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Moda Mangue

Mangue Fashion

MONÇORES, Aline
Mestranda em Design, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Palavras chaves: moda, comportamento, cultura popular

Resumo:
O trabalho faz parte de uma pesquisa descritiva, que visa analisar as contribuições da Cena Mangue à moda
pernambucana. Observando as apropriações dos elementos simbólicos e iconográficos da Cena na produção,
intelectual e material, de moda no Estado de Pernambuco.
O estudo será desenvolvido a partir da combinação de métodos de pesquisa, com consultas aos materiais disponíveis
da época até os dias atuais (pesquisa bibliográfica e iconográfica) e uso de técnicas de entrevista. E finalmente visitas
à cidade de Recife para coleta de documentos e entrevistas.

Key Words: fashion, behavior, culture

Abstract:
The article is part of a descriptive research, which analyses the Cena Mangue’s contributions to the fashion of
Pernambuco. By observing the appropriation of iconographic e symbolical elements of the Cena in both the
intellectual and material productions, in the fashion of the state of Pernambuco.
The study will be composed through a combination of research methods, with consultation of materials available
from that period until today (bibliographical and iconographic research), as well as through the use interview
techniques. And finally, visits to the town Recife, in order to collect documents and interviews.

Moda Mangue

- A Influência do Movimento “Manguebeat” na Moda Pernambucana

A moda pernambucana nos últimos anos caminha a passos largos. O crescimento vertiginoso do Pólo do
Agreste1, o reconhecimento de estilistas regionais, e os eventos de moda no Estado são cada vez mais
freqüentes. E tudo nos faz pensar: será que só agora o “Leão do Norte”2 despertou para a moda?
Os exemplos são muitos: Lourdinha Noyama no São Paulo Fashion Week, Recife Fashion, Malquezideque
na final do concurso Riachuelo, Eduardo Ferreira e outros3. Mas o que essa moda tem de diferente?
Se buscarmos um pouco do passado descobriremos que a preocupação com o vestir em Pernambuco não é
recente, como já contava Gilberto Freire...

“Francesas eram as modistas. Como Madame Theard, com quem se vestiam as grandes senhoras de 1840,
para irem ao teatro ver as cômicas, aos bailes de Palácio, dançar com os gamenhos, à procissão do Senhor
Dos Passos".
FREIRE, 1942.

O parecer era tão importante quanto o ser. O que para a moda não é pouco4.
Com a presença dos estrangeiros (holandeses, ingleses, franceses e até alemães), novos hábitos foram
introduzidos à indumentária local: os tecidos leves, as cores claras e as formas simples passaram a co-
habitar com estampas, rendas e texturas de todo tipo produzidos na região.

1
Região produtora de artigos confeccionados no interior do estado.
2
Nome pelo qual é chamado o estado de Pernambuco em alusão à história de revoluções e resistências do estado.
3
Designers de Moda pernambucanos que estão participando das semanas de Moda nacionais.
4
Como pode ser observado em “Sistemas da Moda” de Rolland Barthes
Mais tarde foi a vez do sudeste influenciar e, praticamente, determinar o que é e o que não é moda em
Pernambuco5. Com a ampliação do mercado têxtil, as peças começam a ser adquiridas no eixo Rio-São
Paulo, através das lojas de “pronta-entregas”, ou seja, após a popularização do “Prêt-à-Porter” no Brasil. A
elite passa a consumir artigos do Sul do país. O papel da modista francesa é apenas transferido para as
produções das butiques paulistas e cariocas, mas todo o restante da configuração da moda continua a
mesma.

Aqui podemos relacionar esses fatos com a noção de campo de Bourdieu6, onde consagração, divulgação e
a legitimação da moda pertencem à uma elite e seus “autorizados”.
Somente nos últimos 10 anos a Moda do Estado vem dando sinais de autonomia. Coincidentemente
aniversariando com a Cena Mangue.
Coincidência?!...

Durante muito tempo a produção de confeccionados em Pernambuco permaneceu sem identidade, se cobriu
de outros ares para se “adequar” a certos padrões, ou então aparecia tão folclórica que limitava seu consumo.

Essa falta de uma “cara” fortaleceu a cópia pura e simples de formas e conceitos. Um campo aberto onde
tudo era (e algumas vezes ainda é) simplesmente igual. Igual ao que o ator “X” usou na novela ontem, igual
ao que a Dona “Y” apareceu na festa anteontem, e assim por diante. Mas, um dia, a própria moda no Brasil
mudou (e ainda está mudando). Organizou-se e descobriu que para ganhar terreno era preciso não só se
profissionalizar, mas também ser única. Ter algo que a diferenciasse. Precisava de identidade. Surgiram
então os incentivos e apoios na busca de uma identidade nacional na moda7. Uma Moda Brasileira. Que
passou a ser mais rebelde, mais polêmica, dando cada vez mais espaço ao novo e ao experimental. Com isso
mais e mais cursos de Moda surgiram em todo país, despejando uma enxurrada de novos talentos8. Pois
como já dizia Einstein, “é preciso ter mil idéias para se ter uma grande idéia”. É preciso ter muitos novos
talentos para se ter um gênio da Moda.

Em paralelo as mudanças da moda nacional, uma turma fazia rebuliços em Recife, a turma da Cena Mangue.
Era o início da década de 90. Com letras que incentivavam mudanças, a não estagnação e o despertar para
novas idéias, formaram uma espécie de vitamina conceitual. Aos interessados, era preciso apenas beber da
fonte.

Já sabemos que o MangueBeat9 trouxe a valorização da cultura regional e proporcionou uma flexibilidade no
lidar com as referências locais, fazendo um verdadeiro caldeirão de idéias. Não só na música, mas refletiu
também nas artes e na moda. Surgiram ONGs que passaram a desenvolver trabalhos junto a comunidades
locais, artistas plásticos se firmaram, designers de moda, designers gráficos, enfim, Recife torna-se uma
Manguetow, como os integrantes definem.

5
Segundo estudo realizado pelo Sebrae/PE de 2003, disponível no site: www.sebrae.pe.com.br.
6
Bourdieu, P., A economia das trocas Simbólicas, São Paulo: Perspectiva-5º ed
7
Podemos citar instituições como:
1- Sebrae, que criou o projeto via design , o qual contempla o setor de confecção;
2- Associação Brasileira da Indústria Têxtil (ABIT) e sua alteração do estatuto em 1999 para incorporar o setor
de confecção;
3-Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior que através do Programa Brasileiro de
Design está também atuando e apoiando ações em Moda.
4-Agência de Promoção de Exportações que têm apoiado a apresentação de designers de moda brasileiros em
eventos de moda internacionais.
8
Segundo dados do Ministério da Educação, atualmente existem 19 cursos superiores com ênfase em Moda no país.
Atualmente existem cerca de quatro semanas de moda voltadas somente para a descoberta de novos talentos no país.
9
Manguebeat ou Cena Mangue, movimento cultural que prega a união de sons e ritmos regionais populares com batidas
eletrônicas e técnicas avançadas de sonorização. Surgiu na década de 90 e teve como ponto auge o ano de 1995, com a
presença do grupo “Chico Science e Nação Zumbi” e “mundo livre s/a”.
No discurso mangue se revitaliza referências populares e tradições folclóricas. Sabendo-se que, segundo
Grant, o vestuário é um meio para o exercício dos poderes metafóricos. O que também pode ser
relacionado a Barthes que afirmou:

“[...]o poder (a libido dominandi) aí está, emboscado em todo e qualquer discurso, mesmo quando este
parte de um lugar fora do poder.[...]”

“[...] o poder está presente nos mais finos mecanismos do intercâmbio social: não somente no Estado, nas
classes, nas roupas, mas ainda nas modas, nas opiniões correntes, nos espetáculos, nos jogos, nos esportes,
nas informações, nas relações familiares e privadas, e até mesmo nos impulsos liberadores que tentam
contestá-los: chamo discurso de poder todo discurso que engendra o erro e, por conseguinte, a
culpabilidade daquele que o recebe.”
BARTHES, 1977.

Chama-se, então, a atenção de uma massa para o que acontece dentro do estado, e o Manguebeat torna-se
expressão de comportamento. Atinge diversas áreas e segmentos e exerce sua relação de poder nas diferentes
camadas sociais em Recife, ora adorado ora odiado, mas um tema sempre presente em qualquer roda de
discussão. Um poder absoluto, presente não no estar a favor ou contra o movimento, mas no fato dele estar
presente em tudo, segundo Barthes. Começa então a ocorrer uma mudança na estrutura do campo da Moda
pernambucana, inserindo novos personagens de legitimação.

Com as manifestações do movimento Manguebeat surgiu a “Mangue Fashion”, como alguns chamam, que
começou como uma brincadeira dos próprios músicos que confeccionavam suas camisas e acessórios, e
que em seguida se expandiu. A Moda Mangue é, então, fruto de um produto cultural.
A partir do movimento, pequenos grupos começaram a consumir e validar esta moda na década de 90. Que
se distribuía em mercados alternativos, durante eventos, shows, e em qualquer manifestação onde os
participantes e simpatizantes do Movimento Mangue pudessem estar reunidos.
Essa Moda seguiu a filosofia Mangue, que é de valorização cultural em uma postura global, concretizada
através de junções de materiais de origem artesanal aos industrializados, com formas reconhecidamente
regionais e até mesmo fazendo uso de elementos da história pernambucana com o que de mais novo havia
em tecnologia na confecção de vestuário e acessórios.

Mas isto ainda era muito pouco para efetivar uma moda Mangue.
Com o crescimento e o reconhecimento nacional da Cena, a moda caminhou paralelamente, sem tanta
aceitação como a música, tímida, mas despertando o interesse de personagens importantes da moda
nacional.

O primeiro ícone desse momento foi Eduardo Ferreira, estilista pernambucano que com sua apresentação em
São Paulo, no ano de 1995, causou furor entre jornalistas de moda, sendo rapidamente adotado como
referencial por alguns10. Eduardo é com certeza o maior expoente da moda pernambucana fora dos limites do
Estado, o que representa muito no cenário nacional. Apesar disso, ele não foi o único a seguir essa linha de
trabalho; outros, como por exemplo, a marca “Mulheres do Mundo” (do mesmo período) ou mesmo
"Refazenda" (anterior), desenvolviam produtos com conceito regional, sem cair no folclorismo11.

Mas então, por que Eduardo é ícone, se novidade em moda é diferencial?


Porque Eduardo conseguiu o que outros não haviam ainda conseguido, pelo menos não com tal amplitude: o
reconhecimento dos que ditam a moda no país. É a partir desse ponto que os olhares da Moda do Sudeste se
voltam de forma mais atenta para Recife. Contudo, já havia uma pré-disposição e um maior interesse pelo o
que acontecia naquela cidade, Recife, graças ao sucesso dos meninos do Mangue.
Coincidência? Talvez.

10
Na época o estilista foi tema de matérias em jornais como “O estado de São Paulo”, “Folha da Tarde”, “o Globo”, e
“JB” além de matérias televisivas.
11
Termo usado pela autora para a apropriação de formas e elementos da indumentária folclórica, que aproxima o
vestuário do figurino.
Todavia, podemos dizer que o mangue abriu caminhos? Despertou interesses, trouxe olhares de quem
divulga, de quem usa e de quem cria?
Certamente sim.

A Cena Mangue foi, e é até hoje, considerada o que de mais importante aconteceu no meio cultural nacional
desde a Tropicália, segundo os especialistas no assunto12. E é no auge de todo esse reboliço surgem os novos
talentos na moda pernambucana, personificados principalmente por Eduardo Ferreira, e como diz o clichê:
“Moda é comportamento, é cultura,é atitude”. E o Mangue foi (e talvez ainda seja) mais do que uma Cena. É
um comportamento, uma postura. Portanto, achamos um ponto de confluência entre ambos, além da estética.

A Moda Mangue torna-se o exemplo de uma criação com identidade. Aquela identidade impressa no
produto, objetivo de tantos investimentos. Mas... e só isso basta? Provavelmente não...

Até hoje existe uma resistência que impede a plena adoção de referências culturais locais no
guarda-roupa cotidiano. Quando menciono isso, não estou me referindo ao simples fato de usar ou
não chita. E muito menos dizendo que a criação deve ser orientada sob essa ótica. Longe de mim tal
radicalismo! Mas me refiro sim, à resistência que há ao uso de símbolos, mesmo que modificados,
da cultura popular na moda. É paradoxal, ver como os pernambucanos possuem uma resistência a
consumir ou validar produtos regionais, alguns chegando a ser associados a adjetivos pejorativos, e ao
mesmo tempo um orgulho em ser Pernambucano e muitas vezes em usar a camisa com a bandeira do
estado. De algum modo a televisão pode ter contribuído, e continua a contribuir, para o mito do Sul,
persistindo a adoção de padrões estéticos generalistas, que massificam e globalizam produções.
Podemos dizer que esses tais referenciais não falam pernambuquês, e muitas vezes, quiçá
português!

O objetivo da pesquisa não é mostrar-se ufanista ou castradora. Apenas, levantar as dificuldades


existentes em lidar com o que é próprio da nossa vivência e tentar identificar as razões desse acontecimento
Em um segundo momento, de que forma essas apropriações se dão e são expressas em forma de produto.

Mas esse não é um problema só de Pernambuco, é nacional. Nas coleções desse último verão na Europa e
U.S.A. o que mais se viu foram verdes e amarelos, preferencialmente dispostos juntos13. Representando
ora o Brasil ora a Jamaica. Além é claro, da exposição na Selfridges (com três andares dedicados ao
Brasil) em setembro de 2004 e o lançamento da coleção Ginga da empresa Nike e janeiro último, e por fim
o ano do Brasil na França (2005), que tem propiciado a divulgação da Moda brasileira. Mas, infelizmente
os números com os índices de retorno ainda são baixos para as empresas nacionais14.

Afinal, quem melhor do que nós para falar de nossa cultura? E a tal identidade e o diferencial que buscamos,
eles devem ser para quem? Para nós que produzimos ou para quem compra? Concordo que não devemos cair
na cilada do “samba, futebol e mulher”, mas é preciso refletir sobre a importância de se pensar na forma
como somos percebidos pelos outros, sejam de outro país, de outro Estado, cidade e até bairro e na forma
como queremos ser percebidos. Afinal, estamos falando de design de moda, o que pressupõe um objeto, um
produto. É, então, a busca pelo equilíbrio entre “o que compreendem e esperam de nós” com “o que nós
queremos que entendam sobre nós” (sem cair em folclorismos) que esse produto de moda tenta transitar. O
que não é fácil de conseguir, e nem têm por regra ser objetivo de todos. Mas devemos nos questionar sobre
isso.

Se buscamos um diferencial e objetivamos colocação no mercado, por que não fazermos uso das tais
referências regionais. Não limito o conceito de regional apenas ao que é folclórico ou parte da cultura
local, mas sim, compreendo como regional o que é próprio do dia-a-dia. Como por exemplo, o bar da

12
Segundo o crítico musical José Teles em “Do frevo ao Manguebeat” e declaração do crítico Sílvio Essinger no
programa Super Tudo da rede TVE Brasil exibido em 11/07/2004.
13
O que pode ser confirmado em sites como www.style.com/fashionshows/
14
Segundo dados da ABIT e do SEBRAE.
esquina, as crianças que passam, uma determinada arquitetura ou mesmo a história de certa personalidade
que viveu no local. Todos esses dados são elementos a serem considerados como regionais, e podendo ser
uma fonte rica de informações e impulsos a criatividade do designer.

Como disse Mafesolli, sobre as questões do comportamento de tribos e que podemos comparar às criações
e motivações do Mangue:

“A criação, sob suas diversas formas, brotará de uma dinâmica sempre renovada e sempre plural. As diversas
situações sociais, os diferentes modos de vida, as múltiplas experiências poderão ser consideradas como
expressões de um vitalismo poderoso. Uma outra maneira de expressar o politeísmo dos valores.
É isto que pode servir de pano de fundo para a estética e para a sua função ética. O fato de experimentar em
comum suscita um valor, é vetor de criação.”
MAFESOLI, 1990.

A última semana de moda “Recife Fashion”, promovida pelo Shopping Recife, abriu espaço para novos
talentos da região e criadores já consagrados. Apesar de ainda ser uma iniciativa que explora pouco o
potencial pernambucano, já é um começo e abre oportunidades aos que ainda virão, além de legitimar o Pólo
do Agreste, que se apresentou no primeiro dia de desfiles.

O Pólo do Agreste está localizado a cerca de 180km de Recife, tendo como principais cidades integrantes:
Caruaru, Toritama e Santa Cruz do Capibaribe, Com uma produção elevada e mais de 1.200 empresas15, o
Pólo hoje é responsável por 60% da produção do Estado, com forte presença do Jeanswear, e para sobreviver
precisará também ser reconhecido pela qualidade e o diferencial. Percebendo o potencial de crescimento, que
é latente na região, muitas instituições e órgãos governamentais já se mobilizam no suporte aos empresários,
indicando possibilidades reais de expansão.

Outro fato que poderá ajudar na busca do tal “ponto de equilíbrio”, mencionado anteriormente, é o
surgimento de cursos de Moda no Estado, que deverão contribuir para uma percepção, “além folclore”,
dessas referências regionais. O exercício do pensar moda, conceitualizar e projetar produtos poderá trazer a
possibilidade de gerar novos talentos cada vez mais capacitados na arte de criar e transformar. E ao Pólo do
Agreste, que hoje é um dos principais centros produtivos do país no setor de confecção, para alcançar novos
horizontes, precisa que profissionais especializados estejam atuando nas empresas. Mesmo que ainda muitos
empresários não tenham consciência dessa necessidade, chegará o momento em que o designer será
fundamental.

Essa é uma outra questão que deverá ser levada em consideração na pesquisa, a ausência de instituições
acadêmicas especializadas na formação de designers de moda e a ausência de cursos de doutorado
(independente da área) no Estado. O que impede a reprodução e difusão das formas e critérios do campo
da moda em Pernambuco. Nosso questionamento é: Será que isto pode contribuir a uma dificuldade na
interpretação e consagração de novos movimentos de moda, como o “Mangue” ou não?

Hoje, apesar de Pernambuco possuir alguns cursos voltados para Moda, os mesmos ainda não são focados na
atividade de design. Estão ainda presos na gerência, nos processos fabris básicos ou na fórmula pronta
chamada “desenvolvimento de coleção”. Porém, este ano (2005) houve o lançamento do curso de pós-
graduação latu-sensu em Moda pela Universidade Federal de Pernambuco, o que deve contribuir muito ao
pensar crítico em Moda. Com os cursos focados (técnicos, superiores e pós-graduações) o conhecimento
chega bem mais rápido. Mesmo que inicialmente pareça um investimento com retorno em longo prazo. É
precisamos lembrar que o surgimento da Academia de Moda (ensino) proporciona uma massa crítica
intelectual que pode apoiar entidades, secretarias de governo e outras instituições em projetos e pesquisas
para a região. Hoje carente deste suporte. E provavelmente, mercado de trabalho não irá faltar ao
profissional.

15
Fonte: SEBRAE/PE
Como nos perguntamos no início, para ver o quê essa Moda pernambucana têm de diferente, o que não falta
é fonte de inspiração. Para se beber da liberdade, da atitude, do liquidificador cultural proposto pelo
MangueBeat, sem massificar o nome ou achar que tudo se resume a referências regionais. Mas estar atento
aos conceitos da Cena Mangue: o comportamento questionador e inovador diante do que é próprio da cultura
local. E principalmente, continuar o estudo sobre a descentralização da produção de moda no Brasil, e no
mundo. Isso poderia ser um caminho inverso a globalização? Talvez...

Muito ainda pode ser dito e analisado sobre a questão do relacionamento do recifense com o vestuário em
um momento pós Manguebeat. Previamente podemos concluir que, como disse Marchall Sahlins (1976;179)
“... o sistema do vestuário [...] remonta a um esquema muito complexo de categorias culturais e a relação
entre elas, constituindo um verdadeiro mapa – não é exagero dizer- para o universo cultural”.

Fontes consultadas

Associação Brasileira da Indústria Têxtil. http://www.abit.com.br. Acessado em 30 de abril de 2005.

Barthes, R. Aula –Aula Inaugural de Semiologia do Collége de France. Rio de Janeiro: Cultrix, 1977.

_________ Sistemas da Moda. São Paulo: Ed. Universidade de São Paulo, 1979 V. 9.

Bourdieu, P. A Economia das Trocas Simbólica. 5ed.-Perspectiva.

Freire, G. Guia prático, histórico e sentimental do Recife. Recife: Sec. de Turismo, 1942.

Mafesoli, M. Ética da Estética. 3.ed. Rio de Janeiro: Ciec /Ufrj, 1990.

_________ O Tempo das Trbos: o declínio do individualismo nas sociedades de massa. Rio de Janeiro:
Forense Universitária, 1998.

McCracken, G. Cultura & Consumo – Novas Abordagens ao Caráter Simbólico dos Bens e das Atividades
de Consumo. São Paulo: Ed. Mauad.

Ministério da Educação e Cultura. http://portal.mec.gov.br. Acessado em 30 de abril de 2005.

Sahlins, M. Cultura e Razão Prática. São Paulo: Ed. Jorge Zahar, 1979.

SEBRAE/PE. http://www.sebrae.pe.com.br. Acessado em 30 de abril de 2005.

Teles, J. Do Frevo ao Manguebeat. São Paulo: Editora 34, 2000.

Aline Moreira Monçores


e-mail: alinemor2@yahoo.com.br ou alinemo1@hotmail.com

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