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Rutura Epistemológica e Construção de Objetos Sociológicos

Trabalho Individual final

Objeto e Método de Sociologia

Ano Lectivo 2021-2022

Docente: Luísa Veloso

Discente: Allanah Quintino


nº 93885
Turma: SA2
Trabalho individual final – Objeto e Método de Sociologia

Indice

Introdução................................................................................................................................3
O Objecto da Sociologia...........................................................................................................3
A determinação social do senso-comum..................................................................................4
A especificidade da perspetiva sociológica: Ruptura epistemológica.......................................5
Obstáculo Naturalista...............................................................................................................6
Obstáculo Etnocêntrista............................................................................................................6
Obstáculo Individualista...........................................................................................................7
Os contornos da Investigação Sociológica...............................................................................8
Classificações sociais...............................................................................................................9
7 mil milhões de Outros - Homens/Mulheres [PT].................................................................10
Conclusão...............................................................................................................................12
Referências Bibliográficas......................................................................................................13

Introdução

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Trabalho individual final – Objeto e Método de Sociologia

O presente trabalho é realizado no âmbito da unidade curricular de Objeto e Método de


Sociologia, orientado pela docente Luísa Veloso. Este estudo aborda a temática da rutura com o
senso comum, com o interesse de apresentar uma reflexão aprofundada acerca de uma visão
crítica da produção de conhecimento científico. Optou-se enquanto estratégia metodológica de
pesquisa por uma revisão de literatura, um processo que consiste no levantamento bibliográfico
de conteúdos programáticos expostos nas aulas teórico-práticas. Numa primeira instância,
procura-se explicar a especificidade do objeto de estudo de sociologia, prosseguindo pela
definição geral do conceito de senso comum. De seguida, tratar das questões relacionadas com a
desconstrução dos mecanismos cognitivos de categorização social bem como enunciar todos os
tipos de obstáculos epistemológicos resultantes do conhecimento corrente, e explicar a génese
da perspetiva sociológica, acompanhada pelas etapas necessárias para o desenvolvimento de
uma investigação sociológica. Por fim, para uma maior compreensão da problemática, com base
no documentário 7 mil milhões de Outros, visa-se demonstrar exemplos representativos de
obstáculos epistemológicos alicerçados com os seus respetivos contextos de formação. Finaliza-
se com notas conclusivas sobre o trabalho desenvolvido e as suas respetivas componentes
reflexivas sobre a análise feita ao documentário assistido.

O Objecto da Sociologia

A sociologia é uma disciplina científica cujo enfoque consiste no estudo da atividade social. O
termo “sociologia” foi cunhado por Auguste Comte, fundador francês do positivismo, corrente
filosófica que infere que a obtenção do conhecimento é feita por meio da experimentação
científica. Para uma contextualização histórica, este campo de estudo atingiu a sua autonomia
teórica e conceitual em meados do século XVIII (Lenoir, 1996, p.60), sob o impacto da
revolução industrial e da revolução francesa, o que por sua vez facilitou a emergência da
sociologia. Corresponde ao período em que novos movimentos intelectuais apareceram com o
interesse de compreender e evoluir a sociedade a partir de um ponto de vista científico.

“A sociologia sempre se preocupou em narrar a sua própria história, tarefa tida como intrínseca
a um campo de conhecimento que tem muita dificuldade de se organizar em torno de um
paradigma único. O constante retorno aos clássicos, portanto, traduziria um procedimento
metodológico que reduziria a complexidade inerente à disciplina e forneceria um horizonte
conceitual comum.” (Alexander, 1988, p.13).Existe a noção corrente de que os “problemas
sociais” são o objeto de estudo da sociologia, isto é, encontra-se presente uma representação
social do que a atividade sociológica embarca, que na verdade é destituída de veracidade
científica. O papel do sociólogo consiste na análise dos processos da realidade social, na
interpretação dada aos “problemas sociais” e não na constituição deste. O sociólogo é, portanto,
o profissional que se ocupa no estudo das regularidades, dinâmicas e estruturas de carácter

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social. É fulcral que o investigador seja capaz de combater qualquer tendência para a produção
de julgamentos, noções e orientações simbólicas na compreensão das interações sociais. Deve
priorizar uma perspetiva encarada como um fato social, vista sempre em contextos dentro da
mesma natureza. É a partir de um ponto de vista objetivo de interdependências entre grupos
sociais ou indivíduos que se delimita a perspetiva sociológica.

A determinação social do senso-comum

Como Elias Nobert (2005) refere, o cidadão comum concebe a realidade social numa lógica
dicotômica, em que prevalece uma oposição entre os conceitos individuo e sociedade (p.13).
Isto se deve em grande parte ao modo de discurso reificante, que impõe uma barreira invisível
entre as entidades a que nos referimos. É um modo de exprimir tradicional que decompõe redes
de interdependência humanas complexas em partes constituintes simples. Parte de uma
perspetiva individualista egocêntrica em relação as restantes configurações sociais, como se de
uma realidade objetiva se tratassem, isenta de intercâmbio e irredutibilidade. Por um lado, tem
se o modelo das ciências naturais, com uma certa inclinação para a transposição automática de
conceitos ao cientificar o pensamento, que se revela como inadequada para os argumentos das
ciências sociais, uma vez que evidencia uma estrita separação entre os sujeitos envolvidos nas
relações sociais. Por outro lado, tem-se padrões de cultura socialmente interiorizados que
possibilitam a construção de “saberes práticos” com o objetivo de criar uma melhor
compreensão do mundo. Designa-se por senso comum os saberes adquiridos pelos indivíduos
no seu quotidiano que não são fundamentados cientificamente, que correspondem
exclusivamente à acumulação de conhecimentos espontâneos e superficiais da realidade. No
plano empírico, o senso comum não constitui necessariamente um aspeto negativo, visto que
estimula a resolução de problemas, viabiliza a comunicação entre os atores sociais e assume
uma ordem de previsibilidade no dia-a-dia das pessoas, portanto certamente tem o seu mérito no
processo de apreensão e socialização dos saberes. Contudo, no que concerne às ciências sociais,
é importante haver uma regularização na atividade epistemológica instantâneo porque o
descontrolo de interpretações mágico-míticas não fiéis á esfera social produz efeitos destrutivos
e nefastos aqueles que rodeiam. Nesse sentido, os modelos de pensamento e linguagem, quer
provenientes das ciências naturais, quer oriundos dos discursos correntes, consideram-se
inapropriados e nesse sentido, invoca-se uma reforma dos instrumentos institucionalizados de
linguagem e de pensamento, em prol de uma reorientação verbal e conceitual para um estudo
próprio da mutabilidade e complexidade dos fenômenos sociais. É necessária uma constante
revisão do paradigma científico para atender devidamente as particularidades do objeto de
estudo da sociologia.

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A especificidade da perspetiva sociológica: Ruptura epistemológica

Como previamente estabelecido, o conhecimento vulgar é um modo limitado de observar a


realidade social, embora se reconheça a sua finalidade para racionalizar e orientar a prática
humana no seu quotidiano. Augusto Santos Silva designa por “familiaridade com o social” ao
fenômeno de conhecimento generalizado e rotineiro de ações sociais que confere um estado de
expetativa ao individuo, de forma a gerar um sentimento de transparência para com o mundo
exterior. Importa ter atenção que não se exige por uma clivagem definitiva com a produção de
conhecimento erudito, dado que os fatos sociais evidentemente nunca deixam de ser
interpretados pelos cientistas sociais, que por sua vez delimita o objeto de estudo da sociologia,
e a distingue comparativamente com outros subcampos das ciências sociais. Porém, as
fronteiras do campo da sociologia relativamente a outras ciências sociais não são estanques,
pelo contrário, predomina uma interdisciplinaridade na medida em que existe uma relação
cooperativa entre os vários campos, que está patente pelo intercâmbio de conteúdos e que
complementa o conhecimento integral da sociologia. Não obstante, a especificidade do objeto
de estudo sociológico é efetivamente o entendimento de padrões sociais. É importante promover
um novo olhar para o investigador, atendendo ao fato de que as suas próprias maneiras de agir e
de pensar foram configuradas pelo próprio senso comum, e de que as ciências sociais se
encontram passíveis a serem permeáveis pelo conhecimento prático. Apela-se a que este
desenvolva consciência na manipulação de fatos sociais, tendo em vista que deve sempre
procurar ultrapassar o máximo possível por qualquer bloqueio ideológico e pressupostos
ilusórios na análise de representações coletivas. Mobiliza-se o conceito de reflexividade para
caracterizar a atividade sociológica, ou seja, a reflexividade constitui uma ferramenta chave
para explicar a necessidade de uma construção teórica aprofundada, ao ponderar sempre as
condições e efeitos em que esta opera (Costa, 2001, p.20.). Nesse sentido, surge a epistemologia
enquanto ramo filosófico dedicado à vigilância crítica de produção de fundamentos e métodos
científicos, com o objetivo de entrar em rutura com saberes triviais resultantes das experiências
sociais. Esta teorização de conhecimento investiga a relação entre os pensamentos dos sujeitos
e os seus objetos. Posto isso, identifica-se as explicações mais habitualmente produzidas pelo
senso comum e que resistem à produção científica do conhecimento, nomeadamente o obstáculo
naturalista, obstáculo individualista e o obstáculo etnocêntrista.

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Obstáculo Naturalista
Trata-se de uma explicação de fenômenos sociais com recurso a propriedades de ordem
biológica ou natural. Impõe uma relação indiscutível entre a natureza e a contextos
socioculturais, ao imputar conceitos naturais originários de áreas de conhecimento tais como a
biologia e outras ciências naturais, exemplos como o sexo e a idade para a justificação de
conduta humana. Deve-se evitar de qualquer forma de reducionismo natural, e dados desta
ordem apenas complementam a informação e nunca explicam as ações sociais. Silva
exemplifica uma interpretação típica naturalista:

“os homens, mais ativos, são empreendedores, técnicos, optavam naturalmente por cursos
preparadores de carreiras sólidas, bem remuneradas, na maior parte dos casos liberais; e as
mulheres, mais afetivas, menos preparadas para as posições decisivas da atividade económico-
social (…) naturalmente preferiam os cursos de formação de professores e certas especialidades
de Medicina.” (1986, p.36).

Esta interpretação em particular seleciona uma categoria natural, o sexo, como argumento
explicativo e determinante para a escolha da atividade profissional, quando efetivamente se
deve às diferentes condições sociais impostas de acordo com o gênero, isto é, ao processo de
socialização vinculada ao gênero. Nunca se justifica contextos sociais com dados biológicos da
espécie humana. pelo que este fato óbvio produzido pelo senso comum constitui um
impedimento para a pesquisa sociológica.

Obstáculo Etnocêntrista.
A classificação de etnocentrismo provém do campo da Antropologia e define uma visão de
sobrevalorização de um povo ou grupo cultural, religioso e étnico em detrimento de outros.
Silva define como uma atividade que pressupõe a legitimação do fechamento no conhecimento
de outras áreas culturais devido a uma atitude superior quanto aos seus próprios hábitos e suas
maneiras de pensar e de ser ou incompreensão de fatos e ideias distintas das suas próprias
visões. (1986, p.46). Talvez o obstáculo mais facilmente identificável graças aos
acontecimentos reportados pelos órgãos de comunicação social, geralmente é expresso sobre a
formas mais extremas tais como o racismo, xenofobia e comportamentos preconceituosos em
relação a outros. Por meio do processo de relativismo cultural, perspetiva metodológica de
origem antropológica, é possível conduzir estudos em que o investigador adota um
posicionamento neutro sobre os diferentes sistemas culturais existentes. Em um ponto de vista
sociológico, é possível encontrar no formato mais discreto, como o anacronismo, “quando
analisamos uma época projetando nela os nossos quadros mentais da nossa, quando aplicamos
conceitos sem curar de testar a sua adequação à especificidade da sociedade que estudamos.”
(Silva, 1986, p.47).

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Obstáculo Individualista
A terminologia schumpeteriana do “individualismo” origina da velha dialética do
individuo/sociedade, em que Joseph Schumpeter adota a perspetiva individualista na medida
que considera este enquanto a unidade básica de análise econômica. A explicação individualista
postula que a conduta e a vontade de um sujeito derivam exclusivamente da sua capacidade
arbitrária, isto é, que as suas ações são fruto da sua racionalidade individual e portanto a sua
forma de estar é desvinculada da sociedade. Embora existem particularidades à escala
individual, no âmbito da sociologia, o determinismo social é a coadjuvante do comportamento
humano. Tal como Durkheim afirma:

“Um fato social reconhece-se pelo poder de coerção externa que exerce ou susceptível de
exercer sobre os indivíduos; e a presença desse poder reconhece-se, por sua vez, pela existência
de uma sanção determinada ou pela resistência que o fato opõe a qualquer iniciativa individual
que tende a violá-lo.” (Durkheim, p.44, 2004)

As práticas de um sujeito encontram-se imbuídas por um conjunto de processos de socialização,


normas institucionais e doutrinárias, que exercem influência sobre o seu estilo de vida. Deve
considerar os acontecimentos sempre de um modo relacional e dinâmico. Como Durkheim pode
ilustrar no seu estudo de caso “O suícidio”, publicado em 1897, altura em que previamente se
interpretava o ato de suícidio como um ato isolado da sociedade (determinismo
individualistas )pode comprovar efetivamente que se devia em grande parte a uma questão
social. Apurou, com recurso a bases estatísticas e desconsiderando patologias de ordem
psíquica, que grande parte dos casos de mortes voluntárias aconteciam devido á falta de
integração social das vítimas ou ao crescente fenômeno de individualismo nas sociedades
contemporâneas. Apontava-se nomeadamento a causas sociais, tais como períodos de
desregularização normativa em que a socidade estava a passar e deixava os indíviduos á deriva,
sem qualquer orientação nas suas vidas.

Os contornos da Investigação Sociológica

Procura-se delinear as devidas condições de construção de uma pesquisa científica da realidade


social. Para criar um paradigma teórico sólido, como outrora estabelecido, o sociólogo deve em
primeiro lugar entrar em rutura com o senso comum, para eliminar “a familiaridade com o
social”, isto é, com qualquer atividade epistemológica imediata empírico falsa supracitada
anteriormente. Implica, numa primeira instância, elaborar uma questão de partida clara e
exequível, em que o sociólogo expressa o que pretende conhecer e explicar, visto que vai
constituir como o fio condutor do investigador (Quivy, 2003, p. 32). Aqui o autor procura

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evidenciar a sua posição em relação ao objeto de estudo para adequar a formulação das
hipóteses. Prossegue-se então para a fase exploratória da pesquisa, isto é, constitui uma etapa
mais avançada em que se procura conhecer em profundidade o nosso fenômeno de estudo.Vai-
se apresentar uma maior qualidade de questionamento por meio de uma revisão literária e na
definição de público-alvo, que corresponde a uma fonte informacional para a nossa
investigação. Estes são submetidos a entrevistas exploratórias e consolidam mais os
conhecimentos da realidade social.

De seguida, procede-se para a identificação da população/universo de estudo, inclusive o relato


geral do trabalho de campo. Nessa perspetiva, já se tem uma ideia do quadro conceptual com
que se vai trabalhar, o investigador então passa para a formulação de hipóteses estabelece a sua
prática científica, que contém os seus meios de trabalho ( planos teóricos, métodos, técnicas)
para uma execução devida da verificação do conhecimento, o último ato epistemológico da
investigação sociológica.

Como o autor refere:


“A distinção das ciências sociais há-de encontrar-se, então em suma na configuração das suas
matrizes, nas interrogações que formulam , nos problemas que trabalham, nos conceitos e
teorias que constroem, nos métodos e técnicas que acionam.” (Almeida, 1995, p.19)

Dentro da etapa da construção, nos meios de trabalho, importa desenvolver a questão


metodológica. Define-se a metodologia ou desenho de pesquisa, enquanto uma lógica de
planificação do projeto, e inclui a apresentação do método e as suas respetivas técnicas
atendendo á natureza do objeto de estudo. Existem três fomatos de estratégias de pesquisa, a
metodologia quantitativas-extensiva, intensiva e investigação-ação. A primeira tipologia
caracteriza-se por meios padronizados de recolha de informação, como por exemplo o inquérito
por questionário. Subjaz a observação de populações vastas, pelo que recorre a técnicas de
amostragem para efeitos de comparação, tratamento e generalização de resultados. Em
contrapartida, o método intensivo envolve um processo analítico profundo, concentrado em uma
amostra em particular. Posto isso, devido á especificidade inerente desta tipologia de pesquisa,
como grupos-alvo, predomina o uso de técnicas qualitativas. Compreende modalidades como a
observação participante, a abordagem etnográfica, trabalho de campo, etc. Como o autor refere,
“o que se perde em extensão ou numa lógica de representatividade ganha-se na intensividade da
análise ” (p.99, 1995, Almeida). É possível conciliar técnicas qualitativas e técnicas
quantitativas, porém a análise intensiva deve sempre dominar em termos metodológicos. Por
fim, a investigação-ação, como o próprio nome indica, assenta para um formato mais
interventivo e participativo, ou seja, os investigadores trabalham em conjunto em um contexto

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situacional na realização de um projeto de intervenção social direto. Geralmente, são mais


dispendiosos em tempo e em dinheiro.

Este ato apenas é possível através do recurso de princípios teóricos estáveis de conhecimento,
como Raymond Quivy e LucVan Champenhoud explicam na sua obra “Manual de Investigação
em Ciências Sociais”. Este procedimento é importante porque:

“É graças a esta teoria que ele pode erguer as proposições explicativas do fenômeno a estudar e
prever qual o plano de pesquisa a definir, as operações a aplicar e as consequências que
logicamente se devem esperar-se no termo da observação.” (Quivy, 2003, p.26)

Estabelece-se um plano teórico com diversas óticas de autores em diversas categorias para
correlacionar todos as informações e efetuar uma devida construção da problemática.

Por conseguinte, tem se a análise de informação obtida, em que se visa confrontar tal
informação com as hipóteses e o quadro teórico formulado. De seguida, o último passo a tomar
consiste no processo de verificação experimental, isto é, as proposições são submetidas à prova,
o que pode resultar numa renovação do conhecimento ou em novas teorias desvendadas. As
hipóteses são, portanto, confirmadas ou negadas. Finaliza-se através de notas conclusivas da
interpretação dos resultados obtidos, articulando sempre com o enquadramento teórico, e
fazendo a referência ás limitações enfrentadas no decurso da pesquisa e pistas para futuras
projeções da realidade assinalada.

analise das informações tem


como objetivo
comparar as informações
obtidas anteriormente a partir
das hipóteses e a conclusão,

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onde é apresentado o
resultado da investigação,
apresentado a retrospetiva
dos modelos
adotados,” os conhecimentos
originado pelo estudo e as
considerações de ordem
prática,
ou seja nesta fase é
apresentado as questões e as
hipóteses e mostrar o que
descobriu
sobre o estudo. Logo esta
etapa permite verificar o
estudo com a realidade
social.

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Os novos problemas
(teorias, pesquisas e
analises suscitam a
colocação de novos
problemas) resultam para a
construção do objeto a ser
estudado, o que leva à
elaboração
de hipóteses. As
hipóteses, consiste numa
recolha de dados
precipitados antes de
formular as hipóteses de
investigação, que mais tarde
iram ser validadas na prática
ou

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não. Em todos processos


científicos implicasse
sempre a utilização de
hipóteses.
Procedesse a definição de
problemática, que consiste
“o que se pretende estudar,
que
relações pertinentes
estabelecer entre conceitos, e
de começar a seguir um
caminho que
oriente a recolha de
informação”
(ALMEIDA;1995b), ou seja
que permita submeter a

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uma interrogação sistemática


dos aspetos da realidade
social.
Classificações sociais

As lógicas classificatórias estão subjacentes nas dinâmicas sociais e determinam profundamente


as práticas relacionais, pelo que os seus efeitos são fundamentais para o estabelecimento de uma
sociedade. As classificações sociais são vulgarmente expressas de uma forma latente através de
cada interação social. São talvez mais reconhecíveis segundo um critério econômico. O rótulo
atribuído a um membro de um grupo social como “rico” ou “pobre” carrega pressupostos
identidades sociais e culturais associadas ao papel que o indivíduo possui e do que o outro
deverá de esperar. Estipula, portanto, expetativas normativas nas suas condutas e caracteriza o
estilo de vida de um sujeito, a ponto de desenvolver as suas perceções em relação ao mundo em
que vivem. Por outras palavras, as classificações sociais criam padrões culturais socialmente
partilhados que divergem de sociedade para sociedade. Não possuem necessariamente uma
conotação negativa, simplesmente assumem a função de condicionar a realidade social. Quando
ocorre a produção exacerbada de categorias de pensamento erróneas, que não correspondem a
uma interpretação verídica da realidade, designam-se por estereótipos e preconceitos, e devem
ser monitorizados visto que reproduzem atitudes prejudiciais nas dinâmicas de relações sociais.
De outro modo, as classificações sociais podem servir como “objetos de transmissão social”.

Como refere o autor elucida:

“Elas são apreendidas e interiorizadas através de processos de socialização, muito em especial,


no quadro das chamadas instituições de socialização” (Costa, 1998, p.69)

Logo tem a capacidade de exercer coerção sobre os sujeitos dentro de contextos sociais que
promovem a diferenciação de sujeitos e a existência de redes de interdependência humana.

7 mil milhões de Outros - Homens/Mulheres [PT]

É proposto a partir de uma visualização do projeto realizado por Yann Arthus-Bertrand,


um documentário chamado “7 mil milhões de outros – Homens/Mulheres”. Este vídeo

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retrata a experiência subjetiva de cidadão pertencentes a vários contextos culturais, que


visa expor as inúmeras discrepâncias sociais que enfrentam no seu quotidiano,
consoante a raça, gênero, etnia, religião, etc. É visível como cada individuo inserido nos
seus meio social, possuem distintos elementos simbólicos modelos organizacionais
familiares, educacionais, políticos e econômicos. Cada inquirido parece ter uma ideia
intrínseca do papel social que cada categoria de gênero deve representar, ou seja, o
processo de categorização de pensamento, desenvolvido nas primeiras fases de
socialização da vida dos sujeitos, reproduz as condutas e comportamentos dos
indivíduos, que por sua vez constrói um sistema de disposição interna para predispor e
naturalizar as atitudes e maneiras de pensar destes. Assim cria-se expetativas normativas
que influenciam o dia-a-dia das pessoas. Destarte, em função do vídeo-expositivo,
pretende-se ilustrar um exemplos concreto de obstáculo epistemológico:

No príncipio, do vídeo, uma mulher paquistanesa presta o seu depoimento e revela


como o seu posicionamento social era inferior ao do seu marido, apesar de demonstrar
respeito por si. Um senhor pertencente à Republica do Chade reporta uma experiência
semelhante. Relata encontra uma desigualdade de gênero no acesso as instituições
escolares. Só a partir do momento em que as mulheres atingem a idade adulta, são
submetidas ao casamento para constituírem famílias de modo a assumir o papel de
cuidadoras. Uma mulher marroquina refere que a não utilização de um véu atrai olhares
de homens, o que a coloca imediatamente numa posição vulnerável a violência/ assédio
sexual.

“As interpretações religiosas “naturalizantes” tiveram um efeito catastrófico sobre os


direitos das mulheres, ao longo dos séculos, contribuindo diretamente para a
legitimação dos estereótipos de género, confinadores das mulheres ao espaço privado no
qual se reproduzia a hierarquia de géneros do espaço público” (Fiorenza, 2013,
Henriques e Toldy, 2012 apud Rosas, 2021,p 45)

Nestas cultura está presente uma subrepresentação do gênero femino devido á atitude
preponderante de atitudes machistas, conferida em grande parte ás estruturas religiosas
que moldam as mentalidades dos habitantes de países que cultivam tradições islâmicas.
Existe um preconceito do papel da mulher, que se encontra enraizado pelas crenças e
tradições locais e reforça a associação entre a identidade da mulher e execução de
tarefas ditas como “femininas”, como por exemplo atividades domésticas e a

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procriação, enquanto que o homem é caracterizado por práticas dominantes, vigorosas e


agressivas. Surge estereótipos de gênero graças ao condicionamento social a que os
indíviduos estiveram sujeitos, independentemente dos seus papéis, que os faz
conformarem e assumirem determinados marcadores identitários desenvolvidos através
do contexto social em que se encontram. Ocorre uma perpetuação de desigualdades e
discriminações de gênero, geradas por obstáculos naturalista e etnocêntristas.

Conclusão

Este trabalho permitiu uma maior compreensão de todos os aspetos envolventes na


construção de um objeto de estudo sociológico. A componente teórica prática das aulas
foi extremamente enriquecedora para a consolidação de trabalho, sem dúvida que a
visualização deste documentários facilitou muito as aprendizagens exigidas nesta
unidade curricular, para além de nos confrontar com realidades distintas a que estamos
por norma habituados a lidar. Esse é um dos passos fulcrais para um estudante se tornar
um sociólogo bem sucedido, que consiste na adoção de uma posição neutra, imparcial e
objetiva no estudo da realidade social.

Referências Bibliográficas

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