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Direito Ambiental

Profa. Gisele Bonatti


•  Descrição e Objetivos do Curso: Proporcionar condições à
compreensão dos impactos ambientais decorrentes das
atividades econômicas e a importância da preservação
ambiental para as presentes e futuras gerações. Analisar os
instrumentos e mecanismos à prevenção e à defesa do
meio ambiente
•  Ementa do Curso:
1.  Advocacia ambiental
2.  A crise ambiental no século XXI
3.  Surgimento e evolução histórica do Direito Ambiental Internacional
4.  Tribunal Ambiental Internacional
5.  Constituição Federal e o Meio Ambiente
6.  Princípios do Direito Ambiental e Princípios Penais.
7.  Conceitos e características do bem jurídico ambiental
8.  Competências constitucionais em matéria ambiental.
9.  Instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente.
10.  Responsabilidade civil, administrativa e penal ambiental.
11.  A tutela processual do Meio Ambiente.
•  Estrutura da primeira aula

- Parte Geral

1)  Advocacia ambiental

2)  A Crise Ambiental no século XXI


1) Advocacia Ambiental
1)  Advocacia ambiental

-  Recente ramo da advocacia, crescimento acelerado.


-  União Brasileira da Advocacia Ambiental 2016 (UBAA)
-  Este ramo é constituído

- Procuradorias de
Advocacia órgãos públicos e
técnicos ambientais
pública
com formação jurídica

Advocacia
Ambiental
Advocacia
ambiental
Advocacia
empresarial
privada
Advocacia para
ONGs
•  “Os advogados, no exercício de seus ministérios, têm compromisso
inafastável com o cumprimento da lei, em assim sendo, o advogado
sempre exerce um papel de defesa dos direitos dos seus clientes, dentro
dos quadros da ordem jurídica-constitucional vigente, sendo qualquer
desvio desse caminho equivalente à má prática profissional. Aliás, dado
que a legislação ambiental é, fundamentalmente, tutelar, a advocacia
sempre será feita em defesa do meio ambiente, pois o advogado não
pode, sob desvio ético, aconselhar o seu cliente a descumprir a
lei.” (ANTUNES, Paulo Bessa, 2017, p.171)

- “Advocacia do poluidor” ?
Antecipatória ou preventiva
(fundamental para o
Consultiva fechamento do negócio.
“Greenfields”.)

Advocacia empresarial
Ambiental
- Judicial (ACP, MPF,
MPE- Licenciamento
Ambiental)
- Administrativa (Defesa
Contenciosa de multas e autos de
infração)
- Ministerial (Preventiva.
Ex.: arquivamento de
procedimentos, TAC)
•  “O advogado desempenha um importante papel de criar
teses jurídicas, chamar a atenção para particularidades
do caso e, portanto, definir os limites do Direito
aplicável” (ANTUNES, Paulo de Bessa, 2017, p.173).

•  “Não se pode esquecer, em relação ao contencioso, a


advocacia criminal ambiental, que é, certamente, uma
das mais especializadas em nossos dias.” (ANTUNES, Paulo
de Bessa, 2017, p.173).
Advocacia Ambiental

CENÁRIO ATUAL: Companhias ainda se envolvem em desastres socioambientais de consequências


catastróficas (Caso Samarco e Brumadinho no Brasil)
Consequências:
-Paralisação de atividades;
-expulsão do ISE – Índice de Sustentabilidade Empresarial da BOVESPA;
-queda do valor das ações;
-perda de mercados internacionais;
-impactos imediatos no faturamento interno pelo “boicote” de consumidores;
-perda do crédito em razão da due diligence ambiental das instituições financeiras;
-reponsabilidade penal, civil e administrativa com multas altíssimas
Advocacia Ambiental
Causas:
Falta de governança, política ambiental na atuação das empresas.
Buscando a maximização do lucro, as corporações deixam de
investir, por exemplo, em gestão ambiental, tecnologia menos
poluente, capacitação adequada dos funcionários.
-  Muitas vezes instalam suas indústrias em países com legislação
ambiental e trabalhistas menos rigorosas.
-  Prática de greenwashing: Segundo ISO 14021 (2013) os rótulos
das embalagens devem apresentar características exatas e não
enganosas, ser especifico e claro sobre os atributos atribuído ao
rotulo e outros, para que o produto não cometa o greenwashing.
A prática do greenwashing apresenta uma propaganda
enganosa aos consumidores e uma degradação ambiental
maquiada pelas informações disponibilizadas.
Advocacia Ambiental
GREENWASHING (maquiagem verde)
A nova tendência “verde” do mercado estimulou empresas a
aproveitar o momento para associar seus produtos a atribuições
ecoamigáveis.
“Greenwashing não inclui apenas informações enganosas, mas
principalmente o ato malicioso de aumentar a importância de fatos
irrelevantes e disfarçar uma fraca atuação ambiental [...] vem sendo
usado por ambientalistas para nomear práticas de ´responsabilidade
ambiental`, promovidas por empresas, que não passam de ações de
marketing não vinculadas à estratégia do negócio. [...] Em um mundo
em que a ´Economia Verde` e as boas práticas de sustentabilidade
ganham importância na decisão dos consumidores, e em que boa
parte dos ativos das empresas é intangível, parecer ´verde` é cada vez
mais importante”.
BAZANELLI, Fábio. Revista RI, n.º 128. Rio de Janeiro: IMF editora. Dezembro de
2008. Disponível em <http://blog.maua.br/2010/07/consumidores-brasileiros-em-
segundo-lugar-no-indice-verde/>. Acesso em 5 de março de 2018.
Advocacia Ambiental
Com o objetivo de descrever, entender e quantificar o
crescimento do Greenwashing no mercado, a consultora
de marketing ambiental canadense TerraChoice
desenvolveu uma metodologia de pesquisa em que,
através dos padrões observados, classificou tais apelos
falsos ou duvidosos em sete categorias, chamadas de “Os
Sete Pecados da Rotulagem Ambiental” (The Seven Sins
Of Greenwasing)”.

Disponível em:
http://marketanalysis.com.br/wp-content/uploads/
2014/07/Greenwashing-in-Brazil.pdf
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7 Pecados do Greenwashing
1)  Pecado do CUSTO AMBIENTAL CAMUFLADO: é uma declaração de
um determinado produto como “verde” baseado apenas em
uma característica ambiental ou em um conjunto restrito de
atividades ambientalmente correta sem comparação ou
interação com outras partes importantes de um produto.
Exemplo: pode ser encontrado em embalagens ou produtos
derivados do papel e celulose com origem de floresta sustentável. O
papel não é necessariamente ambientalmente preferível apenas
pelo fato de vir de uma floresta plantada sustentavelmente. Outras
importantes questões no processo de produção do papel, tais como
a emissão de gases de efeito estufa ou a utilização de cloro no
branqueamento do papel podem ser igualmente importantes.
Advocacia Ambiental
2) Pecado da FALTA DE PROVA: é uma descrição em um
produto contestando ser um produto ambientalmente
correto, porém não são visíveis as informações que possam
suportar e comprovar tais declarações ambientais. Seria a
falta de evidências acessíveis tanto no local da compra
como na página web do produto.
Exemplos: produtos como guardanapos ou papel toalha
que declaram várias porcentagens de conteúdo reciclável
pós-consumo sem fornecer evidências; produtos que dizem
não ser testados em animais, mas não comprovam tal
afirmação; e eletrodomésticos que promovem sua
eficiência energética sem certificação de terceiros.
Advocacia Ambiental
3) Pecado da INCERTEZA: O pecado da incerteza é
encontrado em símbolos representando a sustentabilidade,
mas que não são autoexplicativos, o mobius loop é um
desenho com três setas formando um triângulo indicando na
maioria das vezes um produto a base de material reciclável
ou sendo um material reciclável, na maioria das vezes o
símbolo é apresentado sem indicar a qual das duas
características se refere, ao produto ou á embalagem
Advocacia Ambiental
4) Pecado do CULTO A FALSOS RÓTULOS: é uma descrição de palavras
ou imagens dando a impressão de endosso por terceira parte, porém
não existe sendo um falso rótulo.
Exemplo: um selo, rótulos que se assemelham a um selo com
certificação, apresentando uma característica ambiental no desenho
que não é relacionada a nenhuma organização ou programa de
certificação.
5) Pecado da IRRELEVÂNCIA: quando possui uma declaração sendo
ela verdadeira, porém ela não é importante ou é inútil para os
consumidores que buscam produtos ecologicamente preferíveis.
Exemplos: produtos relacionados com a ausência de cloro-fluor-
carbono (CFC) em embalagens de aerossol, esse pecado ocorre
devido a essa substância já estar banida pela legislação a presença
em qualquer tipo de produto
Advocacia Ambiental
6) Pecado DO MENOS PIOR: são descrições ambientais que
podem estar correta conforme a categoria do produto, porém
distraí o consumidor do maior impacto ambiental em toda a
cadeia produtiva do produto.
Exemplos: cigarros orgânicos, etanol, inseticidas e pesticidas
“ambientalmente correto”, produtos que apresentam gerar
menos impactos que os comuns.
7) Pecado da mentira: é cometida quando um produto
apresenta uma declaração ambiental que são simplesmente
falsas.
Exemplos: produtos com selos orgânicos sem registro a órgão
certificado ou em qualquer produto que faça apelação a
menção de certificação ao rotulo.
-  COMPLIANCE AMBIENTAL

Ø Termo: origina-se do verbo inglês to comply. Significa cumprir,


executar, obedecer, satisfazer o que lhe foi imposto.

Ø Criminal Compliance: estudo dos controles internos e outras


medidas que podem ser adotadas em empresas e instituições
financeiras com o fim de prevenção de crimes.

Ø Objetivos:
•  Prevenir riscos por meio de boas práticas corporativas
•  Aderência à ética como elemento de atuação da empresa
•  Identificar possíveis crimes e agentes criminosos na esfera da
pessoa jurídica
Ø Responsabilidades do compliance:

•  Posição de garantia
•  Responsabilidade pelos resultados
•  Obrigação de zelo
•  Vigilância frente ao cumprimento das normas e prevenção de riscos nas
instituições

Ø Compliance e Direito Penal Tradicional:

•  Direito Penal Tradicional – análise ex post de crimes. Análise de condutas


comissivas e omissivas que já violaram algum bem jurídico de tutela penal.

•  Criminal compliance – análise ex ante. Análise de controles internos e medidas


de prevenção a persecução penal da empresa e seus membros.
Ø  Compliance Ambiental
•  Objetivos:
•  Buscar a garantia do cumprimento das normas vigentes
•  Minimizar riscos
•  Manter a imagem da empresa
•  Manter bom desempenho, lucratividade e credibilidade
•  Tornar a empresa apta para o competitivo mercado atual
(desenvolvimento sustentável). Exigência dos consumidores,
fornecedores, órgãos governamentais, terceiro setor e toda
espécie de segmento que de alguma forma esteja envolvida
com a atividade exercida pela pessoa jurídica.
•  Ferramenta para estratégia de prevenção tanto para evitar
como para gerir possíveis prejuízos.
Ø Vantagens do Compliance

•  Antecipação a eventuais irregularidades


•  Evitar danos ambientais
•  Evitar problemas com órgãos fiscalizadores de
proteção ambiental, autuações, sanções.
•  Evitar demandas judiciais (litígios) e
consequentemente condenações
Ø Custos de Compliance

•  Departamento ambiental
•  Estudos ambientais
•  Padrões de qualidade
•  Licenciamento Ambiental
•  Outros...
CUSTOS DE COMPLIANCE=
DEPARTAMENTO AMBIENTAL DANO AMBIENTAL =
+ CUSTOS DE REPARAÇÃO
ESTUDOS AMBIENTAIS +
+ RESP. ADMINISTRATIVA
PADRÕES DE QUALIDADE +
(MARCA DE CERTIFICAÇÃO) RESP PENAL
+ +
LICENCIAMENTO AMBIENTAL CUSTO INDIRETO (DANO À
+ IMAGEM DA EMPRESA)
OUTROS …
CUSTO DE COMPLIANCE < CUSTO DO DANO AMBIENTAL
Em suma: para ser EFICAZ o custo de compliance não
pode ser exageradamente alto, sendo maior que o custo
do dano ambiental.
Conclusão: A advocacia ambiental é uma realidade. Seu
crescimento, credibilidade e influência dependem de cada
um de nós.
2) A Crise Ambiental e a Sociedade de Risco
A) Evolução da sociedade industrial

•  A sociedade industrial atingiu patamares jamais


vistos. Isso se deu, principalmente, depois da
passagem do cenário artesanal para o industrial
dos séculos XVIII e XIX.

-  Primeira máquina a vapor (Thomas Newcoman, 1772, Inglaterra).


A partir daí a humanidade aumentou muito a sua capacidade
de usufruir dos recursos naturais, incluindo os combustíveis fósseis.
A disponibilidade da energia abundante e relativamente barata
propiciou a Revolução Industrial, a partir de 1800.
Ø 4 Fases da Revolução Industrial

•  1ª Fase: caracterizada pelo desenvolvimento: setor têxtil; máquina


a vapor; siderúrgica do ferro e do ferro fundido, entre 1760 a 1820.

•  Entre a primeira e segunda fase da Revolução Industrial,


houve a criação do caminho de ferro (1820-1860) e a
siderúrgica do aço (1860-1880).

•  2ª Fase: caracterizada pelo desenvolvimento dos seguintes


inventos: eletricidade, química, hidrocarbonetos, motores de
explosão, entre 1880-1920.

•  Entre a segunda e terceira fase da Revolução Industrial


houve o invento dos bens de consumo duradouros como: rádio,
automóvel, aeronáutica, eletrodomésticos, televisão (1920-1980).
•  3ª Fase: tem seu início a partir das últimas duas décadas do século
XX. Nesta fase o desenvolvimento tecnológico está centrado nos
setores da biotecnologia, genética, tecnologias de informação
(serviços de tratamento e circulação da informação), tecnologias
espaciais.

•  4ª Fase: automatização total das fábricas, levando a uma


produção independente da obra humana. Esta automatização
acontece através de sistemas ciberfísicos, que foram possíveis
graças à internet das coisas e à computação na nuvem. Os sistemas
ciberfísicos, que combinam máquinas com processos digitais, são
capazes de tomar decisões descentralizadas e de cooperar - entre
eles e com humanos - mediante a internet das coisas.
-  Revolução Industrial ganhou grande ímpeto após 2ªGM.
-  A produção industrial dos anos 80 era em torno de 7 vezes maior que nos
anos 50.
-  Explosão populacional + industrialização = acelerada urbanização nos países
onde a industrialização ocorreu.

•  Em 1802, a Terra tinha 1 bilhão de habitantes. Menos de cem anos


depois, em 1900, a população humana atingiu 1,5 bilhão. Mas apenas cem
anos depois, em 2000, a população já tinha atingido a espantosa cifra de 6
bilhões de habitantes (aumento de 6 vezes em 200 anos). E em 2011, 7 bilhões.
Em síntese: podemos considerar, que o marco teórico
para a utilização predatória dos recursos ambientais
remonta à Revolução Industrial, tendo como palco a
Inglaterra século XVIII. A Revolução Industrial significou
a transformação da produção artesanal em industrial.
Tanto o novo maquinário como as novas fontes de
energia, possibilitaram uma fabricação em massa dos
produtos. Esse novo sistema de produção em massa
aliado as estratégias da economia capitalista
conformam a sociedade de consumidores, o que irá
resultar em uma exploração de recursos naturais e
uma enorme produção de resíduos nunca
experimentados antes.
Ø Exemplos de estratégias para o desenvolvimento
econômico. Obtenção de lucro pelas empresas

•  Obsolescência programada
•  Estratégia de marketing
•  Crédito pelas instituições financeiras
B) Sociedade de Consumo

- Diferença entre sociedade de produção e sociedade de consumo


(BAUMAN, 2008)
Sociedade de produtores (Solidez e durabilidade): Marcada pela
Revolução Industrial, principal modelo societário da fase “sólida” da
modernidade. Tipo de sociedade que sua preocupação girava em torno
da segurança, e que o meio para alcançar esta segurança era através da
apropriação e posse de bens. Acreditava-se que “tamanho é poder”,
“grande é lindo”. A posse de um grande volume de bens, bens voluptuosos,
pesados, joias e imóveis representavam a garantia de um futuro de
conforto, poder e respeito pessoais. Somente bens duráveis, resistentes
tinham a propensão de crescer em volume e assim prometer um futuro
seguro e digno, apresentando seus donos como pessoas dignas de
confiança e crédito. Produtos duradouros visando segurança a longo prazo.
•  Sociedade de consumo (Líquida-moderna):

Com a aceleração da produção, as sociedades


industrializadas optaram por investir no crescimento
econômico para buscar bem estar social. Foi neste
contexto que grandes mudanças ocorreram resultando
na “Revolução consumista”, deixando de ser um consumo
às necessidades básicas e culturais, para uma prática
habitual, caracterizando o consumismo e surgindo assim a
denominada sociedade líquido-moderna de consumo.
A sociedade de consumo se caracteriza por instigar mais
desejos nos indivíduos, resultando na rápida substituição
dos bens, assumindo desta forma o consumo o papel
central na sociedade.
•  Impactos ambientais da Revolução Industrial

A Revolução Industrial produziu um enorme impacto sobre


a estrutura da sociedade, num processo de formação
acompanhado por notável evolução tecnológica.

Inicia-se um período da história onde prevalece o consumo


desenfreado, especialmente nos países desenvolvidos que,
para atender à demanda do mercado, precisam de
matérias-primas, produzindo exploração descontrolada
dos recursos naturais existentes no planeta. Entretanto, a
busca dessas matérias-primas não ficou limitada aos países
desenvolvidos, ao contrário, ela passou a correr no plano
global e de maneira predatória para atender os anseios da
sociedade ávida pelo consumo.
•  Pegada ecológica (ecological footprint)
Autores: William Rees e Mathis Wackernagel, 1996.
Objetivo: medir a dimensão crescente das marcas
que deixamos no planeta. Reduzir o impacto do
ser humano na Terra.
Criada para ajudar a perceber quanto de recursos
naturais utilizamos para sustentar nosso estilo de
vida (casa, móveis, roupas, transporte, comida,
lazer, objetos que compramos ...)
Metodologia de contabilidade ambiental que avalia
a pressão do consumo das populações humanas
sobre os recursos naturais. Expressada em hectares
globais (gha), permite comparar diferentes padrões
de consumo e verificar se estão dentro da
capacidade ecológica do planeta. Um hectare
global significa um hectare de produtividade média
mundial para terras e águas produtivas em um ano.
Atualmente, a média mundial da Pegada Ecológica é de
2,7 hectares globais por pessoa, enquanto a
biocapacidade disponível para cada ser humano é de
apenas 1,8 hectare global. Tal situação coloca a
população do planeta em grave déficit ecológico,
correspondente a 0,9 gha/cap. A humanidade necessita
hoje de 1,5 planeta para manter seu padrão de consumo,
colocando, com isso, a biocapacidade planetária em
grande risco.
Projeções para o ano de 2050 apontam que, se
continuarmos com este padrão, necessitaremos de mais
de dois planetas para mantermos nosso consumo. É
necessário um esforço mundial para reverter essa
tendência, fazendo com que passemos a viver dentro da
biocapacidade planetária.
d) Crise ambiental e Sociedade de Risco

Sociedade de Risco corresponde a uma fase do


desenvolvimento da sociedade moderna onde os riscos
sociais, políticos, ecológicos e individuais criados pela
ocasião do momento de inovação tecnológica escapam
das instituições de controle e proteção da sociedade
industrial.

A crise ambiental que hoje se faz sentir de maneira cada


vez mais intensa no mundo, como consequência do modelo
de crescimento econômico e demográfico implementado
durante o curso do século XX, começa a oferecer sinais
claros de que estamos ultrapassando os limites de
suportabilidade natural do planeta .
-  Exploração da Sociedade pré-industrial diferente da
atual sociedade

Se comparar mos a sociedade atual com outras


sociedades pré-industriais, não podemos deixar de
perceber que os danos cometidos por estas não
ultrapassavam as fronteiras da exploração, é dizer, a
extração que era realizada dos recursos naturais, apesar
de causar impacto, não necessariamente degradava de
forma significativa o meio ambiente. Provavelmente isso se
fundamentava em uma menor demanda de exploração,
que em nenhum caso alcançava os altos níveis de
irresponsabilidade dos tempos atuais.
•  Teoria dos Riscos da Modernização

Em conformidade com a teoria “dos riscos da


modernização” desenvolvida por Ulrich Beck,
entendemos que a modernidade não só produz
riqueza através da industrialização e avanços
tecnológicos, mas também leva a riscos. Para Beck,
a acepção da palavra “risco” seria “a possível
destruição da vida na Terra” (BECK, 1998, p.27)
•  Exemplos de desastres provocados pelo homem no século XXI

-  Ataque nuclear, Hiroshima Nagasaki 1945.


-  Cubatão, SP (1980)
Com o crescimento industrial desgovernado, a cidade de Cubatão fico
conhecida como “Vale da Morte”, devido a quantidade de gases tóxicos
produzidos e liberados na atmosfera pelas indústrias.
Entre 1981 e 1982, a fauna local diminuiu na região, pois o ecossistema não era
mais propicio para os animais sobreviverem e nem se reproduzirem.
A sujeira comprometeu a água e o solo. Causou chuvas ácidas e deslizamentos
na região da Serra do Mar.
A névoa venenosa fez a cidade se tornar líder em problemas respiratórios.
Crianças nascendo com má-formação, acefalia ou mortas
Incêndio da Vila Socó, 1984 (Cubatão) - Explosão de dutos da Petrobrás.
Vazamento de gasolina em oleoduto.

No dia 24/02/1984 moradores da Vila Socó (atual Vila São José), Cubatão/SP,
perceberam o vazamento de gasolina em um dos oleodutos da Petrobrás que ligava a
Refinaria Presidente Bernardes ao Terminal de Alemoa.
A tubulação passava em região alagadiça, em frente à vila constituída por palafitas. Na
noite do dia 24, um operador alinhou inadequadamente e iniciou a transferência de
gasolina para uma tubulação (falha operacional) que se encontrava fechada, gerando
sobrepressão e ruptura da mesma, espalhando cerca de 700 mil litros de gasolina pelo
mangue. Muitos moradores visando conseguir algum dinheiro com a venda de
combustível, coletaram e armazenaram parte do produto vazado em suas residências.
Com a movimentação das marés o produto inflamável espalhou-se pela região alagada
e cerca de 2 horas após o vazamento, aconteceu a ignição seguida de incêndio. O
fogo se alastrou por toda a área alagadiça superficialmente coberta pela gasolina,
incendiando as palafitas.Fonte: http://riscotecnologico.cetesb.sp.gov.br/grandes-
acidentes/vila-soco-cubatao/
•  Incêndio da Vila Socó, 1984 (Cubatão) - Explosão de dutos da Petrobrás.
Vazamento de gasolina em oleoduto.
- Acidente nuclear Chernobyl, Ucrânia, 1986. Explosão de
um dos quatro reatores da usina nuclear. Maior tragédia
radioativa de toda a história
Em abril daquele ano, a explosão de um dos quatro reatores de
Chernobyl, na Ucrânia, liberou radiação pelo menos 100 vezes maior que a
das bombas de Hiroshima e Nagasaki, ocasionando a morte imediata dos
funcionários da usina. O acidente atingiu o nível 7 na Escala Internacional de
Eventos Nucleares, tornando-se o maior acidente provocado pelo homem
em toda a história.

A nuvem nuclear se expandiu pela atmosfera e afetou milhares de


quilômetros de florestas. Nos anos seguintes, 10 mil pessoas perderam a vida
e outras 40 mil contraíram doenças, em decorrência da exposição à
radiação.

Dadas as proporções, a limpeza do local e a contenção da


radiação foram ineficientes. Pouca coisa mudou com relação à radiação e
ao isolamento da região, que se tornou uma “cidade fantasma”.
-  Desastre no Golfo do México, 2010 – Vazamento de petróleo (pior desastre
ecológico ao largo da costa americana). A plataforma Deepwater Horizon,
da petrolifera inglesa Petroleum (BP), explodiu.
•  O Desastre atingiu a costa americana quando um jato de gás metano,
provocou a explosão na plataforma quando perfurava o poço MACONDO
252, a 1.600 metors de profundidade.
•  Provocou a morte de 11 trabalhadores e o vazamento de 5 milhões de barris
de petróleo no mar. Esse número representa o dobro da produção diária
brasileira
•  Duração do vazamento: 87 dias.
•  Extensão: 1.500 Km no litoral norte-americano
•  Morte de milhares de animais
•  Efeitos ainda presentes: Compostos químicos do petróleo são encontrados
em animais, ovos de pássaros.
•  Impactos socioeconômicos como a diminuição do lucro pelas indústrias da
pesca e do turismo na costa sul dos Estados Unidos.
Responsabilidade da BP: a empresa se responsabilizou pela metade do
vazamento não indicando quem pagaria

•  4 de setembro de 2014. Juiz distrital americano julgou a BP culpada


de “negligência flagrante”.
- Efeitos da decisão: adicionar bilhões de dólares em multas a mais dos
4 bilhões de dólares em compensações. A BP já liquidou ativos para
pagar a limpeza ambiental, equivalente a 1/5 de sua capacidade de
gerar receitas.
- Valor das ações: queda de 5%
- Lei federal da água Limpa – negligência . Multa potencial US$ 4.300
por barril vazado
- Aproximadamente 3,26 milhões de barris do poço – US$ 17,6 bilhões
- Decisão (juiz Carl Barbier): 67% da culpa à BP. 30% à Transocean Ltda
(RIG.N, proprietária do navio de perfuração) e Halliburton (HAL.N,
executou trabalhos de cimentação no poço Macondo) .
•  Lei federal da água Limpa – negligência . Multa potencial
US$ 4.300 por barril vazado
Aproximadamente 3,26 milhões de barris do poço – US$
17,6 bilhões
Decisão (juiz Carl Barbier):
67% da culpa à BP.
30% à Transocean Ltda (RIG.N, proprietária do navio de
perfuração) e
3% à Halliburton (HAL.N, executou trabalhos de cimentação
no poço Macondo).
OBS: Além das multas referentes à Lei de Água limpa, a BP
poderá enfrentar outras penas pecuniárias decorrentes de
um longo processo de avaliação de danos de recursos
naturais (NRDA, em inglês), que poderá exigir que a BP
execute ou financie obras de restauração ambiental no
golfo e em outras áreas controversas.
Case: “Oil Spill by the Oil Rig ´Deepwater Horizon`
in the Gulf of Mexico, on april 20, 2010, U.S. District
Court, Eastern District of Lousiana, Nº 10-
md-02179” .
Rompimento de barragem da mineradora
Samarco em Mariana (MG), 2015
•  Outros desastres:
-  1987, Césio 137 em Goiania (GO)
-  2000, Vazamento de óleo na Baia de Guanabara (Rio de Janeiro, RJ)
-  2000, Vazamento de óleo em Araucária (PR)
-  2003, Vazamento de barragem em Cataguases (MG)
-  2007, Rompimento de barragem em Mirai (MG)
-  2011, Chuvas ácidas na região serrana (Regiões sudeste e sul do Rio de Janeiro)
-  2011, Vazamento de óleo Baia de Campos (Rio de Janeiro, RJ)
-  2015, incêndio na Ultracargo (Santos, SP)
ANTES
- Riscos pessoais DEPOIS/AGORA
- Perceptíveis - Situações globais de
ameaça para toda a
pelos sentidos humanidade
humanos
- Imperceptíveis. Efeitos
ao longo do tempo,
sem certeza e controle
de grau de
periculosidade

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