Você está na página 1de 6

A Árvore da Vida

A Árvore da Vida já era citada nos primeiros livros Bíblicos da Gênese.

"Do solo fez o Senhor Deus brotar toda sorte de árvores agradáveis à vista
e boas para alimento; e também a árvore da vida no meio do jardim e a
árvore do conhecimento do bem e do mal". Gên. 2. 9.

"Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Dele não
comereis, nem tocareis nele, para que não morrais.
Então, a serpente disse à mulher: É certo que não morrereis. Porque Deus
sabe que no dia em que deles comerdes se vos abrirão os olhos e, como
Deus, sereis conhecedores do bem e do mal.

Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e
árvore desejável para dar entendimento, tomou‐lhe do fruto e comeu e
deu também ao marido, e ele comeu.

Então, disse o Senhor Deus: Eis que o homem se tornou como um de nós,
conhecedor do bem e do mal; assim, que não estenda a mão, e tome
também da árvore da vida, e coma, e viva eternamente. Gên. 3. 22, 23.

“O Senhor Deus, por isso, o lançou fora do jardim do Éden, a fim de lavrar
a terra de que fora tomado”. Gên. 3. 3, 6.:

No Gênesis, fala‐se também sobre uma árvore da vida que estaria


relacionada com a água da vida eterna. Quando os primeiros seres
humanos comem dessa árvore, eles se tornam imortais e felizes. A
maneira de se chegar à plena realização da vida (o paraíso) se revela no
simbolismo dos sete dias como antecipação da plenitude, alcançado
quando a matéria ‐ dentro ou fora do homem ‐ se transforma em espírito.
São os sete estados da consciência, expressos na escada de Jacó.

Na alquimia encontramos a árvore da vida, a ‘arbor philosophica’. Ela


simboliza todo o processo alquímico, desde a matéria primordial até a
última matéria, a matéria espiritualizada. Textos de alquimistas antigos
ligam à matéria primordial a árvore filosófica.
No Xamanismo, a árvore cósmica assume uma função especialmente
importante para se chegar ao êxtase. Os sete cortes ou degraus na árvore
simbolizam as sete iniciações pelas quais o homem precisa passar para
atravessar as trevas e atingir a luz.
Essa árvore da vida expressa a imortalidade e está ligada aos símbolos da
água da vida, a fonte da eterna juventude, o rio da vida eterna, o mel e o
leite, o óleo e o vinho e, mais em especial, à grande deusa‐mãe.

Nos Vedas e no Avesta fala‐se repetidamente sobre o soma e o ‘haoma’


como a seiva imortal que nutre a vida, a árvore da vida.

Na Cabala, a árvore da vida é um conceito cabalístico (A "Cabala" é uma


doutrina esotérica judaica que visa conhecer a Deus e o Universo, sendo
afirmado que nos chegou como uma revelação para eleger santos de um
passado remoto, e reservada apenas a alguns privilegiados).
Formas antigas de misticismo judaico consistiam inicialmente de doutrina
empírica. Mais tarde, sob a influência da filosofia neoplatónica e
neopitagórica, assumiu um caráter especulativo. Na era medieval
desenvolveu‐se bastante com o surgimento do texto místico, Sefer
Yetzirah, ou Sheper Bahir que significa Livro da Luz, do qual há menção
antes do século XIII. Porém o mais antigo monumento literário sobre a
Cabala é o Livro da Formação (Sepher Yetsirah), considerado anterior ao
século VI, onde se defende a idéia de que o mundo é a emanação de Deus.
No pilar esquerdo da árvore rege o princípio feminino. No pilar direito da
árvore rege o princípio masculino. No pilar central da árvore existe a
ligação entre os dois princípios.

No sagrado Alcorão fala‐se da árvore‐de‐lótus‐da‐fonte, onde começam


os quatro rios, crescendo na divisa entre as sete esferas celestiais, perto
da porta do paraíso.

Nas antigas gravuras egípcias vemos constantemente a figueira associada


à água da vida. Na imagem da árvore da vida, tão ligada à mitologia do
paraíso, se revela o desejo mais profundo do ser humano, o desejo de
viver em felicidade e harmonia eternas. Projetada, a árvore contém, como
arquétipo universal, a informação mais impressionante sobre o
nascimento, o desenvolvimento e o aperfeiçoamento da vida.

Outro símbolo universal ligado à árvore da vida e à água da vida é o da


grande deusa‐mãe. Ela é mãe dos deuses, a grande mãe, o arquétipo da
Terra com suas forças fecundas e regenerativas. No mundo inteiro
encontramos a figura da deusa‐mãe.

A Árvore Bodhi ‐ universalmente ligada à imagem do Buda Sakiamuni


recebendo sua iluminação após 49 dias de meditação profunda, sentado
sob a árvore bodhi. Normalmente a Árvore Bodhi é representada como
uma figueira da Índia (na verdade, temos aqui um simbolismo que
representa um trabalho profundo de iluminação dos 49 níveis da mente
pela energia sagrada da kundalini, simbolizada pela Árvore do Bem e do
Mal).

A Árvore Escandinava ‐ versão nórdica da árvore da vida que está bem


detalhada nos Eddas, a bíblia escandinava, na verdade uma coletânea de
contos de fundo esotérico. Chamada de Yggdrasil, essa árvore
representava o deus Ygg (ou Odin) e era um gigantesco Freixo situado no
cimo de uma montanha. Yggdrasil que servia de abrigo para as reuniões e
concílios dos deuses e seus galhos ultrapassavam os limites dos céus.
Quatro cervos (os Devarajas) se alimentavam de seus brotos. em seu topo
vivia uma majestosa águia (o Espírito) e em suas raízes se encontrava a
poderosa serpente Nidhugg (a Kundalini a ser desperta). Essa árvore
sagrada era eterna porque estendia suas três raízes(as forças primárias)
até duas fontes: a da primavera e a da sabedoria, guardadas pelo lobo
Fenris (a Lei) e pelo gigante de gelo Mimir (as forças instintivas da
natureza). O Yggdrasil é a única potência capaz de levar os "mortos na
batalha" para o Valhalla (o Paraíso) e de impedir o fim do mundo, dos
Deuses e dos homens (esse Fim do Mundo, entre os nórdicos, chama‐se
Ragnarok).
Como podemos perceber, existem muitos textos sobre a Árvore da Vida e
ela faz parte da base filosófica das principais religiões do planeta.
Para a nossa alquimia, os mistérios da árvore da vida estão diretamente
ligados aos mistérios do Ser. A compreensão profunda de quem somos, de
como funcionamos. Estas questões são fundamentais para o Saber
alquímico. Quando nos perguntamos “quem somos?”, nunca chegaremos
a uma resposta se não soubermos antes de como funcionamos.

Este conhecimento foi muito deturpado ao longo de todas as eras.


Mistificado e principalmente manipulado pelas religiões, que o formatou
segundo seus interesses.
Para a Alquimia, a Árvore da Vida somos nós mesmos, nossa estrutura
física e química. Nossos biorritmos naturais. Não existem segredos nem
mistérios, apenas informação a respeito de nós mesmos.
Este conhecimento vai sendo aberto ao longo da nossa jornada alquímica,
quando vamos nos deparando com os meandros da nossa consciência e
inconsciência.

A estrutura da árvore é exatamente igual à estrutura de qualquer árvore


encontrada na natureza. Um eixo central que corresponde à copa, tronco
e raízes. A este eixo, a Alquimia chama de eixo da matéria ou das três
substâncias da alquimia.
A outra estrutura da árvore seria o correspondente ao seu movimento.
Isto é, para desenvolver‐se, qualquer árvore necessita de quatro coisas
básicas:
1. A terra – que fornecerá seus nutrientes vitamínicos e minerais.
2. A água – que facilitará a absorção destes nutrientes e auxiliará na
mistura complexa de outros.
3. O ar – para que a planta respire e faça as trocas diárias de oxigênio
e CO2.
4. E fogo – que ela sintetiza da luz solar e promove a fotossíntese.
Desta forma, com a ajuda e o estímulo dos quatro elementos, vamos
desenvolvendo este eixo central das três substâncias da Alquimia, ou seja
o tronco, a copa e as raízes.
Neste primeiro saber alquímico existe uma grande responsabilidade em
relação a cada árvore da vida tratada no laboratório. Considerando que os
quatro elementos são vitais para o desenvolvimento da árvore, temos que
estar muito atentos à quantidade excessiva ou pequena do tempero
destes elementos no terreno em que esta árvore se encontra.
E temos que considerar também que as árvores já podem vir
contaminadas com o excesso ou mesmo a falta de um destes elementos.

Nos estudos alquímicos, observamos nas gravuras antigas que na sua


maioria, as árvores são sempre representadas por duas características
principais: o lado solar e o lado lunar ‐ apontando para características
muito diferentes entre um lado e outro.

Portanto quando atendemos uma mulher, estamos diante de uma árvore


da vida feminina e quando atendemos um homem estamos diante de uma
árvore masculina. Todos os dois possuem copa (parte superior do corpo),
tronco e raízes (parte inferior do corpo). Os dois possuem os quatro
elementos, mas também têm necessidades diferentes em relação a estes
elementos na sua natureza pessoal.

A figura do andrógino nas gravuras mostra o resultado final na ópera


alquímica. O estado de consciência equilibrado entre estas duas forças
que animam o homem e a mulher. E a busca do constante equilíbrio físico
e químico de ambos.

Você também pode gostar