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INTRODUÇÃO A ELETRICIDADE

AUTOMOTIVA
Conselho Regional do SENAI - CE
Roberto Proença de Macêdo
Presidente

Affonso Taboza Pereira


Álvaro de Castro Correia Neto
Pedro Jacson Gonçalves de Figueiredo
Ricardo Pereira Sales
Delegados das Atividades Industriais – Efetivos

José Carlos Braide Nogueira da Gama


Francisco José Lima Matos
Hercílio Helton e Silva
Suplentes

Cláudio Ricardo Gomes de Lima


Representante do Ministério da Educação - Efetivo

José Nunes Passos


Representante do Ministério do Trabalho

Samuel Brasileiro Filho


Suplente

Maria José Gonçalves Marinho


Representante da Categoria Econômica da Pesca do Estado do Ceará

Eduardo Camarço Marinho


Suplente

André Peixoto Figueiredo Lima


Representante do Ministério do Trabalho e Emprego - Efetivo

Francisco Assis Papito de Oliveira


Suplente

Francisco Antonio Ferreira da Silva


Representante dos Trabalhadores da Indústria do Estado do Ceará

Antonio Fernando Chaves de Lima


Suplente

Departamento Regional do SENAI–CE


Francisco das Chagas Magalhães
Diretor Regional

Cid Fraga
Gerente do Centro de Formação Profissional Waldyr Diogo de Siqueira
Departamento Regional do Ceará
Centro de Formação Profissional
Waldyr Diogo de Siqueira

INTRODUÇÃO A ELETRICIDADE
AUTOMOTIVA

Fortaleza-Ceará
2011
©2011. SENAI. Departamento Regional do Ceará

Qualquer parte desta obra poderá ser reproduzida, desde que citada a fonte.

SENAI/CE

Centro de Formação Profissional Waldyr Diogo de Siqueira (CFP WDS)

Este projeto foi elaborado por colaboradores Centro de Formação Profissional Waldyr
Diogo de Siqueira (CFP WDS) cujos nomes estão relacionados na folha de créditos.

Ficha Catalográfica

S492i Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Regional do


Ceará.

Introdução a eletricidade automotiva. Serviço Nacional de Aprendizagem


Industrial. Departamento Regional do Ceará. Centro de Formação Profissional
Waldyr Diogo de Siqueira. Fortaleza, 2011.

58 p. il.

1. Mecânica automotiva 2. Eletricidade automotiva. I. Título

CDD 629.2

SENAI Departamento Av. Francisco Sá, 7221


Serviço Nacional Regional do Ceará Barra do Ceará
de Aprendizagem 60.330.875 – Fortaleza – Ceará
Industrial Telefone: (85) 3421-5500 fax: 3421-5510
e-mail: senai-wds@sfiec.org.br
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................7
2 HISTÓRICO .........................................................................................................9
3 TEORIA ATÔMICA ............................................................................................11
3.1 Visão geral ........................................................................................................11
3.2 Matéria e elementos .........................................................................................11
3.3 Átomos .............................................................................................................12
3.4 Processos de eletrização ................................................................................14
4.1 Tensão elétrica ou diferença de potencial (d.d.p.) .........................................18
4.2 Corrente elétrica...............................................................................................19
4.3 Resistência elétrica ..........................................................................................22
4.4 Resistores.........................................................................................................24
4.5 Associação de resistores ................................................................................25
4.5.1 Associação de Resistores em Série ............................................................... 25
4.5.2 Associação de Resistores em Paralelo ......................................................... 26
4.5.3 Associação de Resistores Mista ..................................................................... 27
5 Ω) ................................................................................................29
LEI DE OHM (Ω
5.1 Leis de kirchhoff ..............................................................................................30
5.1.1 1ª Lei de Kirchhoff............................................................................................ 31
5.1.2 2ª Lei de Kirchhoff............................................................................................ 31
5.2 Potência elétrica...............................................................................................32
5.2.1 Potência em cc (corrente contínua) ................................................................ 32
6 INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO .......................................................................35
6.1 Medindo tensão contínua (voltímetro) ............................................................36
6.2 Medindo corrente contínua (amperímetro).....................................................37
6.3 Medindo resistências e componentes resistivos ..........................................38
6.4 Teste de componentes resistivos e continuidade .........................................39
7 CIRCUITOS ELÉTRICOS ..................................................................................40
7.1 Circuito Série ....................................................................................................41
7.2 Circuito Paralelo...............................................................................................42
8 MAGNETISMO ..................................................................................................43
8.1 Campos magnéticos ........................................................................................44
8.2 Eletromagnetismo ............................................................................................45
9 RELÉ UNIVERSAL ............................................................................................48
9.1 Simbologia e aspecto físico dos relés ............................................................49
9.2 Relés de 5 terminais (pinos) ............................................................................50
10 BATERIA ...........................................................................................................51
REFERÊNCIAS ..........................................................................................................56

6
1 INTRODUÇÃO

O objetivo do módulo – Introdução à Eletricidade Automotiva – é proporcionar


ao aluno o conhecimento sobre as noções básicas de eletricidade assim como
desenvolver a capacidade de efetuar medições das grandezas elétricas. O
domínio desse módulo é essencial para que o aluno tenha condições de dar
continuidade aos estudos de outros módulos da área automobilística, tais
como: Eletricidade Automotiva I, Sistema de Carga e Partida e Acessórios
veicular.

O desenvolvimento dos estudos desse módulo deve acontecer em duas fases:


aulas teóricas e práticas.

A divisão do módulo em duas fases é apenas recurso de organização sendo


que as aulas de teoria e de prática devem ocorrer simultaneamente e a carga
horária deve variar de acordo com as necessidades técnico-pedagógicas.

As aulas teóricas visam desenvolver nos alunos o domínio de conteúdos


básicos e de tecnologia imediata necessária para a realização dos ensaios. As
aulas práticas caracterizam-se por atividades realizadas direta e
exclusivamente pelos alunos.

O texto que se segue irá tratar do conteúdo básico da fase teórica do módulo.
Esse conteúdo compreende os seguintes assuntos:

- Teoria atômica;
- Grandezas elétricas;
- Instrumentos de medição;
- Circuitos elétricos e Lei de Ohm;
- Magnetismo e eletromagnetismo;
- Bateria (Funcionamento).

7
2 HISTÓRICO

Há 2600 anos, THALES DE MILET na Grécia, observou que esfregando a


extremidade de uma barra de âmbar com um pano de lã, conseguia atrair
partículas de substâncias leves e secas.

Como o âmbar amarelo em grego se denomina “ELEKTRON”, esse fenômeno


ainda inexplicável foi depois chamado de “ELETRICIDADE”.

BENJAMIN FRANKLIN identifica essa eletricidade com o raio e inventa o para-


raios enquanto que VOLTA, pouco mais tarde, inventa a pilha que leva seu
nome. Mas já estamos em 1800 e é o 1º gerador elétrico que teve aplicações
efetivas.

No século, as aplicações se desenvolvem e o progresso se acelera, como


notadamente o invento do dínamo por GRAMME em 1869 e a 1ª lâmpada
incandescente com filamento de carbono por EDISON EM 1889.

No início do século XX, estudos mais aprofundados se sucedem e levam a


considerar a eletricidade como uma forma de energia criada pelo deslocamento
de partículas infinitamente pequenas no seio da matéria, entramos na era
atômica.

9
3 TEORIA ATÔMICA

3.1 Visão geral

Por se tratar de uma força invisível, o princípio básico de eletricidade é


explicado na teoria atômica. Sem esse conhecimento, não é possível
compreender o funcionamento dos circuitos e dispositivos elétricos. No entanto
nossa ênfase será dada aos sistemas elétricos automotivos e não à teoria da
eletricidade. Abordaremos a estrutura atômica apenas o suficiente para lhe dar
uma base para estudar e trabalhar com os circuitos e dispositivos que você
espera encontrar em seu trabalho como técnico.

3.2 Matéria e elementos

Definiremos matéria como qualquer coisa que ocupa espaço e que – quando
sujeita à gravidade – possui peso.

Figura 1 – Exemplo de diferentes tipos de matéria (VW)

Existem diferentes tipos de matéria. No planeta Terra, classificamos mais de


cem elementos. Cada elemento é um tipo de matéria que possui determinadas

11
características individuais. A maioria foi encontrada na natureza, outros foram
produzidos em laboratórios. Todos os materiais que conhecemos são
constituídos de um ou mais elementos.

Vamos pegar uma amostra de material - uma pedra que achamos no deserto,
por exemplo, e começar a dividi-la em partes menores. Primeiro dividiremos
pela metade. Em seguida examinaremos as duas metades para verificar se
ainda possuem as mesmas características. Depois pegaremos uma
dasmetades e dividiremos em duas partes. Examinaremos essas duas partes.
Através desse processo, poderemos descobrir que a pedra possui três
elementos diferentes. Algumas dessas partes teriam características de cobre,
outras seriam de carbono, porém outras já seriam de ferro e assim por diante.

3.3 Átomos

Se pudéssemos continuar dividindo o material indefinidamente, você


possivelmente obteria uma parte que não teria mais as características desse
elemento. Nesse ponto,teríamos separado um átomo, porque a menor partícula
de um elemento que ainda possui todas as suas características, é um átomo.

Um átomo é tão pequeno que não pode ser visto com um microscópio
convencional, nem mesmo com um bastante potente.

Figura 2 - Principais componentes de um átomo (VW)

12
Os cientistas descobriram que um átomo é composto de muitas partículas
menores, mas para explicar a eletricidade, precisamos falar apenas de três:
elétron, próton e nêutron.

CARGAS ELÉTRICAS

Os nêutrons não possuem carga, mas os elétrons possuem uma carga elétrica
convencionalmente conhecida como negativa e os prótons uma carga elétrica
positiva.

Cargas opostas sempre se atraem e as iguais sempre se afastam. Sendo


assim, partículas ou objetos com cargas opostas tenderão a se aproximar e
partículas ou objetos com cargas iguais tenderão a se afastar, a menos que
algo impeça.

Figura 3 - Interação entre cargas elétricas (SENAI)

Normalmente, um átomo possui elétrons em quantidade igual à dos prótons


existente em seu núcleo. É possível, porém, fazer os átomos de um corpo
perder elétrons ou adquirir excesso de elétrons, transformando-se em íons, ou
seja, átomos carregados de eletricidade.

Quando isto ocorre, a distribuição igual de cargas positivas e negativas que


ocorria antes, nos átomos deixa de existir, ou seja, os corpos deixam de ser
neutros, sendo assim um corpo eletrizado negativamente (-), ou
positivamente(+) , conforme receba ou ceda elétrons.

Denominamos de íon, um átomodesequilibrado eletronicamente.


CÁTION - átomo desequilibrado eletronicamente cuja carga total é
positiva (+), na realidade é um átomo que perdeu elétrons.

13
ÂNION - átomo desequilibrado eletronicamente, no qual a sua carga total
é negativa (-), logo este átomo adquiriu alguns elétrons.

Resumindo:
ESTADO ELETRÔNICO DE UM ÁTOMO

ÁTOMO NEUTRO Nº PRÓTONS= Nº DE ELÉTRONS

ÍON CÁTION > Nº DE ELÉTRONS


Nº PROTONS>

3.4 Processos de eletrização

Denomina-se eletrização o fenômeno através do qual um corpo neutro passa a


eletrizado, ou seja:

É o ato de um corpo adquirir ou ceder cargas elétricas negativas quando o


mesmo encontrava-se eletricamente neutro.

• Fricção–A eletricidade produzida por fricção é habitualmente designada pela


expressão “eletricidade estática”. O atrito arranca os elétrons de um corpo para
transferi-los para outro, o que causa um desequilíbrio. A figura abaixo mostra
que os elétrons arrancados do tapete são absolvidos pelo sapato, criando um
desequilíbrio negativo. A eletricidade permanece estática até o momento do
reequilíbrio, que acontece quando a pessoa toca um objeto metálico.

Figura 4 - Eletricidade estática produzida por atrito (Ford)

14
A eletricidade estática não tem nenhuma aplicação útil no setor automobilístico,
ela se revela como mais um inconveniente a eliminar. Os fabricantes tentam
eliminá-la para evitar que ela interfira no funcionamento de diversos
componentes elétricos ou eletrônicos, ou mesmo os destrua. Em certas
condições, a tensão produzida pela eletricidade estática pode atingir 30.000V.
Devemos eliminar a eletricidade estática antes de manipular os elementos
eletrônicos de um veículo. Os fabricantes recomendam a utilização de
braceletes antiestéticos durante a manipulação de elementos eletrônicos
sensíveis.

• Pressão (Piezo eletricidade)–A piezo eletricidade é um fenômeno elétrico


produzido por certos cristais. Esses cristais, como o quartzo, a turmalina ou o
sal de Rochelle, possuem propriedades de liberar elétrons quando submetidos
a uma pressão.

A quantidade eletricidade produzida, ou seja, de elétrons liberados é


proporcional a pressão aplicada sobre os cristais. Quanto mais se pressiona
mais se produz a eletricidade. O funcionamento da maior parte dos sensores
de “detonação” (acelerômetro) dos modernos motores a gasolina usa esse
princípio. O fenômeno inverso também existe: quando um cristal é submetido a
uma tensão elétrica ele vibra em uma frequência fixa. Os irmãos Pierre e Jean-
Jacques Curie descobriram, em 1881, o princípio do piezo eletricidade.

Figura 5 - Piezo eletricidade (Ford)

• Calor (Termoeletricidade)–É a energia elétrica produzida pela conversão


direta da energia térmica (calor). Um condutor elétrico emite elétrons quando
levado a altas temperaturas. O nome “Termiônico” identifica especificamente

15
esse fenômeno. O termopar também produz pequenas quantidades de
eletricidade. Um termopar é constituído de dois fios de metais diferentes, cujas
extremidades são fortemente enroladas. A ação do calor na junção, cria um
deslocamento de elétrons. Conectando os dois fios a um galvanômetro
(amperímetro muito preciso), é possível observar a presença de eletricidade.
Foi um sábio alemão, Thomas Seebeck que descobriu o efeito termoelétrico
em 1821.

Figura 6 - Termoeletricidade (Ford)

• Luz (Foto eletricidade)–A foto eletricidade resulta da transformação da


energia luminosa em energia elétrica. A figura abaixo mostra que, algumas
substâncias (como o selênio) possuem a capacidade de liberar elétrons quando
a luz bate em sua superfície.

A montagem formada por duas placas de material translúcido leva


habitualmente o nome de célula fotoelétrica. Foi o físico alemão, Heinrich
Hertz, que descobriu o fenômeno fotoelétrico em 1887.

Figura 7 - Foto eletricidade (Ford)

16
• Magnetismo –A indução eletromagnética é o meio mais usual de produzir
eletricidade. Ela permite a transmissão, sem contato, de energia elétrica ou
magnética, por meio de um condutor submetido a uma tensão ou de um ímã.
Os alternadores de todos os veículos produzem eletricidade segundo esse
princípio. Como mostra a figura abaixo os elétrons circulam no interior de um
condutor, quando esse se desloca em um campo magnético. A direção do
deslocamento do condutor influi diretamente no movimento dos elétrons. A
direção dos elétrons se inverte quando
a ação do condutor no campo
magnético passa de um lado para outro,
cortando o campo. Um galvanômetro
conectado nas extremidades do
condutor indicaria a presença de
energia elétrica.

Figura 8 - Produção de eletricidade por magnetismo -


condutor móvel em campo magnético fixo (Ford)

• Reação química – Uma bateria de acumuladores ou uma pilha seca não


acumulam eletricidade. Produzem eletricidade sob demanda através de reação
química. O que a bateria acumula é energia potencial das placas, constituídas
de materiais diferentes e de um eletrólito.

Figura 9 -Fonte de energia química (Ford)

Foi um italiano, Alessandro Volta, que descobriu a chamada pilha de Volta, em


torno de 1800. Sua descoberta, o efeito voltaico, é a consequência da
transformação de energia química em eletricidade.

17
4 GRANDEZAS ELÉTRICAS

Para melhor entendermos um sistema elétrico vamos compará-lo com o


sistema hidráulico de uma residência. A caixa d´agua fornece água com uma
determinada força (pressão), em função de sua diferença de altitude com o
solo, enquanto que a bateria estabelece uma força (tensão) que “empurra” a
eletricidade através dos fios.

PRESSÃO X TENSÃO

Figura 10 - Diferença de energia potencial entre dois reservatórios (Renault)

4.1 Tensão elétrica ou diferença de potencial (d.d.p.)

Uma carga elétrica é capaz de realizar trabalho ao deslocar outra carga por
atração ou repulsão.

A capacidade de uma carga realizar trabalho é chamada de potencial. Quando


uma carga for diferente da outra, haverá uma diferença de potencial entre elas.
O somatório dasd.d.p.’ s ao longo de um circuito elétrico é chamada de tensão
elétrica.

Medida da tensão elétrica

Normalmente, representa-se a tensão elétrica no circuito pela letra V, e a


unidade fundamental de diferença de potencial é o volt.Para medir a tensão
elétrica nos elementos de um circuito elétrico, utiliza-se um instrumento
chamado Voltímetro, e este deve sempre ser ligado em paralelo com o
elemento que está sendo medido no circuito.

18
A figura abaixo mostra um voltímetro conectado ao elemento, bem como, uma
fonte de tensão contínua.

I
Fonte Voltímetro

FLUXO DE ÁGUA X CORRENTEELÉTRICA

Figura 11 - Fluxo de água em um circuito hidráulico (Renault)

Ao abrimos uma torneira em nossa residência a água começa a escoar sendo


“empurrada” pela pressão, do mesmo ao ligarmos um sistema elétrico
oselétrons começam a se movimentar. Damos a esse fenômeno o nome de
corrente elétrica.

4.2 Corrente elétrica

É o fluxo ordenado de cargas elétricas, ou seja, dos elétrons em um condutor.


Normalmente, representa-se a intensidade de corrente elétrica pela letra I, e a
unidade fundamental com que se mede é o ampere. Um ampere de corrente é
definido como o deslocamento de um 1C através de um ponto qualquer de um
condutor durante um intervalo de 1 segundo.

19
I= ∆Q
∆t

Onde: I é a intensidade de corrente elétrica em ampère(A)


∆ Q é a variação da carga em Coulomb (C);
∆ t é a variação do tempo em segundos (s).

A corrente elétrica pode se apresentar de duas maneiras:

Corrente alternada – Quando o fluxo de elétrons alterna de tempo em tempo


(período) o seu sentido. Em termos práticos é o tipo de corrente utilizada pelos
sistemas elétricos residenciais e industriais, devido à facilidade de obtenção.

Corrente continua- Quando o fluxo de elétrons mantém constante o seu


sentido ao longo do tempo. Os sistemas elétricos automotivos utilizam corrente
contínua, devido sua facilidade de armazenamento.

20
Sentido da corrente elétrica

Em uma literatura sobre serviço automotivo, o fluxo de corrente normalmente é


apresentado passando do terminal positivo para o negativo. Esta maneira de
descrever o fluxo de corrente é designada de “Teoria convencional”. Existe
outra maneira de descrever o fluxo de corrente, que é designada “Teoria do
elétron”, que estabelece que a corrente passa do terminal negativo para o
positivo.

Figura 12 - Sentido de circulação da corrente elétrica (VW)

Essencialmente as duas estão corretas. A teoria do elétron segue a lógica de


que os elétrons se movem de uma área de muitos elétrons (carga negativa),
para uma área de poucos elétrons (carga positiva). Porém, ao descrever o
comportamento dos semicondutores, frequentemente descrevemos a corrente
se movendo do positivo para o negativo. O mais importante é saber qual teoria
está sendo usada pela literatura de serviço em questão.

Medida da intensidade de corrente elétrica

Para medir a intensidade de corrente elétrica que atravessa um determinado


condutor, utiliza-se um instrumento chamado Amperímetro, e este deve
sempre ser ligado em série com o circuito.

21
4.3 Resistência elétrica

Figura 13 - Resistência elétrica (VW)

A resistência é a oposição ao fluxo dos elétrons, ou seja, a dificuldade que um


corpo oferece à passagem da corrente elétrica.

A resistência elétrica apresenta uma unidade que em homenagem ao físico


alemão George Simon Ohm,foi denominada de ohm, simbolicamente
representada pela letra grega Ω (ômega).

A resistência elétrica depende basicamente:


• Material do condutor;
• Comprimento do condutor;

Figura 14 - Relação entre resistência e comprimento do condutor (VW)

• Área da seção reta do condutor;

Figura 15 - Relação entre resistência e bitola do condutor (VW)

• Temperatura;

Figura 16 - Relação entre resistência e temperatura de um corpo (VW)


22
A resistência elétrica de um condutor homogêneo de secção transversal
constante é proporcional a seu comprimento e inversamente proporcional a
área da secção transversal do condutor, depende também da natureza do
material e da temperatura em que ele se encontra durante a medição.

R= ρ L
S

Onde: R é a resistência elétrica do condutor em ohm (Ω);


L é o comprimento do condutor em metros ( m );
S é a secção transversal do condutor (mm2);
ρé a resistividade do material em(Ω
Ωmm2/m)

Resistência Específica ou Resistividade do Material

Resistividade é a resistência específica oferecida por um material com 1 metro


de comprimento por 1 mm2 de seção transversal estando numa temperatura
ambiente de 20ºC.

Para medir a resistência elétrica de um elemento resistor, utiliza-se um


instrumento chamado Ohmímetro, e este deve sempre medir com o circuito
desenergizado.

Condutores:

São materiais, onde encontramos elétrons livres em excesso, facilitando o


movimento de cargas elétricas. ex: os metais.

Isolantes:

São materiais nos quais, praticamente, não possuem elétrons livres. Na


realidade os elétrons livres são responsáveis pela condução de eletricidade nos
metais, nos isolantes os elétrons estão fortemente ligados aos respectivos
núcleos. No geral, os isolantes oferecem grande dificuldade à passagem da
corrente elétrica, não permitindo que os elétrons circulem com facilidade.

23
4.4 Resistores

Podemos denominar de resistor todo elemento que transforma a energia


elétrica consumida exclusivamente em calor. São caracterizados por
apresentarem resistência elétrica conforme visto anteriormente.

O resistor é representado geralmente pelo símbolo abaixo:

Uma das formas em que pode apresentar-se o resistor, podemos ver na figura
abaixo:

Figura 17 - Resistor fixo de filme de carbono

A seguir temos a tabela para identificação de resistores com anéis coloridos:

24
Podemos combinar ligações de resistores, cuja finalidade é obter uma
determinada resistência necessária a um circuito elétrico. Essa combinação ou
associação de resistores pode ser efetuada de três formas: em série, em
paralelo e misto.

4.5 Associação de resistores

4.5.1 Associação de Resistores em Série

Essa associação resulta num aumento da resistência, isto é, a resistência


elétrica resultante é a soma dos valores parciais das resistências envolvidas.

R t=R1 + R2 + R3 + ... Rn

Rt = resistência total ou equivalente

R1, R2, R3 , Rn= resistências dos respectivos resistores.

Para ligar resistores em série é necessário fazer a ligação conforme a figura


abaixo:

Figura 18 - Associação de resistores em série

Na figura abaixo podemos ver o circuito acima representado em um diagrama


elétrico.

R1 R2 R3
A B

Exemplo:
Observe o circuito de resistores abaixo e determine o valor da resistência
equivalente entre os pontos A e B (RAB).

A 100Ω 30Ω 20Ω B

25
Solução
RAB = 100 + 30 + 20 = 150 Ω

4.5.2 Associação de Resistores em Paralelo

Nessa associação a resistênciaelétrica resultante é o inverso das somas dos


inversos dos valores das resistências parciais envolvidas. Com isso o valor
resultante da resistência elétrica é menor do que o menor valor do resistor
envolvido na associação.

R1 X R2
Rt =
1 1 1 1 1 R1 + R2
= + + +
Rt R1 R2 R3 Rn
R
Rt =
n

Rt = resistência total ou equivalente

R1, R2, R3,Rn= resistências dos respectivos resistores.

Podemos associar resistores em paralelo, quando ligarmos conforme a figura


abaixo.

Figura 19 - Associação de resistores em paralelo

Na figura abaixo podemos ver o circuito acima representado em um


diagrama elétrico.
A

R1 R2 R3

26

B
Exemplo:
Observe o circuito de resistores abaixo e determine o valor da resistência
equivalente entre os pontos A e B (RAB).
A
A

60Ω 30Ω 20Ω

Solução B
B

RAB = 1/ (1/60 + 1/30 + 1/20) = 10 Ω

4.5.3 Associação de Resistores Mista

Nessa associação encontraremos as características do circuito série e do


paralelo em um mesmo circuito. A associação mista de resistores é realizada
quando ligarmos conforme a figura abaixo.

Figura 20 - Associação mista de resistores

Na figura podemos ver o circuito acima representado em um diagrama elétrico.

R2

R1 R3 R5
A B

R4

27
Exemplo:
Observe o circuito de resistores abaixo e determine o valor da resistência
equivalente entre os pontos A e B (RAB).

120Ω

20Ω 120Ω 35Ω

A B

120Ω

Solução

Inicialmente se pega o ramo paralelo e determina o resistor equivalente (Req1)


deste ramo. Observa-se que o resistor Req1 ficará em série com os demais
resistores, logo para solucionar o problema bastará apenas somar os três
resistores, e determinaremos o valor do resistor equivalente total (Req total) da
associação.

R eq1=1 = 40 Ω
(1/120 + 1/120 + 1/120)

Req total= 20 + 40 + 35 = 95 Ω

28
5 Ω)
LEI DE OHM (Ω
George Simon Ohm estudou as relações entre a tensão, a corrente e a
resistência elétrica. De seus estudos chegou a formular a famosa Lei de Ohm.

Veremos que esta lei será sempre aplicada nos estudos de circuitos elétricos
de corrente contínua e corrente alternada. Portanto, é de suma importância
estudarmos, haja vista que esta estará sempre presente na vida profissional do
técnico em eletroeletrônica.

Segundo George Simon Ohm, através de suas pesquisas observou que em um


determinado circuito elétrico, mantendo-se a resistência elétrica constante e
variando-se a tensão elétrica, a intensidade da corrente elétrica variava de
forma diretamente proporcional com relação à tensão elétrica, ou seja:

• Quando a tensão aumentava de valor, a corrente elétrica também


aumentava;

• Quando a tensão diminuía de valor, a corrente elétrica também


diminuía.

Observou também que mantendo a tensão constante e variando o valor da


resistência elétrica, a intensidade da corrente elétrica variava inversamente
proporcional com relação a resistência elétrica, ou seja:

• Quando a resistência aumentava de valor, a corrente elétrica


diminuía;

• Quando a resistência diminuía de valor, a corrente elétrica


aumentava.

Chegou-se então a célebre Lei de Ohm:

A intensidade da corrente elétrica num condutor é diretamente


proporcional à força eletromotriz e inversamente proporcional à sua resistência
elétrica.

29
Podemos equacionar a lei de Ohm na seguinte forma:

U
I=
R

Onde:
I = Intensidade da corrente elétrica em Ampères
R = Resistência elétrica em Ohms
U = Tensão elétrica em Volts

Veja:
A partir da fórmula acima podemos deduzir também a tensão e resistência
elétrica.

Figura 21 - Representação mnemotécnica da Lei de ohm (Ford)

Exemplo:
Uma carga que apresenta uma resistência de 60Ω é ligada a uma fonte de
220V. Qual a intensidade da corrente elétrica que percorrerá esse circuito?

Solução:
I = U / R = 220 / 60 = 3,67 A

5.1 Leis de kirchhoff

Para resolução de circuitos elétricos mais complexos, onde aparecem várias


fontes de tensão, bem como diversas correntes elétricas utilizam-se as leis de
Kirchhoff para facilitar a resolução destes circuitos.

30
Então teremos que atentarmos bastante nas definições e compreensão das leis
de Kirchhoff que veremos logo a seguir.

5.1.1 1ª Lei de Kirchhoff

Conhecida como as leis dos nós, define que a soma das intensidades das
correntes elétricas que chegam num nó é igual à soma das correntes que saem
deste nó.

Podemos considerar ainda que o somatório algébrico das correntes que


chegam e que saem de um nó, é igual a 0 (zero).

I2

I1 I4
I3

I1 + I2 = I3+ I4 ou I1 + I2 - I3 - I4 = 0

5.1.2 2ª Lei de Kirchhoff

Chamada de lei das malhas, considera que a soma algébrica das tensões nos
dispositivos que compõem um circuito elétrico fechado (malha) é igual a 0.

U1

R1

I
UTOTAL U2
R2

R3

U
U3 3

31
A figura acima é circuito em malha:

Vamos entender o funcionamento do circuito

1. A tensão da fonte (UTOTAL) provoca uma diferença de potencial no circuito


fechado em série.

2. Surge uma corrente elétrica de único valor, pois o circuito é série.

3. Quando essa corrente passa pelos resistores R1, R2 e R3, provoca nestes
uma queda de tensão com valores determinados por:

a) U1 = R1 x I

b) U2 = R2 x I

c) U3 = R3 x I

4. Se somarmos as tensões U1, U2 , U3, encontraremos o valor da tensão da fonte,


equacionando teremos:

UTOTAL = U1 + U2 + U3 ou U1 + U2 + U3 - UTOTAL = 0

5.2 Potência elétrica

5.2.1 Potência em cc (corrente contínua)

Com a aplicação das idéias do Engenheiro escocês James Watt chegou-se a


concepção de potência, isto é, a rapidez com que os dispositivos
desempenham tarefas. Para tal, esses elementos consomem um valor de
energia que é proporcional ao trabalho que estes deverão realizar.

Denomina-se potência elétrica a rapidez com que um dispositivo realiza um


trabalho. Essa grandeza é representada pela letra “P” e tem como unidade
fundamental o Watt (W).

32
Por definição 1 Watt corresponde ao trabalho realizado por um 1 Joule a cada
1 segundo.

τ
P=
t

Onde:

P = Potência elétrica em Watt (W)

τ = Trabalho realizado em Joule (J)


t = Tempo em segundos (s)

Estando um resistor ligado a uma fonte de tensão, por este circulará uma
corrente em Ampères, poderemos também encontrar de outra forma a potência
(em Watts) dissipada por este componente, multiplicando o valor da tensão
sobre este pela corrente que atravessa o mesmo.

P = U x I

Onde:
P = Potência elétrica em Watt (W)
U = Tensão elétrica em Volt (V)
I = Corrente elétrica em Ampère (A)

Figura 22 - Representação mnemotécnica da fórmula de cálculo de potência elétrica (Internacional)

33
Exemplos:

a) 40mW que corresponde a 0,04W

b) 12KW que corresponde a 12000W

Outras unidades de medida da potência elétrica:

• 1 CV – Cavalo-vapor que corresponde a 736W

• 1 HP - Horsepower que corresponde a 746W

Símbolo Unidade Símbolo da Múltiplo Equiva- Instrumento


GRANDEZA da de medida unidade de e sub-múltiplo lência de medição
grandeza medida
Quilovolt ( kV ) 1 000 V
Tensão U Volt U Voltímetro
Milivolt (mV ) 0,001 V
Quiloampére ( kA ) 1 000 A

Corrente I Ampére A Amperímetro


Miliampére ( mA ) 0,001 A

Quilohm ( kΩ ) 1 000 Ω
Resistência R Ohm Ω Ohmímetro
Miliohm ( mΩ ) 0,001 Ω
Quilowatt ( kW ) 1 000 W
Potência P Watt W Wattímetro
Miliwatt ( mW ) 0,001 W
Quilohertz ( kHz ) 1 000 Hz
Frequência F Hz H Frequencímetro
Milihertz ( mHz ) 0,001 Hz

34
6 INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO
Os multímetros ou multitestes são equipamentos capazes de reunir vários
instrumentos de medição em apenas um. A utilização deles é indispensável
principalmente em veículos que possuam injeção eletrônica, computadores de
bordo (BODY COMPUTER), freios ABS, sistema elétrico com BSI/CSI
(multiplex) e outros equipamentos eletrônicos.

Existem dois tipos de multímetros:

• Analógicos: As leituras são obtidas através de um


ponteiro em uma escala graduada impressa na área de
curso do mesmo;

• Digitais: As leituras são obtidas através de um display


de cristal líquido, muito parecido com aqueles
utilizados em relógios e calculadoras digitais.

Figura 23 - Multímetro analógico (PST)

Figura 24 - Funções do multímetro digital (PST)

35
A utilização de lâmpadas de teste, mesmo as de dois watts ou menos, podem
causar danos tanto no módulo de alarme como em outros módulos eletrônicos
do veículo.

Outro fato é que não há como medir tensão, corrente e outras grandezas
confiando apenas na luminosidade de uma lâmpada.

6.1 Medindo tensão contínua (voltímetro)

Lembrete: tensão contínua é uma grandeza elétrica que tem


polaridade fixa.

Para medirmos esta grandeza elétrica basta girar o seletor do multímetro para
a posição “DCV ou V ”. A inscrição DCV significa Voltagem em Corrente
Direta (Contínua).

Obs.: Caso a tensão a ser medida seja desconhecida, selecionaremos o maior


valor da escala (que no nosso caso será 1000 volts) e iremos diminuindo caso
seja necessário.

Como as baterias de automóveis têm


pouco mais de 12 volts,
selecionaremos a escala com o valor
mais próximo de 12V (20 volts).

Notem que o multímetro deverá


sempre ser ligado em paralelo com o
equipamento a ser medido, ou seja,
ponteira vermelha do multímetro no
positivo da bateria e ponteira preta
no negativo da mesma.

Se o valor escolhido na escala for


muito maior do que o medido, o valor
no display será exibido com um zero na frente do valor.

36
Ex.: se estivermos medindo uma bateria de 12V na escala de 1000V, o valor
mostrado no display será 012, ao diminuirmos para 200V o valor mostrado será
12,6 e em 20V de 12,65V. Se colocarmos na escala de 2000mV que é o
mesmo que 2V, o display mostrará um “I” à esquerda do valor indicando que a
leitura está fora de escala.

6.2 Medindo corrente contínua (amperímetro)

Lembre-se sempre de mudar o borne da ponteira vermelha de “V Ω mA” para


“A ou DCA ”antes de iniciar as medições.

Quando medimos corrente


contínua raramente temos
idéia do valor que iremos
encontrar. Como medida de
segurança selecionaremos
sempre o maior valor da
escala (que nosso caso será
10A) e ligaremos o
multímetro em série com o
equipamento a ser medido.

Antes de começarmos as ligações devemos primeiramente abrir o circuito


(desligar o interruptor ou retirar o fusível).

Com o circuito aberto (desligado), ligaremos a ponteira preta ao ponto que


estiver voltado para o negativo da bateria e a ponteira vermelha ao ponto que
estiver voltado para o acessório.

Se o interruptor estiver conectado ao positivo da bateria, ligaremos o


amperímetro da seguinte forma: ponteira vermelha voltada para o positivo da
bateria e a preta para o acessório.

Caso o multímetro utilizado seja do tipo analógico (ponteiro) esta sequência


deverá ser rigorosamente obedecida, mas se for do tipo digital não, pois a
única diferença que teremos será um sinal negativo que aparecerá à esquerda
do valor indicado no display.

37
6.3 Medindo resistências e componentes resistivos

Os resistores são componentes que têm como finalidade, limitar a passagem


da corrente elétrica em um determinado circuito. Podemos citar como exemplo
a resistência que controla as velocidades do ventilador interno.

Quando alteramos as velocidades, estamos alterando os valores de


resistências ligadas em série com o motor do ventilador.

Há também outros componentes no veículo que são medidos de forma resistiva


como: alto falantes desembaçadores de vidro traseiro, cabos das velas de
ignição (resistivos), e etc.

Hoje em dia os resistores estão sendo muito utilizados na manipulação dos


sistemas de travas e vidros elétricos. Para facilitar a medição e identificação de
resistores existem tabelas com códigos de cores.

Nunca se esqueçam: o ohmímetro jamais deverá ser


utilizado em equipamentos que estejam energizados, pois
poderá danificá-lo.

Para medirmos resistências deveremos colocar o seletor na escala que tenha a


inscrição “OHMS ou então o símbolo Ω “ (letra grega Omega).

Se não tivermos idéia do valor da resistência, posicionaremos o seletor no


maior valor que a escala possua (geralmente entre 2 e 20 MΩ).

Se durante a leitura aparecer um “I” a esquerda do display, vá diminuindo o


valor na escala até que seja possível ler o valor medido, caso continue
38
aparecendo o “I” a esquerda do display, a resistência terá um valor acima
daquele que o OHMÍMETRO é capaz de medir ou então o resistor estará
rompido. Se, no entanto aparecer 000 significa que o resistor tem uma
resistência menor do que a que foi selecionada ou que está em curto.

6.4 Teste de componentes resistivos e continuidade

O ohmímetro também poderá ser utilizado para testar componentes resistivos


como alto falantes, bobinas de relés, continuidade de cabos, lâmpadas e etc...

TESTANDO A CONTINUIDADE DA BOBINA DE UM ALTO FALANTE

TESTANDO A CONTINUIDADE DE UM CABO

39
7 CIRCUITOS ELÉTRICOS

Figura 25 - Representação de um circuito elétrico simples (VW)

Para obtermos um circuito completo devemos ter no mínimo três componentes:

• Uma fonte de energia – uma bateria de 12 Volts é a fonte mais comum


nos veículos automotivos. O funcionamento do alternador continuamente
reabastece o potencial elétrico da bateria, para evitar que ela se “esgote”.

• Um consumidor ou carga – É qualquer dispositivo em um circuito que


utiliza eletricidade para funcionar. Por exemplo, um eletro ventilador, um
solenoide, um relê ou uma lâmpada. Todas as cargas oferecem alguma
resistência ao fluxo de corrente

• Condutores – è todo e qualquer material que facilite a movimentação


dos elétrons entre os componentes de um circuito.

Neste tipo de circuito simples, o fluxo de corrente sai do polo positivo da bateria
passa pela lâmpada e retorna ao polo negativo através dos cabos.

Nos casos dos circuitos elétricos automotivos, a corrente sai do polo positivo da
bateria passa pelo consumidor e retorna ao polo negativo através do chassi e a
carroceria que servem como massa do circuito. Neste caso em particular, só

40
existe um consumidor final (lâmpada), mas na maioria dos circuitos elétricos
encontramos mais consumidores que poderão ser combinados de três
maneiras diferentes:

Podemos considerar um circuito elétrico como o caminho para a


passagem de eletricidade.

 Circuito Série;
 Circuito Paralelo;
 Circuito Misto (Série/Paralelo);

7.1 Circuito Série

Figura 26 - Representação de um circuito elétrico em série (VW)

Circuito onde temos os componentes ligados de maneira a existir um único


caminho à passagem de corrente elétrica. Então se houver uma interrupção em
qualquer parte do circuito, toda a circulação de corrente é interrompida.

Um exemplo prático é a instalação de um fusível de proteção no circuito. O


fusível é sempre inserido em série no circuito a ser protegido, pois um aumento
de valor da corrente acima de sua capacidade nominal faz com que interrompa
toda a circulação de corrente, desligando o circuito.

41
7.2 Circuito Paralelo

Figura 27 - Representação de um circuito elétrico em paralelo (VW)

O que caracteriza um circuito paralelo é a ligação de seus componentes de tal


forma que exista mais de um caminho para a passagem de corrente elétrica,
desse modo, se houver uma interrupção em determinada parte do circuito, a
circulação de corrente nos demais caminhos não é interrompida.

42
8 MAGNETISMO
Chamamos de magnetismo a propriedade que certas substâncias possuem de
atrair corpos de ferro, níquel e cobalto. A essas substâncias denominamos
ímãs.

Existem três tipos básicos de ímãs:

 Natural
 Manufaturado
 Eletroímã

Materiais magnéticos são encontrados naturalmente como pequenas pedras.


Estas pedras são na verdade minério de ferro. Os imãs manufaturados são
feitos, tipicamente de barras de metal e passam por um campo magnético
muito forte. Os eletroímãs usam corrente elétrica para gerar um campo
magnético.

Figura 28 - Polos magnéticos de um ímã (FIAT)

Um imã tem dois polos denominados norte e sul. Em um imã os polos estão
localizados nas extremidades opostas.

Figura 29 - Atração / repulsão de ímãs (FIAT)

43
Os polos atuam de forma semelhante ás cargas elétricas. Polos iguais se
repelem e polos diferentes se atraem.

8.1 Campos magnéticos

Campo magnético é a região do espaçoao redor do ímã onde se


manifesta a força de atração.

Um campo magnético é composto de muitas linhas de forças invisíveis. Estas


linhas são denominadas "linhas de fluxo". Por convenção, as linhas de fluxo
partem do pólo Norte, por fora do ímã, e penetram no pólo Sul.

Um ímã fraco tem relativamente poucas linhas de fluxo; um imã forte tem
muitas linhas. A quantidade de linhas de fluxo é descrita às vezes, como
"densidade de fluxo". Um ímã com alta densidade de fluxo tem muitas linhas; é
um imã forte. Um ímã com baixa densidade de fluxo tem relativamente poucas
linhas; é um ímã fraco.

Figura 30 - Representação docampo magnético de um ímã (FIAT)

As linhas de força magnética passam através de todos os materiais; não existe


qualquer isolador para o magnetismo. Porém, as linhas de fluxo passam mais
facilmente através de materiais que podem ser magnetizados do que não
podem ser magnetizados. Os materiais através dos quais as linhas de fluxo
não passam facilmente possuem "alta relutância Magnética".

O ar tem alta relutância, o ferro tem baixa relutância.

44
8.2 Eletromagnetismo

A corrente que passa através de um fio gera linhas de força magnéticas ao


redor desse fio. Estas linhas formam pequenos círculos ao redor do fio. Como
tais linhas de fluxo são circulares, o campo magnético não possui pólo norte ou
sul. Porém, se o fio está enrolado em uma bobina, os campos circulares
individuais se unem. O resultado é um campo magnético unificado com pólos
norte e sul. Visto que a corrente passa através do fio, ele atua exatamente
como um imã.

É possível criar um campo magnético através da circulação de corrente


elétrica, e também é possível gerar energia elétrica através de um campo
magnético.

Quando uma corrente elétrica percorre um condutor, gera em torno do


mesmo um campo magnético.

Figura 31 - Campo magnético gerado por uma corrente elétrica (FIAT)

Assim se o condutor for enrolado na forma de uma bobina e receber uma


pequena corrente elétrica, obtém-se um forte campo magnético, devido à
interação das linhas de forças.

Para se conseguir uma maior intensidade do campo magnético, deve-se:

 Aumentar o número de voltas do condutor (espiras);


 Aumentar a corrente elétrica que circula;
 Introduzir no interior da bobina um núcleo constituído de lâminas de ferro
silício, que diminua a dispersão do campo magnético.

45
Desse modo, sempre que circular uma corrente por uma bobina é gerado um
“campo magnético”. Este artifício é utilizado na construção de relês,
interruptores magnéticos, etc.

É importante observar que quando a direção do fluxo da corrente é invertida, a


polaridade do campo magnético também é invertida.

Figura 32 - Campo eletromagnético (FIAT)

Outra importante propriedade é:

Quando um campo magnético corta ou é cortado por um condutor, é


induzida uma corrente elétrica neste condutor.

Figura 33 - Indução eletromagnética (FIAT)

A intensidade de corrente induzida é diretamente proporcional a:

46
 Comprimento do condutor;
 Intensidade do campo magnético;
 Velocidade do movimento do condutor ou do campo magnético.

O eletromagnetismo proporciona um elo entre a energia mecânica e a


eletricidade. Através do eletromagnetismo, um gerador automotivo converte um
pouco da energia mecânica gerada pelo motor em potencial eletromotriz
(EMF). Por outro lado, o magnetismo permite que um motor de partida converta
a energia elétrica proveniente da bateria em força mecânica para fazer
funcionar o motor de combustão interna.

47
9 RELÉ UNIVERSAL
Os relés são dispositivos eletromagnéticos utilizados como interruptores
comandados à distância. Constituídos de dois circuitos, o de comando e o de
alimentação. Os relés permitem que através de um circuito de baixa potência,
seja comandado um circuito de alta intensidade de corrente. O elemento
principal do circuito de comando é um eletroímã constituído de uma bobina e
um núcleo de ferro. O circuito de alimentação é formado de um contato móvel,
um contato fixo e uma mola que opõe a ação do eletroímã.

Figura 34 - Constituição de um relé universal (SENAI-PR)

Um relé universal típico dispõe normalmente de quatro bornes, dois para o


circuito de comando e dois para o de alimentação.

De acordo com a necessidade os fabricantes propõem diversas configurações


diferentes, seja relés de três, de cinco ou mais bornes. O relê mostrado na
figura abaixo possui três bornes, pois uma das extremidades do enrolamento é
ligada à massa diretamente pela caixa.

Figura 35 - Exemplo de um relé de três bornes (Ford)


48
FUNCIONAMENTO

No fechamento do interruptor do circuito de comando, uma corrente circula no


enrolamento elétrico do eletroímã, criando um campo magnético. O campo
magnético atrai o contato móvel contra o contato fixo, fechando o circuito de
alimentação. Uma corrente de alta intensidade vinda da fonte chega ao
consumidor, passando pelos contatos fechados do relé. O contato móvel
permanece apoiado no contato fixo enquanto a corrente circula pelo
enrolamento.

Figura 36- Funcionamento de um relé normalmente aberto (Ford)

Na abertura do interruptor do circuito de comando, a corrente é interrompida no


enrolamento, o campo magnético desaparece e a mola separa os contatos (a
passagem de corrente para o consumidor não mais acontece).

9.1 Simbologia e aspecto físico dos relés

É muito comum adotarmos em um relé do tipo universal o


terminal “30” como entrada e “87” como saída (que é
exatamente o que faremos). Na verdade não é necessário
utilizar isto como regra, pois a inversão destes não altera o

funcionamento normal do relé.

O mesmo ocorre com os terminais “85 e 86”, onde muitos


instaladores adotam um como positivo e o outro como
negativo. Estes dois terminais pertencem a bobina do relé
(eletroímã), não tendo desta forma nenhuma determinação
de polaridade. Sendo assim, não iremos nos preocupar

49
quanto aos detalhes de polaridade.

9.2 Relés de 5 terminais (pinos)

Existem três tipos de relés de 5 terminais no mercado:

87 e 87a internamente curto-circuitados:


Este tipo de relé é muito utilizado nas instalações
de faróis de milha, neblina e buzinas. Para saber
se temos este tipo de relé em mãos, basta
verificarmos se há continuidade entre os pinos
87 e 87a .

Duplo contato sem curto-circuito interno:


Este tipo de relé é mais utilizado em situações
onde necessitamos isolar um acessório de outro
ou uma lateral da outra, como por exemplo:
setas, lanternas e outros. Quando testamos este
tipo de relé, não encontramos continuidade entre
os dois pinos 87.

Contatos reversíveis:
Este tipo de rele é muito utilizado quando
necessitamos de acionamentos invertidos, ou
seja, o acessório funciona enquanto não houver
alimentação nos pinos 85 e 86, ocorrendo o
inverso quando estes pinos recebem
alimentação.

50
10 BATERIA
A bateria é um dispositivo de armazenamento de energia química que tem a
capacidade de se transformar em energia elétrica quando solicitada.

Logo, ao contrário do que geralmente se acredita as baterias não são depósitos


de energia elétrica, mas sim de energia química, até que um circuito seja
conectado em seus pólos dando origem a uma reação química que ocorre em
seu interior, convertendo essa energia química em energia elétrica que é então
fornecida ao circuito.

As principais funções das baterias são:


 Fornecer energia para fazer funcionar o motor de partida;
 Prover de corrente elétrica, o sistema de ignição durante a partida;
 Suprir de energia as lâmpadas das lanternas de estacionamento, e outros
equipamentos que poderão ser usados enquanto o motor não está operando;
 Agir com estabilizador de tensão para o sistema de carga e outros circuitos
elétricos;
 Providenciar corrente quando a demanda de energia do automóvel exceder
a capacidade do sistema de carga.

Figura 37 - Constituição de uma bateria automotiva

Constituição
1. Caixa a prova de ácido (Borracha rígida ou plástica);
2. Placas Positivas;
3. Placas Negativas;
4. Separadores;
5. Solução ou eletrólito (Ácido sulfúrico/água).

51
Se mergulharmos dois condutores de materiais diferentes em eletrólito, gera-se
uma tensão entre os polos (os chamados eletrodos). Este conjunto ao qual se
dá o nome de pilha transforma energia química em energia elétrica.

Numa bateria automotiva os eletrodos são fabricados em forma de placas


compostas dos metais quimicamente ativos, moldados sobre uma grade de liga
de chumbo e antimônio.

As placas são chapas semelhantes a uma peneira grossa coberta de metal


ativo. O material ativo usado nas placas positivas é o dióxido de chumbo
(PbO2) que lhe dá uma coloração marrom escuro, nas placas negativas é o
chumbo esponjoso (Pb), de cor cinza.

Essas placas são agrupadas e ligadas em paralelo, formando uma parte do


elemento (conjunto positivo e o conjunto negativo).

Figura 38 - Constituição da placa de uma bateria (FIAT)

Para montagem do elemento, entrelaçam-se as placas positivas e negativas,


introduzindo entre elas separadores isolantes, o que impede que ocorra curto
entre as placas.

Figura 39- Elemento de uma bateria (FIAT)


52
Esses jogos de placas montadas são chamados de “elemento da bateria” e
estão apoiados sobre pontes, sem tocar no fundo da caixa. Em uma bateria de
15 placas em cada elemento, sete são positivas e oito são negativas.

Figura 40 - Separadores isolantes das placas (FIAT)

Deve-se deixar um espaço para sedimentação de resíduos que se fragmentam


da placa, o que evita um curto circuito entre elas.

Esses conjuntos são ligados entre si, em série, por uma tira metálica, sendo
que os últimos polos dos conjuntos externos projetam-se para fora da caixa e
vão constituir os polos positivo e negativo da bateria.

Distingue-se o polo positivo do negativo, pelas seguintes características:

 O polo positivo tem maior diâmetro;


 Existência de marcas “+”e “-“na tampa superior;
 Ou ainda pela coloração dos polos: escuro (+) e claro (-)

Esse conjunto de placas(elemento) é imerso em solução de ácido sulfúrico e


água(eletrólito), que vai provocar a reação entre os metais ativos das placas.

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Classificação
As baterias são classificadas segundo os seguintes critérios de desempenho:
 Tensão nominal;
 Reserva de capacidade(R.C);
 Corrente de partida a frio(C.C.A)

Figura 41 - Características de uma bateria automotiva (VW)

Ligação em série

Figura 42 - Resultado de três baterias ligadas em série (VW)

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Ligação em paralelo

Figura 43 - Resultado de três baterias ligadas em paralelo (VW)

Ligação à massa

Um circuito elétrico termina sempre por um retorno à fonte. Os fabricantes


utilizam seguidamente o chassi ou a carroceria como condutor de retorno.
Esses elementos metálicos, portanto condutores de eletricidade são
habitualmente chamados de massa. Essa técnica simplifica os chicotes e
economiza fios.

Figura 44 - Representação real e esquemática de uma ligação à massa (Ford)

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REFERÊNCIAS

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL. Centro de


Treinamento e Assistência às Empresas. Centro de Formação Profissional
Waldyr Diogo de Siqueira. Curso Técnico de Eletroeletrônica, EAD:
eletricidade básica. Fortaleza: SENAI, 2003. 97p. (Módulo Instrucional:
Eletricidade Básica, 1).

SENAI – DR / PR. Eletroeletrônica veicular. Paraná, 2006. 244p.

PST Indústria Eletrônica da Amazônia LTDA. Curso de aplicação de


acessórios automotivos. Campinas-SP. 2004. 48p.

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57
EQUIPE TÉCNICA

ELABORAÇÃO:Wellington Belo

DIGITAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Wellington Belo

NORMALIZAÇÃO BIBLIOGRÁFICA: Centro de Formação Profissional Waldyr


Diogo de Siqueira – CFP/WDS - Núcleo de Informação e Serviços Técnicos e
Tecnológicos – NISTT

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