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Resenha
BELUZZO, L. G.; ALMEIDA, J. G. Depois da Queda. A
economia brasileira da crise da dívida aos impasses do Real. Rio
de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002, 412 p.
CARNEIRO, R. Desenvolvimento em crise. A economia
brasileira no último quarto do século XX. São Paulo: Unesp,
2002, 422 p.
Carlos Augusto Vidotto *
reformulam a equação dos lucros período, mas para isso sofre uma
de Kalecki para esclarecer o ajuste reconstrução em dois sentidos.
da grande empresa sob a recessão, Primeiro, evita-se uma versão
desvendando os critérios de inteiramente financeira tal como
formação de preço que aparece na formulação original,
microfundamentam o percurso descolada dos efeitos reais da
da crise monetária brasileira em concorrência sobre a estratégia de
suas sucessivas etapas. Ao longo prazo das empresas.
contemplar a economia brasileira, Segundo, porque no caso
dialogam com autores que brasileiro os descaminhos da
fundaram no princípio da política econômica sobrepõem-se
demanda efetiva a revolução de às razões internas como
uma ciência então impotente determinante principal da marcha
frente à movediça realidade do rumo à fragilidade financeira. Essa
capitalismo. Em outros termos, a é uma constante na reflexão dos
análise é keynesiana desde o autores: o diálogo com as grandes
método; a incorporação dos referências da tradição keynesiana 149
traços essenciais das economias jamais se reduz a uma aplicação
capitalistas no travejamento de de modelos, mas integra um
sua abordagem permite aos esforço de reinvenção teórica que
autores dessa tradição, antes e subsidia a compreensão da
agora, elidir a ruptura esquizo- economia brasileira a partir de sua
frênica entre ambos. Não há inserção internacional.
espaço, na concepção da obra, Dessa forma, Belluzzo e
para qualquer contemporização Almeida desvendam a avaliação
com a síntese neoclássica ou da riqueza capitalista e as
versões contemporâneas do particularidades desse cálculo nas
paradigma do equilíbrio eventual- condições específicas de nossa
mente camufladas sob o nome de economia, nas décadas recentes,
Keynes. sem falsificar as relações básicas de
A hipótese da instabilidade uma economia monetária da
financeira de Minski também dá produção. Ao mesmo tempo,
suporte ao exame da dinâmica situam na política econômica o fio
capitalista nas condições histó- condutor da transição para a
ricas da economia brasileira, no fragilidade. Com isso, assim
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Referência Bibliográfica
BANCO INTERAMERICANO DE DESENVOLVIMENTO
(BID) (1971) Dez Anos de Luta pela América Latina. A ação do
Banco Interamericano de Desenvolvimento. Rio de Janeiro:
Coedição Banco Interamericano de Desenvolvimento FGV.
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