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Com uma obra vasta, na qual trabalhow a perspectiva poral — romances hist6ricos que cuidam dos embrides da ionalidade brasileira -, bem como a espa 's que abordam as diversas regiées do Bra 10s eaté filoséficos, José de Alencar acumulou o peso tradicie com narra~ lém de tex- al sobre o seu labor literario. Daf que este livro tem como objetivo central apresentar tras acerca da obra do escritor cearense que considerem as spectivas tedricas atuais, dialogando com fontes primérias atros documentos, bem como com a {e XX, de forma a situar os problemas de avaliagéo ¢ in- >retagao da obra alencarina mediante um estudo coletivo redimensione a sua produgio literéria, cobrindo diversas 1s, como a literatura, a histéria, a filosofia, a sociologia, a ropologia. dos séculos Jose de Alencar. Século Xx\ Marcelo Peloggio Arlene Fernandes Vasconcelos Valéria Cristina Bezerra (Organizadores) ISBN 078.06-7282.670-2 al Presidente da Repiblica Dilma Vana Roussel? Ministro da Educagio Aloizio Mercadante Prof. Henry de Holanda Campos Vice-Reitor Prof, Custédio Luts Silva de Almeida Prof. Antonio Cliudio Lima Guimaraes Consetho Editorial Presiden Prof. Antonio Cléudio Lima Guimaraes Marcelo Peloggio Arlene Fernandes Vasconcelos Valéria Cristina Bezerra (Organizadores) José de Alencar. seculo Xx! © eoigoes UFC Fortaleza 2015 José de Alencar: século: ‘Todos 0s Direitos Reservados Baigoes URC ‘Av. da Universidade, 2932 ~ Benfica ~ Fortaleza - Ceard CEP; 60020-181 ~ Tel/Fax (8 13366.7766 (Diretoria) 33667439 Internet: www.editora.ufe br ~ E- Coordenacao Edit ‘Moacir Ribeiro da Revisio de'Texto Francisca de Sé Benevides Isabel Ferreira Lima Normalizagio Bibl Perpetua Socorro’ BiiotecdriasPerptua Sacoro 7 Guimardee CRB 3801-98 "oi Aare ep ae ‘tina oso [organizadores), - Fortaleza: Edigdes UPC, 2013, a Msp. ISBN: 978-85-7282.679.2 Sumario APRESENTAGAO Macia Abrew 9 NOTA DOS ORGANIZADORES ul Pn HIstORIA & ESTETICA NO PENSAMENTO DE José DE ALENCAR JOSE DE ALENCAR, CONTEMPORANFO DA POSTERIDADE Ivo Barbieri 15 JOSE DE ALENCAR E UM PROJETO DE BRASIL Jot Cerat de Caso Rocha 29 JOSE DE ALENCAR: UM PARTEIRO DO SEU TEMPO. Marcelo Peloggio a7 FABULOSA RUINA: JOSE DE ALENCAR E 0 SENTIDO DO TEMPO Francisco Régis Lopes Ramos 61 QUANDO A VERDADE DISPENSA A VEROSSIMILHANGA, [Arlene Fetnandes Vasconcelos 8L ‘A POETICA DA RESTAURAGAO NA OBRA DE JOSé DE ALENCAR Danielle Cristina Mendes Perea Ramos 95. 4h, “i JOGO ENTRE REALIDADE E FICCAO A UNIDADE ROMANTICA COMO CRITICA AO REALISMO OITOCENTISTA EM A PATA DA GAZELA ‘Marcus Vinicius Nogueira Soares un UM HEROI INSUBORDINADO Eduardo Vieira Martins 129 SOLIDARIEDADE E RECONHECIMENTO: ELEMENTOS PARA A. (COMPREENSAO DA DINAMICA SOCIAL EM UM ESCRITO ALENCARINO (Césae Sabino 149 Regina R. Félix * 169 A REPRESENTAGAO DOS JUDEUS EM AS MINAS DE PRATA, DE JOSE DE ALENCAR: DIALOGOS COM CALABAR, DE MENDES LEAL Rafacla Mendes Mano Sanches 187 JOSE DE ALENCAR: 0 JESUITA £ OS CIGANOS NO BRASIL (Cltudia Borin 207 DAPRIMOGENITA A COSMICA: A RAGA EM ALENCAR E VASCONCELOS Roseli Barros Cunha 221 ‘TRADUGAO E RECEPGAO CRITICA PERI COM SOTAQUE FRANCES: UM ESTUDO DE TRES TRADUGOES DE O GUARANT lana Heineberg 241 ‘(© ENCONTRO DO UBIRAJARA ALENCARIANO COM A SUA PRIMEIRA ‘TRADUGAO ALEMA DE 1886 Wiebke Raben de Alencar Xavier 267 (O PERCURSO DO PRESTIGIO DE JOS DE ALENCAR E SUA CONSAGRAGAO COM IRACEMA Valésia istina Bezerra 287 ALENCAR NAS QUESTOES DO DIA ‘Valdect Rerende Borges 307 ‘(OS HOMENS PACATOS NAO FAZEM HISTORIA: JOSE DE ALENCAR, QUASE QUATRO DECADAS DEPOIS DO 1° CENTENARIO Alencar nas Questoes do Dia Valdeci Rezende Borges! José de Alencar, em 1871, na Cimara dos Deputados e na imprense dda Cotte, realzou campanha cenaz contra as proposigbes do chefe do gabi- rete ora no poder, o visconde de Rio Branco, incurnbido por D. Pedro II de apresencar © projeto do ven qual Alencar se opés. Na fase mais aguda das debates, meados do ano, fora criada a Dia, fundada ¢ coordenada pelo portugués José Feliciano de Casi do imperados, com a intengio clara de dk so de vétios autores, entee eles Franklin Tivora. Eles,a servigo do Gabinete de 7 de margo, teceram observagées polltcas ¢ ltedtias scerea da aruaggo de Alencar, cults por pseudénimos, expediente comuma na imprensa do periodo, Castilho assinava como Cincinaco e Tivora como Semprinio, Mesmo Alencar usou virios pscudbaimos, entee eles Sénio, com ‘que assinou varios romances a parti “outra idade de autor” ~ a “velhice ico € 0 confronto entre grupos opositores everberavam na sua literatura «na sua tecepgio, Com seu desligamento da pasta de ministo da Justga para candidatar-se a0 Senado, sendo eleito em primeito hagas, mas tendo 0 vero de D, Pedro Ila seu nome, retornou & Camara, ressentido, fazendo oposico ferrenha 20 imperador. Pblicatam-se 53 fascculos de revista entre 1971 junho de 1872, 05 ‘quais, em seguida, foram reunidos em livzo em exés tomes. Possivelmente, 0 foo de Alencar ter ironizado 0 parecer da comisséo avaliadora do projeo do ventre livre, que ele € outros acreditavam ter sido produzido por Castilho, Os ressentimentos do campo Profesor assoc do Departamento de Histia¢Cigncias Soins da Universidade Fe ‘eral de Goits (URG), Regional Cataio, e dos programas de ps graduagio: Mestredo ‘em Estudos da Lingzagem, do Dopartsmento de Letras, e Mestad Profssonal em is ‘6s, do Departamento de Histria eCiéncas Socials Tabak realizado com apolo da ‘CNPS, como bolita de produthidade, 307 ALENCAR NAS QUESTOESDO DIA blicando no Jornal do Co rando que Alencar dec tra em que ea send segtide por C se atewe a0 mesma liveo € depo Til enquanto Tavora voltouse para Iceme. Se C defensor do imperador aquele que dava wn ‘presenga de Tavoraadvém de um resentimento pessoal. iniciante exeritor de Indios do Jeguaibe, foriado de que o “mesere” havia dito que “ess sentiu-se mageado, fliando-se as hostes fem gerade sobrevoo =, que nos tos, inserindo-os na co ime na historograta Focanda O gach, Tavora questionou ac cho come tipo da regiéo, do pampa, contrapondo-a iq qual julgou poder estudi-lo com pro fibula raqutie’, pois o au quem viu, © néo como quem ideia; " ica hist, sio de uma € no sto pilidas visbes, eriaturasdisformes, descoradas, onfusas ¢ em eoneraposicio & verdade natural ¢ einogrifies": ° MARTINS, Edunrdo Vieira. Apresentgo In: TAVORA, Franklin, Carts @ Cncinato. (Campinas: Ea, Unicmp, 2011. JOSE DE ALENCAR:SECULOXXI ratura como histéria, pautada na observagio © na verdade, questonow, no romance, as concepgbes do cavalo do pampa, suas hhumanizava “a socindadeequina’e io hestaa “em canna sociedade dos homens. As descrigdes dos cavalo, intligentetesensves, que entendiam a linguager do homer do sam fantasia enéo costumes, Problemat 2ou se O gach pretenlia “as honras de romance de cstames” ou ve satis com o se de mera fantasia” c ponderou: No pximelto caso, protesto. Longe dito, o Gach &desnarado, sino, epeef ..) Taq contra genders, s mas Jacana ¢ legend sures [J No segundo, (..] sua fintasia € das Jmports uma corrupeio do sentimeato natural ‘mento vivo ¢ indecoroso da expec, Para Semprénio, Alencar ea “escritor de gabinete”, 2 regido © 0s tipos tratados, abusando da imaginaclo e incorrendo em etros Cotocando-se como defensor das "letras pitras", Tivora se via na missio de hhererodoxas que poderian causar mals literatura lo, suas obras. A abservugio do. : tittia da nagéo,sendo superior aidear,imaginar faneasat:2 visio fotogeica devetiareproduziro rel. Fenimore Cooper o fra com tudo com “exatidéo daguetreoripica”, com lidade de pormenores", Ji Alencar teria desconsiderado a tra do pampa, sacrifcava 6 real ao sonho, 3 imaginasio, despre zando a fonte onde muitos bebian’ © SEMPRONTO. Obras de Stio~O gaicho, Quek do Dia, 4 de sctemvo de * SEMPRONTO. Obras de Slo - 0 guiho, Quetiedo Dia 17 de setembre de ALENCAR NAS QUESTOES DO Dra Conforme ‘Tivora, Snio no compreendia a poesia americana como * concehlam os boas talenos precedents. Sua pena no seri keds para a a, tavam-lhe asas para elevar-se nos assuntos hetoicos « fascologia ‘Mscula, veemente¢ arebatadora,possuindo linguagem dolente¢ linguida, uentes inexatidées. A o seria Fonte de criagio e de renovacio da economia . ‘esultavam da nio observagio 10 Rio Grande do Sul, antes de Nio nos teria entéo talvez dado esses exbogos toma fits, de citi contradinria, concepyses hibtidas,aieule de figue « legendas da campanha’. A seu vet, ante o esgotamento dy cralibas 7 1 Obsetasio a renovava,ofrecendo 0 nove, 0 origin! o rome ¢ ‘equi, o refexo estétca as criagbes reais Alencar deveie copiae Xs grandes cenas, as magnifcas perspectvasdessasrei6es” ce Nas de termos ¢fatoshistéricos, a privica os de atribuic sentidos indevidos a ter- de sportugueser vocdbulos estrange mos, como pampa ¢ far-wert Esses questées, no vids da reflexdo estética, sio as mais importantes * centradas na imagem do gaicho, no clamor pela observasio e verdade, no vet Hoteanuras do pam, “esfigurado”, a caracteriacio singular dor cavalo’ * SEMPRONIO. Obras de Stoin-O gait Qucstes dh Di 17 de steno de 1871p. 8412 (tos nosos), 1 SEMPRONIO. Dts de Seio~ guia Quates do Di, 22 deseo de 1871p, " SEMPRONIO. Obst deni ~ Oia Qutiesdo Dis decor 6 310 es JOSE DE ALENCAR: SECULO Xx srclagéo co wato dos pees com os animals, os sentimentos instinct vole * 0 enaltecet do animal, humanizado, eo rebaixamento humano, an "3 constugio de Canho como tipioo homem do pam, o gaicho ‘ise; num “romanes de nacionalidade’, deveria ser represenativo do local Fertantoo live “néo pode pretender a honia de romance de comme" da egido: ificante, Lendo-o, no se fca tendo uma que “aparece, em uma atitude fugae,fan- Somo sombra ante os “arroubos da imaginagio delirante". Conforme apenas citava alguns nomes que figuraram no movimento Ht Scaminhos localidades, nio tendo “preenchido esatseit a parte ica da obra", incorrendo num “Ero ou i sstade da époce, dos costumes, das tendéacas, das ambigées, dos homens’? ‘Tivora, analsando a quest 0 “putismo da linguagem’ e sua ‘clagio com a lingua, apontou aquilo que considerava“deslz” « “efeitos”, come 2 “ncologismomanis’ que “pulula¢ palpita a cada pégina, enfesta’ ¢ inventava "termos novos”, “voc ‘mero arbitrio". A “grandiosa procriagto flolégica de Sénio”e seus aviltantes da lingue nac ‘marca de sua decadéncia. Fosse sob o as- ecto etnogrifico, et co, urgia cealizar, “pelo lustre das pétrias sma “cruzada para que ele ndo consign abrir escola. J, 20 considers © livro como “romance de fantasia”, ‘tando preferéncia por um "Tomance vers ‘fo é um romance de fancasi, nem pensa em tal, desde que localiza 4 ago nam teatro verdadeiro, ¢ nela pretende oferecer a fotografia dos costumer de lms sociedad conhecida e contemporinea, dando as pesoas es coisa seus tt EMPRONIO. Obras de Sno Oguicho, Questes do Di, 7de otubo de 167 peal SERURRONIO. Obras de Snio~O guich, Quen do Dia 20de etude vo PB SENIFRONIO. Obras de én -Ognicha. Quitesdo Dia 12 de outinn ian Pel, Dido 8 Osseo -O rich, Qt d Da IS deoua de ISS ae Tider, ALENCAR NAS QUESTOES DO DIA locavam como “oposicionista” de muitas coisas, suposto “fillogo abaiza- do", examinador ¢ revisor dos clissicos ¢ elevador de si& condigio de “mestre de escola”. Mas ainda seria possvel “recuperar 0 tempo gasto” e “reparar 0 smal” que vinha fazendo a “seu nome e as letras brasileiras"”, romance. Considerou que Alencar seria “um operitio da comuna literiria, de- ‘molidor feroe, confrontador intelectual, digo membro do diretério da Ecole Coimbra”, equiparando-o aos jovens rebeldes que, em 1865, desencadearam em Coimbra reagio contra a decadéncia romantica ¢ o atraso 40 propor reformas modemizantes ¢ revisdes, gerando grande pe aracados por Anténio Feliciano de Castilh ‘dlkimo, com ironia, saltevam de O gaitcho tem a mania da novidades [..] na novidade é que ele acha 0 sainete”¢a imagi- nag seria sua forte; o “devaneador& chefe de escola e nao pode brilhar pelo fa estilo pomposo que encobria a pobreza ‘ou falta de idetas e, mesmo assim, tinha “adoradores bosidade” ou “abundancia estéi!” foram problematizadas através de exemplos de cermes e imagens usados por Alencar: “Tudo isto demonstra aimensa cién- cia de Sénio na arce de escrever"®. “eloquéncia” ¢ “rer cra: "Continuemos a campanha". Visando Alencar ‘proscrevia todas as nogées que linar 0 escritor, avaliou que ha do idioma, substituindo-o por tema lingua incdgnica, nova, moderna, triunfante, conquistadora e frescs", nomeada itonicamente de “Senia!", Examinou suas “frases, imagens, descri- Ges € locugées", considerando-as “nio menos Seniaei”, Sua esperanca era “poder arremedar-Ihe 0 géneto”, seu “estilo abstruso”, 0 uso de alocusées a “fraseologia cheia de onomatopeias” erigida & “moda coim- ‘Obras de Sénio - 0 gacho. Questes do Dia, 15 de outubro de 1871p. 911 ta. Cineinato a Sempronio. Questdes do Dia, 28 desetembeo de 1871, JOSE DE ALENCAR: SECULO Xx bra”. Sempre irbnico, questionou 0 emprego de expresses, problemstizou didlogos ¢ a “gramitica’, afirmando que ficara corroido “de vergonha, de io tet aprendido tio correta lingua” e que “estilos assim [seriam] menos rominticos que didéticos"®. Focando as locugdes usadas por Sénio e que the afiguravam incorretss, 10 ponderous “este dizer frequente no Brasil, de afrmar que uma obra uuma vez que as obras compostas no que foge &s normas regulares da lingua © emprego em autores portugueses, antigos e modernos, como as regras para Aantepor e pospor aos verbos alguns pronomes, nas quais nio havia excecéo. Outro aspecto examinado do “idioma senial” era 0 dos neologismos. Decla- rou: “Bu também bato palmas aos ncologi sgramaticais, que seriam motivo de muitos bolos nas escolss. Remerendo as rellexbes de Alencar acerca das mudangasna lingua porcuguesa, dos progressos que.a revolucionavam, interrogou se seria com ral ‘progresso na arte de escre- vet", com tas “linguagens e fantasias” que se dereubariam “a antipética coluna ‘Vendéme”, monumento neoclissico francés. Retomando as ponderagées de Alencar contra o estilo cléssico, Cincinato “Comparemos estes modemismos Seniaes com a i gante, vernéculo, atrativo, prefra os inqualificveisestlos de um Seno [ sua "guerra aos clsscos”, Aqueles quc destronavam autores, demoliam o senso ‘comum, desprezavam 0 que julgava merecer “veneracio” © no prodiuriam “se- rio’ monstros literdrios” com “missio desorganizadora” e com “incongruentes formas”. Assim, Castlho desqualficava as proposigbesalencarian do sapientissimo” ¢ sua priticaliteréria, denominando-as de “excen ridicule de “mania do homem”, com a intengio de staca, sobretudo, 0 poli- rico que contestava ebatia de frente com 0 poder imperial. Jina epistola seguinte, Cincinato abordou 0 entéo mais recente roman- ce de Alencar, 7, cuja publicacdo em folhetins era anunciada com destaque * CINCINATO Carta IL. Cincinato 2 Sempre, Quests do Dia, Sd outubro de 1871. p46. 2% Tbiders, 7-8, 10-2 ALENCAR NAS QUESTOES DO DIA pelo jomal A Repriblica, Cincinato aproveitou o episédio para as suas dizendo que a fol: (que fora escolhida para pul 4s “o conservador”, a qual justificaria “a qualificag chefe d sendo esperado, com “ansieda iparto da fecunda muss, para gléria nacional, orgulho e desvanecimenco da patria" Tretando da *histéria deste monumento” — como, sarcasticamente, adjetivou Til ~, pautou-se nos aspectos politicas da questo, como a figura do p bolo senatorial, reagia a0 ns constituintes do credo ra brasileira epublicano”. Alencar, monarquista © conservador, mexia com o campo de imperial 20 se aproximar dos republicanos. Precavendo-se que andavam a enganar com . arte ¢ publicidade, Cincinaro atacou também o leteio na fachada do peridico anunciando 71, parodiando-o ao dizer que ali se vendia a “produgio celebrér- rma do chefe da literatura brasileira, do muito alto, poderoso, talentoso, ima- ginoso, judicioso, docto, conspicuo, enudi JOSE DE ALENCAR”. Ad ‘sistema de mi ¢ republicano, Obra monumental, destinada a ics, ¢ na qual 0s curiosos achatéo as mais ma- numental”, Alencar, fascinado pela fama, deixado as desinteresado”, escamoteado com discutso mistfcador de“ Tilpossuitia a marca da “decadén- conservadoras rumo as republicanas e accitava um “contsato pendéncia, desineresse eamor da pi cia". Segundo Cincinato, Alencar precisava de féias para “no agravar mais © sidiculo” em que caia © ¢ melhor no exereicio do seu oficio. O livro seria mais um sinal de sua queda e da confuséo de su stiatvas. “O Ti! nfo parece romance, causa pena, manifesta Faculdades ¢ estd abaixo da critica”. A “mania de criagio” e a “maledicéncia® CINCINATO. Carta V. Cincinato a Sempronia, Quesdes do Dia, 14 de novembro de pa (CINATO, Carta VI. Cincinato a Semprénio. Questdes do Dia, 13 de deuembro de P7280 INCINATO. Cat 1871. p 106-7, Cincinato a SemprOnio. Questdes do Dia, 20 de dezembro de aa JOSE DE ALENCAR: SECULO XXT seriam seus vicios, além da intengéo de diminuir seus antecessores pars apre- sentar-se como o mestre, gigante eterno do romance brasilezo, No entanto, © livro néo possufa tragos préprios das regibes representadas, pois seria obra da imaginagSo, logo caricature, Para Cincinato, a poesia local e nacional devetia possur eagos socials, istéticos © naturas préprios, requerendo enetgia¢ conhecimento pertinente ¢ profundo da realidade e do faze livro nio figurava como romance brasileiro, como Alencar disia set, pois ti= ‘a “earacteres mal desenhados, pessimamentesustentados, descrigbes sempre defectiva, dlogos impréprios, personagens repugnant veves absixo de plebeia, deficiencia de senso moral e de alcance do entedo agro ¢ descosido, efeitos mal preparados””” Além de denunciar estas “bele- 2as de estilo, de gramatica, de ciénca, ¢ de vernaculidade”™, o censottratou “das faganhs linguisticas do Ti’, batendo contra a critica pautada no “elogio smvituo, out na bajulagio torpe, ou na ignorincia falaciosa que encobria def- ciéncias de ideias © incompeténcia de julgamento”. O primeiro volume sex “indigento”, 0 entedo chato, os didlogos desnavurais, impréptios ¢forgados: as imagens disparatadas; os caracteres dos personagens repelentes, monstruosos ¢ mal ragados; a linguagem zepleta de arcaismos,galicismos e neologismos, marcos da “escola senial”™, Atendo-se 40 aspecto da lingua, afirmou que Alencar, “da lingua em que escrevia, nem a escola conhecia: pretendia alturas épicas e carecia de co- sendo ‘péssimo escritor”. Além disso, para Cast- tho, a coeréncia entre as ideiase a consonin autores ctlavam certa configuracio de “escola de progessisia”. lronizou e sens, Criticow ainda a prévica de aportuguesa termos franceses ede empregat virios vocibulos do campo das ciéncias. Examinou o uso de substantivos ¢ 2 construgéo das imagens, vistas como fakificadas, pitorescas, degeneradas; ressaltou que os retratos seriam “paintisridiculos, anificiis,pitorescose gro- {escoss os personagens, 2 seu ver, eram sempre seme inverosstmeis, pois pareciam conceitusis, de histérias imaginatias e distances ratio para naturalizar-se. O anhecimentos rudimentar ua pritica com a de outros de “modernice”, uma “capa tou também a consteusio dos petsona- monstruosos € INATO. Caria VI, Cincinsto a Semprénio. Questes do Dia, 20 de dczembro de 1p. 108-9, ta VIL Cincinato a Semprdnio. Quests do Dia, 10 dejaneiro de 1871 alps, ALENCARNAS QUESTOES DO Dia © comum da wid, mas limaginagéo ede seu mode de ver pensar roduc as aprecagées laudatérias @ Alencar e sua obra veicu ded Republic, acrescentou, entre paréneds, comeatitios que 0 for cometia “os mais graves ertos da lingua’, viam-se elogios a seu “estilo clegantssimo” etc Ocaftico, com ironia, airmou que concordava que Fosse “promovido 2 semi-deus, ow a dews ¢ meio", conforme os “bons eit mbou dos personagens e suas caracteriatcas, parodiando e satirizando frases Questionou a acepséo de palares angus em que foram esritas icados dados; pediu teaducéo da ‘algaravia em linguagem acesivel”; bservando as concordincias verbalse a adequagéo 3s normas onderundo que tudo isto havia de ficar sem resposta, que precisava deestudo © azo, que nao se tinha® lo, da elegincia, das ima- © emprego de palavras res. Condenou a repetisio da no & como erz0 grama pouco decente; UM mo de légua © mei’, recomendando “Cuidado” cam esse termo por- qe gerara incortegéo, quando empregado sem necessidade, ou erro formal, ‘quando desvirwuada sua indole, como ocorra no vr, Questionou o emprego de certas expresses como “promaver pas", que pure “outro neologismo esnecessicio ¢ inadmissvel”, “Sendo uma inovagso a que Alencar nio tina Bens © da poesia do liveo, questionow os neologisi novas que diztam 9 mesmo que outtasj Cincnat a Sempinio. Quests do Dia, LO dejaneto de 1871 ‘Carta IX.Clncinao a Sempronto, Queties do Dia, 17 de anciro de 1872 67; CINCINATO. Carta X. Cincinato 8 Semprinio, Queste do dia, 27 de Janeiro de 1872 p. 235, 237.240, JOSE DE ALENCAR-SBCULO xx diteco,¢ completamente ociosa, ou antes prejudicial”, Tiouxe & pauta ainda © termo “facinora’, esclarecendo que nascera hd pouco entre os rebeldes es dances de Coimbra cia sendo repetido, mas representava “um dizer desneces so ¢ incon Q ue seria um “ero”, pois ‘a palavea porcuguesa€ ranguein”, de tance; Alencar tera ‘por costume semear nas suas paginas os termos mais vulgare, os vocibulos 10, por ignorar seus valores ou por entender que desde que uma proferisse um sermo, este logo entrava “no tczouro da lingua’, 0 que seria “alamente censurivel”. Agio similar realizou com outras expresbes, como “palma do pe” « “corolas das fle”, que, prbprias das “céncias botinicas eana- ‘micas’, eriam sido empregadas erconeamente pelo escrito. A p tum “erro [nto crass, que nem nas infimas lasses se comete”, po ‘que 0 portuguts fi que est “sempre a cagarnas teas das ciéacias, sempre a falhar 0 avo", Problematizou tambéim a descrigéo da metamorfose 4a fsionomia de Joao Fer, citando parigrafos entrecortados com parénteses es para indicat 0 quio seriam expresses “antipodas ou do gosto, ‘ou da linguagem, ou do senso comum', advindas do apego A “novidade". Logo, se los especificar “os horrores de locugio dessas «spantosaslinhas”, que inspiravam “compaixio” ao “autor, “ génio"™., ‘Tévor, por sua ver na tecepeo catia de Fracema, negou as hontaras recebidas pela obra ¢ pelo autor, questionou o lugar que ocupavam na lite satura braileira os dores de grande

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