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Director: NUNO MOURINHA https://www.facebook.com/brados.

alentejo

1018
Ano XCI - 3ª Série

27 de Janeiro a 9 de Fevereiro 2022


QUINZENÁRIO (sai às quintas-feiras) 0,90 Euro (IVA incluído)

LEGISLATIVAS

“Surto” de alojamento local


Lemos os
programas
eleitorais.
Estremoz?
Nem vê-lo!
POLÉMICA

Barrista
queixa-se de
exclusão

ESTREMOZ

Orçamento
aprovado
sem votos
contra
Distrito de Évora com 194 novos projetos turísticos, 17 dos quais em Estremoz

Barragens
cheias...
de sede!
2 27 JANEIRO 2022

editorial
deve ser pública ou cada um faz importantes desafios pela frente esquerda-centro-direita, forças
as suas economias para a fase e é especialmente relevante para democráticas/antidemocráticas.
NUNO MOURINHA alinhado final da vida? Se analisarmos as
posições assumidas ao longo do
os territórios menos povoados a
existência de governações muni-
Falou-se no modo como os par-
tidos encaram as respostas de
tempo podemos declarar que as cipais e intermunicipais capazes pagamentos na saúde, da susten-
governações do PS e do PSD têm de construir estratégias, dialogar tabilidade da segurança social pú-
pontos em comum e áreas signi- e gerar entendimentos com o go- blica versus a tendência para pri-
ficativamente distintas. Por exem- verno central e um governo cen- vatizar, da economia-finanças, ....
JOSÉ ALBERTO FATEIXA
plo ao decidir a construção da bar- tral que queira priorizar ações e Lamento que por exemplo ques-
ragem de Alqueva o PS marcou intervenções nas zonas do interior tões como a coesão social e ter-
O VOTO CONTA, um futuro diferente com a criação despovoado. ritorial, a natalidade, a educação, a
VAMOS TODOS VOTAR!!! de reservas de água fundamen- A campanha foi esclarecedora? cultura, o património, o emprego,
tais, novas abordagens agrícolas e Penso que não ficaram claras as a habitação ou Portugal no mundo
“ALENTEJO – CONHECE-TE Os partidos são todos iguais? o reforço do potencial turístico da razões da rejeição do Orçamento não tenham merecido uma real
E DÁ-TE A CONHECER...” Não os partidos são todos dife- região. Outro exemplo é a moder- por PC e BE que votaram ao lado atenção dos partidos e da comu-
rentes no modo e nas opções nização dos equipamentos escola- da direita e em consequência a nicação social mais preocupada
“Com o auxílio prometido, e para intervir na sociedade e a es- res, de que a nossa terra também possibilidade de ser alterar com com alinhamentos partidários.
temo-lo do melhor e de todo o querda tem prioridades distintas é um bom exemplo quer na escola significado o peso das forças no O meu voto conta para alguma
Alentejo, do que tem vindo e do da direita. Por exemplo a educa- secundária quer nas escolas bási- Parlamento. Se é verdade que a coisa? Devo votar? Claro. Cada
que espontaneamente queira
vir, vontades amigas - “Brados ção devem ser de gestão pública, cas. Ou a melhoria das respostas governabilidade e a estabilidade pessoa tem um voto e todos os
do Alentejo não ficará a bradar privada ou mista? Ou a saúde sociais traduzidas na construção e não são valores absolutos não votos contam do mesmo modo
no deserto – pois que o Alente- deve ser tendencialmente gratui- modernização de equipamentos precisávamos da eleição neste na escolha dos deputados. É fun-
jo não é a heresia d’um deser- ta ou paga pelo utilizador total ou de apoio à população com mais momento e não será positivo vi- damental que cada português ex-
to...”, finalizava assim Marques parcialmente? O financiamento idade com a construção de lares vermos numa permanente inde- presse no voto a sua posição. Não
Crespo, o nosso fundador, a sua da segurança social deve resultar e centros de dia pelo nosso terri- finição de opções e orientações. votar significa colocar na vontade
introdução ao primeiro número. dos descontos feitos ao longo do tório com o envolvimento de ins- As propostas, os debates, as son- expressa dos outros a escolha de
Passados (quase) 91 anos, conti-
nua a ser esta a filosofia que nos tempo por empregadores e em- tituições locais de solidariedade. dagens mostram que a disputa quem deve governar. No dia 30 de
move. O Brados mantém-se um pregados e a gestão dos apoios Apesar do caminho feito temos essencial é PS/PSD, Costa/Rio, janeiro vamos votar.
quinzenário de interesses alente-
janos. Colaborativo para assim
oferecer informação e análise
com rigor e perspetiva própria ao
serviço, sempre, do Povo Alente-
jano. Se há algo que desejamos
que caracterize este jornal é que empedrado ou saibro, como espa- em risco com a instalação de tais da cidade, as portas de Santa
conte o que sucede neste nosso ço de lazer, com mobiliário urbano equipamentos junto de uma es- Catarina, deveria ter-se projectado
Alentejo. e, quiçá, um ponto de cafetaria. trada nacional com trânsito inten- um verdadeiro jardim, quiçá, com
No Brados gostamos de O jardim que está a ser implan- so, criando condições para que um trabalho que mostrasse a con-
manter contacto com os nossos tado naquele espaço é um jardim possam surgir acidentes graves. tinuação da antiga muralha, para
assinantes, que nos têm manti- sui generis, pois, mais não é do É não ter a noção! de lazer e convívio onde as pes-
do vivos durante 91 anos. Bem que um jardim de cimento, com Mas, criar um jardim de cimen- soas pudessem passear e estar,
como com todos os Alentejanos
a quem tentamos dar voz. Por- LUÍS ASSIS a impermeabilização do solo, não to, com impermeabilização do com uma instalação de apoio.
que não há jornal sem noticias. tendo, praticamente, nenhuma solo, contrariando todas as orien- Em vez de uma zona fresca
Não há Brados sem histórias. O JARDIM! árvore, tratando-se mais de um tações camarárias, que o proíbe, e com árvores para diminuir a
Para as podermos contar há espaço de recreio que de jardim. pelo menos aos munícipes priva- temperatura e promover a capta-
que as descobrir. Algo que só é Foi projectado um jardim às Estando este espaço localizado dos é, também, a demonstração ção de CO2, criou-se um espaço
possível ao ingerir-nos com as portas de Santa Catarina, para junto da IP 2, com grande afluên- de uma arrogância e prepotência aberto, cortado por uma estrada
pessoas, escutando-as, obser- recuperação de um espaço no- cia de transito, principalmente de governativa, porque se permite de saída da cidade, aumentando
vando-as. Não há qualquer outro
tipo de artimanha! bre, que anteriormente servia, pesados, que não foi desviado até fazer aquilo que proíbe aos de- a densidade de tráfego junto ao
Foi com o pesado fardo da apenas, para estacionamento de à data para outro percurso, não se mais. mesmo.
responsabilidade que assumi a camiões com atrelado. A ideia da percebe como é que se instalam É que, se se proíbe a imper- O espaço de recreio deveria
direção do Brados. A mudança, recuperação, em si, é uma exce- equipamentos de recreio para meabilização de solos para que ter sido projectado no bairro de
em geral, é assustadora. Não lente ideia, a concretização da crianças e jovens, exactamente, possa haver infiltrações de águas Mendeiros, sem que os jovens e
irá agradar a todos. Ao passar mesma é que é um desastre. junto à estrema do dito jardim nos aquíferos subterrâneos, en- crianças tivessem que atravessar
o testemunho, Inácio Grazina Quando se fala num jardim, a com a IP2. tão porque é que, naquela zona, uma estrada nacional com trânsito
dizia-me “Tens de criar uma ca-
rapaça!” A crítica, desde que noção de qualquer pessoa é que Quando tanto se fala de segu- mais uma, se impermeabiliza a intenso. O jardim sem senso!
construtiva, é um instrumento se trata de um espaço ajardina- rança e protecção de crianças e quase totalidade do solo?
fundamental à evolução do do, com árvores com o chão em jovens, colocam-se as mesmas Numa das entradas monumen- luis-assis@sapo.pt
nosso jornal. Iremos, com toda
a certeza, cometer erros e assu-
mir responsabilidades. Sempre
assim foi!
Iremos apostar em conteúdo
local e regional próprio. Numa
renovada equipa de redação não precisa de rótulos” e o outro e que hoje sustentam a prática que importa é o olhar e o sentir. O
que alia a experiência de quem em novembro, pela Editora Dou- clínica. É o caso de Harry Harlow seu autor apresenta-se como um
(quase) desde o inicio tem vivido
cidadania da Correria: “Poeta Professor de ou de John Bowlby e a sua teoria menino que brinca com as pala-
intensamente o periódico com Educação Física”. da vinculação. Mas o que acen- vras e com a bola.
a irreverencia de uma geração Margarida Crujo, pedopsiquia- tua mais a originalidade da obra Sendo obras muito diferentes,
mais jovem de jornalistas. A in- tra, é autora do primeiro e tem é a introdução, em cada capítulo, na sua forma e no seu conteúdo,
dependência, essa, será a de
sempre! como objetivo abordar questões de um poema relacionado com o ambas se inserem numa tradição
MARIA DO CÉU PIRES
Nunca se deixa de ser Dire- relacionadas com a saúde mental tema tratado. que quase parecia em extinção:
tor do Brados! O cargo é não das crianças. Embora tenha por Mauro Pinto, investigador na a dos/as cientistas poetas. São,
remunerado, vitalício e sem ho- LIVROS base conhecimentos científicos Universidade de Coimbra, é au- para mim, motivo de grande ale-
rário. José Lourenço Marques da área está escrito numa lingua- tor do segundo. Trata-se de um gria: há ainda, no mundo da pres-
Crespo, António Parelho, João Um dos aspetos positivos do gem muito acessível, de modo a livro de poesia, num total de 66 sa, do tédio e do cansaço, da se-
Falcato, André Tavares, José ano de 2021 foi a publicação de cumprir a sua função que é aju- poemas onde muitos mundos se paração e da divisão, quem saiba
Guerreiro, José Sena e Inácio
Grazina estarão sempre presen- bons livros, em todas as áreas, dar pais e outros educadores. cruzam, o da infância, da ciên- fazer ligações, quem saiba que
tes na direção. Uns fisicamente, seja literatura, nos seus diferen- Cada capítulo é acompanhado cia e do futebol. O quotidiano, somos uma totalidade onde tudo
outros na essência do que é o tes estilos, seja ensaio. Como por um ou mais “apontamento na sua banalidade, e ao mesmo se entrelaça e relaciona. Há quem
Brados do Alentejo. Não é cargo leitora comum, gostaria de falar teórico” em que a autora apre- tempo na sua poderosa espessu- entenda o valor das palavras e a
de protagonismo! O nosso tra- de dois desses livros, justifican- senta referências sobre algumas ra, está omnipresente, convidan- forma como, com elas e através
balho é de trincheira. O objetivo: do porque gosto deles. Um de- das investigações mais importan- do a desocultar outros sentidos. delas, nos humanizamos.
fazer o melhor Brados ao nosso les foi publicado em junho, pela tes realizadas por psicólogos e Este livro é bem a prova de que Obrigada, Margarida! Obriga-
alcance!
Editora Manuscrito: “O meu filho psiquiatras durante o século XX, a poesia está em todo o lado, o da, Mauro!
27 JANEIRO 2022
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ESTREMOZ

Brados do Alentejo: retalhos


da vida de um jornal
José Guerreiro e Inácio “Passamos do computador do
Grazina são figuras Sena para um nosso. Comprámos
incontornáveis na vida do máquinas fotográficas (antes, as
fotos eram tiradas com as nossas
Brados. Como dizemos cá máquinas pessoais). Todas as reve-
na casa: uma vez diretor, lações eram feitas pelos Estúdios
diretor para sempre! Correia. Quando mudámos do anti-
go matadouro paras as atuais insta-
lações, continuámos a evoluir. Até
Brados do Alentejo está velhote! fazer o jornal em formato digital”.
Assinalando o 91º aniversário, jun- Houve problemas! “A tipografia
támos dois dos ‘aventureiros’ res- de Évora, não resistiu à evolução
ponsáveis pela sua longevidade. tecnológica. E fechou. Passámos
Encontro repleto de histórias hi- para uma tipografia de Oliveira de
lariantes, momentos difíceis e mui- Azeméis. Que, também, entrou
ta saudade dos companheiros que em falência (e bastante prejudicou
partiram! financeiramente o Brados)!”
Em 1979, José Guerreiro assu- O conteúdo do jornal foi-se mo-
miu a direção do jornal. A redação, dificando. “Perdemos colaborado-
no 18 da Rua do Casco (atual Dr. res em Borba, Vila Viçosa, Sousel
Gomes Resende Jr.), funcionava e mesmo em Estremoz. Por faleci-
na sede da associação dos antigos mento ou desistência. Convidámos
alunos da EICE. Na altura não havia colunistas! Alguns ainda se man-
nenhum jornal cá pelo burgo. têm. Outros foram desistindo. Fo-
O Brados do Alentejo tinha sus- mos evoluindo para um jornal que


pendido a publicação e corria o ris- não desmerece face aos jornais da
co de perder o alvará. Surge a ideia região e do país”, constata.
de adquirir o título. Rapidamente publicidade eram demasiado bai- tempo: Desenvolvimento regional “É certo que nos últimos anos fi-
uma subscrição pública angariou xas. Não nos poderíamos manter e democracia local”. cámos quase limitados a Estremoz.
o montante necessário. O jornal é por muito mais tempo”, recorda. Porém, nunca deixámos de dar in-
entregue à Casa da Cultura. Pediu-me para o substituir “Lá nos safámos! E nunca puse- SÓ POR QUATRO ANOS... formação sobre o que considerá-
Houve criticas (embora tímidas)! mos a hipótese de encerrar. Como mos relevante no Alentejo”.
Sobretudo, a quem vendeu o jor- durante quatro anos... foi não havia ordenados, o único en- Inácio Grazina, começou a co- Ocorreram episódios dramá-
nal. cargo significativo era pagar à grá- laborar no Brados, também em ticos. “A publicidade sempre foi
“A diferença de ser diretor, em até à edição passada!” fica”. 1979. Quando Guerreiro passou o escassa! Há bem pouco tempo,
relação aos dias de hoje, está nos O melhor momento? “Ter a per- testemunho a José Sena, tornou- equacionámos a séria hipótese
recursos tecnológicos que tornam Inácio Grazina ceção que o jornal era importante -se Chefe de Redação. Foi o Sena de encerrar devido a dificuldades
o jornal mais fácil de fazer”, diz para a cidade”! A noticia com mais que lhe pediu que assumisse o financeiras. Felizmente, tivemos re-
José Guerreiro. “Sou do tempo em impacto? “O anúncio da candidatu- cargo. torno da comunidade! Isso deixou-
que ia com o Armando Carmelo ra do diretor do Brados à presidên- Entretanto, o Sena comprou um -nos cheios de orgulho”. Contudo,
para a Tipografia em Évora. As no- cia da Câmara Municipal. Contra as computador. “Imprimíamos as no- os mais devastadores, para Inácio
tícias chegavam-nos em folhas de expectativas de grande parte dos tícias e o jornal ia para a tipografia e equipa de então, foram as mor-
papel (escritas à mão). Passadas ao boa. Pedidas com uma antecedên- leitores que apostavam no Dr. Vés- praticamente montado”, declara tes de companheiros. “Do grupo
tipógrafo, este ia compondo letra cia de vários dias”. Às vezes não tia da Silva”, diz sorridente. orgulhoso! inicial, quatro já partiram. ‘Bagida’,
a letra, linha a linha. Depois saiam chegavam a horas. Lá ficava um Desejos? “Que o Brados ca- “Era uma grande equipa. Entre Sena, Vermelho, Albardeiro…”,
o que eles chamavam ‘linguados’. espaço em branco! minhe para a sustentabilidade outros, o ‘Bagida’, Teodósio, Albar- confidencia pesaroso. “Quero, no
Tirinhas de papel, correspondentes O regresso do Brados foi bem financeira. Sem abdicar dos prin- deiro, Jaleca, Vermelho, o Carlos entanto, lembrar alguém que tem
a colunas de jornal, que íamos co- recebido! “Depois de um grande cípios da independência face aos Alberto… todos a colaborar gratui- sido um pilar essencial no Brados!
lando numa folha em branco com interregno, as pessoas estavam poderes políticos e aos pequenos tamente”, desabafa com nostalgia. O João Jaleca, camarada e amigo
o mesmo formato da página do sedentas de informação. Foi relati- lobbies (que julgam ter influência). Em 1994, José Sena é eleito de longa data”.
Brados. Umas vezes havia texto vamente fácil recuperar a populari- Sem nunca esquecer os grandes presidente da Câmara Municipal. Inácio espera que no futuro, “o
a mais, outras a menos! Para que dade do jornal. O contexto nacional problemas do concelho e região”. “Pediu-me para o substituir durante Brados continue a adaptar-se aos
tudo desse certo, o diálogo era per- era favorável… toda a gente queria Mantendo sempre a filosofia do quatro anos... foi até à edição pas- tempos. Se mantenha atento e
manente com o tipógrafo”. notícias”. jornal: “Seguir a linha de orienta- sada!”, diz com um sorriso. atuante como até agora!”
Mau era quando havia imagens! Houve bons e maus momentos. ção do fundador, Marques Crespo, Nesse período o jornal evoluiu
“Eram zincogravuras, feitas em Lis- O pior? Em 1980! “As receitas de com as atualizações próprias do tecnologicamente. JOÃO OLIVEIRA VIEIRA

“Brados do Alentejo”, propriedade, edição e administração: Casa da Cultura de Estremoz - Associação sem Fins Lucrativos; Presidente Dr. João Carlos
de Oliveira Vieira. Sede - Rua Bento Jesus Caraça, 2 - 7100-104 Estremoz; Contribuinte nº 500880026; Nº de Registo do Título: 105111. Nº de Depósito legal:
290686/09. Fundador: José Lourenço Marques Crespo; Director: Nuno Mourinha. Directora-Adjunta: Ana Luísa Delgado (C.P. 2663). Chefe de Redacção:
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Albino, Rui Lopes (natação). Colunistas: José Alberto Fateixa, Luís Assis, Maria do Céu Pires, Velez Correia. Fotografia: Hugo Francisco. Arranjo Grá-
fico e Paginação: Dina Correia. Expedição: João Jaleca. Secretaria de Redacção/Administração: Hugo Murteira Francisco. Contabilidade: Castro
Galego, Lda. Impressão: FIG - Indústrias Gráficas, S.A. - Rua Adriano Lucas - 3020-430 COIMBRA - Telef: 239 499 922 - Fax:239 499 981- email: fig@fig.
pt. Redacção, Administração e Publicidade: Rua Bento de Jesus Caraça, 2 - 7100-104 Estremoz – Telef: 268323112 Fax: 268323112.

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Os textos assinados não expressam, necessariamente, a opinião do Corpo Redactorial. Não nos comprometemos com a publicação de textos não solicitados.
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B.A. nº 1018 de 27.01.2022


ESTREMOZ

Assembleia Municipal
orçamento sem votos
3/2022
DE CONFORMIDADE COM O DISPOSTO NOS N.os 1 E 2 DO ART.º 56.º DO ANE-
XO I À LEI N.º 75/2013, DE 12 DE SETEMBRO, TORNAM-SE PÚBLICAS AS DELI-
BERAÇÕES TOMADAS PELA CÂMARA MUNICIPAL NA SUA REUNIÃO DE 12 DE
JANEIRO DE 2022.

A Câmara deliberou o seguinte:

* Por unanimidade, aprovar a Ata n.º 27/2021, relativa à reunião ordinária da Câmara
Municipal realizada no dia 29/12/2021;

* Por unanimidade, ao abrigo das alíneas g), o) e u) do n.º 1 do artigo 33.º do Anexo I à
Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro, o seguinte:
- autorizar a retirada da cláusula de reversão que consta no prédio urbano descrito na
Conservatória do Registo Predial de Estremoz sob o número 2375/20010607, Fregue-
sia de Santa Maria, propriedade da “Cerciestremoz - Cooperativa para a Educação e
Reabilitação de Cidadãos Inadaptados, C.R.L.”, uma vez que o Lar Residência já está
construído e a funcionar;
- doar o terreno com a área total de 2.092,40m², inscrito na matriz predial urbana sob o
artigo 3520 da União das Freguesias de Estremoz (Santa Maria e Santo André) e regis-
tado na Conservatória do Registo Predial de Estremoz sob o número 3475/20110706,
Freguesia de Santa Maria, à “Cerciestremoz - Cooperativa para a Educação e Reabi-
litação de Cidadãos Inadaptados, C.R.L.”, contribuinte fiscal n.º 500436568, com sede
na Quinta de Santo Antão, em Estremoz, para expansão do Lar Residência. O referido
prédio deverá ser anexado ao prédio urbano descrito na Conservatória do Registo Pre-
dial de Estremoz sob o número 2375/20010607, Freguesia de Santa Maria e inscrito
na matriz predial urbana sob o artigo 3412, União das Freguesias de Estremoz (Santa
Maria e Santo André), propriedade da “Cerciestremoz - Cooperativa para a Educação e
Reabilitação de Cidadãos Inadaptados, C.R.L.”; Após mais de duas horas de mentar a eficácia e eficiência dos serviços
- seja atribuído a esta doação o valor de 225.065,44€, correspondente ao valor patrimo- municipais, fomentar a competitividade e
debate, a Assembleia Municipal
nial atual do artigo 3520 da União das Freguesias de Estremoz (Santa Maria e Santo sustentabilidade territorial, promover a ci-
André);
de Estremoz aprovou, sem votos
dadania e a inclusão e melhorar a qualidade
contra, o orçamento e as grandes de vida e bem-estar dos estremocenses.
* Por maioria, com três votos a favor e com quatro abstenções, aprovar as “Grandes opções do plano para este ano. O Se, no primeiro desses eixos, é prometi-
Opções do Plano (PAMR - Plano de Atividades Mais Relevantes 2022 e PPI - Plano documento passou com os votos do “um reforço substancial no investimento
Plurianual de Investimentos 2022/2026), Orçamento e Mapa de Pessoal para 2022” e, favoráveis dos deputados mu- com vista à melhoria das condições de tra-
balho dos funcionários municipais”. No se-
em cumprimento do disposto no n.º 2 do artigo 45.º da Lei n.º 73/2013, de 3 de setembro, nicipais do PS e dos presidentes
gundo, onde se incluem as obras, e embora
conjugado com a alínea c) do n.º 1 do artigo 33.º da Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro, das juntas de freguesia de Arcos, apontando a existência de “um compromis-
submeter os referidos documentos à aprovação da Assembleia Municipal nos termos do
Glória e Évora Monte e com a so orçamental” para 2022 num montante
estabelecido na alínea a) e o) do n.º 1 do artigo 25.º do Anexo I à Lei n.º 75/2013, de 12
abstenção de todos os outros. “superior a 2,1 milhões de euros”, a autar-
de setembro; quia prevê a aquisição de prédios urbanos
O debate aqueceu em torno das continua- “com vista à requalificação de edifícios na
* Por unanimidade, conceder a prorrogação graciosa do alvará de Licenciamento de ção das obras em curso, designadamente a zona histórica que promovam a fixação de
Obras de Construção n.º 58/2020, relativo ao lote n.º 117 da Zona Industrial de Estre- requalificação do Rossio Marquês de Pombal, população no concelho” e vai aumentar de
moz, cuja requerente é “CERTIMOB, Unipessoal, Lda.”, por mais três meses, a qual do Largo General Graça, da Praça dos Aviado- 80 para 100 mil euros o valor do subsídio
deve contar a partir do término registado/admitido, nos termos e para os efeitos constan- res, em Évora Monte, e da segunda fase da anual a atribuir aos Bombeiros Voluntários.
tes das informações técnicas apresentadas e que fazem parte do processo; Zona Industrial dos Arcos. O orçamento “dá Neste último ponto, nova troca de opiniões
continuidade a projetos estruturantes iniciados entre o MiETZ e o executivo socialista. Joa-
* Por unanimidade, nos termos do disposto nos n.os 3 e 4 do artigo 57.º da Lei n.º pelo executivo anterior”, disparou Luís Marino quim Pereira, eleito pelo movimento, conside-
(MiETZ), sublinhando que se verifica o “equi- rou trata-se de “propaganda”, uma vez que no
75/2013, de 12 de setembro e n.os 4 e 6 do artigo 34.º do Código do Procedimento
líbrio orçamental” nas contas do município. ano passado a autarquia apoiou os bombeiros
Administrativo, aprovado pela Lei n.º 4/2015, de 7 de janeiro, aprovar a ata da presente
A resposta não tardou. “As obras estão em 145 mil euros. “O que para si é um au-
reunião em minuta sintética, para efeitos de execução imediata das deliberações toma-
subfinanciadas”, garantiu o presidente da mento, para mim é um corte”, sublinhou. Na
das, devendo ser depois transcrita com mais concretização e novamente submetida a Câmara, José Daniel Sádio, acrescentan- resposta, José Daniel Sádio lamentou o que
aprovação. do que o empréstimo efetuado pelo an- classificou de “ignorância”, separando o apoio
terior executivo “não chega” para pagar a anual, agora aumentado em 20 mil euros, de
Paços do Município de Estremoz, 12 de janeiro de 2022 totalidade dos projetos. “Há um défice de apoios pontuais, por exemplo, para a compra
dois milhões de euros”, acrescentaria o ve- de ambulâncias. E esse tipo de apoio, pontual,
O Presidente da Câmara reador Luís Pardal, dizendo ainda que esta “irá igualmente ser mantido”, disse o autarca.
José Daniel Pena Sádio situação “condiciona” todo o orçamento. No terceiro eixo prioritário, a Câmara anun-
No valor de 21 milhões de euros, o do- ciou o reforço de verbas a nível da ação social
2393 cumento está estruturado em torno de para elaborar uma candidatura à construção
quatro eixos de de ação estratégica: au- de uma creche pública em Estremoz, “que
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CULTURA SOLIDARIEDADE

aprova Biblioteca muda-se


em abril
Tiago Abalroado critica
“subfinanciamento” de IPSS
contra
para novo edifício

A Biblioteca Municipal de Estremoz deve-


rá começar a funcionar no novo edifício no
início do próximo mês de abril, anunciou a
autarquia, revelando ter sido, entretanto, sus-
penso o empréstimo de livros. Localizada no
antigo edifício da loja e armazém Luís Cam-
pos, no Largo General Graça, reabilitado com O presidente da União Distrital das Institui- “relativizar” o impacto das IPSS na vida social,
obras de 2,4 milhões de euros, a nova biblio- ções Particulares de Solidariedade Social do recordando que este setor “todos os dias ga-
teca foi inaugurada poucas semanas antes Distrito de Évora, Tiago Abalroado, lamentou rante necessidades básicas dos cidadãos” e
das últimas eleições autárquicas, não tendo, o “subfinanciamento” destas instituições, sus- esteve na “primeira linha” do combate à pande-
no entanto, entrado em funcionamento. “Em tentando que o Estado deve “acompanhar a mia. “Não podemos encarar este setor como
virtude da conclusão da mudança de todo o estrutura de custos” e passar das intenções à um setor de importância menor”, observou o
acervo bibliográfico e documental do antigo prática. presidente da União, citado pela agência Eccle-
espaço da biblioteca para o novo edifício, nos “Queremos que, de facto, a relação entre sia, sustentando ainda que a causa social deve
próximos dois meses não será possível dar Estado e as instituições seja cada vez mais uma ser encarada como uma causa de “todos”.
continuidade à política de empréstimos de relação horizontal, ao mesmo nível, para servir Na mesma ocasião, o presidente da Cáritas
livros como até ao presente momento era as populações”, prosseguiu Tiago Abalroado, de Évora, Luís Rodrigues, disse que as institui-
feito”, acrescentou a autarquia. numa conferência de imprensa realizada em ções da área social estão a viver “momentos
Évora, durante a qual contestou a tentação de dramáticos”.

SEGURANÇA B.A. nº 1018 de 27.01.2022

GNR realizou
responda às necessidades dos jovens casais
que têm ou pretendem vir a ter filhos”, a elabo-
ração da carta educativa e a revisão da Estraté-
operação especial
gia Local de Habitação, entre outras medidas.
Finalmente, no quarto eixo, o novo executi-
na região
vo autárquico anunciou a intenção de avançar
com uma candidatura da fortaleza de Estre-
moz a Património Mundial, embora não espe-
cificando o enquadramento da candidatura,
bem como o reforço “dentro do possível” dos
apoios às associações culturais e desportivas 5/2022
e o projeto de criação da Confraria do Bone-
co de Estremoz, “na senda da valorização DE CONFORMIDADE COM O DISPOSTO NOS N.os 1 E 2 DO ART.º 56.º DO ANEXO
e salvaguarda do nosso figurado de barro”. I À LEI N.º 75/2013, DE 12 DE SETEMBRO, TORNAM-SE PÚBLICAS AS DELIBERA-
“Pretendíamos em 2022 aumentar a reali- ÇÕES TOMADAS PELA CÂMARA MUNICIPAL NA SUA REUNIÃO EXTRAORDINÁ-
zação de atividades e investimento, com um RIA DE 14 DE JANEIRO DE 2022.
conjunto de projetos, obras e eventos em to-
das as áreas da gestão municipal, cumprindo A Câmara deliberou o seguinte:
os objetivos assumidos e aproveitando os O Destacamento Territorial da GNR de Es-
fundos comunitários disponíveis. No entanto, tremoz desenvolveu, nos passados dias 15 e
* Por unanimidade, para efeitos e ao abrigo do disposto na alínea a) do n.º 1 do artigo
face aos compromissos já assumidos pela an- 16 de janeiro, uma operação especial de pre-
28.º do Anexo I à Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro, requerer a realização de uma
terior gestão, não nos é possível avançar ao venção criminal, nos concelhos de Arraiolos,
sessão extraordinária da Assembleia Municipal, para aprovação das “Grandes Opções
ritmo desejado”, sublinha o presidente da au- Borba, Estremoz e Mora. Segundo fonte da
tarquia, no texto de enquadramento dos docu- Guarda, foram efetuadas diversas ações de do Plano (PAMR - Plano de Atividades Mais Relevantes 2022 e PPI - Plano Plurianual de
mentos, frisando que este orçamento corres- fiscalização rodoviária, com o objetivo de pre- Investimentos 2022/2026), Orçamento e Mapa de Pessoal para 2022” e que a respetiva
ponda a uma “nova fase” na vida do município. venir a ocorrência de crimes, nomeadamente deliberação seja tomada em minuta;
“Receamos, no entanto, as contrariedades furtos de armas, roubos na via pública em
que advém de uma maior necessidade de residências e estabelecimentos comerciais. * Por unanimidade, aprovar em minuta a ata desta reunião extraordinária, nos termos
reprogramação dos investimentos, motiva- “Esta operação contou com 40 militares da e para efeitos do disposto no n.º 3 do artigo 57.º do Anexo I à Lei n.º 75/2013, de 12 de
das pela excessiva burocracia, pelos atrasos GNR, tendo sido elaborados 43 autos de con- setembro.
dos projetistas, pelo aumento dos custos traordenação à legislação rodoviária e policial, Paços do Município de Estremoz, 14 de janeiro de 2022
das obras e escassez de empreiteiros e de bem como dois autos de contraordenação por
mão de obra, que podem ter como conse- consumo de estupefacientes”, revelou a mes-
O Presidente da Câmara
quência o aumento do número de concursos ma fonte, acrescentando ter sido detido um
José Daniel Pena Sádio
que não conseguimos adjudicar”, adverte. homem de 28 anos por posse de armas proi- 2395

ANA LUÍSA DELGADO bidas e apreendidos 37 artigos contrafeitos.


6 27 JANEIRO 2022

ESTREMOZ

Bonecos de Estremoz.
(In)Certificação
Carlos Alberto Alves. ela remetido para depois das eleições
Estremocense. Artesão. Barrista autárquicas. Quanto à representação no
de Estremoz certificado. Não está Centro Interpretativo, foi-me então asse-
gurado, através de email, pelo Sr. Hugo
representado nem no Museu
Guerreiro, que a mesma aconteceria em
Municipal nem no Centro 2022. Agora parece que só já é em 2023.
Interpretativo do Boneco de No entanto, no dia da inauguração do
Estremoz. Porquê? Centro, aquele senhor afirmou à RTP que
‘este Centro Interpretativo, não é para es-
Ainda criança, um familiar incutiu-lhe o tar, portanto, não está acabado. Todos os
gosto pelos bonecos de Estremoz. Deu- anos, caso haja algum barrista certificado,
-lhe a conhecer os barristas e a sua arte. vamos colocá-lo aqui presente com bone-
Enquanto as pequenas figuras nasciam, cos, com um pequeno vídeo, com a sua
o seu primo explicava-lhe, entusiasmado, fotografia; é um centro dinâmico que se
todo o processo. Que desejo de meter as quer vivo’ (sic). Ora, a minha certificação
mãos naquela massa barrenta! O “‘bichi- aconteceu quatro meses antes da inaugu-
nho” tinha-o apanhado, embora, com tão ração e, apesar do que foi afirmado, não
tenra idade, ainda não o soubesse. estou representado no Centro Interpreta-
Foi crescendo. Vieram os estudos e de- tivo. Pelos vistos vou ter de esperar pelas
pois a vida profissional que o levou para calendas gregas”.
longe. Contudo, nunca deixou de ficar Mas, pelo que diz, o problema pode ser
embevecido sempre que via um boneco mesmo e só de agendamento dos espa-
de Estremoz. Em 2010, a sua vida pessoal ços. Ou tem outra justificação?
e profissional mudou. Passou a dispor de “Tenho. Após a minha certificação,
algum tempo livre. A nova morada ficava uma polémica na página Bonecos de Es-
perto de olarias. tremoz, no Facebook, punha em causa as
Novamente, o barro! Quem sabe se lhe certificações atribuídas pela entidade cer-
dispensariam um pouco? E se tentasse tificadora. Por isso, coloquei o assunto à
fazer bonecos? discussão num fórum da referida página.
Aventurou-se finalmente e concreti- Nele participaram todos os artesãos cer-
zou o antigo e contido desejo. Surgem as tificados, os formandos saídos do curso
suas primeiras figurinhas (as quais eram de formação, a anterior vereadora com
mostradas a familiares e amigos, com al- o pelouro da Cultura, os senhores Hugo
guma timidez). Mas, para sua surpresa, os Guerreiro, Luís Parente, Alexandre Correia
incentivos foram muitos. De entre eles, e a senhora. Isabel Borda d´Água”.
os do Hugo Guerreiro, diretor do Museu “Ali” - acrescenta Carlos Alves - “ficou
Municipal de Estremoz (por ironia batiza- claro que o senhor Hugo Guerreiro era
do de “Professor Joaquim Vermelho”, o tal contra a minha certificação pela ADERE-
familiar que na infância lhe apresentara os -CERTIFICA, tendo afirmado, e passo a ci-
bonecos). tar, que ‘neste momento há artesãos que
Carlos Alberto Alves, o barrista de quem produzem figurado com técnica de Estre-
falamos, cada vez com maior produção, moz, mas cuja estética está longe da tra-
acabou por criar uma página no Facebook dição. Você esteve muito afastado. Hoje
para divulgar os seus trabalhos. Corria o está melhor. Mas não o suficiente para es-
ano de 2012. Hugo Guerreiro sugeriu-lhe tar certificado. Você precisa de mais um
colocá-los à venda no Museu. Concordou! par de anos de trabalho para atingir o que
No final de 2014, por vicissitudes da eu penso ser necessário para estar certifi-
sua vida, deixou de fazer bonecos para cado. Se o conseguirá não sei. Mas tem o
comercializar. Mas, de quando em vez, o talento para lá chegar’. Depois desta res-
“vício” era mais forte. E lá ia fazendo um contrafação e ameaçado com denúncia à -CERTIFICA, iniciei o processo de certifi- posta, o Sr. Hugo Guerreiro não conseguiu
ou outro boneco, para oferecer a familia- ASAE”. cação como produtor de bonecos de Es- apresentar qualquer argumentação, que
res ou amigos. Prossegue o artesão: “Tenho Carta de tremoz, o qual foi concluído em abril. Em justificasse a afirmação atrás citada”.
Atentos ao que nos transmite, é mo- Artesão desde 2012 e estou coletado des- 11 de maio recebi a correspondente cer- “Afinal quem certifica um artesão?”,
mento de dar voz ao barrista: “Desde de janeiro de 2019. Daí que a ameaça de tificação. Este desfecho não agradou ao interroga Carlos Alves. Acrescentando:
que os bonecos de Estremoz foram re- tal denúncia só possa ser pura maldade de Sr. Hugo Guerreiro e, provavelmente, não “A ADERE-CERTIFICA ou o Sr. Hugo Guer-
conhecidos pela Unesco como Patrimó- alguém, cuja prepotência e arrogância se terá agradado a outras pessoas. É certo reiro? E porque não são os artesãos tra-
nio Cultural Imaterial da Humanidade (em mistura com o cargo que desempenha”. que ninguém é obrigado a gostar do meu tados de igual forma? O problema não é
dezembro de 2017), que muitas pessoas Vamos lá ver se nos entendemos… trabalho, mas a entidade certificadora ava- agendamento, é mais uma atitude de que-
me abordavam, querendo adquirir bone- Quisemos ir mais ao fundo da questão! liou se o mesmo cumpria ou não todos ro, posso e mando e se não estás de acor-
cos. Fui sempre dizendo que não estava Mas encontra alguma explicação para os requisitos estabelecidos no Caderno do comigo, vou dificultar-te a vida”.
a comercializar, mas a insistência foi tal tal atitude? de Especificações. Verificou e certificou. Finalmente conclui: “Realço ainda que
que em 2019 retomei a atividade, a qual “Sim. Tudo começou talvez em Ponto final! o presidente da Câmara Municipal de Es-
mantenho. Foi então que o Sr. Hugo Guer- 2015/2016, com uma divergência de opi- Por essa altura enviei um email à então tremoz foi alertado para esta atitude de
reiro denunciou à ADERE-CERTIFICA a nião entre mim e ele no Facebook sobre vereadora do pelouro da Cultura, Márcia prepotência e de desigualdade de trata-
existência da minha página de Facebook um tema que não estava relacionado com Oliveira. Solicitava a inclusão da minha mento, em email por mim enviado a 28 de
[intitulada Bonecos de Estremoz de Carlos os bonecos. Desde aí, outras coisas se produção no plano exposicional do Mu- dezembro de 2021, o qual até à presente
Alberto Alves], cuja existência era muito passaram”, desabafa de imediato. seu, em 2022. Nunca obtive resposta”. data não obteve qualquer resposta.”
anterior à distinção conferida pela UNES- Tais como? Prossegue Carlos Alves: “Numa au-
CO), tendo sido acusado de falsificação, “Em janeiro de 2021, junto da ADERE- diência, a meu pedido, o assunto foi por JOÃO JALECA
27 JANEIRO 2022
7
ESTREMOZ

Estremoz entre os municípios do distrito


com preço da água mais baixo
De Portel a Mourão são 53 Ainda de acordo com a Deco, no
quilómetros de distância. patamar de consumo de 180 metros
Uma família em Portel cúbicos anuais, Mourão continua a
ser o município onde as famílias mais
que consuma 180 metros pagam pelo serviço: 529,20 euros,
cúbicos de água, por ano, e Mora, ainda que apenas por um
paga uma fatura de 268,18 euro, cede a posição de preço mais
euros, cerca de metade do baixo ao concelho de Portel (268,18).
que é pago por uma família Vila Viçosa continua a ser um dos
concelhos onde o preço de água,
idêntica e com o mesmo saneamento e resíduos menos pesa
consumo, em Mourão. no bolso das família (270,76). Borba
Os números são da Deco. (341,04) e Alandroal (407,69) têm pre-
Segundo a qual, o preço da ços superiores aos de Estremoz, tal
como outros sete municípios, entre
água, saneamento básico
os quais a capital de distrito (336,93).
e resíduos em Estremoz é “Uma família de três ou quatro
dos mais baixos do distrito. pessoas, em diferentes zonas do
país, e com um gasto idêntico, rece-
Uma família que consuma 120 be faturas bastante desiguais”, cons-
metros cúbicos anuais de água paga, tata Elsa Agante, da Deco, segundo
em Estremoz, 217,45 euros, dos a qual “é necessário o reforço do
quais 74,75 são relativos a resíduos faturas totais da água com métodos consumo médio mensal de 10 e de tros cúbicos anuais custa às famílias quadro regulatório no que diz respei-
sólidos e 65,93 a taxas de sanea- de cobrança, saneamento e resíduos 15 metros cúbicos, que correspon- 217,45 euros, em Mourão atinge o to a regras e princípios de faturação,
mento. A água, propriamente dita, muito diferentes e disparidades de dem, respetivamente, a 120 e a 180 valor mais elevado do Alentejo Cen- como primeiro pilar da redução das
fica a 76,76 euros. Se o consumo preço entre municípios. E, quando o metros cúbicos anuais. Para chegar tral (378,60) e em Mora o valor mais assimetrias a nível nacional e meca-
for mais elevado, 180 metros cúbi- consumo mensal aumenta, os pre- a este número foi calculado um con- baixo (140,16). Em termos relativos, o nismos de harmonização tarifária”.
cos, a fatura aumenta cerca de 82 ços disparam em muitas autarquias”. sumo médio mensal de 10 mil litros preço da água e taxas de saneamento Acrescenta que”os serviços de
euros, passando para 299,48 euros “De norte a sul”, acrescenta a de água por uma família de três pes- e resíduos no concelho de Estremoz águas são comandados por nume-
por ano, dos quais 112,76 relativos Deco, “as tarifas de abastecimento soas, tendo em conta que a Organi- é inferior ao de nove municípios da rosas entidades, com dimensão e
ao abastecimento de água e 186,71 continuam mais elevadas nos mu- zação Mundial de Saúde “estabelece região, e apenas ligeiramente superior capacidade financeira distintas, às
a saneamento e resíduos sólidos. nicípios que realizaram contratos de como necessários 50 a 100 litros à da capital de distrito (214,00 euros). quais falta um modelo de gestão com
Os dados constam de um estu- concessão com entidades gestoras”. diários, por pessoa, para a satisfação Alandroal (299,54) e Borba (254,16) regras comuns”, defendendo ainda
do da Deco, associação de defesa Para calcular o custo dos serviços das necessidades mais básicas”. têm preços mais elevados. Vila Vi- a alteração da cobrança de resíduos
dos consumidores, segundo a qual a cobrar na fatura mensal, a asso- Assim, enquanto no concelho de çosa está entre as autarquias que sólidos em função do consumo de
Portugal continuou, em 2021, “com ciação desenhou dois cenários: o Estremoz o consumo de 120 me- menos cobram pelo serviço (180,04). água, prevista para ocorrer até 2026.

SEGURANÇA SAÚDE

Três feridos Covid-19:


graves Reabriu centro
por despistes de testagem
Na madrugada de sábado passado, na estrada perto Devido ao constante aumento de casos positivos ve-
de São Bento do Cortiço, um despiste causou um ferido rificados no concelho, a Câmara Municipal de Estremoz,
grave. O homem, de 36 anos, foi levado para o Hospital decidiu reabrir o centro de testagem à covid-19, instala-
do Espírito Santo, em Évora. do na Esplanada dos Congregados. Desta feita em par-
Devido à gravidade do seu estado foi depois transfe- ceria com a delegação local da Cruz Vermelha, o centro
rido para um hospital Lisboa. Nas operações de socorro já funcionou na sexta-feira, dia 21. Encerrado sábado e
estiveram os bombeiros, INEM e GNR, de Estremoz. domingo, retomou a actividade na última segunda-feira,
À tarde, um casal sofreu ferimentos graves após des- em horário contínuo entre as 08:00 e as 16:00 horas só
piste de um ligeiro no IP2, junto ao entroncamento da nos dias úteis.
Frandina, em Estremoz. Os acidentados, de idades na O posto iniciou os testes (gratuitos) à população a
casa dos 70 anos, foram transportados para o Hospital 17 de dezembro passado e manteve-se em actividade
de Évora. com a mulher a apresentar um estado consi- até 15 do corrente. Nesse período o funcionamento foi
derado crítico. possível através de uma parceria entre o município, as
O acidente deu-se com a viatura a se deslocar no sen- farmácias da cidade e Regimento de Cavalaria 3. Após o
tido da cidade. Ao local acorreram os bombeiros, as viatu- fecho do mesmo a autarquia deu conta dos números da
ras SIV e VMER do INEM e elementos da polícia e GNR. ação. Foram realizados 2594 testes.
8 27 JANEIRO 2022

REPORTAGEM

Alentejo Central com 700 unidades de alo


194 foram inauguradas durante a pandem
Nos dois últimos anos, só soas. “É uma quinta de família, tenho
no concelho em Estremoz, muita área que não está a ser ocupa-
abriram 17 alojamentos da porque os filhos já saíram de casa
e transformámos o espaço em duas
locais. Há agora capaci-
casas. A relação com o local é uma
dade para acolher 363 relação familiar. A minha casa e a que
turistas. A pandemia transformei em alojamento local são
trouxe mais pessoas para edifícios separados fisicamente, mas
o interior do país. E, com inseridos na mesma propriedade”.
Margarida Cabaço conta ao “Bra-
elas, novas oportunidades dos do Alentejo” que o projeto co-
de negócio. meçou a ser pensado antes da pan-
demia. Depois resolveu não parar,
Foi em 2020 que Igor Soares, 36 tendo intuito que a pandemia levarias
anos, formado em Engenharia Civil, as pessoas a procurarem espaços
trocou a cidade do Porto pelo conce- mais exclusivos. “Ou seja, aqui não te-
lho de Estremoz. “Eu e a minha mu- mos espaços interiores a dividir com
lher abrimos uma agência de viagens ninguém de fora. Existe o jardim e a
em 2017 que, por causa da pande- zona da piscina, mas esses são es-
mia, parou. Então avançámos com paços exteriores. Nos três meses de
este plano de abrir o alojamento. As verão correu muito bem. As pessoas
viagens pararam, foi necessário rea- terem uma casa só para elas, onde
justar a estratégia”. não circula mais ninguém… deu-lhes
Na agência de viagens especiali- alguma confiança, principalmente no
zaram-se em circuitos muito virados primeiro ano em que estava tudo um
para o Oriente, para a espiritualidade e bocadinho assustado”.
para a religião budista: Índia, Nepal ou De acordo com Margarida Caba-


Sri Lanka, por exemplo. “Não íamos a ço, os clientes são, sobretudo, gente
sítios massivos, eram viagens de gru- que gosta de sair da cidade para o quais podem alojar 1.905 hóspedes. celhos com menor oferta nesta área:
po, em que procurámos sítios pouco campo. E por aqui, tem um pouco de Destas, 72 abriram portas durante a Viana do Alentejo (8) e Mora (9). Em
explorados e mais tradicionais. Foi as- tudo: cultura, património… e vinhos. pandemia. Borba estão registadas 14 unidades,
sim que entrámos no turismo. Foi por “A quinta encontra-se no meio de Preparava-se o mundo para con- com capacidade para acolherem 138
essa porta, não tanto por ser turismo uma vinha, fazemos algumas provas finamento e isolamento de milhões A quinta encontra-se hóspedes. Em Vila Viçosa são 19,
em si nem por nenhuma formação e, por norma, também recebemos de pessoas quando Sofia Pujol abriu no meio de uma vinha, podendo instalar 151 pessoas. E no
antiga, foi porque aconteceu”. sempre os hóspedes com uma garra- a Casa do Governador, um edifício fazemos algumas pro- Alandroal são 31, com espaço para
Três anos depois, aconteceu uma fa de branco e de tinto produzidos por cuja construção remonta ao início do vas e, por norma, tam- 266 turistas.
nova mudança. Destino: Monte do nós. São as nossas boas vindas”. Por século XIX como enfermaria e local bém recebemos sem- A viver metade da semana em
Álamo, Santo Estêvão. “Inicialmente enquanto falta concretizar outra apos- de quarentena dos antigos frades do pre os hóspedes com Cascais, e a outra metade no Monte
era só para alugarmos quando via- ta, já pensada: experiências ligadas Convento do Espinheiro, em Évora. uma garrafa de branco do Sino, próximo do Vimieiro, Filipa
jávamos, mas depois passou a ter à gastronomia. “Não me sinto ainda Segundo reza a lenda, era também ali e de tinto produzidos Bonvalot aventurou-se em 2021 com
um conceito também muito ligado confortável para o fazer porque não que estavam plantadas as vinhas utili- por nós. São as nossas um alojamento local, pensado para
à espiritualidade”, conta Igor Soares, sei se, devido à covid-19, as pessoas zadas pelos frades para o fabrico de boas vindas”. funcionar apenas durante os meses
segundo o qual não há por ali consu- já estão preparadas para isso. Estou vinho. Lenda ou não, nos 28 hectares de verão.
mo de produtos animais, pois toda a aguardar um bocadinho, mas era a da propriedade, em zona de reserva rou. “Acreditei que isto ia dar a volta “Como não somos alentejanos
a alimentação “segue os princípios” ideia de fazer a ligação dos vinhos à ecológica, cinco são de vinha. e a verdade é que tivemos um verão custa-nos a temperatura (risos), então
da macrobiótica. O resto, bom o res- cozinha”. “Esta casa era da minha sogra, já bom, mas não o costume porque nor- resolvemos experimentar a alugar a
to “é maioritariamente natureza, um Um ano e meio depois do arran- existia na família, e há sempre despe- malmente temos muitos estrangeiros casa. A experiência tem corrido muito
espaço amplo, com uma paisagem que, a proprietária faz um balanço sas… por isso começámos a pensar e agora temos tido mais portugueses. bem, apesar de não ser a coisa mais
bonita”. Há três quartos à disposição “positivo” do projeto: “Claro que há como poderíamos rentabilizar o es- Correu melhor do que estávamos à linear do mundo ter estranhos em
dos clientes, num monte também ha- mais hóspedes quando o tempo está paço sem nos desfazermos de um espera”. nossa casa, nas nossas coisas”. O
bitado pelo casal. bom, mas as pessoas, às vezes, tam- imóvel que já está na família há mais Segundo Sofia Pujol, a experiência sucesso foi imediato: “Colocámos o
“Além do alojamento, realizamos bém gostam de fazer um intervalo no de 100 anos”, recorda Sofia Pujol. tem sido bem sucedida. “Nunca pen- anúncio numa sexta-feira à noite e no
alguns eventos como retiros espiri- inverno e estar à lareira”. Primeiro abriram um turismo rural. sámos que as pessoas gostassem de domingo já tínhamos o agosto todo
tuais de fim de semana, não no sen- Seguiu-se o alojamento local, com ca- vir para o Alentejo em pleno agosto, alugado e um bocado do mês de ju-
tido religioso, mas com temas ligados ÉVORA E REGUENGOS DE pacidade para receber 20 hóspedes. porque é um calor enorme, mas te- lho. Só aconteceu mesmo o ano pas-
à meditação, ou caminhadas medita- MONSARAZ COM MAIS AL “No primeiro confinamento, a mi- mos duas piscinas e logo aí é bom. sado, foi tudo um atabalhoamento,
tivas”, acrescenta. nha família veio toda para cá, somos Realmente as pessoas vêm e gostam até pensámos que não íamos conse-
Inaugurado em outubro do ano De acordo com dados do Regis- seis, e eu acompanhei a obra de per- e tem sido com imenso gosto que guir nada, mas ficava já o registo, com
passado, o Monte do Álamo é uma to Nacional de Turismo, consultados to, o que me deu imenso jeito. Nun- levamos este projeto em frente (…) as exigências legais... agora penso
das 52 unidades de alojamento local pelo “Brados do Alentejo”, as 700 uni- ca pensámos que a pandemia fosse Abrir uma nova unidade em tempos voltar a repetir no verão, talvez alargue
(AL) instaladas no concelho de Es- dades de AL existentes no Alentejo desta dimensão e acreditámos que de pandemia foi uma loucura (risos), mais meses, com junho”.
tremoz. Destas, 19 abriram já com o Central têm capacidade para acolher com um número de quartos maior uma boa loucura”. Por ali a oferta assenta no sossego
mundo mergulhado na pandemia. 5491 pessoas. Sem surpresa, é em rentabilizaríamos melhor o espaço e, Entre os concelhos do Alentejo e nas vistas desafogadas. “Tivemos
Em março de 2020 era confirmado Évora e em Reguengos de Monsaraz por isso, decidimos investir”, conta a Central com maior número de unida- desde grupos de jovens adultos que
o primeiro caso de covid-19 em Por- que se concentra a maior oferta. No proprietária, revelando que no início des de alojamento local incluem-se dividiram as despesas entre si e pas-
tugal. Em junho, Margarida Cabaço caso de Reguengos de Monsaraz, os de 2021 ainda foi necessário recorrer os de Montemor-o-Novo (64) e de saram a semana na piscina, até uma
abria na freguesia dos Arcos a Casa 136 empreendimentos têm capaci- ao ‘lay-off’, uma ajuda “importante” Arraiolos (275), onde Filipa Bonvalot família em que vieram avós, filhos e
da Azinheira, uma unidade de AL com dade para 1.036 pessoas. Em Évora num período onde a faturação caiu está à frente do Monte do Sino. Já lá netos. Tratei a casa como se fosse eu
capacidade para receber oito pes- estão registadas 247 unidades, as bastante. Depois o negócio melho- iremos. Antes, referência para os con- a cliente, como gostaria que me tra-
27 JANEIRO 2022 publicidade 9

ojamento local. “Queremos projetos com


grande qualidade. Isso é
mia que para nós é importante”
Entrevista com Vítor Silva,
presidente da Entidade
Regional de Turismo do
Alentejo e Ribatejo
Como comenta este maior investi-
mento no alojamento local?
O alojamento local foi um tipo de
alojamento que surgiu nos últimos
anos, obviamente, também, para
dar resposta ao número crescen-
te de turistas que visitaram não só
o nosso território, mas o país em
geral. E, também, correspondeu a
uma maneira de licenciamento mais
facilitado, na medida em que o aloja-
mento turístico apenas necessita do trás e que não pararam com a pan-
licenciamento da própria autarquia, demia. Não houve começo de inten-
da câmara municipal, e não necessi- ção de investimento durante a pan-
ta da intervenção do Turismo de Por- demia. Quem poderia pensar nisso
tugal. Daí que as normas exigidas ao esperou, ou está esperando, que a
alojamento local não sejam as mes- pandemia passe. Quem vinha com
mas que são exigidas ao alojamento projetos em curso não ia interrom-
histórico que o Turismo de Portugal per obras porque isso saía-lhe muito
licencia (os hotéis, o turismo rural ou mais caro ainda.
o turismo de habitação). Mesmo os mais pequenos?
A covid-19, de alguma forma, criou Esses têm mais facilidade em abrir
condições para o desenvolvimen- e fechar e abrir. É mais fácil do que
tassem”, conta a proprietária. to destes projetos? Se sim, quais? uma unidade com uma dimensão e
Acabadinho de estrear, o Di&Ana Eu acho que uma coisa não tem com mais pessoas a trabalhar.
em Cabeça de Carneiro, Alandroal, nada a ver com a outra. Tem a ver O que é que diferencia este tipo de
resultou da vontade do proprietário, com o aumento da procura turística oferta das restantes e de que for-
Francisco Boleto, em “investir no nos- e com a facilidade de obter licencia- ma o Alentejo é competitivo relati-
so Alentejo, muito deficitário em ofer- mento para a atividade turística que vamente ao resto do país?
ta turística”. A residir em Redondo, dantes era mais complicada. O alo- O Alentejo não é mais competitivo
avançou com projetos em Alandroal, jamento local apenas necessita de no alojamento local que outras zo-
Vila Viçosa e Portel, todos eles regista- licenciamento da câmara municipal. nas do país, até estou convencido
dos em tempo de pandemia. Qual a importância do alojamento que se calhar é menos do que nou-
“Neste momento, dá para pagar local para o Turismo do Alentejo? tras zonas do país, como em Lisboa
as despesas. No entanto, ainda se Todo o tipo de alojamento tem im- e noutros centros urbanos.
sente que as pessoas têm receio de portância. Aqui no nosso território E o que é que o caracteriza relati-
fazer programas a longo prazo, fazem seguimos uma linha estratégica, vamente às outras ofertas?
reservas quase no próprio mês. Per- já desde há muitos anos, em que As características do alojamento lo-
guntam sempre sobre a testagem apostamos na qualidade. Pensamos cal são, precisamente, uma maior
e certificação, se bem que isso varia que a maneira de nos afirmarmos no simplicidade, serem unidades, de
consoante as medidas do Governo”, mundo altamente competitivo que é maneira geral, mais pequenas. A
diz Francisco Boleto, sublinhando que o turismo só pode ser pela diferen- partir do momento em que não há
a evolução da pandemia não é com- ciação que tem o seu pilar básico na construção, os projetos resultam do
patível com planeamentos de longo qualidade. Aquilo que queremos é aproveitamento de instalações, de
prazo: “Ainda há pouco respondi a um que o alojamento local, embora não casas já existentes e, de uma manei-
casal de belgas que me perguntava tenha as mesmas normas que o li- ra geral, essas casas são característi-
se em março era preciso certificado cenciamento exigido pelo Turismo cas da arquitetura da nossa região. E
digital, terceira dose e testes... tive de de Portugal, seja feito com grande eu penso que assim deve acontecer
lhes pedir calma porque em Portugal qualidade. Isso é que para nós é im- porque caracterizará e dará maior
quase tudo é alterável de hora a hora”. portante. Há cada vez mais estabe- classificação ao alojamento local do
Na sua opinião, o AL foi uma “boa lecimentos de alojamento local no que estar a construir… aliás, não se
aposta” pois “qualquer família prefe- Alentejo e eu penso que o período faz isso. Quem construir uma unida-
re estar numa casa em que não tem de confinamento até fez com que al- de de raiz não a vai qualificar dessa
áreas comuns com outras pessoas, guns deixassem de funcionar como forma, a não ser transitoriamente.
como sucede num hotel”. Segundo tal, mas agora quando passar a pan- Às vezes as unidades estão prontas,
o proprietário, todo o investimento foi demia voltaremos a ter... Estou con- têm mais dificuldade em licenciar-se
realizado através de fundos próprios, vencido que teremos de um grande junto do Turismo de Portugal, então
sendo que a maior dificuldade “foi o incremento do alojamento local. licenciam-se dessa forma, mas de-
tempo para preparar as casas porque Mas, apesar de alguns terem fe- pois transferem essa classificação
tem de estar tudo a brilhar e ainda chado, outros surgiram neste pe- para alojamento turístico. Há unida-
mais no Alentejo, zona em que se usa ríodo… des hoje classificadas com cinco
tanto o branco no interior das casas”. Sim, como surgiram hotéis e uni- estrelas, no nosso território, que co-
MARGARIDA MANETA (TEXTO) dades de turismo em espaço rural. meçaram por ser alojamento local.
GONÇALO FIGUEIREDO (FOTOS) Eram intenções que já vinham de MARGARIDA MANETA
10 27 JANEIRO 2022

ALENTEJO

Inverno pouco chuvoso deixa barragens


com menos água que o ano passado
Barragens do Divôr e dos zar os gastos e as perdas de forma
Minutos com apenas 40% que a água disponível ainda consiga
da capacidade de armaze- assegurar a próxima campanha”.
De acordo com Célia Toureiro,
namento. Veiros está com
“tudo indica que os períodos de maior
67%, o que ainda assim escassez se têm acentuado nos últi-
permite aos agricultores mos anos”, muito por culpa das altera-
encararem a próxima ções climáticas: “O padrão que temos
campanha de rega com dos últimos cinco anos é de períodos
mais secos e de seca mais frequente.
tranquilidade
O ano passado, felizmente, conse-
guimos repor os níveis de armazena-
Em fevereiro de 2021 a barra- mento mas, por exemplo, em 2020,
gem de Veiros atingia o nível pleno tínhamos tido outro ano de seca com
de armazenamento (10,3 milhões um padrão relativamente severo”.
de metros cúbicos) e efetuava a sua Com este nível de água na al-
primeira descarga. Passado um ano, bufeira, “não é possível garantir
está apenas com 67% da capacida- dois anos seguidos com padrão
de máxima de armazenamento. Há de seca”. O que quer dizer que se
menos água, mas a situação, ainda a pouca precipitação se mantiver
assim, é muito menos preocupante durante este ano, a campanha de
do que a dos regantes da Vigia, do a 67% nesta altura do ano não é alar- rega de 2023 estará comprometida.
Divôr e dos Minutos, cujas barragens mante em nada e também não preju- Fora de causa, pelo menos para
têm reservas bastante inferiores. dica a campanha de rega”, acrescenta. TOMATE É A PRINCIPAL CULTURA NO já, está qualquer projeto de aumen-
De acordo com dados do Sis- Tiago Carrilho lembra que o nível de to da área regada. “O perímetro do
tema Nacional de Informação de armazenamento das barragens está PERÍMETRO DE VEIROS Divôr tem uma área beneficiada de
Recursos Hídricos, as barragens sempre sujeito a oscilações, de acor- 488 hectares, que não tem uma taxa
do Divôr (Arraiolos) e dos Minutos do com o volume de precipitação. “A O perímetro de rega de Veiros tem uma área beneficiada superior a de adesão de 100% ao regadio”,
(Montemor-o-Novo) estão ape- nossa primeira campanha de rega foi mil hectares. De acordo com Tiago Carrilho, a principal cultura é a do to- acrescenta Célia Toureiro, em decla-
nas com 40% da sua capacidade em 2016 e estávamos com a albufei- mate para a industria. Das culturas permanentes, a principal é o amen- rações ao “Brados do Alentejo”, re-
máxima de armazenamento. A da ra, nessa altura, com 25% da sua ca- doal e, depois, o olival. “Outra cultura representativa é o nogueiral, com ferindo que a prioridade passa pela
Vigia (Redondo) está com 51,8%. pacidade. Nas primeiras campanhas mais de 70 hectares instalados. E, depois, temos núcleos de produção realização de um estudo de moder-
Em declarações ao “Brados do distribuímos pouca água, porque os um pouco mais pequenos, como o milho, olival tradicional e alguma nização e reabilitação daquela obra
Alentejo”, Tiago Carrilho, da Associa- aproveitamentos [agrícolas] vão co- área de prados e pastagens”. No Divôr dominam as plantações de oli- de rega, inaugurada em 1965, e que
ção de Beneficiários do Perímetro de meçando aos poucos e poucos. Na val, milho e arroz, registando-se um aumento das culturas forrageiras. irá igualmente avaliar “se se pode
Rega de Veiros (ABPRV), diz que o segunda campanha ainda tivemos ou não aumentar” a área regada.
nível de armazenamento atual “per- menos água porque foi um inverno No caso da barragem da Vigia, com
mite assegurar” a próxima campanha muito seco”, refere o responsável da dade de armazenamento, a albufeira ção de Regantes e Beneficiários do uma área beneficiada de 1500 hecta-
de rega, “sem qualquer tipo” de con- ABPRV, sublinhando que só em 2020 do Divôr poderá assegurar a próxima Divôr (ARBD). Ou seja, “ainda conse- res, o nível de armazenamento é idên-
dicionalismo. “O ano passado, pela é que a campanha de rega se iniciou campanha de rega, mas apenas se guimos corresponder a um padrão tico ao da média para esta altura do
primeira vez, tivemos um inverno dito com a barragem no nível máximo. as necessidades dos agricultores idêntico ao da campanha anterior, não ano, sendo que a ligação da barragem
normal, sendo que vínhamos de cin- forem idênticas às do ano passado. conseguimos aumentar a área nem à albufeira do Alqueva permite ate-
co anos de invernos deficitários em “NÃO PODEMOS AUMENTAR “Não podemos aumentar mais a garantir fornecimentos superiores ao nuar os efeitos da escassez de chuva.
termos de precipitação, não só aqui, CONSUMOS” área de regadio nem os consumos”, padrão que tivemos o ano passado,
como em todo o sul de Portugal. Estar Com apenas 40% da sua capaci- assegura Célia Toureiro, da Associa- sempre com o cuidado de minimi- ANA LUÍSA DELGADO

Estudo aponta para 52 mil hectares


de novos regadios no Alentejo
O Ministério da Agricultura tem o maior de todos: 10 mil hectares uma necessidade de investimento Céu Antunes, defendeu em Évora ma é o de sempre: o financiamento.
prevista a irrigação de mais 52 mi de terra regada nos concelhos de na ordem dos 15,7 milhões de euros. que este estudo permitirá ao Gover- De acordo com a Federação Nacional
hectares no Alentejo, em resulta- Portel, Reguengos de Monsaraz, Além dos novos regadios, o es- no “traçar uma estratégia para a pró- de Regantes (Fenareg), as verbas pre-
do de um investimento estimado Redondo e Évora, a que se somam tudo identifica a necessidade de se xima década e sustentar decisões vistas para financiar o regadio público
em 260 milhões de euros. Os da- mais 2.500 hectares no denomina- concretizarem obras de reabilitação futuras, capazes de garantir a segu- “são manifestamente insuficientes e
dos constam do estudo “Regadio do “aproveitamento de Monsaraz”. e modernização dos perímetros rança alimentar, a autossuficiência e registam uma redução significativa
2030”, elaborado pela Empresa Para a albufeira de Lucefécit-Cape- de rega já existentes, orçadas em a competitividade” do setor agrícola. face aos anteriores quadros comu-
de Desenvolvimento e Infraestru- lins, no concelho de Alandroal, o 304 milhões de euros. Entre es- A nível nacional, foram identifica- nitários de apoio”. A Fenareg calcula
turas do Alqueva (EDIA), a que o estudo aponta para a instalação de tas inclui-se a reabilitação total da das intenções de investimento em que estejam disponíveis 337 milhões
“Brados do Alentejo” teve acesso. mais 920 hectares de regadio, num rede de rega da barragem do Divôr. 134 mil hectares de novos regadios de euros para investir no regadio
A maior parte dos potenciais investimento de 4,7 milhões de eu- Lembrando que Portugal é um públicos e na modernização das público, valor que corresponde a
novos regadios consiste na con- ros. No concelho de Arraiolos há dos países “mais suscetível aos obras de rega existentes, das quais apenas 32% das necessidades de in-
cretização da segunda fase do em- em perspetiva 763 hectares junto à efeitos das alterações climáticas”, 70 mil hectares têm mais de 50 anos. vestimento (1.057 milhões de euros).
preendimento de Alqueva, incluindo barragem da Fargela, prevendo-se a ministra da Agricultura, Maria do Definidas as prioridades, o proble- ANA LUÍSA DELGADO
27 JANEIRO 2022
11
ALENTEJO

Procurámos por Estremoz nos


programas eleitorais. Resultado? Népia
Em nenhum dos
programas foi digitada a
palavra Estremoz. Referências
a Alentejo aparecem apenas
de “raspão”.
Partidos deixam propostas
para as regiões fora dos
programas nacionais.
Domingo vamos a votos.

A tarefa é espinhosa: ler os programas


com que os partidos se apresentam às
legislativas. Mais complexa ainda quando
o objetivo é encontrar nesses programas
algumas linhas, por poucas que sejam,
sobre o que propõem para a região. Pa-
lavras a pesquisar: Estremoz, Alentejo,
mármores, Alqueva e regionalização. E é
tarefa espinhosa e complexa, desde logo,
porque vivemos num país “cujas preocu-
pações específicas pouco interessam aos
senhores da capital do império”, como
resume J.-M. Nobre-Correia, professor
emérito da Universidade Livre de Bruxe-
las e autor do livro “História dos Media na
Europa”, em recente artigo no “Público”. delegações distritais”. Quanto ao resto,
O do PS estende-se por 122 páginas. nada do que procuramos.
Referências a Estremoz, nem uma. Ao PROPOSTAS PARA TODOS OS GOSTOS No programa do Chega descobrimos
Alentejo há três. A primeira para lembrar referências a Armando Vara ou João Ren-
que a obra do Hospital Central de Évora À página de Internet do Aliança ainda não chegou o programa eleitoral, o mes- deiro. Nada do Alentejo, nem de regiões.
está em curso. As outras dedicadas à mo sucedendo com o Ergue-te. Já o RIR quer Tino de Rans no Parlamento, para Já o PAN disponibiliza duas versões do
agricultura, ou melhor, ao consumo de “desbloquear”, defendendo o “incentivo à criação da empresas” nas regiões do programa. Dispensamos a que sugere
água: por um lado assinala-se a importân- interior. O Nós Cidadãos pretende “apostar numa maior coesão social, promovendo uma leitura em cinco minutos, avança-
cia do potencial de desenvolvimento do o crescimento demográfico, essencial para a sustentabilidade” do país, “valorizan- mos para a versão completa de 175 pá-
regadio, por outro defende-se a necessi- do devidamente todo o interior, que tanto tem sido desprezado pela nossa classe ginas. Ossos do ofício. A palavra Alentejo
dade de um plano de eficiência hídrica na política”. E o Volt diz-se apostado em “desenvolver as culturas” onde Portugal “pode surge uma única vez, quando é proposta
região. Ainda à volta do programa socia- ser competitivo”, entre as quais “as fileiras do azeite (olival), vinho (vinha) e dos a redução do número de círculos eleito-
lista, lá consta uma promessa: “criar as frutos secos (amêndoa)”, sobretudo no Alentejo. Já o Movimento Alternativa So- rais, “por forma a impedir a injustiça sub-
condições necessárias para a concretiza- cialista sublinha a necessidade de criação de “uma rede de transportes públicos jacente ao atual sistema eleitoral, que a
ção do processo de regionalização”. Mas descarbonizada e abrangente, de forma a combater assimetrias regionais, promover cada eleição legislativa faz com que cerca
só depois de um novo referendo, em a coesão territorial e combater o despovoamento”. Finalmente, o Movimento Parti- de meio milhão de votos válidos não sir-
2024. do da Terra diz ser necessário um “programa específico de reabilitação de aldeias vam para eleger qualquer deputado”.
De regionalização também fala o pro- e de turismo em espaço rural” para combater a desertificação do interior do país. Não se revelou demorado ler o ma-
grama da CDU, coincidente com o apre- nifesto “contra o capital” com o qual o
sentado em 2019. Ali se fala de regiona- PCTP/MRPP se apresenta a votos. São 11
lização por cinco vezes, para assegurar páginas sobre a “situação calamitosa do
a intenção dos comunistas em “tomar secções. O programa eleitoral é fácil de moz, nem vê-lo. A palavra Alentejo surge país”, onde se defende o “não pagamen-
a iniciativa de retomar a luta”, criando encontrar. Mais difícil é descobrir refe- por duas vezes. Na primeira regista-se o to” da dívida pública pois o povo “não a
condições para “superar o bloqueio ins- -rências como aquelas que temos vindo despovoamento da região para se defen- contraiu, nem dela beneficiou”. As nos-
titucional” que exige um referendo obri- a procurar. Digitamos a palavra Alentejo e der a importância da coesão territorial. sas pesquisas produzem o mesmo resul-
gatório. Falados de regiões, avancemos aparecem zero resultados. O mesmo para Na segunda acusa-se “o PS e a direita” tado: zero.
para o resto. Em quase 230 mil carate- Alqueva. E, claro, para Estremoz. Em 165 de terem vindo a “promover formas de Se há programa “de peso”, esse é o da
res, a palavra Estremoz não foi digitada páginas de programa também há propos- exploração e financeirização do território Iniciativa Liberal: nada mais, nada menos,
uma única vez. E mesmo Alentejo surge tas de cunho “mais local”, curiosamente que atacam comunidades locais e meio do que 614 páginas. Estremoz? Zero re-
de “raspão”, com apenas uma referência quando o “desespero” pelos resultados ambiente”, de que as culturas superinten- sultados. Alentejo? Investimento na fer-
para defender a necessidade da moderni- nos leva a digitar o nome da capital do sivas “são um bom exemplo”. rovia e reutilização de água, diminuindo
zação da rede ferroviária. A que se pode país. Propõe o PSD que, “na medida do O CDS-PP apresenta-se a votos com as necessidades de captação. Resultado
acrescentar a defesa de uma “reforma possível, alguns serviços públicos devem um “compromisso eleitoral”, composto idêntico quando se procura “concretizar o
agrária nos campos do Sul, liquidando a ser deslocalizados de Lisboa para as cida- por 17 páginas de propostas e conside- futuro”, na versão do Livre. Mas existem
propriedade de dimensão latifundiária”, des de média dimensão”. rações. Como esta, em que os centristas referências às regiões. Uma para defen-
frase que aparece no mesmo parágrafo Talvez por serem transversais, multis- se propõem “repudiar qualquer forma de der a criação de planos estratégicos mu-
onde a CDU sublinha a importância de sectoriais, nacionais e outros “ais”, os regionalização, real ou encapotada” pois nicipais para a cultura. Outra para “contex-
se assegurar “o bom aproveitamento das programas apresentados a legislativas “o país precisa de coesão territorial, não tualizar e aprofundar a história dos vários
potencialidades agrícolas do Alqueva”. não são um repositório de medidas, lá precisa de ser retalhado”. Ou esta, na locais e regiões, de forma a desconstruir
“Está à procura de algo específico?”, está, regionais. Avancemos para o do mesma página: “[Queremos] apostar na estereótipos e generalizações abusivas e
pergunta-nos a página de Internet do Bloco de Esquerda, em cuja capa se lê administração de proximidade, descen- discriminatórias”.
PSD, depois de percorridas algumas “saúde, salário e clima”. Lá dentro, Estre- tralizando serviços públicos através de ANA LUÍSA DELGADO
12 27 JANEIRO 2022

REGIMENTO DE CAVALARIA Nº 3 » 2394

Apoio à formação técnica e tática do 21.01 – no Hospital Distrital de


Castelo Branco, Domingos Nunes

Tirocínio para Oficiais de Cavalaria 21/22 Ribeiro, de 88 anos, natural de


Cebolais de Cima (Castelo Branco),
onde residia na Rua Quinta Balsinha.
O Regimento de Cavalaria tos no campo teórico e prático CONDUTA BRILHANTE Casado com Maria Rosa Nunes Ribei-
N.º3 (RC3), no âmbito da sua acerca da viatura, nomeada- ro, era pai da professora Maria Tere-
atividade como Polo de For- mente, a condução em am- sa Lousada, residente em Estremoz.
mação da Escola das Armas, biente diurno, noturno e anfíbio. JOAQUIM DA SILVA BARROSO
24.01 – no HESE, Fernando Mar-
encontra-se a apoiar a forma- Terminada esta fase, os jovens
ques Dourado, de 84 anos, natu-
ção do Tirocínio para Oficial oficiais do TPO CAV 21/22 vão AGRADECIMENTO
ral de Pussos, Alvaiázere. Conhe-
de Cavalaria 2021/2022 (TPO realizar um exercício de Tática cido empresário na região, fundou Sua filha, genro, netas, bisnetas e restantes familiares, servem-se
CAV 21/22), composto por oito de Reconhecimento na Serra em Estremoz a firma de referência deste meio para agradecer a todas as pessoas que os acompanha-
(8) Aspirantes Tirocinantes. de Ossa (região de Estremoz). no ramo da distribuição alimentar ram e confortaram nestes dolorosos momentos, a quem se dignou
Apresentados a 10 de janei- A responsabilidade da e bebidas Dourado & Filhos. Casa- incorporar no funeral do seu familiar e, ainda, a quantos que por qual-
ro de 2022, o TPO CAV 21/22 formação e disponibilização do com Maria Lucília Antunes Lo- quer outra forma lhes testemunharam o seu pesar. Participam ainda
está a efetuar no RC3 uma ação dos recursos está a cargo do pes Dourado, residia na Fonte do que será celebrada missa do 30º. dia, a 6 de Fevereiro, pelas 09.45
de formação com a duração AgrISTAR, sedeado no RC3, Imperador, em Estremoz. horas, na Igreja da Glória, pedindo o seu eterno descanso, e, a todos
de duas semanas, durante as e envolve, para além de di- quantos se dignarem assistir ao acto o nosso reconhecimento.
FRONTEIRA
quais vão realizar um Estágio versos formadores de áreas A Espanhola – Funerária de Estremoz - Tel. 268322120 Tm 917586913
de Chefe de Viatura blindada específicas, um (1) Pelotão de ção, quer do Sr. Julian Cuellar 14.01 – no Lar da Santa Casa da Mi-
ligeira de Reconhecimento PA- Reconhecimento, equipado Reynolds que,amavelmente,- sericórdia de Fronteira, Virtuosa de 2397
NHARD M-11 e um Exercício com 10 viaturas PANHARD cedeu o espaço da Barragem Jesus Serrote, de 86 anos, natural
de Tática de Reconhecimento. M-11 e um efetivo de dois das Aldeias,quer dos Bombei- de Veiros, Estremoz. Viúva de Fran-
O Estágio de Chefe de Viatu- (2) Oficiais, dez (10) Sargen- ros Voluntários de Estremoz,a- cisco João Ramalho Crispim, residia
ra blindada ligeira de Reconhe- tos e vinte e uma (21) Praças. través do apoio prestado pela na Rua General Humberto Delgado,
cimento PANHARD M-11 vai Esta missão atribuída ao sua equipa de mergulhadores, em Vale de Maceiras, São Saturnino.
permitir que os formandos ad- RC3,não poderia ter sido reali- a quem, desde já,o RC3 ende-
MONFORTE
quiram diversos conhecimen- zada,sem a estreita colabora- reça os seus agradecimentos.
20.01 – no Hospital de Santa Luzia,
Elvas, Joaquim José de Jesus, de MANUEL JORGE
91 anos, natural de Santo Aleixo, onde XAREPE MARCELINO
residia no Largo Capitães de Abril.
AGRADECIMENTO
ESTREMOZ SOUSEL Sua esposa e filha, na impossibilidade de o fazerem pessoalmen-
te, servem-se deste meio para agradecer a todas as pessoas as
12.01 – no Hospital Doutor Fernan- 12.01 – no Lar da Terceira Idade
provas de amizade, carinho e pesar que receberam aquando do
do Fonseca (Amadora-Sintra), Ho- de Cano (Lar de Cano), Antónia
falecimento do seu ente querido, a quem se dignou incorporar no
norato da Conceição Fernandes, da Conceição Simões Nunes da
Silva “D. Necas”, de 78 anos, funeral e, ainda, a quantos que por qualquer outra forma lhes teste-
de 76 anos, natural de Estremoz
(Santo André). Casado com Joaqui- solteira, natural de Cano. munharam o seu pesar. A todos o nosso profundo reconhecimento.
na Rosa Falé Gaiolas Fernandes, re-
sidia na Rua Dom Dinis, Reboleira, 13.01 – no Lar de Cano, freguesia
Amadora. onde residia e era a habitante mais 2396
idosa, Mariana Rita, de 104 anos,
17.01 – no Hospital do Espírito natural de Alter do Chão. Viúva
Santo, em Évora (HESE), Custódia Henrique João Pinto Palhais.
Maria Grades Arvana Alves, de
85 anos, natural de Estremoz, onde 23.01 – no Hospital Doutor José Ma-
residia no Monte Novo. Viúva de ria Grande, Portalegre, José Manuel
Milquias Dionísio Claro Alves. Varela Andrade, de 71 anos, natu-
ral de Casa Branca, onde residia. Era
18.01 – no HESE, vítima de doen- casado com Rita Pires Andrade.
ça oncológica, Joana Rita Palreiro MARIANA ANTÓNIA DA CONCEIÇÃO PADEIRO
Lopes Letras, de 67 anos, natural Às famílias enlutadas B.A. apresenta
de Vimieiro, Arraiolos. Casada com condolências. Noticiário elaborado com AGRADECIMENTO
Manuel Filipe Lopes Letras, residia a colaboração das agências: Atalho &
Seu Esposo, filho, neta, nora e restante família, na impossibilidade de
na Rua São João de Deus, em Es- Filhos (Cano/ Estremoz), Gato & Ro-
o fazerem pessoal e directamente, servem-se deste meio para agra-
tremoz. » mão (Arcos) e A Espanhola (Estremoz).
decer a todas as pessoas que acompanharam o seu ente querido à
sua última e eterna morada e aos que expressaram os seus senti-
mentos de pesar, confortando a dor e a tristeza de todos os seus ente
queridos. Lar do Centro Social de Santo António de Vaiamonte, ao
Centro de Saúde de Estremoz, Bombeiros, Cruz Vermelha, Residên-
cia S. Nuno de Santa Maria (Combatentes), aos Funcionários(as), e
à Direção. A todos o nosso profundo reconhecimento.
Agência Funerária Atalho & Filhos, Lda - Tel. 268 334 076 Tm 964 205 807
27 JANEIRO 2022
13
FUTEBOL
ESCALÕES JOVENS
desporto
“Foi um grande desafio. Fazíamos
CAMPEONATO NACIONAL
DE SUB 15
SÉRIE E (PERMANÊNCIA)

BORBENSE PONTUA

800 quilómetros por dia”


A destacar o primeiro ponto al-
cançado nesta fase final, pelos
miúdos azuis e brancos no seu
reduto frente ao conjunto de
Oeiras (2-2). Na jornada de do-
mingo último, mais uma derrota
(7-0) no campo António Coimbra
da Mota, no Estoril. Na 7ª jorna- Entrevista exclusiva com
da, sábado 29, recebem o Fute- o piloto de Rio de Moi-
bol Clube Alverca.
nhos que foi o primeiro
CAMPEONATOS não profissional a concluir
DISTRITAIS o Rally Dakar deste ano:
Juniores A: 10ª Jornada (15/01): “Acabou por se revelar um
Sport Borbense, 3 – CF Estremoz, 4. Dakar à séria, mais um,
Juniores B (juvenis): 8ª Jornada com percalços no meio,
(15/01), Juventude de Évora, 5 – Sport mas conseguimos superá-
Borbense, 2 e Estrela de Vendas Novas,
5 – O Calipolense, 0. -los da melhor forma”.
Juniores C (iniciados): 13ª Jornada Se o 21.º lugar na classificação
(15/01), Grupo União Sport (Montemor), geral de motas no Rally Dakar, por-
4 – Sporting Arcoense, 0; Sport Lisboa e ventura o mais importante do mundo,
Évora, 1 – CF Estremoz, 6; O Calipolense, já é motivo de “orgulho” para o pilo-
0 – Sporting de Viana, 0 e Redondense
FC, 0 – Juventude de Évora, 6. 14ª Jorna-
to alentejano, há outro número que
da (23/01), CFEstremoz, 0 – Grupo União convém juntar à equação: António
Sport, 8; Sporting Arcoense, 0 – Despor- Maio foi o primeiro não profissional
tivo de Canaviais, 9 e O Calipolense, 0 – a concluir a prova. “Fiquei muito fe-
Atlético de Reguengos, 4. liz. Ainda para mais com um ou dois
problemas que tive durante a prova
e que me impediram de alcançar cipar no Campeonato Nacional de
um melhor resultado. De qualquer Todo-o-Terreno e, com os resultados,
forma, estou muito feliz com esta UM SONHO TORNADO REALIDADE percebeu que, afinal, tinha “algum
posição, que acaba por ser a minha potencial” na modalidade. “O meu pai
HÓQUEI EM PATINS melhor marca, até agora, no Dakar”. Desde 2002 que António Maio participa no Campeonato Nacional de To- ajudou-me nos primeiros anos e, de-
ESCALÕES JOVENS Natural de Rio de Moinhos, conce- do-o-Terreno e, segundo refere, “sempre foi um sonho” poder ver-se um dia pois, com a ajuda de alguns patrocina-
lho de Borba, António Maio recorda ao a participar no Dakar, “na prova mais difícil de todo-o-terreno do mundo”. A dores, consegui fazer todos os cam-
“Brados do Alentejo” a dureza da pro- pouco e pouco, o sonho foi-se tornando realidade. Em 2017 surgiram alguns peonatos a nível nacional. Representei
CAMPEONATO REGIONAL va, este ano disputada na Arábia Saudi- patrocinadores, dispostos a ajudar à “aventura”. Dois anos depois competiu a seleção durante quatro anos e agora,
SUB 15 – 2ª FASE ta: “Foi um grande desafio. Fazíamos, pela primeira vez nesta prova, a última realizada na América do Sul. “A partir a este nível, estamos já com alguma
em média, 800 quilómetros por dia e daí foi manter, só foi possível com a ajuda dos patrocinadores com quem experiência que queremos continuar”.
ESTREMOZ ALCANÇA
PRIMEIRA VITÓRIA isso punha à prova tanto a mota como fomos criando algumas parcerias e foi assim que surgiu esta oportunidade”. Por agora, o foco está na pre-
A equipa estremocense após a minha resistência física. Acabou por paração da próxima época, com-
quatro derrotas consecutivas, al- se revelar um Dakar à séria, mais um, posta por sete provas a nível na-
cançou uma vitória no rinque do com percalços no meio, mas conse- to calor a meio da etapa. Dentro do rer mais e melhor e é isso que tem ali- cional que servem para “rodar” a
Diana de Évora (9-1), num jogo guimos superá-los da melhor forma”. tipo de terreno, encontramos dunas, mentado estas minhas consecutivas participação no Dakar em 2023, a que
que decorreu com alguma dose
de virilidade, essencialmente no Conta o piloto que a primeira gran- pedras, pistas muito rápidas, outras participações. É sentir que posso fa- se somam outras competições de
decorrer do primeiro tempo, o de dificuldade é “estar” presente no mais técnicas, portanto, a varieda- zer, sentir que o consigo fazer, mesmo nível mundial, uma das quais agen-
que a este nível não tem lógica de momento da partida, pois é neces- de de terreno é outra das grandes com muito menos condições do que dada para outubro, em Marrocos.
acontecer, visto que estes jogado- sário “encontrar apoios, montar a dificuldades. Este ano [a principal di- as dos meus adversários. É um desa- “Ando de mota e participo nas pro-
res mais jovens apenas tem de se estrutura, treinar para estarmos em ficuldade] foi, fundamentalmente, o fio enorme, é um sonho que se tem vas nas minhas licenças de férias ou
concentrar em aprender o melhor
possível as metodologias de jogo forma, para estarmos preparados. número de quilómetros e também de viver para se perceber e depois nos dias de descanso”, acrescenta
e conviver uns com os outros de Isso, para mim, é um primeiro Dakar, esteve sempre presente pó, muito pó, é muito difícil não voltar”, desabafa. o piloto, segundo o qual este Dakar
forma saudável. antes do Dakar propriamente dito, o que dificulta as nossas prestações”. E de onde surgiu a “paixão” pelas foi “menos exigente a nível físico”,
porque é o trabalho que ninguém Capitão da GNR, António Maio as- motas? António Maio lembra que, mas bastante “complicado” a nível
4ª Jornada (15/01): vê, mas que tem que ser feito e que segura que a participação numa prova desde criança, os seus brinquedos psicológico. E o motivo é fácil de ex-
CFEstremoz, 3 – Criar-T (Seixal), 5 é bastante importante e decisivo”. destas representa um “desafio enor- eram as motas e os carros. “Depois, o plicar: “[Não foi possível ter] desfruta-
e Clube Patinagem de Beja, 27 – Grupo Depois, na prova em si, “o nú- me”, pois é necessário “superar” to- meu pai, que também é um apaixona- do dos meus filhos recém-nascidos,
Desportivo Diana de Évora, 1. mero de quilómetros que fazemos dos os percalços. “A partir do momen- do pelas motas, deu-me a oportunida- e não ter prestado todo o apoio à
Na 5ª Jornada (22/01), e as condições meteorológicas que to em que chegamos só pensamos de de competir de forma amadora no minha mulher, que é um pilar impor-
GD Diana, 1 – CFEstremoz, 9. apanhamos” constituem dificulda- em voltar porque, efetivamente, é nosso Alentejo em algumas provas tantíssimo nesta aventura. Todos os
des acrescidas. “Apanhamos muito pormo-nos à prova de uma forma tão que iam existindo à volta de nossa dias sonhava em poder abraçá-los”.
RUI CAEIRO frio durante a manhã e depois mui- exigente que ficamos sempre a que- casa”. Entretanto, começou a parti- ANA LUÍSA DELGADO
14 27 JANEIRO 2022

SABIA QUE…

A região de Estremoz em
tempos pouco conhecidos
Os séculos anteriores à inte- al-Andalus. peninsular; esta região tinha, para dajoz, organiza a recuperação de
gração deste território no reino de Sabemos que a chegada de além da população que se mante- Évora, cidade que crescerá desde
Portugal estão cobertos por um árabes e de berberes não implicou ve cristã (moçárabes, como se dirá então; e a partir dos séc. IX-X há já
manto espesso. A documentação mudança de religião: judaísmo, depois), ‘berberes’ e muladís (famí- referências a Elvas.
portuguesa só fala da região a par- cristianismo e islamismo, cami- lias próximas da dinastia árabe de Dada a riqueza a nível deste ter-
tir do séc. XIII. Que se passou, en- nhos monoteístas que partilham Córdova – os omíadas – descen- ritório, é que crer que sítios e edifí-
tão, entre 711 e o séc. XII? tradições, conviveram com fases dentes dos califas de Damasco); cios de época romana se tenham
Em inícios do século VIII entram de maior ou menor animosidade. nessa fase, cristãos, berberes e mantido habitados ou reutilizados.
tropas, gentes e saberes prove- As grandes rupturas terão tido moçárabes – liderados pelo berbe- É por isso que pode ser relevante o
nientes do Oriente do Mediterrâ- lugar antes, sobretudo durante a re Mahmud ibn Abd al-Jabbar – re- ‘Tanque dos Mouros’, com origem rias (como a de ‘Ukasha, localizado
neo (tratados como Árabes por ser fase de entrada de povos germâ- voltam-se contra Córdova e a am- romana mas que pode ter tido uso por A. Rei nos Mártires) – ligados à
essa a língua da administração e da nicos ou ‘bárbaros’, séculos antes. plitude dessa revolta teve reflexos em alguma das fases de domínio agropecuária e, provavelmente, ao
cultura) e do Norte de África (Ama- As crónicas e textos geográfi- de Monchique ao Douro (Mafa- ‘dos Mouros’ na região. aproveitamento dos mármores.
zigh ou berberes). A maioria da cos sobre al-Andalus não referem mude). O muladí Ibn Marwan, É de enorme relevância o acha- A releitura de textos em árabe,
população hispânica mantém-se Estremoz mas nomeiam cidades personalidade ligada a Badajoz e do, na villa de Santa Vitória do escavações arqueológicas cuida-
onde estava, pactuando com os próximas e acontecimentos sig- Marvão, chefiará nova revolta. Por Ameixial, de uma inscrição em ára- das, bem como o estudo da micro-
novos dirigentes, conservando os nificativos no território entre Méri- outro lado, sabemos que o futu- be. Parece ser uma lápide sepul- toponímia trarão novos dados no
seus bens. Desse cruzamento de da – antiga capital da Lusitânia – e ro rei Ordonho II de Leão atacou cral – indício de que villæ romanas futuro.
línguas, tradições e gentes – nem Évora-Santarém. Nos inícios do Évora em 913, chacinando quase há que foram reocupadas por gen- FERNANDO CORREIA BRANCO
sempre isento de conflitos – surgi- séc. IX há revoltas em Mérida que toda gente; será um descendente te arabizada e islamizada. Havia, Investigador e professor de
rá o que oficialmente se chamará se estendem a todo o ocidente de Ibn Marwan que, a partir de Ba- pois, pequenos povoados – alca- História na Universidade de Évora

VOTEM! PARABÉNS A VOCÊ QUE DESERTO TÃO GRANDE… CRISE? QUAL CRISE? A DESIGUALDADE MATA

Vivemos numa democracia represen- Aos assinantes, leitores e anuncian- Um conjunto de fatores estão a con- A campanha eleitoral tem sido domina- Segundo a Oxfam, a pandemia tornou
tativa. Como cidadãos livres, elegemos tes que tornaram possível o Brados tribuir para a desertificação de largas da pela questão de quem fica em pri- os ricos mais ricos! Os rendimentos da
alguns de nós para nos representarem do Alentejo chegar aos dias de hoje, zonas do país: alterações climáticas, meiro e que acordos irá fazer para gover- grande maioria da população mundial
e exercerem o poder. O voto secreto, obrigado! A nossa sentida e saudo- culturas intensivas, desperdício… nar. O que resta da agenda informativa diminuíram. As fortunas dos dez mais
direto e universal, não é apenas um sa homenagem aos companheiros Quem ainda se lembra dos tempos tem sido ocupado com a covid-19. Es- ricos duplicaram durante os dois anos
direito conquistado a pulso com luta e que já partiram. Apesar de todas as em que chovia quatro meses por ano? tão ausentes, da campanha e dos gran- do surto epidémico. De 700 mil milhões
sofrimento. É um dever de cidadania. dificuldades, pressões e muita in- Hoje, 94% do país está em situação de des meios de comunicação cenários passaram a 1,5 milhões de milhões de
A democracia é cara? Muito mais cara, compreensão, o Brados ainda está seca meteorológica (desvio da precipi- de crise que se desenham e parecem dólares. Entretanto, mais de 160 mi-
em termos monetários e humanos, é a aqui, desde 31 de Janeiro de 1931. tação em relação ao valor normal; ca- inevitáveis. Vem aí inflação, aumento lhões de pessoas foram empurradas
ditadura. A democracia é perfeita? Cla- Nós, os que estamos aqui e agora, racteriza-se pela falta de água induzida dos juros, falta de matérias-primas. Com para a pobreza. Para a ONG esta desi-
ro que não! Mas, como diria Churchill, continuaremos a tentar estar à vossa pelo desequilíbrio entre a precipitação reflexo negativo nos bolsos de cidadãos gualdade contribui para a morte de, pelo
“a democracia é o pior dos sistemas, altura. Nunca deixar de amar e de- e a evaporação). As zonas do Alentejo e e empresas. No caso do Brados, qual o menos, 21 mil pessoas por dia. E estes
com exceção de todos os outros.” O fender Estremoz e as suas gentes, do Algarve são as mais afetadas. aumento do preço do papel? A tudo isto dados são «conservadores»! Têm como
voto de todos é importante. É uma o Alentejo, a democracia, a liberdade Há barragens que mais parecem se junta o avanço dos governos autori- base o número de mortes provocadas a
questão de escolha. De expressarmos de expressão e a construção de uma charcos e aos agricultores a única es- tários. Uma provável nova guerra com nível mundial pela «falta de acesso a ser-
o que queremos para o nosso futuro sociedade mais justa. Tarefa difícil e perança é chover em Fevereiro. Não é repercussão devastadora para a Europa. viços de saúde, à violência de género, à
pessoal e coletivo. O Brados, como nunca acabada, mas “quem não se alarmismo. É um problema sério e real. Sobre este “novo futuro” pouco se diz. fome e à crise climática». Até quando,
defensor do sistema democrático, levanta para acender a luz, não pode Algo terá de ser feito para, pelo menos, Como, se ao ignorar, tudo se desvane- nós [99% da população mundial], va-
apela ao voto. Não fique em casa! Vote reclamar do escuro”. minimizar a velocidade da transforma- cesse. Aproximam-se tempos difíceis. mos continuar a permitir esta obscena
em quem quiser, mas vote! ção do sul de Portugal num deserto. repartição da riqueza?

1960, Morte trágica de Mariano Alfacinha CURIOSIDADES


Em 1959, abre o Colégio S. Joaquim, propriedade de Adriano Silva Mota, em terrenos da família, na horta do Caldeiro. Prepara os alunos até ao 7º ano
(atual 12º ano), em regime externo e de internato. A designação oficial é o Externato Liceal de S. Joaquim. Nesse ano, o RC3 envia para a Índia Portuguesa
HISTÓRICAS DA
uma força blindada para reforçar a segurança do território. Ainda em 1959, realizou-se no Teatro do Asilo a festa dos finalistas da Escola Comercial e Industrial,
com apresentação da peça idealizada pelo Professor Rogério Peres Claro “Três Momentos da Vida” e da peça infantil “O Menino que Era Poeta”, escrita e
NOSSA TERRA
musicada pelo padre Carmo Martins. Em 1960, ocorre um acidente trágico no Rossio Marques de Pombal. No final do segundo Raid Hípico, já terminada a
prova, um cavalo espanta-se e com um violento coice atinge no peito o mestre Mariano Alfacinha, que estava no recinto a assistir. Transportado em braços
para o hospital, acabou por falecer pouco depois. Ainda em 1960, a Fundação Calouste Gulbenkian cria a biblioteca fixa nº153, que fica instalada no convento
das Maltesas, por acordo com a Misericórdia. O responsável pela biblioteca é Júlio Pereira da Silva. Também em 1960, a exploração do teatro Bernardim
Ribeiro é atribuída a SACIL (Sociedade de Atividades Cinematográficas), que promove uma série de melhoramentos: nova máquina de projeção e som, novas
cadeiras estofadas para o balcão e sistema de aquecimento e renovação do ar. No mesmo ano, tem lugar um grande concurso nacional de gado ovino, no
Campo da Feira, junto a Mata, com a participação de cerca de 3.000 animais e 90 criadores.
Por JOSÉ EMÍLIO GUERREIRO (Excertos de “Estremoz Vila - Estremoz Cidade”. Brados pode indicar como adquirir o livro).
27 JANEIRO 2022 tome nota 15
“EXPRESSÕES NUM OLHAR” é uma seleção de 18 obras de vários autores “TROVISCO: ARTE TÊXTIL” é o título de uma exposição patente no Centro
portugueses, do período entre os anos 30 e os anos 90 do século XX, que pode ser Interpretativo do Tapete de Arraiolos até ao próximo dia 13 de fevereiro. Com cura-
vista até ao próximo dia 13 de fevereiro na sala de exposições Temporárias do Mu- doria de Filipe Rocha da Silva, a mostra reúne obras da autoria de alunos dos cursos
seu Municipal de Estremoz. Estão representados autores como Lagoa Henriques, de licenciatura, mestrado e doutoramento da Escola de Artes da Universidade de
Manuel Falcato ou Manuel Ribeiro de Pavia, entre outros. Évora.

teatro
Um “desamor viciado” no palco
do Bernardim Ribeiro
ESTREMOZ
Está patente no Teatro Bernar-
dim Ribeiro, até ao próximo dia
14 de fevereiro, a exposição
“Aguarelas de Paulo Vicente”.
Paulo Vicente nasceu em Estre- Teatro da Rainha traz a
moz em 1926. Após a reforma, Estremoz a peça
aos 66 anos, descobriu uma
vocação há muito inata - a pin- “Pertinho da Torre Eiffel”.
tura. As temáticas nas suas te- Um texto de Abel Neves
las passam essencialmente por sobre um jovem casal
ambientes urbanos, mormente
pequenos recantos das vilas e em conflito.
cidades do Alentejo, ou aspetos
mais gerais dessas mesmas po-
voações. São 52 telas, doadas Num país como Portugal, essa
pelo artista ao Museu Municipal coutada do “macho ibérico”, se-
de Estremoz, nas quais repre- gundo a terminologia cunhada num
senta a sua cidade natal. acórdão do Supremo Tribunal de
Justiça num processo relativo à vio-
lação de duas turistas, uma peça
ÉVORA como “Pertinho da Torre Eiffel”, que
sobe ao palco do Teatro Bernardim
Porque as cidades são “labirin- Ribeiro na próxima sexta-feira, dia
tos de saberes, de vozes, de 29, às 21h30, constitui um “objeto
perspetivas, de diferenças”,
analítico vital”. É assim que a des-
o Centro de Arte e Cultura da
Fundação Eugénio de Almeida creve o encenador Fernando Mora
está a promover um ciclo de Ramos, interessado em perceber
encontros denominado “Duas “como em nome da liberdade e da cenário móvel que oferece diferen-
ou Três Coisas”, com o objetivo individualidade, até de singularida- tes ângulos de observação de uma
de procurar “campos de debate des, as pessoas estruturam relações relação amorosa em busca de equilí-
que cruzam Évora com os seus de obediência a determinantes ex- PROJETO “ALENTEJO, PATRIMÓNIOS” brio na corda bamba existencial. Em
horizontes atuais. Na quinta-fei- teriores, sejam mitos kitsch, sejam cena, tudo parece vacilar e perder-se
ra, 28 de janeiro, às 18h00, Luís economia fatal, sejam engendra- COM VISITA GUIADAS EM ESTREMOZ em hesitações inconsequentes”.
Pucarinho vai celebrar os seus mentos próprios, engrenagens poli- O que é um casal normal? Poderá
10 anos de carreira, “com novos ciais na interdependência conjugal”. A terceira edição do projeto “Alentejo, Patrimónios”, organizada pela a rutura ser rotina? O que esperam
projetos e memórias fortes”. No
Escrita por Abel Neves, a peça Direção Regional de Cultura do Alentejo, com o primeiro conjunto de da vida Jana e Jasmim? Têm so-
dia seguinte, às 16h00, Antó-
nio Guerreiro, José Manuel dos arranca com uma pergunta di- visitas guiadas agendado para o próximo dia 29 de janeiro, em Estre- nhos? Ambições? “São perguntas
Santos, José Miguel Gervásio rigida por Jasmim a Jana, cuja moz, tem já completo o número de inscrições previstas, anunciou a cujas respostas se estudam a par-
e José Alberto Ferreira encon- presença notamos por lhe escu- organização. tir de quadros proporcionalmente
tram-se para debater “o estado tarmos a voz enquanto trauteia No dia 29 de janeiro a iniciativa abrangerá o Museu Municipal Prof. cómicos e melancólicos, como se
da arte”. um fado: “É normal um gajo ali Joaquim Vermelho; a oficina das Irmãs Flores; um passeio pelo mer- estivéssemos a olhar para alguém
parado sem saber ao que vai?”. cado e, após pausa para almoço, o Centro Interpretativo do Boneco que patina sem sair do mesmo lu-
Em palco, os atores Fábio Costa de Estremoz e oficina prática de modelação, contando com o apoio gar”, acrescenta a mesma fonte.
VILA VIÇOSA e Marta Taveira são, respetivamente, do Município de Estremoz - Museu Municipal Prof. Joaquim Vermelho. Citado na página de Internet do
Jasmim e Jana, um jovem casal ur- Segundo a Direção Regional de Cultura do Alentejo, o projeto “Alen- Teatro da Rainha, o crítico Valentim
A Câmara de Vila Viçosa volta bano com pouco dinheiro e empare- tejo, Patrimónios” tem por objetivos promover o património cultural da Nataniel diz que no casal Jasmim
a promover o Prémio Literário
dado numa precariedade ao mesmo região, dar a conhecer a sua diversidade cultural, dignificar os atores do e Jana “espelham-se as ambigui-
Florbela Espanca para distinguir,
nesta edição, obras literárias tempo material e amorosa, porque saber-fazer tradicional e valorizar o território nas suas especificidades dades, as dúvidas e as hesitações,
inéditas de poesia. Os traba- ambas as dimensões se interligam e diferenciadoras. as incertezas de inúmeros casais
lhos podem ser apresentados condicionam. “O conflito é constan- perseguidos pela precariedade
até 15 de setembro. A iniciativa, te e eles não conseguem perceber neste nosso tempo detergente,
instituída em 1981, pretende, como sair daquele desamor vicia- como diria o poeta Ruy Belo”. E
segundo a autarquia, “homena- do, que os une e afasta num regi- de diálogo de série televisiva, outros Trabalhou 12 anos na Comuna – acrescenta: “Este é, sem dúvida,
gear a vida e a obra” da poetisa me constantemente elástico, que que roçam os níveis de exposição do Teatro de Pesquisa nas áreas de um dos aspetos mais tocantes do
Florbela Espanca, natural de Vila não controlam, são vítimas desse casal a coisas como os bigbrothers, dramaturgia e assistência literária. espetáculo, o modo como a econo-
Viçosa, assim como promover e vaivém que os faz mover parados”, para evidenciar a sua falsidade, claro”. “Pertinho da Torre Eiffel” explora mia de meios e a simplicidade de
premiar obras literárias inéditas acrescenta Fernando Mora Ramos. Natural de Montalegre, Abel a instabilidade doméstica a partir processos são capazes de oferecer
de expressão portuguesa no
Segundo o encenador, a peça é Neves é um dos mais produtivos de duas personagens fisicamente ao público uma complexa teia de
âmbito da poesia e da ficção,
alternadamente, independente- uma mistura de estilos, de registos autores do teatro contemporâneo presentes e outras tantas ausentes, emoções a partir de uma modela-
mente da nacionalidade do au- teatrais, é uma tragicomédia dra- português. Além de cerca de 50 num jogo de interações que excede ção das personagens que se isenta
tor. A obra vencedora será publi- mática, um objeto curiosamente peças, assinou nove romances, aquilo que se vê. Segundo a com- de juízos morais sobre as persona-
cada pela autarquia e premiada cinematográfico [que], em dadas se- quatro livros de poesia, uma coletâ- panhia, “o visível assume pontos lidades em cena e as suas ações”.
com 2.500 euros. quências dialogais, tem momentos nea de contos e outra de ensaios. de vista diversos, desde logo, num FRANCISCO ALVES
» PHOTO NOSTALGIA

A imagem trará aos estre- tros’ de fita de celulóide terão e hoje, propriedade e sede
mocenses um turbilhão de sido projectados a partir da ve- do Clube Futebol Estremoz,
recordações. Os festivais-con- lha cabine? Até que ‘as luzes se ganhou outras valências. Os
curso dos ‘Vestidos de Chi-
ta’. Espectáculos. Concertos.
apagaram’ e o espaço entrou
em acelerado processo de de-
épicos filmes, esses, é que
continuam só na memória “Terra Nossa”. Exposição de
Gloriosas jornadas de hóquei
em patins. As monumentais
gradação (que a foto reproduz).
Mas houve quem não per-
colectiva. Mas o écran gigan-
te ainda lá está para o que der João Chambel no Howard’s Folly
sessões de cinema em noites mitisse a ruína total. Felizmen- e vier....
de canícula. Quantos ‘quilóme- te! O imóvel foi recuperado Arquivo Brados

Durante uma refeição no no passado sábado, dia 22. artes plásticas desde os
Howard’s Folly, em Estremoz, “Terra Nossa” apresenta seus 35 anos. “É um ape-
podem surgir desafios artísti- paisagens que vão do Alen- tite, não uma obrigação”.
cos. Que o diga João Cham- tejo, que o autor diz admi- E justifica: “Tenho alturas
bel, convidado pela organiza- rar, ao Montijo, onde reside, em que pinto cinco ou seis
ção a expor os quadros que passando também por Lis- quadros em dois ou três
pinta há mais de 20 anos, boa e pelo Porto. Os seus meses e depois estou dois
mas que nunca tinham vindo quadros não têm pessoas, ou três anos sem pintar”.
a público, e agora se reúnem nem árvores. Representam O interesse pela pintura
na exposição “Terra Nossa”. um “estilo figurativo arquite- surgiu-lhe “naturalmente”,
“Há seis meses viemos tónico” em que “uma casa aliado ao gosto que revelou,
aqui [The Folly] almoçar e é uma casa e uma chami- desde cedo, pelo desenho.
havia uma exposição sobre né é uma chaminé”, des- “Desenhava para a minha
o Nelson Mandela. A minha prendendo-se, por isso, de mulher pintar. Houve um
mulher, em conversa com “qualquer pretensiosismo dia em que experimentei a
a organização do espaço, interpretativo”, assume João pintar também”, recorda.
disse que também pinta- Chambel em entrevista ao E, assim, as artes plásticas
mos e eles pediram-nos “Brados do Alentejo”, acres- ganharam dimensão na sua
fotografias dos quadros. centando: “Os quadros va- vida. Inclusive, uma dimen-
Assim que mandámos, lem pelo seu aspeto gráfico”. são terapêutica: “Fui pintan-
eles mostraram interesse”, Inspirado em artistas do em vez de estar a tomar
começava por contar João como Molina, este profes- comprimidos para os nervos.
Chambel na inauguração sor de profissão assume-se
da exposição que decorreu como um entusiasta das MARGARIDA MANETA

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