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PACTO DE OBRAS

# SLIDE 2:

- O termo pacto - Conceito de pacto de obras - Natureza do pacto de obras

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# SLIDE 3: O termo pacto - Definições segundo alguns autores e a minha definição

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# SLIDE 4: Outros termos

ESTES OUTROS TERMOS FORAM CUNHADOS POR AQUELES QUE NÃO ACHAM CORRETO, OU ATÉ MESMO NÃO GOSTAM,
CHAMAR O “ACORDO” ENTRE DEUS E ADÃO DE PACTO DE OBRAS.

- Pacto da criação: Por ter surgido no início de tudo;

- Primeiro pacto: Por ter sido o primeiro;

- Pacto da natureza: Corresponde ao estado original do homem, neste caso Adão;

- Pacto legal: Pelo fato de requerer obediência perfeita do homem à vontade de Deus;

- Pacto Edênico: Por ter surgido no Jardim do Éden;

- Pacto Adâmico: Por ter sido feito com Adão.

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# SLIDE 5: O Conceito

1. O conceito de Pacto de Obras está antes do período da pós-reforma, vejamos.

- Um estudioso do Oriente Próximo, Delbert Hillers comenta que:

“A expressão que se tornou comum é ‘tratado de suserania’ e essa expressão se encaixa muito bem na tradução de pacto”.

Este tratado se deu muito antes da Bíblia ser escrita. Quando o antigo Oriente Próximo já tinha uma versão secular de aliança
em forma de tratados entre suseranos e vassalos. Os tratados do Império Hitita (1450 – 1180 a.C) especialmente, são
semelhantes ao que encontramos na Bíblia.

O tratado era o seguinte: O rei menor (vassalo) poderia fazer uma aliança como grande rei (suserano) ou, como muitas vezes
acontecia, um suserano podia salvar um vassalo da morte e reivindicar o direito de anexar os que se beneficiaram de sua
bondade, por meio de um pacto, ao seu império. Eles seriam o seu povo, e ele lhes seria o seu suserano.

- Agostinho de Hipona no século 5 já traz o conceito de pacto de obras, em sua obra intitulada Cidade de Deus. Ele diz:

“Até os infantes os tem quebrado, não em suas próprias vidas, mas na origem com a qual eles compartilham com toda
humanidade, sendo que todos quebraram o pacto de Deus naquele único homem em que todos pecaram. Muitos pactos, de
fato, são chamados pacto de Deus, além dos dois principais, o antigo e o novo, que todos podem aprender a lê-los. E o primeiro
pacto, feito como primeiro homem, é sem dúvida isto: ‘No dia em que comeres do fruto, certamente morrerás’”.

Está também em outros documentos que não seja o Catecismo de Westminster.

- Zacarias Ursinos (1562): Um dos autores do Catecismo de Heidelberg. Também tem um Catecismo pessoal chamado de
Catecismo Maior. Neste último ele fala sobre o pacto de obras, enquanto, no de Heidelberg ele não o coloca. Ele diz:

“A lei contém o pacto da natureza estabelecido por Deus com o homem na criação; isto significa que Ele é conhecido pelo
homem a partir da natureza, ele exige perfeita obediência de nós para com Deus, e promete a vida eterna aqueles que o
guarda mas ameaça com punição eterna àqueles que não o guardam”

- Na própria Contra Reforma há menção do pacto de obras.


2. Não há pacto em Gênesis 1 e 2

- Mesmo não havendo o nome pacto no texto de Gênesis 1 e 2, não é prova que o conceito não esteja lá. Um exemplo claro é
a aliança que Deus fez com Davi relatado em II Samuel capítulo 7. Aqui também não aparece o termo aliança, mas, o Salmo 89
nos que neste caso houve sim um pacto.

- John Murray (Teólogo Reformado Escocês) nos diz que não se pode detectar tratativas divinas com Adão de uma aliança no
texto de Gênesis 1 e 2.

- Outros Teólogos como Arthur Mackif, depois de verem elementos legais do pacto de Deus para com Moisés, passaram a
enxergar que estava lá, em Gênesis 1 e 2, a essência do pacto de obras.

3. O caráter “inconclusivo” do nome aliança

- Muitos Teólogos tem dificuldade de ver uma aliança em Gênesis 1 e 2 devido ao termo pacto ou aliança não ser empregado
nele (texto).

- A palavra hebraica mais usada para este conceito é berit.

* Vamos entender um pouco sobre este conceito.

- Se os escritores do Novo Testamento queriam manter a ideia de aliança, teriam empregado a palavra grega syntheke (συ

νθήκη) em vez de diatheke (διαθήκη), pois o anterior se refere a um acordo bilateral. Diatheke não
é uma tradução de berit, mas um conceito totalmente diferente. Um contrato bilateral é feito entre duas partes vivas,
enquanto um testamento (última vontade) é passado aos herdeiros com a morte do benfeitor. (Michael Horton)

** Syntheke = pacto feito entre duas ou maias partes e firmado por um sinal visível.

*** Diatheke = pacto unilateral quando Deus impõe sua vontade ao homem

Devemos observar que os setenta escribas que traduziram as Escrituras hebraicas para o grego (LXX – Septuaginta), já tinha
traduzido berit por diatheke antes da chegada de Cristo, e é improvável que eles se sentissem embaraçados por entregar a
ideia de aliança bilateral a um conceito estranho mais associado, não com tratados internacionais, mas com a disposição da
propriedade com a morte de uma pessoa. (Michael Horton)

Todo e qualquer pacto que aparece na Bíblia é feito de forma unilateral, pois, Deus é quem dá as ordens e diz as consequências
de obedecê-la ou desobedecê-la. Quando a outra parte age é conforme a literalidade da promessa, ou seja, a escolha em fazer
ou até mesmo não fazer está implícita no pacto.

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# SLIDE 6: A natureza do pacto de obras

- O termo pacto de obras, por enfatizar a condição exigida pelo pacto, ou seja, a obediência de Adão, pode eclipsar a sua
natureza graciosa. O pacto de Deus com Adão é uma manifestação da graça divina para com a raça humana.

- Por causa do resultado desastroso advindo sobre o homem em virtude da sua desobediência ao pacto de obras – isto é, a
queda – podemos deixar de perceber a natureza graciosa desse acordo.

- A imutabilidade da imago Dei:


Obedecendo à razoável condição imposta por Deus, nossos eles poderiam ser elevados a um estado ideal, no qual não mais
poderiam pecar, e assim transmitiriam, por geração, essa natureza impecável a toda a sua posteridade.

- Ireneu de Leão: Conceito de recapitulação = Anakefaleces

Irineu combatendo o gnosticismo, que por sua vez tinha o deus do antigo testamento como um demiurgo (um ser
intermediário de Deus na criação do mundo, uma espécie de deus responsável pelo mal. Para Platão um artesão, criador do
universo), apresenta uma linha de refutação que apresenta uma continuidade entre ambos os testamentos tendo Cristo como
ponte de união. O Cristo plenamente divino se tornou plenamente homem para reunir toda a humanidade em Si mesmo. O
que foi perdido através da desobediência do primeiro Adão foi restaurado através da obediência do segundo Adão.
A história de Israel é uma recapitulação da criação e queda de Adão. Israel também foi colocado num belo jardim que não
plantou, e acabou contaminando-o com falsos deuses.

- Pacto de Obras versus Pacto da Graça

O pacto de obras não é, portanto, essencialmente diferente do pacto da graça. Ambos oferecem graciosamente a imago Dei
ao homem (confirmada, no primeiro pacto, ou restaurada, no segundo) sob a condição de obediência irrestrita de um
representante idôneo à vontade expressa de Deus.
A diferença fundamental entre o pacto de obras e o pacto da graça é que, no primeiro, a obediência foi requerida do próprio
homem (visto que santo); enquanto no segundo, a obediência de um Mediador divino é aceita e imputada ao homem, por
meio da fé salvadora.
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# SLIDE 7: Elementos do pacto de obras

- Embora, como já mencionado, o termo pacto não seja empregado em Gênesis 2:7-17, percebe-se explícita ou implicitamente
no texto todos os elementos essenciais que caracterizam um pacto divino-humano, isto é: as partes pactuantes, o selo do
pacto, a promessa, a condição e a penalidade, em caso do não cumprimento da condição exigida.

- Partes envolvidas: Deus e Adão, ou melhor a Trindade e toda raça humana representada na pessoa de Adão. Isso quer dizer
que o ato de Adão traria consequência para toda sua posteridade.

- O selo do pacto: Assim como fez com Noé selando sua promessa com o arco-íris, como sinal de que não mais destruiria a
terra com inundação. Fez também com Abraão quando instituiu a circuncisão prometendo-lhe ser o se Deus e dar numerosa
descendência. Ao renovar esse pacto com a Igreja selou através do batismo, como selo da nova aliança. Portanto, a árvore da
vida é interpretada por teólogos reformados como o selo do pacto de obras. Era um sinal visível que apontava para a promessa
do pacto.

- Promessa do Pacto: A promessa do pacto de obras é a mesma do pacto da graça: a imago Dei eterna, a confirmação do ser,
da santidade e da funcionalidade originais do homem. O texto de Gênesis 2 não afirma explicitamente que essa é a promessa
do pacto com Adão. Contudo, ela é necessariamente inferida: (1) “Da menção da árvore da vida, e da expulsão do homem do
Éden após a queda, a fim de que não comesse dessa árvore”.17 (2) Da penalidade do pacto.

- Condição do pacto: O que foi estabelecido no pacto? O que ficou acordado?


Os teólogos reformados entendem que a condição de não comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal é
representativa, isto é, inclui toda a lei moral que havia sido impregnada por Deus na consciência dos nossos primeiros pais.
Daí ele ter escolhido.

Bavinck coloca que: “Adão foi colocado sob um mandamento probatório, onde ele poderia escolher entre Deus ou o homem,
entre a palavra divina ou o discernimento humano, a obediência implícita ou a investigação própria, a fé ou a dúvida.”

A doutrina reformada do pacto de obras também sustenta que a condição do pacto foi temporária. Trata-se de uma prova a
que Adão foi submetido por um determinado tempo, e não indefinidamente. Tratava-se de uma decisão quase que imediata.

A fé reformada entende, portanto, que as duas árvores especiais colocadas no jardim do Éden eram exclusivas: ou Adão
comeria uma ou a outra, definindo imediatamente o seu destino e o destino da raça humana. Por isso, imediatamente após
ter comido o fruto da árvore proibida Deus o tirou de perto da árvore da vida para que ele não tomasse para si. O que não
dava mais, pois o pecado havia entrado nele, daí a necessidade de um novo Adão (Cristo), inteiramente imaculado, sem pecado
para devolver a raça humana a oportunidade de comer do fruto da árvore da vida, restaurando a imago Dei e
consequentemente ofertando a todos aqueles que o tem como Senhor e Salvador e o segue-O, a vida eterna.

- Penalidade do pacto: A morte.


A morte seria o resultado inevitável e terrível da desobediência ao pacto de obras. É preciso compreender que o sentido bíblico
de morte não é de extinção ou aniquilação do ser, mas de separação: separação da fonte da vida, separação de Deus, com o
inevitável resultado da corrupção e da miséria. Imediatamente após a transgressão de Adão ao pacto, ele passou a
experimentar a morte.
O sentido da penalidade do pacto de obras (a morte) é, portanto, abrangente. Ele inclui:
(1) a morte física: a separação entre a alma e o corpo e a inevitável corrupção do corpo até voltar ao pó (Ec 12:7; Hb 12:23);

(2) a morte espiritual: a separação temporal entre o homem e Deus, com a destruição da imago Dei moral e a depravação do
homem (Is 52:2; Mt 7:23; Ef 2:1; 1 Tm 5:6; Ap 3:1); e
(3) a morte eterna: a separação eterna de Deus, quando os ímpios serão definitivamente lançados no inferno (Ap 20:6-14).

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