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PR-DF-MANIFESTAGAO-2731/2022 MINISTERIO PUBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPUBLICA - DISTRITO FEDERAL CELENTISSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DA __ VARA FEDERAL DA SEt JUDICIARIA DO DISTRITO FEDERAL IC - 1.16.000.000909/2019-61 O MINISTERIO PUBLICO FEDERAL, pelo Procurador da Reptblica subscritor, com amparo nos arts. 127, caput, ¢ 129, II e III, da Constituigdo Federal; arts. 6°, arts. 1°, 1V, VIL, “a” e “d”, € 39, II, da Lei Complementar 75/93, ajuizar ACAO CIVIL PUBLICA em face de da Lei 7.347/85 vem, FLORIANO BARBOSA DE AMORIM NETO, OSMAR UNIAO, pessoa juridica de direito piblico interno, representada pela Advocacia-Geral da Unido ~ AGU, com enderego no Setor de Autarquias Sul, Qd. 3, Lotes 5/6, Ed. Multi Brasil Corporate, Brasilia-DF, CEP n. 1, 0 OBJETO DA DEMANDA. Pagina 1 di PR-DF-MANIFESTAGAO-2751/2022 MINISTERIO PUBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPUBLICA - DISTRITO FEDERAL A Constituigio Federal de 1988 restabeleceu a democracia, apés seu apagamento ocorrido entre 1° de abril de 1964 ¢ 15 de marco de 1985, periodo durante o qual © pais foi presidido por governos militares, com supressio das eleigdes diretas € dos direitos decorrentes do regime democritico, como direitos de reuniti, liberdade de expressio ¢ liberdade de imprensa, Os valores do Estado Demoeritico de Direito sio a base da Repiiblica Federativa do Brasil e devem ser resguardados por toda a sociedade e, em especial, pelo Ministério Pablico, nos termos do art. 127 da Constituigao Federal Pretende-se, com a presente ago, obter prestagio jurisdicional inibitoria e ita celebragio do Golpe Militar de 1964, ocorrida no dia ressarcitéria em razio da 31/03/2019, com a divulgagdo de video comemorativo nos canais oficiais de comunicagio da Presidéncia da Repiblica, fato que nitidamente ¢ incompativel com os valores democraticos insertos na Constituigdo de 1988, ao passo em que tem ainda o condio de gerar incomensurivel constrangimento is incontiveis familias que perderam familiares em razio das nefastas ¢ arbitrarias praticas levadas a efeito ao tempo do regime ditatorial (prisio, tortura, persegui¢do por motivagées politicas, incomunicabilidade, banimento e mortes). 2. OS FATOS ILiCITOS APURADOS O inquérito civil n° 1.16.000.000909/2019-61, que serve de lastro para a propositura da Acdo Civil Pablica em tela, foi instaurado para apurar irregularidade consistente na celebragio do Golpe no canal de comunicagao da Presidéncia da Republica. tar de 1964 com a divulgagao de video comemorativo Sao os termos da representagdo que originou a investigagio: Deserigao © Palacio do Planalto distribuiu neste éltimo domingo (31/03), através de ‘um dos canais oficiais de WhatsApp da Presidéncia da Repablica, um video sem assinatura em defesa do golpe de Estado de 1964 e da ditadura militar. © texto, sem assinatura, usa a mesma justificativa empregada pelo presidente Jair Bolsonaro para defender 0 golpe, a de que o Brasil “caminhava para 0 comunismo". No video, com narrativa truncada, 0 narrador diz. aos jovens para pesquisar 0 que realmente aconteceu © que 1964 teria sido um tempo de "medo © ameagas" vindas do riseo de Pigina 2 de 23 br /val ldacuodot heepey we PR-DF-MANIFESTAGAO-2751/2022 MINISTERIO PUBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPUBLICA - DISTRITO FEDERAL comunismo, ao contrério do que apurou a Comisstio Nacional da Verdade. Tal canal trata-se de um contato de WhatsApp que parece ter sido criado ainda no govern do ex-presidente Michel Temer com a finalidade de distribuir noticias & populago, sedo, pois, um nimero oficial do Planalto, No entanto, 0 video aparenta nao ser uma criagio da Secretaria de Comunicagdo da Previdéncia e, por sua vez, a distribuigdo ndo foi uma ago oficial. Além do mais, hi noticias de que o mesmo video foi divulgado na manha de domingo pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, junto a uma sequéncia de outros videos em defesa da ditadura militar, algo que 0 Estado Democtitico de Direito nao pode tolerar. Ora, em. que pese o direito de expresstio constitucionalmente assegurado, niio se pode permitir que canais oficiais de comunicagio sejam utilizados para defender algo tio perverso na Histéria brasileira como foi a ditadura militar pois equivale a defender coisas tio repugnantes como 0 nazismo ou a escravidio ‘id que pessoas foram presas, mortas e torturadas durante o period de 1964- 1985. Principalmente durante 0 periodo em que estava em vigor 0 Al- entre dezembro de 1969 ¢ a Lei da Anistia. Portanto, pede-se a0 MPF providéncias no sentido de apurar esse uso indevido dos canais de comunicago da Presidéncia da Repiiblica quanto a divulgagio de materiais que vio contra os principios constitucionais do Estado brasileiro, buseando adotar medidas que impegam a continuidade de tais condutas, Foram juntadas a0 apuratério as reportagens: “Planalto distribui video em defesa do golpe militar de 1964 (PR-DF-00025148/2019), “Quem pagou pelo video revisionista da ditadura distribuido pelo Governo Bolsonaro?”, “Video pré-golpe eria setor ficcional do Planalto” (PR-DF-00025564/2019), “Planalto divulga video a favor do golpe militar de 1964”, “Cipula das Forgas Armadas diz que golpe de 64 cessou ‘escalada em diregZo ao totalitarismo™” eo proprio video (PR-DE-00025813/2019). Referido video é composto por um narrador, que Ié 0 texto, ¢ pelo fundo onde, gradualmente surge @ bandeira do pais. A mensagem transmitida contém a seguinte transcrigdo: Se vocé tem a mesma idade que eu, pouco mais, pouco menos, sabe que houve um tempo em que © nosso eéu, de repente, nio tinha mais estrelas que outros. Nem nossa vida e nossos campos e bosques mais flores e amores. br /val ldacuodot Se vocé & jovem jé deve ter ouvido isso dos seus pais, mas, se vocé quer mais detalhes, quer depoimentos, quer certeza de que isso & verdade, faga uma pesquisa, consulte os jomais, revistas, filmes da época, vocé vai ver, cra sim um tempo de medo e ameagas. Ameagas daquilo que os comunistas faziam onde era imposto sem exeegdo, prendiam ¢ matavam os seu préprios Pagina 3 de 23 heepey we PR-DF-MANIFESTAGAO-2751/2022 MINISTERIO PUBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPUBLICA - DISTRITO FEDERAL compatriotas, Havia sim muito medo no at, greve nas fibricas, inseguranga em todos 0 lugares. Foi ai que, conclamado por jornais, ridios, TVs e, principalmente, pelo povo na rua, povo de verdade, pais, mies, igreja que o Brasil lembrou que possuia um Exército Nacional e apelou a ele. Foi s6 ai que a escuridio, sgragas a Deus, foi pasando, pasando, ¢ fez-se a luz A bandeira verde ¢ amarela voltou a tremular © 0 medo dew lugar a confianga no futuro. Exército nos salvou. O Exéreito nos salvou, Nao ha como negar. E tudo isso aconteceu num dia comum de hoje, um 31 de margo. Nao di para mudar a historia, Exército no quer palmas nem homenagens. O Exército apenas cumprit. 0 seu papel Houve o recebimento de diversas representagdes para apurar 0 acima noticiado: a) manifestagio 20190023570, da Associagio brasileira de Juristas pela Democracia (PGR- 00167060/2019); b) manifestagdo 20190023455, do Deputado Federal Alessandro. Molon (PGR-00168505/2019); ¢) manifestagio 20190023808, do Diretério Nacional do Partido dos Trabalhadores (PGR-0017004 1/2019). Instada a se manifestar, a Secretaria-Executiva do Governo, por intermédio do OFICIO N° 155/2019/SEGOV-SE, encaminhou a Nota Técnica n° 14/2019/SEGOV-SE e demais apensos constantes no processo SEI 00170.001460/2019-11 (PR-DF-00033536/2019 PR-DF- 00034142/2019).. ‘Convém transcrever o teor da Nota Técnica n° 14/2019/SEGOV-SE: A Secretaria de Governo da Presidéneia da Repiiblica vem por intermédio da presente nota técnica fornecer os subsidios fiticos solicitados pelo Ministério Péblico Federal, conforme 0 ~— Officio.” 2.603/2019/GAB/EPR/PRDF (SEI 1157284). 1) Quem define a estratégia de comunicagio do Governo Federal? A Estratégia de Comunicagio do Governo Federal & definida pelo Secretirio Especial de Comunicagio Social da Presidéncia da Repiiblica, nos termos do art. 22 do Decreto 9.669/2019. 2) Quais sto as diretrizes da Secretaria de Comunicagio do Governo Federal? As diretrizes so de realizar o efetivo cumprimento dos mandamentos constitucionais ¢ legais da comunicago social do Governo Federal, em Pagina 4 de 23 pt ap br/val ldacaodoeumen' PR-DF-MANIFESTAGAO-2751/2022 MINISTERIO PUBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPUBLICA - DISTRITO FEDERAL especial o art. 37, §1°, da Carta da Repiblica, assim como os explicitados no art, 22 do Decreto 9669/2019. ‘Art, 22. A Scoretaia Especial de Comunicagdo Social compete assistir diteta e imediatamente Presidente da Repiiblica, especialmente: I — na formulagiio © na implementagio da politica de comunicagdo ¢ divulgacdo social e de programas informativos do Poder Executivo federal; II ~ na coordenagio da comunicago interministerial ¢ das agdes de informagio e difusio das politicas do Governo federal; III — na articulagio com instituigdes do Poder Executivo federal, quando da divulgagio de politicas, programas e ages do Governo federal, © em atos, eventos, solenidades e viagens dos quais 0 Presidente da Repiblica ¢ outras autoridades de interessa da Presidéncia da Repiiblica participem; IV ~ na coordenago, na normatizago, na supervisio © no controle da publicidade e dos patrocinios dos érgios ¢ das entidades da administragio pablica federal, direta ¢ indireta, © das sociedades sob o controle da Unitio; 'V — no relacionamento com meios de comunicagio, entidades dos setores de comunicagio € nas atividades de relacionamento piiblico-social; VI — na convocagio de redes obrigatérias de ridio de televistio;, VII na coordenagdo © na consolidagio da comunicagio governamental nos canais préprios de comunicagio; VIII ~ no relacionamento com a imprensa regional, nacional e internacional; IX ~ na coordenago das agdes de comunicago da Repiblica Federativa do Brasil no exterior € na realizagio de eventos institucionais da Presidéncia da Repiblica com representagdes © autoridades nacionais e estrangeiras, em articulagdo com os demais intervenientes; X — na onganizagio ¢ no desenvolvimento de sistemas de informagdo e pesquisa de opinio piblica; e XI — no apoio aos drgios integrantes da Presidéncia da Pagina S de 23 PR-DF-MANIFESTAGAO-2751/2022 MINISTERIO PUBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPUBLICA - DISTRITO FEDERAL Repablica no relacionamento com a imprensa, Paragrafo tinico. A Secretaria Especial de Comunicagao Social exercerd a supervisio direta das atividades da EBC e auxiliard 0 Ministro nas atividades de supervisio que ele decidir exercer diretamente.” 3) Quem é atualmente, 0 agente piiblico, comissionado ou efetivo, rresponsdvel pela Secretaria de Comunicagao do Governo Federal? © atual responsivel pela SECOM ¢ o advogado Fabio Wajngarten. Floriano Barbosa. 4) Quem autoriza_a_insergio\postagem de_videos ¢ informagies. no Whatsapp do Governo Federal, mais especificamente no Whatsapp do Planalto? A_autorizagio_é feita pelo Secretirio_de Comunicacio Social _da Presidéncia da Repiblica, 5) Quem possui a senha de acesso do aparetho de telefone que permite postagens no Whatsapp do Governo Federal (Planalto)? ‘A senha esti sob responsabilidade de um servidor da SECOM. 6) E_ necessiria_prévia_autorizagio_para_realizar_postagens _no wi Sov 2B concede? E necessiria prévia autorizagio do Secretirio Especial de Comunicagio Social. No tocante aos quesitos 7 @ 14, com o objetivo de esclarecer os fatos de forma sequencial, opta-se por responder todas as perguntas ao final: 7) Quem so os agentes piblicos administradores do Whatsapp do Governo Federal (Planalto)? 8) Quem foi o agente responsivel pela postagem do video alusivo a data de 31 de margo de 1964 no Whatsapp do Governo Federal (Planalto)? 9) Quem autorizou a postagem do video alusivo a data de 31 de margo de 1964 no Whatsapp do Governo Federal (Planalto)? pt ap br/val ldacaodoeumen' 10) Quem produziu referido video? Qual foi a empresa responsavel pela sua produgio e como se deu a selegao de referida empresa? 11) Qual foi o custo de produgio do video? 12) Envie-nos cépia do ato autorizativo da postagem do video em referk cia, da e6pia de eventual contrato com a empresa produtora do video, Pagina 6 de 23 PR-DF-MANIFESTAGAO-2751/2022 MINISTERIO PUBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPUBLICA - DISTRITO FEDERAL do proceso de licitagdo e da nota fiscal referente aos servigos de produgo do video; 13) Informe porque no consta no video a marca oficial do Planalto; ‘ 14) Na eventualidade de nio ter sido produzido por determinagio dof Planalto, informo por qué foi veiculado no canal oficial do Planalto no A ‘Whatsapp? ql Respostas as indagagdes de 7 a 14: : Apés exauriente apuragdo administrativa da Secretaria de Governo da Presidéncia da Repiiblica na SECOM, verificou-se os seguintes fatos > relatives & divalgacio do video sobre o dia 31 de margo de 1964,na ES Rede de Whatsapp do Planalto, cuja documentacio comprobatéria “= encontra-se colacionada nos autos: a © video detém natureza juridiea privada, uma vez que foi <* produzido pelo empresirio Osmar Stabile g2 © video no utilizou recursos piblicos, porquanto foi SE produzido por um empresério; es O video foi publicado pela SECOM, em 31,3,2019, as 9h26, at nna_rede de Whatsapp do Planalto_em face deum_erro 2 ‘i ee 2 Palicio ha mais de duas décadas; = Nao houve dolo nem culpa do servidor, mas um erro escusivel 2 diante da sobrecarga de trabalho; 8 © video nio continha a marca de Governo nem a assinatura, pois fora inserido na rede de Whatsapp do Palicio do Planalto diante de um erro procedimental; A fim de se evitar quaisquer outros erros procedimentais, 0 Ministro da Secretaria de Governo determinou SECOM que fosse prontamente realizada as seguintes ages que jé estio sendo cumpridas a contento: br /val ldacuodot Inserir em toda veiculagdo da SECOM a marea ou assinatura do Governo Federal, conforme os mandamentos do art. 5°, IV, da Carta da Repiblica que impde o dever de identificagao, Editar um ato normativo interno sobre as boas priticas de utilizagdo “Rede de Whatsapp do Planalto”, uma vez que 0 referido Canal de Comunicacio se revela como um legitimo meio de publicizagio dos atos administratives pelo Poder Pagina 7 de 23 PR-DF-MANIFESTAGAO-2751/2022 MINISTERIO PUBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPUBLICA - DISTRITO FEDERAL Executivo Federal. Consta certidao de 21.1.2021 referente a juntada de cépia eletrOnica do arquivo de video com a oitiva de PAULO FRANCISCO TOSI DO AMARAL , ator contratado para o video tratado nestes autos (docs. #77 e #77.1). Da oitiva, segundo informagdes prestadas pelo depoente, extrai-se especialmente que: - PAULO FRANCISCO TOSI DO AMARAL é ator profissional e recebeu, inicialmente, eaché de RS 500,00 para gravacao do video; = foi contatado por "RAFAEL", com quem jé havia feito trabalho(s) anterior(es), € no momento da gravagio foi dirigido por "THIAGO" (ou TIAGO"), com quem também jé havia feito trabalho(s) anterior(s); = nfo sabe 0 nome completo de RAFAEL ou THIAGO (TIAGO), mas sabe (0 njimeros de celular; nilo sabe 0 nome da agéncia/produtora; - a filmagem foi realizada no dia 30.3.2019, em esttidio localizado no enderego AV. Mofarrej, n. 105, © @ contratagio deu-se cerca de uma semana antes; - afirma que foi assinado um termo de cessdo de direitos de imagem; porém, nao tem cépia da documentagao; - aeredita que quem financiou a produgdio foi alguém de nome "OSMAR", pois ouviu THIAGO (TIAGO) mencionar no telefone; - afirmou que THIAGO (TIAGO) ligava constantemente depois que 0 video sganhou repercussio; - que com a repercussio passou a niio ser chamado para sgravagdes, 0 que gerou dificuldades financeiras; ~ perguntado se foi procurado por alguém da Presidéncia da Repiblica, afirmou que foi procurado por "GUSTAVO", do "joral a folha da manha” 6 "jornal de Brasilia"; = que foi orientado por THIAGO (TIAGO) a buscar assisténcia juridiea do adv, PIRACI OLIVEIRA; = que 0 cache foi reajustado de RS 500,00 para RS 5.000,00; = que Ihe foi oferecido o pagamento de mais RS 30,000,00 (trinta mil reais), em 6 (seis) parcelas de RS 5,000,00, a serem recebidos no escritério do referido advogado; br /valldacaodocunent = que no sabe quem arca com os custos, mas acredita ser 0 Sr. OSMAR, Segundo consta das noticias juntadas aos autos ¢ da Nota Informativa n. 263/2021/MCOM, "OSMAR" é 0 empresirio OSMAR STABILE. Pagina 8 de 23 heepey we PR-DF-MANIFESTAGAO-2751/2022 MINISTERIO PUBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPUBLICA - DISTRITO FEDERAL 3. OS FUNDAMENTOS JURIDICOS PARA A RESPONSABILIZACAO DOS REUS 3.1, LEGITIMIDADE ATIVA. Ao Ministério Piblico compete a guarda dos direitos fundamentais positivados no Texto Constitucional, competindo-Ihe a defesa da ordem juridica, do regime democritico ¢ dos interesses sociais ¢ individuais indisponiveis, conforme determinam 0 art, 127 e/e art. 129, Ile III, ambos da Constituigao da Repiiblica. © Codigo de Processo Civil também dispde que o Ministério Pablico atuard na defesa da ordem juridica, do regime democratico ¢ dos interesses € direitos sociais © individuais indisponiveis (Art. 176). A Lei Complementar n° 75/1995, por sua vez, em seus arts. 5°, IT e, e, 6°, VII, c, também estabelece a atribuigdo do Ministério Puiblico da Unido para a defesa dos interesses difusos, bem como dos coletivos ¢ individuais homogéneos, no caso os relativos aos direitos interesses da familia, da crianga e do consumidor . Ea Lei da Agao Civil Pablica ~ Lei 7.347/85 ~ também atribui legitimidade a0 Ministério Piblico Federal para ajuizar ago dano ao meio ambiente, a0 consumidor, a qualquer outro interesse dif so ou coletivo telar para os fins da lei, objetivando evitar 0 No presente caso, 0 Ministério Pablico Federal age em defesa da ordem juridica e do regime democritico, direitos difusos, de natureza indivisivel, titularizados por pessoas indeterminadas ligadas por circunstincias de fato, consoante reza o art. 81, parigrafo ‘inico, I, da Lei 8.078/90. Atua o MPF com vis \s a salvaguardar o regime democritico ¢ reparar dano moral coletivo causado a toda a populagdo brasileira que, direta ou indiretamente, foi vilipendiada com a celebragdo do Golpe Militar de 1964, a partir da divulgagao de video comemorativo nos canais oficiais de comunicagao da Presidéncia da Repiblica. Inegivel, pois, a legitimidade do Ministério Pablico para a propositura da presente agdo. 3.2, LEGITIMIDADE PASSIVA DOS ACIONADOS, Pagina 9 de 23 br /val ldacuodot PR-DF-MANIFESTAGAO-2751/2022 MINISTERIO PUBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPUBLICA - DISTRITO FEDERAL No curso do expediente origindrio, apurou-se que, em 31.3.2019, as 9h26, nos canais oficiais de comunicagao da Presidéncia da Repiiblica (rede de Whatsapp do Planalto) fora divulgado video com exortagio ao Golpe Militar de 1964, com o seguinte teor, repise-se: Se vocé tem a mesma idade que eu, pouco mais, pouco menos, sabe que houve um tempo em que 0 nosso eéu, de repente, nao tinha mais estrelas que ‘outros. Nem nossa vida ¢ nossos campos ¢ bosques mais flores e amores. Se vocé é jovem jé deve ter ouvido isso dos seus pais, mas, se vocé quer mais detalhes, quer depoimentos, quer certeza de que isso & verdade, faga ‘uma pesquisa, consulte os jomais, revistas, filmes da época, vocé vai ver, cra sim um tempo de medo e ameagas. Ameagas daquilo que os comunistas faziam onde era imposto sem excegdo, prendiam e matavam os seu proprios compatriotas, Havia sim muito medo no ar, greve nas fibricas, inseguranga em todos 0 lugares. Foi ai que, conclamado por jomais, ridios, TVs e, prineipalmente, pelo povo na rua, povo de verdade, pais, mies, igreja que o Brasil lembrou que possuia um Exército Nacional ¢ apelou a ele. Foi s6 ai que a escuridio, sagas a Deus, foi passando, passando, e fez-se a luz ‘A bandeira verde ¢ amarela voltou a tremular © 0 medo dew lugar a confianga no futuro. 0 Exército nos salvou. O Exército nos salvou, Nao hi como negar. E tudo isso aconteceu num dia comum de hoje, um 31 de margo. Nao dé para rmudar a historia. © Exército nao quer palmas nem homenagens. O Exéreito apenas cumpri 0 seu papel. A esse proposito, verificou-se por meio da Nota Técnica n° 14/2019/SEGOV- SE, oriunda da Secretaria-Executiva do Governo, que & época da veiculagio do video de 1964 © responsavel pela Secretaria de Comunicago do Governo Federal era o primeira ré Floriano Barbosa. Consta ainda do aludido documento que quem autorizava a insergfo\postagem de videos € informagdes no Whatsapp do Governo Federal, mais especificamente no ‘Whatsapp do Planalto, era 0 Secretirio de Comunicagao Social da Presidéncia da Repiiblica, FLORIANO BARBOSA DE AMORIM NETO. br /valldacaodocunent Diante dos elementos informativos colhidos na investigagao, niio convence a tese sustentada de que a postagem se deu por um equivoco de um servidor piblico, Pagina 10 de 23 heepey we PR-DF-MANIFESTAGAO-2751/2022 MINISTERIO PUBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPUBLICA - DISTRITO FEDERAL notadamente quando verificado © contexto dos fatos. A publicago de um video em um canal oficial de comunicacao da Presidéncia da Repiblica nio & - e no pode ser - um ato tio imples e banal, uma vez que ficou incontroverso que sempre hi uma autorizagao expressa do Secretirio de Comunicagiio Social da Presidéncia da Repiiblica, conforme Nota Técnica n° 14/2019/SEGOV-SE. De mais a mais, logrou-se éxito em apurar que 0 empresério, OSMAR STABILE, segundo réu, foi o responsivel por custear as despesas de elaboragio do video em apreco. Nessa linha, em ripida pesquisa na internet é possivel verificar que o ora demandado assumiu a autoria do video pré-ditadura divulgado pelo Pakicio do Planalto, vejamos: ANOTA DO EMPRESARIO Leia a integra da nota de Stabile enviada ao Congresso Em Foco: “DECLARACAO Como Autor-Produtor do video divulgado na data de 31/03/2019 fago essa Declaragao. Fi-lo (o video), de moto proprio e as minhas expensas. Isto posto, venho esclarecer que: Como cidadao, quite com suas obrigagées constitucionais ¢ legais, tenho 0 total direito de expor minha opinio de forma livre. Sou um patriota ¢ entusiasta do contragolpe preventivo (pois € assim que boa parte que os historiadores sem ideologias pré-concebidas enxergam “1964"), Quanto a isso, diferente do que sustenta 0 demandado, impende assentar que nenhum direito & absoluto e que as liberdades de expressio e de reunitio (artigos 5°, IV, IX e XVI, ¢ 220 da CF), para serem exercidas, devem obediéncia razoabilidade ¢ comedimento, sob pena de desembocarem, em casos como 0 ora descrito, em um verdadeiro abuso de direito {artigo 187, do nosso Cédigo Civil). Efetivamente, com os olhos voltados para a dic¢io e inteligéncia do artigo 187 do Cédigo “excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econémico e social, pela boa f€ ou ito (abuso de direito), cuja responsabilidade civil e penal I Brasileiro, podemos afirmar que aquele que, no exercicio de um direito, pelos bons costumes" comete ato il emerge inconteste. De seu turno, o artigo 13.2, da Convengdo Americana de Direitos io da liberdade ao pontuar an de um direito, de se assegurar: "a) respeito aos direitos de reputacdo das demais pessoa ou 8 a0 exer sidade, no exereicio Humanos impoe restri ) a protegdo da seguranga nacional, da ordem publica, ou da saiide ou da moral pablica". Pagina 11 de 23 br /val ldacuodot heepey we PR-DF-MANIFESTAGAO-2751/2022 MINISTERIO PUBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPUBLICA - DISTRITO FEDERAL Da Constituigio Federal também se extrai a conclusio de que os direitos, inclusive e principalmente os de liberdades piblicas, tais como as liberdades de expresso e idade\proporcionalidade. reuniio, devem ser exercidos com foco no principio da razoal Diante de todo esse contexto, pode-se afirmar que a censura prévia nio admitida no ordenamento juridico, como regra, por outro lado, € correto asseverar que & idade civ de liberdade de luz do principio da razoabilidade, conforme consagrado pelo STF, na assegurada a responsal expressio e reuniti, ADPF 130. e€ penal daquele que abusa do seu di Por fim, quanto a Unio, para além de ndo ter tomado nenhuma medida com o fim de coibir 0 ilicito praticado, ou mesmo ter trazido aos autos noticia de instauragdo de procedimento administrativo para apuracao dos fatos, é também responsavel pela atuagaio dos seus agentes quando causarem dano. COMPETENCIA DA JUSTICA FEDERAL DO DISTRITO FEDERAL No tocante & competéncia territorial, sobreleva notar que a Lei n. 7.347/1985 estabeleceu como competente para seu processo e juulgamento 0 local da ocorréncia do dano, nos termos do art. 20 , caput: Art. 20 As ages previstas nesta Lei serdo propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juizo teré competéncia funcional para processar e julgar acausa Ainda sobre o tema, importa trazer & baila as disposigdes do Cédigo de Defesa do Consumidor, acerca da competéncia para processar e julgas as agdes coletivas, vejamos: Art, 93, Ressalvada a competéncia da Justiga Federal, ¢ competente para a causa a justiga local: | - no foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano, quando de Ambito local; II-no foro da Capital do Estado ou no do Distrito Federal, para os danos de ambito nacional ou regional, aplicando-se as regras do Cédigo de Processo Civil aos casos de competéncia concorrente. No caso dos autos, 0 video eivado de vicio foi replicado nos canais oficiais de vel a comunicagio da Presidéncia da Repiblica, cuja sede em Brasilia, pelo que indubit Pagina 12 de 23 pt ap br/val ldacaodoeumen' PR-DF-MANIFESTAGAO-2751/2022 MINISTERIO PUBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPUBLICA - DISTRITO FEDERAL competéncia da Justiga Federal do Distrito Federal. 3.4, ATO ANTIJURIDICO E DANO MORAL COLETIVO & cedigo que a Constituigdo Federal de 1988 consagrou a Repiblica Federativa do Brasil como Estado Democritico de Direito, baseado na soberania popular e com eleigdes livres € periédicas. Sabe-se, outrossim, que a aplicagdo do principio democritico nio se resume a eleigdes periddicas, mas rege o exercicio de todo poder, © qual, nos termos da ico, da CF/88). Além disso, a Republica 1 do Brasil tem como fundamentos a cidadania, a dignidade da pessoa humana € 0 Constituigio, emana do povo (art. 1°, parigrafo i Federat pluralismo politico ¢ se rege em suas relagdes internacionais pelo prinefpio da prevaléncia dos direitos humanos (art. 1°,1, Ile VI, € 4°). Esse contexto principiolégico, por si, seria suficiente para inibir celebragio alusiva do Golpe Militar de 1964. Nao é preciso se estender nas discussées acerca do tema de que © golpe representou uma ruptura constitucional ¢ instaurou um regime politico com sucessivos governos militares, que além de cessar a pritica de eleigdes periddicas, atentar contra a liberdade de expresso e de pensamento, extinguir o direito de reunigo, retirar liberdades constitucionais, efetivamente cometeu atos contrarios & dignidade humana. A defesa ¢ exaltago de regime ditatorial, por instituigo ou agente publicos, sob qualquer pretexto, também viola a ordem constitucional vigente, incorrendo, também, em ato iilicito aquele que financia a defesa e exaltagio de regime ditatorial promovida por instituigdo ou agente piblicos ‘A Constituigiio Federal de 1988 restabeleceu a democracia e encerrou as priticas arbitrdrias praticadas entre 1° de abril de 1964 e 15 de marco de 1985. Entretanto, nao se pode esquecer que crimes gravissimos, incluindo perseguigdes, humithagSes, tortura e morte ocorreram durante os anos dos governos militares. Nao & por outra razio, que a Constituigdo Federal repudia o crime de tortura, declarando, ainda, ser crime inafiangavel e impreseritivel a agao de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democritico (art. 5°, II e XLIND. A pripria Constituigdio, no art. 8° dos Atos das Disposigies Constitucionais Pagina 13 de 23 pt ap br/val ldacaodoeumen' PR-DF-MANIFESTAGAO-2751/2022 MINISTERIO PUBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPUBLICA - DISTRITO FEDERAL ‘Transitérias (ADCT), com 0 propésito de prestar contas com o passado, reconheceu expressamente a pritica de atos de excecdo pelo Estado brasileiro no periodo de 18 de setembro de 1946 até a promulgagio da Constituigdo Federal de 1988, no mesmo sentido, 0 art, 9° da ADCT se refere expressamente 4 cassagdo e suspensiio de direitos politicos no entre 15 de julho a 31 de dezembro de 1969. Registre-se que o Estado brasileiro, por meio da Lei n° 9.140/1995, reconheceu pacio, como mortas as pessoas que tenham participado, ou tenham sido acusadas de pa em atividades politicas, no periodo de 2 de setembro de 1961 a 5 de outubro de 1988, e que, por este motivo, tenham sido detidas por agentes piblicos, que estejam, desde entio, desaparecidas, sem que delas haja noticias. Além disso, por meio da Lei n° 12.528/2011, criou-se a Comissio Nacional da ‘Verdade para apurar graves violagdes a direitos humanos no interregno previsto no art. 8° da ADCT. A Comissio Nacional da Verdade foi efetivamente instaurada e, com o poder a ela atribuido pelo Congreso Nacional, reconheceu, em seu relatorio final, a pritica de graves violagdes aos direitos humanos entre 1946 e 1988 pelo Estado brasileiro, denotando o carter rio dos governs impostos, ¢ se referindo ao dia 31.3.1964 como golpe contra a democracia entdo vigente, 0 qual foi formalizado pelo Ato Institucional n? 1, de 09 de abril de1964, autorit A mesma Comisstio Nacional da Verdade fez constar de sua Recomendagio n° 4. proibigtio da realizagdo de eventos oficiais em comemoragio ao golpe militar de 1964, em virtude de investigagdes realizadas terem comprovado que o regime autoritirio que se seguiu foi responsivel pela ocorréncia de graves violagdes de direitos humanos, perpetradas de forma sistemtica e em fungo de de do periodo, es que envolveram a cipula dos sucessivos governos Recorde-se que o Estado brasileiro reconheceu perante a Corte Interamericana de Di pela detencio arbitriria, tortura e ass DOI/CODI do II Exéreito, em 25 de outubro de 1975. s Humanos, em sua contestagio no Caso Vladmir Herzog, sua responsabilidade inato do jornalista por agentes do Estado no Desse modo, em diversas oportunidades e por seus _ poderes constitucionalmente instituidos, 0 Estado brasileiro, apés a promulgagio da Constituigio1988, reconheceu o cometimento de graves violagdes aos direitos humanos pelo Pagina 14 de 23 pt ap br/val ldacaodoeumen' PR-DF-MANIFESTAGAO-2751/2022 MINISTERIO PUBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPUBLICA - DISTRITO FEDERAL regime iniciado em 31 de margo de 1964, durante o periodo de supresso da democracia ¢ das liberdades piblicas que se seguiu. Acrescente-se que 0 principio da moralidade (art. 37 da CF/88) consiste em norma voltada para conduta de todo agente publico, que deve observar padrdes éticos de razoabilidade e Justiga. Nao condiz com o contetido desse principio o agente piblico valer-se da fungio piiblica exercida para fazer, em canal oficial de comunicagio da Presidéncia da do Golpe direitos humanos, valendo-se, inclusive, da Repiblica, mengées elo; Militar de 1964, que violou, de forma sistemiti pritica de tortura ¢ execugdes de pessoas, e que, reconhecidamente, levou responsabilizagiio do Brasil em Ambito internacional. sas ao regime de excecdo instalado no Pais por mei A homenagem, a celebragio ¢ a apologia ao Golpe Militar de 1964, por instituigiio ou agente piblicos, enquanto regime antidemocritico, violador de liberdades © contririo 4 dignidade humana, viola, de forma drastica, os fundamentos da Repiblica izagio solidéria dos que concorreram para a sou particulares. Federativa do Brasil, ensejando a responsal realizagao do ato ilicito, sejam eles servidores piiblicos, agentes pol A esse propésito, considera-se dano moral aquele que afeta a vitima como ser humano, lesando um bem integrante da sua personalidade, a sua saiide, a integridade psicolégica, o nome, nfo atingindo ou diminuindo seu patrimdnio. A doutrina civilista, inspirada nas garantias constitucionais, bem como no Cédigo de Defesa do Consumidor, passou a admitir a reparagio dos danos morais em proveito das coletividades, que também sto sujeitos de direitos, ainda que de natureza transindividual. O dano moral coletivo constitui lesio a valores coletivos da comunidade, como consequéncia de comportamento antijuridico do agente. A Lei n. 7.347/85, em seu art. 1°, cenuncia Art, I° Regem-se pelas disposigées desta Lei, sem prejuizo da ago popular, as ages de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados: [..] TV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo. Ressalte-se, ainda, como jé citado, que 0 Cédigo de Defesa do Consumidor prevé expressamente a responsabilizacdo pelo dano moral coletivo, assegurando 0 acesso a0 Poder Judiciirio com vistas 4 efetiva reparagio das lesdes perpetradas, sem prejuizo da Pagina 15 de 23 br /val ldacuodot heepey we PR-DF-MANIFESTAGAO-2751/2022 MINISTERIO PUBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPUBLICA - DISTRITO FEDERAL inversio do nus da prova em favor dos lesados. Para a configurag3o do dano moral coletivo é imprescindivel a caracterizagio de determinada conduta ilicita do autor, ensejadora de significativa e intolerivel lesio a valores extrapatrimoniais de certa coletividade. 0 dano moral coletivo, nessa senda, decorre do proprio fato de os demandados terem concorrido para irregularidade consistente na celebragdio do Golpe Militar de 1964, com a divulgagio de video comemorativo nos canais oficiais de comunicagio da Presidéncia da Repiiblica, fato que \compativel com os valores democriticos insertos na Constituigio de 1988, vulnera a dignidade da pessoa humana, ao passo em que tem ainda 0 condio de gerar incomensurivel constrangimento as incontiveis familias que perderam familiares em razio das nefastas e arbitririas priticas levadas a efeito ao tempo do regime ditatorial (prisio, tortura, perseguigio por motivagdes politicas, incomunicabilidade, lamente & banimento e mortes), ‘A jurisprudéncia do Superior Tribunal de Justica & pacifica quanto 4 possibilidade reparagdo de danos morais coletivos em agio eivil publica: ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. VIOLAGAO DO ART. 535 DO CPC. OMISSAO INEXISTENTE. ACAO CIVIL PUBLICA. DIREITO DO CONSUMIDOR. TELEFONIA. VENDA CASADA. SERVICO E APARELHO, OCORRENCIA. DANO MORAL COLETIVO. CABIMENTO. RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO. [..] 7. A possibilidade de indenizagdo por dano moral esti prevista no art. 5°, inciso V, da Constituigao Federal, nfo havendo restrigio da violago a esfera individual. A evolugdo da sociedade e da legislagao tém levado a doutrina e a jurisprudéncia a entender que, quando sio atingidos valores e interesses fundamentais de um grupo, nao hia como negar a essa coletividade a defesa do seu patriménio imaterial. 8. O dano moral coletivo é a lesio na esfera moral de uma comunidade, isto é, a violagdo de direito transindividual de ordem coletiva, valores de uma sociedade atingidos do ponto de vista juridico, de forma a envolver no apenas a dor psiquica, mas qualquer abalo negativo & moral da coletividade, pois dano é, na verdade, apenas a consequéncia da lesdo a esfera extrapatrimonial de uma pessoa. 9. Ha varios jjulgados desta Corte Superior de Justiga no sentido do cabimento da condenagao por danos morais coletivos em sede de ago civil pablica, Precedentes: EDel no AgRg no AgRg no REsp 1440847/RJ, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 07/10/2014, DJe 15/10/2014, REsp 1269494/MG, Rel. Ministra ELIANA Pagina 16 de 23 br /val ldacuodot heepey we PR-DF-MANIFESTAGAO-2751/2022 MINISTERIO PUBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPUBLICA - DISTRITO FEDERAL CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 24/09/2013, DJe 01/10/2013; REsp 1367923/RJ, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA. TURMA, julgado em 27/08/2013, Die 06/09/2013; REsp 1197654/MG, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em (01/03/2011, Die 08/03/2012. Esta Corte ja se manifestou no sentido de que “ndlo € qualquer atentado aos interesses dos consumidores que pode acarretar dano moral difuso, que dé ensejo a responsabilidade civil. Ou seja, nem todo ato ilicito se revela como afronta aos valores de uma comunidade. Nessa medida, & preci significdncia e desborde os limites da tolerabilidade, Ele deve ser grave 0 suficiente para produzir verdadeiros softimentos, intranquilidade social e alteragdes relevantes na ordem —extrapatrimonial coletiva, (REsp 1.221.756/RJ, Rel. Min, MASSAMI UYEDA, Die 10.02.2012). [..] 12. Afastar, da espécie, 0 dano moral difuso, & fazer tabula rasa da proibigdio elencada no art. 39, I, do CDC e, por via reflexa, legitimar priticas comerciais que afrontem os mais basilares direitos do consumidor. 13. Recurso especial a que se nega provimento, (REsp 1397870/MG, Rel. Ministto. MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, jjulgado em 02/12/2014, DJe 10/12/2014). que 0 fato transgressor seja de razoivel 3.5. DA QUANTIFICACAO DO DANO MORAL COLETIVO E DA SUA REPARACAO, © dano, como ja demonstrado, tomou proporgdes nacionais, uma vez que 0 video ofensivo ao regime democritico fora veiculado nio sé nos canais oficiais de comunicagio da Presidéncia da Repiiblica, mas em diversos sites (0 que € notorio © facilmente verificdvel em rapida busca na internet), bem como citado pela grande midia, pelo que a ilegalidade em comento tomou grandes repercussdes. A predita repercussio do video antidemocritico foi reconhecida pelos proprios envolvidos na sua produgao, fato que inclusive gerou um incremento considerivel no cache Pago ao ator (passando de RS 500,00 para RS 35.000,00), PAULO FRANCISCO TOSI DO AMARAL, consoante se extrai do depoimento adunado aos autos, vejamos: - afirmou que THIAGO (TIAGO) ligava constantemente depois que 0 video ganhou repercussio; = que com a repercussio passou a nao ser chamado para gravagies, 0 que gerou dificuldades financeiras; Pigina 17 de 23 pt ap br/val ldacaodoeumen' PR-DF-MANIFESTAGAO-2751/2022 MINISTERIO PUBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPUBLICA - DISTRITO FEDERAL - perguntado se foi procurado por alguém da Presidéncia da Repibl afirmou que foi procurado por "GUSTAVO", do "jornal a folha da ‘manha" ou "jornal de Brasilia"; - que foi orientado por THIAGO (TIAGO) a busear assisténcia juridica do adv. PIRACI OLIVEIRA; = que 0 cach foi reajustado de RS 500,00 para RS 5.000,00; ~ que Ihe foi oferecido o pagamento de mais RS 30.000,00 (trinta mil reais), em 6 (seis) parcelas de R$ 5.000,00, a serem recebidos no escritério do referido advogado; O art. 3° da Lei ° 7.347, de 1985, estabelece que “A acdo civil poderd ter por objeto a condenagdo em dinheiro ou 0 cumprimento de obrigagaio de fazer ou nio fazer”. Sobre o tema, explica Xisto Tiago de Medeiros Neto: “Reitere-se a ligo anteriormente registrada de Carlos Alberto Bitta, ‘admitindo, em consondneia com a natureza da demanda € a tepercussio dos fatos, “formas varias de reparagdo, algumas expressamente contempladas em Ici, outras implicitas no ordenamento juridico positivo’, sendo tais formas lade ‘a um s6 tempo, ‘mecanismos juridicos habeis’ a demonstrar a soci forga da reagio cabivel em hipéteses de violagées a certos valores protegidos, a fim de que 0 exemplo sirva como desestimulo a novas investidas do género’, E possivel, ainda, tratando-se do que se concebe como reparagdo por dano moral coletivo, cogitar-se, em algumas hipéteses especificas, da imposigio de medidas a0 ofensor, sob forma de obrigagdes de fazer, as quais traduziriam espécie de reparagio ‘in natura’ complementar condenagio em dinheiro, (...) E, na érbita do direito do consumidor, vislumbra-se a possibilidade da imposigio de contrapropaganda prevista no art. 60 do Cédigo de Defesa do Consumidor (Lei n, 8.078/90), nas hipdteses de pritica de publicidade enganosa ou abusiva.” (MEDEIROS NETO, Xisto Tiago de. Dano moral coletivo, 3. ed, rev., atual e ampl. Sio Paulo: Ltr, 2012. p. 225). Medeiros Neto destaca, na obra ja sancionatéria da reparagdo ao dano moral coletivo: itada, a preponderincia da fungio br /val ldacuodot E necessério pontuar, assim, que, nas hipdteses de configuragio de dano moral coletivo, nio ha que se falar propriamente em reparagio direta em favor da coletividade, como se se visasse a recompor ou mesmo a compensar plenamente a lesio havida, porque tal situago é inconcebivel no campo dos interesses transindividuais, uma vez que é inviavel aleangar aprender, de forma precisa, toda a dimensdo e extensdo da lesdo coletiva, também ndo se podendo identificar todos os individuos integrantes da Pagina 18 de 23 PR-DF-MANIFESTAGAO-2751/2022 MINISTERIO PUBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPUBLICA - DISTRITO FEDERAL coletividade, pela sua indeterminabilidade, O que se almeja, de maneira primordial, nao & demais repetir, € atender-se a necessidade de imposigao ao ofensor de uma condenagdo pecunidria que signifique sancionamento pela pritica da conduta ilicita, cuja ocorréncia resultou em beneficios ou vantagem indevida, nfo obstante a gravidade da violagio de direitos fundamentais, circunstancia esta inaceitavel para o sistema de justiga.” (Op. cit. p. 202), Quanto ao valor da reparagio por dano moral coletivo em dinheiro, este deve ser arbitrado judicialmente, utilizando-se pardmetros de equidade e bom-senso, nio havendo, na legislagdo patria, quantias taxativas previamente estabelecidas. ‘A indenizagio por dano moral coletivo deve tomar como parimetro a repercussio do dano, as suas sequelas, a repreensio sobre 0 agente causador do fato e a sua possibilidade de pagamento, 0 proveito econémico auferido, 0 grau de culpa ou dolo e o de reprovabilidade da conduta, Quanto ao montante da indenizagdo a ser arbitrada pelas instancias ordinérias a titulo de dano moral, é importante mencionar que, em razio do grau de subjetivismo que envolve o tema, nao existem critérios predeterminados para a quantificagiio do dano moral. A responsabilizagaio pela transmissio de conteido inadequado em rede nacional de televisdo fora apreciada pelo STJ no seguinte julgado: RECURSO ESPECIAL - ACAO CIVIL PUBLICA - DANO MORAL COLETIVO - DIVULGACAO DE PUBLICIDAD ILICITA - INDENIZAGAO ~ SENTENCA QUE ACOLHEU 0 PEDIDO INICIAL DO MPDFT FIXANDO A REPARACKO EM RS 14,000.000,00 (QUATORZE MILHOES DE REAIS) E DETERMINOU A ELABORAGAO DE CONTRAPROPAGANDA, SOB PENA DE MULTA DIARIA - INCONFORMISMOS DAS RES - APELACAO PARCIALMENTE PROVIDA PARA REDUZIR © QUANTUM INDENIZATORIO E EXCLUIR DA CONDENAGAO OBRIGAGAO DE FAZER CONTRAPROPAGANDA, BEM COMO A MULTA MONITORIA PARA A HIPOTESE DE DESCUMPRIMENTO. IRRESIGNACAO DAS RES - OGILVY BRASIL COMUNICACAO LTDA. E DA SOUZA CRUZ S/A - E DO MINISTERIO PUBLICO DO DISTRITO FEDERAL E TERRITORIOS. 1. DO RECURSO ESPECIAL DA OGILVY BRASIL COMUNICAGAO LTDA. (...) 1.3. Irrefutavel a legitimidade do Ministério Pablico para promover a presente demanda, A veiculagdo, em caréter nacional, de propaganda/publicidade atinge nimero infindavel de pessoas, de forma indistinta, nos mais diversos pontos deste Pagina 19 de 23 br /val ldacuodot heepey we PR-DF-MANIFESTAGAO-2751/2022 MINISTERIO PUBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPUBLICA - DISTRITO FEDERAL pais de projegio continental, sobretudo quando divulgada por meio da televisdo - dos mais populares meios de comunicagao de massa - gera, portant indiscutivelmente, interesse de natureza difusa, e ndo individual € disponivel. Precedentes do STJ: AgRg no AREsp 68I111/ MS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, Dje de 13/08/2013; AgRg no REsp 1038389/MS, Rel. Min, Antonio Carlos Ferreira, 1.4. Os fatos que ensejaram a presente demanda ocorreram anteriormente a edi¢io e vigéncia da Lei n° 10.167/2000 que proibiu, de forma definitiva, propaganda de cigarro por ridio ¢ televisio. Com efeito, quando da veiculagio da propaganda vigorava a Lei n® 9.29496, cuja redagio original restringia entre 21h00 © 06400 a publicidade do produto. O texto legal prescrevia, ainda, que a publicidade deveria ser ajustada a prineipios basicos, nao podendo, portanto, ser dirigida a criangas ou adolescentes nem conter a informagao ou sugestdo de que 0 produto pudesse trazer bem estar ou beneficio a saide dos seus consumidores. Isso consta dos incisos II ¢ VI do § 1°, art, 3° da referida lei 1.5. 0 direito de informagio esta fundamentado em outros dois direitos, um de natureza fundamental, qual seja, a dignidade da pessoa humana, e outro, de cunho consumerista, que é o direito de escolha consciente, Dessa forma, a teor dos artigos 9° 31 do CDC, todo consumidor deve ser informado de forma “ostensiva ¢ adequadamente a respeito da nocividade ow periculosidade do produto”.1.5.1. A teor dos artigos 36 e 37, do CDC, nitida a ilicitude da propaganda veiculada. A uma, porque feriu o principio da identificagio da publicidade, A duas, porque revelou-se enganosa, induzindo © consumidor a erro porquanto se adotasse a conduta indicada pela publicidade, independente das consequéncias, teria condigdes de obter sucesso em sua vida. 1.5.2. Além disso, a modificagio do entendimento langado nov, acérdio recorrido, 0 qual concluiu, apés realizagio de contundente laudo pericial, pela caracterizagio de publicidade enganosa e, por conseguinte, identificou a responsabilidade da ora recorrente pelos danos suportados pela coletividade, sem divida demandaria a exegese do acervo fitico probatério dos autos, o que € vedado pelas Simulas 5 € 7 do STJ. 1.53. Em razio da inexisténcia de uma mensagem clara, direta que pudesse conferir ao consumidor a sua identificagdo imediata (no momento da exposigdo) e ficil (sem esforgo ou capacitagdo técnica), reputa-se que a publicidade ora em debate, de fato, malferiu a redago do art. 36, do CDC e, portanto, cabivel ¢ devida a reparagio dos danos morais coletivos. 1.6, Quanto ao montante da indenizac2o arbitrada pelas instincias ordinérias a titulo de dano moral, no obstante 0 grau de subjetivismo que envolve o tema, uma vez que mio existem critérios predeterminados para a quantificagdo do dano moral, firmou-se jurisprudéncia na Corte no sentido de que a intervengio deste ST! ficaria limitada aos casos em que o valor da indenizagio fosse arbitrado em patamar irris6rio ou excessivo. Precedentes Pagina 20 de 23 br /valldacaodocunent heepey we PR-DF-MANIFESTAGAO-2751/2022 MINISTERIO PUBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPUBLICA - DISTRITO FEDERAL do STJ. 1.6.1, Atentando-se para as peculiaridades do caso conereto, deve~ se tanto quanto possivel, procurar recompor 0 dano efetivo provocado pela agdo ilicita, sem desprezar a capacidade econdmica do pagador © as necessidades do seu destinatério, que, no caso, € toda sociedade, faz-se mister, portanto, a redugio da indenizagio por danos morais coletivos a0 valor de RS 1.000.000,00 (hum mithao de reais), devidamente corrigidos. 2. DO RECURSO ESPECIAL DA SOUZA CRUZ SIA: 2.1, 0 conteiido normativo dos dispositivos legais tidos por violados - artigos 282, 283, 284, “caput”, 295, I, 400 e 515, do CPC, 8° da Lei de Ago Civil Piblica - nto foram objeto de exame pelo v. acérdio recorrido, a despeito da oposigdo dos embargos de declaragiio, razio pela qual incide, no ponto especifico, 0 enunciado da Sémula 211 desta Corte, de seguinte teor: “Inadmissivel recurso especial quanto questdo que, a despeito da oposigdo de embargos declaratérios, nio foi apreciada pelo Tribunal a quo”. 2.1.2. Do dano moral coletivo, Cabimento, Jurisprudéncia do STJ. Inegivel a incidéncia da te concemente a possibilidade de condenagio por dano moral coletivo, mormente tratando-se, como se trata, de agdo civil piblica. Precedentes: EDel no AgRg no REsp 1526946/RN, Rel. Min, Humberto Martins, DJe de 13/11/2015; Rel. Min, Ricardo Villas Boas Cueva, DJe de 16/03/2015; REsp 1291213/SC, Rel. Min, Sidnei Beneti, DJe de 25/09/2012; REsp 1221756/RJ, Rel. Ministro MASSAMI UYEDA, TERCEIRA TURMA, julgado em 02/02/2012, DJe 10/02/2012. (...) 3. DO RECURSO ESPECIAL DO MINISTERIO PUBLICO DO DISTRITO FEDERAL F. TERRITORIOS: 3.1. A contrapropaganda constitui-se sangdo prevista. nos arts. 56, inciso XII ¢ 60 do CDC ¢ aplicavel quando caracterizada a pri de publicidade enganosa ou abusiva, € 0 seu objetivo ¢ desfazer os maleficios sociais por ela causados a0 mercado consumidor. 3.1.2. A razio hermenéutica dessa penalidade decorre, sem divida, para conferir protesa0 aos consumidores, tendo em conta que 0 substrato motivador do CDC, inegavelmente, & dar ampla tutela para a garantia de seus direitos, porquanto © art. 83, por exemplo, determina: “(..) Para a defesa dos direitos interesses protegidos por este Cédigo sio admissiveis todas as espécies de ages capazes de propiciar sua adequada e efetiva tutela.” 3.1.3. A divulgagio da contrapropaganda se tomaria ilégiea em razio do advento da Lei 10.167/00, a qual proibiu propaganda sobre o produto em questio. Sendo assim, & importante destacar que a suspensio da contrapropaganda — confirmando-se a compreensio do v. acérdio recorrido - decorre das circunstincias do caso conereto, em virtude do decurso do tempo e da ‘mudanga do marco legal a incidir sobre a matéria, revelando-se inoportuna a veiculagio da contrapropaganda nese momento processual. 4. Recurso especial da OGILVY Brasil Comunicago Ltda ¢ da Souza Cruz S/A parcialmente providos e desprovido o recurso especial do Ministério Piblico Pagina 21 de 23 br /valldacaodocunent heepey we PR-DF-MANIFESTAGAO-2751/2022 MINISTERIO PUBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPUBLICA - DISTRITO FEDERAL do Distrito Federal e Territorios” (destaquei ¢ grifei) (REsp 1101949/DF, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 10/05/2016, De 30/05/2016) 4, PEDIDOS Ante 0 exposto, Ministério Piblico Federal requer: a) seja determinado, liminarmente, a UNIAO, sob pena de multa didria de RS 100,000.00, que: a1) abstenha-se de promover novas publicagdes que fagam qualquer tipo de celebragio/comemoragao em rela¢ao ao do Golpe Militar de 1964; 4.2) promova publicago de mensagem retificadora, a ser previamente submetida a esse Juizo, em publicagdo de mesmo tamanho € na mesma pégina em que fora divulgado o video objeto dessa ago, contemplando a declaragao de que a mensagem decorre de determinagiio judicial, bem como esclarecendo os equivocos da publicagdo de outrora; b) seja a UNIAO compelida, liminarmente, a instaurar procedimento administrativo disciplinar, nos termos da legislagio vigente, em face de agentes piiblicos, s que fagam r de 1964, civis ou militares, que eventualmente venham a promover novas publ qualquer tipo de celebragdo/comemoragio em relac3o ao do Golpe Mi informando a0 Juizo, ato continuo, sobre as medidas adotadas; ©) a citago dos Réus para, querendo, contestarem a presente ago; 4) a produgdo das provas admitidas em direito, em especial documental testemunhal; ©) seja julgada a presente agdo civil publica procedente para condenar a UNIAO, definitivamente, nos pedidos "a" e¢ "b", bem como para condenar os réus FLORIANO BARBOSA DE AMORIM NETO ¢ OSMAR STABILE, solidariamente, ao pagamento de R$ 1.050,000,00 (um milhao e cinquenta mil de reais), equivalente a 30 vezes © valor do caché oferecido ao ator do video em questio, a titulo de danos morais coleti acrescidos de juros legais de 1% ao més e corregdo monetiria; ¢ 1) a dispensa do pagamento de custas, emolumentos ¢ outros encargos, Pagina 22 de 23 br /val ldacuodot heepey we PR-DF-MANIFESTAGAO-2731/2022 MINISTERIO PUBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPUBLICA - DISTRITO FEDERAL conforme o artigo 18 da Lei 7.347/85. Atribui-se a causa 0 valor de RS 1.050.000,00 (um milhao e cinquenta Brasilia, data da assinatura digital. (assinado eletronicamente) PABLO COUTINHO BARRETO PROCURADOR DA REPUBLICA Pagina 23 de 23

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