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Universidade Santa Cecília

Programa de Pós Graduação Lato-Sensu

Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho – Turma:44

Camila da Silva Ferreira

Cássio Fernando de Souza Leung

Francisco Adriano Vicente

Paulo Henrique Martins do Nascimento

Vinícius Teixeira Silva

Análise do Novo Texto da NR-12

Segurança do Trabalho em Máquinas e Equipamentos

Santos/SP

2020
1. Introdução

As Normas Regulamentadoras relativas à segurança e medicina do trabalho,


tem obrigatoriedade de cumprimento pelo empregador desde que o mesmo
possua empregados regidos pela Consolidação das Leis trabalhistas – CLT.
Foram criadas pela Lei Nº 6514 de 1977 e foram aprovadas pela Portaria Nº
3214 de 08 de junho de 1978 pelo antigo Ministério do Trabalho.

Vieram para detalhar e dar um formato final as leis de Segurança e Medicina


do trabalho presentes no capítulo V da CLT – Consolidação das Leis do
Trabalho, de modo a normatizar, unificar e facilitar as normas de segurança
brasileiras.

As NR´s são elaboradas e modificadas por Comissão Tripartite Paritária


Permanente - CTPP contando com representantes dos empregados (na figura
de sindicatos), empregadores (na figura por exemplo da CNI – Comissão
Nacional da Indústria) e do governo (representado pela Secretaria do Trabalho
ou algum outro órgão governamental como a FUNDACENTRO). Essa
comissão discute as mudanças buscando melhorias que serão revisadas e
então publicadas pelo Diário Oficial da União.

Figura 1 - Processo de criação/alteração das NR´s


As deliberações da CTPP são tomadas majoritariamente por consenso, caso
não haja consenso a matéria é decidida pela Secretaria do Trabalho, ouvida a
Subsecretaria de Inspeção do Trabalho, já foram publicadas mais de 150
portarias para criação/revisão das normas regulamentadoras.

Dentre as normas, a NR -12 Seguranças do Trabalho em Máquinas e


Equipamentos, trata sobre definir referências técnicas, princípios fundamentais
e medidas de proteção para resguardar a saúde e a integridade física dos
trabalhadores e estabelece requisitos mínimos para a prevenção de acidentes
e doenças do trabalho nas fases de projeto e de utilização de máquinas e
equipamentos, e ainda à sua fabricação, importação, comercialização,
exposição e cessão a qualquer título, em todas as atividades econômicas, sem
prejuízo da observância do disposto nas demais NR´s aprovadas pela Portaria
MTB n.º 3.214, de 8 de junho de 1978, nas normas técnicas oficiais ou nas
normas internacionais aplicáveis e, na ausência ou omissão destas,
opcionalmente, nas normas Europeias tipo “C” harmonizadas, conforme o item
12.1.1 Disposições Gerais da NR 12.
2. Objetivo

O novo texto da NR 12 foi publicado no dia 30/07/2019 pela Secretária Especial


de Previdência de Trabalho na Portaria Nº 916, saindo no Diário Oficial da
União no dia subsequente.

Este trabalho tem como objetivo realizar análise das mudanças provocadas
pelo novo texto, verificando impactos na segurança e medicina do trabalho,
além da importação e exportação de máquinas e equipamentos pelas
empresas Brasileiras. Pontuando se as mudanças trarão melhorias na
fiscalização pelos Auditores fiscais do trabalho e na implantação pelas
empresas na figura do SESMT – Serviço Especializado em Segurança e
Medicina do Trabalho e da CIPA – Comissão interna de Prevenção de
Acidentes.
3. Alterações do Novo Texto

Do ponto de vista da segurança e medicina do trabalho a NR continua com seu


foco na integridade física e na saúde do trabalhador, tendo alterações em
burocracias e detalhamentos que a tornavam o antigo texto custoso para as
empresas sem acrescentar grandes ganhos nas questões de segurança.

Os seguintes pontos foram levantados como as principais alterações da nova


NR 12:

3.1 Soluções técnicas alternativas de Segurança

No item 12.1.1 da norma temos o seguinte texto:

12.1.1 Esta Norma Regulamentadora - NR e seus anexos definem referências


técnicas, princípios fundamentais e medidas de proteção para resguardar a
saúde e a integridade física dos trabalhadores e estabelece requisitos mínimos
para a prevenção de acidentes e doenças do trabalho nas fases de projeto e de
utilização de máquinas e equipamentos, e ainda à sua fabricação, importação,
comercialização, exposição e cessão a qualquer título, em todas as atividades
econômicas, sem prejuízo da observância do disposto nas demais NR´s
aprovadas pela Portaria MTB n.º 3.214, de 8 de junho de 1978, nas normas
técnicas oficiais ou nas normas internacionais aplicáveis e, na ausência ou
omissão destas, opcionalmente, nas normas Europeias tipo C harmonizadas.

A inclusão da possibilidade de utilização das Normas Europeias tipo C


harmonizadas permite que a gama de soluções técnicas existentes seja
amplificado de modo que a engenharia de segurança possa aplicar a melhor
solução possível dentro de uma vasta possibilidade levando em consideração
as características especificas do ambiente de trabalho e também os custos
nessa implantação, de certa forma a empresa ganha mais possibilidade de
“manobra” o que é muito benéfico para elas.

Ao mesmo tempo entre as normas brasileiras ABNT, as internacionais ISO e as


Europeias EN (podendo ter origem em diversos países diferentes como
Alemanha, França etc.), para uma mesma máquina ou equipamento duas
empresas diferentes, ou ainda, dois SESMT´s diferentes podem enxergar
possibilidades de montar os dispositivos de segurança de formas
completamente únicas, dessa forma a NR ao permitir uma gama maior de
opções acaba por dificultar o trabalho dos fiscais e autores do trabalho na hora
de realizar as inspeções/fiscalizações de segurança.

Essa dificuldade se da por muitas normas diferentes, com itens diversos


apresentando detalhes e comportamento de segurança específicos tendo o
autor fiscal que estar a parte de uma grande quantidade de informações
técnicas diferentes, não só dificultando, mas também atrasando os laudos de
segurança.

3.2 Importação e Exportação de Máquinas e Equipamentos

Uma das grandes mudanças é na importação e exportação de máquinas e


equipamentos, o antigo texto da NR 12 exigia que máquinas importadas
fossem adequadas de modo a estarem de acordo com a norma brasileira.
Desta forma as empresas mesmo adquirindo máquinas e equipamentos da
melhor qualidade vendidos pelas grandes fabricantes mundiais e mesmo que
estes cumprissem e estivessem de acordo com normas internacionais de
segurança a empresa brasileira era obrigada a realizar as adequações antes
de colocar a máquina para trabalhar.

Essa adequação além de custo extra ainda fazia com que a garantia fosse
perdida, trazendo onerações extras caso viesse a apresentar defeitos no curto
prazo.

Na parte da exportação as máquinas e equipamentos comprovadamente


destinados à exportação estão isentos do atendimento dos requisitos técnicos
de segurança previstos nesta NR, conforme item 12.1.3. Assim empresas
fabricantes brasileiras conseguem produzir atendendo as normas
internacionais, ou ainda, de algum país específico comprador sem acrescentar
custos possíveis devido a exigências da NR12, tornando as empresas ainda
mais competitivas no mercado internacional de máquinas e equipamentos.

3.3 Ergonomia

O antigo texto tinha 10 itens que ia dos 12.94 até o 12.104, falando
especificamente de ergonomia detalhando questões de conforto, iluminação,
ritmo de trabalho e dimensionamento dos postos de trabalho. A nova NR no
item 12.9 coloca toda a responsabilidade e as exigências necessárias para o
cumprimento da ergonomia na NR 17.

Assim a NR 12 deixa de fazer um detalhamento que já existia em outra NR,


podendo focar na sua concepção que é a Segurança para Máquinas e
Equipamentos, ao mesmo tempo em que reforça a importância da NR 17 –
Ergonomia. Importância que já está sendo consolidada com o novo texto da NR
01 com a criação do Programa de Gerenciamento de Risco – PGR buscando
mapear riscos físicos, químicos, biológicos, de acidentes e ergonômicos.

Essa mudança também torna as NR´s mais interligadas e interdependes.

3.4 Ferramentas Portáteis

As ferramentas portáteis e ferramentas transportáveis (semiestacionárias),


operadas eletricamente, que atendam aos princípios construtivos estabelecidos
em norma técnica tipo C (parte geral e específica) nacional ou, na ausência
desta, em norma técnica internacional aplicável.

3.5 Máquinas e Equipamentos Usados

O antigo texto de 2010 acabava colocando prazo de validade em todas as


máquinas e ferramentas construídas antes da sua data de publicação, na nova
NR Máquinas fabricadas em observância às exigências das normas técnicas
existentes à época da sua fabricação e que atendam, no mínimo, os princípios
de segurança não precisam ser adequadas às novas obrigações decorrentes
de normas publicadas posteriormente à sua fabricação. Por exemplo, se
determinada máquina foi fabricada em 2012 e seus sistemas de segurança
seguiram as obrigações vigentes à época, ainda que tenham sido publicadas
novas obrigações em textos posteriores, a máquina será considerada em
conformidade com o texto atual da NR 12.

Assim empresas tem diminuição de custos de ter que se desfazer de máquinas


boas, que foram construídas de acordo com a segurança da época de
fabricação, além do processo de comercialização de equipamentos usados
voltarem a ser uma prática possível para as empresas a fim de economizar e
cortar gastos.
Sendo esse comércio “paralelo” realizado pela internet em páginas como
Mercado Livre e OLX, além do tradicional boca a boca entre empresas
parceiras ou entre prestadores de serviço.

3.6 Outras mudanças

Capacitação e treinamento deverão ocorrer durante a jornada de trabalho e


com carga horária definida pelo empregador, além disso, pode ser ministrado
por trabalhadores habilitados ou qualificados ou capacitados, mudando em
relação a anterior em que era necessário trabalhador legalmente habilitado.

Substituíram a palavra “não pode ser burlada” por “dificultar a burla”, mudança
positiva do ponto jurídico para as empresas já que a impedição total de burla é
altamente complicada e custosa e mesmo uma análise minuciosa pode passar
despercebida, dessa forma um equipamento bem construído, instalado com
todas as medidas de segurança caso o operador venha a de alguma forma
burlar tudo isso a empresa fez o que manda a norma que é dificultar essa
burla.

Antiga norma falava sobre instalações elétricas das máquinas e na nova foi
substituído por circuitos de potência e comando, assim como na parte de
ergonomia já citada neste trabalho, esta é mais uma mudança na linha da NR
12 focar exclusivamente naquilo a que foi concebida fazendo apenas a parte
dos comandos de acionamento e parada das maquinas e ficando a instalação
elétrica para a NR 10 e normas técnicas pertinentes.

Neste caso mais uma vez pode-se ver a inter-relação entre as NR´s e sua
interdependência sendo enfatizadas, de modo que cada uma “cuide” da sua
área.

4. Influência da Lei 13.429

Com a nova Lei 13.429 de 31 de Março de 2017, fica mais fácil para o
empregador contratar empregados temporários para suprir necessidades
pontuais ou extraordinárias não previstas, desta forma a quantidade de
funcionários da empresa pode flutuar com entrada e saída de pessoas, que
precisam as designadas para máquinas e equipamentos, serem capacitadas
conforme a NR-12 prevê. As novas exigências do treinamento não
necessitarem de trabalhador legalmente habilitado facilitam essa situação.

Outro ponto é que foi ampliado o campo de atuação das terceirizadas, podendo
o empregador contratar uma empresa especializada para a implantação da NR-
12 em seu negócio, economizando tempo e orçamento.
5. Conclusão

Conclui-se que o novo texto vem para facilitar e ajudar as empresas a continuar
exercendo um bom trabalho com custos menos onerosos, sempre mantendo o
foco na saúde e integridade física do trabalhador.

De acordo com a Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da


Economia aponta que a revisão da NR-12 poderá reduzir até R$ 43,4 bilhões
em custos para o agregado da indústria, refletindo em aumento entre 0,5% e
1% da produção industrial. Isso implica em maior volume negociado entre
empresas, entre fornecedores, movimentando a economia do país gerando
novas oportunidades e postos de trabalho.

Nota-se também uma preocupação da norma em ser o mais objetiva possível


focando em seus objetivos primários e aumentando a correlação entre as
normas jurídicas e as normas técnicas.
6. Bibliografia

NR 12 – Segurança do trabalho em máquinas e equipamentos

Enit – Escola Nacional da Inspeção do Trabalho

https://sit.trabalho.gov.br/portal/index.php/ctpp-nrs/nr-12?view=default
Acessado em 27/08/2020 às 15:31 horas.

SESI

https://www.sesi-ce.org.br/blog/a-nova-nr-12-principais-alteracoes/
Acessado em 27/08/2020 às 15:58 horas.

Informativo da Confederação Nacional da Indústria

https://conexaotrabalho.portaldaindustria.com.br/media/publication/files/RT%20I
nforma%20N.%2023%20-
%20Novo%20texto%20da%20NR%2012%20e%20quadro%20comparativo.pdf
Acessado em 27/08/2020 às 16:18 horas.

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