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SISTEMA DE ESGOTO E

DRENAGEM
Aula 6

Prof. Eng. Celestino Lanzi


Celestino.lanzi@isptec.co.ao
Conteúdos da Aula
CAPÍTULO III: Drenagem Subterrânea.
3.1. Introdução.
3.2. Dimensionamento de filtros.
3.3. Método para a subdrenagem nas vias de comunicação.
3.3.1. Capas permeáveis nos pavimentos.
3.3.2. Drenos longitudinais de sanjas.
3.3.3. Drenos de penetração transversais.
3.4. Determinação da efectividade de uma instalação de
drenagem subterrânea.
DRENAGEM SUBTERRÂNEA.

Em termos geológicos, a água subterrânea é a que ocorre abaixo do nível


freático em solos e formações totalmente saturadas. Na sua relação com o
homem, este tipo de água apresenta vantagens e desvantagens.

As águas no solo que perigam o pavimento da estrada são recolhidas por


canais de infiltração. As águas são provenientes da chuva e do lençol de água.

A finalidade da drenagem profunda é de obstar o aumento do teor em água


nos solos de fundação:

 Intersectar e desviar as águas subterrâneas;


 Rebaixar o nível freático;
 Remover a água livre contida no solo de fundação.
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As suas desvantagens são usualmente de cariz geológico-geotécnico. As
águas subterrâneas constituem, efectivamente, um problema nas estradas.

 Ao aumentar a água no solo, aumenta o peso deste, o qual pode dar lugar a
efeitos negativos na estabilidade geral da obra.
 A água pode dissolver a massa do solo afectando sua estabilidade.

 A água que penetra no solo provoca aumento das pressões neutrais no solo,
com a consequente diminuição da resistência a cortante.
Portanto, a acção do engenheiro civil contra a água que se infiltra no solo ou
que corre através dela, pode expressar-se por um dos seguintes critérios de
decisão:

 Manter a água longe dos lugares da via onde pode provocar danos;

 Controlar a água que penetra nas zonas de perigo mediante métodos de


condução e eliminação. Este último recebe o nome de subdrenagem,
drenagem profundo ou drenagem subterrânea.
Onde existe maior probabilidade de encontrar água em grandes quantidades é
nas ladeiras naturais constituídas por materiais porosos e nas zonas
planas dos vales, ou em bacias subterrâneas fechadas.
DIMENSIONAMENTO DOS FILTROS.

Todas as superfícies através das quais a água sai ao exterior de forma tal que
fluía com facilidade e que as partículas de solo fiquem na sua posição
original, os materiais encarregados de cumprir esta dupla função se
denominam Filtros.

Entre eles se destacam o tecidos, o papel, as fibras de plástico ou de vidro, mas


em vias de comunicação se prefere a utilização de agregados naturais para
desempenhar essa função de filtros.
O projecto de um filtro deve ter como base fundamental a granulometria do
material a ser empregado. Para garantir as funções para as quais estão
destinados os filtros, estes devem cumprir com os seguintes requerimentos
básicos:

Os espaços entre as partículas do filtro em contacto com o solo por


proteger devem ser o suficientemente pequenos para que o fino do solo não
penetre neles.

Os espaços entre as partículas do filtro devem ser o suficientemente


grandes para permitir a passagem da água sem que se gerem pressões de

poro indesejáveis.
Vejamos então cada um dos requisitos que tem que ter presente para o
dimensionamento dos materiais a ser usados como filtro:

A) Prevenção da erosão interna.

Neste caso as partículas do solo por proteger não podem ficar expostas a
espaços abertos do material filtro cujo tamanho seja maior que aquelas.
relações entre os diâmetros d15 e d85 do material de base, com o diâmetro
D15, do material de filtro, expressas pelas duas inequações:

D(15 filtro) D(15 filtro)


4 ou 5
D(85solo) D(15solo) (1)

Estas duas equações são denominadas respectivamente, de relação de


permeabilidade e relação de estabilidade.
Com a primeira das desigualdades se evita a migração das partículas finas do
solo por proteger até os orifícios do material filtro.

Com a segunda se garantirá a suficiente permeabilidade do material filtro para


que não se desenvolve nele forças de pressão de poro indesejável, Para se
evitar o movimento de partículas do solo dentro do filtro, e um coeficiente de
uniformidade do filtro não superior a 25, para assegurar que não haja
segregação.

D(50 filtro)
 25 (2)
D(50solo)

OBS: Os resultados dos estudos experimentais indicam que as fórmulas (1) e


(2) impedem a erosão interna mesmo nas condiciones mais severas.
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B) Prevenção da obstrução de perfurações na
tubulação ou de fugas de partículas finas do filtro a
través delas.

Em todos os sistemas de subdrenagem é muito frequente que no interior dos


filtros se coloquem tubulação perfuradas ou com aberturas que recolhem a água
e as elimina rapidamente até os lugares de desague. Se propõe que o material
de filtro seja o suficientemente grosso para que não se foge pelas perfurações
na tubulação e para que não as obstrua.

Para tubulado com aberturas: Para perfurações circulares:

D(85 filtro) D(85 filtro )


 1,2  1,0
l arg uradaabertura diámetrodaperfuraçao
C) Requerimentos de permeabilidade do material
filtro.
Em geral a segunda desigualdade da expressão (1) busca garantir essa
permeabilidade necessária. Não obstante se recomenda que se devem buscar
filtros que sejam 20 ou 25 vezes mais permeável que o solo por proteger.
D) Requerimentos de segregação (separação).

Durante a construção dos filtros é usual que se produzam trocas nas


características granulométricas da misturas pela segregação durante a
colocação. Para evitar este perigo se recomenda que:

D( 60 filtro)
 20
D(10 filtro)

Adicionalmente se exige que a curva granulométrica do material filtro seja


suave, sem descontinuidades que delatem a escassez de algum tamanho
intermédio.
E) Disposição das perfurações nos tubos.

Na figura se mostra a forma recomendável de dispor as perfurações. As


tubulações são de 10 a 20 cm de diâmetro e frequentemente de betão e
plástico. É possível também a colocação de tubos de diâmetros maiores que
o indicado em dependência da magnitude do caudal a desaguar.

Em algumas ocasiões se tem deixado entre secções de tubulação sem


perfurar secções abertas. As perfurações têm diâmetros a ordem de 5 a
10mm
Com tal objectivo se propõe as tabelas com as características granulométricas
do material filtro.

Abertura Abertura % em Abertura Abertura % em


(mm) peso que (mm) peso que
passa passa
1” 25,4 100 11/2” 38,1 100
1” 25,4 80- 100
3/4” 19,1 90- 100
3/4” 19,1 65- 100
3/8” 9,52 40- 100 3/8” 9,52 40- 80
No 4 4,76 25- 40 No 4 4,76 20- 55
No 8 2,38 18- 33 No 10 2,00 0- 35
No 20 0,840 0- 20
No 30 0,590 5- 15
No 40 0,420 0- 12
No 50 0,297 0- 7 No 100 0,149 0- 7
No 200 0,074 0- 3 No 200 0,074 0- 5
MÉTODOS PARA DIMENSIONAMENTO DA DRENAGEM SUBTERRÂNEA
NAS VÍAS DE COMUNICAÇÃO.

Pela sua ocorrência nas vias de comunicação se destacam:

A) Capas permeáveis em pavimentos.

É muito frequente que em zonas de escavação das vias terrestres aparecem


grandes quantidades de água, pelo que pode ser de utilidade a colocação de
capas permeáveis debaixo da estrutura dos pavimentos para sua proteção.

Estas capas de uma espessura determinado, deve estar constituídas por um


material filtro, uma pendente transversal adequada e uma correta instalação
de saída.
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A camada drenante faz parte da
estrutura do pavimento, na sua
forma global. Como são parte

integrante, a sua principal função


é conduzir a água que penetra no
pavimento, para os drenos

longitudinais que posteriormente a


retiram da estrutura.

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Sendo assim, o tempo necessário para drenar o 50% da água que chega aos
poros da capa filtrante, está dado pela seguinte fórmula:

t = (Ne · D2) / (2 · K · Ho)

onde
t: tempo necessário para drenar o 50 % da água
Ne: porosidade efectiva
D: largura do capa do firme
K: permeabilidade da capa drenante
Ho= H + S · D
H: espessura da capa drenante
S: pendente transversal
B) Drenos longitudinais de valas e tubos perfurados.

Os drenos longitudinais são valas que se dispõem paralelamente ao eixo da


via, sob as valetas revestidas. São preenchidas com um material drenante de
elevada permeabilidade.
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O material drenante a colocar deve ter uma granulometria adequada e devem ser
empregues cuidados na sua colocação no sentido de evitar contaminação e
segregação do mesmo.

No fundo da vala é colocado um tubo perfurado. Relativamente aos tubos, os


diâmetros correntemente utilizados variam entre 150 mm e 200 mm pelo que
deve ser dada atenção à inclinação longitudinal uma vez que esta deve ser tal
que impeça a deposição de sedimentos. A inclinação mínima recomendável é
de 0,25%. Por vezes é utilizado o diâmetro de 100 mm o que implica maior
manutenção, uma vez que a probabilidade de haverem colmatações é maior.

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Deve ser colocado um geotêxtil que materializa a separação entre o terreno
envolvente e o dreno e, que tem como principal função, a filtragem O geotêxtil
deve possuir características hidráulicas, de punçoamento e tracção específicas
para o seu efeito. A sua colocação envolve algum cuidado, uma vez que estes
não podem sofrer roturas ou elevadas deformações aquando a sua colocação.

O material drenante deve obedecer às seguintes características:


 Permeabilidade superior à do solo envolvente;
Estabilidade (o material drenante deve ter uma granulometria específica
para que não ocorra o risco da passagem de material para dentro do
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tubo através das ranhuras).
A profundidade da Vala onde vai ser colocado o tubo perfurado oscila entre 1,0 e
1,50 m; embora em algumas ocasiões se chegou a profundidade de até 4,00m.

O caudal de cálculo para a vala drenante se obtêm por meio da expressão:

Qvala = Knecessária · i · A
sendo

i: Pendente longitudinal da vala em %


A: Área drenante da vala (m2)
K: Coeficiente de Permeabilidade (m/s)
Q : Caudal por metro lienar (m3/s/m).
O caudal de cálculo para o dimensionamento do tubo drenante se obtêm
como se indica:

Qtubo drenante = Qvala · 1,20

Mas a capacidade de desague para um certo tubo perfurado é seguinte:

Qtubo drenante = (Rh)2/3 / [ n · (J 1/2 ) · S]

Rh: Raio hidráulico da secção do tubo


n : Coeficiente de Manning para o material do tubo
J: Pendente mínima do tubo
S: Área da secção transversal do tubo
Da comparação de ambos caudais (Qtubo drenante e Qvala ), resulta a
valoração da capacidade do tubo considerado para desaguar o caudal
filtrado na vala.

Como comprovação, se poderia deduzir a capacidade de desague de um


tubo drenante de certo diâmetro instalada em vala com
certa pendente consultando o seguinte gráfico:
C) Drenos de penetração transversais.

Os drenos transversais devem ser colocados quando os drenos longitudinais


não têm capacidade para recolher todas as águas que se infiltram.

Este tipo de drenos é bastante semelhante aos drenos longitudinais, mas não
possuem tubo colector, isto é, apenas têm o material geotêxtil e o material
drenante de enchimento da vala ou podem também ser drenos de
geocompósitos constituídos por filtros sintéticos. Normalmente são utilizados
numa situação de passagem de zona de escavação para zona de aterro ou em
locais de fracas compactações, como é o caso dos aterros junto aos encontros
das obras de arte.
Também são tubos perfurados que penetram no terreno natural, mas em direção
transversal a via, com o objetivo de captar as aguas interiores e reduzir suas
pressões neutras.

As perfurações para colocar o tubo se realizam com máquinas especiais e têm um


diâmetro que oscila entre 7,5 e 10 cm.

O tubo perfurado tem um diâmetro de 5cm e se deve colocar com uma pendente
até a via de ordem de 5 a 20 %.
A colocação dos drenos transversais poderá ser efectuada a diferentes
profundidades conforme o tipo de solo a drenar. No caso de argilas prevê-se
uma distância pequena enquanto que para o caso das areias a profundidade a
que são colocados é seguramente maior.

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A longitude dos drenos transversais oscila entre 50 e 70m; embora que já se
chegaram utilizar ate 100m de longitude.
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Muito Obrigado pela Atenção Dispensada.

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