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MATERIAL DE APOIO

AULA 3
Palavra do Preletor
Rev. Hernandes Dias Lopes

Eu não podia imaginar que este projeto tão


simples e despretensioso pudesse reunir tanta
gente. Tenho certeza que ao longo deste curso,
estaremos ao seu lado, trabalhando para que
você possa, de fato, sentir uma revolução em
sua vida e no seu ministério de pregação.

Na aula de hoje vamos tratar de um assunto da


mais alta importância, que é como você ganhar
a atenção dos seus ouvintes na introdução do
seu sermão.

Vamos lidar com isso juntos. Traremos algumas


dicas práticas, conselhos e orientações
fundamentais para que você possa ter melhor
desempenho e eficácia na pregação e já de início
ganhar a atenção dos seus ouvintes.
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Ter uma visão mais ampla e completa acerca
da pregação expositiva é muito importante.
Já compartilhamos com você duas etapas.
Primeiro, falamos sobre os três pilares da
pregação transformadora. Segundo, como
montar passo a passo um esboço harmônico,
dinâmico e sugestivo.

Então, peço que você volte agora, recapitule e


refresque sua memória acerca dessas aulas.

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AULA 3
Introdução: O segredo da
conexão com os ouvintes.
1
Princípios fundamentais

Agora quero compartilhar com vocês alguns


princípios que considero fundamentais para o
êxito de seu ministério de pregação. São dicas,
conselhos e orientações que podem ajudar você
a ser fiel e relevante na pregação da Palavra.

Em primeiro lugar, a apresentação do pregador.


Um dos maiores problemas que tenho constatado
e visto, tanto no Brasil quanto mundo afora é
que o pregador convidado, ao ser apresentado
à congregação, gasta um tempo enorme
fazendo uma apresentação pessoal ou trazendo
saudações de pessoas que o povo nem conhece.

Na verdade, as pessoas que estão ali no


templo, não estão interessadas nas palavras de
autoelogio, ou elogios ao pastor que convidou
nem mesmo nas múltiplas saudações que o
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pregador traz. Esse tempo gasto além de ser
uma inadequada mordomia do tempo, leva o
pregador a perder o seu auditório antes mesmo de
pregar. Longe de criar empatia com o auditório,
desconecta-o do pregador. O pregador não foi
chamado para fazer elogiosas apresentações
de si mesmo nem de quem o convidou. Ele foi
convidado para pregar e isso que ele deve fazer
logo ao ser apresentado.

Em segundo lugar, o pregador e seus produtos.


Já vi, também, pregadores que ao se levantar
para ler o texto, gasta um tempo enorme
apresentando seus livros ou cantores que antes
de cantar, fazem questão de falar à exaustão de
seus CD’s e mídias. Isso leva as pessoas a ficarem
em dúvida sobre as verdadeiras motivações do
pregador. Eles ficam a pensar que o pregador e/
ou cantor está ali para vender seus produtos ou
se está ali para pregar e/ou louvar a Deus. O fato
é que aqueles que assim procedem, perdem a
atenção do auditório já no começo.

O pregador é como um motorista que convida


as pessoas a fazerem uma viagem com ele.
Precisam dizer onde estão, para onde vão e quais
são os pontos de parada. Se o pregador perde a
conexão com seu auditório já no início, ele viaja
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sozinho. Os passageiros nem sequer embarcam
com ele.

Minha sugestão: Quando você for convidado para


pregar, ao ser apresentado, levante-se. Faça
uma saudação respeitosa e rápida. Agradeça
ao pastor que o convidou o privilégio de estar
ali. E imediatamente, convide o povo a abrir a
Bíblia. Isso demonstra que você está ali com
uma mensagem da parte de Deus e que essa
mensagem não procede de você mesmo, mas
emana das Escrituras.

Em terceiro lugar, o pregador e sua gramática.


Todo pregador precisa ser cuidadoso com sua
comunicação. Se atropelar a gramática ele
pode perder seu auditório. Um exemplo simples
disso: O pregador, mesmo tendo à sua frente
milhares de pessoas não deve dizer: “Vamos
abrir as nossas Bíblias”; mas, deve dizer: “Vamos
abrir a nossa Bíblia ou vamos abrir a Palavra
de Deus”. Embora haja muitas pessoas no
auditório, cada pessoa só tem uma Bíblia. Do
mesmo modo: Vamos abrir nossa boca e não
nossas bocas. Vamos abaixar nossa cabeça e
não nossas cabeças. Vamos amar nosso cônjuge
e não nossos cônjuges etc. Se cometermos um
erro acerca da língua portuguesa logo de saída,
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podemos perder a conectividade com alguns
ouvintes já de partida.

Em quarto lugar, o pregador e a familiaridade


com o texto. Já falei anteriormente que, antes
de ir ao púlpito, o pregador precisa ler o texto
diversas vezes. Você precisa estar familiarizado
com o texto. É importante entrar no texto
e permitir que o texto entre em você. Você
deve morar no texto. Ao se levantar para ler a
passagem bíblica, que servirá de base para seu
sermão, observe atentamente a pontuação.
Leia pausadamente, com uma entonação de
voz que expresse a vivacidade do texto. Sua
leitura precisa ser clara, bela e eloquente. Se
o texto é uma narrativa, onde se apresentam
várias personagens, module sua voz para que
as pessoas sintam a transição da fala e assim
vejam a riqueza da narrativa. Se o texto for
menor, se possível, memorize a passagem. Estou
certo de que, assim, você ganhará a atenção
do seu auditório a partir da leitura do texto. As
pessoas chegarão à conclusão que você tem
familiaridade com o texto e que você tem algo
de relevante a dizer a eles na exposição do texto.

Nunca é demais enfatizar que essa introdução


é fundamental, pois é neste momento que o
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pregador ganha ou perde a conectividade com
os seus ouvintes.

Em quinto lugar, o pregador e a sua voz. Outro


ponto digno de destaque é a necessidade do
pregador modular sua voz ao longo do sermão.
Poucas pessoas toleram ouvir um pregador cuja
voz é monótona, ou seja, que fala no mesmo tom
de voz do começo ao fim. O sermão tem seus
momentos de pico, de entusiasmo, quando o
pregador deve elevar a sua voz. Mas, também,
há momentos solenes em que ele deve abaixar o
tom, e prender a atenção de seus ouvintes, como
se eles tivessem com a respiração suspensa para
prestar atenção. Quando o pregador ganha a
atenção de seus ouvintes já no começo, ele viaja
sem qualquer desembarque de seus ouvintes.

Em sexto lugar, o pregador e sua apresentação


pessoal. O pregador deve vestir-se com
modéstia, mas com bom gosto. Precisa estar
asseado. Suas roupas precisam estar limpas,
bem passadas. Seus sapatos precisam estar
limpos e engraxados. Sua roupa precisa estar
combinando. Se o pregador não tem um bom
gosto para escolher suas roupas, ele deve
pedir ajuda a alguém de sua casa. Antes de
sair de casa, deve olhar-se no espelho para
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ver se a roupa está adequada para o momento.
Mesmo que você ache que essas coisas não são
importantes e que você não liga para isso, seu
auditório liga. Um pregador que não se prepara
nem para se vestir, não deve ter tido o cuidado
para preparar também o seu sermão. É claro que
o pregador pode também desviar a atenção do
seu auditório pela ostentação. O púlpito não é
uma passarela de moda. O púlpito não é lugar de
exibição. O púlpito não é um ambiente propício
para ostentar grifes famosas, especialmente se o
pregador está pregando para uma congregação
de baixa renda.

Em sétimo lugar, o pregador e seu olhar. Os


olhos são a lâmpada do corpo. Ao começar sua
mensagem, olhe nos olhos do seu auditório,
lembre-se que você não está pregando diante
do auditório, mas sim ao auditório. Mesmo a
pessoa que está assentada no último banco
precisa perceber que você está olhando para ela
e falando com ela.

Em oitavo lugar, o pregador e o autoconvite. Não


é elegante nem ético um pregador se oferecer
para pregar. Isso passa um ar de arrogância e
soberba. Isso dá a ideia de que o pregador parece
dar a si mesmo mais importância do que de fato
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ele tem. Muitos pregadores ao se oferecerem
para pregar ou buscarem abrir agendas para
pregar, revelam mais interesse no prestígio
pessoal ou mesmo nas ofertas que auferem
dessas agendas. Se o pregador é convidado
para pregar, deve fazê-lo com tanta humildade
e excelência, que novas portas podem se abrir.
Devemos certamente aproveitar todas as portas
abertas, mas jamais tentar abrir à força ou
arrombar as portas fechadas.

Em nono lugar, o pregador e a dependência de


Deus. Nada é mais perigoso para um pregador do
que a soberba. Nada é mais insensato do que um
pregador fazer propaganda de si mesmo. Nada
é mais desagradável do que um pregador fazer
elogios a si mesmo. O pregador precisa entender
que está sempre aquém desse sublime privilégio
de pregar o evangelho. Mesmo depois de trinta
e nove anos de ministério até hoje me sinto
inadequado. Minhas mãos ainda ficam suadas e
meus joelhos bambos. Tem pessoas que pensam
que depois de tanto tempo de ministério, pregar
se torna uma coisa comum. Mas não é assim.
Pregar jamais é uma coisa comum. Como
pregadores, lidamos com o sublime. Então,
tenha o coração quebrantado. Tenha humildade
e dependência de Deus.
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Dependa de Deus, prepare seu coração, prepare
o seu sermão. Porque nós só podemos falar aos
ouvidos, mas o Espírito Santo é o único que pode
falar ao coração. Não credite os resultados das
mensagens a você, pois se o Espírito Santo não
falar, em vão o homem fala.

A pregação não é um discurso vazado pela


sabedoria humana; é algo sublime e glorioso.
Portanto, dependa de Deus, ore, jejue por essa
mensagem e se Deus, por sua bondade e graça,
agiu poderosamente, não dê os créditos a você
mesmo, pois tudo provém de Deus. O poder é
de Deus, quem dá a fé salvadora é Deus, quem
chama é Deus e toda a glória pertence a Ele.

Pode acontecer, também, que as pessoas


queiram enaltecer você e colocar você num
pedestal. Mas não aceite isso!

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2
Analogia ou contraste

Gostaria agora de entrar no conteúdo pro-


priamente dito sobre uma boa introdução do
sermão, que pode ser feita de duas maneiras:
Analogia ou contraste do tema que você irá
propor.

Vamos começar com a analogia.

Vou usar como exemplo um sermão que eu


preguei sobre o texto de 1 Samuel 1.1-28. Meu
tema foi: “Não desista dos seus sonhos”.

Nesse sermão eu conto a história de um espor-


tista da Nova Zelândia, Edmund Hillary, que em
1952, nutriu em seu coração o sonho de escalar
o monte mais alto do planeta, o monte Everest,
com mais de oito mil e oitocentos metros de al-
titude. Conto como ele se preparou para aquela
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grande empreitada de sua vida, mas fracassou,
na primeira vez. Seis meses depois foi convidado
a dar uma palestra em Londres, na Inglaterra, e
propositalmente colocaram uma grande gravu-
ra do monte Everest na parede. Ele entrou, viu a
gravura e cabisbaixo se dirigiu à plataforma. Por
um momento, ele esqueceu a plateia, olhou para
a gravura e disse: “Monte Everest, da primeira
vez tu me derrotaste, tu porém, não podes cres-
cer mais, mas eu ainda estou crescendo. Da pró-
xima vez, eu te vencerei”.

Seis meses depois ele foi o primeiro homem


da História a chegar no topo do pico Everest,
deixando-nos um legado: Não desista dos seus
sonhos.

E é neste ponto que você entra no sermão. Você


fez uma introdução por analogia, falando de
uma pessoa que não desistiu dos seus sonhos.
É nesse ponto que você chama a atenção do
seu auditório para Ana, a mulher estéril, que não
desistiu do sonho de ser mãe.

O segundo método é por contraste.

Pregando no texto de Romanos 8.26-30,


falando sobre o tema: “Mais do que vencedores”

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mencionei a frase: “Nem todas as pessoas que
sonham vencer na vida, vencem na vida” e
ilustrei isso com a saga esportiva brasileira.
Reportei meus ouvintes ao que aconteceu no
Brasil em 1950, quando hospedamos a primeira
copa mundial de futebol. Naquela época a
imprensa mundial apontava o Brasil como forte
candidato a sagrar-se campeão do mundo. Para
não frustrar essa expectativa, o Brasil abriu o
campeonato mundial de futebol goleando o
México por 4X0 no Maracanã. Depois, vem para
São Paulo e empata com a Suíça, por 2x2, É
classificado para a segunda fase ao ganhar da
então Iugoslávia, por 2x0. A partir daí o Brasil se
torna o grande fenômeno mundial de futebol.
Pois na segunda fase goleou a Suécia por 7X1.
Na semifinal, goleou a Espanha em 6X1 e no dia
16 julho 1950, entrou no Maracanã, para disputar
a final contra Uruguai, com 198 mil torcedores,
dependendo apenas de um empate contra o
Uruguai.

Houve uma grande expectativa no país inteiro de


que o Brasil seria o campeão. Em todas as praças
brasileiras, capitais e principais cidades as
pessoas celebravam antecipadamente a vitória.

Quando o Brasil entrou em campo, fez 1x0 no


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primeiro tempo. Quase voltaram para o segundo
tempo com a faixa de campeão no peito. Porém,
o Uruguai empata o jogo e antes da partida
encerrar, o time adversário faz 2X1. O Maracanã
cobriu-se de silêncio, o Brasil inteiro de lágrimas
e a expectativa de vitória se tornou uma derrota
amarga e fatídica”.

Então, eu faço a transição para o tema: este


porém não é o destino dos filhos de Deus. Não
temos apenas expectativas de vitórias, mas sim
temos garantia de vitória, porque somos mais
que vencedores em Cristo Jesus. A partir daí,
entro na exposição da palavra.

Após a introdução, conecte-a com o seu tema e


este deve ser relevante e atraente.

Entre a introdução e conclusão, use ilustrações.


Mas, cuidado para não fazer das ilustrações a
parte principal do sermão.

Tem muitas pessoas que acham que contando


boas ilustrações é o mesmo que pregar bem,
mas não é. O sermão é a explicação da Escritura
e a ilustração lança luz no assunto que você está
tratando.

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Cuidado para você não usar exageradamente
ilustrações pessoais. Isso pode comprometer a
privacidade da sua família. Aqui vale o ditado
popular: “Lugar de lavar roupa suja é em casa”.
Não exponha seu cônjuge e seus filhos. Cuidado
também para não ser pedante, fazendo elogios
descabidos à sua família. Isso é inadequado!

Por fim, para uma boa conclusão, você pode usar


algumas estratégias. Primeiro, faça uma síntese
e relembre o que você expôs em sua mensagem.
Segundo, conclua sua mensagem contando uma
boa ilustração que vai endereçar seus ouvintes
para a essência do que você ensinou. Terceiro, o
sermão precisa terminar num climax, lá em cima.
Lembre-se, o sermão precisa ser bem planejado
com introdução, conteúdo e conclusão.

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ATÉ A PRÓXIMA AULA!

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Este eBook é parte integrante do conteúdo
de curso da Semana Pregação Transformadora
realizado pelo Ministério Luz Para o Caminho.

WWW.LPC.ORG.BR

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