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Disciplina TBNT

APOSTILA DE TEOLOGIA BÍBLICA DO NOVO TESTAMENTO


Período : 7º e 8º

Justificativa: A Teologia do Novo Testamento é de grande auxílio para o estudante da Bíblia


entender o surgimento e desenvolvimento das doutrinas que marcaram a fé cristã, pois várias delas
foram aceitas após acurado estudo e depois de sã exame doutrinário, para melhor entendimento da
Teologia Sistemática e da Teologia Contemporânea.

Ementa: Análise da Teologia dos livros do Novo Testamento, agrupados por seus escritores,com
atenção especial para o valor doutrinário de cada autor. Ement Marconi: Estudo da disciplina
conhecida como Teologia Bíblica do Novo Testamento(TBNT), iniciando com o seu conceito,
classificação, fatores formativos e valores; estudo da sua formação histórica, e estudo dos principais
temas do NT, delineado por abordagens de vários teólogos, mencionando as dificuldades e buscando o
significado teológico e sua a compreensão nas Escrituras do Novo Testamento.  

Objetivo Geral: Levar o aluno a conhecer a manifestação do reino de Deus revelado nos
Evangelhos Sinópticos, os pensamentos joanino, paulino e petrino, observando o desenvolvimento da
teologia na Igreja Primitiva e os acontecimentos futuros como revelados no livro de Apocalipse.
Objetivos do Marconi: O conteúdo desta disciplina alcança o entendimento do formando por meio do
estudo analítico e reflexivo dos temas teológicos. Ao concluir cada unidade ou temas, e finalmente os
estudos desta disciplina, o aluno será capaz de explicar o significado teológico e a importância dos
temas estudados, revelando conhecimento satisfatório acerca deles e de suas relações para com o viver
do homem hodierno.

Conteúdo Programático:

UNIDADE 1: OS EVANGELHOS SINÓPTICOS


1. Introdução. Conceito e Classificação de TBNT, Fatores formativos da TBNT, Valor e
necessidade da TBNT, Teologia e Religião, Teologia e Ciência. João Batista. A necessidade do
Reino.
2. O Reino de Deus. O Deus do Reino. O mistério do Reino. A necessidade do Reino. O Reino e
a Igreja. A ética do Reino.

3. O Messias. O Filho do Homem. O Filho de Deus.


4.O Deus do Reino
5.O Mistério do Reino – o domínio Redentor de Deus
6.A Ética do Reino
UNIDADE 2: EVANGELHO DE JOÃO
1. O problema crítico. O Dualismo Joanino. Cristologia.
2. A vida eterna. A vida cristã. O Espírito Santo. Escatologia

TBNT 2

UNIDADE 3: A IGREJA PRIMITIVA


1. A Teologia de Atos: o problema crítico.
2. A ressurreição. O Kerigma Escatológico.
3. A Igreja.
UNIDADE 4: O APÓSTOLO PAULO
1. Introdução. Fontes do pensamento Paulino.
2. O homem sem Cristo. A pessoa de Cristo. A obra de Cristo: Expiação, Justificação e
Reconciliação.
3. A Psicologia Paulina. A nova vida de Cristo.
4. A Lei. A vida cristã. A Igreja. Escatologia.

TBNT 3

UNIDADE 5: AS EPÍSTOLAS GERAIS


1. Hebreus.
2. Tiago.
3. I e II Pedro.
4. Judas.
5. As Epístolas Joaninas.

UNIDADE 6: APOCALIPSE
1. Escatologia Nos Evangelhos Sinóticos No Evangelho de João Nas Epístolas Paulinas
2. O conteúdo. Método de Interpretação.
3. O problema do mal. A visitação de ira divina.
3. A vinda do Reino.

Metodologia:
Exposição oral, Seminários, Pesquisas. Leituras de livros e textos. Dinâmicas.

Recursos Auxiliares:
Quadro branco e pincel apropriado, video-cassete, filmes, retroprojetor, textos, dinâmicas.
Avaliação:
Provas escritas, Trabalhos em equipe, Freqüência do aluno às aulas, discussões em classes.

Bibliografia:

Livro Texto - LADD, George Eldon. Teologia do Novo Testamento. JUERP


HASEL, Gerhard F. Teologia do Novo Testamento. JUERP

SUGESTÃO PASTOR J. MARCONI


LADD, G. E. Teologia do Novo Testamento. 1. ed. São Paulo: Exodus, 1997. 584p.
LANGSTON, A. B, Teologia Bíblica do Novo Testamento. 3. ed. Rio de Janeiro: CASA
PUBLICADORA  BATISTA, 1955. 473p.  
LIMA, Delcyr de Souza. Teologia Dinâmica do Novo Testamento. 1. ed. Rio de Janeiro: RJ, 1985.
153p.
HALE, Broadus. Introdução à Teologia do Novo Testamento.  Apostila, STBSB, Rio de Janeiro.
GOPPELT, Leonhard. Teologia do Novo Testamento. 2. ed.. São Leopoldo: Vozes, 1983. 299p.
HASEL, Gerhard F. Teologia do Novo Testamento. Rio de Janeiro: JUERP, 1988. 193p.
JEREMIAS, Joachin. Teologia do Novo Testamento. 3. ed. São Paulo: Paulinas, 1984. 495p.
KUMMEL, Werner Georg. Síntese Teológica do Novo Testamento. São Leopoldo: Sinodal, 1979.
797p.

Apostila:
Definição Teologia Bíblica

INTRODUÇÃO À TEOLOGIA BÍBLICA DO NOVO TESTAMENTO  


 
 “A palavra teologia vem do grego Theós (Deus) e Lógos (linguagem que encerra idéia, palavra).
Assim, teologia vem a ser idéia de Deus ou idéia a respeito de Deus... no sentido da linguagem
elaborada, de um sistema de conhecimentos resultantes de estudo.”
A teologia alcança ao mesmo tempo o divino e o humano, o espiritual e o social, o eterno e o
temporal: “A teologia preocupa-se em estudar Deus ...
 
“A Teologia do Novo Testamento é o estudo que enfatiza e soletra o conteúdo do Novo Testamento
do ponto de vista teológico. ...a teologia neo-testamentária tem de pressupor o trabalho do exegeta
para proporcionar os detalhes de interpretação de um texto. A Teologia Bíblica difere, também, da
Teologia Sistemática. Esta trata mais sistematicamente e compreensivamente de doutrinas como
Deus, homem, pecado e salvação. A Teologia Sistemática está interessada em relatar os materiais
tanto bíblicos quanto perspectivas históricas para o tempo moderno. A Teologia Bíblica defere da
Teologia Histórica e da História Eclesiástica sendo um prólogo ou primeiro capítulo para estas. A
Teologia Bíblica deve proporcionar as normas pelas quais as outras podem ser avaliadas.” (Dr.
Broadus Hale)

A Teologia bíblica estuda a Bíblia e organiza as conclusões obtidas pela Teologia exegética (que
usa técnicas como a exegese para interpretar a Bíblia) em várias divisões e áreas de estudo, com a
finalidade de estudar e conhecer a evolução ou a história progressiva da Revelação de Deus à
humanidade, desde da sua queda e passando pelo Antigo Testamento e Novo Testamento.
A Teologia Bíblica, ao contrário da Teologia Sistemática, é indutiva, isto é, a partir da pesquisa
exegética faz afirmações, ou seja, parte do específico para o geral. De um modo geral, a Teologia
Bíblica parte da exegese de textos bíblicos como afirmação primeira, daí elaborando afirmações
decorrentes.
 A Teologia Bíblica divide-se em:
 Teologia Bíblica do Antigo Testamento. (Prof. marcos) Nesta parte, os teólogos bíblicos dão
especial ênfase às profecias e indícios revelados no Antigo Testamento relativos à vinda e
missão de Jesus Cristo, o Messias;
 Teologia Bíblica do Novo Testamento. (Prof. marcos)
 Classificação da teologia
Não há uma Teologia Bíblica unificada, o que há são diversas teologias das tradições
biblicas. Mesmo no Antigo Testamento, encontram-se as teologias dos livros históricos, e
estas ainda se subdividem em outras teologias de acordo com o método de pesquisa
empregado, também encontram-se a teologia dos escritos proféticos e dos escritos
sapienciais. No Novo Testamento há a teologia de Mateus, de João (Jo, 1Jo, 2Jo, 3Jo, Ap), de
Paulo (Cartas Paulinas), de Lucas (Lc e At).

 
1.   Teologia naturalista ou teodicéia (melhor termo)
É a busca pelo conhecimento divino utilizando-se do meio de observação humana da
natureza e da racionalização humana.
2.  Teologia Sistemática
É a organização dos fatos teológicos, na forma de um sistema racional; tendo como fontes:
a revelação e a filosofia e várias outras ciências como a antropologia e a etnografia.
 
3.  Teologia Bíblica (Teologia Exegética ou Positiva)
Tendo como fonte exclusiva as Escrituras. Estabelece os fatos teológicos, tendo como pontos de
vista a Revelação, historicidade e experiências.
 
O teológo alemão Hans-Joachim Kraus aborda no livro Die Biblische Theologie esta problemática da
múltiplas tradições e teologias bíblicas.
 A Teologia Bíblica define-se basicamente
Teologia Bíblica do Novo Testamento
 Objetivo específico é o de conhecer Deus através da pessoa de Jesus como a imagem
de Deus invisível (Col. 1.15).
 Visa também conhecer as experiências dos cristãos sob a influência dinâmica do Espírito
Santo, e interpretar suas novas atitudes, em função da nova vida (regenerada) que
alcançaram.
 Basicamente, é a busca por conhecer as Escrituras do Novo Testamento de maneira
especializada, tendo-a como a única fonte confiável, infalível e última na formação do corpo
de doutrinas cristãs, que conduz à prática e propicia respostas às inquirições humanas.
A partir de sua distinção em relação à Teologia Sistemática e à História das Religiões. A
proposta fundamental da Teologia Bíblica é construir uma teologia a partir das Escrituras, de modo
indutivo, sem depender das categorias definidas pela Sistemática ou pela Dogmática. a expressão
não diz respeito à teologia de acordo com a Bíblia, nem uma teologia herética. Ou uma teologia que
está baseada nas Escrituras. Nenhuma dessas sugestões é correta. Vejamos o seguinte quadro:
ABORDAGEM Fonte dos Dados Metodologia Hermenêutica
Teologia Bíblica Cânon das Escrituras Exegética e Teológica Descritiva
Organização: e Normativa
Conceitual, Tópica e
Histórica.
Teologia Sistemática Escrituras Sagradas, Teológica Normativa
Tradição Histórica, e Filosófica. e Construtiva
Razão (filosofia) e Organização
Experiência Humana. sistemática e lógica.
História da Religião Escrituras, Fenomenológica Descritiva
documentos de outras e Histórica:
religiões, literatura e Organização:
arqueologia. Cronológica e
Genética.
A Teologia Bíblica parte unicamente das Escrituras e procura prescindir da filosofia e da
teologia sistemática, organizando os dados bíblicos a partir da lógica interna do pensamento bíblico.
É essencialmente descritiva, mas pode também tornar-se normativa quando pergunta qual o valor do
texto bíblico para o intérprete de hoje. Um exemplo prático da diferença de abordagem entre as duas
pode ser percebido no campo da escatologia. Enquanto a teologia bíblica discute as tensões bíblicas
entre o “já” e o “ainda não” do Reino de Deus (escatologia realizada e escatologia futura), a teologia
sistemática evangélica volta-se para divisões como pré-milenismo, pós-milenismo, amilenismo, pré-
tribulacionismo, etc. Sr. José Maria
 Resumo Histórico
As raízes da teologia bíblica estão na Reforma Protestante. O ponto de partida
protestante Sola Scriptura lançou a semente para uma teologia exegética, buscando livrar-se da
Dogmática Eclesiástica. (discutir) Os comentários de Calvino são os primeiros exemplos de uma
exegese bíblica histórico-gramatical, que estabelecia os primórdios da futura teologia bíblica.
Todavia, a maioria dos estudiosos define o início do moderno estudo da teologia bíblica, ou mais
especificamente, da teologia bíblica do Antigo Testamento, a partir da palestra inaugural do
professor Johann Philipp Gabler na Universidade de Altdorf em 1787. Antes de Gabler não havia
uma distinção entre teologia dogmática e teologia bíblica. Não havia separação entre teologia do
Novo Testamento e teologia do Antigo Testamento. Gabler defendia essas distinções. Mesmo que
nunca tenha escrito uma teologia do Antigo Testamento, foi o professor Gabler quem estabeleceu os
princípios básicos e o método pelos quais seria possível escrever uma teologia bíblica do Antigo
Testamento. A base do estudioso alemão era racionalista, e foi sobre tais fundamentos é que
surgem os primórdios da teologia bíblica. Apesar dessa influência filosófica da época, muito clara em
estudiosos como G. L. Bauer, de Wette e F. C. Baur, alguns estudiosos adotaram uma linha mais
evangélica e menos racionalista. Entre eles devem ser mencionados E. W. Hengstenberg, F.
Delitzsch e G. F. Oehler.
Entre 1880 e 1930 a incipiente teologia bíblica perdeu espaço para os estudos da
história da religião.   As novas tendências filosóficas, aliadas à curiosidade européia para com os
costumes e idéias religiosas de outros povos fomentou uma interpretação da fé bíblica dentro de um
contexto religioso universal. A fé de Israel e do cristianismo deveriam ser vistas sob parâmetros
evolucionários e à luz da comparação com as outras religiões conhecidas.
Somente depois da década de 30 do século XX foi que ressurgiu o interesse pela
teologia bíblica. Tal efervescência perdura até os anos 70. Muitos nomes de peso surgem tanto no
campo do Antigo como do Novo Testamento. Nomes como O. Eissfeldt, W. Eichrodt, G. von Rad, B.
Childs, C. Westermann, W. C. Kaiser, S. Terrien, W. Brueggmann, R. Bultmann, H. Conzelmann, E.
Käsemann, H. J. Kraus, K. H. Schelkle, J. Jeremias, G. E. Ladd e D. Guthrie tornaram-se marcas na
teologia bíblica principalmente durantes as décadas de 30 a 70. Além disso, muito da teologia
contemporânea interagiu bastante com o pensamento bíblico e estabeleceu modelos sistemáticos de
teologia menos presos a categorias filosóficas clássicas. Aqui merecem destaque especial os nomes
de K. Barth, W. Pannenberg e Oscar Cullmann. Nas últimas décadas a teologia bíblica continua viva,
mas tem enfrentado dificuldades e alguns até crêem que esteja em grande crise. Para entendermos
melhor seus caminhos, é preciso destacar suas principais tarefas.
 A Tarefa da Teologia Bíblica
Conforme já foi sugerido, a tarefa da teologia bíblica é construir uma teologia a partir do
texto bíblico, edificando uma espécie de “macro-exegese”, procurando metodologicamente isentar-se
de leituras confessionais e filosóficas a priori. Todavia, uma teologia bíblica séria deverá enfrentar
algumas questões importantes das quais não poderá omitir-se:
1. Teologia descritiva ou normativa. Qual é o papel de uma teologia bíblica? Procurar detectar
os conceitos teológicos dos autores bíblicos, ou deve ela também definir normas ético-religiosas a
partir da experiência histórica e teológica da comunidade da fé. Será que um aspecto exclui o outro?
É possível manter a tensão entre as duas ênfases?
2. A Relação entre os testamentos. Pode existir uma teologia do AT, independente do Novo
Testamento? Será que a teologia do AT é uma disciplina exclusivamente cristã? Existirá uma
teologia do AT judaica? Que tipo de relação existe entre os dois testamentos? Continuidade ou
Descontinuidade? Como trabalhar a unidade da mensagem bíblica, sem desvalorizar o AT e sem
uma “cristianização” exagerada do mesmo? Todas essas perguntas são inescapáveis e merecem
atenção do teólogo bíblico.
3. Abordagem diacrônica ou sincrônica. Muitas teologias bíblicas e sistemáticas parecem
considerar o texto bíblico homogêneo e uniforme. Será que é possível fazer teologia bíblica sem
considerar a história e algum tipo de desenvolvimento teológico nas Escrituras. É verdade que o
histori-cismo do século XIX e sua postura evolutiva trouxe uma espécie de trauma para muitos
estudiosos da Bíblia. No entanto, ainda que seja árdua lidar com o papel da história na teologia,
cremos ser impossível fazer uma boa teologia, sem considerá-la adequadamente.
4. Relação com a autoridade da Bíblia. Por mais isenta que seja uma teologia bíblica, ela não
poderá deixar de trabalhar com pressupostos. Um dos mais relevantes é exatamente o ponto de
partida para com a própria Bíblia. Devemos praticar uma hermenêutica de suspeita para com o
texto? Ou devemos interpretar o texto sagrado de maneira afirmativa, numa relação de empatia para
com o mesmo. Quando um outro referencial externo explícito comanda a hermenêutica das
Escrituras dificilmente poderá construir-se uma teologia bíblica que faça justiça ao texto.
5. Unidade e diversidade. Será possível achar um centro de organização para uma teologia
da Bíblia, ou do AT e do NT. Será que o conceito de aliança, de promessa ou de ação divina na
história são adequados para organizar o material bíblico. Seria tal abordagem forçada, pelo fato de
existirem vários centros de organização do texto? Essa é uma questão difícil que não pode ser
esquecida. Além disso, a diversidade presente nas Escrituras levanta outra questão: Existe uma
teologia bíblica (ou do AT/NT) ou existem várias teologias? É bem conhecido o fato de que os
teólogos liberais levaram a diversidade teológica bíblica às últimas conseqüências. Por outro lado,
fundamentalistas têm tentado ver unidade a partir de lentes mais sistemáticas e filosóficas do que
bíblicas. Como deve ser trabalhada essa relação? Aí está um grande dilema ainda aberto para a
discussão dos estudiosos.
6. Teologia canônica ou não canônica. Por mais simples que possa parecer essa questão, ela
merece muita atenção. Já que temos acesso a material religioso da fé de Israel e da igreja primitiva,
devemos perguntar se uma teologia bíblica deve fazer referência a esse material. Por outro lado, já
que se trata de uma teologia construída dentro da comunidade da fé, a igreja, deve-se perguntar se
os parâmetros da dogmática cristã e esse fator devem restringir a teologia a uma abordagem
canônica.
7. Relação com a sistemática. Uma vez construída uma teologia bíblica chegará ela a algum
lugar sem uma relação com a sistemática? É possível construir uma teologia bíblica sem cair na
fragmentação muitas vezes acéfala? Que tipo de relação deve se manter entre as duas abordagens?
Doutrinas cardeais e essencias da fé como a Trindade teriam relevância significativa numa teologia
bíblica? Com certeza o diálogo é fundamental e necessário, para que as duas abordagens se
completem.

 
FATORES FORMATIVOS DA TEOLOGIA (Autêntica)
 
 Nº 1 Jesus Cristo é uma pessoa Real, Histórica e Divina.
 
 Nº 2 Aceitação e Credibilidade das Escrituras Sagradas (Neo-Testamentárias)
 
 Nº 3 Reconhecer e Aceitar a Real Atuação do Espírito Santo na Vida dos Cristãos.
 
 Nº 4 Entender e Explicar as Experiências Espirituais dos Cristãos Referidos nas
Escrituras do Novo Testamento Sujeitos à Operação do Espírito Santo.
 
VALOR E NECESSIDADE DA TEOLOGIA
  Reconhecemos, também, que há teologias que em nada contribuem ao fortalecimento da fé,
não exercem motivação ou estimulo paro o crente viver e agir conforme a vontade de Deus. Isto
acontece porque tais teologias exercem um caráter puramente especulativo, filosófico e inclinações
confusas e indutoras de disputas infrutíferas.
A Teologia desenvolvida sem as distorções dos que a desprezam, ou dos que a
supervalorizam, é fiel à natureza e finalidade do Evangelho, e representa um grande e
necessário valor para a vida dos filhos de Deus.
A Teologia é necessária em virtude da necessidade de conhecimento da natureza intelectual do ser
humano.
        A Ausência da teologia verdadeira — falta de compreensão adequada das coisas de Deus —
possibilita duas distorções: a superstição e o fanatismo:

 A Teologia É Necessária em Virtude da Relação que Existe entre a Verdade


Sistematizada e o Desenvolvimento do Caráter Cristão.
 A Teologia É Necessária porque Ajuda os Pregadores a Definir e Expor as Doutrinas do
Cristianismo.
 A Teologia É Necessária como Meio de Defesa da Religião que se Professa.
 A Teologia É Necessária à Propagação do evangelho e à solidificação de seus resultados.

Aula hoje sexta 17 de agosto


TEOLOGIA E RELIGIÃO
Teologia e Religião são realidades distintas, independentes mas coexistentes.
Religião é a realidade espiritual vivida pelo adorador.
Teologia é o processo de conhecimento que analisa, interpreta, compreende, sistematiza e
expõe por meio de interpretações a compreensão aos homens.
Religião é vocábulo que vem do latim:
(a)    Religare = “voltar a unir”
(b)   Religere = “tomar de novo um caminho” / De onde vem o termo
Religio(religião) = “exato cumprimento do dever(para com os deuses)”
 
TEOLOGIA E CIÊNCIA
        A Ciência trata do conhecimento e controle dos fenômenos, por meio de análise, experiência
e leis que regulam e que manipulam os controles do conhecimento e os dirija aos fins práticos da
vida humana.
A Teologia trata da fé, é um terreno espiritual, subordinada à revelação divina e que
diferentemente da ciência, não pode ser experimental reproduzida (analisada em laboratório).
 
 História da TBNT 
 
 O SURGIMENTO DA TEOLOGIA NEOTESTAMENTÁRIA EM TORNO DA PESSOA E DO
ENSINO DE JESUS.
    Jesus Cristo, como pessoa histórica e divina É O FUNDAMENTO DA VERDADEIRA TEOLOGIA
    Jesus é o Padrão de aferição. (Efésios 2.21 a pedra angular do Edifício)
    Jesus é a convergência da interpretação das Escrituras. (primitiva, medieval, reformada,
contemporânea):
    O Surgimento da Teologia em torno da Pessoa e do Ensino de Jesus.
No princípio, tudo acerca de Jesus — os fatos e os ensinos — eram transmitidos oralmente.
(Jesus escreveu uma única vez!)
 
 Causas que Provocaram a Origem da Formação Teológica: Cartas de instrução dos
líderes cristãos para o doutrinamento dos novos crentes.
 
1.  O Rápido Crescimento do Número de Crentes.
-   Dificuldades para instruir oralmente.
-   Conflitos de natureza múltipla: (heterogeneidade: judeus X prosélitos (gentios) Atos 6.
X MASSA CONTEMPORANEA.
 
2.  Dispersão dos Crentes.
-    Os primeiros 25 anos da história cristã, com perseguições, impulsionou a igreja na
implantação do Evangelho pela Ásia e pela Europa, culminando no surgimento de
muitas igrejas e instrução escrita a qual era lida perante a Congregação, copiada e
enviada a outras igrejas.
 
3.   Surgimento de problemas de natureza comportamental.
          - Embates acerca dos costumes pagãos entre os convertidos, a moral do cristianismo. Os
Escritos surgiram para orientar objetivamente, fundamentados no ensino de Jesus — como os
cristãos deveriam se portar entre os irmãos — o corpo de Cristo e entre os de fora, com um viver
digno, segundo a vontade e o padrão de Cristo.
Ex.: Indisciplina nos cultos, a imoralidade sexual, o faccionismo entorno de nomes de
pregadores, a crença nos dons espirituais e a falta de discernimento do sentido da Ceia do
Senhor.
 
4.   Choque das esperanças cristãs com a hostilidade e crueldade do mundo que tinham
de enfrentar.
-  Como entender à violência até o martírio, diante das promessas de Jesus. Escrever
para consolar os cristãos assoados pela perseguição e a perseverar na fé até o fim.
 
5.   Choque entre a mentalidade judaica e a gentílica no encontro de cristãos judeus e cristãos
gentios.
-   Entrava-se em choque de ponto de vista (sistema) religioso originário (Atos 15)
-   Ex.: A ressurreição dos mortos, a volta de Jesus, a justificação pela fé sem as obras da
lei, etc
 
 6.  Infiltração de heresias nas fileiras cristãs.
-    Fábulas criadas pela mente humana, movida por fanatismo e superstição, infiltraram-se
entre os cristãos e ameaçava a fé, ou no mínimo, confundia os crentes.
-  Ex.: O legalismo. O nicolaitismo. O gnosticismo, combatido no Ev. de João para provar
que Jesus não era uma simples emanação de Deus, ou mera aparição incorpórea, mas
sim a encarnação do Verbo.
 
OS ESCRITOS QUE HOJE FORMAM O NOVO TESTAMENTO.
  A formação do Novo Testamento, não originou com os Evangelhos, outros escritos surgiram
primeiro, foram as cartas. “Paulo por exemplo desenvolveu sua teologia a partir da pessoa, obras e
ensinos de Jesus, e buscou alicerçar sua autoridade nessas realidades. Quando Paulo disse aos
Coríntios —‘Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei’ (1 Co 11.23) — ele estava
revestido de autoridade em seu ensino por baseá-lo naquilo que havia recebido do próprio Senhor
Jesus. Em outras palavras, Paulo não quis construir um edifício por si mesmo, de sua própria
sabedoria e invenção, mas ensinou o que aprendera de Jesus Cristo.” (Lima, p. 59)
Ver também Gálatas 1.11,12; 2 Co 13.3; ver também o testemunho de Pedro em 2 Pedro 1.13-16.
 
Os Escritos do Novo Testamento são autênticos e revestidos de autoridade, pois em última
análise, fluiram da pessoa, obras e ensino de Cristo Jesus.
 
Qualquer teologia que colida com a pessoa de Jesus em sua historicidade e divindade —
caráter milagroso de sua obra — é falsa e perniciosa ao Reino de Deus.

 
 O REINO DE DEUS
  
(Marcos 1.14-15; Mateus 4.23; Lucas 4.21)
         “De Agostinho aos reformadores, o ponto de vista dominante foi que o Reino, de um modo ou
de outro, deveria ser identificado com a Igreja” (p.55-6).
         Atualmente, este ponto de vista é raro, mesmo entre os teólogos católicos.
Outros têm argumentado sobre um Reino futuro e totalmente escatológico (Johannes Weiss)
E Albert Schweitzer, interpretação escatológica, em que Jesus esperava o Reino num futuro
próximo.
Desde então, a maioria dos eruditos não tem considerado o Reino como
exclusivamente escatológico. "Rudolf Bultmann aceitou a aproximação iminente do Reino
escatológico como a interpretação correta da mensagem de Jesus, mas o verdadeiro
significado do Reino deve ser compreendido em termos existenciais: a proximidade e a
exigência de Deus” (p. 56)
“Tem havido um sem-números de interpretações não escatológicas do Reino de Deus.
Muitos eruditos têm interpretado o Reino primariamente em termos da experiência religiosa
pessoal — o reino de Deus na alma do indivíduo.” (p.56)
“Na Grã-Bretanha, a interpretação mais influente tem sido a de C. H. Dodd, conhecida
como ‘Escatologia Realizada’” (p.56). Ele compreende a mensagem apocalíptica como
uma série de símbolos que representam as realidades que os homens não entenderiam de
um modo direto.
Deste modo o Reino (o "totalmente outro") entrou na História através de
Jesus, sendo descrito numa ordem transcendental, tudo o que os profetas haviam
predito e esperado, agora tinha sido realizado na história. Dodd, minimizou o aspecto
futurista do Reino, mas em sua última publicação (The Founder of Christianity, 1970) ele
admitiu que o Reino ainda aguarda a consumação "além da história" .
 
"Se há algum tipo de consenso entre a maioria dos eruditos, este é que o Reino é,
em algum sentido, tanto presente quanto futuro"(p. 57 )
 
Em certos círculos evangélicos na América e Grã-Bretanha, uma perspectiva bem
recente a respeito do Reino tem alcançado grande influência [J.D. Pentecost, Things to Come
(1958); A.J. McClain, The Great-ness of the Kingdom (1959); J. Walvoord, The Millennial
Kingdom (1959); C.C. Ryrie, Dispensationalism Today (1965); The New Scofield Reference
Bible (1967). Uma crítica ampla sobre esta perspectiva pode ser encontrada no livro de G.E.
Ladd, Crucial Questions About the Kingdom of God (1952)].. Partindo da premissa de que todas
as profecias que o Velho testamento fez com relação a Israel precisam ser literalmente
cumpridas, os dispensacionalistas têm feito uma forte diferenciação entre o Reino de
Deus e o Reino dos Céus. O Reino dos Céus significa o domínio dos céus (Deus) sobre a
terra e tem referência primária ao Reino teocrático de natureza terrena prometido ao Israel do
Velho Testamento. Somente o Evangelho de Mateus nos fornece o aspecto judaico do
Reino. Quando Jesus anunciou que o Reino dos Céus estava próximo, estava fazendo
referência ao reino teocrático terreno prometido a Israel.
Entretanto, Israel rejeitou a oferta do Reino, e, em lugar de estabelecer o Reino para
Israel, Jesus introduziu uma nova mensagem, oferecendo descanso e serviço para todos os
que cressem, iniciando a formação de uma nova família de fé, que se faz presente ao longo das
linhas de separação racial, eliminando-as. O mistério do Reino dos Céus mencionado em
Mateus 13 representa a esfera da profissão de fé cristã — cristandade — que é a forma
assumida pelo domínio de Deus sobre a terra entre os dois adventos de Cristo. O
fermento (Mateus 13.33) sempre representa o mal; no Reino dos Céus — a igreja militante — a
verdadeira doutrina será corrompida pela doutrina falsa. O Sermão do Monte é a lei do Reino
dos Céus — a Lei Mosaica do Reino teocrático do Velho Testamento, interpretada por Cristo,
destinada a ser o código de conduta do Reino aqui na terra. O Reino dos Céus, rejeitado por
Israel, será consumado no evento da volta de Cristo, quando Israel será convertido e as
promessas do Velho Testamento a respeito da restauração do Reino de Davi serão literalmente
cumpridas. O princípio básico desta linha de pensamento teológico é que há dois povos de
Deus — Israel e a Igreja — com dois destinos, sob dois programas divinos. (p. 57-8)
 
 Outras escritores recentes tem interpretado “o Reino basicamente do mesmo modo em
termos do descortinamento da história da redenção. O Reino de Deus é o domínio real de
Deus, que tem dois momentos: um cumprimento das promessas do Velho Testamento na
missão histórica de Jesus e uma consumação ao fim dos tempos, inaugurando a Era Vindoura”
(p.58)
 
O Deus do Reino
“O Reino é o Reino de Deus, não do homem: Basiléia tou theou (...) o reino significa o
domínio de Deus” (p. 77)
Deus sempre é visto como governador soberano sobre todos (inclusive no judaísmo). Deus
sempre tem sido o superintendente que providencia toda a existência humana. No presente tem
manifestado sua atuação redentora em Cristo e no final revelará sua glória na consumação dos
tempos e no surgimento da Era Vindoura.
 Origem do conceito “Reino de Deus” no Antigo Testamento:
O Reino de Deus é o domínio soberano de Deus, Sl. 22.28; 103.19; 1Cr. 29.11; Ex. 15.18; Is.
6.5; Dn. 4.25. O estabelecimento do Reino de Deus no A.T é tanto em âmbito nacional, como no
caso de Israel, como em âmbito universal, Ex. 19. 5-6; Sl. 2.1-5, 8-11; Is. 2.2-4; Zc. 14.9. Esses
atos são apresentados no A.T. como ato, obra e feitos relacionados à história de Israel, Ex.
15.18; 14.13; Sl. 22.27- 29; 74.12; 98.2-3; 103.7; 103.19; Is. 7.17 a luz de 10.5-7, 12, 17. O
domínio de Deus é apresentado desde o ato da criação em Gn. 1.27-28, em sua posição
absoluta, Sl. 8.5-7; através da redenção do povo de Israel no Egito e a instituição da aliança, Ex.
19. 5-6. Podemos encontrar ainda o conceito de Deus como sendo o rei que domina sobre a
criação, sobre a história humana em termos de ser o Senhor da própria história. Como Senhor
da história está julgando a todos nessa vida, e todos haverão de prestar contas com Ele no
futuro, Gn. 18.25; Sl. 75.7; 96.13; 1 Sm. 2.10. Goppelt divide a origem do poder régio de Deus
em alguns grupos:
1. Os salmos de ascensão, onde Yahweh se tornou rei, Sl. 47, 93, 96-99;
2. Nos atos salvificos de Yahweh na vida de Israel, Ex. 15.18; Sl. 44.1-5; 145.1, 13; 146.10;
74.12;
3. A profecia assume um caráter escatológico por intermédio da proclamação das boas-novas,
Is. 52.7-10;
3. Origem do “Reino de Deus” no Novo Testamento:
Para os evangelistas, o reino de Deus foi inaugurado na pessoa e obra de Jesus Cristo, sendo,
portanto, uma realidade presente e futura.
Em Marcos 13 vezes
Em Mateus 27 vezes
Em Lucas 12 vezes
Em João 02 vezes
No Novo Testamento temos o uso do sentido reino territorial, Mt. 4.8; Lc. 4.5; Mt. 12.25; Mc.
3.24; Lc. 11.17, ou no sentido de dignidade real, Lc. 19.12, 15. O termo aparece ainda como reino do
diabo, Mt. 12.26; Lc. 11.18, ou reino dos homens, Mc. 11.10, At. 1.6; e por fim o reino de Jesus
Cristo, Mt. 13.41; 16.28; Lc. 1.33; 22.30; 23.42, cuja natureza deste reino não é mundana, Jo. 18. 36.
O reino de
Deus e o reino de Cristo assumem íntima identidade, Lc. 22.29; Cl. 1.13; 1Co. 15.24.
4. O Reino Escatológico (futuro):
Em Mc. 9.1; 9.43-48; 14.25; Lc. 13.28, Jesus fala de um evento futuro, e quando Jesus fala de
Basiléia, ele pensa quase sempre no juízo final. O teólogo Joaquim Jeremias vê nos textos de Mc.
1.15; Mt. 10.7; Lc. 10.9, 11, uma forma escatológica do Reino de Deus. Para ele essa aproximação
significa: “a hora escatológico de Deus chegou. Já para Ladd, a vinda do Reino de Deus inaugura a
era Vindoura, Mt. 6.10; Lc. 19.11. Assim para G. E. Ladd, entrar na vida eterna e entrar no reino de
Deus, são sinônimos de entrar e pertencer a Era Vindoura. Esta Era Vindoura será marcada pela
destruição total e final do diabo e seus anjos, Mt. 25.41, a criação de uma nova sociedade, Mt.
13.36-43, e a perfeição absoluta, Lc. 13.28-29. Ao mesmo tempo em que Joaquim Jeremias entende
que o Reino de Deus é um reino escatológico, defende que é também um reino presente, pois já no
presente a consumação do reino está por irromper-se, Lc. 7.22 ss. 4.16-21. A figura da figueira que
brota, Mc. 13.28 ss. Vinho novo que não pode ser posto em odres velhos, Mc. 2.22 ss. As vestes
festivas do filho pródigo, Lc. 15.22 ss. Mt. 22.11. Esses textos indicam a erupção de uma nova era
ou de um novo tempo, que ele chama de tempo da salvação, pois o Salvador chegou, no aqui e
agora. Jesus fala que a hora é agora, Jo. 5.22; Mt. 7.24-30; Mt. 8.5-13.
5. O Reino de Deus na perspectiva da redenção
Para os teólogos G. E. Ladd e H. N. Ridderbos, o Reino de Deus tem dois momentos: Um
cumprimento das promessas do Antigo Testamento na missão histórica de Jesus e uma
consumação no fim dos tempos, inaugurado na era vindoura. Um momento é o aqui e agora, o outro,
é lá futuro.
6. O Ensino de Jesus sobre o reino de Deus no A.T.
Is. 40.9; 52.7; Lc. 4.18-19, 21. Mc. 3.27, como um eco, de Is. 49.24-25 em comparação com Mt.
12.28. Mt. 11.2-5 em comparação com Is. 35.3-10. Mt. 6.9-10 em comparação com Ez. 36.16-38.
veja outros textos, Mc. 8.31; Sl. 22; 60; Pv. 2.5; Is. 52.13-15; 53. 10-12; Dn. 12.13; Mt. 5.12; Dn.
12.2-3. Comparar Mc. 8.31; 9.31; 10.32 com 6.2. Ver Mc. 13.26, 14.62 com Sl. 110.1; Dn. 7.13, Sl.
2.7. Ver ainda Ex. 4.22; Is. 52.13; 42.1; Dn. 7.13-14.
7. A Necessidade do Reino de Deus:
Após batismo Jesus Cristo iniciou sua missão e ministério que foram assim narrados por Marcos,
Mc. 1.14 -15; e Mateus, Mt. 4.23; e Lucas registra um incidente em Nazaré onde Jesus se identificou
com o cumprimento da profecia de Is. 61.1, veja Lc. 4.18-21.
Ele é “O Deus QUE BUSCA”
    Aquele que deve ser conhecido pela experiência e não apenas ensinado pela comunicação
intelectual. A Chegada do Reino, anunciava uma possibilidade nova / desconhecida, que Deus
estava intervindo na História através de Jesus, buscando o pecador, num ato gracioso e
redentor. Jesus veio para ministrar aos pecadores (Marcos 2.15-17);
  "O centro das "boas-novas" sobre o Reino é que Deus tomou a iniciativa de buscar e achar
aquilo que se havia perdido" (p.79)
 
Ele é "O DEUS QUE CONVIDA"
“Jesus descreveu a salvação escatológica em termos de um banquete ou festa para a qual
muitos foram convidados (Mateus 22.1 e ss.; Lucas 14.16 e ss.; cf. Mateus 8.11)” (p. 79)
“Jesus conclamou os homens ao arrependimento, mas a intimação foi também um convite.” (p.
79)
 
Ele é O Deus QUE JULGA
Enquanto Ele busca o pecador, seu atributo de justiça o mantém no posto de Juiz para
aqueles que rejeitam seu Dom gracioso e salvador. “O reverso de herdar o Reino será sofre a
punição do fogo eterno (Mt. 25.34,41)" (p. 83.) Os que recusaram a entrar e tentaram impedir a
outros (Mt. 23.13) Este destino escatológico, é uma decisão determinada pelo pecador em
resposta ao convite salvador de Cristo Jesus. (Mc. 8.38 e Mt. 10.32,33). Ais contra as cidades
impenitentes de Corazim, Betsaida e Cafarnaum (Mt.11.20-24 e Lc. 10.13-15)
 
Jesus chorou sobre Jerusalém (Mt. 23.37-39; Lc. 13.34,35)
A figura da galinha ajuntando seus pintainhos é do VT (Dt. 32.11; Sl. 17.8; 36.7) onde O
judeu ao converter um gentio, e visto como trazendo-o sob as asas do Shekinah (a presença de
Deus) O sentido simples, é o de introduzir os fariseus no Reino de Deus, mas a rejeição fez Jesus
chorar conhecendo o que lhes esperava "e te sitiarão" (Lc. 19.41-44) Ao rejeitar a episkope graciosa
(não conheceste o tempo da tua visitação v.44), a catástrofe histórica ficou determinada trazendo
morte e destruição.
 
Paternidade
“O Deus PATERNAL. Deus busca pecadores, convidando-os a que se submetam ao seu
domínio para que possa ser seu Pai. O justificado por Cristo entrará no Reino Eterno de seu Pai
(Mateus 13.43) É o Pai quem preparou a graça bendita a que os filhos herdarão no Reino
(Mateus 25.34) Na oração dominical, Jesus ensina a pedir que o Reino Venha, tal é o gozo dos
remidos pelo mesmo. (Mateus 6.10)
 
O conceito de Pai tem raízes no VT, A Paternidade é expressa em decorrência da Aliança
entre Deus e Israel (Ex. 4.22 “Israel é meu primogênito”; Dt. 32.6; Is. 64.8; Ml. 2.10 Deus é o Pai
da nação.)
 
A Paternidade Universal de Deus somente pode ser entendida no sentido potencial, e não
real, (Mt. 5.44 chuva para maus e bons; Mt. 6.26 Pai de todas as criaturas, alimenta-as. Lc.
15.11-24 Filho Pródigo. – A verdade central é que Deus Busca o Pecador, o lugar próprio do
homem é na casa do Pai.
 
A linguagem aramaica abba foi vestida pelo grego em Rm 8.15 e Gl. 4.6, no sentido
aramaico, significa a linguagem infantil semelhante ao nosso “paizinho” Jesus proibiu usar esta
palavra no uso diário como um título de cortesia (Mt. 23.9), “deveriam reservar este termo
apenas para Deus. Abba representa a nova relação de confiança e intimidade que Jesus
conferiu aos homens” (p. 82)
 
O Mistério do Reino
O mistério do Reino é a vinda do Reino para a história como uma espécie adiantamento de sua
manifestação apocalíptica. Em resumo, ele significa 'o cumprimento sem consumação'. Esta é a
verdade singular ilustrada pelas várias parábolas de Marcos 4 e Mateus 13. ‘A chamada dos
doze discípulos por Jesus para participarem de sua missão tem sido amplamente reconhecida
como um ato simbólico, no qual se demonstra a continuidade entre os seus discípulos e Israel.
Que os doze representam Israel, pode ser demonstrado pela atuação escatológica que lhes foi
atribuída. Eles devem sentar-se nos doze tronos, 'a julgar as doze tribos de Israel' (Mateus
19.28; Lc 22.30). Quer esta expressão signifique que os doze devem determinar o destino de
Israel através do julgamento ou devem governar sobre eles, os doze estão destinados a
encabeçarem o Israel escatológico. (p. 102). 
O número 12 simboliza a transição entre o Israel passado e o Israel escatológico
(futuro).MATEUS 16.18,19 ekklesia passou a ser um termo bíblico que designa Israel como a
congregação ou assembléia de Yahweh.
...o Reino de Deus é o domínio redentor de Deus, ativo dinamicamente, visando estabelecer
seu governo entre os homens, e que este Reino, que aparecerá como um ato apocalíptico na
consumação dos tempos, já entrou para a história humana na pessoa e missão de Jesus com a
finalidade de sobrepujar o mal, de libertar os homens do seu poder e propiciar-lhes a
participação das bênçãos da soberania de Deus sobre suas vidas. (p. 87)
A vós vos é confiado o mistério do reino de Deus, mas aos de fora tudo se lhes diz por
parábolas; para que vendo, vejam, e não percebam; e ouvindo, ouçam, e não entendam; para
que não se convertam e sejam perdoados. (Marcos 4.11-12)
 
A Ética do Reino.
Mateus 22.40 Resume todo o ensino ético de Jesus.
É a lei do amor (Original de Jesus) dos dois mandamentos depende a Lei e os Profetas.
 

TÍTULOS MESSIÂNICOS DE JESUS


 
 I - Filho de Deus
 
II - Filho do Homem
 
A compreensão do sentido escriturístico desses dois títulos
vem a ser uma contribuição a mais para a compreensão da
pessoa de Jesus, de sua natureza, de seus ensinos e de
sua missão neste mundo, e, dessa maneira, contribuição
também para a formação de uma teologia autenticamente
bíblica em seu conteúdo e dinâmica em seus efeitos.
(Lima, p. 93)
 
I - "Filho de Deus"
 
Título muito empregado no VT. Os discípulos o ouviram e entenderam em seu sentido
escrituristicamente acostumados.
 
A)     uso no VT
 
1.  atribuído aos crentes da antigüidade, descendentes de Sete. (Gn 6.1,2) Anjos não se
casam Mt 22.30
 2. aplicado aos juízes de Israel. (Sl 82.2,6,7)
 3. aplicado ao povo de Israel. (Dt. 14.1; Êx. 4.22; Os. 1.10)
 4.  aplicado ao rei teocrático. (Sl 2.6,7) Este Salmo é messiânico. Quando Davi o compôs,
tinha em mente ser o ungido do Senhor.
 B)     uso nos evangelhos
  Jesus usou este título apenas indiretamente:
 
1.  Referindo-se a Deus como seu Pai. (Mt 11.22 e Jo 5.17,18) "meu Pai trabalha até... e
eu tb" = a Deus.
 2.  Narrando a Parábola dos lavradores maus. ( Mc 12.6)
 3.  Confirmando no Julgamento pelo Sinédrio. (Mc 14.61,62)
 4.  Chamando Deus de Pai na oração agonizante no Getsêmane. (Mc 14.36)
  Outras pessoas aplicaram o título a Jesus:
 
      1. Evangelho de João 20.31. Explicando a finalidade do Evangelho.
 
       2. A voz de Deus: no batismo de Jesus. Mc. 1.11; Lc 3.22 e Mt 3.17
No episódio da transfiguração. Mt. 17.5; Mc 9.7; Lc 9.35
 
3.  Na tentação, Satanás diz. Mt 4.3
 
4.  Na possessão do Gadareno os demônios o reconheceram. Mt 8.29
 
5.  Pedro o declara em nome do Colégio Apostólico. Mt 16.16,17.
  
 
 Os três sentidos do título "Filho de Deus":

 1.  O SENTIDO MESSIÂNICO.


Só poderia ser usado por aquele que fosse realmente o Messias — o Rei de Israel (Mt 16.16-20); o
Ungido, o Enviado por Deus para redimir a Israel e toda a criação. Jesus confirmou no Sinédrio. Mc
14.61. Jesus suportou, sendo escarnecido na cruz Mt 27.40; Mc 15.32
 
2.  O SENTIDO ÉTICO.
Denota que Jesus tinha uma relação especial, íntima e obediente a Deus, tornando-se jus ao título
por atuar intensamente em todos os seus ideais, propósitos e obra.
 
3.  O SENTIDO METAFÍSICO. 
Jesus tem a mesma essência e natureza de Deus. Jesus é igual ao Pai. No ventre da virgem Maria,
Jesus foi gerado, não criado, não houve começo para Deus. Ele veio ao mundo e se encarnou —
como Jesus histórico (Jo 1.1) Ele disse "Antes que Abraão existisse, eu sou" (Jo 8.57,58) (Note que
há diferença entre ser criado — ter começo e entre ser gerado — "dar origem ou existência a " ou "é
dar o ser a").
 
 
II - "Filho do Homem"
 
Entender o significado desse título, implica em resultados dinâmicos em nosso posicionamento e
em nossa atuação como servos de Deus no mundo.
 
"filho de" significa "o que tem a natureza de" ou "o que tem participação com"
 
Esse título identificou Jesus Cristo com o ser humano.
- Participante dessa natureza, de suas fraquezas, limitações e necessidades; também de
seus objetivos e de seu destino; menos de sua pecaminosidade. Jesus levou sim as suas
dores, se fazendo pecado (não pecador) por nós, para assumir a penalização, conforme
Isaías 53 e Filipenses 2.7,8
 
Esse título proclamou sua humanidade.
- Sua natureza inicial e ideal bem como escatológica (cf. Ef 4.13) quando Deus há de restaurar e
glorificar o homem, vivificado e eternizado (cf. 1 Co 15.45-47) "Ele é o homem padrão que Deus
queria que todos fossemos: Ele é o paradigma de toda a humanidade."(Lima, p.105)
 
 Sentido do título no VT
 
Aparece às vezes no VT, só para designar a pessoa humana.
"Deus não é homem... nem filho do homem..."(Nm 23.19)
"Que é o homem... e o filho do homem para que o visites"(Sl 8.4)
"Eu sou aquele que vos consola; quem pois és tu para que temas o homem, que é mortal, ou o filho
do homem que se tornará em feno?" (Is 51.12)
 
No livro do profeta Ezequiel, as dezenas de vezes em que o termo é empregado, refere-se ao
profeta que é de natureza terrena e humana, mas autorizado por Deus. (Ez 2.1)
 
Já no livro de Daniel, o termo aparece no sentido messiânico, designando aquele ser especial e
sobrenatural, revestido de glória e poder, que vem da parte de Deus para estabelecer um reino
eterno. (Dn 7.13,14)
  
 Sentido do título usado por Jesus: Modo messiânico e também escatológico.
 
Davis, em o Dicionário da Bíblia, diz que 78 vezes o título "filho do homem" é usado no NT.
O Senhor Jesus fez uso deste título inúmeras vezes, identificando-se com a profecia de
Daniel(7.13,14,26,27).
Mt 24.30 "Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem..."
Mt 25.31,32 "E quando o Filho do homem vier em sua glória e todos os anjos.... se assentará no
trono da sua glória... e apartará uns dos outros..."
Este título no cumprimento da profecia de Daniel nos consola, dando-nos a certeza de que
Jesus Cristo já inaugurou o seu Reino Eterno entre nós. Isto nos motiva a manter nossa posição de
servos, que paciente e perseverantemente prosseguem na expansão do Reino, pregando, ensinando
e discipulando. Assim como ele é enviado do pai e a nós enviou (Jo 20.21) para produzirmos
muitos frutos, compreendendo que se Ele identificou-se conosco através dos sofrimentos, carências,
tentações, porém, vencendo em tudo e tirando o pecado do mundo, nós agiremos de tal modo, que
resguardaremos o Evangelho das ideologias políticas, das distorções religiosas de falsos profetas,
para apresentar o Evangelho, a sã doutrina em conquista de almas através da obra missionária.
Identificando-nos assim com os nossos semelhantes, conscientes de suas misérias, condenação
e penalização sem Cristo e saindo do aconchego dos templos para buscar as almas perdidas pelas
ruas, praças, casas e favelas, na certeza da esperança de que em breve veremos aquele que se
identificou como o Filho do Homem, para ajudar os homens em suas fraquezas, vindo sobre as
nuvens com poder e grande glória, como chefe supremo da nossa salvação e vitória.

Aula hoje sexta 17 de agosto

Trabalho para entregar antes da prova


Manuscritos de Qumran ou do Mar Morto

 JOÃO, O BATISTA - UM NOVO PROFETA, INAUGURA UMA NOVA ERA.


 No período interbíblico, em lugar da voz viva dos profetas do SENHOR, surgiram duas
correntes religiosas,
 A religião dos escribas que interpretava a vontade de Deus somente em termos de
obediência à Lei escrita, interpretação feita pelos escribas; e
 a religião dos apocalípticos que incorporavam à Lei suas esperanças numa salvação futura
apocalíptica em que Deus reinaugurasse o Seu Reino.
João, segundo Lucas 1.80, atingindo sua maturidade sentiu forte necessidade de sair dos grandes
centros, e  foi para o deserto

( eruditos mais recentes como Brownlee, J.A. T. Robinson, e Scobie estão certos de que ele era
membro da Seita de Qunram, ( o que é: A seita de Qumran (Essênios) esperava a vinda de um
Messias sacerdotal, ao qual chamava Mestre da Justiça e Intérprete da Lei. A seita se havia
estabelecido em algum lugar próximo ao vale de Achor ou, no mesmo vale, o atual Buqei’a, situado
entre o mar Morto e Jerusalém. parece que a seita o considerava como de especial importância
para a história de Israel. Também nas palavras de Oséias encontramos razões para a eleição de
Qumran com sede:

"Portanto, Eu a atrairei e a conduzirei ao deserto, e falarei suavemente. E darei então suas vinhas e
o próprio vale de Achor como porta de esperança; e cantará ali como nos dias de sua juventude, com
no dia que veio do Egito (Os. 2: 14-15)."

Permanecendo por anos no deserto (parece que meditando) esperando a manifestação de


Deus. "Veio a palavra de Deus a João" Lc 3.2.
João surgiu no vale do Jordão pregando o batismo de arrependimento, de modo profético
anunciando que o Reino de Deus está próximo.
Sua indumentária: manto de pelos e cinto de couro (parece ser uma imitação dos sinais
característicos de um profeta cf. Zc. 13.4; 2 Reis 1.8, LXX.) Em João 1.21, João negou ser o Cristo
ou Elias.
 
Sua atuação foi dentro dos moldes tradicional de um profeta.
 
6. O DUALISMO JOANINO.
 
OS DOIS MUNDOS 
        — Na teologia Joanina, encontramos um dualismo aparentemente diferente ao dos Sinópticos.
Nos Evangelhos Sinópticos, o dualismo “é primariamente horizontal: um contraste entre duas eras —
a era presente e a era vindoura. Nos Sinópticos a “era presente” ou “esta era” equivale a expressão
“este mundo” (ver uso Paulino em I Co. 1.20; 2.6-8; 3.19 onde estes termos são usados
alternadamente) “O dualismo de João é primariamente vertical, um contraste entre dois mundos — o
mundo superior ( de cima ) e o mundo inferior ( de baixo ), (Ladd, p.209). “Vós sois de baixo, eu sou
de cima; vós sois deste mundo, eu não sou deste mundo” (Jo. 8.23). O dualismo Joanino representa
quase sempre um contraste entre “este mundo” como mal, sob o governo do Diabo (16.11) e o
mundo de cima — de Deus (18.36). “Jesus veio para ser a luz deste mundo (11.9). A autoridade de
sua missão não procede “deste mundo”, mas do mundo de cima — de Deus (18.36). Quando a sua
missão estiver cumprida, ele deve partir “deste mundo”(13.1)... Jesus veio dos céus para cumprir
uma missão que ele recebeu de Deus (6.38).” (Ladd, p. 209)
 O Dualismo Joanino
Os dois mundos
Enquanto os Evangelhos sinópticos apresentam um dualismo horizontal, ou seja, duas eras
coexistindo de forma linear, João apresenta um dualismo vertical: Um contraste entre o mundo de
cima e o mundo de baixo, ou o mundo superior e o mundo inferior, Veja, Jô. 8.23. O mundo de baixo
tem o diabo como governador, 16.11, mas Jesus é apresentado como Luz em meio às trevas desse
mundo, 11.9 e tem autoridade que vem de cima, 18.36. Ao cumprir sua missão Jesus retornaria para
o Pai, segundo João, 13.1. O dualismo ainda pode ser visto nos seguintes versículos, 3.13; 6.38;
6.33, 41, 50, 51, 58.
 As trevas e a luz
O mundo inferior é o mundo das trevas, mas o mundo de cima é o mundo da luz, 1.5; 8.12;
9.5; 11.9; 12.35, 46. Os que recebem Cristo se tornam filhos da luz, 12.36, e devem praticar a
verdade vindo para a luz, 3.19-20. Para João o ponto alto do mal é o ódio contra a luz que brilha em
meio às trevas e essa luz é Cristo.
A Carne e o Espírito
Um outro contraste entre esses mundos é o que se faz entre a carne e o espírito. A carne
pertence ao reino de baixo enquanto o espírito pertence ao reino de cima; a carne para João não é
em si mesma pecaminosa, 1.14; mas representa a fraqueza e jamais poderá levar o ser humano ao
reino superior, 3.6.
O Kosmos
João usa o termo kosmos para designar as coisas criadas de forma geral, 17.5, 24; ou a terra em
particular, 11.9; 16.21; 21.25. A terra não é em si mesma ruim, pois foi o próprio Senhor quem a fez,
1.3 e, o cosmos pode ainda ser entendido como o gênero humano, 12.19; 18. 20; 7.4; 14.22. Nesses
termos Jesus veio para salvar o mundo, 4.42; e para tirar o seu
pecado, 1.29; dando-lhe vida, 6.33.
O kosmos: A humanidade em inimizade com Deus
João apresenta um conceito novo para cosmos que não tem paralelo nos Evangelhos Sinópticos,
7.7; 17.25; 1.10. Quando João menciona que Cristo fez o kosmos, 1.10, fica entendido que Cristo fez
a humanidade. Quem está afastado de Cristo está escravizado pelo príncipe dos poderes malignos,
12.31; 14.30; 16.11. Os discípulos de Jesus Cristo não devem sair do mundo (geográfico), mas ser
diferente da mentalidade do mundo, 17.14, pois são diferentes porque mudaram o rumo de seus
objetivos: Agora eles pertencem a Cristo e não ao mundo corrompido. Deus escolheu pessoas do
mundo e formou uma nova sociedade em Cristo, 15.19; 17.14 e, para João há uma evidente
separação entre a mentalidade do mundo e a mentalidade do crente em Cristo, sendo que a única
maneira de ser salvo é mediante a proclamação do evangelho, 20.31. O mundo não pode receber o
Espírito de Deus, 14.17, mas os crentes em Cristo o recebem.
Satanás
Já falamos em outra oportunidade acerca desse tema. Cabe aqui esclarecer que, no Evangelho de
João, Jesus não é apresentado em constante luta com os demônios como nos Sinópticos. Para João
o diabo é o pai da mentira e do engano, 8.39 e Jesus veio trazer consigo a verdade, 1.17. O diabo
tenta vencer Cristo, mas é vencido categoricamente, 14.30; 12.31, 16.11.
29. O Pecado
Em João, o Espírito Santo convence o ser humano do princípio do pecado e, não dos pecados, mas,
do pecado original, da natureza caída, 16.18, 8.34. Deus veio com a Luz (Cristo) para clarear as
trevas e as trevas não puderam vencê-la, 1.5. Só por meio de Cristo os homens podem tornarse
filhos dessa luz, 12.36. Para João a incredulidade é pecado. Com a vinda de Cristo, os que não
acreditaram nele tiveram uma clara aversão a Ele, 3.19-21; 8.24 sendo a incredulidade parte da
essência do pecado, 16.9.
30. A Morte
A morte para João é a característica deste mundo, mas a vida veio a este mundo procedente de
cima, a fim de que todos os seres humanos escapem da morte e entrem para a vida eterna com
Deus, 5.24.
31. O Dualismo Escatológico
Na dimensão vertical o mundo de baixo é o reino das trevas, do poder de Satanás, do pecado e da
morte. Já o mundo de cima é o mundo do Espírito, da Luz e da Vida. Na missão de Jesus Cristo o
mundo de cima com sua vida e luz invadiu o mundo de baixo que é das trevas e de Satanás e
libertou os seres humanos das trevas, do pecado e da morte e lhes deu a Vida do Espírito. Para
João, o dualismo escatológico consiste no cumprimento das
profecias messiânicas do Antigo Testamento na pessoa de Jesus. Jesus veio trazer a verdadeira
libertação para Israel, 8.33-58, especialmente 33, 36, 56. João ainda cita o casamento como símbolo
da messianidade de Jesus, conferir Is. 54.4-8; 62.4-5 com João 2.11. Apocalipse descreve como
bodas, 19.9. Jesus é o templo, 2.19-20 e até a adoração deve ser substituída, João 4.20-24. João
apresenta uma escatologia realizada (Dodd), entretanto, ele em alguns textos nos informa que a
escatologia também é futurista, 3.36; 5.39. Veja também 12.25.
TREVAS E LUZ.
        O mundo de baixo é do mal, recusa-se a aceitar a luz, é governado pelas trevas (Mal), mas o
mundo de cima é de Deus — da luz, Jesus veio trazer a verdadeira luz para os homens não
permanecerem mais nas trevas, a fim de praticarem a verdade sem tropeço (1.5; 8.12; 9.5; 11.9;
12.35.46). Os que desprezam a luz, descrêem em Jesus, coroam o Mal.
 
CARNE E ESPÍRITO. 
       — Outro contraste no dualismo Joanino está no sentido em que Carne é pertencente ao reino de
baixo; e Espírito, ao que é de cima. A carne (não é pecaminosa, pois o "Verbo se fez carne" 1.14 )
representa a fraqueza e impotência do reino (inferior) humano, limitado, gerado na "vontade da
carne" (1.13) e que é incapaz de elevar-se à vida do mundo de cima ( 6.63). 'O que é nascido da
carne é carne'(3.6); o homem mortal precisa nascer de cima — do Espírito, para compreender,
experimentar e participar do Dom e das Bênçãos do reino de Deus (3.12). Jesus, (vindo de cima)
instituiu uma nova ordem de adoração, sem Jerusalém ou Gerizim, substituiu escatologicamente
instituições temporais (humanas) como o Templo, ao introduzir que a adoração é espiritual "em
espírito e em verdade" (Jo.4.24).
 
KOSMOS.
       — João fez uso deste termo ("mundo", kosmos): - Para designar a obra criada como um todo
(17.5, 24); como a terra em particular (11.9; 16.1; 21.25), como designando (por metonímia) o gênero
humano (12.19; 18.20; 7.4; 14.22). Destaque especial ao uso como sendo a — humanidade — o
objeto do amor e salvação de Deus (3.16, 17; 4.42; 1.29 e 6.33) Deixa transparecer que o mundo
criado não é mal, pois "Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi
feito se fez" (1.3), o mundo criado, continua sendo de Deus.
 
KOSMOS: O HOMEM EM INIMIZADE COM DEUS. 
        — Um uso diferente do termo, não encontrado nos Sinópticos, é que além de habitantes e
objeto do amor de Deus, kosmos caracteriza a humanidade decaída, rebelde e alienada de
Deus(7.7; 15.18; 17.25). O kosmos (humanidade) se afastou de Deus para servir aos poderes
malignos, isto sim é mal (12.31; 14.30; 16.11; ver I Jo 5.19). A vinda de Jesus originou uma divisão
entre os homens do kosmos (15.19), os escolhidos por Jesus, formam uma nova comunidade
organicamente em Cristo (17.15) no mundo, não pertencendo ao mundo (17.16), mas aborrecida
pelo mundo (15.18; 17.14). Os discípulos têm uma missão (continuação da missão de Jesus) são
enviados ao mundo (17.18), através da obediência e santificação, Deus os guarda do mal
(17.6,17,19,15).
Esta separação do gênero humano em povo de Deus e povo do mundo não é portanto, uma divisão
absoluta. Os homens podem ser transferidos do mundo para a condição de povo de Deus por ouvir e
responder à missão e mensagem de Jesus (17.6; 3.16). Dessa forma, os discípulos devem
perpetuar o ministério de Jesus no mundo a fim de que os homens possam conhecer o evangelho e
ser salvos (20.31) do mundo. O mundo não pode receber o Espírito (14.17), pois, de outra forma,
ele deixaria de ser o mundo, mas muitos, no mundo, aceitarão o testemunho dos discípulos de Jesus
(17.20,21), e crerão nele, mesmo sem jamais o terem visto (20.39) (Ladd, p. 212)
 
SATANÁS.
— João não registra a luta de Jesus com os poderes das trevas (Satanás e demônios), ele
simplesmente descreve a existência sobrenatural de um poder maligno (8.44; 13.2), que é
“príncipe”(archon – governador, senhor, é assim que ele é denominado nos Sinópticos cf. Mt 12.24)
deste mundo (12.31; 14.30; 16.11), que está procurando vencer Jesus, embora seja impotente para
tal (14.30), é como derrotado (expulso) por Jesus em sua cruz (12.31,32; 16.11).
 
PECADO.
        — “Nos Sinópticos hamartia foi utilizado para descrever os atos de pecado, manifestações de
pecado. Em João há uma ênfase maior, colocada sobre o princípio do pecado. O Espírito Santo
deve convencer o mundo do pecado (não de pecados) (16.8). O pecado é um princípio que, neste
estágio, se manifesta na descrença em Cristo. Todo aquele que vive na prática do pecado está em
escravidão — é um escravo do pecado (8.34). ‘O pecado humano é servidão ao poder demoníaco e,
conseqüentemente, completa separação de Deus.’ A menos que os homens creiam que Jesus é o
Cristo, morrerão em seus pecados (8.24). (Ladd, p. 214)
Trevas é sinônimo de pecado, indicando que o caráter do mundo é pecaminoso(trevas) (1.5), o
mundo procura engolfar (apanhar) os que andam na luz (12.35), mas quem anda nas trevas ignora
como e onde vai (12.35), Jesus o Logos de Deus, é o único que dissipa as trevas, quem nele crê,
recebe a luz e torna-se filho da luz (12.36).
 
PECADO É DESCRENÇA.
       — A frase, crer em Cristo (pisteuoeis), aparece apenas uma vez nos Sinópticos (Mt. 18.6), mas
em João, 13 vezes nas palavras de Jesus, e 29 vezes na interpretação de João. Ela é importante
porque expressa a essência da justiça, por outro lado, a descrença é a essência do pecado (16.9),
se os homens não crerem perecerão (3.16) permanecendo a ira de Deus sobre eles (3.36) morrerão
em seus pecados (8.24).
MORTE. 
         — “João não fala muito sobre a morte, a não ser como um fato a respeito da existência do
homem no mundo. Ele não oferece especulações a respeito da origem, quer de Satanás, do
pecado, ou da morte. À parte da vida trazida por Cristo, a raça humana está entregue à morte, e é
responsável por este fato, em virtude de ser pecaminosa. A morte é característica deste mundo,
mas a vida veio a este mundo procedente de cima, a fim de que todos os homens possam escapar
da morte e entrar para a vida eterna (5.24)” (Ladd, p. 214).
 
DUALISMO ESCATOLÓGICO.
           — Assim como nos Evangelhos Sinópticos há uma proclamação da salvação no Reino de
Deus escatológico, por meio de Jesus que invadiu a história pessoalmente para cumprir sua missão.
João anuncia "uma salvação presente na pessoa e missão de Jesus, a qual terá uma consumação
escatológica"(p. 221). O dualismo de João é bíblico, pois proclama a visitação de Deus encarnado
na história humana, e a meta final que é a ressurreição, o julgamento e a vida na era vindoura
"O mesmo dualismo, com seu duplo aspecto, caracteriza os escritos bíblicos. Se bem que a
estrutura básica dos Evangelhos Sinópticos revela um dualismo escatológico — a mensagem de um
Reino escatológico que irrompeu na história na pessoa de Jesus — os Evangelhos refletem também
um dualismo vertical. O céu é concebido como a habitação de Deus, ao qual os discípulos de Jesus
ficam dinamicamente relacionados. Os que conhecem a bênção da soberania de Deus e sofrem por
ele alcançarão grande recompensa nos céus (Mt 5.12). Jesus desafiou os homens a ajuntar tesouros
nos céus (Mt. 6.20)... A ilustração mais viva é o Apocalipse do Novo Testamento, onde João é
arrebatado aos céus em uma visão, a fim de testemunhar a revelação do plano redentor de Deus
para a história. Ao passo que ele observa as almas dos mártires sob o altar celestial (Ap. 6.9 e ss.), a
consumação outra coisa não significa senão a descida da Jerusalém celestial à terra (Ap. 21.2). A
estrutura básica da literatura bíblica é que há um Deus nos céus que visita os seres humanos na
história e que efetuará uma visitação final, a fim de transformar uma ordem — estado de coisas —
caída e habitar entre os homens em uma terra redimida. Isto é completamente diferente do dualismo
grego, o qual encontra salvação no vôo libertador da alma desde o plano da história até o mundo
celestial." (Ladd, p. 220). O Dualismo Escatológico:
Os profetas do Antigo Testamento ansiavam pelo dia do Senhor e por uma visitação divina para
purificar o mundo do mal e do pecado e, para estabelecer o reino perfeito de Deus na terra. Embora
seja discutido com termos diferentes pelos profetas do A.T, o reino de Deus em muitos textos se
refere ao seu estabelecimento na terra, em outros textos, o reino é futuro e escatológico. Veja os
textos, Am. 9.13- 15; Is. 65.17. É provável que os profetas e escritores da Bíblia entendessem que o
reino de Deus seria estabelecido no presente e no futuro, veja Mt. 12.32; Mc. 10.30; Rm. 8.18; Ap.
10.6 (BJ); Mc. 3.20; Lc. 1.33, 55; Hb. 1.8; Gl. 1.5; 1 Pd. 4.11; Ap. 1.18; Lc. 20.35; Mt. 24.3; 30-31;
13.39, 40, 49 e 13. 42-43. Em resumo, esta era presente que abrange o período desde a criação até
o dia do Senhor, que nos evangelho é designado em termos de parousia de Cristo a ressurreição e o
julgamento é a era da existência humana em fraqueza e mortalidade, do mal do pecado e da morte.
O século futuro será a realização de tudo aquilo que o reino de Deus significa, será a vida eterna
com Deus, a nova terra,onde o domínio de Deus e suas bênçãos serão constantes em sua plenitude,
Mt.19.28. 
O Dualismo Grego verifica a existência sob dois versos " — o fenomenal e o numenal: o
mundo mutável, transitório, visível e o mundo invisível, eterno, que é a esfera de ação de Deus. A
realidade última pertence somente ao mundo superior. O homem, da mesma forma que o universo,
é uma dualidade: corpo e alma. O corpo pertence ao mundo fenomenal, a alma, ao numenal. O
mundo visível inclusive o corpo do homem, não é considerado mau em si mesmo, mas é um fardo e
uma prisão para a alma. A famosa expressão idiomática que descreve a relação entre os dois é
soma-sema: o corpo é o túmulo ou prisão da alma. O homem sábio que é bem sucedido em
dominar suas paixões corporais e permitir que sua nous (mente) reine sobre seus desejos inferiores.
‘Salvação’ é para aqueles que dominam suas paixões; e, por ocasião da morte, suas almas serão
libertadas de sua escravidão terrena, corpórea, a fim de, libertas, desfrutarem uma imortalidade
abençoada. Salvação é alvo que se obtém como resultado da ação humana — pelo conhecimento.
Platão ensinou que a razão humana pode apreender a verdadeira natureza do mundo e do próprio
ser humano, e, dessa forma, controlar o corpo [...] No gnosticismo plenamente desenvolvido, a
matéria é ipso facto má, e o homem somente pode ser salvo mediante a recepção da gnosis
concedida por um redentor, que desceu ao mundo inferior, ascendendo, depois, ao mundo mais
elevado.” (Ibid, p.218)
 
Com relação ao dualismo de Qumran, existem semelhanças no dualismo ético e escatológico:
João usa as mesmas expressões de — luz versus trevas —, ao descrever situações éticas, e
também esboça a mesma expectativa do triunfo escatológico final da luz. Contudo difere do
dualismo de Qumran, no fato em que "o conflito é entre dois espíritos, dominando sobre duas
classes distintas de homens", mas no Evangelho o Logos encarnado é a luz, e todos os homens
estão em trevas, e são convidados a virem para a luz. Também difere acerca da teologia do pecado,
"nos escritos de Qumran, os filhos da luz são aqueles que se dedicaram à estrita obediência à Lei de
Moisés, conforme interpretada pelo Mestre da Justiça, os quais voluntariamente se separaram do
mundo (dos filhos da perversidade). Em João, os filhos da luz são aqueles que crêem em Jesus e
conseqüentemente recebem a vida eterna. Para Qumran, as trevas representam a desobediência à
Lei; para João, as trevas simbolizam a rejeição de Jesus." (Ibid, p.219-20) Concluímos que se houve
alguma influência de Qumran nos escritos de João, ocorreu apenas nos aspectos da linguagem e
terminologia característicos, já na teologia sofreu influência.

O EVANGELHO
 
ARREPENDIMENTO
  No Evangelho de João, Jesus é apresentado como salvador do homem (Jo 3.17 pois o
homem está perdido). Para a salvação, é preciso cumprir algumas condições (participação
humana): Mt. 3.2; Mc. 1.15
Arrependimento é uma das condições. E — Fé é a outra condição. Arrependimento é uma
mudança de mente (metanóia) e estado, na relação do homem para com Deus, e para com o
pecado. O verdadeiro arrependimento é aquele que contempla mais a Deus e a sua justiça, e não
meramente os seus pecados e as conseqüências de seus atos, como o fez Judas. (atitude que pode
levar de volta ao pecado).
Arrependimento não é um movimento suspeito que permita a pessoa olhar com saudade as
‘delícias’ do mundo pecaminoso. Arrependimento é uma volta completa, pela qual se fixa o olhar em
uma direção inteiramente oposta; e desde que o homem não tem olhos na parte posterior da cabeça,
o mundo fica completamente fora de vista da pessoa arrependida; só Deus fica à sua frente.
(Langston, p. 89-0)
 
 FÉ
Sabemos que o fundamento da salvação é a morte de Jesus Cristo, o que Ele fez por nós. Como
nós nos apropriamos desta tão grande salvação? É pela fé. Jo 3. 18-21 Fala da fé como condição
para que o homem possa apropriar-se da salvação.
Voltando à figura do pão, poderemos compreender claramente a função da fé. O que salva o
homem da morte pela fome é o pão (ou o alimento que ele representa). Para o indivíduo apropriar-se
do pão, importa que ele o coma. É verdade que o ato de comer não salva ninguém, o ato é
simplesmente o meio pelo qual o pão traz a salvação. O pão é que salva da morte física, por meio do
comer. Assim é o crer em Jesus. A fé, por si só, não pode jamais salvar a ninguém. O crer não salva.
Jesus é quem salva, porém esta salvação só vem por meio da fé; isto é, por crer. A não ser que se
coma do pão, é certa a morte do corpo. A não ser que se creia em Jesus, é certa a morte espiritual.
Crê ou morre, esta é que é a verdade. O ato de alguém crer em Jesus é em tudo semelhante ao ato
de comer o pão para saciar a fome. Pela fé somos salvos por Jesus. (Ibid., p. 168).
  João não usa a palavra fé no Evangelho, apenas uma vez na 1 Epístola cap. 5.4. Para João fé
não tem um só significado como acontece nos escritos de Paulo e na Epístola de Hebreus., no seu
entender há uma variedade de fé:
Jo 20.31 Indica o aceitar um fato e aceitar uma pessoa. Em 1 João ao combater o falso
agnosticismo, que negava a encarnação de Jesus, ele registra a fé como sendo uma afirmação de
que Jesus é o Cristo nascido de Deus. (Marta assim confessou João 11.27). Crer aqui é afirmar
certos fatos.
 Textos em que o verbo ‘crer’ aparece como objeto direto à Pessoa de Deus, ou Jesus Cristo:
João 14.1 “credes em Deus, crede também em mim.”
João 3.16 Fé aqui está em seu nível mais alto, mais perfeito e mais frutífero.
Por crer, o crente apodera-se da vida do objeto da sua fé. Do mesmo modo que o homem pelo ato
de comer se apropria da vida, da substância do pão, assim também o crente pelo uso da fé em
Cristo, se apropria de todo o poder e vida que estão em Jesus Cristo... no discurso de Jesus sobre o
pão da vida. As expressões... ‘vem a mim’, ‘crê em mim’, são sinônimas de ‘comer da minha carne’ e
‘beber do meu sangue’. Todas falam da mesma fé forte e vigorosa, ativa e frutífera. Elas ensinam
também que o valor da fé se deriva do seu próprio objeto. (Ibid., p. 170-1)
 
Aparece o verbo crer, às vezes, sem o objeto direto como em João 1.7 e 3.12 “Este veio para
testemunho, para que testificasse da luz; para que todos cressem por ele” — “Se vos falei de coisas
terrenas, e não crestes, como crereis, se vos falar das celestiais?”
 
A FUNÇÃO DA FÉ.
A fé propicia vida. Assim como a analogia do pão serve para explicar que fisicamente o
homem vive por comer; espiritualmente vivemos pela fé. Mas assim também, como o ato de comer
não nos salva da fome, também a fé não nos salva da morte. O pão é que salva, seu exercício
poderoso sobre o organismo, sacia a fome. Assim, Jesus é quem salva, com a sua vida, e o seu
poder espiritual.
 
A NATUREZA DA FÉ.  
A natureza da fé é propiciar o relacionamento vivo, perfeito e vital entre o Deus Salvador e o
homem pecador, é propiciar o remédio espiritual para o estado espiritual do homem.
A fé em si mesma é a submissão completa da personalidade a Jesus Cristo. (...) Mas a fé é mais do
que simplesmente um ato da inteligência; envolve a personalidade toda; é uma submissão voluntária
e inteligente da personalidade integral a Jesus Cristo. (...) Em geral a idéia é que quando alguém
pratica o ato de comer, está, por meio deste ato, entregando a comida ao corpo. Realmente é o
contrário; quando comemos não estamos entregando o alimento ao corpo, mas estamos entregando
o corpo ao alimento. Isto se torna bem claro, supondo que tomássemos um veneno qualquer; pois
vemos logo que o veneno se apossaria do corpo. O que se come domina o corpo; pois que ele, a
fim de assimilar o que come, submete-se à comida. Tem que ser assim, porque pelo plano de Deus
a comida vai agindo dentro do corpo, expulsando a fome e a fraqueza, edificando e fortalecendo o
corpo de muitas maneiras.(...) Havendo uma comida perfeita e uma completa submissão do corpo,
os resultados são ideais. A fé age da mesma maneira. Pela fé o homem entrega-se a Jesus Cristo,
o Pão dos céus, o perfeito alimento que nutre a alma; e Jesus, como o pão, vai agindo dentro da
nossa alma, fazendo a sua vontade. Ele expulsa de nós o pecado, purifica-nos e fortalece-nos
constantemente. A razão por que Ele não faz mais é a nossa imperfeita submissão. (Ibid., p. 172)
 
 A FÉ NOS ESCRITOS PAULINOS. “Para o apóstolo, a fé é confiar em Deus, é fazer repousar a
alma em Deus ou em Jesus Cristo; é uma atitude tanto receptora como simpática para com Deus e a
sua graça.” (Ibid., p. 334)
É uma questão de confiança do coração humano na justiça divina (Rm. 10.10)
É no coração que Cristo vem habitar pela fé em amor (Ef. 3.17)
A fé é um princípio ativo de operação numa personalidade receptiva e acionada pelo amor (Gl.5.6).
A fé é o grande motivo para a obediência e para aplicação às boas obras (1 Ts. 1.3; 2 Ts. 1.11)
A fé não atrapalha o crente na obra, ela o dispõe a trabalhar, só é contrária às obras quando estas
se colocam como fundamento da salvação.
Aquilo que é feito sem vir de fé é pecado, isto é, não ter a fé como fundamento. (Rm 14.23)
Uma das frases mais características de Paulo é a frase “crer em Cristo” para descrever um intimo e
pessoal relacionamento entre o crente e o Senhor. É a fé que propicia a entrada nesta relação
espiritual com Cristo, este é o objetivo da fé cristã. Viver pela fé em Cristo é como Paulo expressou
aos Gl. 2.20: É viver em Cristo, ou Cristo viver no crente. É viver em comunhão muito intima, onde as
coisas velhas já passaram, tudo se fez novo 2 Co. 5.17.
GÁLATAS 5.6 Diz que só a fé operada por amor é que tem valor; Ef. 1.13 em razão da fé o crente é
selado com o Espírito Santo; Rm. 3.22 a justificação é pela fé para todos os que crêem ; 2 Co 13.5
“Examinai-vos... se permaneceis na fé...”
 
 SALVAÇÃO PELA GRAÇA
  Visto que o homem está num estado pecaminoso, necessitado de salvação, vimos que a salvação
vem de Jesus.
Como a salvação se torna possível ao homem?
1 João 1.5,7,9
v. 5 “... declara que Deus é luz e não há nEle nenhuma treva. A conclusão, portanto, é que só os
que andam na luz serão purificados de todo o pecado... É de interesse observar também que o
pecado de que aqui se fala é o do crente e não o do descrente. Mas tanto de um como de outro é o
sangue de Jesus que nos purifica.” (Langston, p. 165)
v.7 o sangue de Jesus Cristo purifica de todo pecado
v. 9 fala da purificação, condicionada à confissão de pecados. Estas passagens indicam que a
morte de Jesus, referência ao seu sangue, de algum modo está ligada à salvação, mas não explicam
ainda a maneira pela qual a salvação é proporcionada.
 
Em 1 João 3.5 está registrado que Jesus se manifestou para tirar os nossos pecados; e no
Evangelho de João 1.29, Ele é indicado pelo profeta, como “... o Cordeiro de Deus, que tira o pecado
do mundo.’ Este último texto está diretamente relacionado com Isaías 53.7, dando-nos compreensão
de que a nossa salvação depende de Jesus Cristo — do seu sofrimento e do seu sangue.
 
A NECESSIDADE DA MORTE DE JESUS É DECLARADA
João 12.24 – Jesus diz que o grão de trigo (Ele) deve cair na terra, morrer, para muito frutificar.
(vv.32-33 diz que através da morte de cruz atrairá a todos)
João 6.51 (“o Pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo.”
João 10.11, 14 2 15 (O bom Pastor, deu a sua vida pelas ovelhas)
João 11. 47-53 (A profecia de Caifás, sumo sacerdote, “convém que um homem morra pelo povo, e
que não pereça toda a nação...)
 
Mas os dois textos mais importantes que fundamentam a doutrina da nossa salvação,
provavelmente são:
1 João 2.2 (Indica que Jesus é a propiciação pelos nossos pecados e de todo o mundo)
1 João 4.10 ( Revela que Deus nos amou antes, isto é, primeiro, e nos enviou seu Filho para fazer
propiciação pelos nossos pecados )
 
Os Escritos do Novo Testamento estão fundados nesta grande verdade, que João ensina, bem
como os outros — “o fundamento da salvação é a morte de Jesus Cristo. Ele fêz o grande sacrifício
pelo qual se realizou a nossa reconciliação com Deus.’ (Langston, p 167-8)
 
 Cristologia
ESTUDO DA PESSOA DE CRISTO NA TEOLOGIA DE PAULO.
“Nos Evangelhos, Christos é quase sempre um título, raramente um nome próprio. Em Paulo,
Christos tornou-se exclusivamente um nome próprio. V. Taylor acha que há apenas um lugar onde
Christos é usado como título: ‘e de quem descende o Cristo segundo a carne” (Rom. 9.5). A
experiência de Paulo ao encontrar-se com o Senhor no Caminho de Damasco, conhecendo-o como
o Messias, e não apenas (como no judaísmo) — Jesus de Nazaré. É um quadro que mostra a
“diferença da avaliação da pessoa de Jesus. Tudo o mais — sua idéia a respeito da salvação, da
Lei, da vida cristã — foi determinado por isto.” (Ladd, p. 383)
“A formula mais simplificada, ‘Jesus, o Messias’, desapareceu completamente, enquanto ‘Jesus
Cristo’ e a expressão completa ‘nosso Senhor Jesus Cristo’ são frequentemente usadas.” (Ibid,
p.384).
    - Em Antioquia (Atos 11.26) os crentes pela primeira vez foram chamados de Christianoi, o que
sugere que o termo Christos já seria visto como um nome próprio.
    - O fato de Paulo falar pouco acerca do Reino de Deus e do messiado de Jesus, se dá muito
provavelmente, pelo fato de estar se dirigindo não aos judeus, mas aos gentios, num mundo em que
“proclamar qualquer rei que não fosse César fazia com que se ficasse passível à pena de sedição
(At. 17.3,7)” (Ladd, p. 384).
- No entanto, encontramos as seguintes passagens: O Reino de Deus associado com a
ressurreição e a salvação (I Co 15.12); Uma bênção escatológica a ser herdada (I Co. 6.9,10; 15.50;
Gál. 5.21); um Reino igualado à “glória” (I Ts. 2.12); Um Reino que será visível à aparição
escatológica de Jesus Cristo (II Tm. 4.1); Por causa do Reino, o povo de Deus suporta os
sofrimentos neste mundo (II Ts. 1.5); Estes sofrimentos além de submissão, inclui o serviço pelo
Reino (Cl. 4.11), ajudando outros homens a entrarem nele. “Os Santos, por causa do que Cristo fez,
já se libertaram do poder das trevas — deste século mau e caído — e foram transferidos para o
Reino de Deus (Col. 1.13).” (Ladd, p. 385). "Este "reino de Cristo" não pode ser identificado com a
Igreja; pelo contrário, é a esfera da lei de Cristo, que é mais extensa que a Igreja. Idealmente, todos
os que estão na Igreja estão também no Reino de Cristo; mas exatamente como o Reino de Deus
escatológico é mais amplo do que a Igreja redimida e conterá a subjugação de tudo o que é hostil à
vontade de Deus, assim é o Reino de Cristo, aqui, a esfera invisível do reinado de Cristo, dentro da
qual os homens entram através da fé em Jesus Cristo. Assim, o Reino de Deus não está
preocupado primariamente com coisas físicas, por mais necessárias que sejam, mas com realidades
espirituais: justiça, paz e alegria — os frutos do Espírito Santo (Rom. 14.17).
    -  O entendimento de Paulo, do Messiado de Jesus, contém uma transformação de categorias
messiânicas tradicionais, pois não é como um monarca terrestre que Jesus reina de um trono de
poder político, mas como o Senhor ressuscitado, glorificado.
- Ele foi elevado aos céus (Rom. 8.34), onde está assentado à mão direita de Deus (Col. 3.1), e
agora reina como rei (basileuein, I Cor. 15.25). Contudo, seus inimigos não são mais reinos e
impérios — os inimigos terrestres do povo de Deus — mas poderes invisíveis, espirituais. O objetivo
deste reino é subjugar todos estes inimigos rebeldes sob seus pés; o último inimigo será a morte (I
Cor. 15.26). Isto corresponde ao fato de que o próprio Jesus havia recusado um reino terrestre
(João 6.15), havia afirmado que sua lei vinha de uma ordem mais alta e não se baseava em poderes
mundanos espirituais do mal (Mat. 12.28 e s.). (Ladd, p. 385).
 
A Pessoa de Cristo
O MESSIAS É JESUS. 
Não pode haver dúvida, para Paulo, que aquele que ressuscitou dentre os mortos e subiu aos céus,
e que agora reina como o Messias à mão direita de Deus não é ninguém além do Jesus de Nazaré.
O debate moderno a respeito do Jesus histórico e do Cristo exaltado e querigmático sempre
obscureceu o pensamento de Paulo, as se tentar fazê-lo responder a questões que ele nunca
levantou. (p. 386)
Se por um lado Paulo não levantou fatos biográficos do Jesus Histórico, ainda que ele conheceu algo
da tradição sobre a vida de Jesus I Cor. 11.23; Paulo sabe QUE: 
1) que Ele é um israelita (Rom. 9.5) da família de Davi (Rom. 1.3), 
2) que viveu Sua vida sob a Lei (Gál. 4.4), 
3) que Ele tinha um irmão chamado Tiago (Gál. 1.19), 
4) que era um Homem pobre (II Cor. 8.9), 
5) que exerceu Seu ministério entre os judeus (Rom. 15.8), 
6) que teve doze apóstolos (I Cor. 15.5), 
7) que Instituiu a ceia (I cor. 11.23 e ss), 
8) que foi crucificado, sepultado e ressurgiu dentre os mortos (II Cor. 4.14; I Cor. 15.4).  
Ele também estava "familiarizado com as tradições sobre o caráter de Jesus" faz menção:
A) da sua mansidão e benignidade (II Cor. 10.1), 
B) da sua obediência a Deus (Rom. 5.19), 
C) da sua constância (II Tess. 3.5), 
D) da sua graça (II Cor. 8.9), 
E) do seu amor (Rom. 8.35), 
F) da sua completa autoabnegação (Fil. 2.7 e s.), 
G) da sua justiça (Rom. 5.18), 
H) da sua impecabilidade (II Cor. 5.21) 
        Ainda que sejam poucas e casuais informações do Jesus histórico, isto não pode significar que
ele fosse um mito, ou um homem com consciência divina, foi porque ele teve uma experiência com
Jesus, o Senhor Exaltado, o que lhe propiciou um ministério sob a orientação do Espírito,
possibilitando-lhe conclusões e implicações acerca da pessoa divina de Jesus, como uma pessoa já
glorificada.     Paulo podia perceber os poderes do Reino que anteriormente estavam em Jesus
(histórico), agora concedidos pelo Espírito Santo para todos os crentes. Assim os poderes da Era
Vindoura, foram libertos das limitações de tempo e de espaço, pois estas bênçãos não estão mais
limitadas pela presença corporal de Jesus na terra, "O reino de Deus... consiste... na justiça, na paz
e na alegria do Espírito Santo" (Rom. 14.17). Tudo o que Paulo fez, foi incluir além do que já havia
na História e Missão de Jesus, a pregação do Jesus glorificado, revelando, expandindo e
aumentando tudo o que a vida, os feitos e as palavras de Jesus significam, expandindo o significado
escatológico total da pessoa de Jesus, seus feitos, sua morte , sua ressurreição e exaltação.  
   O enunciado de II Cor. 5.16, precisa ser entendido, sob a iluminação do Espírito:
quando se conhece a Jesus segundo a carne, se tem um entendimento errado de Jesus, foi assim
que o sinédrio pediu a crucificação e assim que Saulo foi levado a perseguir a Igreja.
         > Mas quando os olhos são abertos pelo Espírito, se pode entender, quem realmente era o
Jesus da história: o messiânico Filho de Deus.
 
JESUS, O SENHOR. 
       - Esta é a designação mais característica e predominante para Jesus (Kyrios), nos escritos
Paulinos e no cristianismo gentio em geral. As pessoas ingressavam à comunidade da Igreja
através da crença na ressurreição e da confissão de Jesus como seu Senhor (Rm. 10.9; I Co. 1.2; cf.
At. 9.14,21; 22.16; II Tm. 2.22). Cristo como Senhor é o centro da proclamação (II Co. 4.5).
É um relacionamento pessoal e da Igreja como um todo: 
"nosso Senhor Jesus Cristo" (28 vezes), 
"nosso Senhor Jesus"(9 vezes), 
"Jesus Cristo nosso Senhor"( 3 vezes). 
          O confessor, juntou-se à comunidade daqueles que reconhecem que Jesus é o Senhor, tanto
dos vivos como dos mortos ( Rm. 14.9), exaltado acima de todos os poderes (deuses, senhores,
quer reais ou imaginários) do kosmos (I Co 8.5,6). Ali aguarda até o Dia do Senhor (que veio a se
tornar o Dia do Senhor Jesus Cristo cf. II Tes. 2.2; 1 Co. 5.5; 2 Co. 1.14), quando o último inimigo há
ser subjugado aos seus pés. "Isto é claramente afirmado no grande hino cristológico em Filipenses
2.5-11[...] O significado do título Kyrios é encontrado no fato de ser Kyrios a tradução grega do
tetragrama YHWH, o nome convencionado para Deus no Velho Testamento. O Jesus exaltado
ocupa o papel do próprio Deus, no governo do Universo.
Paulo também menciona JESUS COMO O FILHO DE DEUS  
        - com alguma freqüência (Rm. 1.3,4; Gál. 4.4; para recebermos o status de filhos por adoção
(Gál.4.5), Jesus é filho único, próprio, o Filho de seu amor - comum em natureza entre Pai e Filho
(Rm. 8.3,32; Col. 1.13); A imagem do Deus invisível, o Primogênito (prototokos = prioridade temporal
ou soberania de posição).
 
CRISTO, O ÚLTIMO ADÃO. 
      - É entendido como embasamento do título Filho do Homem escatológico, "o homem do céu", = o
Senhor (I Co. 15.45-47), ele preexistia na forma de Deus (Senhor) (Fil. 2.6).
 
A Obra de Cristo
Expiação
A palavra ‘expiação’ ..., aparece apenas uma vez na AV — em Romanos 5.11; mas na RSV esta
palavra está adequadamente traduzida: ‘pelo qual temos recebido a reconciliação’. Enquanto a
palavra em si não é uma palavra do Novo Testamento, a idéia de que a morte de Cristo contornou o
problema do pecado humano e reconciliou os homens com Deus é uma das idéias centrais do Novo
Testamento. (Ladd, p. 397)
        A morte de Cristo é tema central na estrutura do pensamento paulino. Um exemplo disto é a
declaração confessional que Paulo recebeu da igreja primitiva (1 Co. 15.3), e “Em quase todas as
suas cartas, Paulo menciona, de uma forma ou de outra, a morte de Cristo (Rom. 5.6 e ss.; 8.34;
14.9,15; I Cor. 8.11; 15.3; II Cor. 5.15; Gál. 2.21; I Tes. 4.14; 5.10), seu sangue (Rom. 3.25; 5.9; Ef.
1.7; 2.13; Col. 1.20), sua cruz (I Cor.1.17 e s; Gál. 5.11; 6.12, 14; Ef. 2.16; Fil. 2.8; Col. 1.20; 2.14),
ou sua crucificação (I Cor. 1.23; 2.2; Gál. 3.1; II Cor. 13.4).
 
O AMOR DE DEUS. 
     - A morte de Cristo é a revelação suprema do amor de Deus (embora a base tanto no NT ou VT,
para a reconciliação por meio de Cristo, é a ira de Deus - a exigência de um sacrifício aceitável Rom.
3.21 e ss.; 1.18; Gál. 6.7). A cruz é a medida do Amor de Cristo, mesmo de Deus (II Cor. 5.19; Gál.
2.20; II Cor. 5.14; Ef. 5.25)
 
EXPIATÓRIA. 
    - "Paulo vê a morte de Cristo como uma morte expiatória"(Ladd, p. 399) Associada com o ritual e
conceito de sacrifício do VT (Rom. 3.25 alusão à oferta pelo pecado oferecida pelo Sumo Sacerdote
no dia da Expiação; Ef. 5.2 Oferta e sacrifício a Deus em cheiro suave; I Cor. 5.7 Cristo, nosso
cordeiro pascal, sacrificado; através do seu sangue temos um propiciador Rom. 3.25, que nos
justifica Rom. 5.9, nos redime Ef. 1.7, nos aproxima de Deus Ef. 2.13 e nos outorga a paz Col. 1.20)
 
VICÁRIA. 
    - Teologicamente é usada a palavra "vicária", para significar que Cristo não morreu meramente
como um homem comum e por causa própria. Ele 'morreu por nós'(I Tess. 5.10; Rom. 5.8, 32; Ef.
5.2; Gál. 3.13). Ele indicou que tipo de morte teria (Mar. 10.45) "para... resgate de muitos"
 
SUBSTITUTIVA. 
    - Ele foi o único que não conheceu pecado (II Cor. 5.21) no entanto ele sofreu a morte no lugar de
todos os culpados (pecadores) que mereciam morrer, por causa dela fomos libertados da
condenação e da experiência da ira de Deus. Cristo já morreu por todos, "logo todos morreram"(II
Cor. 5.14; nos identificamos com Cristo na sua morte, Gál. 2.20 Ele morreu em meu lugar, agora
serei poupado dessa morte (II Cor. 5.15; I Tim. 2.6; Gál. 3.13; Ef. 2.8,9).
 
PROPICIATÓRIA. 
    - A palavra "propiciação" (hilasterion) está no centro da doutrina de Paulo acerca da morte de
Cristo (Rom. 3.24,25), "Através da morte de Cristo, o homem é liberto da morte; ele é absolvido de
sua culpa e justificado; é efetuada uma reconciliação, pela qual a ira de Deus não precisa mais ser
temida. A morte de Cristo salvou o crente da ira de Deus, de modo que ele não mais espera pela ira
de Deus, mas pela vida (I Tess. 5.9) . A culpa e a condenação do pecado foram carregados por
Cristo; a ira de Deus foi propiciada."(Ladd, p. 403)
Sobre a ira de Deus ver (Rom. 1.18; 1.32; 2.5, 12; 6.23).
Um reconhecimento total do caráter propiciatório, substitutivo, da morte de Cristo não tem que
permitir-nos negligenciar ou menosprezar a doutrina de que a morte de Cristo, como uma
demonstração do amor divino, está designada a atear uma reação amorosa nos corações dos
homens. O objetivo e o caráter substitutivo da morte de Cristo como a demonstração suprema do
amor de Deus deve resultar numa transformação de conduta executada pelo poder restritivo desse
amor. Aqueles que reconhecem e admitem este amor têm que submeter-se ao seu poder
controlador; porque Cristo morreu por todos, os homens não devem mais se dedicar à satisfação de
seus próprios desejos, mas a ele, que, por amor a eles, morreu e ressuscitou (II Cor. 5.14,15). A
influência moral da morte de Cristo sobre as vidas dos homens não deve ser ignorada, porque tem-
se abusado deste ensino e erroneamente feito dele a verdade central da expiação. O amor de
Cristo manifestado em dar-se a si mesmo como um sacrifício a Deus deve ser imitado através de se
andar em amor ( Ef. 5.2). O exemplo de total humildade de Cristo em submeter-se em perfeita
obediência a Deus, mesmo essa obediência levando a morte na cruz, deve ser emulada pela
conduta humilde de seus discípulos em seus relacionamentos uns com os outros (Fil. 2.5 e ss). O
significado propiciatório, substitutivo, os benefícios do qual devem ser recebidos, pela fé, como uma
dádiva de graça; mas a influência subjetiva de sua morte, em despertar a reação de amor nos
corações dos homens, não pode ser nem negada nem ignorada. Há tanto uma significação objetiva
como uma subjetiva na morte de Cristo. (Ladd, p. 405)
 
REDENTORA. 
    - Palavras usadas no grego clássico e helenístico, denotam que houve um preço pago para
resgatar o homem que estava sob o penhor da escravidão.
Tito 2.14 (lutroo) "para nos remir";
Mc. 10.45 (lutron) "em resgate de muitos";
I Tm. 2.6 (antilutron) "em resgate por todos" "O uso de anti sugere substituição. A morte de Cristo foi
um resgate-substitutivo." (Ladd, p. 405) 
Rom. 3.24,25 (apolutrosis) "mediante a redenção" (Ef. 1.7).
I Cor. 6.19,20 (agorazo) "fostes comprados por preço"
Gál. 3.13 (exagorazo) "Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós" (cf.
4.4,5).
"Morris resume adequadamente a doutrina da redenção, incluindo ambos os
grupos de palavras. (a) O estado, para fora do qual o homem deve ser
redimido. Isto é semelhante à escravidão, que o homem não pode romper;
assim a redenção contém a intervenção de uma pessoa de fora, que paga o
preço que o homem não pode pagar. (b) O preço que é pago. O pagamento
de um preço é um elemento necessário na idéia da redenção; e Cristo pagou o
preço de nossa redenção. (c) O estado resultante do crente. Isto se expressa
num paradoxo. Somos redimidos para a liberdade, como filhos de Deus; mas
esta liberdade significa escravidão a Deus. A questão total desta redenção é
que o pecado não mais tem domínio. Os redimidos são aqueles que foram
salvos para fazerem a vontade de seu Mestre." (Ladd, p.406-7).
 
TRIUNFANTE. 
    - A morte de Cristo obteve triunfo sobre todos os poderes cósmicos (Col. 2.15). Ele está reinando
até que todos os inimigos sejam postos debaixo de seus pés: ( I Cor. 15.24,25). Seja regentes
políticos como Pilatos ou Herodes; ou sejam poderes angelicais, todos estão derrotados na vitória de
Cristo na cruz (Cf. Col 2.15).
 
 

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