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ALTAMIRANDO CARNEIRO

O autor de Seguindo os Passos de Jesus, Altamirando Carneiro, é bacharel em Comunicação


Social -Jornalismo.
Editor do Jornal O Semeador e do Jornal Espírita da Federação Espírita do Estado de São
Paulo.
Em sua atividade espírita, tem participado de congressos e simpósios nacionais e, além
de dirigente de Tribuna, é Expositor na FEESP e em diversos Centros Espíritas por todo o
Brasil.
Tem outras obreis publicadas: Castro Alves e o Espiritismo; Abolição, Promessa de Ontem,
Esperança de Hoje.
Organizador do livro No Limiar do Amanhã - Lições de Espiritismo com Hercula.no Pires,
da Editora Camille Flammarion, São Paulo, 2001.
Editora Camille Flammarion
Fone/Fax: (011) 3361-5789 São Paulo – SP
Seguindo os Passos de Jesus
Crônica da Palestina
A Editora Camille Flammarion apresenta do jornalista Altamirando Carneiro, a obra que
trata dos relatos de Lucas, cujo interesse pela Palestina levou-o a percorrer os mesmos
caminhos em que Jesus esteve, conhecer o povo, os costumes, as tradições, enriquecer o
Espírito com o aprendizado que iria adquirir.
Lucas, preparou-se estudando e praticando a Doutrina Espírita. Formado em História,
adquiriu vasta cultura sobre a Palestina.
Ao conhecer Joseph, palestino que morava no Brasil, e que havia ganho por méritos, na
empresa onde trabalhava, duas passagens para a Palestina, recebe o convite para viajar como
pesquisador para o local que sempre fascinou o homem.
Durante a viagem, iremos com emoção, relembrar, rever, lições tão importantes para
todos nós, Aprendizes do Evangelho.
Altamirando Carneiro

Apresentação
Ao iniciar o estudo da Bíblia, senti que podería, algum dia, escrever um livro sobre
aqueles assuntos que me fascinavam. Principalmente por ver que podería contribuir para o
esclarecimento das pessoas, dentre elas as que lêem as Escrituras pela letra que mata e não
pelo espírito que vivifica.
De lá para cá, procurei divulgar esses assuntos através de jornais espíritas, palestras e
aulas. Muito do que escrevi e falei foi aqui colocado, em Seguindo os Passos de Jesus, meu
quarto livro - o segundo pela Editora Camille Flammarion, que prazerosamente apresento
ao público ledor.
Esta Crônica gira em tomo de Lucas, personagem cujo interesse pela Palestina, sua vida,
seus costumes, sua história, levou-o a sonhar (mas consciente e de olhos abertos) em fizer
uma viagem ao local, percorrer os mesmos caminhos que Jesus percorreu, conhecer o povo,
os costumes, as tradições, enriquecer o espírito com o aprendizado que iria adquirir.
Espírita, preparou-se devidamente nos diversos cursos da Casa Espírita que fiequentava.
NaUniversidade, formou-se em História, podendo dizer-se que seguiu à risca a
exemplificação do “Amai-vos e instruí-vos”. Com isso, adquiriu uma cultura invejável, o que
lhe permitia filar principalmente da Palestina, como se tivesse nascido e vivido lá.
Numa dessas oportunidades que não surgiu por acaso, Lucas conhece Joseph, palestino
de nascimento, mas que veio depois para o Brasil.
Joseph ganha por méritos, na empresa em que trabalha, duas passagens de ida e volta
para a Palestina e os dois seguem em viagem pelos locais onde se desenvolveu a maior
História de todos os tempos, que sempre fascinou e sempre fescinará o homem.
Desembarcando em Jerusalém, hospedam-se na residência do casal Samir e Agar, de
onde saem e voltam diáriamente, durante esse agradável passeio. O vasto conhecimento de
Lucas sobre a região e o material de consulta e estudo que levam, auxiliam os dois amigos
durante a viagem aos lugares históricos e sagrados.
Nazaré, Cafamaum, Belém e tantos outros lugares são verdadeiramente “vasculhados”,
estudados e comentados ali mesmo, o que os toma turistas privilegiados em relação aos
demais, que raio dão um passo sem a indicação dos guias de turismo.
Na volta da viagem, Lucas participa de encontros em seu centro espírita e na
universidade, onde é verdadeiramente testado na sua memória prodigiosa.
Pelos convites que surgem, Lucas podería deixar a sua cidade e seguir para a capital do
Estado, mas prefere ficar ali, onde monta um site através do qual divulga todo o seu vasto
material sobre a Palestina.
Altamirando Carneiro Abril de 2005

1 0 sonho
Lucas tinha um sonho: visitar a Palestina, andar pelas mesmas terras onde Jesus andou,
percorrer os mesmos caminhos e as mesmas trilhas.
As aulas de História e Geografia na Universidade; as leituras da Bíblia e dos romances
espiritas; as palestras de renomados oradores e os cursos de Espiritismo no Centro Espírita
que frequentava intensificaram o seu desejo.
As descrições e exposições dos aspectos humanos, históricos e geográficos dos lugares
onde o Mestre viveu e pregou transportavam-no aos mesmos como num passe de mágica
Quase sempre, aconteciam sonhos reais, vivos, intrigantes, nos quais ele se via, em plena
Jerusalém; outras tantas, às margens do Rio Jordão ou do Mar da Galiléia.
Numa dessas noites sonhou que estava em uma rua em Nazaré, junto a alguns turistas,
quando declamava a poesia Jesus! Maria!, que Auta de Souza compôs quando encarnada,
registrada no seu livro Horto - Fundação José Augusto:
Meu coração guarda escritos .
E canta em doce harmonia Estes dois nomes benditos:
Jesus! Maria!
Se o dia nasce e na altura,
O Sol formoso irradia,
Minh 'alma acorda e murmura:
Jesus! Maria!
- Seguindo os Passos de Jesus - Se a noite desce e, tão brando,
O Sonho azul me inebria,
Sempre adormeço cantando:
Jesus! Maria!
Da ilusão se o sopro lindo Todo o meu lugar extasia,
Alegre digo, sorrindo:
Jesus! Maria!
Meu coração, quando pulsa,
Louco de dor e agonia,
Ainda grito convulsa:
Jesus! Maria!
Jesus! Maria! Invocando Em vós o sol que alumia,
Quero morrer soluçando:
Jesus! Maria!
De onde vinha essa fixação, Lucas não sabia. Mas não tinha dúvida de que, em algumas
de suas vidas passadas, vivera intensamente nocenário mágico da Terra Santa.
Vivendo uma existência pobre no interior de Minas Gerais, sabia que, a julgar por suas
posses, não conseguiría real izar a tão sonhada viagem. Contudo, uma intuição muito forte
lhe dizia que algum fato extraordinário se daria e que, em virtude disso, essa viagem iria
acontecer.
Talvez uma posição melhor, com um salário maior, na instituição bancária onde
trabalhava; talvez viesse a ser contemplado em uma das muitas promoções de que
participava e que tinham como prêmios maiores viagens de ida e volta à Palestina. Eram
pensamentos que lhe ocorriam a todo instante...

2 A espera
Lucas tinha consciência da distância entre o sonho e a realidade. Sonhava, sim, mas
sabia contentar-se com o que Deus lhe reservara.
Esperava sem se desesperar. Trabalhando, aprendendo, estudando, produzindo.
Sentia-se feliz em saber-se um cidadão útil e cumpridor de seus deveres.
Na cidade, amigos, colegas, familiales, todos os que o conheciam, sabiam das suas
pretensões e torciam para que ele realizasse o seu sonho.
Afinal, diziam, uma coisa é saber tudo a respeito de uma região, de um país, de um local
qualquer, outra coisa é ter o saber e conhecer os locais.
Com o passar do tempo, Lucas tomou-se uma espécie de especialista em assuntos
referentes à Palestina.
No Centro Espírita, concluiu os cursos de Espiritismo e passou a expor a Doutrina. O
público maravilhava-se com o seu conhecimento evangélico e com a maneira precisa com
que descrevia cada cena, cada local, cada acontecimento da época de Jesus.
Logo começou a ser convidado para fazer palestras em instituições espíritas de todo o
Estado. Também era muito requisitado para falar sobre o assunto em colégios e
universidades.
O tema o absorvia. Boa parte de seus ganhos era destinada à compra de livros, jornais,
revistas, discos e vídeos sobre a Palestina. Interessavam- no o noticiário sobre a região, para
manter-se permanentemente atualizado.
Assim que se formou em História, foi logo admitido como professor da matéria, na
própria universidade, o que lhe possibilitou uma nova fonte de renda.
Sua fama de bom professor era tanta, que o diretor de um curso pré-vestibular da
Capital enviou um representante à cidade, que lhe ofereceu um bom salário, para tê-lo
como um dos seus professores.
Lucas não aceitou, principalmente pelos compromissos assumidos no Centro Espírita e
na Universidade. Quem sabe, fiituramente, podería assumir o compromisso. O representante
do curso ficou com o seu endereço e telefone, para um novo contato.
Em outra ocasião, um grande jornal, também da Capital, ofereceu- lhe uma
oportunidade para que trabalhasse como consultor para assuntos da Palestina Lucas fez
uma contra-proposta: trabalhar na própria cidade, desenvolvendo o trabalho via Internet
A direção do Jornal não aceitou que o trabalho fosse desenvolvido dessa forma. Foi mais
um emprego que por questão de detalhes não pôde ser concretizado.
Como veremos a seguir, a tão sonhada viagem à Palestina não dependeu diretamente de
seus ganhos, mas do seu preparo intelectual, adquirido em todos esses anos de estudo e de
preparação.
3 A concretização
Os dias se passavam, sem novidades. A cidade vivia a sua rotina normal. Era uma
repetição diária de fatos corriqueiros, que o bancário Andrade Cintra, considerado o mais
gozador e irreverente do lugar, quando lhe perguntavam, “alguma novidade?”, ele
respondia, cheio de si: “Novo só eu. O resto está tudo velho”.
Certa vez, aconteceu algo que iria mudar toda aquela rotina. Foi quando um vendedor
de laboratório passou pela cidade. Extrovertido, fez amizades com todo mundo que
encontrava. Tão comunicativo, que Andrade Cintra logo o tachou de “seu feia mais do que a
boca”.
Logo o conduziram ao bar do Henrique, muito conhecido, pois era o local onde todo
mundo sereuniaparacomer lanches,beberrefiigerantes ou tomar café, contar “causos”, falar
mal da vida alheia; enfim, jogar conversa fora. De vez em quando surgia um assunto
aproveitável.
Eram per volta das três horas da tarde de uma segunda-feira, a “turma” estava toda
reunida num alegre bate-papo com o vendedor, quando Lucas entra no local, justamente na
hora em que o profissional falava de sua origem, seu nascimento em Jerusalém e a vinda,
com os seus pais, para o Brasil, quando ele tinha dez anos de idade.
Foi o bastante para que Lucas ministrasse uma verdadeira aula sobre a Palestina,
descrevendo a beleza do lugar, iàlando com segurança de cada cidade, de cada beco, de cada
esquina, descrevendo pormenori- zadamente os fetos históricos e a vida atual de cada
região.
Admirado, o vendedor perguntou:
—Como é mesmo o seu nome ?
—Lucas, às suas ordens.
- Prazer. Meu nome é Joseph.
Depois de breve pausa, quis saber
- Quanto tempo fàz, Lucas, que você visitou a Palestina?
—Eu nunca fui à Palestina.
- Você nunca foi à Palestina? E descreve os lugares como se os estivesse vendo, num
filme?! Ou você é de origem palestina?
Não. Eu sou apenas um professor de História.
Joseph lhe fez uma proposta: teria que ir à Palestina dentro de um mês e poderia levar
Lucas consigo, uma vez que ganhara duas passagens de ida e volta, para uma estada de dez
dias, como prêmio do laboratório, por ter-se destacado em primeiro lugar, entre os
vendedores de todo o Brasil.
Claro que Lucas aceitou a proposta. Dentro do prazo previsto pelo profissional de
vendas, ele iria realizar o seu grande sonho.
4 Os preparativos
Lucas fez todos os preparativos para a grande viagem. Joseph o informara que
conheceríam os lugares onde Jesus viveu e por onde Ele passou. Fariam o mesmo trajeto que
o Mestre fez há mais de dois mil anos, quando do seu julgamento e crucificação. Fariam
amizades com pessoas interessantes. Conhecería de perto os costumes, a comida, o idioma
local, o transporte, o dinheiro.
“Um mundo mágico e encantadof ’, assim definia Lucas. Josephnão detinha nem 30% do
conhecimento que Lucas tinha da Palestina. Por isso, retomou à cidade na semana anterior à
viagem, para aprender o que pudesse sobre a região.
Lucas informou-lhe que toda Terra Santa situa-se atualmente no território de Israel, país
criado em 1948 e que vem enfrentando, desde então, sucessivas guerras com seus vizinhos
árabes: ao sul, o Egito; a leste, a Jordânia; ao norte, o Líbano e a Síria.
A população, Lucas informa, é de aproximadamente 6 milhões de habitantes. Para os
israelenses a capital é Jerusalém. Lá estão o Parlamento, ou Knesset e demais órgãos
governamentais. Contudo, a comunidade internacional não reconhece essa condição, pelo
feto de uma parte da cidade ter sido conquistada àJordânia,eml967,naGuerradosSeisDias.
As embaixadas estrangeiras fendonam em Tel-Aviv, que para todos os efeitos ainda é a
capital oficial.
A viagem ia ser realizada no mês de abril, que é um período mais próprio. Nas estações
de março a maio e de setembro a novembro as temperaturas são mais amenas. O verão, de
julho a agosto, é escaldante.
Especialmente em dezembro e janeiro, o inverno é relativamente rigoroso. No último
período, nevou em Jerusalém e choveu bastante em outras regiões do país.
Por sugestão de Lucas, tanto ele como Joseph deveríam levar uma pasta com a Bíblia - ele
levaria a Bíblia de Jerusalém, publicada sob a direção da Escola Bíblica de Jerusalém -
também quantos livros e revistas tivessem, com matérias sobre a Palestina.
Joseph não entendeu bem a proposta. O amigo lhe explica:
-Acho que será bastante proveitoso se a cada lugar bistórico-religioso que visitarmos,
pudermos consultar, na hora, os capítulos do Evangelho ou as matérias publicadas, a
respeito de cada local e os acontecimentos do tempo de Jesus acontecidos nesses lugares.
-É uma sugestão interessantíssima, concordou Joseph.

5 Jerusalém
Rnalmente partiram.
No avião Lucas relê livros sobre a Palestina. Quer chegar e reconhecer de imediato o que
tanto o absorvera ao longo dos anos. Após algum tempo, guarda os livros e recosta-se na
poltrona do avião. Olhou paia Joseph, que dormia tranquilamente. Fechou os olhos e logo
“caiu” no sono. Como num nado sincronizado, os dois acordaram ao mesmo tempo.
Após horas de ansiedade, o comandante avisa: “Senhores passageiros, comunicamos que
dentro de 20 minutos pousaremos em Jerusalém”. Um clima de ansiedade tomou contados
dois amigos. Comoduas crianças, riem, brincam. A alegria chama a atenção da comissária de
bordo, que, entusiasmada com a satisfação dos alegres passageiros, cantarola uma canção
aprendida com seu pais judeus.
Jerusalém - Jerusalém, uma das mais célebres cidades do mundo, ocupa lugar de
destaque na história bíblica. Durante a longa história, a cidade conheceu vários nomes:
Urusali, Salém, Jebus, Sião, Jerusalém, cujonome significa “paz sagrada”, Cidade de Davi,
Cidade de Judá, Aélia Capitolina, nome dado pelo imperador Adriano. Jerusalém está situada
num altiplano próximo ao vale do Rio Jordão, nas chamadas montanhas de Judá, a 21
quilômetros, a oeste do Mar Morto e a 51 quilômetros a leste do Mediterrâneo.
Por possuir movimento econômico muito grande, Roma tinha, lá, sua sede de governo,
com seus procuradores. Era dividida em três bairros: Cidade Alta - Monte Sião, onde
residiam os ricos; Cidade Baixa - ao longo do vale do Cedron, onde se aglomeravam os
pobres; Bairro do Templo - com muitas dependências.
É um centro religioso e local de perigrinação para judeus, muçulmanos e cristãos. Os
lugares considerados santos estão sob a jurisdição dessas três religiões.
Herodes, que, quando Jesus nasceu já reinava há 29 anos, emheWpu Jerusalém,
(destruída 17 vezes e reconstruída 18 vezes) que se tomou uma das mais belas cidades do
Oriente Médio. É dotada de palácios, teatros, e, sobretudo, do Grande Templo, idealizado por
Davi, construído por Salomão, destruído por Nabucodonosor em 596 a.C., e reconstruído
após a libertação dos judeus por Ciro, o Grande, rei dos persas. Convém dizer que este é o
segundo Templo. O primeiro foi construído por Salomão e continha várias portas e pátios
internos sobrepostos.
Esta é a cronologia da história de Jerusalém, através dos tempos:
No ano 1.000 a.C., o rei Davi funda Jerusalém, a capital do Reino Israelita.
Em586 a.C., o exército da Babilônia, conduzido pelo Rei Nabucodonosor, conquista a
cidade, exila os rebeldes judeus e queima o Templo Sagrado.
539 a.C., Ciro da Pérsia vence os babilônios e toma a cidade, permitindo que os judeus
retomem do exílio. Jerusalém é reconstruída. Ergue-se o Segundo Templo.
322 a.C., Alexandre, o Grande, inclui Jerusalém em sua rota de conquistas. Inicia-se o
processo de helenização da cidade.
164 a.C., Judas Macabeu lidera rebelião contra o culto a Zeus.
64 aC., o General Pompeu toma a cidade, iniciando mais de dois séculos de hegemonia
romana.
6 cLC., Pôncio Pilatos enfienta e derrota os judeus rebeldes e a cidade é novamente
destruída. A diáspora inicia-se com o exílio dos rebeldes.
135-0 imperador Adriano enfienta nova revolta e os judeus são expulsos de Jerusalém.
313-Constantino adota e legaliza pelo Edito de Milão,o Cristianismo no Império
Romano.
De 476 a 634- A Palestina é uma província do Império Romano Oriental.
De 634 a750-E governada pelos califas mulçumanos.
De 750 a 960-Toma-se parte do governo sírio, de domínio árabe. De 960 a 1095—A
Palestina é dominada pelos egípcios.
De 1095 a 1187 -Período das Cruzadas para libertar a Terra Santa.
- Altamirando Carneiro -
De 1187 a 1250-APalestina tomou-se parte do Império Otomano, sob a chefia de
Saladino em 1187.
Del250al517-A Palestina é governada por forças militares egípcias.
De 1517 a 1914-Os turcos invadem Jesrasaléme a dominam por 400 anos, período em
que a Palestina faz parte do Império Otomano.
De 1914 a 1948 - Após a invasão da Palestina pelos aliados, a Inglaterra apóia a criação,
na Palestina, de um lar para o povo judeu, ficando conhecido como Declaração deBalfour, em
1917. Em 1922 a Inglaterra assume até 15 de maio de 1948 o Mandato da Palestina, por
delegação da Liga das Nações Unidas. A 29 de novembro de 1947 a Assembléia das Nações
Unidas, sob a Presidência do brasileiro Osvaldo Aranha, votou a resolução que recomendava
o estabelecimento, na Palestina, de um Estado Judeu e um Estado Árabe.
1948-Em 14demaiode 1948 foi proclamado o Estado de Israel, o primeiro governo
autônomo judaico em mais de dois séculos. No dia seguinte, o Estado de Israel foi invadido por
Jordânia, Síria, Líbano, Iraque, Egito e Arábia Saudita. A cidade é dividida: aparte ocidental
pertence ao Estado de Israel e a oriental, à Jordânia.
1967 - Em 5 de junho de 1967 Israel foi novamente invadida por quatro países árabes
simultaneamente. A Guerra dos Seis Dias garante a hegemonia total de Jerusalém a Israel.
Os muros que dividem a cidade são derrubados.
1980 - Proclamada a capital de Israel pela Knesset. A capital de Israel é Tel-Aviv, sede da
maioria das representações diplomáticas. Jerusalém foi reivindicada pelos israelenses como
sede do governo.
Os habitantes da região, das terras bíblicas, sempre tiveram sua maneira peculiar de
vida, mantendo seus costumes e suas particularidades religiosas.
O Monte das Oliveiras
Após a viagem e um merecido descanso na residência de Sámir, tio de Joseph que
morava em Jerusalém, onde ficaram hospedados, estavam no Monte das Oliveiras, que
proporciona uma visão extraordinária da cidade velha. Muralhas, campanários, a torre de
uma mesquita, banhada pelo sol, deslumbram quem os contempla
F-Isto aqui é mais uma colina do que propriamente um monte, observa Lucas,
certificando-se de que estavam numa elevação não muito íngreme.
Ali aconteceu o fato relatado no livro Atos dos Apóstolos, (1:6a 11), descrito como a
“AAscenção”:
“Estando, pois, reunidos, eles assim o interrogaram: "Senhor, é agora o tempo em que irás restaurar
a realeza de Israel? ”
-Altamirando Carneiro -
E ele respondeu-lhes: “Não compete a vós conhecer os tempos e os momentos que o Pai fixou com
sua autoridade. Mas recebereis uma força, a do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas
testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e na Samaria, e até os confins da terra ”.
Dito isto foi elevado à vista deles, e uma nuvem o ocultou a seus olhos.
Estando a olhar atentamente para o céu, enquanto ele se ia, dois homens vestidos de branco
encontraram-se junto deles, e lhes disseram:
v “Homens da Galiléia, por que estais aí a olharpara o céu? Este Jesus, quefoi arrebatado dentre vós
para o céu, assim virá, do mesmo modo como o vistes partir para o céu”.
Também o Evangelho de Lucas (24:50a 53) registra esta passagem.
Segundo a Grande Enciclopédia Larousse Cultural - Nova Cultural, Ascenção é: “Rei.
Elevação de Jesus ao céu, 40 dias após a ressureição. Festa litúrgica em comemoração deste
acontecimento, celebrada na quinta-feira da quinta semana após a Páscoa. Obra de arte que
representa este acontecimento”.
Esta obra é a Ascenção de Cristo, de Andrea Mantegna, que representa Jesus subindo ao
Mundo Espiritual com o corpo material, como acreditam as religiões dogmáticas. No nosso
século, não dá para sustentar determinadas afirmações que a fé cega apregoa.
No item 7 - A Fé religiosa. Condição da fé inabalável, capítulo XIX - A fé que transporia
montanhas, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec diz que a fé cega não é mais
deste século. O Codificador referia-se ao século 19. Portanto, hoje, a sua afirmação é ainda
mais adequada.
Em meio ao comércio e às moradas árabes atuais, Lucas e Joseph encontram a Igreja da
Ascenção, pequeno templo Bizantino de forma octogonal, que marca o provável local da
cena. Seguem entusiasmados e, cem metros depois, encontram a Igreja do Pai-Nosso, com
paredes de azulejos coloridos, onde a significativa prece que Jesus nos ensinou está escrita
em240 idiomas diferentes.
Andam mais. E chegam à Igreja de Dominus Flevit (a Lágrima do Senhor). Mostrando
toda sua erudição, Lucas informa que segundo o evangelistaLucas(19:41 a44) fora alí que
Jesus, ao ver a cidade, chorou. Diz a passagem:
Lamentação sobre Jerusalém — E, como estivesse perto, viu a cidade e chorou sobre ela, dizendo:
“Ah! Se neste dia também conhecesses a mensagem de paz! Agora, porém, isso está escondido a
seus olhos.
Pois dias virão sobre ti, e os teus inimigos te cercarão como trincheiras, te rodearão e te apertarão
por todos os lados.
Deitarão por terra a lie a teusfilhos no meio de ti, e não deixarão de ti pedra sobre pedra, porque
não reconheceste o tempo em que foste visitada! ”
Lucas informa a Joseph que Kardec explica, no livro A Gênese, que a faculdade de
pressentir coisas futuras é um dos atributos da alma; que ela é explicada pela teoria da
presciência (previsão, pressentimento); que Jesus possuía esta faculdade num grau mais
elevado; que, assim como ele previu a própria morte e os acontecimentos que se verificaram
naqueles dias, pôde fazer as previsões relatadas nos Evangelhos.
A paisagem é marcada por túmulos de pedra, cemitérios, a maioria judaicos. Um guia
turístico que os acompanhava disse que os mortos decidiram, em vida, serem enterrados ali,
para aguardarem na primeira fila a volta do Messias, que lhes traria a ressurreição.

7 Discussão e aprendizado
Em uma de muitas conversas, bate-papos e impressões entre os dois amigos, Lucas
desafia Joseph:
—Joseph, você acha que israelense e judeu são a mesma coisa?
- Eu sei que não são exatamente a mesma coisa. Só não sei como explicar.
-Então vamos analisar. A origem das duas palavras definem pessoas que pertencem a
regiões geográficas sobrepostas, que são o Estado de Israel e a Judéia, mas a marcha dos
acontecimentos determinou pesos diferentes a cada uma delas.
'' S-Como? . -
—Israelense é quem nasce em Israel, sem ser necessariamente judeu, pois os árabes
israelenses, que compõem dez por cento da população de Israel, são muçulmanos
praticantes. Judeu é o adepto da religião judaica, sem sernecessariamente israelense.
-Então há judeus de diferentes nacionalidades?
* ‘-Perfeitamente.
Joseph explica que a religião judaica é praticada há mais de 5 mil anos. Logo, suficiente
para unir pessoas e criar a identidade de um povo. Só que as dispersões dos judeus no
decorrer dos séculos, devido a perseguições (diásporas), impediram que esse povo
consolidasse uma nação.
Isso somente foi possível após a Segunda Guerra Mundial, com a criação do Estado de
Israel, em maio de 1948, coma estruturaderepública democrática, que defende a
consolidação do Estado de Israel em suas fronteiras.
A defesa do sionismo, porém, não é uma unanimidade entre os judeus. Acham que sua
criação por decreto provocou conflitos e injustiças, sem solução.Também os judeus
ortodoxos são contra o sionismo. Estes sequer reconhecem a existência de Israel, pois acham
que o Estado só poderá existir na Terra Sagrada Eles ainda hoje esperam o Messias. Para eles,
na msrra Sagrada, o Messias ainda vai aparecer.
O sionismo - complementa Joseph - existe desde a expulsão dos judeus da Judeia, pelos
romanos, no ano 135 d.C.Foioiníciodadiáspoia Eles queriam voltar ao seu lar atendendo ao
que diziam os seus textos religiosos. No século XIX, a Inglaterra, considerando as aspirações
do movimento sionistamundial, a Sociedade dos Amigos de Sião, organização judaica
desde1869, começou a promover a colonização da Palestina pelos judeus. A primeira
colônia judaica na Palestina apareceu em 1878.
O sionismo foi ativado por influência de Theodor Hezsl. Seu livro O Estado Judeu -1896 e
o jornal Die Welt (O Mundo) provocaram a reunião, em 1897, do Primeiro Congresso
SionistaMundial, dando origem à Organização Sionista Mundial. Em 1901 foi criado o
Fundo Mundial Judaico, para compra de terras na Palestina.
A imigração aumentou, sobretudo depois da Declaração Balfour - 1917, que via
favoravelmente a criação de um centro judaico na Palestina, ratificada pela Conferência de
San Remo -1920, de difícil aplicação, pois as relações entre judeus, árabes e ingleses na
Palestina provocaram lutas sangrentas.
Só após a Segunda Guerra Mundial, quando 6 milhões de judeus foram assassinados por
Hitler, o sionismo pôde encontrar uma solução concreta: aproclamação, pela Organização
das Nações Unidas, em 14 de maio de 1948, do Estado de Israel.
8 Do Getsêmani ao Gólgota
Os dois amigos estavam quase ao pé do Monte das Oliveiras, quando chegaram ao
Getsêmani. Lucas informa que o Getsêmani é o lugar, no Monte das Oliveiras, em que havia
um jardim, onde Jesus costumava orar. Ali mesmo, o Mestre foi preso.
Lucas e Joseph viram, no local, a Igreja de Todas as Nações, em cujo altar está a chamada
Rocha da Agonia de Jesus. Eles se encantaram com as oliveiras de mais de 2 mil anos de
idade, que se erguiam num pequeno jardim.
—Olha só, Lucas, os brotos que se erguem nos galhos retorcidos!
^E-Bem observado, Joseph.
Atentos, chegam a uma gruta vizinha, chamada de Gruta da Traição, onde Jesus foi
delatado por Judas e preso.
Lucas pede que Joseph leia trechos das passagens do Evangelho de Mateus (26:36 a 38 a
26:47 a 50), sobre o assunto.
No Getsêmani - Então Jesus foi com eles a um lugar chamado Getsêmani e disse aos discípulos:
“Sentai-vos aí enquanto vou até ali para orar”. Levando Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a
entristecer-se e a angustiar-se. Disse-lhes então: “Minha alma está triste até a morte ”. Permanecei aqui
e vigiai comigo ".
Prisão de Jesus - E enquanto ainda falava, eis que veio Judas, um dos Doze acompanhado de
grande multidão com espada e paus, da parte dos chefes dos sacerdotes e dos anciãos do povo.
O seu traidor dera-lhes um sinal, dizendo: “É aquele que eu beijar; prendei-o ”, .
E logo, aproximando-se de Jesus, disse: “Salve Rabi! "eo beijou.
Jesus respondeu-lhe: “Amigo, para que estás aqui? ” Então, avançando, deitaram a mão em Jesus e
o prenderam.
- Seguindo os Passos de Jesus -
Lucas diz que esta passagem também está registrada no Evangelho de Marcos (14:32 a
42) e Lucas ( 22:49 a 53).
Ele observa que Jesus cruzaria, pela última vez, as muralhas de Jerusalém, onde
encontraria a morte, e reflete sobre todos os passos percorridos por Jesus, desde a sua
condenação.
Lucas e Joseph percorrem a chamada Via Dolorosa (ou Via Crucis), que fica na Cidade
Velha, cujo percurso tem aproximadamente mil metros de um aclive para chegar junto ao
Portão do Santo Sepulcro.
Encontraram na Bíblia de Jerusalém anarração:
Jesus perante Pilatos (Mateus, 27:11 a 14 ):
Jesus éposto diante do governador e o governador intermgou- o: "És tu o rei dos judeus?" Jesus
declarou: "Tu o dizes". E ao ser acusado pelos chefes dos sacerdotes e anciãos, nada respondeu. Então
lhe disse Pilatos: "Não estás ouvindo de quantas coisas te acusam? Mas ele não respondeu a uma só
palavra, de tal sorte que o governador ficou muito impressionado.
É conhecido o fato de que Pilatos tentou soltar Jesus ou Barrabás, costume em época das
Festas. Atendendo á pressão dos judeus, soltou Barrabás e, depois de mandar açoitar a Jesus,
entregou-o para que fosse crucificado.
II- A coroação de espinhos (Mateus, 27:27-31):
Em seguida os soldados do governador, levando Jesus para o Pretório, reuniram contra ele toda a
coorte. Despiram-no epuseram- lhe uma capa escarlate. Depois, tecendo uma coroa de espinhos,
puseram-na em sua cabeça e um caniço na mão direita. E, ajoelhando- se diante dele, diziam,
caçoando: “Salve, rei dos judeus! ” E cuspindo nele, tomaram o caniço e batiam-lhe na cabeça. Depois
de caçoarem dele, despiram a capa escarlate e tomaram a vesti-lo com suas próprias vestes, e
levaram-no para crucificar.
III- A crucifixão (Mateus, 27:32 a 38):
Ao saírem, encontraram um homem de Cirene, de nome Simão. E o requisitaram para que
carregasse a cruz. Chegando a um lugar chamado Gólgota, isto é, lugar que chamavam de Caveira,
deram-lhe de beber vinho misturado com fel. Ele provou, mas não quis beber. E após crucificá-lo,
repartiram entre si as suas vestes, lançando a sorte, E, sentando-se ali, montavam-lhe guarda. E
colocaram acima de sua cabeça, por escrito, o motivo da sua condenação: "Este é Jesus, o Rei dos Judeus
”. Com ele, foram crucificados dois ladrões, um à direita e outro à esquerda.
IV- Jesus na cruz é escarnecido e injuriado (Mateus, 27: 39 a 44):
Os transeuntes injuriavam-no, meneando a cabeça e dizendo: “Tu que destróis oTemplo e em três
dias o edificais, salva-te a ti mesmo, se és filho de Deus, e desce da cruz!” Do mesmo modo, também os
chefes dos sacerdotes, juntamente com os escribas e anciãos, caçoavam dele. “A outros salvou, a si
mesmo não pode salvar! Rei de Israel que é, que desça agora da cruz e cremos nele! Confiou em Deus:
pois que o livre agora, se é que se interessa por ele! Já que ele disse: Eu sou filho de Deus ”. E até os
ladrões, que foram crucificados junto com ele, o insultavam.
V- A morte de Jesus (Mateus, 27: 45 a 56):
Desde a hora sexta até a hora nona, houve treva, em toda a Terra. Lá pela hora nona, Jesus deu um
grande grito: "Eli, Eli, lemá sabachtáni",isto è, "Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste? "Alguns
dos que tinham ficado ali disseram: “Está chamando Elias! ” Imediatamente um deles saiu correndo,
pegou uma esponja, embebeu-a em vinagre e, fixando-a numa vara, dava-lhe de beber. Mas os
outros diziam: “Deixa, vejamos se Elias vem salvá-lo! "Jesus, porém, tomando a dar um grande grito,
entregou o Espírito.
Nisso, o véu do Santuário se rasgou em duas partes, de cima a baixo, a terra tremeu e as rochas se
fenderam. Abriram-se os túmulos e muitos corpos de santos falecidos ressuscitaram. E, saindo dos
túmulos após a ressurreição de Jesus, entraram na Cidade Santa e foram vistos por muitos.
O centurião e os que com ele guardavam a Jesus, ao verem o terremoto e tudo o mais que estava
acontecendo, ficaram muito amedrontados e disseram: “Defato, este era filho de Deus ”.
Estavam ali muitas mulheres, olhando de longe. Haviam acompanhado Jesus desde a Galiléia, a
servi-lo. Entre elas, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu.
VI - O sepultamento (Mateus, 27: 57 a 61):
Chegada a tarde, veio um homem rico de Arimatéia, chamado José, o qual também se tomara
discípulo de Jesus, e dirigindo-se a Pilatos, pediu-lhe o corpo de Jesus. Então Pilatos mandou que lhe
fosse entregue. José, tomando o corpo, envolveu-0 num lençol limpo e o pôs em seu túmulo novo, que
talhara na rocha. Em seguida, rolando uma grande pedra para a entrada do túmulo, retirou-se. Ora,
Maria Madalena e a outra Maria estavam ali sentadas em frente ao sepulcro.
9 Belém
Após o período inicial de visita aos lugares considerados sagrados, Lucas e Joseph voltam
à residência de Samir, que mora com a esposa Agar. O casal, que vive de um pequeno
comércio no próprio local onde moram, não teve filhos. Samir fala razoavelmente bem o
Português, tendo repassado seus conhecimentos para a esposa.
A próxima visita é a cidade de Belém, que fica mais ao sul, do outro lado do Monte das
Oliveiras. Hoje, Belém (cujo nome significa Casa do Pão), é quase um subúrbio de Jerusalém.
Lucas lembra que, além de ter sido o local de nascimento de Jesus e de José, seu pai,
Belém também foi o berço de nascimento de Benjamin, filho de Jacó, “filho de minha
força”ou “filho de minha preferida”. Foi em Belém, chamada A Cidade de Davi, pois lá ele
nasceu e passou a sua infância, considerada uma cidade histórica, porter sido onde Samuel
sagrou Davi como rei. Foi em Belém que se deu o nascimento transcendente de Jesus.
Segundo notas de rodapé da Bíblia de Jerusalém, ao relatar o feto de que Maria, ao nascer
Jesus, envolveu-o com faixas e reclinou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para
ele na sala, encontra-se: Em vez de um albergue, pode designar uma sala, onde morava a família
de José. Se esse possuía um domicílio em Belém, explica-se melhor que ali tenha ele voltado para o
recenseamento, levando também a jovem esposa, que estava grávida. O presépio, manjedoura de
animais, estava colocado certamente numa parede do pobre alojamento, tão superlotado, que não
pôde encontrar lugar melhor que este para a criança.
Belém está situada num dos territórios árabes ocupados por Israel, que são áreas sujeitas
a cercos imprevisíveis. E necessário ter paciência para se chegar à Basílica da Natividade,
local onde Jesus nasceu. Por tudo isso, as ruas medievais da cidade, que foram recentemente
restauradas, estão desertas e a Basílica recebe poucos visitantes.
Mostrando as marcas de balas nas paredes do templo, Joseph lembra as semanas em que
a Basílica da Natividade esteve cercada por tropas israelenses, que procuravam extremistas
que teriam se refugiado em seu interior.
O templo é composto por três igrejas: católica, ortodoxa grega e Armênia. Há vários
altares, como o Altar da Circuncisão e o Altar dos Inocentes. Cada religioso porta-se de
maneira diferente. Os gregos e armênios adoram uma estrela de prata que cobre o solo em
granito, como sendo o local em que Maria deu à luz. Os católicos adoram uma pequena
rocha retangular, como sendo o local da manjedoura. Existe em tomo um comércio de
objetos religiosos e de idolatria, em que os presépios são os mais procurados.

10 Tradições
Saindo da Basílica da Natividade, Lucas e Joseph encontram um sítio que atrai a atenção
dos turistas de todo o mundo, pois em seu interior está situada a chamada Gruta do Leite,
onde, segundo a tradição cristã, Maria amamentou o filho e algumas gotas teriam pingado
em uma rocha tingindo-a de branco.
Um dos sacerdotes franciscanos que administram a igreja informa aos amigos que
mulheres compram, ali, um pó que operaria milagres em matéria de fertilidade, concepção e
aleitamento.
Muitas fiéis, sobretudo brasileiras, mostram sua gratidão, através de cartas, depositadas
nas paredes de uma capela próxima, por terem engravidado ou tido filhos sadios.
Lucas e Joseph encantam-se com os campos verdejantes, em volta de Belém, em que
predominam as atividades agrícolas e pastoris. Diz a tradição que um deles, denominado
Sheperd’s Field, é o local em que, segundo o evangelista Lucas, (2:9 a 14) vozes espirituais
anunciaram a pastores:
O Anjo do Senhor apareceu-lhes e a glória do Senhor envolveu-os de luz e ficaram
tomados de grande temor. O anjo porém disse-lhes:
Não temais! eis que eu vos anuncio uma grande alegria, que será para todo o povo: Nasceu-vos
hoje um Salvador, que é o Cristo- Senhor, na cidade de Davi.
Isto vos servirá de sinal: encontrareis um recém-nascido envolto em faixas e deitado em uma
manjedoura. E de repente juntou-se ao anjo uma multidão do exército celeste a louvar a Deus
dizendo:
“Glória a Deus no mais alto dos céus
epaz na terra aos homens que ele ama!’’.
O evangelista Mateus (1:23) registra o sonho de José em que o Anjo do Senhor anuncia:
- Seguindo os Passos de Jesus - Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e o chamarão
com o nome de Emmanuel, o que traduzido significa: “Deus está conosco Quando retomaram do
passeio naquele dia, o assunto na casa de Samir foi o fato que sempre preocupou Joseph e
que por isso ele chamou a atenção de Lucas, Samir e Agar.
-Sempre me intrigou-disse Joseph-o fato de os Evangelho silenciarem sobre a infância
de Jesus, que só retoma às Escrituras préadolescente, jávivendo em Nazaré.
Lucas, então, esclarece, que desde que seus pais retomaram aNazaré, o menino começou
a frequentar a sinagoga local, acompanhando a família aos sábados, para aprender a orar e
se instruir na Torá; criança ainda, suas condições elevadas, suas qualidades espirituais o
colocam em evidência, perante todos que ali viviam, e teve, desde cedo, sua instrução na
própria residência, com auxílio dos mestres locais.
E fato notório que ficou horas a ensinar aos mestres de Israel, ainda criança.
Jesus auxiliava a seu pai na carpintaria, pois toda criança era orientada a ter uma
profissão.
Lucas diz que Jesus iniciou seu ministério aos trinta anos, quando, segundo a tradição da
época, estaria com a experiência necessária para ser um rabi. Veio a ser o Rabi da Galiléia.

11 Nazaré
Durante o café da manhã, Agar, entusiasmada com a alegria estampada nos rostos de
Lucas e Joseph, observa:
A- Pelo que vejo, vocês estão aproveitando bastante o passeio.
—Sim, Agar,—diz Joseph - esta será a maior recordação de nossas
vidas.
Para não perder muito tempo, os dois amigos se despedem de seus anfitriões e rumam
para Nazaré, situada a 150 quilômetros ao norte de Jerusalém.
A cidade, hoje, é importante centro comercial e centro de peregrinação. Desde o nascer
ao pôr do sol, a agitação e o barulho são muito grandes.
Logo avistam aBasílica da Anunciação, a qual lembra o momento em que o Espirito
Gabriel disse a Maria que ela seria a Mãe do Messias. Intemamente, a Basílica é suntuosa.
Contudo, seu subsolo é modesto. Diz-se que o local serviu de morada ao casal José, Maria e o
filho, Jesus. Seus altares, corredores e pátios estão repletos de imagens de padroeiras de
vários países.
Noutra igreja vizinha, a Igreja de São José, há ruinas do que dizem ter sido a carpintaria
do pai de Jesus. Nos dois lados da rua estreita há duas igrejas, uma católica e outra ortodoxa.
Entre uma e outra, uma loja de presentes vende garrafas do vinho de Caná.
Ao ver as garrafas desse vinho, Lucas lembra a Joseph o episódio das Bodas de Caná.
-Será que Jesus transformou,realmente,a água em vinho?oué um desses episódios pelo
qual o Mestre, com sua palavra, nos transmitiu sublimes ensinamentos?-pergunta Joseph.
Lucas explica que, no livro A Gênese, Allan Kardec diz que este “milagre”, somente
descrito no Evangelho de João (2:1 a 12) e indicado como o primeiro que Jesus praticou,
deveria ter sido um dos mais notados. Contudo, deve ter causado fraca impressão, para que
nenhum outro evangelista tivesse falado dele.
Sempre precavido, Lucas tira da pasta A Gênese -, tradução de Victor Tollendal
Pacheco-Lake e lê para Joseph o item em questão: —Admitindo que as coisas se hajam passado
como são relatadas, é notável tratar-se do único fenômeno desse gênero que ele tenha produzido; ele
era de uma natureza por demais elevada para se deter em efeitos puramente materiais, próprios
unicamente para aguçara curiosidade da multidão, que o havería assimilado a um mágico; ele sabia
que as coisas úteis lhe conquistariam mais simpatia e lhes trariam mais adeptos que aquelas que
poderíam passar porfruto de destreza, e não tocariam o coração.
A rigor, o fato pode ser explicado até certo ponto pela ação fluidica que, assim como o
magnetismo, nos oferece exemplos, teria mudado as propriedades da água conferindo-lhes o gosto do
vinho, teria conservado sua cor, o que não podería deixar de ser notado. E mais racional ver ai uma
das parábolas mais frequentes nos ensinamentos de Jesus, como a do filho pródigo, da festa das bodas,
do mau rico, da figueira seca e tantas outras que têm entretanto o caráter dosfatos consumados. Ele
teria feito durante a refeição uma alusão ao vinho e à água, do que teria tirado instrução. O que
justifica esta opinião são as palavras que a tal respeito lhe dirige o mestre dé cerimônias: “Todos servem
a princípio o bom vinho, e, depois que já beberam bastante, servem então o de inferior qualidade: mas
vós reservastes o bom vinho até essa hora”.
Entre essas duas hipóteses, será necessário escolher a mais racional, e os Espíritos não são tão
crédulos que vejam por toda a parte manifestações nem tão absolutos para pretender explicar tudo
pelosfluidos.

12 Cafarnaum
Os dois amigos precisaram alugar um carro para percorrer os cerca de 60 quilômetros
que separa Nazaré de Caíàmaum. No caminho, fizeram algumas paradas, consideradas
obrigatórias para quem visita a Palestina.
Já que estavam a caminho de Cafamaum, Lucas aproveitou a oportunidade para
informar a Joseph sobre a cidade, que está situada no extremo norte do Mar da Galiléia,
também chamado Mar de Tiberíade. O nome Caiàmaum significa “povoado de Naum”.
Lucas lembra da cura do paralítico, que aconteceu em Cafamaum, contada no Evangelho
de Marcos (2:1 a 12):
“Entrando de novo em Cafamaum, depois de alguns dias souberam que ele estava em casa.
E tantos foram os que se aglomeravam, que já não havia lugar nem à porta. E anunciava-lhes a
Palavra.
Vieram trazer-lhe um paralítico, transportado por quatro homens.
E como não pudessem aproximar-se por causa da multidão, abriram o teto à altura do lugar onde
ele se encontrava e, tendo feito um buraco, baixaram o leito em que jazia o paralítico.
Jesus, vendo sua fé, disse ao paralítico: “Filho, os teus pecados estão perdoados ”.
Ora, alguns dos escribas que lá estavam sentados refletiam em seus corações:
“Por que estáfalando assim? Ele blasfema! Quem pode perdoar pecados a não ser Deus?”
Jesus imediatamente percebeu em seu espírito o que pensavam em seu íntimo, e disse: “Por que
pensais assim em vossos corações?
O que é mais fácil dizer ao paralítico::' Os teus pecados estão perdoados’, ou dizer: Levanta-te,
toma o teu leito e anda?
Pois bem, para que saibais que o Filho do Homem tem poder de perdoar pecados na Terra, eu te
ordeno — disse ele ao paralítico -3 Levanta-te, toma o teu leito e vai para a tua casa”.
O paralítico levantou-se e, imediatamente, carregando o leito, saiu diante de todos, de sorte que
ficaram admirados e glorificaram a Deus, dizendo: “Nunca vimos coisa igual! ”
- Naturalmente que você sabe quais os evangelistas que também descrevem este
acontecimento, não é, Lucas? - desafia Joseph.
-Claro. O relato está também em Mateus (9:1 a 8) e Lucas (5: 17 a 26).
13 O Monte Tabor
A primeira dessas paragens obrigatórias paia o visitante é o Monte Tabor, a cerca de 11
quilômetros a sudoeste de Nazaré. Com cerca de mil metros de altitude, ele domina a
planície, muito fértil, de aproximadamente 400 metros, que o circunda. E recoberto, em
grande parte, por árvores que produzem resinas. Do cume do Monte Tabor, avista-se toda a
planície da chamada Baixa Galiléia. Lado a lado, há uma basílica fianciscana e uma igreja
ortodoxa. .
Foi no Monte Tabor que ocorreu a Transfiguração, sobre a qual Josepf informa: “
Segundo os dicionários, o termo transfiguração significa ato ou efeito de transfigurar-se;
transformação”.
Lucas complementa: “O episódio da Transfiguração é considerado como a primeira
manifestação espirita da era cristã”.
Joseph abre a Bíblia no Evangelho de Mateus e lê (17:1 all):
A transfiguração-Seis dias depois, Jesus tomou Pedro, Tiago e seu irmão João, e os levou para um
lugar à parte, sobre uma alta montanha.
E ali foi transfigurado diante deles. O seu rosto resplandeceu como o sol e suas vestes tomaram-se
alvas como a luz.
E eis que lhes apareceram Moisés e Elias conversando com ele.
Então Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: “Senhor, é bom estar aqui. Se queres, levantarei aqui
três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. Ainda falava quando uma nuvem
luminosa os cobriu com a sua sombra e uma voz, que saía da nuvem, disse: “Este é o meu filho amado,
em quem me comprazo, ouvi-o”!
Os discípulos, ouvindo a voz, muito assustados, caíram com o rosto no chão. Jesus chegou perto
deles e, tocando-os, disse: “Levantai- vos e não tenhais medo ”.
Erguendo os olhos, não viram ninguém: Jesus estava sozinho.
Uma pergunta a respeito de Elias: “Ao descerem do monte, Jesus ordenou-lhes: “Não conteis a
ninguém essa visão, até que o Filho do Homem ressuscite dos mortos ”. Os discípulos
perguntaram-lhe: “Por que razão os escribas dizem que é preciso que Elias venha primeiro ? ”
Respondeu-lhes Jesus: “Certamente Elias terá de vir para restaurar tudo. Eu vos digo, porém, que
Elias já veio, mas não o reconheceram. Ao contrário, fizeram com ele tudò quanto quiseram. Assim
também o Filho do Homem irá sofrer da parte deles ”.
Então os discípulos entenderam que se referia a João Batista.
Lucas informa que também os evangelistas Marcos (9:2 a 13) e Lucas (9:28 a 36)
relatam o fato. Ele, que falara várias vezes sobre o assunto, em palestras no centro espírita,
explicou a Joseph, tomando por base o item 4: Ressurreição e reencarnação, do capítulo IV :
“Ninguém pode ver o Reino de Deus, se não nascer de novo”, de O Evangelho Segundo o
Espiritismo, que os judeus acreditavam na reencarnação, só que com o nome de ressurreição,
pois o termo reencarnação somente surgiría no século 19, com o aparecimento do
Espiritismo, cuja data em que surgiu na França é 18 de abril de 1857, com a primeira edição
de O Livro dos Espíritos. Só os saduceus não pensavam assim, por acreditarem que tudo
acabava com a morte.
As idéias dos judeus sobre a questão não eram claramente definidas, pois tinham noções
vagas e incompletas a respeito da alma e a ligação desta com o corpo. Acreditavam que um
homem podia reviver, sem terem noção perfeita de como o feto acontecia. i|§ A ressurreição
seria a volta à vida do próprio cadáver e a Ciência demonstra que isso é impossível,
principalmente quando os elementos do corpo já estavam dissolvidos. A reencarnação é,
pois, a volta do Espírito ávida corpórea, num outro corpo.
Poderiamos aplicar a palavra ressurreição ao que aconteceuaLázaro; não a Elias e,
consequentemente, aos profetas. Se para os judeus João Batista era Elias, o corpo de João não
podería ser o de Elias, uma vez que João tinha sido visto desde criança e seus pais eram
conhecidos. Portanto, João era Elias reencarnado, mas não ressuscitado.
14 O Rio Jordão
Vinte minutos adiante, Lucas e Joseph chegam ao kibutz Kinneret, próximo ao local em
que o Rio Jordão deixa o Mar da Galiléia (mais um lago que propriamente um mar)
seguindo o seu curso sinuoso rumo ao Mar Morto.
Segundo a Grande Enciclopédia Larousse Cultural, “kibutz”, sm (heb. coletividade) é, em
Israel, o estabelecimento agrícola de caráter coletivo. Os primeiros kibutz criados pelos
sionistas socialistas a partir de 1909possuíam características militares e agrícolas; após
1948, os làbutzim constituíram um setor de ponta da agricultura israelense; são, hoje, um
setor minoritário.
Lucas lembra que foi no Rio Jordão que aconteceu o batismo de Jesus. Ele convida Joseph
para visitarem o lado do Rio Jordão mais ao sul, juntoaJericó.
—É um local belíssimo, você vai ver, cran um florido jardim junto às águas do rio.
Num dos restaurantes, os dois amigos serviram-se da refeição mais pedida no local, para
nós, a tilápia, abundante naquelas águas. Há também uma área reservada para se fazerem
batizados. Gaivotas brancas dão ao lugar encanto especial.
Joseph retira a Bíblia da pequena maleta. No Novo Testamento, procura a passagem,
“Batismo de Jesus” (3:13 a 17), do Evangelho de Mateus, esclarecendo que Marcos
(l:9all),Lucas(3:21a22)eJoão (1:32 a 34) também relatam o feto.
-Após a leitura quero esclarecer algumas dúvidas.
Lucas concorda e Joseph lê a passagem evangélica:
Batismo de Jesus: Nesse tempo, veio Jesus da Galiléia ao Jordão até João, a fim de ser batizado por
ele.
Mas João tentava dissuadi-lo, dizendo: “Eu é que tenho necessidade de ser batizado por ti e tu vens
a mim? ”
Jesus porém respondeu-lhe: "Deixa estar por enquanto, pois assim nos convém cumprir toda a
justiça ". E João consentiu.
Batizado, Jesus subiu imediatamente da água e logo os céus se abriram e ele viu o Espírito de Deus
descendo como uma pomba e vindo sobre ele.
Ao mesmo tempo, uma voz vindo dos céus dizia: “Este é o meu Filho amado, em quem me
comprazo”.
Joseph quis saber, de Lucas, porque o Espiritismo não batiza, se Jesus deixou-se batizar. E
a explicação sobre o registro: o feto de o Espírito de Deus ter descido como pomba.
- O Espiritismo não batiza, Joseph, pois o verdadeiro batismo é o batismo do Espírito.
-A partir do momento em que nos conscientizamos e seguimos uma idéia, estamos
batizados perante essa idéia?
—Isso mesmo, Joseph.
Sobre o registro: O Espírito de Deus descendo como uma pomba, vindo sobre Jesus,
Lucas explica que foi um Espírito Superior, que se manifestara au, vindo manso como uma
pombaenão em forma de pomba. pois os Espíritos superiores não se materializam em forma
de animais.
Lucas aproveitaaoportunidadeepedeaJoseph que leia os versículos lie 12, do referido
capítulo. Mas, antes, pede uma pausa e diz que também encontramos referências em Marcos
(1:7 a 8), Lucas (3:15 a 17) e Mo (1:19 a 28).
Joseph íàzaleitura:
—Pregação de João Batista : "Eu vos batizo com água para o \ arrependimento, mas aquele que
vem depois de mim é mais forte do que eu. De fato, eu não sou digno nem ao menos de tirar-lhe as
sandálias. Ele vos batizará com o Espirito Santo e com o fogo.
A pá está na sua mão: vai limpar a sua eira e recolher seu trigo no celeiro: mas, quanto à palha, vai
queimá-la num fogo inextinguível".
Lucas explica que Jesus deixou-se batizar porque era uma prática utilizada per João
BatLstaeEle não viera para derrogar nenhuma lei,nenhum costume. O batismo também foi
uma forma pela qual Jesus se deu a conhecer.
Quanto à afirmação de João, de que Jesus veio depois dele e é mais poderoso do que ele,
Lucas explica que Jesus nasceu seis meses antes de João, portanto João éra seis meses mais
velho, mas Jesus tinha mais vivência, era um Espírito de maior evolução que seu primo João
Batista.
Ao norte, costeando o Mar da Galiléia, Lucas e Joseph chegaram a diversas aldeias de
pescadores. Ali se concentra a maioria dos270kibutizim israelenses. Foi nesta região que
Jesus encontrou seus primeiros seguidores.
Avançando mais, os dois amigos chegam a Tiberíades, atualmente um balneário. Passam
por Magdala - atual Magdal, cidade natal de Maria Madalena.
A menos de dois quilômetros encontram o kibutz Ginnosar, de natureza arqueológica,
onde observam um barco, retirado das águas do mar da Galiléia em 1986, durante uma seca
e que dizem ser do século I.
Avançam. Chegam ao Vale de Genesaré, onde, nas cercanias da pequena cidade de
Tabga, entram na Igreja do Heptágono que, segundo a tradição, foi o local onde houve a
multiplicação dos pães e dos peixes, ou seja, em que cinco pães e dois peixes foram o
suficiente para saciar a fome de 5 mil pessoas. Lucas e Joseph ficam admirados com a fé de
alguns fiéis, que veneram a pedra no altar sobre o qual Jesus teria depositado os alimentos.
Houve duas multiplicações. Aprimeiraé narrada em Mateus (14:13 a 21), Marcos (6:30
a 44) e João (6:1 a 14); a segunda é narrada em Mateus (15:32 a 39) e Marcos (8:1 a 10).
Lucas tirada pastaolivroyf Gênese e lê trechos por ele marcados sobre o assunto:
n (...) Sabe-se que uma grande preocupação de espírito ou a atençãofixada sobre um assunto
fazem esquecer a fome. Ora, aqueles que seguiam a Jesus eram pessoas ávidas de ouvi-lo; nada há de
espantoso que, fascinados por sua palavra e talvez também pela poderosa ação magnética que ele
exercia sobre seu auditório, não sentissem necessidade material de comer.
(■■■)
Assim, ao lado do sentido alegórico moral, ele pôde produzir um efeito fisiológico natural, muito
conhecido. O prodígio, neste caso, está na ascendência da palavra de Jesus, bastante poderosa para
cativar a atenção de uma multidão imensa, ao ponto de fazê-la esquecer-se de comer. Este poder
moral testemunha a superioridade de Jesus, muito mais que o fato puramente material da
multiplicação dos pães, que deve ser considerado uma alegoria.
15 O Monte das Bem-Aventuranças
Adiante, nossos protagonistas chegam a uma colina agrícola e pastoril, denominada
Monte das Bem-Aventuranças, onde há uma pequena e bela igreja em arcos, cercada por
jardins. Ao tempo de Jesus, este local era conhecido como monte ou morro Kurum Hatim,
onde Jesus proferiu uma série de ensinamentos que ficaram conhecidos como Sermão do
Monte ou Sermão da Montanha ou Sermão das Bem-Aventuranças - muito embora estes
ensinamentos não se resumam somente às Bem- Aventuranças.
Este Seimão, que está registrado nos capítulos 5,6 e 7 do Evangelho de Mateus, é
composto pelos ensinamentos:
“Capítulo 5 : As Bem-Aventuranças.
Vós sois o sal da terra e a luz do mundo.
O cumprimento da lei.
A nova justiça é superior à antiga, onde vemos: Reconcilia-te com teu adversário; Não
cometerás adultério; O escândalo; O juramento; Seja o seu íàlar “sim, sim, não, não”; olho
por olho e dente por dente; Amai os vossos inimigos; Deveis serperfeitos como o vosso Pai
celeste é perfeito”.
“Capítulo 6 : A esmola em segredo: que a tua mão esquerda não saiba o que faz a tua
direita, para que a tua esmola fique em segredo.
Orar em segredo.
A verdadeira oração: O Pai-nosso.
O verdadeiro tesouro.
O olho é a lâmpada do corpo.
Ninguém pode servir a dois senhores.
Abandonar-se à Providência: Olhai as aves do céu; Não vos preocupeis com dia de
amanhã
“Capítulo 7 : Não julgar Não julgueis para não serdes julgados.
Não profanar as coisas santas.
Eficácia da oração: Pedi, edar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-á.
Os dois caminhos: Entrai pela porta estreita, porque largo e espaçoso é o caminho da
perdição.
Os iàlsos profetas.
Os verdadeiros discípulos: Nem todo aquele que diz “Senhor, Senhor” entrará no Reino
dos Céus, mas sim aquele que pratica a vontade de meu Pai que está nos céus.
A casa alicerçada sobre arocha.
O espanto da multidão. Aconteceu que, ao terminar Jesus suas palavras, as multidões
ficaram extasiadas com o seu ensinamento, porque os ensinava com autoridade e não como
os seus escribas”.
Comopassar dos tempo, apalavra sermãopassouaterum significado pejorativo, por ser
também empregada para designar a reprimenda.
Mas este sermão que Jesus proferiu é uma série de ensinamentos tão maravilhosos, que
Mahatma Gandhi disse: Se toda a literatura espiritual da Humanidade perecesse, e só se salvasse o
Sermão da Montanha, nada estaria perdido.
16 A casa de Simão Pedro
A casa do apóstolo Simão Pedro está situada em Cafamaum, tão próxima ao Mar da
Galiléia, que dela pode-se ouvir o barulho das águas. Lucas e Joseph acharam suas
fundações, que ainda podem servistas. Elas são cobertas por uma igreja modernista, que
imita a forma de um barco. Vizinha a ela, as ruínas de uma sinagoga e também de um
templo ortodoxo grego.
Ao norte, os dois amigos chegaram a Cesaréia de Filipe, que fica aos pés das Colinas de
Golã, próximo à fronteira de Israel com a Síria, Libano e Jordânia. Lucas comenta que neste
local, segundo o Evangelho de Mateus (16:13 a 20), houve o seguinte diálogo entre Jesus e
os apóstolos:
Profissão de fé e primado de Pedro ^{Chegando Jesus ao território de Cesaréia de Filipe, perguntou
aos discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem? "
Disseram: “Uns afirmam que é João Batista, outros que é Elias, outros, ainda, que é Jeremias ou um
dos profetas ”.
Então lhes perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?
Simão Pedro, respondendo-lhe, disse: “TU és o Cristo, o filho do Deus vivo. ”
Jesus respondeu-lhe: "Bem-aventurado és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi carne ou
sangue que te revelaram isso, e sim o meu Pai que está nos céus.
Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha igreja, e as portas do
inferno nunca prevalecerão contra ela.
Eu te darei as chaves do Reino dos Céus e o que ligares na terra será ligado nos céus, e o que
desligares na terra será desligado nos céus.
Em seguida proibiu severamente aos discípulos de falarem a alguém que ele era o Cristo.
Informa que também há registros em Marcos (8:27 a 30) e Lucas (9: 18 a 21).
- Tenho uma pergunta a fazer, Lucas - disse Joseph.
-Pois não, pergunte.
-E essa história que se fala, aproveitando esta passagem...
—De que Pedro “foi oprimeiro Papa”...
-Sim.
- Jesus estava se referindo à mediunidade de Pedro. É sobre a mediunidade, que ele
edificará a sua igreja, os seus ensinamentos. Pedro está inocente de tudo isso.
-Agora entendo melhor porque devemos interpretar as Escrituras em espírito e verdade
- diz Joseph.
—Exato, Joseph. Do contrário, ficaremos na condição de um homem que há algumas
décadas foi preso, por ter ateado fogo nas matas, na França.
''A — Eu não cometí crime nenhum, seu delegado - disse o homem - apenas cumpri o que
está determinado na Bíblia, que manda purificartudo com o fogo!
-O conhecimento da verdade realmente nos liberta-observa Joseph, que ainda queria
saber de Lucas o que significa a expressão Filho do Homem.
-Filho do Homem é um título que se refere à condição humilde de Jesus. Significa o ser
humano, fraco e mortal. Jesus não é Deus, como muitas religiões apregoam, mas o filho de
Deus. O seu corpo era semelhante ao nosso, muito embora fosse um corpo que não estava
sujeito a viciações. Em A Gênese, Allan Kardec diz: A superioridade de Jesus sobre os homens não
era relativa às qualidades particulares de seu corpo, mas às de seu Espírito, que dominava a matéria de
maneira absoluta, e ao seu perispírito alimentado pela parte mais quintessenciada dosfluidos
terrestres.

17 Jerico
Após a visita a Cafamaum, Lucas e Joseph seguiram para Jericó, uma das mais antigas
cidades do mundo, tendo existido, segundo estudos de restos arqueológicos, desde 7 mil anos
antes de Cristo.
Os dois amigos vão até o Monte da Tentação, onde, segundo o evangelho de Mateus (4:1
a 11), Marcos (1:12al3)eLucas (4:1 a 13), Jesus fora tentado, quando, após o batismo, se
retirara para um jejum de 40 dias e 40 noites.
Lucas pede que Joseph leia passagem evangélica do Evangelho de Mateus,
comprometendo-se a falar a respeito, depois.
Tentação no deserto — Então Jesus foi levado pelo Espírito para o deserto, para ser tentado pelo
diabo.
Por quarenta dias e quarenta noites esteve jejuando. Depois teve fome.
Então aproximando-se o tentador, disse-lhe: “Se és filho de Deus, manda que estas pedras se
transformem em pães ". ,
Mas Jesus respondeu:
“Está escrito:
Não só de pão vive o homem,
senão de toda a palavra que vem da boca de Deus ”.
Então o diabo o levou à Cidade Santa e o colocou sobre opináculo do Templo e disse-lhe: “Se és
Filho de. Deus, atira-te para baixo, porque está escrito:
Ele dará ordem a seus anjos a teu respeito
e eles te tomarão pelas mãos,
para que não tropeces em nenhuma pedra.
Respondeu-lhe Jesus: “Também está escrito:
Não tentarás ao Senhor teu Deus. "
Tomou o diabo a levá-lo, agora para um monte muito alto. E mostrou-lhe todos os reinos do
mundo com o seu esplendor e disse- lhe: “Htdo isto te darei, se, prostrado, me adorares”.
Ai Jesus lhe disse:
“Vai-te, Satanás, porque está escrito:
Ao senhor teu Deus adorarás
esóa ele prestarás culto. ”
Com isso, o diabo o deixou e os anjos de Deus se aproximaram e puseram-se a servi-lo.
Lucas lembra-se de um trabalho que foi proposto no Centro Espírita em que colabora,
quando ele fazia o Curso de Aprendizes do Evangelho.
O tema indicado fora “A tentação de Jesus”. Lucas recorda-se que colocou seguinte título
no trabalho: “A tentação de Jesus não houve”.
Como podería ser Jesus tentado, se somos tentados em nossas imperfeições e Jesus foi o
Espírito mais perfeito que Deus enviou aos homens para servir de Guia e modelo...
Pode-se entender como um sentido simbólico, para que entendamos o Orai e Vigiai, para
não cairdes em tentação, com a necessidade de vigiarmos, não aos outros, mas a nós
mesmos, a nossos sentimentos e pensamentos.
Relembrou as Curas de Jesus, as desobsessões, onde ele as íàzia, com sua autoridade
moral. Voltou a ressaltar a necessidade que têm todos os encarnados, de orar, vigiar seus
pensamentos e valorizar as atividades espirituais.

18 Betânia
Após a passagem por Jericó, subindo em direção a Jerusalém, chegaramaBetânia, palavra
que significa “Casa do pobre” ou ainda “Casa da graça”. Foi nesse vilarejo, situado
atualmente em território palestino, que aconteceu a ressurreição de Lázaro.
A passagem, descrita no Evangelho de João (11:1a 46), fala do “milagre” que mais
repercutiu naquela época, pois, depois dele, intensificou- se a ira dos que queriam condenar
Jesus.
Prevenido como sempre, Lucas tira da pasta o livro ^4 Gênese e vai estudar com Joseph
informações a respeito.
Em A Gênese - Allan Kardec -, Lucas informa a Joseph estar contida a explicação sobre as
Ressurreições:
Tratando das “ressurreições” da filha de Jairo e do filho da viúva de Naim, narradas nos
Evangelhos, é dito : “O fato da volta à vida corporal, de um indivíduo, realmente morto, seria
contrário às leis da Natureza. Ora, não é necessário recorrer a essa derrogação para explicar as
ressurreições operadaspelo Cristo ”.
(...)
"Em certos estadospatológicos, quando o Espirito não está mais no corpo, e o perispírito apenas a
ele adere por alguns pontos, o corpo tem todas as aparências da morte e afirma-se uma verdade
absoluta, dizendo que a vida está por um fio. e este estado pode durar mais ou menos tempo; certas
partes do corpo podem mesmo entrar em decomposição sem que a vida esteja definitivamente extinta.
Enquanto não se romper o último fio, o Espírito pode, quer por uma ação enérgica da sua própria
vontade, quer por um influxo estranho, igualmente poderoso, ser de novo chamado ao corpo. Assim se
explicam certosprolongamentos da vida contra toda a probabilidade,
- Altamirando Carneiro -
e certas supostas ressurreições. E a planta que brota de novo muitas vezes por uma só das suas
radículas; mas, desde que as últimas moléculas do corpo carnal, ou este último, fique em estado de
corrupção irreparável, a volta à vida é impossível”.
Fica assim bem entendida a ressurreição de Lázaro, sob o ponto de vista científico.
A ressurreição de Lázaro foi uma manifestação fisicado poder de Jesus.
Há um livro, pelo qual Lucas tem um carinho especial; No Limiar do Amanhã, de José
Herculano Pires, organizado por Altamirando Carneiro, Editora Camille Flammarion, 2001.
Este livro é uma Lição de Espiritismo. Em um programa radiofônico, é feita a seguinte
pergunta a Herculano Pires; O romance Lázaro, do prezado professor, é uma obra inspirada
pelos Espíritos, é obra mediúnica ou de sua própria invenção como escritor?
E Lucas passas a relatar a Joseph algumas anotações a respeito:
(...) Eu acredito que no desenvolvimento do romance Lázaro, fui bastante inspirado...
(...) A finalidade de romances não é apenas distrair. Não é contar histórias, nem mesmo evocar o
tempo que eu procurei descrever. Não é apenas estudar, aprofundar o estudo de um problema de
interesse profundo no campo do Cristianismo e do Espiritismo, que é o problema da conversão. Nós
vemos que eu procuro dar, em linhas gerais, um panorama, por assim dizer, as modificações desse
mundo dominado pelo Império Romano e a transformação desse mundo, quer dizer, a conversão do
mesmo num mundo cristão.
(...) Do mundo novo que vai surgir em Lázaro, temos o problema da impureza, o mundo impuro,
considerado assim, porque inteiramente dominado por princípios não somente de violência, como
também de sensualidade.
Este mundo que vai nascendo, o mundo cristão, o mundo ideal, arranca o homem da animalidade,
para conduzir à espiritualidade e Lázaro simboliza, principalmente, na sua vida, esta passagem, esta
transição da consciência humana, de um plano para o outro.
19 O Cenáculo
Na última etapa do passeio, chegam ao local onde, segundo dizem, aconteceu o episódio
chamado de Última Ceia, local atualmente denominado Cenáculo.
Lucas informa que as passagens a respeito do assunto estão registradas nos Evangelhos
de Mateus (26:26 a 29), Marcos ( 14:22 a 25) e Lucas (22:14 a 30). Pede que Joseph pegue a
Bíblia de Jerusalém na sua pasta e leia a passagem do Evangelho de Mateus.
Assim é feito:
Enquanto comiam, Jesus tomou um pão e, tendo-o abençoado, partiu-o e, distribuindo-o aos seus
discípulos, disse: “Tomai e comei, este é o meu corpo
Depois, tomou um cálice e, dando graças, deu-lho dizendo: “Bebei dele todos, pois isto é o meu
sangue, o sangue da Aliança, que é derramado por muitos para remissão dos pecados.
“Eu vos digo: desde agora não beberei deste fruto da videira até aquele dia em que convosco
beberei o vinho novo do Reino do meu Pai”.
Lucas explica que no livro de Ezequiel (44:1 a 3) há a comunicação premonitória:
Uso da porta oriental — Conduziu-me então para o pórtico exterior do santuário, que dava para
o oriente, o qual estavafechado.
Iahweh me disse: Este pórtico ficará fechado. Não se abrirá e ninguém entrará por ele, porque por
ele entrará Iahweh, o Deus de Israel, pelo que permanecerá fechado.
O príncipe, contudo, se sentará aí para comer pão na presença de Iahweh. Ele entrará pelo lado do
vestíbulo do pórtico e sairá pelo mesmo lado.
-Altamirando Carneiro -
- Jesus é o Príncipe da Paz - prossegue Lucas - sentado a uma mesa a partir o pão
com seus discípulos, em Jerusalém. O pão não ficou inteiro, mas partiu-se com fartura e,
com ele, saciamos nossa fome de entendimento. Jesus se referiu não ao pão simbólico,
material, mas ao pão espiritual, a sua Doutrina, que é o alimento do Espírito e precisa ser
repartido com todos.
Jesus queria dizer que seu corpo - que é sua Doutrina, não pode ser assimilada somente
pela letra, mas precisa ser estudada e compreendida em espírito e verdade.
Joseph observa:
Muito boa sua explicação, Lucas. É a interpretação mais racional a esta passagem. Você
falou do pão espiritual, a Doutrina de Jesus. E quanto àagua?
- Bem, Joseph, façamos nossas as explicações que estão no Novo Testamento. As duas
espécies:pão e vinho, não são mais que alegorias, que dão idéia da letra e do espírito
Ao fim do seu ministério púbbco, na última Ceia, reunido aos seus discípulos, Jesus nos
dá inúmeras lições, que vemos no Evangelho de João, cap. 13.
Demonstrando a sua humildade, inicia a cerimônia do lava-pés.
Chega então a Simão Pedro que lhe diz: “Senhor, tu, lavar-me os pés?!’dítv(
Respondeu-lhe Jesus: "O que faço não o compreendes agora, mas o compreenderás mais tarde".
Disse-lhe Pedro: “Jamais me lavarás os pés! Jesus respondeu- lhe: “Se eu não te lavar, não terás
parte comigo”.
Simão Pedro lhe disse: “Senhor, não apenas meus pés, mas também as mãos e a cabeça ”.
Depois que lhe lavou os pés, retomou o seu manto, voltou à mesa e lhes disse: "Dei-vos o exemplo
para que, como eu vos fiz, vós também o façais”.
O Lava-pés e a Ceia, foram atos simbólicos, pretexto paraareunião, onde o Mestre iria
aconselhar, fazer recomendações, e dizer palavras de consolação e exortação para todos os
que desejam ser seus discípulos.
Vemos no Evangelho de João, cap. 14, o seu memorável Discurso do Cenáculo,
iniciando-se com as doces palavras:
Não se turbe o vosso coração!
Credes em Deus, credes também em mim.
Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se não fosse assim, eu vos teria dito, pois vou preparar-vos
um lugar.
Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo III, encontramos: A Casa do Pai é o Universo.
As diferentes moradas são os mundos que circulam no espaço infinito, oferecendo aos Espíritos
desencarnados estações apropriadas ao seu adiantamento.
Também no capítulo VI, Kardec complementa o que temos em João, 14:15 a 17: Se me
amais, observareis os meus mandamentos, e rogarei ao Pai e ele vos vos dará outro Consolador, para
que convosco permaneça para sempre — O Espírito da Verdade.
A pedido de Lucas, o seu amigo Joseph continua a leitura:
Capítulo VI, Consolador Prometido.
— 4. Jesus promete outro Consolador: è o Espirito da Verdade, que o mundo ainda não conhece,
pois que não está suficientemente maduro para compreendê-lo, e que o Pai enviará para ensinar todas
as coisas epara fazer lembrar o que o Cristo disse. Se, pois, o Espírito da Verdade deve vir mais tarde
ensinar todas as coisas, é que o Cristo não pôde dizer tudo. Se ele vem fazer lembrar o que o Cristo
disse, é que o seu ensino foi esquecido ou mal compreendido.
O Espiritismo vem no tempo assinalado cumprir a promessa do Cristo: o Espírito da Verdade
preside ao seu estabelecimento...
Assim, 2000 anos depois, estudiosos do Evangelho de Jesus, dois indivíduos sedentos de
saber e curiosos por voltarem a visitar os locais onde Jesus esteve, reencontram-se com os
seus ensinos, agora com entendimento propiciado pela Doutrina Espírita.

20 O retorno
Felizes, Lucas e Joseph fazem os preparativos para a viagem de volta ao Brasil. Foi um
passeio proveitoso, onde iluminaram os seus Espíritos com a aquisição de novos
conhecimentos.
Samir e Agar não cabiam em si de contentes. No final do passeio dos seus queridos
hóspedes, fecharam o estabelecimento comercial, para que nada faltasse ao conforto e à
satisfação dos mesmos.
Tudo era festa, desde o café da manhã ao jantar daquela sexta-feira. Viajariam ànoite.
Chegariam dispostos e rejuvenescidos. Expandiríam aos familiares e colegas suas alegrias
interiores.
No avião, Lucas e Joseph analisam como foi calma e tranquila aquela viagem, pois, desde
a revolta da população palestina contra a ocupação dos seus territórios por Israel, diminuiu
o número de turistas à Terra Santa.
: —Nada como uma viagem “oferecida”: praticamente, um “pacote turístico
familial”-observa Joseph.
—O que não teria sido possível, se você não fosse um funcionário eficiente na sua
empresa -Lucas observa. E, retomando ao assunto que conversavam, diz que, desde a sua
criação, Israel vive constantemente preocupada com a sua própria segurança.
- E pensar que os pontos turísticos, que estavam em paz quando nós os visitamos,
sempre tiveram vigilância redobrada -diz Joseph.
Os dois, conversando a respeito da tranquilidade existente na viagem, relataram um ao
outro que antes de viajar sentiram medo de atentado, de andar de ônibus, de aglomerações.
Mas, sentiram-se seguros na Terra Santa.
- Todo lugar tem seus perigos. Fatalismos à parte, quando algo tem de acontecer, você
pode esconder-se até debaixo da terra, que não escapa -observa Joseph.
Tranquilos e serenos, após análise se obsavações,estão em solo brasileiro, agradecidos a
Deus pela oportunidade do aprendizado que tiveram.

21 Alegrias do reencontro
Assim que chegou à sua cidade, Lucas tomou-se o assunto de comentários em todos os
cantos. Alguns viam na viagem que ele fez à Palestina um presente merecido de Deus;
outros, viam-no cano um homem de sorte; outros, maldosos, achavam-no um simples
oportunista.
Fosse como fosse, todos queriam conversar com ele, para obter impressões e informações
sobreaviagem; ou para saber como era realmente a vida na Palestina nos tempos atuais; ou
para conferir se tudo o que ouvem, vêem e lêem nos noticiários a respeito da região
corresponde à realidade.
No Centro Espírita onde colaborava ou na Universidade onde lecionava, foram
organizados debates e palestras sobre a Palestina, com a participação do público—no Centro
Espírita; e dos alunos-na Universidade.
Quando Lucas passou pelo bar do Henrique, os frequentadores o convocaram a entrar e
íàlar sobre o passeio. — Afinal, foi aqui que você conheceu o Joseph-justificou André Cintra.
Gozador e irreverente como sempre, perguntou:
—E aí, meu irmão, curtiu bastante as “arábias”?
- Foi muito bom o passeio, André. Muito proveitoso.
-Deu para conhecer alguma pretendente?
—'Não. Fiquei preso apenas à beleza do lugar, à sua história, aos seus costumes.
-Para você, um grande enriquecimento cultural.
—Ah, isso foi.
A curiosidade era geral. Lucas diz que tudo saiu bem para eles, pois, além da retaguarda
que tiveram de Samir e Agar, seus anfitriões, em Jerusalém não tiveram nenhuma
dificuldade, devido à estrutura que encontraram.
Lucas informa que Israel possui um território de 20.770 quilômetros quadrados, dez
vezes menor que o Estado de São Paulo. Possui uma ótima rede de estradas. Paia quem, como
ele, fala o hebraico, o árabe, o inglês, o fiancés e o espanhol, e conhece bem o Antigo e
oNovo Testamento, não precisa, muitas vezes, - como muitas vezes não precisaram ficar
somente na dependência de guias turísticos.
Lucas se despede do pessoal do bar do Henrique. Na saída, cumprimenta um, abraça
outro e segue para o apartamento em que mora, onde se reencontra, todos os dias, com os
seus melhores amigos: os livros.

22 Por um amor vale a vida


O departamento de palestras do Centro Espírita organizou, numa manhã de domingo,
uma programação denominada Debate Sobre aPales- tina, com palestra de Lucas e
participação do público, com perguntas por escrito.
Foram feitas perguntas em tomo da vida atual na Palestina, da história e do aspecto
religioso da região. Tamanho o interesse, que, no encerramento dos trabalhos, a diretoria do
departamento de palestras do centro espírita prometeu outros encontros futuros.
Tendo sido curto o tempo programado para responder a todas as perguntas, os
promotores do evento combinaram com Lucas para que ele respondesse a algumas
perguntas através do jornal mensal mantido pelo Centro Espírita.
Algumas perguntas se referiam a Abraão, o patriarca hébreu. Quem ele foi, e como se
originou o povo de Israel.
Lucas esclareceu:
—Este assunto é relatado no livro Gênesis, a partir do capítulo 12. Vou sintetizar o que lá
se escreve.
Abraão, considerado o primeiro grande patriarca do povo hebreu, de cuja descendência
surgiría o Messias, era natural da cidade de Ur, na Caldéia, situada no vale da Mesopotâmia,
entre os rios Tigre e Euftates, no Golfo Pérsico, atual Iraque. Por volta do século XX antes de
Cristo, ele deixa Ur e dirige-se para Harã, ao norte, acompanhado de seu pai. Era casado
com sua prima Sara.
Depois da morte de seu pai, Abraão deixa a casa paterna e segue em busca da Tenra
Prometida. Foi até Siquém, no vale do rio Jordão, onde havia terras boas para cultura. Ali
instalou-se e viveu a maior parte de sua vida. Após ter sido testado por Deus, por quem ia
sacrificar o próprio filho Isaac, Abraão construiu um altar, formou sua aliança com os
mentores espirituais e deu início à religião monoteísta.
Houve tuna época de grande seca, quando se deslocou para o Egito com a família e o
rebanho. Quando volta à Terra Prometida, via Negueb, não foi bem recebido pelos cananeus,
principalmente pelos desentendimentos de seu sobrinho Lot, que também desentendeu-se
com os pastores do rebanho de Abraão. Por isso, tio e sobrinho separam-se e, a conselho de
Abraão, Lot instala-se com sua tribo na planície do Jordão, ao sul do Mar Morto.
Abraão teve vários filhos. Deles, os mais citados foram Ismael, filho de Agar, escrava de
sua mulher, e Isaac, filho de sua mulher Sara. Isaac casa-se aos 40 anos de idade com
Rebeca, irmã de Labão, com quem teve dois fihos, os irmãos gêmeos Esaú e Jacó. Esaú, por ter
nascido primeiro, tinha direito à progenitura, mas trocou-a com Jacó porum prato de
lentilhas.
Por determinação de Isaac, Jacó é enviado à casa de Labão, em Harã, onde conhece sua
prima Raquel e apaixona-se por ela Labão exige que, para recebê-la em casamento, Isaac
trabalhe para ele durante sete anos. Findo o prazo, astuciosamente, em lugar de Raquel lhe
dá Lia Após uma semana nupcial, Labão entregou Raquel, com a exigência de que, para
despo sá-la, Jacó teria que trabalhar mais sete anos.
Durante a viagem até Harã, Jacó sonhou com uma escada que se erguia na Terra e os
anjos de Deus subiam e desciam por ela.
Esta escada representa o processo de evolução dos Espíritos na Terra. Na volta da viagem
paraCanaã, Jacó sonhou que lutou com um anjo até o amanhecer. Como não foi vencido, o
anjo lhe deu o nome de Israel e lhe disse que esse seria o seu nome daí em diante, pois, dos
seus descendentes, que seriam doze, se originariam as doze tribos de Israel. Como sabemos,
na divisão de Canaã, cada uma das terras recebeu o nome de um dos filhos de Jacó. Esta é a
origem do povo de Israel.
Segundo São Jeiônimo, estudioso e compilador da primeira Bíblia em Latim, o sonho de
Jacó é uma miragem do combate espiritual e perseverante do homem com sua inferioridade
- a Reforma íntima, como nós espíritas a conhecemos.
Lucas aproveita a oportunidade e apresenta ao público, vivamente encantado com sua
exposição, o soneto de Luís de Camões:
Sete anos de pastor Jacó servia Labão, pai de Raquel, serrana bela; mas não servia ao pai, servia a ela, e
a ela só por prêmio pretendia.
Os dias, na esperança de um só dia, passava, contentando-se por vê-la; porém o pai, usando de
cautela, em lugar de Raquel lhe dava Lia.
Vendo o triste pastor que com enganos assim lhe fora negada a sua pastora, como se não a tivera
merecida;
Começa de servir outros sete anos, dizendo: — Mais servira, se não fora para tanto amor tão curta a
vida.

23 Os livros iniciais
Foram feitas várias perguntas sobre o Pentateuco e outras sobre a proibição de Moisés às
evocações dos mortos, que Lucas esclareceu:
- Dá-se o nome de Pentateuco aos cinco primeiros livros da Bíblia, cuja autoria é
atribuida a Moisés, embora não haja confirmação de que ele os tenha escrito. São os livros:
Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Esse conjunto de Livros é chamado “livro da
Lei de Moisés” ou, como é denominado na Bíblia Judaica, Torá.
O livro Gênesis conta como começou tudo o que existe: o universo, o homem, o pecado
original; sobre o dilúvio, a era patriarcal, as tribos que compõem a história do povo hebreue
sua genealogia.
OExodo fala sobre a libertação dos judeus no Egito, a fuga, aviagem até o Sinai, aLei e a
Aliança, o tabemáculo e o culto. A figura central do livro é Moisés e o trecho mais conhecido
é o que se refere aos Dez Mandamentos—capítulo 20, versículos 1 a 17.
O Levítico íàla das leis que regulam os rituais de sacrifício e purificação e agradecimento;
a cerimônia de posse de sacerdotes, leis sobre o uso de animais à mesa, purificação da
mulher após o parto e na menstruação; conselhos sobre saúde, cuidados com a lepra,
casamentos ilícitos com penas aos faltosos.
Números. Tem esse nome porque nele há duas contagens dos israelitas; uma, quando
saíram do Egito; outra, 40 anos mais tarde, antes de entrarem na terra de Canaã. Entre os
capítulos 1 a 26, é contada a história da caminhada dos israelitas até Cades-Baméia, no sul
de Canaã, onde permanecem por muitos anos, deslocando-se no final para a região
montanhosa que fica a leste do rio Jordão.
O livro Deuteronômio registra três discursos de Moisés ao seu povo, sendo que no
primeiro ele pede-lhes obediência, conta a história de Israel e os seus objetivos para chegará
Terra Prometida. No segundo, contaa história da legislação, 61a ao seu povo dos Dez
Mandamentos, relembraa eles as leis editadas anteriormente e lhes 61a da necessidade de
obediência. No terceiro, 61a da promulgação da lei, das bênçãos pela obediência e dos
castigos pela desobediência. Fala ainda da nova Aliança de Deus com o povo, das promessas
e misericórdias divinas e da indicação de Josué como seu sucessor.
Sobre a proibição de Moisés, Lucas lê a passagem “Contra os adivinhos e feiticeiros”,
registrada no capitulo 18, versículos 9 a 14 do Deuteronômio. Ele explica que essas
proibições também estão nos livros Êxodo e Levítico.
Os profetas — Quando entrares na terra que Iahveh teu Deus te dará, não aprendas a imitar as
abominações daquelas nações.
Que em seu meio não se encontre alguém que queime seu filho ou sua filha, nem que faça
presságio, oráculo, adivinhação ou magia, ou que pratique encantamentos, que interrogue espíritos ou
adivinhos, ou ainda que invoque os mortos;
pois quem pratica essas coisas é abominável a Iahweh, e é por causa dessas ábomininações que
Iahweh teu Deus as desalojará em teu favor.
Tu serás integro para com Iahweh teu Deus.
Eis que as nações que vais conquistar ouvem oráculos e adivinhos. Quanto a ti, isso não é permitido
por Iahweh teu Deus. ‘ ' 3 Lucas explica a Joseph que a razão das proibições de Moisés era
preservar o povo das idolatrias, e evitar o mal uso das evocações, mesmo porque
encontramos ra Bíblia inúmeras dessas manifestações espirituais.

24 Retrato de Jesus
Outra pergunta: “Jesus, na sua passagem pela Palestina, produziu fetos maravilhosos,
sem nunca ter feito milagres. Fale arespeito”.
Para responder à pergunta, Lucas lê o item 63 do livroGênese- capítulo XV: Os Milagres
do Evangelho.
O maior dos milagres de Jesus, aquele que atesta verdadeiramente sua superioridade, é a
revolução que seus ensinamentos operou no mundo, apesar da exiguidade dos seus meios de ação.
Com efeito, Jesus, obscuro, pobre, nascido na mais humilde condição, num pequeno povoado
quase ignorado e sem preponderância política, artística ou literária, apenas prega durante três anos;
durante esse curto espaço de tempo, é desatendido e perseguido por seus concidadãos, caluniado,
tratado como impostor; é obrigado a fiigirpara não ser lapidado; é traído por um de seus apóstolos,
negado por outro, abandonado por todos no momento em que cai nas mãos de seus inimigos. Apenas
fazia o bem, e isso não o coloca ao abrigo da malquerença, a qual voltava contra ele os próprios
serviços que prestava. Condenado ao suplício reservado para os criminosos, morre ignorado do
mundo, pois a História do seu tempo se cala a seu respeito. Nada escreveu, e, entretanto, auxiliado por
alguns homens obscuros como ele, sua palavra bastou para regenerar o mundo; sua doutrina matou o
paganismo todo-poderoso, e tomou-se a bandeira da civilização ocidental. Unha contra si tudo o que
pode fazer malograr os homens, e é por isso que dizemos que o triunfo de sua doutrina é o maior dos
seus milagres, ao mesmo tempo queprova sua missão divina.
Se, em lugar de oferecer princípios sociais e regeneradores, fundados sobre oJuturo espiritual do
homem, ele não tivesse a oferecer à posteridade senão alguns fatos maravilhosos, hoje mal seria
conhecido pelo nome”.
Acrescenta que no trecho: Condenado ao suplício reservado aos criminosos, morre ignorado do
mundo, pois a História do seu tempo se cala a respeito - há uma nota de rodapé informando que
o historiador Flávio Josepho é o único que dele fala, dizendo, aliás, pouca coisa.
Por ter sido aquela a última resposta às perguntas formuladas, Lucas encenou sua
participação no programa com a leitura de um documento que é um verdadeiro Retrato de
Jesus, carta escrita pelo senador Públio Lentulus, (uma das reencarnações do espírito
Emmanuel), legado na Galiléia do Imperador Romano Tibério César. A carta foi encontrada
em Roma, no arquivo do Duque de Cesadini:
—Existe nos nossos tempos um homem, o qual vive atualmente de grandes virtudes, chamado
Jesus, que pelo povo é inculcado profeta da verdade e os seus discípulos dizem que é filho de Deus,
criador do Céu e da Terra e de todas as coisas que nela se acham e que nela tenham estado; em
verdade, cada dia se ouvem coisas maravilhosas desse Jesus; ressuscita os mortos, cura os enfermos;
em uma só palavra: é um homem de justa estatura e ê muito belo de aspecto. Há tanta majestade no
rosto, que aqueles que o vêem são forçados a amá-lo ou temê-lo. Tem os cabelos da cor da amêndoa
bem madura, distendidos até as orelhas e das orelhas até as espáduas, são da cor da terra, porém mais
reluzentes. Tem no meio da suafronte uma linha separando os cabelos, na forma em uso nos
Nazarenos; o seu rosto é cheio, o aspecto é muito sereno, nenhuma ruga ou mancha se vê em sua face
de uma tez moderada; o nariz e a boca são irrepreensíveis. A barba é espessa, mas semelhante aos
cabelos, não é muito longa mas separada pelo meio; seu olhar é muito especioso e grave; tem os olhos
graciosos e claros; o que surpreende é que resplandece no seu rosto como os raios do sol, porém
ninguém pode olhar o seu semblante, porque, quando resplende, apavora, e, quando ameniza, faz
chorar; faz-se amar e é alegre com gravidade. Diz-se que ninguém o viu rir, mas, antes, chorar. Tem
os braços e as mãos muito belos; na palestra contenta muito, mas o faz raramente e, quando dele
alguém se aproxima, verifica que é muito modesto na presença da pessoa. É o mais belo homem qiie sè
possa imaginar,: múito semelhante à sua Mãe, a qual é dèiiina Utfà bêléza, não se tendo jamais- visto,
por estas partes, uma donzela tão bela... .
De letras, faz-se admirar de toda a cidade de Jerusalém; ele sabe todas as ciências e nunca estudou
nada. Ele caminha descalço e sem coisa alguma na cabeça. Muitos se riem, vendo-o assim, porém, em
sua presença, falando com ele, tremem e o admiram. Dizem que um tal homem nunca fora ouvido
por estas partes. Em verdade, segundo me dizem oshebreus, não se ouviram, jamais, tais conselhos, de
grande doutrina, como ensina este Jesus; muitos judeus o têm como Divino e muitos me querelam,
afirmando que é contra a lei de tua Majestade.
Diz-se que este Jesus nunca fez mal a quem quer que seja, mas, ao contrário, aqueles que o
conhecem e com ele têm praticado, afirmam ter dele recebido grandes benefícios e saúde, porém a tua
obediência estou prontíssimo—aquilo queTua Majestade ordenar será cumprido.
Vale, da Majestade Tua.fidelíssimo e obrigadíssimo.
Líndizionesétima, lunaseconda"
Públio Lentulus.
Religião e Ciência
Na universidade, organizou-se um encontro com a participação dos alunos e
professores, para discussões referentes à Palestina, com palestra proferida por Lucas. Depois
da palestra, o esclarecimento de dúvidas.
Chegado o momento das perguntas, os alunos quiseram saber como um professor
preparadíssimo como Lucas, de formação espírita, via a questão das idas e vindas das
gerações de espíritos encarnados na Terra e de que maneira ele encarava o futuro dessas
gerações.
Deveríam ser feitas perguntas sobre o terna ou sobre outros assuntos, relacionados com
o Espiritismo.
Um aluno levantou a seguinte questão: “Professor, constantemente surgem descobertas,
na Palestina, sobre a existência de lugares considerados sagrados. Sabemos que o Espiritismo
nunca descarta a Ciência, mas algumas religiões são, muitas vezes, contrárias a
determinadas descobertas, principalmante quando ferem os seus dogmas. Como você vê a
questão?’
Lucas respondeu que, no livro O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec esclarece
que a Ciência e a Religião são as duas alavancas da inteligência humana. A Ciência
revelando as leis do mundo material e a Religião, as leis do mundo moral. Estas leis têm o
mesmo princípio, que é Deus, e não podem contradizer-se.
Principalmente porque algumas religiões costumam se contrapor à Ciência. São
chegados os tempos em que os véus devem ser levantados. De sua parte, o Espiritismo
sempre respeitou as descobertas da Ciência, chamando a atenção para que o cientista
direcione suas pesquisas em favor do homem, isto é, que não vise à destruição do homem.
Cada qual responderá espiritualmente, pelo bem ou mal que fizer.
É importante que a religião se norteie pelo cumprimento da verdade. O Espiritismo
surgiu preenchendo o espaço, o traço de união, que separava aCiênciadaReligião. Como diz
Kardec: Este traço está no conhecimento das leis que regem o mundo material e suas relações com o
mundo corporal, leis tão imutáveis como as que regulam o movimento dos astros e a existência dos
seres.

26 O perpassar das gerações


Outro aluno perguntou: “Em todas as gerações que povoaram a Terra, sempre existiram
os que desejam a paz e não a guerra. O que é necessário para que o homem seja feliz, na
Terra?”
Lucas explica que a felicidade completa é própria dos mundos elevados, moradas dos
espíritos puros. Na Terra, que é um mundo de expiações e provas, temos uma felicidade
relativa.
A Terra está marchando para ser um mundo de regeneração. Nesta marcha, muitos
espíritos encarnam e desencarnam no planeta. Para que a felicidade sobressaia, é necessário
que o planeta seja povoado de bons Espíritos, que somente queiram fazer o bem.
Neste vaivém de espíritos, os que praticam o mal pelo mal serão excluídos da Terra, pois
o seu retomo traria novamente perturbações, o que seria um obstáculo ao progresso.
Alguns desses Espíritos expiarão seu endurecimento em mundos inferiores, outros em
raças atrasadas, a quem levarão os conhecimentos já adquiridos com a missão de fazer com
que essas raças progridam. Na Terra, serão substituídos por Espíritos melhores, que
trabalharão para a justiça, a paz, a fraternidade.
Assim, compreende-se que não será por um cataclismo, como muitos dizem, que virá a
transformação da Terra. As gerações desaparecerão e se sucederão gradualmente, sem que,
para tanto, mude a ordem das coisas e nesta ordem, em lugar de um espírito atrasado e
inclinado ao mal, encontrará um espírito adiantado e inclinado ao bem. Será, pois, uma
nova geração de espíritos. E neste sentido que Jesus disse: “Em verdade vos digo que esta
geração não passará sem que estas coisas aconteçam”.
Se considerarmos o progresso da humanidade, desde que o homem existe até agora,
constataremos que essa marcha se processa lentamente, pois o progresso cultural, a
sabedoria do homem, sempre marcha à fiente do progresso moral.
Podemos dizer simbolicamente que, como pássaros, temos duas asas: a do conhecimento
e a do amor. Temos que lutar para que cresçam igualmente, para que tenhamos equilíbrio.
Nem o conhecimento à fiente do amor, nem o amor à fiente do conhecimento
Há pessoas que dizem: “De que adianta ser bom, se meu vizinho, meu parente, meu
colega não o são?” Não devemos pensar assim. Tudo o que fazemos de bom é uma
contribuição valiosa para a melhoria da sociedade.
Ao verificarmos o recrudescimento da violência na Terra, muitas vezes tem-se a
impressão de que o mal predomina. No entanto, há muitas coisas boas acontecendo. Ocorre
que os maus são intrépidos, ao contrário dos bons que são pacatos e recatados. Se os bons
quiserem, farão uma verdadeira revolução na face da Terra. Haja vista as transformações
que acontecem, no dia-a-dia, em todo o mundo, mostrando que o mal jamais prevalecerá.

27 Saborosos frutos
Após a participação brilhante no centro espírita e na universidade Lucas sentia-se
plenamente realizado por tudo o que Deus lhe proporcionara.
Acreditava que havia escolhido um tipo de vida de acordo com sua personalidade, suas
pretensões de adquirir maiores conhecimentos e liberdade para os trabalhos intelectuais.
Os convites que recebera do curso pré-vestibular e do jornal da capital do Estado que
ainda estavam “de pé” foram reestudados cuidadosamente. Mas ainda sentia-se apegado à
terra natal, à qual devia o seu nascimento e a sua formação educacional. Era cada vez mais
respeitado. Sua agenda estava sempre cheia, de tantos compromissos. Cada vez mais
atarefado, uma amiga do Centro Espírita, veio dar-lhe assessoria.
Chegada a eleição da diretoria do Centro Espírita, foi eleito diretor da Area de Ensino,
quando iniciou uma renovação, com atualização de métodos e técnicas de ensino.
Em seus momentos de prece, não perdera o costume de proferir, além do Pai Nosso e da
Prece de Cáritas, às vezes, o Salmo 21, que decorou logo que começou a estudar a Bíblia.
O bom pastor
O Senhor é meu pastor, nada me falta.
Em verdes pastagens me fez repousar.
Para as águas traquilas me conduz e restaura as minhas forças;
ele me guia por caminhos justos, por causa do seu nome.
-Altamirando Carneiro -
Ainda que eu caminhe por um vale tenebroso, nenhum mal temerei, pois estás junto a mim; teu bastão
e teu cajado me deixam tranquilo.
Diante de mim preparas uma mesa à frente de meus opressores; unges minha cabeça com óleo, e
minha taça transborda.
Sim, felicidade e amor me seguirão todos os dias da minha vida; minha morada é a casa do Senhor por
dias sem fim.

28 Espí ritas, instruí -vos!


Sempre que meditava sobre o ensinamento de Jesus, no Sermão do Monte: “Vós sois o sal
da terra e a luz do mundo”, Lucas pensava na melhor maneira de transmitir às pessoas o
fiuto do conhecimento adquirido por ele, durante todos esses anos.
Vária idéias lhe surgiram, inclusive a oportunidade de escrever um livro. Mas, de
imediato, ele achou que podería expor as suas idéias, expressas em aulas e palestras, num
site que acabara de inaugurar. Assim, não somente os brasileiros usufruiríam desse cabedal
de conhecimentos, como várias pessoas de outras localidades.
São assuntos vários. É verdade que o forte dele eram os latos referentes à Palestina, mas,
como era dotado de uma invejável cultura geral, também abordava outros temas,
igualmente interessantes.
Lucas adora poesia. Um dos poemas que mais o tem impressionado é Vidas anteriores, de
Francisca Júlia, nascida em Xiririca, (atual Eldorado), Estado de São Paulo, em 31 de agosto
de 1874 e falecida na Capital paulista, em 1 ° de novembro de 1920.
E tão contundente esse poema, que Lucas resolveu transcrevê-lo no seu site para
conhecimento dos intemautas:
Quando curva a cabeça, à toa, o passo bardo Por desertas ruas caminho,
A hora crepuscular em que, sob o céu pardo,
As asas se cruzam no ar, em demanda ao ninho.
O céu é tristre, o ambiente é leve, e as auras puras Deixam, suspensas no ar, a amargura das notas,
Vêm-me recordações de existências obscuras Que no sepulcro estão em épocas remotas.
Na índia vejo-me a 1er, sóbrio o gesto e voz clara,
A multidão que escuta o Verbo e o Exemplo,
Preces do Baghavad Gita e do Vedanta-Sara,
Sob os negros umbrais de um arruinado templo.
Fui cheia, fui faquir, fui sharedon; e ainda hoje Minha imaginação, no seu vôo altaneiro,
Deprende-se, ala-se e foge
Para aquelas regiões onde nasci primeiro.
Lucas não podería inicar seus textos, em seu site, sem registrar os ensinamentos da
Codificação Espírita nem tampouco sobre aquele que ilumina os nossos passos. Daí, buscar o
texto sobre o Cristo.
Não vim destruir a lei - A seguir o site reproduz o texto do 0 Evangelho Segundo o Espiritismo,
tradução de José Herculano Pires, Editora Lake, capítulo I, itens 3 e 4: Cristo.
3. Jesus não veio destruir a lei, o que quer dizer: a lei de Deus. Ele veio cumpri-la, ou seja,
desenvolvê-la, dar-lhe o seu verdadeiro sentido e apropriá-la ao grau de adiantamento dos homens.
Eis por que encontramos nesta lei o princípio dos deveres para com Deus e para com o próximo, que
constitui a base de sua doutrina.
Quanto às leis de Moisés propriamente ditas, ele, pelo contrário, as modificou profundamente, no
fundo e na forma. Combateu constantemente o abuso das práticas exteriores e as falsas interpretações,
e não pôde fazê-las passar por uma reforma mais radical do que redizindo-as a estas palavras: "Amar
a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo ”, e ao acrescentar: “Esta è toda a lei e os
profetas”. Por estas palavras: "0 céu e a terra não passarão, enquanto não se cumprir até o último jota ”,
Jesus quiz dizer que era necessário que a lei de Deus fosse cumprida, ou seja, que fosse praticada sobre
toda a Terra, em toda a sua pureza, com todos os seus desenvolvimentos e todas as suas consequências.
Pois de que serviría estabelecer esta lei, se ela tivesse de ficar como privilégio de alguns homens ou
mesmo de um só povo? Todos os homens, sendo filhos de Deus, são, sem distinções, objetos da mesma
solicitude.
4. Mas o papel de Jesus não fora simplesmente o de um legislador moralista, sem outra autoridade
que a sua palavra. Ele veio cumprir as profecias que haviam anunciado o seu advento. Sua autoridade
decorria da natureza excepcional do seu Espírito e da natureza divina da sua missão. Ele veio ensinar
aos homens que a verdadeira vida não está na Terra, mas no Reino dos Céus; ensinar-lhes o caminho
que os conduz até lá, os meios de se reconciliarem com Deus, e os advertir sobre a marcha das coisas
futuras, para o cumprimento dos destinos humanos. Não obstante, ele não disse tudo, e sobre muitos
pontos limitou-se a lançar o germe de verdades que ele mesmo declarou não poderem ser então
compreendidas. Falou de tudo, mas em termos mais ou menos claros, de maneira que, para entender o
sentido oculto de certas palavras, era preciso que novas idéias e novos conhecimentos viessem dar-nos
a chave.
Estas idéias não poderíam surgir antes de um certo grau de amadurecimento do espírito humano.
A ciência devia contribuir poderosamentepara o aparecimento e o desenvolvimento dessas idéias. Era
preciso, pois, dar tempo à ciência para progredir.

29 Palestina, encanto e magia


Nas palestras que fazia e nas aulas que ministrava, Lucas sempre procurava ilustrar o
que dizia com comentários que situavam melhor as pessoas que o ouviam, sobre os assuntos
abordados. A respeito da Palestina, ele destacou vários desses comentários e colocou-os no
site. Como o comentário que se segue:
Palestina, terra de intenso encanto e magia. Não há como não amar este lugar, mesmo
que só o conheçamos pelos relatos dos livros. Pois foi lá que aconteceu a maior história de
todos os tempos, protagonizada por Jesus de Nazaré. Uma história surpreendente. História
tão grande e extraordinária, quanto extraordinária e grande é a presença de Jesus em nossas
vidas.
Ele chega de mansinho e preenche o nosso coração. E particularmente nós, espíritas, o
compreendemos na sua real excelsitude, graças à Codificação Espírita, trazida por Allan
Kardec.
Se para nós esta fascinação pela Palestina é surpreendente, não é difícil imaginarmos
porque os israelitas tinham tanto amor por sua terra, esse amor, que tinha sentido, pois a
Palestina era um país belíssimo: com suas planícies, profundos vales, os planaltos central e
oriental, altos montes, onde neles seu povo via a grandeza de Deus; desertos, mares, lagos,
rios e clima variado.
Verdadeiro encanto e magia exerciam os rios e os lagos e os que os admiravam ficavam
fascinados pela placidez de suas águas. O rio Jordão origina-se da confluência de quatro
rios. O Rio Jordão é o mais importante do mundo antigo. Está ligado às manifestações
religiosas, desde os dias de Abraão, até os dias de Jesus, foi palco do ministério de João Batista
e do batismo de Jesus. O Lago Tiberíades ou Mar da Galiléia, cujas margens, e praias foram
locais de acontecimentos importantes da vida de Jesus.
O clima era variado. A sua posição geográfica, a sua topografia acidentada, sua
proximidade com o Mediterrâneo e a proximidade do deserto contribuíam para as
madrugadas lindíssimas, geadas fortes e neve, comuns sobre as montanhas. A noite, o frio
era intenso.
Existiam lírios em abundância. Olhai os lírios do campo - disse Jesus - Eles não fiam nem
tecem, no entanto nem Salomão, com toda a sua pompa, com toda a sua grandeza, vestiu-se igual a
um deles.
Naquela época, estudava-se no livro Provérbios (3:13): Feliz o homem que encontrou a
sabedoria, o homem que alcançou o entendimento!
Hoje, lembremo-nos da comunicação do Espírito da Verdade, em Paris,1860:
Espíritas, amai-vos, eis o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o segundo. Todas as verdades se
encontram no Cristianismo.
30 Pesquisa bibliográfica
A Bíblia de Jerusalém, Paulus Editora, São Paulo, 2001. KARDEC, ALLAN
A Gênese, Lake Editora, São Paulo, 1998.
KARDEC, ALLAN
O Evangelho Segundo o Espiritismo, Lake Editora,
São Paulo, 1998
PIRES, JOSÉ HERCULANO
No Limiar do Amanhã, Editora Camille Flammarion,
São Paulo, 2001
SAVELLE. MAX
História da Civilização Mundial, vol.I Editora Itatiaia, Belo Horizonte, 1964
Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa,
Bloch Editores, S. A., Rio de Janeiro, 1981.

Biografia - Altamirando Carneiro


FORMAÇÃO EDUCACIONAL Universitária:
Bacharel em Comunicação Social - Jornalismo.
ATIVIDADES PROFISSIONAIS
Editor do Jornal O Semeador e do Jornal Espírita, da
Federação Espírita do Estado de São Paulo.
ATIVIDADE ESPÍRITA
Expositor na Federação Espírita do Estado de São Paulo, e em diversos Centros Espiritas por
todo o Brasil. Dirigente de Tribuna em Palestras da Federação Espírita do Estado de São
Paulo.
Participação em congressos e simpósios Nacionais. OBRAS PUBLICADAS
Castro Alves e o Espiritismo, Edições FEESP, São Paulo. Abolição, Promessa de Ontem, Esperança de
Hoje, Panorama Comunicações, São Paulo.
No Limiar do Amanhã - Lições de Espiritismo com Herculano Pires, organizador- Editora Camille
Flammarion, São Paulo, 2001

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