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DESAFIOS DE INTEGRAÇÃO NA PRODUÇÃO E

COMERCIALIZAÇÃO DO MARACUJÁ (PASSIFLORA EDULIS SIMS)


NO MUNICÍPIO DE CAMETÁ – PA

Tarciso de Lima Moraes


Campus Universitário do Tocantins/UFPA-Cametá / tarcisolm96@gmail.com

Marclei Prestes Balieiro


Campus Universitário do Tocantins/UFPA-Cametá / marcleybalieiro@gmail.com

Eptácio Coelho Pereira


Campus Universitário do Tocantins/UFPA-Cametá / eptacio.coelho@gmail.com

Elidineia Lima de Oliveira


Campus Universitário do Tocantins/UFPA-Cametá / elomatta@gmail.com

Artur Vinícius Ferreira dos Santos


Universidade Federal Rural da Amazônia do Pará – Campus Belém / arturvfs@gmail.com

Área Temática 6: Cooperativismo, Economia Solidária e Gestão de Empreendimentos

Modalidade: Resumo Expandido

1. Introdução
O maracujá apresenta grande importância socioeconômica no Brasil, que atualmente é
o maior produtor e consumidor mundial. Essa importância social está relacionada à geração
de empregos no campo, no setor de venda de insumos, nas agroindústrias e nas cidades, além
de ser importante opção de geração de renda, principalmente para micros e pequenos
fruticultores, especialmente aqueles ligados à agricultura familiar, o qual é o setor que mais
produz. Entretanto em alguns casos, devido à falta de capital para mais investimentos, os
produtores não alcançam uma produção satisfatória. Sendo que a produtividade média de 14
t/ha/ano é considerada baixa, uma vez que alguns produtores conseguem produtividades
acima de 50 t/ha/ano, quando adotam cultivares melhoradas geneticamente e tecnologias
adequadas no sistema de produção (EMBRAPA, 2016).
O município de Cametá, nas últimas duas décadas, apresentou produção de maracujá
somente nos anos de 2003 a 2007 (IBGE-SIDRA, 2017). Mesmo apresentando crescente
demanda nos anos posteriores, não houve produção local em escala comercial. Quais seriam
os fatores que teriam causado esse cenário, problemas no setor produtivo ou deficiência no
escoamento e comercialização da produção? Nesse contexto, o presente estudo apontou, por
meio de análises nos setores de produção, infraestrutura e logística, os entraves existentes para

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a integração da produção e comercialização regionais que ocasionam a falta de produção do
maracujá e crescimento econômico deste mercado no município de Cametá.
Sendo assim, o presente estudo objetiva destacar os entraves existentes para a
integração da produção e na comercialização regional que ocasionam a falta de produção do
maracujá e o crescimento econômico deste no mercado municipal de Cametá.

2. Metodologia
O presente estudo foi conduzido no período de 15 de setembro a 12 de outubro de
2017, no município de Cametá - PA, de latitude 02º 14’ 40’’ sul e uma longitude de 49º 29’
45” oeste, com uma população estimada atualmente em 134.100 habitantes e área de
3.081,637 km2 (IBGE-SIDRA 2017). O município possui 11 distritos: Cametá, Carapajó,
Joana Coeli, Curuçambaba, Torres do Cupijó, Porto Grande, Juaba, Areião, Moiraba, Vila do
Carmo e o recentemente criado distrito de Bom Jardim.
A pesquisa literária foi realizada primeiramente na plataforma SIDRA – Sistema IBGE
de Recuperação Automática, para a obtenção de dados referentes à produção de maracujá no
município, além de artigos científicos da EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária). Com esse embasamento, realizou-se o levantamento da produção e aplicação
de questionários semiestruturado objetivando identificar a origem do produto comercializado,
o consumo mensal, o preço de comercialização na safra e na entressafra e a presença de
pequenos produtos de origem familiar que produzem maracujá no município.
Além destes, buscamos informações referentes a história da cultura no município, com
enfoque em programas de crédito no Banco do Brasil sobre formas de financiamentos para o
pequeno produtor rural visando à produção, através de suporte técnico e financeiro ao
agricultor.

3. Resultados/Discussões
Observa-se que a produção de maracujá no município de Cametá, ocorre nos anos de
2003 a 2007 (Gráfico 1), período este condizente com a execução do projeto municipal de
incentivo à produção de maracujá financiado pelo Banco do Brasil em parceria com a
Prefeitura de Cametá, onde por meio da EMATER cedia técnicos agrícolas para orientarem os
produtores que receberam o projeto. //** A produção do maracujá teve como destino a
cooperativa AMA FRUTAS (Cooperativa de Frutas da Amazônia) em Belém que constituía a
parte final do ciclo de integração do projeto, cujo esta organização era responsável pela

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compra da produção e posteriormente repassaria parte do valor da compra do maracujá ao
Banco do Brasil e a outra parte aos produtores com fins de manutenção dos pomares. O
principal problema nesse sistema foi a ausência de infraestrutura e logística adequada, que
associada a falta de cooperativismo dos produtores e a falência da AMA FRUTAS, culminou
no fim do projeto e declínio da produção de maracujá no município.

A demanda municipal do consumo do maracujá é quantificada em 7,5 toneladas por


mês, entretanto esse valor pode ser maior se considerado a produção de pequenos produtores
de origem familiar rural que destinam sua produção diretamente ao consumidor final na feira
da agricultura familiar em Cametá. A forma de consumo da fruta é predominante in natura,
uma vez que não existe indústria local de beneficiamento, entretanto há um consumo
considerado de produtos derivados do maracujá, tais como: sorvete, sucos, picolés e entre
outros. Assim é possível ter noção da elevada potencialidade do consumo local da fruta.

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A cultura do maracujá é uma atividade de caráter basicamente familiar (FURLANETO
et al 2011), que no caso de Cametá é relativamente uma agricultura de baixa tecnologia e
pouca assistência técnica especializada resultando em baixa produtividade, decorrente
principalmente da falta de políticas públicas e privadas de incentivo. Essa conjuntura é
expressa por meio dos dados obtidos na pesquisa realizada, para a produção de maracujá que
foram registradas apenas no distrito de Carapajó e Porto Grande, produzindo cerca de 10 e 8
toneladas de frutas por hectare, respectivamente, cuja é considerada baixa. Segundo Giesteira
(2016), a média nacional é de 14 toneladas por hectare ao ano.
Outro aspecto importante no contexto de integração do maracujá são as limitações
geográficas impostas pelo rio Tocantins, as quais para serem superadas tornam
imprescindíveis meios infra estruturais adequados, voltados para maximizar a eficiência no
transporte e minimizar o tempo de translado da produção resultando em um produto de
melhor qualidade e maior durabilidade para a venda in natura. Nesse sentido faz-se
necessário a criação de políticas públicas que programem a pavimentação de estradas,
desenvolvimento de hidrovias e portos especializados no embarque e desembarque dos
produtos desse gênero, para que a produção possa ser escoada de forma rápida e eficiente.
De mesmo modo destaca-se a logística como responsável na gestão, armazenamento e
distribuição de recursos para determinada atividade do setor. Assim, seriam mais prováveis
que os produtores tenham uma lucratividade maior, os comerciantes um custo menor, que se
somando com menores preços para o consumidor final, contribuiria no crescimento da
autonomia e desenvolvimento municipal, no que concede ao setor de produção de frutas. Esta
perspectiva teórica se baseia no modelo de como a consolidação de um setor econômico exige
não apenas a cooperação entre os produtores, mas também nas redes de relacionamentos entre
estes e outros atores importantes, tais como entidades governamentais e organizações
acadêmicas (Leydesdorff et al. 2006).

4. Conclusão
Dentre os vários desafios para a integração da produção e comercialização do
maracujá no município de Cametá, destacou-se a falta de cooperativismo entre os pequenos
produtores e a falta de políticas públicas capazes de organizar e integrar o meio produtivo
carente de incentivos e o comercial que busca por lucratividade. São esses os principais
entraves que devem ser superados para que seja retomado o cultivo dessa fruta em escala
comercial, bem como a fruticultura de modo geral em âmbito municipal.

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5. Referências Bibliográficas

André Yves CRIBB, Inovação Tecnológica e Arranjo Produtivo Local: Em Busca da


Revitalização da Cadeia do Maracujá nas Regiões Norte, Noroeste e Baixadas
Litorâneas do Estado do Rio de Janeiro. IX Congresso da Sociedade Brasileira de Sistemas
de Produção – SBSP; Pelotas - RS, 06 a 08 de julho de 2016.
FURLANETO, F. P. B.; MARTINS, A. N.; ESPERANCINI, M. S. T.; VIDAL, A. A.;
OKAMOTO, F. Custo de produção do maracujá-amarelo (Passiflora edulis). Rev. Bras.
Frutic., Jaboticabal - SP, Volume Especial, E. 441-446, Outubro 2011.
GIESTEIRA, M. Tamanho é documento. Globo Rural. Seção: Campo aberto / maracujá,
2016. Disponível em < http://revistagloborural.globo.com/Revista/Common/0,,ERT208544-
18281,00.html. (Acessado em 22 de outubro de 2017).
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Cidades: produção agrícola municipal.
Lavoras Temporárias e Permanentes, 2018. Disponível em:
<http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela/protabl.asp?c=1613&z=p&o=29&i=P>. Acesso em:
10 abr. 2018.
LEYDESDORFF, L.; DOLFSMA, W.; PANNE, G. van der. Measuring the knowledge base
of an economy in terms of triple-helix relations among ‘technology, organization, and
territory´. Research Policy, Vol. 35, nº 2, pp. 181-199, 2006.

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