mecânico, regularmente.

1.2.3.4. Drenagem
Deve-se evitar que alagamentos no plantio, especialmente durante as épocas de maior
precipitação. O estresse ocasionado pelo excesso de água aumenta a probabilidade de aparição da
enfermidade servindo de meio de disseminação e de reprodução de microrganismos-praga. Deve-se
realizar estudos topográficos, incluindo estudos planialtimétricos e altimetria das parcelas. Assim, é
possível identificar os pontos altos e baixos dentro dos lotes para implementar adequadamente
ferramentas de drenagem. Deve-se elaborar um estudo de drenagem realizado por professional
especialista, para determinação de quantidade, profundidade e densidade dos drenos.

1.2.3.5. Controle do inseto vetor


A pulverização de inseticidas nas áreas afetadas para promover a redução dos insetos vetores,
utilizando sempre produtos registrados para a cultura e/ou praga. O controle deve ser realizado
sempre que a ocorrência da doença alcançar 1% de incidência nas parcelas.

Quando as medidas de manejo são realizadas, como a identificação e erradicação precoce de


plantas afetadas, drenagem, manejo de plantas invasoras e controle da população dos vetores, a
Marchitez Sorpresiva normalmente é mantida sob controle, sem causar grandes problemas
financeiros.

1.3. Fratura de Copa

1.3.1. Descrição
As Fraturas de copa (FDC) têm seus sintomas mais comumente encontrados no terço superior da
planta, afetando das folhas 0 até a 17. Ocorre o fenômeno de quebra das ráquis das folhas, este
efeito vai aumentando o que irá ocasionar na queda completa das folhas mais novas (Figura 31). Os
sintomas mais avançados são caracterizados pela necrose total das folhas, que em algumas plantas,
pode atingir o meristema central levando à mesma a morte. Casos menos severos de FDC não levam
a morte das plantas, algumas palmas afetadas recuperaram-se naturalmente e apresentam
produtividades próximas a do normal. Plantas afetadas que não passaram por fratura é comum
desenvolver novos sintomas da doença.

Figura 31 – Planta com fratura do terço superior.

Apesar de se conhecer e descrever os sintomas dessa anomalia, não existe determinação fator
conhecido de qual o fator externo que predispõe o surgimento para a causa dessa anomalia. O
manejo das fraturas é composto por um conjunto de ações adequadas de manejo agronômico e
fitossanitário. O processo de recuperação dependerá das características da doença (sintomas leves
ou graves), dos manejos aplicados e condições climáticas.

1.3.2. Etiologia
Anomalia causada pela associação de fatores climáticos e nutricionais. A deficiência temporária
de alguns nutrientes, principalmente no período de maiores chuvas, associados a rajas de vento pode
levar a quebra do terço superior das plantas.
A quebra do terço superior da planta, pode favorecer o acúmulo de água na região danificada,
criando um microclima favorável ao desenvolvimento de diversos microrganismos e estes por sua
vez podem causar podridão do tecido afetado. Algumas hipóteses sugerem que a anomalia pode ser
causada por: solos mal drenados, causando encharcamento e posterior deficiência transitória de
alguns nutrientes com forte indicação para o cálcio (Ca) e boro (B) como nutrientes limitantes. Estas
mudanças alteram a estrutura celular das plantas, deixando os tecidos mais vulneráveis a quebras.
As fraturas também podem ser causadas por impacto físico de maquinários ou queda de árvores
sobre a parte superior da planta. Outro processo que pode favorecer as fraturas das plantas é
acentuado em condições de estresse hídrico, onde há o acúmulo de folhas flechas, deixando a planta
mais suscetível durante ocorrência de ventos muito fortes.

1.3.3. Técnicas de Manejo

1.3.3.1. Revisão Fitossanitária


É fundamental revisar mensalmente o estado fitossanitário do plantio para que se possa
identificar precocemente a ocorrência da anomalia, efetuando-se o registro dos dados para
conhecimento de áreas de risco, facilitar o planejamento das atividades e reportar o estado do plantio
e as ações realizadas. Identificar palmas enfermas em estágio inicial aumenta a possibilidade de
recuperação das plantas após ação.

1.3.3.2. Plantas Invasoras


A ocorrência de plantas invasoras que têm a projeção da sua copa acima do plantio, são potencias
para causar a quebra das plantas, quando estas são manejadas ou ocorre queda natural dessas
invasoras. Deve-se realizar o controle de plantas invasoras através de manejo químico ou mecânico,
regularmente conforme manual de manejo integrado de plantas daninhas.

1.3.3.3. Drenagem
Deve-se evitar que alagamentos no plantio, especialmente durante as épocas de maior
precipitação. O estresse ocasionado pelo excesso de água aumenta a probabilidade de surgimento
da anomalia, pois o acúmulo de água no solo pode levar a indisponibilidade de nutrientes deixando
os nutrientes temporariamente indisponíveis para as plantas, sendo estes nutrientes essenciais para
a formação da parede celular. Deve-se realizar estudos topográficos, incluindo estudos
planialtimétricos e altimetria das parcelas. Assim, é possível identificar os pontos altos e baixos dentro
dos lotes para implementar adequadamente ferramentas de drenagem.

1.3.3.4. Corte de Flecha


A cirurgia como a prática pela qual tecidos afetados são removidos, auxilia a acelerar a
recuperação das plantas. Todavia, se ao realizar uma cirurgia muitas folhas são removidas, esta
prática perde seus efeitos benéficos. Portanto, cirurgias devem ser realizadas com muito cuidado e
critérios muito bem definidos, de modo a não afetar demais a folhagem da palmeira.
Esta prática visa remover as folhas quebradas favorecendo o crescimento ascendente das folhas
flechas e evitando o acúmulo de água na região meristemática. No entanto, em casos de sintomas
severos, existe o risco de o corte ficar muito próximo ao meristema, causando graves danos à planta.
Neste caso, a cirurgia é mais prejudicial do que a doença, por isso é necessário definir uma altura
limite para remoção. Por enquanto, manter o nível da primeira coroa de cachos formados
(aproximadamente folha 17) como o local mais baixo até o corte de tecidos doentes. A essa altura,
muitas vezes ainda há tecidos afetados, uma condição que se manifestará na qualidade da folha em
recuperação. Geralmente uma única cirurgia bem-feita é suficiente. Não é necessário fazer
retratamento de plantas em recuperação cujas novas folhas demonstrem ausência dos sintomas da
doença, estas se recuperarão sozinhas. Depois disso, as palmeiras tratadas estarão sob observação
através das revisões. Caso algumas das plantas tratadas emitam flechas que com novas fraturas,
então se justifica uma nova cirurgia. O corte dos tecidos danificados é realizado com o objetivo de
acelerar o processo de recuperação. Toda planta que não recebe tratamento adequado e no menor
tempo, média de 15 dias entre a observação e o tratamento, pode ter sua produção atrasada em 24
meses, porém se as plantas receberem tratamento adequado podem ter este período encurtado
para 8 meses a partir da última ocorrência. Uma planta é considerada como recuperada, quando
possuir 16 novas folhas saudáveis, emitidas após a cirurgia ou ocorrência da anomalia.
Imediatamente após a cirurgia, aplicar inseticida do grupo químico pirazol registrado para a
cultura, na concentração de 0,5%, e dose de 100 ml da mistura por palma ou o suficiente para tornar
os tecidos completamente molhados. O inseticida é usado para prevenir a colonização de pragas em
especial o Rhynchophorus palmarum. Para poder acompanhar esta aplicação, é conveniente
adicionar um corante orgânico, como a rodamina, ao inseticida.

1.3.3.5. Nutricional e de Solo


Deve-se garantir que a palma receba os diferentes nutrientes que necessita, na quantidade que
necessita, balanceados e no momento que necessita, para desenvolver eficientemente todos seus
processos metabólicos. O programa nutricional deve contemplar análise de solo e de material
vegetal, identificação do tipo de solo, material genético plantado e ano de plantio, objetivando a
aplicação de nutrientes suficientes para suprir as necessidades vegetativas e produtivas da planta. O
desbalanço nutricional e manejo agrícola inadequado predispõe a palma a adquirir, doenças e
anomalias.
Em parcelas com incidência de FDC menor que 5%, deve ser aplicado tratamento individual em
cada planta afetada: 500g de NPK formulação de desenvolvimento vegetativo (10-07-22 com 3% de
MG 0,6% de B e 5% de S). Parcelas com incidência maior ou igual a 5% serão tratadas por inteiro.
Além do manejo nutricional do plano de fertilização tradicional, o tratamento voltado para reduzir as
incidências de FDC consistirá na aplicação adicional de:
• 320 kg de NPK formulação de desenvolvimento vegetativo (10-07-22 com 3% de MG 0,6% de
B e 5% de S) por hectare;
• 150 g de Boro por planta;
A utilização de adubos adicionais deve levar em consideração que que o excesso de N foliar e
baixos conteúdos de K aumentam a suscetibilidade da planta. Estabelecer níveis de K foliar próximos
a 1,4% de acordo com a idade do plantio (Potássio foliar variando de 1,2% a 1,6%) e relação N/K
próxima a 1,85.

1.4. Podridão basal úmida

1.4.1. Descrição
Os sintomas na folhagem são muito semelhantes aos observados na Marchitez Sorpresiva:
desenvolvimento de uma cor marrom-avermelhada nas pontas dos folíolos começando nas pontas
das folhas baixeiras, em poucos dias, as folhas superiores também são afetadas, iniciam com
amarelecimento e depois adquirem uma tonalidade marrom-acinzentada. A flecha também pode
apodrecer em um estágio inicial, assim como alguns cachos. Ao contrário da Marchitez sorpresiva,
foram observadas plantas com sintomas avançados da doença onde não há podridão generalizada
dos cachos. Com o progresso da doença ocorre a liberação de exsudatos espessos e fétidos que pode
ser produzido lateralmente na parte basal do estipe. A infecção continua em direção ao bulbo basal
por algumas raízes centrais e quando atinge esta área se espalha rapidamente, causando podridão
generalizada. Todo o parênquima é destruído e apenas as fibras e uma estreita área de tecido
aparentemente saudável permanecem próximos à periferia do estipe. A podridão é comumente
úmida iniciando com coloração amarelada depois adquirindo tons escuros (Figura 32). A morte da
planta pode ocorrer em 3-4 semanas.
Figura 32 – Planta com podridão basal úmida.

1.4.2. Etiologia
Esta doença é produzida por bactérias que penetram através de feridas feitas nas ráquis e/ou
raízes das plantas afetadas.

1.4.3. Técnicas de Manejo

1.4.3.1. Revisão Fitossanitária


É fundamental revisar mensalmente o estado fitossanitário do plantio para que se possa
identificar precocemente a ocorrência da anomalia, efetuando-se o registro dos dados para
conhecimento de áreas de risco, facilitar o planejamento das atividades e reportar o estado do plantio
e as ações realizadas. Identificar palmas enfermas em estágio inicial aumenta a possibilidade de
recuperação das plantas após ação.

1.4.3.2. Erradicação Precoce


A identificação precoce da doença para futura erradicação é a principal forma de controle, visto
que uma planta afetada por podridão ainda não possui tratamento para recuperação da planta.
Identificar palmas enfermas em estágio inicial diminui a possibilidade de disseminação da doença.

1.4.3.3. Pulverização
Como medida preventiva a aplicação inseticida do grupo químico pirazol registrado para a cultura,
na concentração de 0,5%, e dose de 100 ml da mistura por palma ou o suficiente para tornar os
tecidos completamente molhados, para prevenir a colonização de pragas em especial Rhynchophorus
palmarum. Não é necessário tratamento adicional nas plantas circunvizinhas, pois a doença
aparentemente não ocorre quando não há dano prévio ao sistema radicular.

1.5. Podridão basal seca tipo cortiça ou podridão de estipe seca

1.5.1. Descrição
Normalmente, as plantas infectadas não apresentam sintomas externos visíveis e a produção e
amadurecimento dos cachos são aparentemente normais, até que se desenvolva uma extensa
podridão na base do trono, período em que se formam os corpos frutíferos externos do fungo, que
aparecem como uma crosta, primeiro acinzentada e depois preto. A lesão interna no tronco é
marrom claro, com muitas faixas pretas estreitas, correspondendo a pseudosclerotia, que pode estar
associada a um micélio esbranquiçado. O tecido ganha textura semelhante a cortiça e é
extremamente leve, com destruição total das fibras. A área de avanço é difusa ou claramente limitada
por uma faixa estreita marrom-escura de tecido aparentemente saudável. Apesar da lesão extensa
na base da palma, o progresso é muito lento no tronco. Em alguns casos, e quando os sintomas estão
muito avançados, algumas das folhas mais velhas podem dobrar-se na base (pecíolos) e permanecer
verdes por algum tempo. Estas plantas podem apresentar amarelecimento das folhas jovens e
intermediárias que geralmente quebram na parte do ráquis (Figura 33).

Figura 33 – Sintomas associados a podridão basal seca tipo cortiça.

1.5.2. Etiologia
Esta doença é causada por um fungo cosmopolita e sua importância é secundária na América
tropical. O fungo Ustulina deusta (Sphaeriales, Xylariaceae) é principalmente um saprófito em
decomposição de madeira e provavelmente ataca apenas palmeiras que foram previamente
estressadas, como é o caso em terrenos inundáveis.

1.5.3. Técnicas de Manejo

1.5.3.1. Revisão Fitossanitária


É fundamental revisar mensalmente o estado fitossanitário do plantio para que se possa
identificar precocemente a ocorrência da anomalia, efetuando-se o registro dos dados para
conhecimento de áreas de risco, facilitar o planejamento das atividades e reportar o estado do plantio
e as ações realizadas. Identificar palmas enfermas em estágio inicial aumenta a possibilidade de
recuperação das plantas após ação.

1.5.3.2. Cirurgia
A cirurgia consiste na prática pela qual tecidos afetados são removidos, auxiliando na
recuperação das plantas.

1.5.3.3. Pulverização
Como medida preventiva a aplicação de inseticida do grupo químico pirazol e fungicidas cúpricos,
ambos com registro para a cultura, na concentração de 0,5%, e dose de 100 ml da mistura por palma
ou o suficiente para tornar os tecidos completamente molhados, para prevenir a colonização de
pragas em especial Rhynchophorus palmarum. Não é necessário tratamento adicional nas plantas
circunvizinhas, pois a doença aparentemente não ocorre quando não há dano prévio ao sistema
radicular.

1.5.3.4. Erradicação
Quando a infestação está muito avançada, ou seja, maior que 0,5%, se recomenda a eliminação
das plantas enfermas.

1.6. Podridão basal seca

1.6.1. Descrição
Esta doença foi observada pela primeira vez em 1959 na Nigéria, em uma plantação onde até
70% das plantas apresentavam sintomas. Na América, a chamada podridão basal seca não tem
importância e só esporadicamente causa a morte de algumas palmeiras.
Na base do caule das plantas doentes, desenvolveu-se uma necrose generalizada de tecidos secos
e escuros. A infecção aparentemente começa nas raízes ou nas folhas inferiores. Uma podridão seca
e cor marrom-clara, na base do caule em palmeiras adultas. A quebra de folhas ou podridão
prematura do cacho geralmente não ocorre. Casos isolados aparecem esporadicamente e muitas
plantas afetadas não morrem, mas a infecção no tronco para e a planta continua a produzir frutos e
mantém a folhagem aparentemente normal. Na base do tronco, forma-se uma cavidade geralmente
grande à medida que os tecidos internos se desintegram e se destacam das partes saudáveis. As
raízes adventícias às vezes se formam acima desta cavidade. Em algumas ocasiões, observa-se que
toda a parte central do tronco se desintegrou e apenas uma fina camada da periferia do tronco
permanece saudável. Embora essa desintegração dos tecidos possa abranger um metro ou mais da
base do tronco, a planta não morre e permanece assim por meses ou anos. Em muitas ocasiões é
fácil notar que esta cavidade basal no tronco se forma após o desenvolvimento de uma população
de larvas de Rhynchophorus palmarum nesta região, para a qual é um erro atribuir a podridão a
Ceratocystes sp

Figura 34 – Sintomas associados a podridão basal seca.

1.6.2. Etiologia
O fungo Ceratocystes sp. está associado a esses sintomas, é basicamente um saprófito
habitante comum dos solos, por isso é evidente que o ataque a uma planta ocorre devido a algum
tipo de predisposição.
1.6.3. Técnicas de Manejo

1.6.3.1. Revisão Fitossanitária


É fundamental revisar mensalmente o estado fitossanitário do plantio para que se possa
identificar precocemente a ocorrência da anomalia, efetuando-se o registro dos dados para
conhecimento de áreas de risco, facilitar o planejamento das atividades e reportar o estado do plantio
e as ações realizadas. Identificar palmas enfermas em estágio inicial aumenta a possibilidade de
recuperação das plantas após ação.

1.6.3.2. Pulverização
Como medida preventiva a aplicação de inseticida do grupo químico pirazol e fungicidas cúpricos,
ambos com registro para a cultura, na concentração de 0,5%, e dose de 100 ml da mistura por palma
ou o suficiente para tornar os tecidos completamente molhados, para prevenir a colonização de
pragas em especial Rhynchophorus palmarum. Não é necessário tratamento adicional nas plantas
circunvizinhas, pois a doença aparentemente não ocorre quando não há dano prévio ao sistema
radicular.

1.6.3.3. Erradicação
Quando a infestação está muito avançada, ou seja, maior que 0,5%, se recomenda a eliminação
das plantas enfermas.

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