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© 1984 LivingStreamMinistry

Edição para a Língua Portuguesa


© 1997 Editora Árvore da Vida

Título do Original Inglês:


Life-Study of First John, Second John, Third John and Jude

1ª Edição — Fevereiro/1997 — 2.500 exemplares

Traduzido e publicado com a devida autorização do Living Stream Ministry e todos os


direitos reservados para a língua portuguesa pela Editora Árvore da Vida.

Editora Árvore da Vida


Rua Tuiuti, 1372 — Tatuapé — CEP 03081-000
Tel.: (011) 218-5399 — São Paulo — SP — Brasil

Impresso no Brasil
pela Copiadora Árvore da Vida
ESTUDO-VIDA DE 1 JOÃO
MENSAGEM 1
UMA PALAVRA A RESPEITO DOS ESCRITOS DE JOÃO
(1)

Leitura da Bíblia: 1Jo 1:2-3; 2:27; 3:9; 5:4, 18


Com esta mensagem damos início ao
Estudo-Vida das Epístolas de João. Confiamos no
Senhor para nos esclarecer novamente as Escrituras e
falar uma palavra cheia de frescor a todos nós.

UMA REVELAÇÃO DE COISAS DIVINAS


Esta mensagem é uma palavra introdutória
acerca dos escritos de João. Os escritos de João
incluem o seu Evangelho, suas três Epístolas e o
Apocalipse. Esses escritos ocupam um lugar
específico e marcante na plena revelação de Deus na
Bíblia. Em seu Evangelho, Epístolas e Apocalipse,
João escreve sobre coisas misteriosas. Essas coisas
são misteriosas porque são divinas. Por isso,
precisamos ver que os escritos de João consistem
integralmente da revelação de coisas divinas. Quero
aqui dar ênfase a duas palavras: revelação e divino.
A Bíblia inteira, naturalmente, é a santa
revelação de Deus. A Bíblia não foi escrita segundo a
mente do homem ou de acordo com o conceito
humano; pelo contrário, a Bíblia toda é a revelação
divina escrita em linguagem humana. Entretanto,
é-nos importante perceber que isso é verdade
principalmente com relação aos escritos de João, os
quais se ocupam das coisas divinas.
Nossa Necessidade de Revelação
Porquanto João escreve a respeito das coisas
divinas, é necessário que essas coisas nos sejam
reveladas. Não é possível à mente humana natural
adivinhar ou inferir o que os escritos de João nos
revelam. Tudo o que é revelado nos escritos de João
está mu ito além da nossa compreensão humana. Daí
não haver aqui lugar para adivinhações ou
inferências. A nossa capacidade mental não consegue
compreender, captar as coisas divinas reveladas nos
escritos de João. O Evangelho de João, as três
Epístolas de João e o livro de Apocalipse revelam
pontos que estão além da nossa capacidade de
imaginar. Não conseguimos nem mesmo conceber
essas coisas, quanto menos fazer inferências acerca
delas. Porquanto os escritos de João compõem-se de
coisas divinas, não conseguimos, com nossa mente
natural, imaginar o que eles contêm. Somente
mediante a revelação divina é que as coisas divinas
nos escritos de João podem ser-nos reveladas.
Ao lermos os escritos de João, não é suficiente
meramente exercitar nossa mente. Precisamos de
muita oração. Também precisamos crer que hoje o
Espírito divino está dentro de nós, em nosso espírito.
Devemos confiar nesse Espírito que habita
interiormente para dar-nos a revelação das coisas
contidas nos escritos de João, e também a sabedoria
para compreender, captar as coisas que vemos em
nosso espírito como resultado dessa revelação. Como
o apóstolo Paulo, precisamos orar por um espírito de
sabedoria e revelação: “Para que o Deus de nosso
Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda
espírito de sabedoria e de revelação no pleno
conhecimento dele” (Ef 1:17). Não é suficiente
simplesmente ler os escritos de João ou meditar
sobre eles, tampouco é suficiente simplesmente
exercitar nossa compreensão natural. Quando nos
achegamos aos escritos de João, não devemos confiar
em nossa leitura, meditação ou compreensão; pelo
contrário, devemos orar: “Senhor, dependo de Ti para
me concederes uma revelação do que está contido
nesses escritos. Senhor, não confio em minha
habilidade natural para compreender a Tua palavra.”
O livro todo de Apocalipse é uma revelação. É por
isso que ele começa com as palavras: “Revelação de
Jesus Cristo, que Deus lhe deu” (1: Ia). A palavra
“revelação” denota a remoção de um véu. Revelação é
uma questão de remover um véu para mostrar-nos
algo misterioso, oculto atrás do véu. Todos nós
precisamos deste desvendar. Muitas coisas divinas
maravilhosas têm estado escondidas, entretanto,
podemos experimentar um desvendar e ter essas
coisas reveladas a nós.

Nossa Necessidade de Entendimento


Junto com a revelação; precisamos também de
entendimento. Podemos ver certas coisas, mas
podemos não compreender o que vemos. Por
exemplo, suponha que você visite uma grande fábrica
e veja todos aqueles diferentes tipos de máquinas.
Você observa as máquinas, mas pode não entender
nada a respeito delas. Embora as máquinas lhe
tenham sido reveladas, você ainda precisa de
entendimento. O princípio é o mesmo com as coisas
divinas. Além da revelação, também precisamos de
sabedoria para entender. Por esse motivo, Paulo orou
por espírito de sabedoria e de revelação.
Voltar-se para o Espírito Mesclado
O pensamento nos escritos de João é totalmente
divino.
Esses escritos não contêm ensinamentos éticos
ou conceitos filosóficos; pelo contrário, estão repletos
de assuntos divinos. A palavra “divino” indica algo
que diz respeito a Deus ou que pertence a Ele. As
coisas concernentes a Deus e pertencentes a Ele
próprio são divinas, e tudo o que é divino é
misterioso. Não somos capazes de compreender, de
captar essas coisas misteriosas. Deus é real e infinito.
Como poderíamos nós, meros seres humanos,
compreendê-Lo? Isso é impossível. Não temos
capacidade de compreender Deus, mas agradecemos
a Ele por ternos criado com um espírito, e, em Sua
salvação, ter regenerado nosso espírito mortificado e
dispensado Sua vida divina para dentro do nosso
espírito. Ele até mesmo se deu a nós como o Espírito
que dá vida para habitar dentro do nosso espírito.
Somente no nosso espírito regenerado é que somos
qualificados para ver a revelação das coisas
misteriosas nos escritos de João. A nossa mente
humana não está qualificada para isso. Não há como
vermos tais coisas com a nossa mente natural. Graças
ao Senhor por termos um espírito regenerado,
mesmo um espírito mesclado, o nosso espírito
regenerado mesclado com o Espírito divino. Por isso,
devemos voltar-nos para esse espírito mesclado e
orar: “Senhor, confiamos no Teu revelar e na Tua
sabedoria. Cremos, Senhor, que Tu queres
mostrar-nos algo nos escritos de João. Senhor, assim
como abriste o véu para o apóstolo João, abra-o
novamente a nós. Senhor, precisamos da reabertura
do véu. Tem misericórdia de nós e desvenda outra vez
os mistérios. Concede-nos a sabedoria para entender
e reter o que queres mostrar-nos nas epístolas de
João”.

DIGERIR O DEUS INFINITO


Já enfatizamos que a palavra “divino” denota
coisas que dizem respeito a Deus e a Ele pertencentes.
Na verdade, essa palavra denota o próprio Deus.
Assim, dizer que os escritos de João revelam coisas
divinas significa que eles revelam o próprio Deus. Ao
nos achegarmos às Epístolas de João, o nosso alvo
não é meramente aprender coisas a respeito de Deus,
mas ver as coisas de Deus. Queremos compreender,
receber e mesmo digerir as coisas de Deus. Quão
grandioso é isto! Precisamos ser sensibilizados para o
fato de que nestas mensagens não é nosso objetivo ter
um estudo da Bíblia. Não estamos nos esforçando
para aprender algo relacionado com religião ou
estudar algo que nos ajude a aperfeiçoar nosso
comportamento ou que eleve o padrão do nosso viver.
Nestas mensagens sobre as Epístolas de João, o nosso
objetivo é ver Deus, compreendê-Lo, recebê-Lo e
digeri-Lo, Quando alguém ouve a respeito de digerir
Deus, pode ficar incomodado e perguntar como é
possível Deus ser digerido por nós. Posso testificar
que fico muito feliz com esta expressão: “digerir
Deus”. Diariamente recebo Deus e O digiro. Se não
digerisse Deus, não seria capaz de suportar o pesado
encargo que está sobre mim. Louvado seja Ele
porque, digerindo-O, consigo suportar um pesado
encargo! Digerindo o Deus infinito, sou o que sou e
você é o que é. A revelação das coisas divinas nos
escritos de João é dada de modo que possamos
receber Deus e digeri-Lo.

SUPLEMENTO ÀS REVELAÇÕES DE OUTROS


ESCRITOS SAGRADOS

Um Suplemento aos Evangelhos Sinópticos


A revelação das coisas divinas nos escritos de
João é um suplemento às revelações dos outros
escritos sagrados. Isso indica que, se os escritos de
João não estivessem na Bíblia, algo importante
estaria faltando. O Evangelho de João, por exemplo, é
um suplemento aos Evangelhos sinópticos: os
Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas. Sem o
Evangelho de João, só conseguiríamos perceber que o
Senhor Jesus foi um homem que serviu a Deus como
escravo, conforme está revelado em Marcos; que Ele
morreu na cruz para ser nosso Salvador, conforme
está revelado em Lucas; e que Ele é o Rei, conforme
está revelado em Mateus. Com o Senhor como
escravo, como o Salvador e Redentor, e como o Rei,
vemos Sua humanidade. Entretanto, o Senhor era
Deus antes de se tomar homem. Isso significa que em
Sua Pessoa Ele possui dois aspectos: o divino e o
humano. Podemos dizer que Ele tem uma dupla
personalidade, pois Ele é o homem-Deus, Deus
encarnado. Ele é Deus e também homem. Ele é o
Deus real e completo, e também um homem
verdadeiro e perfeito.
Se tivéssemos somente os três primeiros
Evangelhos, os Evangelhos sinópticos, veríamos
apenas o aspecto da humanidade do Senhor, mas
pouco do aspecto da Sua divindade. Com isso
percebemos a necessidade de um suplemento aos
Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas. O Evangelho
de João serve a esse propósito. Esse Evangelho revela
que o homem Jesus, Aquele que serviu a Deus como
escravo, que morreu na cruz para ser nosso Redentor
e é o Rei do povo de Deus, esse mesmo é o próprio
Deus. Porquanto Ele é Deus, com Ele não há princípio
nem genealogia. Ele é o Deus eterno, infinito.
O Evangelho de João começa com as palavras:
“No princípio era a Palavra e a Palavra estava com
Deus e a Palavra era Deus” (Jo 1:1 — NVI). As
palavras “no princípio” indicam a eternidade passada.
No princípio, na eternidade passada, era a Palavra. Se
João não houvesse escrito isso em seu Evangelho,
jamais teríamos imaginado que o nosso Salvador é a
Palavra eterna. Que revelação maravilhosa é essa!
Mesmo com essa revelação diante de nós, podemos
ainda não ser capazes de entender o verdadeiro
significado da Palavra. Você consegue explicar o que é
a Palavra? Você conhece algum livro de ética ou
filosofia que tenha uma expressão semelhante a “No
princípio era o Verbo (a Palavra-lit.)”? João diz não
só que a Palavra estava no princípio, mas também
que a Palavra estava com Deus e a Palavra era Deus.
Ele então prossegue dizendo: “A vida estava nele, e a
vida era a luz dos homens” (v. 4). Sabemos por João
1:14 que Este que era o Verbo (a Palavra-lit.) no
princípio, tornou-se carne e tabernaculou (lit.) entre
nós. Em João 1:1, 4 e 14, temos a Palavra, Deus, vida,
luz e carne. A maravilhosa Palavra, que é Deus,
tornou-se carne. Podemos não considerar a palavra
carne de maneira positiva, mas a Bíblia declara que a
Palavra se tornou carne. Essa é uma parte da
revelação contida nos escritos de João.
Em João 1:14 é-nos dito que a Palavra, que se
tornou carne, tabernaculou (lit.) entre nós. Aprecio a
palavra “tabernaculou”. Quando a Palavra se tornou
carne, Ele se tornou o tabernáculo de Deus. Sabemos
pelo livro de Êxodo que o tabernáculo no Velho
Testamento, um tipo de Cristo, era o lugar de
habitação mútua, tanto para Deus como para o
homem. Deus habita no tabernáculo e nós podemos
entrar neste tabernáculo para ser os “colegas de
quarto” de Deus. Posso testificar que meu “colega de
quarto” é o próprio Deus que habita em Seu
tabernáculo. Meu verdadeiro lugar de habitação não é
minha casa, mas é o tabernáculo, o lugar de habitação
de Deus. Isso significa que onde Deus habita, eu
habito também. Quão maravilhoso é que a própria
Palavra, que estava com Deus no princípio,
encarnou-se para tabernacular entre nós!
João 1:14 diz que a Palavra que se tornou carne e
tabernaculou entre nós era cheia de graça e de
verdade (realidade-lit.), e também que os discípulos
contemplaram a Sua glória. Ao colocarmos o
versículo 14 junto com os versículos 1 e 4, temos a
Palavra, Deus, vida, luz, carne, tabernáculo, graça,
realidade (verdade) e glória. Em João 1:29, então,
temos o Cordeiro: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o
pecado do mundo!” Você consegue compreender
todas essas coisas maravilhosas? Como pode a
Palavra ser Deus, e como pode a vida na Palavra ser a
luz dos homens? Como pode o próprio Deus
maravilhoso tornar-se carne, e como pode o Deus
encarnado, Deus em carne, ser o tabernáculo? Como
pode esse tabernáculo ser cheio de graça e realidade?
Além disso, como pode esse Encarnado ser também o
Cordeiro de Deus? Quem poderia imaginar que na
história humana pudesse haver um escrito contendo
tais coisas? Esse escrito, o Evangelho de João, nos
fala Daquele que é a Palavra eterna e o próprio Deus,
e nos fala que nesta Palavra há vida, que essa vida é a
luz dos homens, que Ele se tornou carne, que em
carne Ele era o tabernáculo, que quando nos
achegamos a esse tabernáculo recebemos graça e
verdade e desfrutamos Sua glória, e que esse
Maravilhoso também tornou-se um Cordeiro. Um
escrito tal como esse não é meramente humano,
tampouco é algo religioso, moral, ético ou filosófico. É
um escrito contendo uma revelação que é totalmente
divina.
Muitos leitores do Novo Testamento amam o
Evangelho de Lucas, porque tem muitas parábolas e
apresenta casos de pecadores que são salvos.
Entretanto, podemos amar Lucas porque a nossa
visão é limitada, como a de um sapo no poço. Um
sapo num poço consegue ver somente um pequeno
círculo de céu, mas nos cinco livros escritos por João,
o céu todo é desvendado a nós. Ao vermos a revelação
nos escritos de João, somos alçados para fora do
nosso “poço”.
Os escritos de João não só nos tiram do poço,
como também nos levam aos céus. Em Apocalipse,
João pôde declarar que viu uma porta aberta no céu e
contemplou um trono posto no céu e Alguém
assentado no trono (Ap4:1-2). Por fim, João viu o
novo céu, anova terra e a Nova Jerusalém (Ap 21:1-2).
Num sentido muito real, o livro de Apocalipse, na
verdade, não é um livro de profecias, mas de
revelação. Nesse livro somos resgatados da nossa
pobre condição e elevados aos céus. Espero que essas
mensagens ajudem vocês a serem alçados dessa
maneira. Vocês então serão capazes de testificar: “Já
não estou mais num poço, com uma visão estreita,
limitada. Agora estou nos céus com uma clara visão
da revelação de Deus”. O objetivo dos escritos de João
é erguer-nos e mostrar-nos uma revelação das coisas
misteriosas, divinas.

Um Suplemento para Outras Epístolas


Assim como o Evangelho de João suplementa os
Evangelhos sinópticos, as Epístolas de João
suplementam as outras Epístolas do Novo
Testamento. Estudei os escritos de Paulo e Pedro, e os
aprecio muito. Também estudei as Epístolas de Tiago
e Judas. Posso testificar que se não tivéssemos as
Epístolas de João, sentiríamos uma grande perda. As
Epístolas de João são um importante suplemento
para todas as outras Epístolas.

Um Suplemento para a Bíblia Inteira


Além disso, o livro de Apocalipse é um
suplemento para a Bíblia inteira. Imagine como seria
a Bíblia se nela não houvesse o livro de Apocalipse. Se
esse fosse o caso, faltaria à Bíblia uma conclusão. Que
grande perda seria!

COMPLEMENTAÇÃO DE TODA A
REVELAÇÃO DIVINA
Os escritos de João não são apenas
suplementares, mas também complementares a toda
a revelação divina. Isso significa que os escritos de
João completam a Bíblia. O seu Evangelho completa
os Evangelhos, as suas Epístolas completam as
Epístolas e o seu Apocalipse completa a Bíblia inteira.
Se percebermos a importância dos escritos de João,
certamente agradeceremos ao Senhor por eles.
Louvado seja o Senhor pelo Evangelho, pelas
Epístolas e pelo Apocalipse de João!

ALGUNS PONTOS MARCANTES NA


PRIMEIRA EPÍSTOLA DE JOÃO

A Vida Divina e a Comunhão Divina


Na Primeira Epístola de João, há certos
versículos dos quais eu gosto de maneira especial. A
Primeira Epístola de João 1:2 e 3 diz: “E a vida se
manifestou, e nós a temos visto, e dela damos
testemunho e vo-la anunciamos, a vida eterna, a qual
estava com o Pai e nos foi manifestada, o que temos
visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para
que vós igualmente mantenhais comunhão conosco.
Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho
Jesus Cristo.” Nesses versículos, João diz que os
apóstolos anunciam a vida eterna a nós para que
tenhamos comunhão com eles. Em qual outro escrito
você pode encontrar tal palavra? Na Primeira
Epístola de João temos o anúncio da vida eterna com
objetivo de comunhão. Isso significa que a vida eterna
produz a comunhão. Quando essa vida é anunciada, o
resultado é a comunhão da vida divina. Portanto, em
1:2 e 3 temos a vida divina com a sua comunhão
divina.

A Unção
A Primeira Epístola de João 2:27 diz: “Quanto a
vós outros, a unção que dele recebestes permanece
em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos
ensine; mas, como a sua unção vos ensina a respeito
de todas as coisas, e é verdadeira, e não é falsa,
permanecei nele, como também ela vos ensinou.”
Nesse versículo, João diz que a unção do Senhor nos
ensina todas as coisas, e, assim como ela nos tem
ensinado, devemos permanecer Nele. O ensino da
unção é totalmente diferente do conhecimento dos
grandes mestres humanos, inclusive o que é chamado
de o mais elevado ensinamento de Confúcio. Que
todos possamos ter a percepção plena do fato de que a
divina unção dentro de nós está-nos ensinando todo o
tempo, e que simplesmente precisamos permanecer
no Senhor segundo a unção.

O Nascimento Divino e a Semente Divina


Outro versículo maravilhoso é 3:9: “Todo aquele
que é nascido de Deus não vive na prática de pecado;
pois o que permanece nele é a divina semente; ora,
esse não pode viver pecando, porque é nascido de
Deus.” Nesse versículo, João fala dos que são
“nascidos de Deus”. Os escritos de João dão ênfase ao
nascimento divino, à nossa regeneração. É um grande
milagre que seres humanos possam nascer de Deus,
ser regenerados Dele. Como os que crêem em Cristo,
não somente fomos gerados de nosso pai, mas
também nascemos de Deus. Todo aquele que for
gerado de um ser humano automaticamente torna-se
ser humano. No mesmo princípio, tudo o que é
gerado do cão é cão. O ponto aqui é que determinado
tipo de vida sempre haverá de gerar aquele tipo de
vida. Eu não diria que, por termos sido gerados de
Deus, sejamos Deus. Entretanto, segundo as
Escrituras, podemos dizer que por termos sido
gerados de Deus, somos Seus filhos, coma vida e
natureza divinas. Deus é nosso Pai, e nós somos Seus
filhos, possuindo Sua vida e natureza. Assim como
fomos gerados de nossos pais para termos a vida e
natureza humanas, nascemos de Deus para termos a
vida e natureza divinas.
De acordo com 3:9, todo aquele que foi gerado de
Deus não pratica o pecado, porquanto a Sua semente
habita nele. Praticar pecado é viver em pecado
habitualmente. Por termos sido gerados de Deus, não
praticamos pecado. Por exemplo, um gato pratica o
apanhar camundongos porque ele tem tal vida.
Entretanto, um cão, tendo um tipo diferente de vida,
não tem tal prática. Qualquer um que pratique
pecado não é filho de Deus. Ninguém que seja filho de
Deus vive habitualmente em pecado.
A razão pela qual alguém que foi gerado de Deus
não pratica o pecado é que a semente divina
permanece nele. A semente nesse versículo é a vida
de Deus, a qual recebemos quando fomos gerados
Dele. Essa semente divina habita em todo crente
regenerado. Quão maravilhoso é que a semente de
Deus habite em nós! Que tremenda revelação é essa!
Não consigo expressar o quanto essa revelação
ultrapassa os ensinamentos de Confúcio acerca do
ensinamento mais elevado. Por termos sido gerados
de Deus, a Sua semente permanece em nós. Você não
tem a sensação de que há algo vivo e orgânico
movendo-se e crescendo dentro de você? Às vezes
conseguimos sentir a atividade dessa semente, e
outras vezes podemos sentir que ela está florescendo.
Na parábola do semeador em Mateus 13, vemos
que o Senhor Jesus veio como um semeador para
semear a Si mesmo como a semente divina para
dentro do coração humano. O nosso coração é o solo
onde a divina semente cresce. Essa semente é nada
menos que o próprio Deus. Uma semente de trigo é
trigo, e uma semente de cravo é cravo. No mesmo
princípio, a semente de Deus é o próprio Deus. Por
meio da regeneração, Deus tornou-se uma semente
orgânica de vida crescendo dentro de nós. Por fim,
essa semente florescerá e frutificará. Porque essa
semente é divina, ela não pratica o pecado.

Gerados de Deus e Não Tocados pelo Maligno


A Primeira Epístola de João 5:4 diz: “Porque
tudo o que é nascido de Deus vence o mundo”, e 5:18
diz: “Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus
não peca; mas o que de Deus é gerado conserva-se a si
mesmo, e o maligno não lhe toca” (VRC). Quando
colocamos juntos esses versículos, vemos que tudo o
que foi gerado de Deus vence o mundo e o maligno
não lhe toca. Mais tarde veremos porque 5:4 fala de
“tudo” e 5:18 fala de “todo aquele”. No momento é
suficiente ver que tudo o que foi gerado de Deus
vence o mundo e o maligno não lhe toca.
Os cristãos freqüentemente se queixam de como
o diabo é forte. Entretanto, nos escritos de João há
uma palavra dizendo-nos que fomos gerados de Deus
e o diabo não nos toca. O diabo sabe que seus esforços
serão inúteis se ele tocar em alguém que foi gerado de
Deus e que a si mesmo se conserva.
Todos esses versículos de 1 João são únicos. Não
conseguimos encontrar tais versículos nos escritos de
Paulo ou Pedro. Gostaria de encorajá-los a gastar
algum tempo para orar sobre esses versículos. Creio
que, se vocês orarem sobre eles, verão algo divino.
Posso testificar que vi que a vida eterna me foi
anunciada, que tenho comunhão divina, que a unção
divina está dentro de mim, que fui gerado de Deus,
que tenho a semente divina, e posso ser urna pessoa
em quem Satanás não toca. Que todos possamos ver a
revelação contida nesses versículos e ser capazes de
testificar ousadamente a respeito deles.
ESTUDO-VIDA DE 1 JOÃO
MENSAGEM 2
UMA PALAVRA A RESPEITO DOS ESCRITOS DE JOÃO
(2)
Nesta mensagem continuaremos a dar uma
palavra introdutória a respeito dos escritos de João.
Na mensagem anterior vimos que os escritos de João
são uma revelação das coisas divinas e que esses
escritos são um suplemento às revelações dos outros
escritos sagrados e um complemento a toda revelação
divina. Prosseguindo, veremos que os escritos de
João são misteriosos à compreensão humana e
todo-inclusivos a respeito da Pessoa de Cristo.

MISTERIOSOS À COMPREENSÃO HUMANA


Os escritos de João são misteriosos. Questões
como a vida divina e a comunhão divina (1Jo 1:2-3), a
unção (2:27) e o nascimento divino (3:9) certamente
são misteriosos. Tais coisas são misteriosas porque
são divinas.
Você alguma vez percebeu que, desde o dia em
que recebeu o Senhor Jesus, tem sido uma pessoa
misteriosa? Se uma pessoa não for misteriosa, duvido
que tenha sido salva. Em vez de perguntarmos aos
outros se eles foram Salvos, é melhor verificar se eles
são misteriosos.
Nós, cristãos, somos misteriosos porque temos a
misteriosa vida divina com a misteriosa natureza
Divina. A vida divina com a natureza divina torna-nos
seres misteriosos. Você sabe o que é um cristão? Um
cristão é uma pessoa misteriosa. Por sermos
misteriosos, os outros não devem ser capazes de
compreender-nos tão facilmente. Além disso, por
sermos misteriosos, às vezes seremos mal
compreendidos. Na vida da igreja e em nossa vida
familiar, também deve haver um elemento de
mistério. Somos pessoas misteriosas com a
misteriosa vida de Deus.

TODO-INCLUSIVOS CONCERNENTE À
PESSOA DE CRISTO

Desvendar a Divindade de Cristo Manifestada


em Sua Humanidade
Ao fim do primeiro século, quando o apóstolo
João escrevia seu Evangelho, suas Epístolas e
Apocalipse, já havia heresias a respeito da Pessoa de
Cristo. Um dos ensinamentos heréticos era o de que
Cristo era Deus, mas não homem; outro era 6 de que
Cristo era homem, mas não Deus. Outros heréticos
negavam que Jesus era o Cristo. Por causa dessa
situação, João teve encargo de escrever acerca da
Pessoa de Cristo de uma forma todo-inclusiva.
Nos escritos de João vemos que Jesus é o Cristo e
que o Senhor Jesus Cristo é tanto Deus como homem.
Como veremos, no capítulo dois de 1 João, o apóstolo
João trata com a heresia dos ceríntios, que separavam
Cristo de Jesus e assim negavam que Jesus é o Cristo.
Ao chegarmos ao capítulo quatro, veremos que João
trata com a heresia dos docetistas, que negavam que
Jesus Cristo viera em carne. Os escritos de João
revelam que Cristo é todo-inclusivo, que Jesus é o
Cristo, e Ele é tanto Deus quanto homem.

Polêmica Contra Heresias


Em seus escritos, o apóstolo João polemizou, não
contra a lei, a circuncisão ou o judaísmo, mas contra
as heresias dos gnósticos, ceríntios e docetistas. A
palavra “polemizar” ou “polêmico” refere-se à luta
pela verdade por meio de debate ou disputa. Uma
pessoa polêmica debaterá vigorosa e
contundentemente a favor da verdade. Ela lutará pela
verdade e travará uma guerra por ela. Precisamos
seguir o exemplo de João, sendo polêmicos contra a
heresia.
Já mencionamos que João foi polêmico contra as
heresias dos gnósticos, ceríntios e docetistas. Uma
fonte dessas heresias era a filosofia grega. Assim
como Paulo foi polêmico em seus escritos contra
questões tais como a lei, a circuncisão e o judaísmo,
João foi polêmico contra os conceitos filosóficos que
levavam à heresia.

Vacinar os Crentes Contra Todas as


Doutrinas Heréticas a Respeito de Deus e
Cristo
Os escritos de João não são apenas
todo-inclusivos a respeito da Pessoa de Cristo e
polêmicos contra a heresia, mas eles vacinam os
crentes contra todas as doutrinas (filosofias)
heréticas acerca de Deus e Cristo. Tais escritos foram
necessários não só para o primeiro século, mas têm
sido necessários também por todos os séculos.
Mesmo hoje, no século XX, ainda precisamos deles.
Nos dias vindouros eles ainda serão de grande ajuda
para preservar a verdade em relação à Pessoa de
Cristo e guardar Seus crentes em todas as realidades
divinas. Esperamos que estes Estudos-Vida possam
servir para o mesmo propósito.
Se não virmos a revelação das coisas divinas
contidas nos escritos de João, não conseguiremos ser
completos, misteriosos, todo-inclusivos ou
polêmicos. Além disso, não seremos adequadamente
vacinados contra a heresia. Por outro lado, se virmos
esta revelação, seremos misteriosos, todo-inclusivos e
polêmicos, e seremos vacinados contra todas as
heresias.
Gostaria de ressaltar que a Trindade da Deidade
é revelada mais plenamente no Evangelho de João do
que em qualquer outro lugar na Bíblia. Sabemos pelo
Evangelho de João que Cristo era o próprio Deus na
eternidade (Jo 1:1) e Ele se tornou um homem no
tempo (Jo 1:14). A Sua deidade é completa e a Sua
humanidade é perfeita. Assim, Ele é tanto Deus como
homem (J020:28; 19:5), possuindo tanto a divindade
quanto a humanidade.
Como homem Ele foi ungido por Deus com o
Espírito (Jo 1:32-33; Mt 3:16) para cumprir o
propósito eterno de Deus. Assim, Ele é o Cristo, o
Ungido (Jo 20:31).
Cristo é o Filho de Deus (J020:31), que é a
imagem de Deus (Cl1:15), o resplendor da glória de
Deus e a expressão exata do Seu ser (Hb 1:3),
subsistindo na forma de Deus e sendo igual a Deus
(Fp 2:6; Jo 5:18). Como Filho de Deus Ele veio em
carne com (grego: para, de com) o Pai (Jo 6:46) e no
nome do Pai (Jo 5:43). Portanto, Ele é chamado de
Pai (Is 9:6). Ele estava com Deus e era Deus na
eternidade passada (Jo 1:1-2), não somente
co-existindo, mas sendo também co-inerente1 com o
Pai todo o tempo (Jo 14: 10a, 11a; 17:21). Mesmo
enquanto estava em carne na terra, o Pai estava com
1
N. T.: O Pai, o Filho e o Espírito são conjuntamente inseparáveis.
Ele (Jo 16:32). Portanto, Cristo era um com o Pai (Jo
10:30), trabalhando no nome do Pai e com o Pai (Jo
10:25; 14:10b), fazendo a vontade do Pai (Jo 6:38;
5:30), falando a palavra do Pai (Jo 3:34a; 14:24),
buscando a glória do Pai (Jo 7:18) e expressando o Pai
(1014:7-9).
Como o Deus eterno, Cristo é o Criador de todas
as coisas (Jo 1:3), e como um homem que veio em
carne (1 J04:2), com sangue e carne físicos (Hb 2:14),
Ele é uma criatura, o Primogênito de toda a criação
(Cl 1:15b). Portanto, Ele é tanto o Criador como a
criatura.
Como Aquele que envia e dá o Espírito (Jo 15:26;
16:7; 3:34b), a Quem o Pai enviou em Seu nome (o
nome do Filho, Jo 14:26), o Filho, sendo o último
Adão na carne, tornou-se o Espírito que dá vida por
meio da morte e ressurreição (1Co 15:45b; Jo
14:16-20), aquele que recebeu tudo o que é do Filho
(Jo 16:14-15) para testificar acercado Filho e
glorificá-Lo (Jo 15:26; 16:14), e é o sopro do Filho (Jo
20:22). Portanto, Ele é também o Espírito (2Co 3:17)
para habitar co-existentemente e co-inerenternente
com o Filho e o Pai nos crentes (Jo 14:17, 23) para ser
o Deus Triúno, que é o Espírito (J04:24) mesclado
com os crentes como um espírito (1Co 6:17) no
espírito deles (Rm 8:16; 2 Tm4:22). Por fim, Ele se
tornou os sete Espíritos de Deus (Ap 1:4; 4:5), que são
os sete olhos do Filho, o Cordeiro (Ap 5:6).
Creio que muitos desses pontos serão
enigmáticos para aqueles que se apegam à teologia
sistemática tradicional. Por exemplo, como podem os
sete Espíritos, que são o Espírito de Deus, ser os sete
olhos do Filho, o Segundo da Deidade? Se o Pai, o
Filho e o Espírito forem considerados como pessoas
separadas, como pode o Terceiro da Deidade ser os
olhos do Segundo?
Além disso, no Evangelho de João, o Senhor
Jesus disse que viera no nome do Pai. Esse é o motivo
por que, de acordo com Isaías 9:6, o Seu nome é
chamado de Pai. Quando o Senhor Jesus veio, Ele
também veio com o Pai. Você alguma vez imaginou
que, quando o Senhor Jesus desceu dos céus, Ele veio
com o Pai? Alguns cristãos podem ter o conceito de
que quando Ele veio, Ele deixou o Pai. Entretanto,
quando o Senhor Jesus veio, o Pai também veio.
Além disso, o Senhor disse que Ele veio para
trabalhar em nome do Pai. Quem foi então que
trabalhou: o Filho ou o Pai? De acordo com o
Evangelho de João, o Filho veio em nome do Pai, com
o Pai, para trabalhar no nome do Pai e com o Pai. O
Filho nada fez por Sua própria vontade, pelo
contrário, Ele fez a vontade do Pai. De modo
semelhante, Ele nada falou por Si mesmo, mas falou a
palavra do Pai. Ele também buscou a glória do Pai e O
expressou.
O Filho, no Evangelho de João, é tanto o que
envia como o que dá o Espírito. Todavia, Ele próprio,
por fim, tornou-se o Espírito. Esse Espírito são os
sete Espíritos de Deus, os sete olhos do Cordeiro, o
Filho.
Foi certamente tolice Filipe dizer: “Senhor,
mostra-nos o Pai, e isso nos basta” (Jo 14:8). A esse
pedido, o Senhor Jesus replicou: “Filipe, há tanto
tempo estou convosco, e não me tens conhecido?
Quem me vê a mim, vê o Pai; como dizes tu:
Mostra-nos o Pai?” (v. 9). Porquanto o Senhor Jesus
veio em nome do Pai e com o Pai, trabalhou no nome
do Pai e com Ele fez a Sua vontade, proferiu a Sua
palavra, buscou a Sua glória e O expressou, ver o
Filho era vero Pai.
Se virmos a revelação da Trindade nos escritos de
João, certamente nos tomaremos polêmicos. Aqueles
que são polêmicos não podem ser políticos.
Entretanto, embora devamos ser polêmicos em nossa
luta pela verdade, ainda precisamos falar com os
outros de forma adequada.

O PONTO CENTRAL — OS MISTÉRIOS DA


VIDA DIVINA

Em Seu Evangelho
O ponto central dos escritos de João são os
mistérios da vida divina. Em seu Evangelho, o ponto
central é o mistério da manifestação da vida divina na
Pessoa de Jesus. A vida é invisível; entretanto,
segundo o Evangelho de João, a vida divina foi
manifestada solidamente, materialmente, na Pessoa
de Jesus. Isso é um mistério.

Em Suas Epístolas
Nas Epístolas de João, principalmente na
primeira, o ponto central é o mistério da comunhão
da vida divina manifestada entre os crentes com Deus
e de uns com os outros. Essa comunhão é misteriosa.
Embora sejamos de diferentes raças, cores e
nacionalidades, nós desfrutamos a única comunhão
na vida Divina manifestada. Temos entre nós uma
unidade maravilhosa. Este é o mistério da comunhão
da vida divina.

Em Sua Revelação
O Suprimento de Vida para os Filhos de Deus
No livro de Apocalipse, o foco está em Cristo
sendo o suprimento de vida para os filhos de Deus
para a Sua expressão, e o centro da administração
universal do Deus Triúno. No capítulo dois de
Apocalipse vemos que podemos comer de Cristo
como a árvore da vida no paraíso de Deus e também
como o maná escondido (vs. 7, 17). Além disso, em
Apocalipse 3:20 vemos que podemos cear com Ele. A
árvore da vida, o maná escondido e o festejar com o
Senhor, tudo indica que Cristo é o nosso suprimento
de vida. Entretanto, muitos cristãos não percebem
que Cristo é a nossa árvore da vida, o nosso maná
escondido e a nossa ceia. Nós, porém, temos visto
essa revelação. Temos visto no livro de Apocalipse
que Cristo é o nosso suprimento de vida e podemos
alimentar-nos Dele como o maná escondido e como a
árvore da vida, e podemos desfrutá-Lo como nossa
ceia.
O propósito de desfrutar Cristo como o nosso
suprimento de vida é que podemos ser um candeeiro
resplandecendo-O Nós, nas igrejas, somos um
candeeiro constituído do suprimento de vida do
Senhor Jesus como a árvore da vida, o maná
escondido e a ceia. Isso é misterioso e faz com que
sejamos misteriosos.

O Centro da Administração Universal do


Deus Triúno
Outro mistério no livro de Apocalipse é o de
Cristo como o centro da administração universal do
Deus Triúno. As pessoas do mundo podem pensar
que o mundo está sob o governo de reis, presidentes e
primeiros-ministros. Na verdade, Cristo é o Rei dos
reis, e todo o universo está sob Sua administração.
Ele é o verdadeiro Administrador, e todos os
administradores terrenos estão sob o Seu governo. O
destino do mundo não depende dos governantes
humanos, mas está nas mãos de Jesus Cristo, o Rei
dos reis.
Os escritos de João englobam um período
imenso, que vai da eternidade passada até a
eternidade futura com o novo céu e a nova terra e a
Nova Jerusalém. No primeiro versículo do seu
Evangelho, João escreve acerca da eternidade
passada, e no último capítulo de Apocalipse ele fala
do novo céu e da nova terra, referindo-se à eternidade
futura. Com isso vemos que os escritos de João
englobam o período da eternidade passada até a
eternidade futura. Atualmente estamos na ponte do
tempo que nos conduz rumo ao nosso destino eterno.
Isso também é divino e misterioso.

UMA VISÃO CLARA DA VIDA ETERNA


Espero que nas mensagens vindouras tenhamos
todos uma visão clara sobre essa questão
extraordinária que é a vida eterna. Nem mesmo o
Evangelho de João nos dá uma visão tão perfeita da
vida eterna como a Epístola de 1 João.
A Primeira Epístola de João 1:1 e 2 diz: “O que
era desde o princípio, o que temos ouvido, o que
temos visto com os nossos próprios olhos, o que
contemplamos e as nossas mãos apalparam, com
respeito ao Verbo da vida (e a vida se manifestou, e
nós a temos visto e dela damos testemunho e vo-la
anunciamos, a vida eterna, a qual estava com o Pai e
nos foi manifestada)”. Temos aqui uma palavra clara
sobre a vida eterna. Os capítulos seguintes dessa
Epístola definem o que é vida eterna. Como veremos,
5:20 diz: “Também sabemos que o Filho de Deus é
vindo, e nos tem dado entendimento para
reconhecermos o verdadeiro; e estamos no
verdadeiro, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o
verdadeiro Deus e a vida eterna.” Ao considerarmos
este versículo em detalhes, veremos que “este”
refere-se ao verdadeiro Deus e a Jesus Cristo em
quem estamos. Essa palavra inclui o fato de que
estamos Nele, o Verdadeiro. Isso implica que, num
sentido prático, a vida eterna é o próprio Deus no
qual estamos em nossa experiência. Isso é certamente
uma questão de experiência, não uma questão de
doutrina ou de teologia.
Entre 1:1-2 e 5:20 temos a comunhão da vida
divina, o ensinamento da unção a respeito do Deus
Triúno, e o nascimento divino com a semente divina
que introduz todas as virtudes Divinas. Todos
precisamos ver claramente que a vida eterna é o Deus
Triúno que experimentamos na comunhão da vida
divina, segundo a unção e por meio das virtudes do
nascimento divino com a semente divina. Tenho o
pesado encargo de que todos tenhamos essa visão. Se
não tivermos essa visão central e básica, poderemos
ver muitas outras coisas nas Epístolas de João, porém
teremos perdido o ponto central. Portanto, é crucial
que nestas mensagens vejamos, a partir das Epístolas
de João, o que a vida eterna realmente é.
ESTUDO-VIDA DE 1 JOÃO
MENSAGEM 3
A VIDA DIVINA (1)

Leitura da Bíblia: 1Jo I:1-2; 2:25; 3:15; 5:11-13, 20; Jo


1:4; 3:15-l6, 36; 5:24; 6:47, 63; 8:12; 10:10, 28; 11:25;
14:6; At 11:18; Rm 5:10, 17, 21; 6:23; Ef 4:18; Cl 3:4;
1Tm 6:12, 19; 2Tm I:10; Tt 1:2; Hb 7:16; 2Pe 1:3; Ap
2:7; 22:1-2, 14, 17, 19; Mt 19:16, 29.
Nesta mensagem começaremos a considerar a
respeito da vida divina, conforme está revelada em 1:1
e 2. Depois, numa mensagem posterior,
prosseguiremos refletindo sobre a comunhão da vida
divina. A vida divina e a comunhão divina são ambas
de importância crucial. De acordo com 1 João,
primeiro ternos a vida eterna, depois ternos a
comunhão da vida eterna.

O QUE ERA DESDE O PRINCÍPIO


A Primeira Epístola de João 1:1 diz: “O que era
desde o princípio, o que ternos ouvido, o que ternos
visto com os nossos próprios olhos, o que
contemplamos e as nossas mãos apalparam, com
respeito ao Verbo da vida.” Essa Epístola começa com
as palavras “o que”. O apóstolo João usa a expressão
“o que” para iniciar sua Epístola e desvendar o
mistério da comunhão na vida divina. O fato de não
usar pronomes pessoais aqui com referência ao
Senhor mostra que o que ele pretende desvendar é
algo misterioso.
O ministério de Paulo é para completar a
revelação Divina (Cll:25-27) da economia de Deus no
Novo Testamento, isto é, o Deus Triúno em Cristo
como o Espírito que dá vida produzindo os membros
de Cristo e edificando o Corpo de Cristo de modo que
o Deus Triúno possa ter uma plena expressão — a
plenitude de Deus (Ef 1:23) — no universo. Os
escritos de Paulo foram completados por volta de 66
cf. C. Seu ministério completivo foi danificado pela
apostasia, antes e depois de sua morte. Depois, um
quarto de século mais tarde, por volta de 90 d.C.,
surgiram os escritos de João. O seu ministério foi não
somente remendar o ministério de Paulo que fora
rompido, mas também consumar a revelação divina
inteira, do Velho e do Novo Testamento, tanto dos
Evangelhos quanto das Epístolas. Em tal ministério, o
ponto central são os mistérios da vida divina. Em seu
Evangelho, como a consumação dos Evangelhos, os
mistérios da Pessoa e obra do Senhor Jesus são
revelados. Em suas Epístolas (principalmente a
primeira), como a consumação das Epístolas, é
revelado o mistério da comunhão da vida divina, que
é a comunhão dos filhos de Deus com Deus Pai e de
uns com os outros. Então, no seu Apocalipse, como a
consumação do Novo e do Velho Testamento, é
revelado o mistério de Cristo sendo o suprimento de
vida dos filhos de Deus para Sua expressão, e o centro
da administração uni versal do Deus Triúno.
Em 1:1, João fala do que era “desde o princípio”.
Isso difere de “no princípio” no Evangelho de João
(1:1). No princípio denota a eternidade passada antes
da criação; desde o princípio prossegue a partir da
criação. Isso indica que a Epístola de João é uma
continuação do seu Evangelho acerca da experiência
da vida divina dos crentes. Em seu Evangelho, ele
mostra o caminho para os pecadores receberem a
vida eterna-crer no Filho de Deus. Em sua Epístola
ele dá ênfase à maneira de como os crentes, que
receberam a vida divina, podem desfrutá-la em sua
comunhão — permanecer no Filho de Deus. E no seu
Apocalipse, ele revela a consumação da vida eterna
como o gozo pleno dos crentes na eternidade.
A frase “desde o princípio” é usada duas vezes no
Evangelho de João, oito vezes nessa Epístola e duas
vezes em 2 João. Em João 8:44; 1 João 1:1; 2:13-14; e
3:8 ela é usada no sentido literal, mas em João 15:27;
1 João 2:7, 24 (duas vezes); 3:11; e 2 João 5, 6, ela é
usada no sentido relativo.

O COMER E O DESFRUTE
Os escritos de João não são primordialmente
para estudo e compreensão; são principalmente para
o desfrute dos filhos de Deus. Quando você vai a uma
festa, não é seu objetivo estudar os diversos pratos de
comida. Estudar nessa hora iria impedi-lo do desfrute
de comer. Do mesmo modo, devemos achegar-nos
aos escritos de João — ao seu Evangelho, Epístolas e
Apocalipse — considerando-os como pratos de uma
ceia espiritual. Quando alguns ouvem isso, podem
imaginar como podemos dizer que os escritos de João
são — uma ceia. A resposta é que nenhum outro
escrito na Bíblia dá ênfase à questão de comer tanto
como os de João. É claro, Paulo fala sobre o comer
espiritual, mas não fala sobre isso tanto quanto João.
Um capítulo no Evangelho de João, o seis, é quase
inteiramente dedicado ao comer. Lá o Senhor Jesus
diz: “Eu sou o pão da vida” (vs. 35, 48). Depois Ele
prossegue dizendo que é o pão vivo e que se alguém
comer desse pão vi verá para sempre (v. 51); que, a
menos que comamos a carne do Filho do homem e
bebamos do Seu sangue, não teremos vida em nós
mesmos (v. 53); que aquele que come Sua carne e
bebe Seu sangue tem a vida eterna (v. 54) e
permanece Nele (v. 56); e aquele que Dele come
também por Ele viverá (v. 57), porque quem “come
desse pão viverá para sempre” (v. 58). Sem dúvida, o
comer é fortemente enfatizado no capítulo seis do
Evangelho de João. Comer o Senhor como o pão da
vida é desfrutá-Lo.
João também tem muito a dizer a respeito de
comer, no livro de Apocalipse. Em Apocalipse 2:7, o
Senhor Jesus diz: “Ao vencedor dar-lhe-ei que se
alimente da árvore da vida que se encontra no paraíso
de Deus.” Comer da árvore da vida é desfrutar Cristo
como nosso suprimento de vida. Era intenção original
de Deus que o homem comesse da árvore da vida (Gn
2:9, 16). Entretanto, devido à queda do homem, a
árvore da vida foi-lhe fechada (Gn 3:22-24).
Mediante a redenção de Cristo, o caminho para tocar
a árvore da vida, que é o próprio Deus em Cristo
como vida para o homem, foi aberto outra vez (Hb
10:19-20).
Em Apocalipse 2:17, o Senhor Jesus diz: “Ao
vencedor, dar-lhe-ei do maná escondido”. O maná é
um tipo de Cristo como o pão celestial capacitando o
povo de Deus a trilhar o Seu caminho. Os filhos de
Israel comeram do maná durante os seus anos no
deserto (Êx 16:14-16, 31). Participar do maná
escondido certamente é desfrutar de Cristo
comendo-O.
Apocalipse 3:20 diz: “Eis que estou à porta, e
bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta,
entrarei em sua casa, e cearei com ele e ele comigo.”
Neste versículo, “cear” significa fazer a principal
refeição do dia ao anoitecer. O Senhor aqui promete
cear com aquele que Lhe abre a porta. Cear não é
meramente comer certos tipos de comida, mas
desfrutar as riquezas de uma refeição. Esse cear pode
referir-se ao comer do rico produto da boa terra de
Canaã pelos filhos de Israel (Js 5:10-12).
Esses versículos do livro de Apocalipse indicam
que o Senhor deseja restaurar o comer do povo de
Deus da comida adequada, conforme foi ordenado
por Deus e tipificado pela árvore da vida, o maná e o
produto da boa terra, todos os quais são tipos dos
vários aspectos de Cristo como alimento para nós. Em
seus escritos, João claramente dá ênfase ao rico
desfrute de Cristo, por banqueteá-Lo.
João também fala sobre comer no último
capítulo de Apocalipse. Apocalipse 22:1 e 2a diz:
“Então me mostrou o rio da água da vida, brilhante
como cristal, que sai do trono de Deus e do Cordeiro.
No meio da sua praça, de uma e outra margem do rio,
está a árvore da vida”. A árvore da vida é para o povo
de Deus receber e desfrutar. Na eternidade, todos os
redimidos de Deus desfrutarão de Cristo como a
árvore da vida como sua eterna porção. Segundo
esses versículos, a árvore da vida é o suprimento de
vida disponível juntamente com o fluir do Espírito
como a água da vida. Onde o Espírito flui, aí o
suprimento de vida de Cristo é encontrado.
Em Apocalipse 22:14 temos uma promessa
acerca do desfrute da árvore da vida:
“Bem-aventurados aqueles que lavam as suas
vestiduras [no sangue do Cordeiro], para que lhes
assista o direito à árvore da vida, e entrem na cidade
pelas portas.” Este versículo pode ser considerado
como uma promessa relacionada ao desfrute da
árvore da vida, que é Cristo com todas as riquezas da
vida. Mediante a redenção de Cristo, a qual
preencheu todos os requisitos da glória, santidade e
justiça de Deus, o caminho para a árvore da vida está
aberto aos crentes. Por isso, aqueles que lavam suas
vestes no sangue redentor de Cristo têm o direito de
desfrutar a árvore da vida como sua porção.
Todas essas citações do Evangelho e Apocalipse
de João mostram a importância do comer nos
escritos de João. Isso também indica que seus
escritos são misteriosos, muito além da nossa
compreensão natural.
Os escritos de João podem ser comparados a
uma ceia chinesa com muitos pratos. Nossa
capacidade mental ficaria esgotada, se fôssemos
estudar todos os pratos de tal ceia e seus ingredientes.
Você vai a uma ceia não para estudar, mas para
desfrutar a comida, comendo-a. O princípio é o
mesmo com os escritos de João. É-nos impossível
dizer quantos “pratos” são encontrados nesses
escritos. Precisamos nos achegar aos escritos de João
para nutrição, isto é, para comer e digerir a comida
espiritual que eles contêm.

A PALAVRA DA VIDA
Normalmente, antes de saborearmos o prato
principal num jantar, é-nos servido uma entrada. Na
Primeira Epístola de João 1, o apóstolo João também
nos dá uma “entrada”. Essa entrada é a Palavra da
vida. Sem dúvida, a intenção de João é servir-nos a
vida divina, entretanto, a fim de estimular o nosso
apetite, ele nos serve a Palavra da vida como uma
entrada espiritual. Essa é a Palavra mencionada em
João 1:1-4 e 14, a qual estava com Deus e era Deus na
eternidade antes da criação, que se tornou carne no
tempo e em quem está a vida. Essa Palavra transmite
a vida eterna e é a Pessoa divina de Cristo como um
relato, uma definição e uma expressão de tudo o que
Deus é. Nele está a vida e Ele é vida (Jo 11:25; 14:6). A
frase “a Palavra da vida” no grego indica que a
Palavra é vida. A Pessoa é a vida divina, a vida eterna,
a qual podemos tocar. A “Palavra” mencionada aqui
indica que a Epístola é uma continuação e
desenvolvimento do Evangelho de João (ver Jo 1:1-2,
14).
Se pudéssemos perguntar ao apóstolo João sobre
a Palavra (Verbo) em 1:1, ele provavelmente
citar-nos-ia o seu Evangelho. João 1:1 e 4 diz que no
princípio era a Palavra, que a Palavra estava com
Deus e era Deus, que nessa Palavra estava a vida e a
vida era a luz dos homens. Além disso, de acordo com
João 1:14, a Palavra se tornou carne e tabernaculou
entre nós, cheia de graça e de verdade, e tendo a
glória como de um unigênito de um pai. Em todos
esses versículos temos uma definição da Palavra. A
Palavra é o próprio Deus. Nessa Palavra há vida, e a
vida é a luz de que precisamos. Depois, esse
Maravilhoso Deus, a Palavra, tornou-se carne. Isso
significa que Ele tornou-se homem. Como homem,
Ele tabernaculou entre nós. Na verdade, Ele era o
tabernáculo. Além disso, esse tabernáculo toma-se
uma mútua habitação, na qual tanto Deus como nós
podemos habitar. Aqui, no tabernáculo, desfrutamos
graça, recebemos a realidade e vemos a glória. Essa é
a Palavra da vida mencionada em 1:1.
Já ressaltamos que a expressão “a Palavra da
vida” na verdade indica que a Palavra é vida. Essa
Palavra, que é a vida eterna, tornou-se homem. Como
homem, Ele é o lugar de mútua habitação tanto para
Deus como para o homem. Nesse lugar de habitação,
podemos desfrutá-Lo como graça, recebê-Lo como
nossa realidade e contemplar a Sua glória. Essa
glória, que é a glória de Deus, agora se tornou a glória
do Filho unigênito de Deus. Novamente digo, essa
Palavra é vida, e essa vida é a expressão de Deus. Isso
significa que a Palavra de vida é a expressão de Deus.

LIVROS DE MISTÉRIOS
Os escritos de João são livros de mistérios. Nessa
Epístola, a vida, isto é, a vida divina, a vida eterna, a
vida de Deus dispensada para dentro dos crentes em
Cristo e habitando neles, é o primeiro mistério (1:2;
2:25; 3:15; 5:11, 13, 20). Resultando desse mistério há
um outro: o mistério da comunhão da vida divina
(1:3-7). Depois disso, há o mistério da unção do Deus
Triúno (2:20, 27). Então temos o mistério de habitar
no Senhor (2:2728; 3:6, 24). o quinto é o mistério do
nascimento divino (2:29; 3:9; 4:7; 5:1, 4, 18). O sexto
é a semente divina (3:9). E o último é a água, o sangue
e o Espírito (5:6-12).

COMER E EXPRESSAR DEUS


Não devemos gastar muito tempo estudando a
respeito da Palavra da vida. Pelo contrário, devemos
comer a Palavra e desfrutá-la. Precisamos nós
lembrar de que João usa a Palavra da vida como uma
“entrada” para estimular o nosso apetite. Essa
“entrada”, portanto, é para comermos. Entretanto, a
nossa mente natural pode querer inquirir mais e
indagar como essa vida expressa Deus. Não há
necessidade de fazermos essa indagação. Antes,
precisamos comer a Palavra, depois saberemos como
a Palavra da vida pode expressar Deus.
O tipo de comida que comemos é refletido na cor
do nosso rosto. Suponha que você não esteja
comendo bem há algum tempo. Isso pode fazer com
que a sua face tenha uma aparência muito débil.
Todavia, se alguém tiver uma dieta saudável, isso será
expresso na sua cor facial. Olhando para o seu rosto,
você saberá que ele tem se alimentado de comida
nutritiva, porque o alimento que ele come faz com
que tenha uma aparência saudável. O princípio é o
mesmo quanto a comer Deus. Quanto mais comemos
Deus, mais O expressamos.
Alguns cristãos se opõem à questão de comer
Deus e perguntam como pode tal coisa ser possível.
Entretanto, o conceito de comer Deus, um conceito
divino, está rigorosamente de acordo com a Bíblia,
embora as pessoas religiosas freqüentemente não
concordem com ele. Podem preferir adorar a Deus
meramente de forma objetiva, declarando que Ele é
santo, mas nós queremos seguir as Escrituras para
participar de Deus e desfrutá-Lo como nossa comida.
Quando se achega à mesa de jantar, você come a
comida posta diante de si. De semelhante modo, ao
nos achegarmos ao Senhor, devemos comê-Lo como
nosso alimento.
O resultado de comer Deus é que nós O
expressamos. Depois de desfrutarmos a vida divina,
nós a expressamos. Deus é vida e a Palavra também é
vida. Essa Palavra fala, define, explica e expressa
Deus. Deus fala por Si mesmo. Entretanto, Ele não
meramente falados céus objetivamente, mas também
fala por nosso intermédio subjetivamente como
resultado de nós O comermos. O nosso Deus hoje fala
não somente dos céus, como também por meio de
nós, por meio do nosso ser. De que modo Deus fala
por nosso intermédio? Deus fala por meio de O
comermos e desfrutarmos.
Nos primeiros anos do meu ministério, muito do
meu falar era doutrinário. Hoje, porém, o meu falar é
principalmente a expressão do meu desfrute do
Senhor. Há muitos anos venho comendo o Senhor
diariamente. Da mesma forma que comer alimento
físico me torna forte e ativo, também comer o Senhor
torna-me forte e ativo no espírito. Espontaneamente,
como resultado de desfrutar e digerir Deus, torno-me
muito ativo no espírito.
Alguns podem dizer que é herético ensinar que
Deus pode ser digerido por nós. Entretanto, eu diria
que é herético negar que Deus é comestível e
podemos comê-Lo e digeri-Lo. A Bíblia revela que
Jesus é o próprio Deus. Além disso, de acordo com
João 6, sabemos que o Senhor Jesus é comestível.
Neste capítulo Ele fala claramente sobre O
comermos. Se traçarmos uma linha de pensamento,
do capítulo 6 de João para trás até o capítulo um,
veremos quem é Jesus. O Jesus que fala em João 6
sobre comê-Lo é Aquele que, em João 1, é a Palavra
que estava com Deus, que era Deus, e se tornou carne.
Para o Senhor Jesus dizer que Ele é comestível, indica
que o próprio Deus é comestível. Portanto, podemos
ousadamente declarar que o nosso Deus é comestível
e podemos participar Dele, comê-Lo e digeri-Lo.
Quando comemos e digerimos Deus, Ele fala por
meio de nós subjetivamente.
Podemos dizer que a comida que comemos e
digerimos fala por si mesma, não objetiva, mas
subjetivamente; isto é, a cor do nosso rosto indica se
temos nos alimentado de comida nutritiva. O
princípio é o mesmo com a Palavra da vida como a
expressão de Deus. A vida divina é na verdade o
próprio Deus. Quando comemos Deus como vida e O
digerimos, em nossa experiência essa vida se torna a
Palavra para definir, explicar e expressar o próprio
Deus que desfrutamos.
Se desfrutarmos Deus como nossa nutrição, Ele
por fim se tornará o elemento constituinte de nosso
ser. Os nutricionistas dizem que nós somos o que
comemos. Isso significa que a comida que
assimilamos torna-se o elemento constituinte de
nosso ser. Uma pessoa, por exemplo, que come muito
bife e bebe grande quantidade de leite, por fim será
fisicamente constituído de bife e leite. De modo
semelhante, se comermos e bebermos de Deus dia
após dia, seremos constituídos de Deus. Então, o
Deus de quem somos constituídos expressará a Si
mesmo de dentro de nós.
De que modo o Deus de quem comemos e a
Quem digerimos, e de quem somos constituídos, é
expresso de dentro de nós? Deus é expresso em nós
por meio dos Seus atributos. Deus é amor e luz, e Ele
é santo e justo. Ao comermos e bebermos de Deus,
nós O expressaremos pelo nosso viver como amor,
luz, santidade e justiça. Esses atributos divinos
tornar-se-ão nossas virtudes como a expressão de
Deus. Como podemos dizer que alguém tem comido e
digerido Deus? Pela expressão de Deus de dentro
dele. Essa expressão de Deus é o Seu falar. As
virtudes humanas produzidas por se assimilar Deus
com Seus atributos Divinos tornam-se a expressão
Dele, e essa expressão é na verdade o Seu falar.
Essa é a maneira de nos tornarmos o testemunho
de Deus. Um testemunho é uma questão de falar ou
testificar. Tornar-se o testemunho de Deus significa
que o próprio Deus como a Palavra fala a Si mesmo
do nosso ser. Essa é a expressão da vida divina.

A PALAVRA MANIFESTADA DE FORMA


SÓLIDA E TANGÍVEL
A Palavra em 1:1 é o Logos eterno, a expressão de
Deus. Sabemos por João 1:1 e 14 que essa Palavra, a
Palavra de vida, foi encarnada e manifestada na
carne. Além disso, essa Palavra era “desde o
princípio”.
Leiamos 1:1 outra vez: “O que era desde o
princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com
os nossos próprios olhos, o que contemplamos e as
nossas mãos apalparam, com respeito ao Verbo da
vida”. Este versículo indica que a Palavra da vida foi
manifestada de forma sólida e tangível, porque a
Palavra foi ouvida, vista, contemplada e apalpada
pelos apóstolos. A seqüência aqui é “temos ouvido”,
“temos visto”, “contemplamos” (olhar com um
objetivo), e “apalparam”, isto é, tocaram com as
mãos. Essas expressões indicam que a Palavra da vida
não é somente misteriosa, como também tangível por
ter-se encarnado. A misteriosa Palavra da vida em
Sua humanidade foi tocada pelo homem, não apenas
antes de Sua ressurreição (Mc 3:10; 5:31), mas
também depois dela (Jo 20:17, 27) no Seu corpo
espiritual (1Co 15:44). Na época dos escritos de João,
havia uma heresia que negava a encarnação do Filho
de Deus (l J04:1-3). Daí serem necessárias tais
expressões fortes para indicar a sólida substância do
Senhor em Sua humanidade palpável.
Quase no fim do primeiro século, os conceitos
filosóficos do gnosticismo começaram a invadir a
igreja. Um conceito gnóstico era que a matéria era
maligna. Aqueles que sustentavam esse conceito não
criam que Cristo na verdade viera em carne. Para
eles, Cristo era abstrato, algo como um fantasma.
Essa visão de Cristo é herética. O apóstolo João teve
encargo em seu Evangelho e Epístolas de lutar contra
essa heresia. Por esse motivo, em João 1:14, ele
propositadamente usou a palavra “carne”. Em João
1:1, ele diz que a Palavra estava com Deus e era Deus.
Isso é abstrato e bem misterioso. Porém João
prossegue dizendo que essa Palavra tomou-se carne.
A Palavra tornar-se carne significa Ela tomar-se
sólida e tangível. Então, em sua primeira Epístola,
João ressalta que os apóstolos ouviram a Palavra da
vida e depois viram, contemplaram e apalparam essa
Palavra. O apóstolo João até mesmo se reclinou sobre
o peito do Senhor. As expressões que João usa acerca
de ouvir, ver, contemplar e apalpar a Palavra foram
um antídoto para vacinar os crentes contra os
ensinamentos heréticos acerca da Pessoa de Cristo.
Em certo sentido, a vida divina é abstrata e
invisível; em outro, ela é sólida e visível, porque a
Palavra da vida se encarnou. A Palavra encarnada
pôde ser ouvida, vista, contemplada e tocada.
A Primeira Epístola de João é tanto uma
continuação quanto um desenvolvimento do
Evangelho de João. No Evangelho de João vemos
como receber a vida divina crendo no Senhor Jesus.
Entretanto, no Evangelho de João não conseguimos
ver muito a respeito de como desfrutar o que
recebemos da vida divina. Portanto, em 1 João, o
apóstolo João nos dá uma continuação e
desenvolvimento do seu Evangelho, mostrando-nos
que, depois de recebermos a vida divina, podemos
desfrutar as riquezas da vida divina. Como veremos
numa mensagem posterior, é por meio da comunhão
que desfrutamos das riquezas da vida Divina.
ESTUDO-VIDA DE 1 JOÃO
MENSAGEM 4
A VIDA DIVINA (2)

Leitura da Bíblia: 1Jo 1:1-2:2:25; 3:15; 5:11-13, 20; Jo


1:4; 3:15-16, 36; 5:24; 6:47, 63; 8:12:10:10, 28; 11:25;
14:6; Atl I:18; Rm 5:10, 17, 21; 6:23; Ef4:18; Cl 3:4;
1Tm 6:12, 19; 2Tm 1:10; Tt 1:2; Hb 7:16; 2Pe 1:3; Ap
2:7; 22:1-2, 14, 17, 19; Mt 19:16, 29.

A VIDA E A PALAVRA DA VIDA


A Primeira Epístola de João 1:2diz: “E a vida se
manifestou, e nós a temos visto, e dela damos
testemunho e vo-la anunciamos, a vida eterna, a qual
estava com o Pai e nos foi manifestada”. Neste
versículo, “vida” é um sinônimo para “a Palavra da
vida” no versículo anterior. Tanto “vida” quanto “a
Palavra da vida” denotam a Pessoa divina de Cristo,
que estava com o Pai na eternidade e foi manifestada
no tempo mediante a encarnação, e a quem os
apóstolos viram, e sobre quem testificaram e
relataram aos crentes.
Em 1:2, João diz que a vida foi manifestada. Essa
manifestação da vida eterna ocorreu mediante a
encarnação de Cristo, à qual João deu ênfase
fortemente em seu Evangelho (Jo 1:14) como um
antídoto para vacinar os crentes contra a heresia que
dizia que Cristo não viera em carne. Tal manifestação,
que corresponde à Palavra da vida ser tocável (1:14),
indica outra vez a natureza material da humanidade
do Senhor, que é a manifestação da vida divina na
economia do Novo Testamento.
A VIDA ETERNA
A vida que foi manifestada é a vida eterna. A
palavra “eterna” denota não só o período, que é
perpétuo, sem fim, como também a qualidade, que é
absolutamente perfeita e completa, sem qualquer
carência ou defeito. Tal expressão dá ênfase à
natureza eterna da vida divina, a vidado Deus eterno.
Os apóstolos viram essa vida eterna, e testificaram e
relataram a respeito dela ao povo. A experiência deles
não veio de qualquer doutrina, mas de Cristo, o Filho
de Deus, como vida eterna, e o seu testemunho e
pregação não eram provenientes de conhecimento
teológico ou bíblico, mas de tal vida consistente.
Ressaltamos que a vida eterna é eterna, não
somente com respeito ao tempo, mas também com
respeito à qualidade. Essa vida é também eterna em
relação à sua esfera. Por tudo isso, a palavra eterno
denota três coisas: tempo, espaço e qualidade.
Quanto ao elemento tempo, essa vida durará para
sempre. Quanto ao espaço, à esfera, esta vida é vasta,
ilimitada. Quanto à qualidade, a vida eterna é perfeita
e completa, sem defeito nem deficiência. A esfera ou
campo de ação da vida eterna engloba o uni verso
inteiro. A vida eterna é tão vasta que envolve todo o
âmbito da vida. Tudo o que está contido no âmbito da
vida é englobado por esta vida eterna. A nossa vida
humana, entretanto, é muito diferente. A nossa vida
não é apenas temporária, como também limitada. A
vida eterna, entretanto, não é nem temporária nem
limitada; antes, é perpétua quanto ao fator tempo e
ilimitada quanto ao fator espaço. Além disso, a nossa
vida tem muitos defeitos e deficiências. Entretanto, a
vida divina, a vida eterna, não tem defeitos nem
deficiências.

Indestrutível
A vida eterna é uma vida indestrutível (Hb 7:16),
Nada consegue destruí-la ou decompô-la. É uma vida
sem fim, sendo a vida eterna, divina, incriada, e a vida
de ressurreição que passou pelo teste da morte e
Hades (At 2:24; Ap 1:18). Satanás e seus seguidores
pensaram que haviam posto fim a ela mediante a
crucificação. Os líderes religiosos tiveram um
conceito semelhante. Entretanto, a crucificação deu a
essa vida a melhor oportunidade de ser multiplicada,
propagada. Porquanto essa vida é ilimitada, ela
jamais poderá ser venci da, subjugada ou destruída.

A Vida de Deus
A vida eterna é a vida de Deus (Ef4:18; 2Pe 1:3).
Podemos dizer que esta vida é na verdade o próprio
Deus com o conteúdo do amor divino e da luz divina.
E essa vida é proveniente do Espírito de Deus (Rm
8:2), principalmente quando ela se toma a nossa vida
para o nosso desfrute.

O Filho de Deus
A vida eterna é também o Filho de Deus. Essa
vida não é simplesmente um assunto ou uma coisa;
essa vida é uma Pessoa. A vida divina é o próprio
Deus expresso em Seu Filho. A Primeira Epístola de
João 5:12 diz: “Aquele que tem o Filho tem a vida.”
Em nossa experiência sabemos que a vida eterna é o
próprio Filho de Deus.

Com o Pai na Eternidade


A Primeira Epístola de João 1:2 diz que a vida
eterna estava como Pai. A palavra grega traduzida
para “com” é pros (usada no caso acusativo em
grego). Esta é uma preposição que indica movimento,
implicando viver, agir, em união e comunhão com. A
vida eterna, que é o Filho, não somente estava com o
Pai, mas vi via e agia em união e comunhão com o Pai
na eternidade. Essa Palavra corresponde a João 1:1-2.
O Pai é a fonte da vida eterna, a partir de quem e
com quem o Filho foi manifestado como a expressão
da vida eterna para aqueles que o Pai escolheu a fim
de que tomassem parte dessa vida e desfrutassem
dela.
Em vez de tentar analisar esses aspectos da vida
eterna, devemos desfrutá-los como “pratos” de uma
refeição espiritual. A vida eterna é a vida de Deus, é o
Filho de Deus e estava com o Pai na eternidade.
Temos aqui pelo menos quatro pratos para o nosso
desfrute: Deus, o Filho de Deus, o Pai e a eternidade.
Alguns podem querer saber como desfrutar todos
esses maravilhosos pratos. De acordo com a minha
experiência, a melhor maneira de desfrutá-los é ler a
Palavra com oração. Por exemplo, orar-ler as palavras
“a vida de Deus” encontradas em Efésios4:18. Ao
orar-ler, você pode dizer: “Oh! a vida de Deus!
Amém! Exatamente agora eu desfruto Deus e
desfruto-O como minha vida. Aleluia por Deus!
Aleluia pela vida! Aleluia pela vida de Deus! Aleluia
pelo desfrute da vida de Deus e pelo desfrute de Deus
como vida!”

Manifestada aos Apóstolos


João diz que a vida que estava com o Pai foi
manifestada aos apóstolos. A manifestação da vida
eterna inclui revelação e dispensar de vida ao homem,
com vistas a levar o homem para dentro da vida
eterna, para dentro de sua união e comunhão com o
Pai.
Oque antes estivera oculto, foi manifestado aos
apóstolos. João, um dos apóstolos, abre-nos agora os
mistérios divinos. Se comermos a Palavra mediante o
ler com oração, receberemos o benefício da
manifestação da vida eterna.

Vista, Testificada e Relatada aos Crentes


pelos Apóstolos
Os apóstolos viram a vida eterna, a vida que fora
manifestada, e depois testificaram e relataram sobre
essa vida aos crentes. O que eles relataram não foi
qualquer teologia ou doutrina que tivessem ouvido e
acerca das quais tivessem sido ensinados, mas a vida
Divina que viram e testificaram pelas suas
experiências práticas. Esta vida divina é uma Pessoa,
o Filho de Deus como a própria corporificação do
Deus Triúno para ser a nossa vida.

Prometida por Deus


A vida eterna foi prometida por Deus. A Primeira
Epístola de João 2:25 diz: “E esta é a promessa que
ele mesmo nos fez, a vida eterna.” No Evangelho de
João, a vida eterna é prometida em versículos tais
como 3:15; 4:14e 10:10. Em Tito 1:2, Paulo fala da
“esperança da vida eterna que o Deus que não pode
mentir prometeu, antes dos tempos eternos”. Essa
promessa de vida eterna só pode ser a promessa feita
pelo Pai ao Filho na eternidade. Certamente ocorreu
que na eternidade passada o Pai prometeu ao Filho
que daria Sua vida eterna aos que Nele cressem.

Liberada por meio da Morte de Cristo


A vida eterna não foi somente prometida e
manifestada; foi também liberada por intermédio da
morte de Cristo (Jo 3:1415). A vida divina estava
oculta, confinada em Cristo. Entretanto, por
intermédio da Sua morte, esta vida divina foi liberada
de dentro Dele.

Dispensada aos Crentes Mediante a


Ressurreição de Cristo
A vida eterna que foi liberada de dentro de Cristo
mediante a Sua morte foi dispensada para dentro dos
crentes por meio de Sua ressurreição. Acerca disso, 1
Pedro 1:3 diz: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor
Jesus Cristo que, segundo a sua muita misericórdia,
nos regenerou para uma viva esperança mediante a
ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos”.

Recebida pelos Crentes Mediante o Crer no


Filho
A vida eterna que foi liberada medi ante a morte
de Cristo e dispensada por intermédio de Sua
ressurreição, foi recebida pelos crentes ao crerem eles
no Filho. De acordo com João 3:15-16 e 36, todo o que
crê no Filho tem a vida eterna.

Torna-se a Vida dos Crentes


Depois que os crentes recebem a vida eterna,
essa vida torna-se a vida deles (Cl 3:4). Esse é o
propósito da salvação de Deus, ou seja, tornar nossa a
Sua vida de modo que possamos tornar-nos Seus
filhos, participando de Sua natureza de modo a
desfrutar tudo o que Ele é e vi ver uma vida que O
expresse.

Os Crentes São Salvos pela Vida Eterna e


Reinam nessa Vida
Em Romanos 5:10, Paulo diz: “Porque se nós,
quando inimigos, fomos reconciliados com Deus
mediante a morte do seu Filho, muito mais, estando
já reconciliados, seremos salvos pela sua vida.” A
reconciliação com Deus por meio de Cristo já foi
executada, mas ser salvo em Sua vida de tantas coisas
negativas é ainda uma coisa diária. Dia após dia
podemos ser salvos na vida eterna.
Em Romanos 5:17, Paulo prossegue dizendo: “Se
pela ofensa de um, e por meio de um só, reinou a
morte, muito mais os que recebem a abundância da
graça e o dom da justiça reinarão em vida por meio de
um só, a saber, Jesus Cristo.” Tendo a vida Divina
dentro de nós, podemos ser Salvos por esta vida e
também reinar nela. Podemos ser reis na vida divina,
dominando sobre todas as coisas negativas. Por
exemplo, pode ser-nos difícil dominar o nosso
temperamento. Muitos de nós diriam: “Ao invés de eu
dominar como um rei o meu temperamento, ele é que
me domina”. A razão de muitos santos não
conseguirem dominar o seu temperamento é que eles
não desfrutam a vida eterna. Não tome uma resolução
e não decida categoricamente que de agora em diante
você nunca mais perderá a calma. Esse jeito não
funciona. Em vez disso, esqueça o seu temperamento
e banqueteie-se nessa vida. Encorajo vocês a
mesclarem o invocar o nome do Senhor com o
orar-ler a Palavra. Se fizer isso, você desfrutará o
Senhor. Ao desfrutá-Lo, Ele será Aquele que reina
sobre todas as coisas negativas. Então, enquanto Ele
reina dentro de você, você também reina no Seu
reinar. Essa é a maneira correta de ter domínio, em
vida, sobre o seu temperamento.
Vocês não conseguem reinar sobre o seu
temperamento simplesmente aprendendo doutrinas
e ensinamentos da Bíblia. Quando alguns ouvem isso,
poderão dizer: “Vocês ignoram a doutrina na Bíblia e
ressaltam o invocar o Senhor e o comer a Palavra. De
acordo com vocês podemos ser vencedores por meio
desse invocar e comer”. Eu responderia
perguntando-lhes quanto eles têm sido ajudados
pelas doutrinas e ensinamentos no tocante a vencer
seu temperamento. Muitos dos que conhecem as
doutrinas da Bíblia ainda perdem a calma seguidas
vezes.
Peço que analisem a situação entre muitos
cristãos de hoje. Eles podem não estar carentes de
doutrina ou de conhecimento bíblico, mas sim de
invocar o nome do Senhor e de comer da Palavra.
Podemos testificar que somos Salvos invocando o
nome do Senhor e somos nutridos alimentando-nos
da Palavra.
Ao ser tentado a perder acalma, invoque o nome
do Senhor. Diga-Lhe: “Ó Senhor Jesus, salva-me de
perder a calma!” É ainda melhor invocar o Senhor e
ler a Palavra com oração antes de ser tentado a perder
a calma. Se for nutrido pelo orar-ler a Palavra, a vida
eterna em você reinará como um rei sobre as coisas
negativas. Em muitos casos, isso vai até evitar que seu
temperamento seja incitado. Ao experimentar o
reinar da vida eterna dentro de você, seu
temperamento é levado à morte.
Os Crentes Tomam Posse da Vida Eterna
Como crentes, devemos tomar posse da vida
eterna. Em 1 Timóteo 6:12, Paulo nos incumbe de
“tomar posse da vida eterna para a qual também foste
chamado”. Em 1 Timóteo 6:19, ele insiste conosco
para que “apoderemo-nos da verdadeira vida”. Essa
vida é a vida eterna. Apoderar-se da vida eterna
significa que em tudo — em nossa vida diária, em
nosso ministério e em nosso emprego-precisamos
ligar-nos à vida divina e aplicá-la a toda situação, não
confiando em nossa vida humana.

Os Crentes Herdarão a Vida Eterna na


Manifestação do Reino
Em Mateus 19:29, o Senhor Jesus fala de herdar
a vida eterna. Herdar a vida eterna é ser galardoado
na era vindoura com o desfrute da vida divina na
manifestação do reino dos céus. Determinados
crentes que receberam a vida eterna desfrutaram-na
até certo ponto; entretanto, não a desfrutam na
medida adequada. Como resultado, quando o Senhor
Jesus voltar na época da manifestação do reino, eles
perderão o desfrute do reino milenar, Perder o
desfrute da vida divina no reino vindouro é perder o
desfrute da vida eterna naquela dispensação.

Os Crentes Desfrutarão Plenamente a Vida


Eterna na Eternidade
Na eternidade, todos os crentes desfrutarão
plenamente a vida eterna. De acordo com Apocalipse
22:1 e 2, na Nova Jerusalém todos os crentes
desfrutarão a vida divina como o rio que flui e como a
árvore que cresce. Tanto o rio como a árvore são para
o nosso desfrute eterno. Pela eternidade,
desfrutaremos essa vida divina (Ap 22:14, 17, 19).
A vida eterna está relacionada à presente era, à
era vindoura do reino e à eternidade. Na presente era
recebemos a vida divina e a vivemos. Se vivermos
essa vida de acordo com o desejo do Senhor,
desfrutaremos também a vida divina na era vindoura
do reino. Por fim, todos os crentes desfrutarão a vida
eterna ao máximo na eternidade. Entretanto, se
aqueles que recebem a vida eterna nesta era não a
vivem convenientemente, antes, negligenciam-na,
então na era vindoura, aera do reino, eles perderão o
desfrute da vida divina. Perdendo o desfrute da vida
eterna na era do reino, eles aprenderão determinadas
lições e serão treinados. Por fim, serão restaurados
para o gozo da vida eterna. Então, derradeiramente,
na eternidade, todos os crentes terão o desfrute pleno
da vida divina.
ESTUDO-VIDA DE 1 JOÃO
MENSAGEM 5
A COMUNHÃO DA VIDA DIVINA

Leitura da Bíblia: 1Jo 1:3-7


Nas mensagens anteriores, consideramos o
primeiro dos cinco pontos básicos nesta Epístola: a
vida Divina. Chegamos agora ao segundo ponto
básico, que é a comunhão da vida Divina. Na verdade,
a comunhão da vida divina é o tema de toda a
Epístola de 1 João. No Evangelho de João, Jesus
Cristo é revelado como a vida divina para recebermos.
Ao crermos Nele, Ele entra em nós e passamos a tê-Lo
como vida em nosso interior. Como uma continuação
do Evangelho de João, essa Epístola mostra-nos que,
depois de receber a vida divina, podemos ter a
comunhão de vida como o resultado da vida divina. A
comunhão da vida divina é o verdadeiro desfrute da
vida Divina. Em outras palavras, se quisermos
experimentar a vida divina, precisamos prestar muita
atenção à comunhão dessa vida.
Em 1:3, João diz: “O que temos visto e ouvido
anunciamos também a vós outros, para que vós
igualmente mantenhais comunhão conosco. Ora, a
nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus
Cristo.” O versículo 1 fala “temos ouvido” e depois
“temos visto”. Aqui é o contrário. Para receber
revelação, ouvir é a coisa básica. Mas para pregar,
anunciar, ver deve ser a base. O que pregamos deve
ser o de que temos tomado posse e experimentado
das coisas que ouvimos.
Os apóstolos têm ouvido e visto a vida eterna.
Depois, eles falam dela aos crentes afim de que
também possam ouvi-la e vê-la. Graças à vida eterna,
os apóstolos têm desfrutado comunhão com o Pai e
com Seu Filho, o Senhor Jesus. Eles desejam que os
crentes também possam desfrutar essa comunhão.

O RESULTADO E O FLUIR DA VIDA DIVINA


A palavra grega para comunhão, koinonia,
significa participação conjunta, participação comum.
É o resultado da vida eterna, e é na verdade o fluir da
vida eterna dentro de todos os crentes que receberam
e possuem a vida divina. Isso é ilustrado pelo fluir da
água da vida na Nova Jerusalém (Ap 22:1). Assim,
todos os crentes genuínos estão nesta comunhão (At
2:42). Ela é levada a efeito pelo Espírito em nosso
espírito regenerado. Daí ser chamada de “a
comunhão do Espírito Santo” (2Co 13:13) e
“comunhão do [nosso] espírito” (Fp 2: l-lit.). É nessa
comunhão da vida eterna que nós, os crentes,
participamos de tudo o que o Pai e o Filho são e
fizeram por nós, isto é, desfrutamos o amor do Pai e a
graça do Filho pelo poder da comunhão do Espírito.
Tal comunhão foi primeiramente a porção dos
apóstolos ao desfrutarem o Pai e o Filho mediante o
Espírito. Daí ser chamada “a comunhão dos
apóstolos” (At 2:42) e “a nossa comunhão [dos
apóstolos]” em 1 João 1:3, uma comunhão com o Pai e
com Seu Filho Jesus Cristo. É um mistério divino.
Essa comunhão misteriosa da vida eterna deve ser
considerada o tema dessa Epístola.
Comunhão é uma participação comum, uma
participação conjunta; portanto, ter comunhão é ter
uma participação unida em alguma coisa. A
comunhão da vida divina é o resultado e o fluir da
vida Divina. Por ser a vida divina orgânica, rica,
movente e ativa, ela tem um resultado específico, um
determinado tipo de efeito. O resultado, o efeito da
vida divina é a comunhão da vida.
A comunhão da vida divina é claramente
retratada em Apocalipse 22:1. Neste versículo, vemos
que na Nova Jerusalém, o rio da água da vida flui do
trono de Deus e do Cordeiro. O trono de Deus e do
Cordeiro é o trono do Deus redentor, o
Deus-Cordeiro. Em Gênesis 1:1 temos Deus, mas em
Apocalipse 22:1 temos Deus com o Cordeiro. Em
Gênesis temos o Deus criador, mas em Apocalipse
temos o Deus redentor. Desse Deus redentor como a
fonte, flui o rio da água da vida. O fluir do rio da água
da vida é a comunhão da vida. Isso significa que
comunhão é o fluir da vida divina de dentro do Deus
redentor.
De acordo com a figura em Apocalipse, o rio na
Nova Jerusalém flui para baixo numa espiral até
atingir as doze portas da cidade. Com isso podemos
ver que a cidade toda da Nova Jerusalém é suprida
pelo fluir dessa água viva, isto é, é suprida pela
comunhão da vida. A comunhão da vida divina flui de
Deus e por meio do Seu povo, a fim de atingir todas as
partes do Corpo de Cristo, o que se consumará na
Nova Jerusalém.

A COMUNHÃO DO ESPÍRITO
A comunhão da vida divina ou o fluir da vida
divina é a comunhão do Espírito. A Segunda Epístola
aos Coríntios 13:13 diz: “A graça do Senhor Jesus
Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito
Santo sejam com todos vós.” Vemos aqui que o amor
de Deus é a fonte, a graça de Cristo é o curso e a
comunhão do Espírito é o fluir do curso. É esse fluir
que nos traz a graça de Cristo e o amor de Deus para o
nosso desfrute. Portanto, a comunhão da vida divina
é chamada de comunhão do Espírito Santo.

ENTRE OS CRENTES E OS APÓSTOLOS


A comunhão da vida divina é uma comunhão
entre os crentes e os apóstolos (1Jo 1:3b; At. 2:42).
Isso significa que há um desfrute conjunto do Deus
Triúno entre os crentes e os apóstolos. Os crentes e os
apóstolos precisam ter contato uns com os outros.
Quando há o contato adequado, ocorre um trânsito de
mão dupla, e esse trânsito é comunhão, uma
participação comum. Quando temos esse trânsito de
mão dupla, desfrutamos a vida divina que está dentro
de nós. Isso significa que quando temos comunhão,
temos o desfrute da vida divina.
Quanto mais ti vermos desse trânsito de duas
mãos, melhor será. Quanto mais contatarmos os
apóstolos, mais desfrutaremos a vida divina.
Entretanto, alguns podem salientar que os apóstolos
já não estão mais conosco. Isso é verdade, mas ainda
temos os escritos dos apóstolos. Sempre que nos
achegamos aos escritos dos apóstolos, podemos ter a
sensação de estar sendo introduzidos na comunhão
com os apóstolos e estar desfrutando o trânsito de
mão dupla entre eles e nós. Então, nesse trânsito,
desfrutamos a vida divina junto com eles.

ENTRE OS CRENTES E O PAI E SEU FILHO


JESUS CRISTO
A comunhão da vida divina é entre os crentes e o
Pai e Seu Filho Jesus Cristo. João diz que primeiro os
crentes têm comunhão com os apóstolos mediante a
vida divina. Depois, ele diz que os apóstolos têm
comunhão com o Pai e com o Filho. Com isso vemos
que a comunhão une os crentes aos apóstolos e ao Pai
e ao Filho. Portanto, nessa comunhão há a unidade
plena da vida divina.
A corrente elétrica é uma boa ilustração da
comunhão da vida divina. A eletricidade flui da usina
de força para dentro de um prédio. A corrente elétrica
conecta a usina de força ao prédio. Além disso, no
teto iluminado de determinado cômodo do prédio, as
luzes individuais são interligadas pelo fluir da
corrente elétrica. Sem o fluir da corrente, as luzes no
teto estão separadas. Pelo fluir da eletricidade,
todavia, as luzes são introduzidas numa “comunhão”
entre si, pois estão todas no único fluir da
eletricidade. Essa é uma ilustração do fato de que os
apóstolos e os crentes desfrutam comunhão juntos na
vida divina.

A COMUNHÃO QUE OS CRENTES TÊM UNS


COM OS OUTROS
Na vida divina, os crentes têm comunhão uns
com os outros (1:7; Fp 2:1). Assim como as lâmpadas
elétricas no teto de um cômodo têm uma corrente
fluindo dentro delas, assim também todos nós temos
a corrente divina fluindo dentro de nós. Nessa vida
divina e por meio dela, temos comunhão para o
desfrute da vida divina. Quanto mais tivermos a vida
divina fluindo dentro de nós, mais a desfrutaremos.
Em 1:3, somente o Pai e o Filho são
mencionados, não o Espírito, porquanto o Espírito
está implícito na comunhão. Na verdade a comunhão
da vida eterna é a dispensação do Deus Triúno — o
Pai, o Filho e o Espírito — para dentro dos crentes
como a porção única deles para desfrutarem hoje e
pela eternidade.

PARA ALEGRIA COMPLETA


João prossegue dizendo em 1:4: “Estas coisas,
pois, vos escrevemos para que a nossa alegria seja
completa.” Em vez de “nossa”, alguns manuscritos
dizem “vossa”. A alegria dos apóstolos é também a
alegria dos crentes, porque eles estão na comunhão
dos apóstolos.
A comunhão é o resultado da vida eterna; e a
alegria, isto é, o desfrute do Deus Triúno, é o
resultado dessa comunhão, da participação no amor
do Pai e na graça do Filho por meio do Espírito. Por
tal desfrute espiritual da vida divina, a nossa alegria
no Deus Triúno pode ser completa.
Normalmente não consideramos a alegria como
item principal. Entretanto, nessa Epístola, a alegria é
a terceira questão de maior importância a ser
considerada, vindo depois da vida divina e da
comunhão da vida divina. A vida divina resulta em
comunhão, e a comunhão resulta em alegria.
Você é um cristão alegre ou triste? Estar triste
pode ser uma indicação de que você está fora da
comunhão da vida Divina. Porém, se você está alegre,
cheio de alegria, você está nessa comunhão.
O Novo Testamento usa três palavras para
descrever nossa alegria na vida divina. Além da
palavra “alegria”, são usadas as palavras “regozijai” e
“exultai”. Não somente devemos ser alegres, mas
também regozijar e exultar. É possível estar alegre e
ainda assim estar em silêncio. Entretanto, para
regozijar e exultar, não conseguimos ficarem silêncio.
A salvação de Deus nos torna alegres e faz com que
regozijemos e exultemos. Por isso, quando nos
reunimos, devemos estar alegres. No Velho
Testamento, o povo de Deus ficava cheio de alegria
quando se ajuntavam para as festas. Nos Salmos, eles
até eram instados a fazer um barulho jubiloso ao
Senhor (Sl 95:1; 98:4, 6). A religião não gosta de ouvir
barulho jubiloso, mas Deus o aprecia. Ele gosta de ver
que estamos cheios de alegria. Daí o apóstolo João
nos dizer que se desfrutarmos a comunhão da vida
divina, certamente estaremos cheios de alegria. Além
disso, quando estamos cheios de alegria, regozijamos
e exultamos. Todos deveríamos ser tais cristãos
regozijantes e exultantes. Venhamos às reuniões da
igreja alegremente, porque desfrutamos a vida divina
na comunhão divina.

DESFRUTAR DEUS COMO LUZ


Em 1:5, João diz: “Ora, a mensagem que da parte
dele temos ouvido e vos anunciamos, é esta: que Deus
é luz, e não há nele treva nenhuma.” Além das três
questões principais nos versículos anteriores — vida,
comunhão e alegria — uma mensagem adicional, que
os apóstolos ouviram do Senhor, é anunciar aos
crentes que Deus é luz. Primeiro temos a vida divina;
depois, proveniente dela, temos a comunhão da vida
divina. A comunhão resulta em alegria. Quando
estamos nesse elemento jubiloso da comunhão,
estamos na luz de Deus. Portanto, a seqüência é vida,
comunhão, alegria e luz.
Nos versículos anteriores, o Pai e o Filho são
mencionados em palavras claras, e o Espírito está
implícito na comunhão da vida eterna. Neste trecho,
Deus é mencionado pela primeira vez nesta Epístola,
e é mencionado como o Deus Triúno: o Pai, o Filho e
o Espírito. Esse Deus, como revelado à luz do
evangelho, é luz.
A mensagem que João e os outros primeiros
discípulos ouviram era, sem dúvida, a palavra falada
pelo Senhor Jesus em João 8:12e 9:5, que Ele é a luz.
Entretanto, João aqui diz que a mensagem era que
Deus é luz. Isso indica que o Senhor Jesus é Deus e
implica na essência da Trindade divina.
As expressões “Deus é luz”, “Deus é amor” em
4:8 e 16, e “Deus é Espírito” em João 4:24, são usadas
não num sentido metafórico, mas num sentido
predicativo. Essas expressões denotam e descrevem a
natureza de Deus. Em Sua natureza, Deus é Espírito,
amor e luz. Espírito denota a natureza da Pessoa de
Deus; amor, a natureza da essência de Deus; e luz, a
natureza da expressão de Deus. Tanto o amor como a
luz estão relacionados com Deus como vida, cuja vida
provém do Espírito (Rm 8:2). Deus, Espírito e vida
são na verdade uma coisa só. Deus é Espírito e
Espírito é vida. Dentro de tal vida estão o amor e a
luz. Quando esse amor divino aparece para nós, ele se
torna graça; e quando essa luz divina brilha sobre
nós, ela se torna verdade. O Evangelho de João revela
que o Senhor Jesus nos trouxe graça e verdade (Jo
1:14, 17), para que possamos ter a vida Divina (Jo
3:14-16), ao passo que sua Epístola revela que a
comunhão da vida Divina traz-nos às próprias fontes
da graça e verdade, que são o amor Divino e a luz
Divina. A sua Epístola é a continuação do seu
Evangelho. Em seu Evangelho, era Deus no Filho
vindo até nós como graça e verdade a fim de que
pudéssemos nos tornar Seus filhos (101:12-13). Em
sua Epístola somos nós, os filhos, na comunhão da
vida do Pai, vindo a Ele para participar do Seu amor e
luz. O primeiro foi Deus saindo para o átrio exterior a
fim de ir ao encontro da nossa necessidade no altar
(Lv 4:28-31); o último somos nós entrando no Santo
dos Santos para contatá-Lo na arca (Êx 25:22). Isso é
algo mais avançado e mais profundo na experiência
da vida Divina. Após recebermos a vida Divina no
Evangelho de João por crer no Filho, devemos
prosseguir para desfrutar essa vida em sua Epístola
por meio da comunhão dessa vida. A sua Epístola
inteira revela-nos essa única coisa, isto é, o desfrute
da vida divina por intermédio de permanecer em sua
comunhão.
Deus é Espírito. Isso se refere à Sua Pessoa. Deus
é também amor e luz. Amor refere-se à Sua essência,
e luz, à Sua expressão. Tanto o amor como a luz de
Deus estão relacionados com a Sua vida. Essa vida é
na verdade o próprio Deus. A vida é também o
Espírito.
Quando essa vida foi manifestada, ela veio com
graça e verdade. Ao recebermos o Senhor Jesus,
recebemos vida, e agora desfrutamos graça e verdade.
Essa vida leva-nos de volta a Deus. Primeiro, Deus
veio até nós de modo que possamos receber graça e
verdade. Agora, voltamos ao Pai e O contatamos
como a fonte da graça e verdade, e essa fonte é amor e
luz. Voltando ao Pai, podemos desfrutar o amor como
a fonte da graça, e a luz como a fonte de verdade. Por
isso, na comunhão da vida divina, estamos sendo
levados de volta a Deus para desfrutar o amor como a
fonte de graça, e a luz como a fonte de verdade.
Essa compreensão de amor e luz não provém de
raciocínio humano, mas da revelação divina na
Palavra. Nessa revelação, ternos muitos itens para o
nosso desfrute, comparável aos muitos pratos de uma
festa. Temos Deus, o Espírito como a natureza da
pessoa de Deus, amor como a natureza da essência de
Deus, luz como a natureza da expressão de Deus, a
vida divina, a graça divina e a verdade divina. Quando
ternos todas essas coisas divinas, somos conduzidos
de volta a Deus Pai. Ao sermos reconduzidos ao Pai,
nós O encontramos e O desfrutamos como amor, que
é a fonte da graça e luz, que é a fonte da verdade. É
maravilhoso que na comunhão da vida Divina nós
desfrutamos a vida divina!

JUNTAR-SE AOS APÓSTOLOS E AO DEUS


TRIÚNO PARA O CUMPRIMENTO DO
PROPÓSITO DE DEUS
Na comunhão da vida divina, juntamo-nos aos
apóstolos e ao Deus Triúno para o cumprimento do
propósito de Deus. A palavra de João em 1:3 indica
desfazer-se dos próprios interesses e juntar-se a
outros para determinado propósito comum. Assim,
ter comunhão com os apóstolos, estar na comunhão
dos apóstolos e ter comunhão com o Deus Triúno na
comunhão dos apóstolos é pormos de lado o nosso
interesse particular e juntar-nos aos apóstolos e ao
Deus Triúno para o cumprimento do propósito de
Deus. De acordo com os escritos de João, esse
propósito é duplo. Primeiro, esse propósito é de que
os crentes possam crescer na vida divina
permanecendo no Deus Triúno (2:12-27) e, baseados
no nascimento divino, viver uma vida de justiça
divina e amor divino (2:28 — 5:3) para vencer o
mundo, a morte, o pecado, o diabo e os ídolos
(5:4-21). Segundo, é para que a igreja na cidade possa
ser edificada como o candeeiro para o testemunho de
Jesus (Ap 1-3) e consumar na Nova Jerusalém como a
expressão plena de Deus pela eternidade (Ap 21-22).
A nossa participação no desfrute do Deus Triúno,
pelos apóstolos, é a nossa união com eles e com o
Deus Triúno para o Seu propósito divino, que é
comum a Deus, aos apóstolos e a todos os crentes.
Quando desfrutamos o Deus Triúno na
comunhão divina, somos introduzidos numa situação
onde, espontaneamente, unimo-nos aos apóstolos e
ao Deus Triúno para um propósito comum. Deus tem
um propósito e os apóstolos executam-no.
Desfrutando a vida divina na comunhão divina,
tomamos parte neste propósito e na sua execução.
O propósito que Deus deseja cumprir por meio
dos apóstolos e também de nós é primeiramente que
os crentes cresçam na vida divina pelo permanecer no
Deus Triúno. Além disso, Deus pretende que,
baseados no nascimento divino, os crentes vivam
uma vida de justiça e amor divinos a fim de vencer o
mundo, o pecado, a morte, o diabo e os ídolos. Em
segundo lugar, o propósito eterno de Deus é que as
igrejas locais sejam edificadas como o testemunho de
Jesus e que por fim esse testemunho seja consumado
na Nova Jerusalém. Por isso, o propósito de Deus é
ter todos os Seus filhos crescendo na vida divina e
vivendo uma vida de justiça e amor para vencer todas
as coisas negativas. As igrejas, então, serão edificadas
como o testemunho de Jesus, e por fim haverá a Nova
Jerusalém como a expressão eterna do Deus Triúno.
Esse é o propósito de Deus e esse é o encargo dos
apóstolos em sua obra. Eles têm esse propósito em
comum com Deus. Devemos agora unir-nos a eles na
comunhão da vida divina e esse desfrute da
comunhão na vida Divina nos introduzirá nos
interesses que os apóstolos têm em comum com o
Deus Triúno. Juntamente com o Deus Triúno e os
apóstolos, o nosso propósito será que os crentes
cresçam em vida e que vivam uma vida de justiça e
amor para vencer as coisas negativas, de modo que as
igrejas sejam edificadas e resultem na Nova
Jerusalém como a expressão consumada do Deus
Triúno.
Se virmos o que realmente é comunhão,
perceberemos que comunhão é uma grande questão.
Entretanto, por anos a fio temos entendido
comunhão como meramente um tipo de desfrute na
vida divina. Não vimos que comunhão envolve
também um interesse comum. Deus não nos supre
com desfrute sem que haja um propósito. Deus é
cheio de propósito e Ele tem um objetivo ao
conceder-nos o desfrute na comunhão de Sua vida. O
propósito de Deus é alimentar-nos de modo que
possamos crescer na vida divina e para que, com o
nascimento divino como base, vivamos uma vida de
justiça e amor Divinos a fim de vencer o maligno, o
mundo, o pecado e todos os ídolos. É também
propósito de Deus que as igrejas sejam edificadas
como o testemunho de Jesus. Por fim, esse
testemunho consumará na Nova Jerusalém como a
expressão completa e eterna do Deus Triúno. Esse é o
propósito da comunhão da vida divina.
ESTUDO-VIDA DE 1 JOÃO
MENSAGEM 6
AS CONDIÇÕES DA COMUNHÃO DIVINA (1)

Leitura da Bíblia: 1Jo 1:5-7


Nas mensagens anteriores, consideramos dois
mistérios: o mistério da vida divina e o mistério da
comunhão divina. Embora não tenhamos visto esses
pontos completamente, creio que eles ficaram um
pouco mais claros para nós e pelo menos recebemos
algumas sugestões de como penetrar mais dentro
deles. Nesta mensagem começaremos a considerar as
condições da comunhão Divina, isto é, os termos que
têm de ser satisfeitos para se desfrutar essa
comunhão.
Se quisermos estar na comunhão divina,
precisaremos cumprir certas condições, termos ou
compromissos. Somente então poderemos desfrutar a
comunhão divina. Essa questão das condições da
comunhão Divina é revelada na segunda metade do
capítulo um e na primeira metade do capítulo dois
(1:5 — 2:11). Somente dois versículos falam da vida
divina (1:1-2) e outros dois versículos, da comunhão
divina (1:3-4), ao passo que dezessete versículos estão
relacionados às condições da comunhão Divina. Isso
indica que, até onde nos diz respeito, as condições da
comunhão são um ponto muito importante.
Tanto a vida quanto a comunhão divinas são do
lado de Deus. Entretanto, as condições, os termos, os
compromissos, pelos quais podemos desfrutar a
comunhão divina, são do nosso lado. É simples
receber a vida divina e ser introduzido na comunhão
dela, mas não é simples manter essa comunhão e
permanecer nela. Por essa razão, o apóstolo João não
omite as condições que devem ser preenchidas, se
quisermos permanecer na comunhão divina. Como
veremos, há duas condições principais abrangi das
em 1:5-2:11: a confissão de pecados (1:52:2) e o amar
a Deus e aos irmãos (2:3-11).
A primeira condição da comunhão divina envolve
tanto o pecado quanto os pecados. O pecado e os
pecados são um problema sério no que diz respeito ao
nosso desfrute da comunhão divina, porque
inutilizam e quebram a nossa comunhão com o Deus
Triúno. Por isso, o apóstolo João dedica tantos
versículos sobre confessar nossos pecados. Antes de
considerarmos esses versículos, gostaria de chamar a
atenção para alguns assuntos que nos ajudarão a
compreender o escrito de João com relação ao pecado
e aos pecados.

O PECADO QUE HABITA NO INTERIOR


De acordo com a Bíblia, o pecado habita em nós,
em nossa carne. Romanos 7:20 diz: “Mas, se eu faço o
que não quero, já não sou eu quem o faz, e, sim, o
pecado que habita em mim.” A palavra “habita” aqui
indica que Ó pecado é algo vivo. Qualquer coisa que
não seja viva, tal como uma cadeira, não pode habitar
em lugar algum. Por exemplo, você não diria que uma
cadeira habita no seu lar. Para que certa coisa habite
em determinado lugar, ela tem de ser viva e orgânica.
Assim, o fato de o pecado habitar em nós indica que
ele é um ente vi vo.
O pecado descrito em Romanos 7 é
personificado. As atividades do pecado são as de uma
pessoa. O pecado toma ocasião pelo mandamento e
desperta a concupiscência em nós (v. 8). Além disso,
o pecado pode enganar-nos e matar-nos (v. 11). De
acordo com a palavra de Paulo no versículo 17, o
pecado habita em nós e faz determinadas coisas em
nós: “Neste caso, quem faz isto já não sou eu, mas o
pecado que habita em mim.” Além disso, Paulo diz
que o pecado entra (Rm 5:12), reina (v. 21), domina
sobre as pessoas (6:14), opera a morte em nós (7:13),
e é algo que está bem vivo (7:9). Por isso, o pecado
não é uma substância ou elemento destituído de vida,
pelo contrário, é algo vivo que pode habitar em nós e
fazer coisas contra a nossa vontade. Esse foi o motivo
de Paulo poder dizer que não era ele quem fazia
determinadas coisas, mas o pecado que habitava nele.
Alguns se opõem a nós por ensinarmos que o
pecado habita em nossa carne e que esse pecado
habitando em nós é algo personificado. Entretanto,
esse ensinamento acerca do pecado que habita
interiormente e de suas atividades está totalmente de
acordo com as Escrituras. Não podemos negar o que
Paulo diz em Romanos 7 a respeito do pecado.

PECADOS: OS FRUTOS DO PECADO


É claro, a Bíblia fala tanto de pecado quanto de
pecados. Os pecados referem-se a infrações,
transgressões e más ações. Mentir e roubar, por
exemplo, são pecados. Esses pecados são diferentes
do pecado que habita em nossa carne. Os pecados são
atos e atividades, mas o pecado é um elemento
maligno que habita em nossa carne.
O Novo Testamento trata com o problema do
pecado, usando tanto a palavra pecado no singular
como a palavra pecados no plural. “Pecado” refere-se
ao pecado que habita interiormente, que entrou na
humanidade, da parte de Satanás, por meio de Adão
(Rm 5:12). O pecado é tratado na segunda seção de
Romanos, 5:12 a 8:13 (com exceção de 7:5, onde é
mencionado “pecados”). Os “pecados” referem-se aos
atos pecaminosos, aos frutos do pecado que habita
interiormente, os quais são tratados na primeira
seção de Romanos, 1:18 a 5:11. Entretanto, o pecado
no singular em 1 João 1:7 com o pronome “todo” não
denota o pecado que habita interiormente, mas cada
pecado isolado que cometemos (v. 10), depois de
termos sido regenerados. Esse pecado contamina a
nossa consciência purificada e precisa ser lavado pelo
sangue do Senhor em nossa comunhão com Deus.

A OFERTA PELO PECADO E A OFERTA PELA


TRANSGRESSÃO
O nosso pecado, o pecado que habita em nossa
natureza (Rrn 7:17), foi tratado por Cristo como nossa
oferta pelo pecado (Lv 4; Is 53:10; Rm 8:3; 2Co 5:21;
Hb 9:26). Os nossos pecados, as nossas
transgressões, foram tratadas por Cristo como nossa
oferta pela transgressão (Lv 5; ls53:11; 1Co 15:3; 1
Pe2:24; Hb 9:28). Depois de nossa regeneração ainda
precisamos tomar Cristo como nossa oferta pelo
pecado, como está indicado em 1 João 1:8, e como
nossa oferta pela transgressão, como está indicado
em 1:9.
A Bíblia revela que quando o Senhor Jesus estava
na cruz, El e foi feito pecado por nós. A respeito disso,
2 Coríntios 5:21 diz: “Àquele que não conheceu
pecado, ele o fez pecado por nós; para que nele
fôssemos feitos justiça de Deus.” Pelo fato de o
Senhor ter sido feito pecado por nós, Ele condenou o
pecado mediante Sua morte na cruz. Romanos 8:3
diz: “Enviando o seu próprio Filho em semelhança de
carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com
efeito, condenou Deus, na carne, o pecado.” Aqui
vemos que por meio da crucificação de Cristo, o
pecado foi condenado. Por esse motivo, João 1:29 fala
Dele como o Cordeiro de Deus que tirou o pecado do
mundo, e Hebreus 9:26 diz que Cristo “se manifestou
uma vez por todas, para aniquilar pelo sacrifício de si
mesmo o pecado.” Isso significa que Cristo ofereceu a
Si mesmo pelo pecado. Ao ponderarmos sobre esses
quatro versículos, percebemos que o Senhor Jesus
morreu na cruz para tratar com o pecado, o próprio
pecado que habita dentro de nós. Ele se tornou
pecado, condenou o pecado, tirou o pecado e foi uma
oferta pelo pecado. Cristo, como a oferta pelo pecado,
é tipificado pela oferta pelo pecado no capítulo quatro
de Levítico.
Como já ressaltamos, não temos apenas o
problema do pecado em nossa carne, como também o
problema dos muitos pecados que cometemos. Temos
feito muitas coisas erradas. Por exemplo, em vez de
honrar nossos pais, podemos tê-los desprezado. Isso
é pecaminoso. Todos nós temos cometido muitas
infrações, transgressões, ofensas e maus
procedimentos. Tudo isso são pecados. Quando o
Senhor Jesus morreu na cruz para tratar com o nosso
pecado, Ele também carregou os nossos pecados. A
Primeira Epístola de Pedro 2:24diz: “Carregando ele
mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos
pecados”. Este versículo indica claramente que Cristo
carregou nossos pecados. Em 1 Coríntios 15:3, Paulo
declara: “Cristo morreu pelos nossos pecados”. Além
disso, em Hebreus 9:28 é-nos dito que Cristo se
ofereceu “uma vez para sempre para tirar os pecados
de muitos”. Por meio desses versículos vemos que,
quando o Senhor estava na cruz, Ele não somente
tratou com o nosso pecado, mas também os carregou.
Por isso Ele é tanto a oferta pelo pecado como a oferta
pela transgressão.
Ao crermos no Senhor Jesus, nós O recebemos
como nosso Redentor. Isso implica que O recebemos
como nossa oferta pelo pecado e pela transgressão.
Receber o Senhor Jesus como nosso Redentor inclui
recebê-Lo tanto como oferta pelo pecado como oferta
pela transgressão. Muitas vezes dizemos que o sangue
de Jesus nos purifica. Esse sangue é o sangue da
oferta pelo pecado e da oferta pela transgressão. Em
1:7 João fala do sangue de Jesus que nos purifica de
todo pecado. Esse é o sangue do Senhor Jesus, tanto
como oferta pelo pecado como oferta pela
transgressão. Agora que cremos em Cristo, nós O
temos como o Redentor, Aquele que é nossa oferta
pelo pecado e oferta pela transgressão. Por isso,
tanto. o. pecado. quanto. os pecados foram tratados,
Fomos perdoados por Deus, e fornos lavados,
purificados pelo. sangue do. Senhor. Como já
ressaltamos, o. sangue de Jesus é o. sangue da oferta
pelo. pecado. e da oferta pela transgressão. Todos nós
cremos em Cristo. e O aceitamos como nossa oferta
pelo. pecado. e pela transgressão.

O PECADO NÃO ERRADICADO DO NOSSO


SER
Agora que fornos regenerados, ternos ainda o
pecado habitando em nós? A esse respeito tem havido
muito debate entre os mestres da Bíblia. Anos atrás,
houve um forte ensinamento que dizia que o pecado
havia sido erradicado dos crentes. Esse é o
ensinamento a respeito da assim chamada
erradicação do pecado. Os que ensinam isso, usam
determinados versículos em 1 João 3 e 5 como base
para sua argumentação: “Todo aquele que é nascido.
de Deus não vive na prática de pecado. (...) esse não.
pode viver pecando, porque é nascido. de Deus” (3:9),
e: “Todo aquele que é nascido. de Deus não. vive em
pecado.” (5:18). Os que seguem o ensinamento da
erradicação dizem que esses versículos provam que o
pecado foi desarraigado de nosso ser.
Em 1933, certo irmão contou-me uma história
interessante sobre um grupo, ao. qual pertencera, que
ensinava a erradicação do pecado. O líder daquele
grupo, um homem culto, era muito convincente em
ensinar a erradicação do pecado. Um dia, esse líder
levou quatro jovens irmãos a um parque. Ao invés de
comprar cinco ingressos, o líder comprou apenas
dois. Dois irmãos entraram no parque usando os dois
ingressos. Então, um irmão saiu com os ingressos e
entrou no parque outra vez com outro irmão. Isso se
repetiu até que todos os cinco irmãos entraram no
parque usando os mesmos dois ingressos. Os jovens
irmãos ficaram perturbados com o fato de que aquele
que ensinava a erradicação do pecado pudesse
comportar-se de tal maneira. Eles lhe disseram: “Que
é isso? Isso. não. é enganar? Isso. não. é pecado?” O
líder replicou: “Isso. não. é pecado, é simplesmente
uma fraqueza”. O irmão que me relatou esse
incidente não pôde aceitar aquela explicação. Ele
sabia que havia algo errado. Por fim, ele veio às
reuniões da igreja e foi esclarecido acercado
ensinamento errôneo a respeito da erradicação do
pecado.
A Bíblia não ensina que o pecado foi erradicado
do nosso ser. Em 1:8, João diz: “Se dissermos que
não. ternos pecado. nenhum, a nós mesmos nos
enganamos, e a verdade não. está em nós.” Dizer que
não ternos pecado é dizer que não temos o pecado
interiormente em nossa natureza. Isso é algo
ensinado pela heresia gnóstica. O apóstolo está
vacinando os crentes contra esse falso ensinamento.
Esta seção, 1-7 — 2:2, trata com o pecar dos crentes
após a regeneração, Esse pecar interrompe a
comunhão com Deus. Se depois da regeneração os
crentes não têm pecado em sua natureza, como
podem pecar em sua conduta? Mesmo que pequem
apenas ocasionalmente, não habitualmente, o seu
pecar é prova suficiente de que ainda têm o pecado
operando dentro deles. Caso contrário, não haveria
interrupção da comunhão deles com Deus. O
ensinamento do apóstolo aqui condena o
ensinamento atual do perfeccionismo, de que um
estado de libertação do pecado é alcançável ou tem
sido alcançado na vida terrena. O ensinamento do
apóstolo também anula o ensinamento errôneo da
erradicação da natureza pecaminosa, o qual, ao
interpretar mal a palavra em 3:9 e 5:18, diz que
pessoas regeneradas não podem pecar porque sua
natureza pecaminosa foi totalmente erradicada.
João diz que os que afirmam não ter pecado
estão se enganando a si mesmos, estão se desviando.
Dizer que, por termos sido regenerados, não temos
pecado, é enganar a nós mesmos. Isso nega o fato real
da nossa própria experiência e assim nos leva a
desviar. Não deveríamos dizer que já não temos mais
pecado. O pecado permanece em nossa carne, em
nossa natureza pecaminosa.
A NECESSIDADE DA CONFISSÃO DE
PECADOS
Já ponderamos sobre a questão de se, como
crentes, nós ainda termos ou não o pecado em nossa
natureza. Vimos que, definitivamente, temos o
pecado habitando em nós depois da regeneração.
Agora precisamos considerar uma segunda
indagação: será que ainda podemos cometer pecado
após sermos regenerados? Sim, um crente ainda pode
pecar após ter sido regenerado. Em 2:1, João diz:
“Filhinhos meus, estas cousas vos escrevo para que
não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos
Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o justo.” As
palavras de João “se alguém pecar” indica
intensamente que ainda podemos pecar depois de
termos sido Salvos.
Vamos usar, a título de ilustração, a questão de
perder a calma. Não creio que haja nem mesmo uma
única pessoa que jamais tenha perdido a calma
depois de ter sido salva. Você pode dizer que, desde
que se tomou um cristão, nunca perdeu a calma?
Mesmo que não tenha perdido a calma
exteriormente, que tal interiormente? Mesmo a
simples ilustração de perder a calma é suficiente para
esclarecer-nos a respeito do fato de que, embora
sejamos crentes, ainda podemos pecar e
ocasionalmente de fato pecamos. Embora tenhamos
sido salvos e regenerados e estejamos sob a
transformação do Espírito Santo, ainda é possível que
pequemos. Já que ainda podemos pecar após ser
salvos, precisamos confessar os nossos pecados (1:9).
A confissão de pecados é a primeira condição da
comunhão Divina.
O SIGNIFICADO DE COMUNHÃO
Em 1:6, João diz: “Se dissermos que mantemos
comunhão com ele, e andarmos nas trevas, mentimos
e não praticamos a verdade.” Ter comunhão com
Deus é ter um contato íntimo e vivo com Ele no fluir
da vida divina segundo a unção do Espírito em “nosso
espírito (2:27). Isso nos conserva na participação e no
desfrute da luz e amor divinos.
De acordo com o contexto, “com ele” no versículo
6 é com Deus. Isso equivale a “com o Pai e com seu
Filho Jesus Cristo” (v. 3). Outra vez, isso implica na
Trindade divina.

A DIFERENÇA ENTRE RELACIONAMENTO


DE VIDA E COMUNHÃO
É-nos muito importante perceber que o
relacionamento de vida dos crentes com Deus é
inquebrável. Entretanto, a comunhão deles com Ele
pode ser quebrada. A primeira é incondicional; a
última é condicional. Uma vez que tenhamos sido
regenerados, somos filhos de Deus e temos uma
relação de vida com o nosso Pai. Essa relação de vida
é inquebrável; contudo, a nossa comunhão com Deus
pode ser interrompida.
Não devemos confundir a nossa relação de vida
com Deus e a nossa comunhão com Deus. A nossa
relação com Deus é baseada na vida e foi estabelecida
de uma vez por todas; a nossa comunhão com Deus,
porém, é baseada no cumprimento de condições e
pode variar como o tempo. Portanto, a relação de vida
com Deus não requer qualquer condição e é
inquebrável. Porém, a nossa comunhão com Deus
requer certas condições, pode ser interrompida e
oscilar. Espero que todos estejamos claros com
respeito à diferença entre o nosso relacionamento de
vida com Deus e a nossa comunhão com Ele.
ESTUDO-VIDA DE 1 JOÃO
MENSAGEM 7
AS CONDIÇÕES DA COMUNHÃO DIVINA (2)

Leitura da Bíblia: 1Jo 1:5-7


Na mensagem anterior mostramos que o
relacionamento de vida dos crentes com Deus é
inquebrável, mas a comunhão deles com Ele pode ser
quebrada. A primeira é incondicional e foi
estabelecida uma vez por todas; entretanto, a
segunda é condicional e pode variar. Vamos agora
continuar nesta mensagem a considerar a primeira
condição que tem de ser satisfeita, se quisermos
manter a comunhão divina: a confissão de pecados
(1:5-2:2).

PERMANECER EM DEUS COMO LUZ


Em 1:5, João diz: “Ora, a mensagem que da parte
dele temos ouvido e vos anunciamos, é esta: que Deus
é luz, e não há nele treva nenhuma.” Este versículo
fala de Deus. Para se manter a comunhão com Deus,
precisamos permanecer em Deus. Vimos que nesta
Epístola há sete mistérios: a vida divina, a comunhão
da vida divina, a unção do Deus Triúno, permanecer
no Senhor, o nascimento divino, a semente divina e a
água, o sangue e o Espírito. Aqui estamos
preocupados com o mistério do permanecer. No
Evangelho de João, o Senhor Jesus disse:
“Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós”
(15:4). Por ser Ele a videira e nós os ramos,
precisamos permanecer Nele. Essa revelação acerca
do permanecer é uma questão grande e crucial. Todos
precisamos permanecer em Deus.
Que significa permanecer em Deus? Há muitos
anos eu pensava que permanecer era meramente ficar
ou conservar-se. A versão chinesa da Bíblia usa a
palavra “residir”. Há mais de trezentos anos, quando
a versão King James foi feita, em inglês a palavra
“permanecer” tinha realmente a conotação de residir.
Entretanto, essa conotação foi grandemente perdida,
e hoje a palavra permanecer 2 significa
primordialmente ficar ou conservar-se. Na verdade,
“residir” é uma tradução mais acurada do grego.
Permanecer em Deus, portanto, é residir Nele. Não
apenas devemos permanecer em Deus, como
devemos residir Nele. Devemos viver, agir,
mover-nos e ter o nosso ser em Deus.
Essa concepção corresponde àquela contida na
palavra “andar” no versículo 7, onde nos é dito para
andar na luz. A palavra grega traduzida para “andar”
significa mover-se, agir e ter o nosso ser. Uma vez que
permanecemos em Deus, devemos residir Nele e ter o
nosso ser Nele. Deus é a nossa verdadeira habitação,
o nosso lar. Assim, aonde quer que Deus vá, devemos
ir com Ele e Nele. Por ser Deus o nosso lugar de
habitação, precisamos residir Nele.
Precisamos saber não somente quem é Deus,
mas também o que Ele é. A Primeira Epístola de João
1:5 nos diz que Deus é luz e Nele não há treva
nenhuma. O próprio Deus em quem residimos é luz.
O primeiro aspecto da primeira condição de
mantermos nossa comunhão com Deus é residir em
Deus como luz. Quando a casa na qual residimos é
cheia de luz, nós também estamos na luz e não nas
2
*N. do T.: abide no original.
trevas. De semelhante maneira, ao residirmos em
Deus, residimos na luz, pois Deus é luz.
Se não residirmos em Deus, nossa comunhão
com Ele será imediatamente interrompida. Sempre
que não residirmos em Deus estaremos fora da
comunhão divina. Entretanto, a nossa relação de vida
com Deus não é quebrada. Por exemplo, se o
comportamento de uma criança é bom ou mau, ela
ainda tem uma relação de vida com seu pai. Se uma
criança fica em casa ou tenta fugir, a relação em vida
com seu pai permanece intacta. Todavia, a criança
pode não permanecer em comunhão com seu pai.
Pode haver momentos em que ela não queira estar no
mesmo cômodo com seu pai ou falar-lhe face a face.
Isso ocorre pelo fato de a comunhão ter sido
interrompida, embora permaneça a relação de vida. A
nossa relação de vida com Deus não pode ser desfeita,
mas a nossa comunhão com Ele o será, se não
permanecermos Nele como a luz divina.
Já salientamos que o Espírito é a natureza da
Pessoa de Deus, o amor é a natureza da essência de
Deus e a luz é a natureza da expressão de Deus. Luz é
portanto a expressão de Deus; é Deus brilhando. Por
isso, ao residirmos em Deus, que é Aquele que brilha,
nós estamos na luz.
Em 1:5, João diz que em Deus não há treva
nenhuma. Uma vez que luz é a natureza de Deus em
Sua expressão, então trevas é a natureza de Satanás
em suas obras malignas (3:8). Graças a Deus por Ele
nos ter libertado das trevas satânicas,
introduzindo-nos na luz divina (At 26: J8; 1 Pe2:9). A
luz divina é a vida divina no Filho operando em nós.
Essa luz brilha nas trevas dentro de nós, e as trevas
não conseguem vencê-la (Jo 1:4-5). Ao seguirmos
essa luz, de modo nenhum andaremos em trevas (Jo
8:12) que, segundo o contexto (1Jo 1:7-JO), são as
trevas do pecado.

ANDAR NA LUZ DIVINA CONTRA AS


TREVAS SATÂNICAS
Em 1:7a, João diz: “Se, porém, andarmos na luz,
como ele está na luz, mantemos comunhão uns com
os outros”. “Andar” aqui significa vi ver, proceder e
ter o nosso ser. Andamos na luz, mas Deus está na luz
porque Ele é luz. “A luz é o elemento no qual Deus
habita (cf. 1Tm 6:16)... esse andar na luz, como Ele
está na luz, não é uma mera imitação de Deus,... mas
é uma identidade do elemento essencial do nosso
andar diário com o elemento essencial do ser eterno
de Deus; não uma imitação, mas correspondência e
identidade da própria atmosfera de vida” (Alford).
Quando andamos e vivemos na luz de Deus,
temos ao mesmo tempo o co-desfrute do Deus Triúno
e a co-participação em Seu propósito divino. A
comunhão da vida divina nos traz a luz divina, e a luz
divina nos mantém na comunhão, isto é, no desfrute
conjunto de Deus e na participação conjunta em Seu
propósito.
No versículo 6 João fala de andar em trevas.
Andar habitualmente nas trevas é viver, comportar-se
e ter o ser de alguém na natureza das obras malignas
de Satanás. De acordo com 2:11, andar nas trevas
equivale a praticar o pecado (3:4, 8).
Andar na luz divina não significa meramente
residir nesta luz, mas é viver, mover-se, agir, fazer
coisas e ter o nosso ser na luz divina, a luz que é na
verdade o próprio Deus. Quando residimos, vivemos
e temos o nosso ser em Deus, andamos na luz divina,
a qual é a expressão de Deus.
Quando a luz divina brilha, vemos todas as
diversas verdades e essas verdades são realidades.
Entretanto, quando não temos a luz divina, mas
estamos em trevas, temos a sensação de que tudo é
vaidade e vazio. Gostaria de pedir-lhe para refletir
sobre sua experiência. Quando está na luz divina,
você pode ver a verdade, a realidade. Por exemplo,
quando você está na luz, Deus é uma realidade para
você, e a vida divina é também uma realidade. Além
disso, a santidade, o amor e a graça de Deus são todos
realidades para você. Ao andarmos na luz, vemos
uma realidade após outra. Entretanto, quando
estamos em trevas, nada é real para nós; pelo
contrário, tudo é vazio, vão. Quando estamos em
trevas, não temos qualquer realidade porque nada
vemos. Ao invés da sensação de realidade, temos a
sensação de vazio e vaidade.
Quando residimos em Deus, estamos na
comunhão. Quando estamos nessa comunhão,
estamos na luz. Então, quando andamos na luz,
Cristo, o Espírito, a igreja, o Corpo e os membros do
Corpo são todos reais para nós. Podemos testificar e
dizer: “Louvado seja o Senhor porque vejo Cristo, o
Espírito, a igreja e a base da igreja! Que maravilha!
Tudo isso é real para mim”.
Entretanto, suponha que uma irmã seja ofendida
por um presbítero. Embora não tivesse intenção de
ofendê-la, ele, no entanto, disse algo que a ofendeu,
porque ela é sensível. Talvez o presbítero tenha dito
que todas as irmãs, não importando quais sejam seus
antecedentes, são frágeis. Essa palavra ofendeu a
irmã e ela disse para si: “Eu amo muito o Senhor e
também a igreja e sou pela igreja. Por que esse
presbítero diz que as irmãs são frágeis?” Por ela estar
ofendida o “interruptor” é desligado e ela
imediatamente fica em trevas. Como resultado, em
vez de desfrutar a vida da igreja, ela começa a ficar
descontente com a igreja. A igreja já não lhe é mais
real e ela já não mais se preocupa com a base da
igreja. Ela pode dizer: “Que é a igreja afinal de
contas? E o que é a base da igreja? Não me importo
com ela”. Se ela permanecer em trevas, por fim
achará que Cristo, o Espírito e a vida divina já não lhe
são reais em sua experiência. Ela pode dizer: “Que é
Cristo? Ele está longe, nos céus. Que é a vida eterna?
Essa vida não significa tanto para mim”. Essa é uma
ilustração do fato de que, sempre que estamos em
trevas, todas as coisas divinas tornam-se vãs e vazias
para nós.
Suponha que depois de certo tempo, a irmã que
se ofendeu e está em trevas se arrependa. O Senhor é
misericordioso e, sem nenhum motivo aparente, ela
se volta para o Senhor e diz: “Ó Senhor, perdoa-me”.
Imediatamente o “interruptor” é ligado e a luz
recomeça a brilhar. Essa irmã, então, experimentará
a purificação do sangue precioso do Senhor, e as
coisas Divinas tornar-se-ão reais outra vez.
Não tem sido esta a sua experiência? Posso
testificar que experimentei isso muitas vezes. Sei o
que é sofrer da “doença” de estar em trevas e de ser
restaurado à comunhão na vida divina. Por
experiência sei que, quando estamos na luz, as coisas
divinas são reais para nós, mas, quando estamos em
trevas, elas não nos são reais.
Se quisermos estar na comunhão divina,
precisamos permanecer em Deus como luz e
precisamos andar na luz Divina. A luz divina é
contrária às trevas satânicas. A verdadeira questão
aqui não é de certo ou errado, mas de luz ou trevas.
Você não precisa refletir se o que um presbítero diz
está certo ou errado, mas sim se você está na luz ou
nas trevas. Se você estiver em trevas, isso indica que
está fora da comunhão divina.
A luz é a expressão de Deus, e as trevas são a
expressão de Satanás. Se dissermos: “Não me
importo com a igreja e Cristo está longe nos céus, não
está em mim”, estaremos falando mentiras, e essas
mentiras são a expressão das trevas satânicas. A fim
de restaurarmos a comunhão interrompida,
precisamos condenar as trevas. Podemos achar que
estamos certos, mas se estivermos em trevas,
precisaremos confessar e dizer: “Senhor, por que
estou em trevas? Deve haver algo errado comigo.
Senhor, embora eu não perceba em que estou errado,
sei que estou errado porque estou em trevas. Senhor,
peço que me perdoes e me purifiques”. Se fizermos
isso, a luz virá até nós. Falo isso por minha própria
experiência. Muitas vezes percebi que estava em
trevas, embora não soubesse em que estava errado.
Por isso, ia ao Senhor e dizia-Lhe que estava em
trevas. Como resultado, a luz recomeçava a brilhar.
As trevas podem ser comparadas a um sinal
vermelho numa esquina. As trevas são um sinal de
que estamos errados em alguma coisa. Mesmo que
não saibamos o que está errado, por termos o sinal de
trevas dentro de nós, precisamos confessar a nossa
situação ao Senhor e dizer: “Senhor, perdoa-me, por
favor. Embora eu não saiba em que estou errado,
ainda assim peço-Te que me perdoes. Senhor, sinto
trevas dentro de mim. Estou totalmente envolto em
trevas e não consigo suportá-las. Senhor, por eu estar
em trevas, peço-Te que me perdoes e me purifiques
com Teu precioso sangue”. Se você confessar desse
modo ao Senhor, a luz virá. A luz então mostrar-lhe-á
em qual assunto está errado. Se você confessar aquela
questão ao Senhor, receberá mais luz. Essa é a
maneira de nos conservarmos em Deus. Essa é
também a maneira de recobrar e restaurar a
comunhão interrompida. Se tomarmos esse caminho,
manteremos comunhão adequada na luz divina.

A PRÁTICA DA VERDADE DIVINA CONTRA A


MENTIRA SATÂNICA
Leiamos todo o conteúdo de 1:6: “Se dissermos
que mantemos comunhão com ele, e andarmos nas
trevas, mentimos e não praticamos a verdade”.
Mentir vem de Satanás. Ele é o pai dos mentirosos (Jo
8:44). A natureza dele é a mentira e ela introduz a
morte e as trevas. Com as trevas está a falsidade, o
oposto da verdade. As trevas satânicas contrapõem-se
à luz Divina e a mentira satânica contrapõe-se à
verdade divina. Uma vez que a verdade divina é a
expressão da luz divina, assim também a mentira
satânica é a expressão das trevas satânicas. Se
dissermos que temos comunhão com Deus, que é luz,
e andarmos nas trevas, mentimos, estamos na
expressão das trevas satânicas e não praticamos a
verdade na expressão da luz Divina. Esse versículo
vacina contra o ensinamento herético dos
Antinomianos, que ensinam a libertação da obrigação
da lei moral e dizem que uma pessoa pode viver em
pecado e ao mesmo tempo ter comunhão com Deus.
Se quisermos manter a comunhão divina,
precisamos não apenas andar na luz divina, mas
também praticar a verdade divina, a qual se
contrapõe à mentira satânica. A palavra grega
traduzida para “praticamos” em 1:6 é poieo. Este
verbo denota fazer coisas, habitual e continuamente
permanecendo nessas coisas. Assim, ela é usada no
versículo 6 no sentido de prática. Essa palavra é
também usada em 2:17, 29; 3:4 (duas vezes), 7, 8, 9,
10, 22; 5:2; Romanos 1:32 e em diversos outros
lugares.
Praticar a verdade é vivê-la habitualmente, não
meramente praticá-la ocasionalmente. Praticar a
verdade é praticá-la constantemente, continuamente,
incessantemente. Isso pode ser comparado ao
respirar, que é constante, contínuo, habitual.
Enquanto falamos, estamos respirando. Não temos
necessidade de decidir respirar ou tentar fazer força
para respirar, pois respirar é algo natural e habitual.
Portanto, respirar é uma prática. De modo
semelhante, ao permanecermos em Deus como luz e
ao andarmos na luz Divina, espontaneamente
praticamos a verdade habitualmente.
Suponha que determinado crente esteja em
trevas. Por ele estar em trevas, o que quer que faça,
pratique, está errado. Ele pode tentar ir numa certa
direção, mas ela estará errada. Se ele tentar ir numa
outra direção, essa também estará errada.
Entretanto, se este crente estiver na luz, ele
automaticamente praticará a verdade. Ele viverá,
comportar-se-á e falará aos outros de forma
adequada. Isso é praticar a verdade.
Se estivermos na luz, veremos a Igreja como uma
realidade. Veremos também o Corpo e os membros
do Corpo como realidades. Veremos que somos um
membro específico do Corpo. Entretanto, se
estivermos em trevas, poderemos achar que somos
um grande membro do Corpo, tal como o ombro,
quando na verdade podemos ser um pequeno
membro, como o dedo mínimo. Essa é outra
ilustração do fato de que estar em trevas é estar em
ostentação, na vaidade. Porém, andar de acordo com
o que vemos da realidade na luz é praticar a verdade.
Freqüentemente, ao estarmos em trevas,
praticamos coisas insensatas. Por exemplo, se um
jovem estiver em trevas, ele poderá criticar um irmão
mais velho no Senhor. Essa crítica totalmente
insensata porque é feita em trevas. Esse jovem não
sabe o que está dizendo e sua crítica é vã e vazia. Ele
não está praticando a verdade porque não vê a
verdade.
Quando estamos na luz é que vemos a verdade.
Se estivermos na luz, tudo o que fizermos será real.
Não só praticaremos o que é correto e adequado, mas
faremos o que é real. Isso significa que tudo o que
fizermos será uma realidade. Praticaremos a verdade,
a realidade, de forma habitual e automática. Se
fizermos isso, conservaremos a nós mesmos na
comunhão divina.
ESTUDO-VIDA DE 1 JOÃO
MENSAGEM 8
AS CONDIÇÕES DA COMUNHÃO DIVINA (3)

Leitura da Bíblia: 1Jo 1:5-7


Vimos que a relação de vida dos crentes com
Deus é inquebrável, mas sua comunhão com Ele pode
ser interrompida. Isso significa que a nossa relação de
vida com Deus é incondicional, ao passo que a nossa
comunhão com Deus é condicional. A primeira
condição da comunhão divina é confessar os pecados
(1:5 — 2:22). Relacionadas a esta primeira condição
estão as questões de permanecerem Deus como luz,
andando na luz divina e praticando a verdade divina.
Nesta mensagem prosseguiremos considerando a
purificação do sangue de Jesus, o Filho de Deus.

PURIFICADOS PELO SANGUE DE JESUS


Em 1:7, o apóstolo João diz: “Se, porém,
andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos
comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus,
seu Filho, nos purifica de todo pecado”. Neste
versículo vemos que andamos na luz, mas Deus está
na luz porque Ele é luz. Ao andarmos na luz, que é o
próprio Deus, temos o co-desfrute do Deus Triúno e a
co-participação em Seu propósito.
Quando vivemos na vida divina, estamos sob o
iluminar dela, e ela expõe, segundo a natureza de
Deus e mediante a Sua natureza em nós, todo o nosso
pecado, transgressões, falhas e defeitos, que são
contrários à Sua luz pura, amor perfeito, santidade
absoluta e excelente justiça. Nessa hora sentimos,
mediante o iluminar de nossa consciência, a
necessidade de purificação pelo sangue redentor do
Senhor Jesus, que nos purifica a consciência de todos
os pecados, de modo que a nossa comunhão com
Deus e de uns com os outros possa ser mantida. A
nossa relação com Deus é inquebrável, no entanto, a
nossa comunhão com Ele pode ser quebrada. A
primeira é proveniente da vida, ao passo que a última
está baseada em nosso viver, embora também
provenha da vida. Uma é incondicional; a outra é
condicional. A que é condicional, a nossa comunhão
com Deus, precisa ser mantida pelo constante
purificar do sangue do Senhor.
No versículo 7 João diz que o sangue de Jesus
nos purifica de todo pecado. O tempo do verbo
“purifica” em grego é presente e contínuo. Isso indica
que o sangue de Jesus, o Filho de Deus, nos purifica o
tempo todo, contínua e constantemente. Purificar
aqui refere-se à purificação instantânea do sangue do
Senhor em nossa consciência. Diante de Deus, o
sangue redentor do Senhor nos purificou de uma vez
por todas, eternamente (Hb 9:12, 14), e a eficácia
daquele purificar dura para sempre perante Deus,
não necessitando repetição. Entretanto, em nossa
consciência, precisamos da aplicação instantânea do
purificar constante do sangue do Senhor, muitas e
muitas vezes, sempre que a nossa consciência for
iluminada pela luz divina em nossa comunhão com
Deus. Essa purificação instantânea é tipificada pela
purificação das cinzas da novilha para a água
purificadora (Nm 19:2-10).
No versículo 7, João especificamente diz que o
sangue de Jesus nos purifica de todo pecado. O Novo
Testamento fala de pecado e também de pecados.
“Pecado” normalmente se refere ao pecado que habita
interiormente, o qual é tratado em Romanos 5:12 a
8:13. “Pecados” refere-se aos atos pecaminosos, os
frutos do pecado que habita interiormente, que são
tratados em Romanos 1:18 a5:11. Entretanto, pecado
no singular em 1:7, com o pronome “todo” não denota
o pecado que habita interiormente, antes, indica cada
pecado individual que cometemos desde que fomos
regenerados. Os pecados que cometemos depois da
regeneração mancham a nossa consciência purificada
e precisam ser limpos pelo sangue de Jesus em nossa
comunhão com Deus.
Quando estamos na comunhão divina, estamos
na luz, e quando estamos na luz, somos expostos por
ela. A luz divina é muito mais forte que um raio X.
Essa luz expõe tudo o que está errado em nosso ser.
Ao andarmos na luz e praticarmos a realidade na luz,
ela brilha dentro de nós, sobre nós e através de nós.
Expostos por esse brilho, percebemos que estamos
errados em muitas coisas. Podemos ver que estamos
errados em nossos pensamentos, emoções, motivos e
intenções. Também podemos ver que estamos
errados para com determinados irmãos e irmãs. Por
sermos expostos dessa forma, a nossa consciência é
condenada. Para tratar com essa condenação em
nossa consciência, precisamos do purificar do sangue
do Senhor. É no momento em que estamos na
comunhão e sob a luz que vemos as nossas falhas,
erros, más ações, motivos impuros e intenções
malignas. Nesse mesmo momento, todavia, o sangue
do Senhor Jesus nos purifica de todo pecado. Como já
salientamos, o tempo do verbo no grego traduzido
para “purifica” indica que, quando andamos na luz e
estamos em comunhão com Deus e uns com os
outros, o sangue de Jesus nos purifica
constantemente, incessantemente.

JESUS, SEU FILHO


É significativo que em 1:7 o apóstolo João fale de
“o sangue de Jesus, Seu Filho”. O nome Jesus denota
a humanidade do Senhor, que é necessária para o
derramamento do sangue redentor, e o título “Seu
Filho” indica a divindade do Senhor, que é necessária
para a eficácia, eterna do sangue remissor. Assim, o
sangue de Jesus, Seu Filho, mostra que esse sangue é
o sangue apropriado de um homem genuíno para
redimir as criaturas caídas de Deus com a garantia
divina de sua eficácia eterna, uma eficácia que é
todo-prevalecente no espaço e eterna no tempo.
O título “Jesus, Seu Filho” é também usado por
João como uma vacina contra as heresias acerca da
Pessoa do Senhor. Uma dessas heresias insistia na
divindade do Senhor, negando a Sua humanidade. O
título Jesus, como o nome de um homem, inocula
contra essa heresia. Outra heresia insistia na
humanidade do Senhor, negando a Sua divindade. O
título “Seu Filho”, como um nome da Deidade, é um
antídoto contra essa heresia.
Nenhum outro versículo no Novo Testamento
usa a expressão “Jesus, Seu Filho”. Acabamos de
ressaltar que o nome Jesus refere-se à humanidade
do Senhor e o título “Seu Filho” denota a Sua
divindade. Jesus foi um homem real, um ser humano
genuíno, e o sangue de Jesus era o sangue de um
homem verdadeiro. Por sermos seres humanos,
precisamos ser redimidos por sangue humano. No
Velho Testamento, o sangue para a expiação provinha
de animais e era um tipo do sangue de Cristo.
Entretanto, o sangue animal não pode, na verdade,
redimir-nos, porque somos seres humanos, não
animais. Como seres humanos, precisamos do sangue
eficaz de Jesus, o sangue de um homem genuíno.
A divindade do Senhor indicada pelas palavras
“Seu Filho” é uma garantia, uma certeza de que a
eficácia do sangue de Jesus permanecerá para
sempre. A humanidade do Senhor qualifica-O a ter o
sangue para derramar pela nossa redenção. A Sua
divindade assegura a eficácia do poder desse sangue
remissor. A eficácia do sangue purificador de Jesus é
assegurada para sempre pela Sua divindade.
Vimos que, quando João escreveu essa epístola,
havia heresias concernentes à Pessoa de Cristo. Um
tipo de ensinamento herético dizia que Jesus era
divino, mas não humano. Outro tipo de ensinamento
herético dizia que Jesus era homem, mas não divino.
Com uma curta expressão — “o sangue de Jesus, Seu
Filho” — João vacina-nos contra os dois tipos de
heresias. As palavras “o sangue de Jesus” indicam que
Jesus era um homem genuíno, e as palavras “Seu
Filho” indicam que Ele é divino. O sangue pelo qual
somos purificados é o sangue de uma Pessoa
maravilhosa, que possui tanto a humanidade como a
divindade.

UM CICLO
Em 1:1-7, vemos um ciclo em nossa vida
espiritual formado de quatro coisas cruciais: a vida
eterna, a comunhão da vida eterna, a luz divina e o
sangue de Jesus, o Filho de Deus. A vida eterna
resulta na comunhão da vida divina, a comunhão da
vida eterna introduz a luz divina e a luz divina
aumenta a necessidade do sangue de Jesus, o Filho de
Deus, afim de que possamos ter mais vida eterna.
Quanto mais temos da vida eterna, mais da sua
comunhão ela nos traz. Quanto mais desfrutamos da
comunhão da vida divina, mais luz divina recebemos.
Quanto mais recebemos da luz divina, mais
participamos do purificar do sangue de Jesus. Tal
ciclo leva-nos avante no crescimento da vida divina
até atingirmos a sua maturidade.

LUZ CONTRA TREVAS


Em 1:5-7, João usa cinco palavras importantes:
luz, verdade, trevas, mentira e pecado. Luz é a
essência da expressão de Deus. Podemos dizer que luz
é Deus expresso. Quando andamos nessa luz, a
verdade aparece porque ela é o resultado da luz. Luz é
a origem da verdade e verdade é o resultado, a
conseqüência da luz. Por isso, quando permanecemos
na luz divina e nela andamos, praticamos a verdade.
Mentira é a essência de Satanás e trevas é a
expressão da essência satânica. Essas trevas estão
relacionadas ao pecado. Esse é o motivo de termos
nesses versículos luz, trevas e pecado. Se não
estivermos na luz, certamente estaremos em trevas.
Quando estamos em trevas, somos enganados pela
mentira, que é a essência de Satanás. Além disso, uma
vez que a mentira e as trevas estão relacionadas ao
pecado, somos também envolvidos com o pecado.
Lembremo-nos de que a luz é a essência da
expressão de Deus e a verdade é o resultado dessa luz.
Mentira é a essência de Satanás e trevas é a expressão
dessa essência, e essas trevas estão relacionadas ao
pecado. Quando estamos na luz, praticamos a
verdade, mas quando não estamos na luz, estamos em
trevas. Quando estamos em trevas, somos enganados
e estamos numa condição que está relacionada ao
pecado.
Quando estivermos na luz, seremos expostos e
veremos nossos pecados. Precisaremos então
confessá-los. Ao confessarmos nossos pecados,
espontânea e continuamente o sangue de Jesus, o
Filho de Deus, nos purificará de todo pecado.
Quando estamos em trevas, estamos em pecado.
Além disso, quando estamos em pecado, nossa
comunhão com Deus é interrompida, mas se formos
expostos pela luz e confessarmos nossos pecados, eles
serão lavados e a nossa interrompida comunhão com
Deus será restaurada.

UM ANTÍDOTO CONTRA A HERESIA DOS


ANTINOMIANOS
A Primeira Epístola de João 1:6 pode ser
considerada como um antídoto contra o ensinamento
herético dos antinomianos. A palavra “antinomiano”
é uma forma aportuguesada de duas palavras gregas:
anti, significando contra, enomos, significando lei. Os
antinomianos eram os contra a lei, que não se
importavam com ela. Os antinomianos, à época de
João, ensinavam a liberdade quanto à obrigação
moral e proclamavam que uma pessoa podia viver em
pecado e ainda ter comunhão com Deus.
Em 1:6, João vacina os crentes contra os
ensinamentos heréticos dos antinomianos. João aqui
diz: “Se dissermos que mantemos comunhão com ele,
e andarmos nas trevas, mentimos e não praticamos a
verdade.” De acordo com este versículo, não podemos
ter comunhão com Deus e ao mesmo tempo andar em
trevas. As trevas satânicas contrapõem-se à luz
divina, e a mentira contrapõe-se à verdade divina.
Assim como a verdade divina é a expressão da luz
divina, a mentira satânica é a expressão das trevas
satânicas. Se dissermos que temos comunhão com
Deus, que é luz, e andarmos em trevas, mentimos;
estamos na expressão das trevas satânicas e não
praticamos a verdade na expressão da luz divina.
Em Gálatas 5:13, Paulo diz: “Porque vós, irmãos,
fostes chamados à liberdade: porém não useis da
liberdade para dar ocasião à carne”. Paulo aqui está
nos dizendo para não usarmos mal a nossa liberdade.
Em Gálatas 5:1 Paulo diz: “Para a liberdade foi que
Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não
vos submetais de novo a jugo de escravidão.” Depois,
no versículo 13, Paulo prossegue mostrando que não
devemos abusar da nossa liberdade. Embora
estejamos livres do jugo da escravidão para com a lei,
ainda nos é necessário sermos morais. Isto se
contrapõe ao ensinamento herético que diz que os
que estão sob a graça não têm obrigação de guardar a
lei moral.
Os antinomianos proclamam que conseguimos
ter comunhão com Deus, ainda que vi vamos em
pecado. João escreveu 1:6 para refutar esse falso
ensinamento. De acordo com a palavra de João, se
dissermos que temos comunhão com Deus e
andarmos em trevas, estaremos trilhando o caminho
dos antinomianos. João indica claramente que, para
termos comunhão com Deus, precisamos tratar com
nossos pecados, confessando-os a Deus, de modo que
possamos ser purificados pelo sangue de Jesus Cristo,
o Filho de Deus.

DOIS TIPOS DE PURIFICAR COM O SANGUE


DO SENHOR
De acordo com a palavra de João em 1:7, o
sangue de Jesus purifica-nos de todo pecado. Na
verdade, há dois tipos de purificar com o sangue do
Senhor. Primeiro, diante de Deus, o sangue remissor
purificou-nos uma vez por todas (Hb 9:12, 14), e esse
purificar dura pela eternidade. O segundo é o
purificar instantâneo e constante do sangue do
Senhor em nossa consciência. Por um lado, o sangue
do Senhor lava o nosso pecado e pecados na presença
de Deus. Por outro, o mesmo sangue lava nosso
pecado e pecados em nossa consciência. De acordo
com a tipologia no Velho Testamento, o sangue do
sacrifício era introduzido no tabernáculo e aspergido
no Santo dos Santos na presença de Deus. Isso
mostra a lavagem uma vez por todas do nosso pecado
e pecados na presença de Deus. O purificar
instantâneo e constante do sangue é prefigurado pela
purificação das cinzas da novilha para a água
purificadora. A purificação em 1:7 não é a purificação
eterna diante de Deus; antes, é a purificação contínua
em nossa consciência. Enquanto permanecemos na
luz, somos purificados continuamente pelo sangue de
Jesus.
Já mostramos que em 1:7, quatro pontos — a vida
eterna, a comunhão da vida eterna, a luz divina e o
sangue de Jesus formam um ciclo que devemos
experimentar em nossa vida espiritual. Primeiro
temos a vida eterna, e nessa vida temos a comunhão.
A comunhão introduz a luz, e sob o brilhar da luz
experimentamos o purificar do sangue. O sangue,
então, traz-nos mais vida, e com mais vida temos
mais comunhão. Então, com mais comunhão temos
mais luz e mais purificar do sangue. Este ciclo de
vida, comunhão, luz e sangue repete-se muitas vezes
à medida que crescemos em vida até a maturidade.
ESTUDO-VIDA DE 1 JOÃO
MENSAGEM 9
A LUZ DIVINA E A VERDADE DIVINA (1)

Leitura da Bíblia: 1Jo 1:5-7 .


Em nosso Estudo-Vida de 1 João precisamos
inserir, neste ponto, como um parêntese, algumas
mensagens acerca da luz divina e da verdade divina.
Depois dessas mensagens parentéticas,
prosseguiremos considerando mais sobre as
condições da comunhão divina.
A luz divina é a essência da expressão de Deus.
Quando Deus é expresso, a essência dessa expressão é
luz. Que é a verdade divina? A verdade divina é o
resultado da luz divina. Quando a luz divina brilha em
nós, ela se torna a verdade divina, que é a realidade
divina. Isso significa que, quando a luz divina brilha
em nós, recebemos a realidade divina. Podemos
também dizer que a luz divina nos traz a realidade
Divina.

A LUZ DIVINA
Em 1:5, João diz: “Ora, a mensagem que da parte
dele temos ouvido e vos anunciamos, é esta: que Deus
é luz, e não há nele treva nenhuma.” No versículo 7,
ele acrescenta uma palavra a respeito da luz:” Se,
porém, andarmos na luz, como ele está na luz,
mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue
de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado.”
Como já dissemos, a luz Divina é a natureza, a
essência da expressão de Deus e a fonte da verdade
divina. Essa luz divina brilha na vida divina.
Portanto, se não ti vermos a vida Divina, não
poderemos ter a luz Divina.
João 1:4 diz: “A vida estava nele, e a vida era a luz
dos homens.” Em Cristo há a vida divina e essa vida é
a luz divina. Portanto, vida é luz. Quando temos a
vida divina, temos também a luz divina.
Com isso podemos ver que três pontos estão
relacionados entre si: luz, verdade e vida. Primeiro,
precisamos aprender a experimentar esses pontos,
depois aprender como apresentar a verdade deles aos
outros.

CONHECER A VERDADE, EXPERIMENTAR A


VERDADE E APRESENTAR A VERDADE
Entre os cristãos hoje há grande carência a
respeito do conhecimento das verdades bíblicas.
Alguns conhecem a verdade, mas sua compreensão é
bem superficial. O objetivo da restauração do Senhor,
portanto, é restaurar todas as verdades bíblicas, todas
as realidades bíblicas. Como os que estão na
restauração do Senhor, precisamos perceber que há
desesperada necessidade de que todos tenhamos o
pleno conhecimento da verdade, a experiência da
verdade e a habilidade de apresentar a verdade aos
outros.
Suponha que, na restauração do Senhor, os pais
de determinado jovem estejam se lhe opondo. Aquele
irmão não deve ficar ofendido com os pais nem
discutir com eles; pelo contrário, com um bom
espírito e atitude agradável, ele deve apresentar aos
pais a verdade. Talvez numa visita a eles, ele possa
dizer: “Papai e mamãe, deixem-me dizer-lhes que a
luz é a essência da expressão de Deus e a verdade é o
resultado dessa luz. Vocês não ficam contentes de
ouvirem isso? Essa luz brilha na vida divina e a vida
divina está em Jesus Cristo. Cristo é até mesmo a
vida. O Senhor Jesus diz: ‘Eu sou a vida’. Quando
estamos nessa vida, temos o brilhar da luz divina.
Assim, quando estamos sob esse brilho, temos a
verdade”. Talvez os pais deste irmão aceitem ou
rejeitem essa palavra, mas seja qual for ocaso, ao
deixá-los, ele pode querer dizer-lhes: “Papai e
mamãe, preciso ir agora, mas deixo com vocês três
‘diamantes’: vida, luz e verdade”.
Muitos cristãos estão familiarizados com termos
bíblicos, mas não conseguem conhecer o significado
desses termos. Se você lhes perguntar qual o
significado de luz, verdade e vida, eles podem
responder que não conhecem o significado dessas
três coisas. Por isso, precisamos ser capazes de
apresentar aos outros as verdades preciosas sobre
essas questões. A necessidade na restauração do
Senhor hoje é que todos aprendamos a verdade, que a
experimentemos e desenvolvamos a habilidade de
apresentá-la.
A restauração do Senhor expande-se por
intermédio da verdade. Muitos de nós podem
testificar que não fomos atraídos para a restauração
do Senhor por um poderoso e cativante orador.
Antes, fomos atraídos pela verdade. Fomos atraídos
dessa forma pela apresentação da verdade bíblica.
Por exemplo, sei de um irmão que foi atraído pela
apresentação de como os dois primeiros capítulos da
Bíblia — Gênesis 1 e 2 — e os dois
últimos-Apocalipse21 e 22-espelhamumaooutro. Por
fim, esse irmão foi ganho para a restauração do
Senhor por essa verdade. O meu objetivo em todas as
conferências e treinamentos é simplesmente
apresentar as verdades da Bíblia.
Estou contente por ver que muitos dos jovens
entre nós estão ansiosos por conhecer a verdade da
Palavra. Depois de um período, esses jovens serão
úteis na restauração do Senhor. Aqueles que
atualmente são adolescentes, posteriormente serão
úteis para difundir as verdades bíblicas. Louvado seja
o Senhor pela oportunidade que Ele nos deu de
sermos treinados nas verdades da Bíblia!

A CORPORIFICAÇÃO DA LUZ DIVINA


Vimos que a luz Divina é a natureza da expressão
de Deus, que ela é a fonte da verdade divina e ela
brilha na vida divina. Agora precisamos prosseguir
vendo que a luz divina está corporificada em Jesus
como Deus encarnado. Por ser Ele a corporificação da
luz divina, o Senhor Jesus disse: “Eu sou a luz do
mundo; quem me segue não andará nas trevas, pelo
contrário terá a luz da vida” (J0 8:12). Ele proferiu
uma palavra semelhante em João 9:5: “Enquanto
estou no mundo, sou a luz do mundo.” A luz divina
que resulta em verdade e brilha em vida está
corporificada na Pessoa do Senhor Jesus, que é Deus
encarnado. Essa questão é profunda e inescrutável.
Gostaria de encorajá-los a ler orar esses versículos a
fim de tocar a realidade desses pontos acerca da luz
divina.

A VERDADE DIVINA

O Significado da Verdade
Em 1:6, João fala a respeito da verdade divina:
“Se dissermos que mantemos comunhão com ele, e
andarmos nas trevas, mentimos e não praticamos a
verdade.” Que é a verdade? É difícil defini-la.
Podemos pensar que a verdade, como neste versículo,
refere-se à doutrina correta e sã. A palavra para
verdade na língua chinesa significa doutrina genuína.
Muitos têm uma compreensão semelhante da palavra
inglesa “verdade” e consideram que, pelo menos
como é encontrada na Bíblia, ela significa doutrina
correta.
Em nosso aprendizado diário, podemos ter uma
compreensão um pouco diferente da verdade e
considerá-la como significando algo que é verdadeiro,
opondo-se a algo falso. Por exemplo, falamos em
contar uma história verdadeira.
Se quisermos compreender o significado da
verdade na Bíblia, precisamos ir além do seu sentido
comum e tradicional. O ponto de vista tradicional
acerca da verdade na Bíblia, como sendo uma
doutrina correta, não é acurado, e o significado
comum da palavra não deveria ser aplicado à palavra
verdade quando fosse encontrada na Bíblia.
A palavra grega para verdade é aletheia.
Estudando essa palavra, consultei muitos léxicos e
concordâncias. Fui ajudado especialmente pelo artigo
sobre verdade no Dicionário Teológico do Novo
Testamento, de Kittel. Além disso, levei também em
consideração todos os versículos no Novo Testamento
que usam a palavra aletheia ou uma palavra
relacionada. Depois de estudar esses versículos no
respectivo contexto e depois de consultar os léxicos e
concordâncias, cheguei a certas conclusões acerca do
significado de verdade no Novo Testamento, e essas
conclusões estão resumidas na longa nota a respeito
da verdade em 1:6, impressa na Versão Restauração
das Epístolas de João. Nesta mensagem vamos
considerar somente a primeira parte dessa nota.
A palavra grega aletheia significa verdade ou
realidade (contrapondo-se a vaidade), veracidade,
veridicidade, autenticidade, sinceridade. É uma
terminologia muito pessoal de João, e é uma das
palavras profundas no Novo Testamento. Essa
palavra refere-se a todas as realidades da economia
divina, como o conteúdo da revelação divina, que
estão contidas na Santa Palavra e são por ela
transmitidas e desvendadas.

Deus
De acordo com o Novo Testamento, a verdade
primeiramente é Deus, que é luz e amor, que se
encarnou para ser a realidade das coisas divinas —
incluindo a vida, a natureza, o poder, a glória divinos
para ser nossa posse, a fim de podermos desfrutá-Lo
como graça, como é revelado no Evangelho de João
(Jo 1:1, 4, 14-17).

Cristo
Em segundo lugar, a verdade no Novo
Testamento denota Cristo, que é Deus encarnado e
em quem habita corporalmente toda a plenitude da
Divindade (Cl 2:9), para ser a realidade de: a) Deus e
o homem (Jo 1:18, 51; 1 Tm2:5); b) todos os tipos,
figuras e sombras do Velho Testamento (CI2:16-17;
J04:2324); c) todas as coisas divinas e espirituais,
tais como a vida divina e a ressurreição (Jo 11:25;
14:6), a luz divina (Jo 8:12; 9:5), 0 caminho divino
(Jo 14:6), a sabedoria, a justiça, a santificação, a
redenção (1Co 1:30). Portanto, Cristo é a realidade
(Jo 14:6; Ef 4:21).
O Espírito
Em terceiro lugar, a verdade é o Espírito, que é
Cristo transfigurado (1Co 15:45b; 2C03:17), a
realidade de Cristo (Jo 14:16-17; 15:26) e da revelação
divina (Jo 16:13-15). Por conseguinte, o Espírito é a
realidade (1Jo 5:6).
Agora podemos ver que verdade, aletheia, no
Novo Testamento refere-se a Deus. A verdade é Deus
como a luz e o amor Divinos, encarnado para ser a
real idade de todas as coisas Divinas para nossa
posse, de modo que possamos desfrutar Deus como
graça. Isso significa que o próprio Deus é a verdade, a
realidade das coisas divinas para nossa posse. Por
isso, precisamos possuir Deus como a realidade e
depois desfrutá-Lo como graça. Assim, a realidade
divina é na verdade o próprio Deus. Ele é a realidade
de todas as coisas divinas.
Verdade no Novo Testamento também denota
Cristo como Deus encarnado. Cristo é Aquele em
quem toda a plenitude da Divindade habita
corporalmente. Como a corporificação da plenitude
da Divindade, Cristo, que é Deus encarnado, é a
realidade de Deus e o homem, a realidade de todos os
tipos, figuras e sombras do Velho Testamento, e a
realidade de todas as coisas divinas e espirituais.
Que é verdade? Que é realidade? Realidade é
Cristo como Deus encarnado. Realidade é Cristo
como Aquele em quem toda a plenitude da Divindade
habita corporalmente para ser a realidade de Deus,
do homem, dos tipos, das figuras e sombras, e de
todas as coisas divinas e espirituais. No Velho
Testamento temos muitos tipos, figuras e sombras.
Cristo é a realidade de tudo isso. Na Bíblia também
lemos sobre muitas coisas Divinas e espirituais, tais
como vida, luz, sabedoria e justiça. O próprio Cristo é
a realidade de todas essas coisas. Portanto, ao lermos
a palavra “verdade” ou “realidade” no Novo
Testamento, precisamos perceber que,
primeiramente, ela se refere a Deus e também a
Cristo.
Já mostramos que no Novo Testamento a
verdade denota o Espírito, que é Cristo transfigurado
e também a realidade de Cristo e da revelação divina.
Por esse motivo, em 5:6 João diz: “E o Espírito é o
que dá testemunho, porque o Espírito é a verdade.”
Certamente é de grande valia estudarmos por
completo o significado de verdade no Novo
Testamento. Nesta mensagem já mostramos de
maneira bastante resumida que a verdade, a
realidade, é Deus, Cristo e o Espírito. Na mensagem
seguinte prosseguiremos considerando outros
aspectos da verdade de acordo com a Palavra de
Deus.
ESTUDO-VIDA DE 1 JOÃO
MENSAGEM 10
A LUZ DIVINA E A VERDADE DIVINA (2)

Leitura da Bíblia: 1Jo 1:5-7


Nesta mensagem prosseguiremos considerando
o significado da palavra verdade no Novo
Testamento. Temos salientado que verdade é Deus,
Cristo e o Espírito. Portanto, verdade é a Trindade
Divina. Na verdade, os três da Trindade são todos
uma única realidade.

A PALAVRA DE DEUS
Tendo visto que verdade é o Deus Triúno,
podemos prosseguir, mostrando que verdade
também é a Palavra de Deus como a revelação divina,
que não somente revela, mas também transmite a
realidade de Deus e Cristo e de todas as coisas divinas
e espirituais. Assim, a Palavra de Deus também é
realidade (Jo 17:17).
A Palavra é a explicação do Deus Triúno. Isso
significa que o quarto aspecto daquilo que é a
verdade, a Palavra, é de fato a explicação dos três
primeiros aspectos da verdade: o Pai, o Filho e o
Espírito. Portanto, a realidade é Deus Pai, Deus Filho
e Deus Espírito, e também a Palavra divina.

O CONTEÚDO DA FÉ
De acordo com o Novo Testamento, verdade é
também o conteúdo da fé (crença), que são os
elementos substanciais do que cremos como a
realidade do evangelho pleno (Ef 1:13; Cll:5). Isso é
revelado no Novo Testamento inteiro (2 C04:2; 13:8;
015:7; 1 Tm2:4, 7b; 3:15; 4:3; 6:5; 2Tm 2:15, 18, 25;
3:7, 8; 4:4; Tt 1:1, 14; 2Ts 2:10, 12; Hb 10:26; Tg 5:19;
1Pe 1:22; 2Pe 1:12).
O conteúdo da Palavra de Deus é também o
conteúdo da nossa fé cristã. Isso é a fé objetiva, a
nossa crença. A Palavra é a revelação e explicação da
Trindade, e essa Palavra tem conteúdo. Em resumo,
esse conteúdo é o conteúdo do Novo Testamento e
também o conteúdo de nossa fé cristã. Por isso, o
conteúdo do Novo Testamento e da nossa fé cristã é
também a verdade, a realidade. Isso significa que no
Novo Testamento, a realidade refere-se ao conteúdo
da nossa fé e ao conteúdo de todo o Novo
Testamento.

A REALIDADE CONCERNENTE A DEUS, AO


HOMEM E AO UNIVERSO
Na Bíblia, verdade é também a realidade a
respeito de Deus, do universo, do homem, da relação
do homem com Deus e de uns com os outros, e da
obrigação do homem para com Deus, conforme está
revelado por meio da criação e das Escrituras (Rm
1:18-20; 2:2, 8, 20).
Se quisermos conhecer a verdadeira situação a
respeito de Deus e do universo, não há necessidade de
adivinharmos ou inferirmos. Precisamos
simplesmente nos achegar às Escrituras, porque no
Novo Testamento temos a verdade sobre Deus, o
universo e o homem. Temos também a verdade sobre
a obrigação do homem para com Deus e sua relação
com Ele e com os outros. Essa verdade é parcialmente
revelada na criação de Deus e é plenamente revelada
nas Escrituras. Na criação de Deus podemos ver
determinados aspectos da verdade sobre Deus, o
homem e sobre sua relação com Deus. Por isso, no
Novo Testamento a palavra verdade é usada para se
referir a todos esses pontos.

GENUINIDADE COMO UMA VIRTUDE


DIVINA
No Novo Testamento, a palavra grega para
verdade aletheia-também denota a genuinidade,
autenticidade, sinceridade, honestidade, integridade
e fidelidade de Deus, como virtude divina (Rm 3:7;
15:8), edo homem, como virtude humana (Mc 12:14;
2Co 11:10; Fp 1:18; 1103:18) e como resultado da
realidade divina (Jo 4:23-24; 2Jo 1; 3Jo 1).
O Evangelho de João 4:23 e 24 diz: “Mas vem a
hora, e já chegou, quando os verdadeiros adoradores
adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são
estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é
espírito; e importa que os seus adoradores o adorem
em espírito e em verdade.” Alguns sustentam o
conceito de que a palavra verdade nesses versículos
denota a sinceridade dos adoradores de Deus. De
acordo com esse conceito, devemos adorar a Deus
não somente em e com o nosso espírito, mas também
adorá-Lo em sinceridade. Essa compreensão é
errônea. Em João 4:23 e 24, verdade refere-se ao
resultado, à conseqüência, de Deus sendo realidade
para nós. Quando desfrutamos Deus como nossa
realidade, esse desfrute terá certo resultado, o qual é
verdade, realidade. Na verdade, esse resultado, de
desfrutar Deus como nossa realidade, é Cristo sendo
manifestado a partir de nós. Quando desfrutamos o
Deus Triúno — o Pai, o Filho e o Espírito-como nossa
realidade, isto é, quando a Trindade divina
torna-se-nos uma realidade para nosso desfrute, esse
desfrute resulta num determinado tipo de virtude.
Essa virtude é o Cristo experimentado por nós, o
Cristo que é o cumprimento de todas as ofertas.

ADORAR A DEUS COM O CRISTO QUE


EXPERIMENTAMOS
Na época do Velho Testamento, os filhos de
Israel adoravam a Deus num lugar específico:
Jerusalém. Quando iam a Jerusalém para adorar a
Deus, não podiam ir de mãos vazias. Era-lhes exigido
ir a Jerusalém com ofertas para a adoração de Deus.
Todas essas ofertas eram tipos de Cristo. Por isso, os
filhos de Israel adoravam a Deus no lugar designado
por Ele e com as ofertas exigidas por Ele. Em
tipologia, o lugar escolhido por Deus tipifica o
espírito humano, onde está a habitação de Deus hoje
(Ef 2:22), e as ofertas prefiguram Cristo.
No capítulo 4 de João, a mulher samaritana disse
ao Senhor Jesus: “Nossos pais adoravam neste
monte; vós, entretanto, dizeis que em Jerusalém é o
lugar onde se deve adorar” (v. 20). O Senhor Jesus
respondeu: “Mulher, podes crer-me, que a hora vem,
quando nem neste monte, nem em Jerusalém
adorareis o Pai” (v. 21). A resposta do Senhor indica
que a dispensação estava mudando. Na época do
Velho Testamento, Deus ordenou ao Seu povo que O
adorasse em Jerusalém com as ofertas. A hora porém
mudou e agora é a vez do Espírito. Por isso, o Senhor
prosseguiu dizendo que Deus é Espírito e aqueles que
O adoram devem adorá-Lo em espírito, não em
determinado lugar. Isso significa que no
cumprimento da tipologia, o espírito humano
substitui Jerusalém como o lugar designado. O
Senhor também disse à mulher samaritana que os
verdadeiros adoradores devem adorar o Pai não
somente em espírito, mas também em realidade.
Realidade aqui é o Cristo que experimentamos como
a realidade de todas as ofertas. Portanto, Cristo como
as ofertas é o cumprimento do tipo dos sacrifícios
usados na adoração de Deus. Hoje precisamos adorar
a Deus em nosso espírito e com o Cristo que
experimentamos como a oferta queimada, a oferta de
manjares, a oferta pacífica, a oferta pelo pecado e a
oferta pela transgressão.
Precisamos adorar ao Pai com o Cristo que é o
cumprimento das ofertas que os filhos de Israel
ofereciam em sua adoração a Deus. Esse Cristo não é
o Cristo objetivo; antes, Ele é o Cristo subjetivo, o
Cristo que experimentamos. A experiência de Cristo
como o cumprimento das ofertas resulta em
realidade. Essa é a realidade em João 4:23 e 24, a
realidade divina experimentada por nós e resultando
em nossa virtude. Essa virtude também é realidade.
Suponha que dois israelitas, um da tribo de Judá
e o outro da tribo de Dã, viessem adorar a Deus.
Ambos tinham de adorar em Jerusalém,
especificamente no monte Sião, que estava no centro
de Jerusalém. Também tinham de adorar a Deus com
certas ofertas; não lhes era permitido aparecer diante
Dele de mãos vazias. Para a adoração adequada de
Deus, eles tinham de vir ao lugar designado por Deus
e tinham de trazer suas ofertas. Se cumprissem esses
requisitos, sua adoração a Deus seria adequada.
De acordo com o Velho Testamento, adoração
correta não é uma questão de postura física de
alguém diante de Deus; isto é, não é uma questão de
se pôr em pé, ajoelhar-se ou prostrar-se. Adoração
correta no Velho Testamento é uma questão de ir ao
lugar certo: o monte Sião em Jerusalém, e com as
coisas certas: as ofertas. Depois de as ofertas terem
sido apresentadas a Deus, os que as ofereciam
podiam também desfrutá-las com Deus, comendo
uma parte delas. Por isso, a adoração correta inclui
vir ao lugar certo, apresentando as ofertas a Deus e
comendo-as na presença de Deus. Isso indica que
cantar, louvar e orar não são os pré-requisitos para a
adoração correta de Deus. Os pré-requisitos são o
lugar que Deus designa e as ofertas que Deus exige.
Depois de as ofertas terem sido oferecidas a Deus no
lugar designado por Ele, elas eram desfrutadas pelos
ofertantes na presença de Deus e com Deus. Segundo
a tipologia, essa é a adoração correta.
Agora precisamos compreender como essa
tipologia é cumprida pela adoração correta no Novo
Testamento. O lugar correto para adorarmos a Deus é
o nosso espírito. Além disso, ao adorarmos a Deus em
espírito, precisamos adorá-Lo com o Cristo que temos
experimentado.
Você sabe o que é a vida cristã? A vida cristã é
uma vida de experimentar diariamente o Cristo que
recebemos. A vida cristã é uma vida de se
experimentar Cristo o tempo todo. Essa experiência
de Cristo produz as ofertas com as quais adoramos a
Deus.
Como cristãos, devemos experimentar Cristo
diariamente. Assim, devemos chegar às reuniões da
igreja no espírito e com o Cristo que ternos
experimentado em nosso viver diário. Nas reuniões
da igreja devemos adorar a Deus em nosso espírito e
com o próprio Cristo que experimentamos como as
ofertas. Podemos oferecê-Lo como a oferta pelo
pecado ou como a oferta pela transgressão. Podemos
também oferecê-Lo como a oferta queimada, como a
oferta de manjares ou como a oferta pacífica. Todas
essas ofertas são o Cristo que experimentamos
subjetivamente.
Essa experiência subjetiva de Cristo é o resultado
do nosso desfrute do Deus Triúno. Ao
experimentarmos Cristo, na verdade estamos
desfrutando o Pai, o Filho e o Espírito. Portanto,
experimentar Cristo é desfrutar o Deus Triúno. Esse
desfrute resulta numa realidade que é muito subjetiva
e prática. Por um lado, essa realidade é Cristo em nós;
por outro, essa é também a nossa realidade.
Suponha que determinados irmãos na vida da
igreja estejam indiferentes para com Cristo e inativos
com relação à experiência Dele. Como resultado, eles
não têm qualquer experiência de Cristo. Creram no
nome do Senhor e O receberam, e isso é tudo; eles
não têm qualquer experiência de Cristo no seu viver
diário. Esses irmãos podem ser éticos e morais, não
cometendo quaisquer pecados grosseiros, mas, por
não terem qualquer experiência de Cristo em seu vi
ver diário, ao virem às reuniões da igreja, vêm de
mãos vazias. Não são capazes de orar ou dar uma
palavra pelo Senhor. Podem gostar de se sentar na
reunião e observar os outros funcionarem. Isso é um
insulto a Deus. Esse tipo de adoração não só é
rejeitado por Ele, mas é condenado.
Não devemos achegar-nos a Deus de mãos
vazias. Sempre que nos achegamos a Ele, devemos ter
algo do Cristo que experimentamos no nosso viver
diário. Você sabe o que Deus quer de nós em Sua
adoração? Deus quer o Cristo que experimentamos. O
Seu desejo é que O adoremos com o Cristo que
experimentamos dia a dia.
Já mostramos que ao experimentarmos Cristo,
desfrutamos Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito.
Esse desfrute resulta numa realidade que podemos
chamar de nossa realidade pessoal. Essa realidade
pessoal é uma questão de ter Cristo saturando nosso
ser. Quando temos essa realidade, temos Cristo em
nosso espírito, coração, mente, emoção e vontade.
Esse é o Cristo que experimentamos tornando-se
nossa realidade. Agora devemos adorar a Deus não
somente em nosso espírito, como também com essa
realidade, que é o Cristo que experimentamos em
nosso viver diário. Essa não é apenas a realidade
divina para nosso desfrute, mas também a nossa
realidade humana, pessoal, que provém do nosso
desfrute da realidade divina. Essa realidade humana
é o resultado da realidade divina que desfrutamos
diariamente. Essa é a compreensão correta da
realidade em João 4:23 e 24.
O significado de verdade em João 4:23 e 24 tem
estado tanto oculto como tem sido mal-entendido. Já
citamos que alguns cristãos têm sido ensinados que
adorar a Deus em verdade é adorá-Lo com
sinceridade. Anos atrás, ouvi mensagens dizendo que
precisamos ser sinceros em nossa adoração a Deus e
essa sinceridade é que o Senhor Jesus se referia com a
palavra verdade nesses versículos. Por exemplo,
alguém pode dizer aos membros de uma
congregação: “Vocês vieram adorar a Deus, mas o
coração de vocês não está aqui. Se você for um
homem de negócios, o seu coração pode estar
ocupado com o seu negócio. Isso significa que você
está adorando a Deus sem sinceridade. Quando
adoram a Deus, precisam esquecer as outras coisas e
adorarem-No com sinceridade. Para a adoração a
Deus, vocês precisam de um coração sincero.”
Interpretar a palavra verdade em João 4:23 e 24
como sinceridade é expor a Palavra de Deus de forma
natural e religiosa. Essa interpretação
definitivamente não está de acordo com a revelação
divina. A verdade da revelação divina aqui é que
precisamos adorar a Deus em realidade, que é o
resultado do nosso desfrute do Deus Triúno como
realidade. Se experimentarmos Cristo diariamente,
desfrutaremos o Deus Triúno como nossa realidade.
Esse desfrute resultará numa virtude, e essa virtude
tomar-se-á nossa realidade humana, uma realidade
que é o produto da realidade Divina. Devemos então
adorar a Deu s com essa realidade. Essa virtude é
nada menos que o Cristo experimentado por nós, e
esse Cristo é todas as ofertas. O Cristo que
experimentamos é a nossa oferta pelo pecado, oferta
pela transgressão, oferta queimada, oferta de
manjares e oferta pacífica.

EXPERIMENTAR CRISTO COMO AS


OFERTAS
Uma vez que tenhamos comunhão com o Senhor
em nossa vida diária, estaremos na luz. Na luz vemos
nossa pecaminosidade e percebemos que estamos
errados em muitas questões. Podemos ver que não
estamos corretos para com nosso marido ou esposa,
ou com nossos pais. Então, na luz, confessamos
nossos pecados ao Senhor e desfrutamos o purificar
do precioso sangue do Senhor. Isso é experimentar
Cristo de maneira prática como nosso Redentor em
nossa vida diária.
Experimentando assim o Senhor em nosso viver
diário, devemos então ir às reuniões da igreja em
nosso espírito e oferecer uma oração ou dar um
testemunho de nossa experiência. Em nosso
testemunho podemos dizer: “Queridos santos,
recentemente fui iluminado em minha comunhão
com Deus e vi que estava errado em muitos aspectos e
para com determinadas pessoas, mas confessei tudo
ao Senhor e Ele me puri ficou. Eu agora O desfruto
como meu Redentor e também como minha oferta
pelo pecado e oferta pela transgressão”. Isso é
oferecer Cristo na reunião como nossa oferta pelo
pecado e oferta pela transgressão. Essa é a maneira
de adorar a Deus em nosso espírito com o Cristo que
experimentamos.
Ao continuarmos a ter comunhão com o Senhor
na luz, podemos perceber que devemos ser absolutos
para Deus. Entretanto, não somos absolutos para
Deus e por nós mesmos não conseguimos ser
absolutos. Em nossa comunhão podemos ter ainda
mais iluminação do Espírito para perceber que por
não conseguirmos ser absolutos para Deus,
precisamos de Cristo como nossa vida. Ele é o
Absoluto e nós precisamos Dele como nossa vida, de
modo que possamos viver uma vida que seja absoluta
para Deus. Espontaneamente podemos orar: “Senhor
Jesus, não consigo ser absoluto para Deus, mas
agradeço-Te, Senhor, por seres minha vida. Tu és
absoluto para Deus e eu creio que podes viver tal vida
absoluta por mim e em mim. Senhor, eu Te tomo
como meu holocausto para ser o meu absoluto”.
Depois de experimentar o Senhor dessa forma, você
pode ir à reunião da igreja com a sua experiência de
Cristo. Na reunião você pode oferecer uma oração na
qual apresenta Cristo a Deus como seu holocausto.
Em tal oração você pode dizer: “Senhor Jesus, quero
ser absoluto para Deus, mas em mim mesmo não
consigo. Senhor, eu Te agradeço por seres minha
vida. Quando viveste na terra, foste absoluto para
Deus e agora Tu és em mim Aquele que é absoluto
para Deus. Senhor Jesus, Tu és meu holocausto”. Isso
é adorar a Deus em espírito com o Cristo que você
experimenta como o holocausto.
Na sua vida diária, você também pode
experimentar Cristo como Aquele que o alimenta
Consigo mesmo como o pão de vida. Isso é
experimentar Cristo como sua oferta de manjares.
Por você experimentar Cristo dessa forma, você pode
vir à reunião da Igreja com Cristo como sua oferta de
manjares. Então, seja na oração, seja no testemunho,
você pode falar a respeito de Cristo como seu
alimento diário, como sua oferta de manjares.
Se experimentarmos Cristo como a oferta pelo
pecado, oferta pela transgressão, oferta queimada e
oferta de manjares, então também O
experimentaremos como nossa oferta pacífica. A
oferta pacífica tem por base e é constituída da oferta
pelo pecado, oferta pela transgressão, holocausto e
oferta de manjares. Se experimentarmos Cristo como
essas quatro ofertas, certamente O desfrutaremos
como nossa paz com Deus e também como nossa paz
com os outros.
Suponha que um irmão não tenha paz em sua
vida conjugal e familiar. Se ele experimentar Cristo
como a oferta pelo pecado, oferta pela transgressão,
holocausto e oferta de manjares, ele também
experimentará Cristo como paz com sua esposa e
filhos. Esse irmão, então, será capaz de ir às reuniões
da igreja com alegria e louvar ao Senhor por ser a sua
paz. Ele também será capaz de testificar a todo o
universo, inclusive aos anjos e demônios, que ele é
uma pessoa pacífica, alguém desfrutando a paz ao
máximo. Ele será capaz de testificar que tem paz com
Deus, com os de sua família, com o Corpo e até
mesmo com tudo ao seu redor.
Às vezes ficamos irados com a situação em nossa
vida familiar ou na vida da igreja. O motivo dessa ira
é que estamos carentes da experiência de Cristo e,
como resultado, não temos Cristo como nossa paz,
mas se O experimentarmos diariamente como nossa
oferta pelo pecado, oferta pela transgressão,
holocausto e oferta de manjares, teremos Cristo como
nossa paz em toda e qualquer situação. Então, nas
reuniões da igreja, seremos capazes de oferecer Cristo
como nossa oferta pacífica.
Ao vir às reuniões da igreja para adorar a Deus,
precisamos adorá-Lo em nosso espírito. Devemos
adorá-Lo com o próprio Cristo que experimentamos
dia a dia, como Cristo que se tomou nossa realidade
pessoal. Aos olhos de Deus, o Cristo que é nossa
realidade pessoal é também nossa virtude pessoal.
Temos a virtude humana mais elevada, contudo ela
não provém de nós mesmos. Antes, essa virtude é a
doçura do Cristo que experimentamos. Isso significa
que o Cristo que experimentamos diariamente
toma-se a nossa virtude pessoal, com a qual podemos
oferecer a Deus uma adoração agradável, aceitável.
Quando vimos para adorar a Deus com tal Cristo,
Deus fica feliz conosco.
Talvez agora possamos compreender que, no
Novo Testamento, verdade não é somente o Deus
Triúno, a Palavra de Deus, o conteúdo da fé e a
realidade a respeito de Deus, o homem e o universo.
Verdade é também a genuinidade, autenticidade,
sinceridade, honestidade, integridade e fidelidade de
Deus como uma virtude divina, e do homem como
uma virtude humana e como um resultado da
realidade divina. Segundo essa compreensão da
verdade, essa virtude divina primeiro pertence a
Deus, e, depois, por meio da nossa experiência de
Cristo essa virtude também se torna nossa. Depois
que a virtude Divina é experimentada por nós, ela se
torna nossa virtude, uma virtude que é resultado da
realidade divina.
ESTUDO-VIDA DE 1 JOÃO
MENSAGEM 11
A LUZ DIVINA E A VERDADE DIVINA (3)

Leitura da Bíblia: 1Jo 1:5-7


Nesta mensagem continuaremos a considerar o
significado da palavra verdade no Novo Testamento.

O VERDADEIRO ESTADO DAS COISAS


Vimos que a verdade é Deus, Cristo, o Espírito, a
Palavra de Deus, e o conteúdo da fé; a realidade
acerca de Deus, do homem e do universo; a
genuinidade, autenticidade e sinceridade de Deus
como virtude divina, e do homem como virtude
humana. Além desses sete aspectos da verdade,
precisamos ver que verdade no Novo Testamento
denota coisas que são verdadeiras ou reais, o
verdadeiro ou real estado das coisas (fatos),
realidade, veracidade, como o oposto de falsidade,
engano, dissimulação, hipocrisia e erro (Mc 5:33;
12:32; Lc 4:25; Jo 16:7; At 4:27; 10:34; 26:25;
Rml:25; 9:1; 2C0 6:7; 7:14; 12:6; Cll:6; 1 Tm2:7).
Quase todos os oito aspectos da verdade
referem-se ao Deus Triúno. O Deus Triúno, que é a
realidade de tudo, está revelado na Palavra e é
transmitido a nós pela Palavra. O que está revelado e
é transmitido peja Palavra é o conteúdo da nossa fé
cristã e também o conteúdo do Novo Testamento.
Esse conteúdo envolve a verdadeira situação com
relação a Deus, ao homem, ao universo, ao
relacionamento do homem com Deus e com os
outros, e à nossa obrigação para com Deus. Todas
essas diferentes realidades estão relacionadas à única
realidade, que é o próprio Deus Triúno. Então, por
meio da nossa experiência de Cristo essa realidade
torna-se nossa realidade humana, isto é, ela se torna
nossa virtude humana com a qual adoramos a Deus.
Concluindo, a verdade refere-se às coisas que são
verdadeiras e reais.
Todas as diferentes realidades reveladas no Novo
Testamento estão relacionadas, quer direta ou
indiretamente, à única realidade — o Deus Triúno.
Portanto, para nós, cristãos, o conhecimento do que é
verdadeiro ou real deve vir por meio da nossa
experiência do Deus Triúno.

A REALIDADE DIVINA TORNA-SE NOSSA


GENUINIDADE
Das oito questões que tratamos acerca da
verdade, as primeiras cinco referem-se, em essência,
à mesma realidade. Deus, Cristo e o Espírito — a
Trindade divina — são um em essência. Portanto,
esses três, sendo os elementos básicos da substância
da realidade divina, são de fato urna realidade. Essa
única realidade Divina é a substância da Palavra de
Deus como a revelação Divina. Portanto, ela se torna
a realidade Divina revelada na Palavra divina e faz da
Palavra divina a realidade. A Palavra divina transmite
essa realidade divina como o conteúdo da fé, e o
conteúdo da fé é a substância do evangelho revelado
em todo o Novo Testamento como a sua realidade, a
qual é simplesmente a realidade divina da Trindade
divina. Quando essa realidade divina é compartilhada
e desfrutada por nós, ela se torna nossa genuinidade,
sinceridade, honestidade e integridade, como uma
virtude excelente em nossa conduta, para expressar
Deus, o Deus da realidade, por meio de quem
vivemos; e tornamo-nos pessoas vivendo uma vida
em verdade, sem qualquer falsidade ou hipocrisia,
uma vida que corresponde à verdade revelada por
intermédio da criação e da Escritura.
A palavra aletheia é usada no Novo Testamento
mais de uma centena de vezes. Seu significado em
cada ocorrência é determinado pelo contexto. Por
exemplo, em João 3:21, segundo o contexto, ela
denota retidão (oposto ao mal — vs. 19-20), que é a
real idade manifestada em uma pessoa que vive em
Deus de acordo com o que Ele é e corresponde à luz
divina, que é Deus, como a fonte da verdade,
manifestada em Cristo. Em João 4:2324, segundo o
contexto desse capítulo e também de acordo com a
revelação divina do Evangelho de João, ela denota a
realidade divina tornando-se a genuinidade e
sinceridade do homem (em oposição à hipocrisia da
imoral adoradora samaritana — vs. 1618) para a
verdadeira adoração a Deus. A realidade divina é
Cristo, que é a verdade (Jo 14:6) como a realidade de
todas as ofertas do Velho Testamento para a adoração
a Deus (Jo 1:29; 3:14) e como a fonte da água viva, o
Espírito que dá vida (J04:715), compartilhada e
tomada pelos Seus crentes para ser a realidade dentro
deles, a qual por fim torna-se sua genuinidade e
sinceridade, nas quais eles adoram a Deus com a
adoração que Ele busca. Em João 5:3 3 a 18:37,
segundo toda a revelação do Evangelho de João, a
verdade denota a realidade divina corporificada,
revelada e expressada em Cristo como o Filho de
Deus. Em João 8:32, 40, 44-46, de acordo com o
contexto do capítulo, ela denota a realidade de Deus
revelada em Sua palavra (v. 47) e corporificada em
Cristo, o Filho de Deus (v. 36), a qual nos liberta da
escravidão do pecado.

PRATICAR A VERDADE
Aqui em 1 João 1:6, aletheia denota a realidade
de Deus revelada em seu aspecto de luz divina. Ela é o
resultado e a percepção da luz Divina no versículo 5.
A luz divina tem a fonte em Deus. A verdade é o
resultado e a percepção dela em nós. Quando
habitamos na luz divina, a qual desfrutamos na
comunhão da vida divina, praticamos a verdade —
aquilo que percebemos na luz divina. Quando
habitamos na fonte, seu fluir torna-se nossa prática.
Creio que daqui a algum tempo, talvez outros3
dez anos, a verdade na restauração do Senhor será
muito prevalecente. Não nos preocupamos com
números. Mas se vários milhares de santos pudessem
ser treinados com a verdade, a verdade prevalecente
realizaria muito pelo propósito do Senhor.

DEUS REVELADO PELA CRIAÇÃO


Consideremos agora alguns versículos nas
epístolas onde a palavra verdade é utilizada. Em
Romanos 1:18 Paulo diz: “A ira de Deus se revela do
céu contra toda impiedade e perversão dos homens
que detêm a verdade pela injustiça.” Que é a verdade
neste versículo? Para responder a essa questão,
precisamos ler os versículos 19 e 20: “Porquanto o
que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles,
porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos
invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder como
também a sua própria divindade, claramente se
3
As mensagens deste livro foram liberadas em 1984
reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo
percebidos por meio das coisas que foram criadas.
Tais homens são por isso indesculpáveis.” De acordo
com estes versículos, a verdade no versículo 18
significa tudo o que Deus é e todas as coisas que
dizem respeito a Deus e à Sua existência e ao
conhecimento delas. Portanto, tomando Romanos
1:18-20 como base, podemos dizer que a verdade
denota a realidade com relação a Deus, ao uni verso e
ao homem. Por essa verdade ter sido manifestada, os
homens são indesculpáveis.
Paulo prossegue dizendo mais acerca da verdade
no capítul0 2 de Romanos: “Bem sabemos que o juízo
de Deus é segundo a verdade, contra os que praticam
tais coisas” (v. 2). Que é a verdade neste versículo? A
verdade aqui significa a verdadeira situação e
condição do homem. Sem dúvida, ela também se
refere à verdade em Romanos 1:18-20, que fala da
realidade de Deus sendo manifestada. Os que detêm
essa verdade, um dia serão julgados por Deus de
acordo com ela.
Em Romanos 1:18, a verdade refere-se ao que
Deus é. Conforme Romanos 1:19 e 20, essa verdade,
essa realidade, pode ser conhecida por meio da
criação de Deus. Precisamos apegar-nos a essa
verdade. Um dia Deus virá julgar, de acordo com essa
verdade, todos os que a detêm.
Em Romanos 2:20 Paulo prossegue dizendo:
“Instrutor de ignorantes, mestre de crianças, tendo
na lei a forma da sabedoria e da verdade.” A lei aqui
se refere à lei mosaica. Na lei mosaica há certa porção
da verdade divina. Todos os seres humanos deveriam
agir de acordo com essa verdade. Caso contrário,
Deus os julgará de acordo com ela.
Utilizo esses versículos do livro de Romanos para
ilustrar o fato de que no Novo Testamento a palavra
verdade tem diferentes significados. O aspecto da
verdade que consideramos em Romanos 1 e 2 é muito
diferente do aspecto no Evangelho de João. Pelo
Evangelho de João, Deus se encarnou para ser a
verdade. Cristo é a verdade da vida divina, e o
Espírito é a verdade, a realidade de Cristo. Todas
essas questões, obviamente, dizem respeito à
Trindade. A verdade em Romanos 1 e 2, porém, não
se refere à Trindade. Pelo contrário, ela está
relacionada ao que Deus é, como é revelado pela
criação. Tudo o que é revelado sobre Deus por meio
da criação é uma verdade, uma realidade, e
precisamos apegar-nos a essa verdade. Além disso, a
verdade nesses versículos de Romanos denota a
realidade concernente a Deus, ao universo, ao
homem, ao relacionamento do homem com Deus e
com seus semelhantes, e à obrigação do homem para
com Deus, como é revelado pela criação e pela
Escritura.

A FIDELIDADE DE DEUS
Em Romanos 3:7 Paulo fala de um aspecto
diferente da verdade: “E, se por causa da minha
mentira fica em relevo a verdade de Deus para a sua
glória, por que sou eu ainda condenado como
pecador?” Neste versículo a verdade refere-se à
fidelidade de Deus. É diferente, obviamente, do
significado de verdade em 1:18, onde ela demonstra a
característica de Deus como é revelada pelas coisas
visíveis no universo. Mas em Romanos 3:7 temos
outra questão com relação a Deus: a fidelidade de
Deus.
Como podemos provar que a verdade em
Romanos 3:7 denota a fidelidade de Deus? Isso pode
ser feito estudando-se o contexto. Os versículos 3 e 4
dizem: “E daí? Se alguns não creram, a incredulidade
deles virá desfazer a fidelidade de Deus? De maneira
nenhuma! Seja Deus verdadeiro, e mentiroso todo
homem, segundo está escrito: Para seres justificado
nas tuas palavras, e venhas a vencer quando fores
julgado.” Repare que no versículo 3 a palavra
“fidelidade” é usada. Depois, no versículo 4 temos o
adjetivo “verdadeiro”. O versículo 4 indica que Deus é
verdadeiro, fiel, naquilo que Ele diz; isto é, Deus é fiel
nas Suas palavras. Nos versículos 5 e 6 Paulo
continua: “Mas, se a nossa injustiça traz a lume a
justiça de Deus, que diremos? Porventura será Deus
injusto por aplicar a sua ira? (Falo como homem.)
Certo que não. Do contrário, como julgará Deus o
mundo?” Estes versículos também estão relacionados
à fidelidade de Deus. Em seguida, no versículo 7,
Paulo prossegue falando sobre a verdade de Deus. De
acordo com o contexto, portanto, aqui a verdade
significa a fidelidade de Deus. Em vez de dizer “a
verdade de Deus”, Paulo podia ter dito “a fidelidade
de Deus”, uma vez que aqui a verdade equivale à
fidelidade. Essa é a razão de interpretarmos a palavra
verdade em Romanos 3:7 denotando a fidelidade de
Deus.
Romanos 15:8 diz: “Digo, pois, que Cristo foi
constituído ministro da circuncisão, em prol da
verdade de Deus, para confirmar as promessas feitas
aos nossos pais.” Neste versículo, verdade também
significa a fidelidade de Deus. Se não entendermos a
palavra verdade desse versículo como referindo-se à
fidelidade de Deus, não seremos capazes de
compreendê-lo. Cristo tomou-se um ministro da
circuncisão, em prol da verdade de Deus, para
confirmar as promessas. Isso significa que Cristo se
tornou um ministro da circuncisão, em prol da
fidelidade de Deus, para confirmar as promessas.
Paulo, aqui, indica que tudo o que Deus prometeu,
Ele cumprirá. Deus cumpre Suas promessas porque
Ele é fiel. Uma vez mais, vemos que a verdade em
Romanos 3:7 e 15:8 refere-se a uma virtude particular
de Deus — a fidelidade de Deus.

A VIRTUDE HUMANA DA HONESTIDADE


Marcos 12:14 diz: “Chegando, disseram-lhe:
Mestre, sabemos que és verdadeiro e não te importas
com quem quer que seja, porque não olhas a
aparência dos homens, antes segundo a verdade
ensinas o caminho de Deus; é lícito pagar tributo a
César, ou não? Devemos ou não devemos pagar?” Os
fariseus tentavam armar uma cilada para o Senhor
Jesus fazendo-lhe uma pergunta. Antes de lhe
fazerem a pergunta, disseram-Lhe que Ele era
verdadeiro e ensinava o caminho de Deus segundo a
verdade. Aqui, “segundo a verdade” significa em
honestidade. O Senhor, sendo verdadeiro e honesto,
ensinava a Palavra de Deus em honestidade, não em
falsidade. Portanto, nesse versículo a verdade
significa a virtude humana da honestidade.
Em 2 Coríntios 11:10 a palavra verdade é usada
novamente para indicar uma virtude humana. Neste
versículo Paulo diz: “A verdade de Cristo está em
mim; por isso não me será tirada esta glória nas
regiões da Acaia.” Aqui a verdade significa
autenticidade, fidelidade, integridade, honestidade.
Primeiramente, ela significa a fidelidade, a
honestidade do Senhor Jesus quando Ele viveu na
terra como homem. Em seguida, ela denota essa
virtude presente no viver do apóstolo Paulo. Essa
virtude era um atributo de Cristo. Mas, uma vez que
Paulo viveu por meio de Cristo, tudo o que Cristo é
tomou-se sua virtude em seu proceder. É importante
vermos que em 2 Coríntios 11:10 a verdade significa a
virtude humana da autenticidade, integridade,
fidelidade e honestidade.
A Primeira Epístola de João 3:18 nos diz para
amar em verdade: “Filhinhos, não amemos de
palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade.”
Verdade, aqui, significa sinceridade em contraste a
língua, assim como de fato está em contraste a
palavra. Nesse versículo o apóstolo João diz para
amarmos de verdade, em honestidade. Se dizemos
que amamos nosso irmão, devemos amá-lo de fato e
de verdade. Caso contrário, nós o amaremos apenas
de palavra ou de língua, mas não em sinceridade.

AMAR NA VERDADE E CONHECER A


VERDADE
Em 2 João 1, o apóstolo João utiliza a palavra
verdade de duas maneiras: “O presbítero à senhora
eleita e aos seus filhos a quem eu amo na verdade, e
não somente eu, mas também todos os que conhecem
a verdade.” Primeiramente, João fala sobre amar na
verdade. Nesse caso, a verdade indica a realidade
divina revelada — o Deus Triúno dispensado para
dentro do homem no Filho Jesus Cristo —
tomando-se a genuinidade e sinceridade do homem.
Portanto, a verdade nesse sentido significa uma
virtude humana. Entretanto, essa virtude não é
produzida pelo nosso ser natural; pelo contrário, ela
resulta do desfrute da realidade divina. Isso é a
realidade divina tornando-se nossa genuinidade e
sinceridade. Nesse versículo João também fala sobre
conhecer a verdade. A verdade aqui indica a realidade
divina do evangelho, especialmente a respeito da
Pessoa de Cristo.
Cito esses versículos como exemplos para
chamar a atenção sobre a necessidade de estudarmos
todos os versículos no Novo Testamento que falam
sobre a verdade. Então, com a ajuda da nota sobre a
palavra verdade em 1 João 1:6, podemos discernir
como essa palavra é usada nos diferentes versículos.
Como 2 João 1 indica, essa palavra pode sei: usada de
duas maneiras diferentes no mesmo versículo. Em
cada caso, a significação da palavra é determinada
pelo contexto. Portanto, para compreendermos o
significado da palavra verdade em qualquer versículo
em particular, precisamos estudar seu contexto.
Como já chamamos sua atenção, a palavra grega para
verdade, aletheia, é usada no Novo Testamento mais
de uma centena de vezes. Estudando essa palavra em
seu contexto, seremos ajudados a ter uma
compreensão adequada da verdade no Novo
Testamento.
ESTUDO-VIDA DE 1 JOÃO
MENSAGEM 12
AS CONDIÇÕES DA COMUNHÃO DIVINA (4)

Leitura da Bíblia: 1Jo 1:8-10


Nesta mensagem consideraremos mais sobre as
condições da comunhão divina.

DESENCAMINHAR A NÓS MESMOS


Em 1:8 João diz: “Se dissermos que não temos
pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a
verdade não está em nós.” Dizer que não temos
pecado é o mesmo que dizer que não temos o pecado
habitando em nossa natureza (Rm 7:17). Isso é o que
ensina a heresia gnóstica. a apóstolo está inoculando
os crentes contra esse falso ensinamento. Esta seção,
1:7-2:2, trata com o pecar dos crentes após a
regeneração, o qual interrompe a comunhão deles
com Deus. Se, depois da regeneração, os crentes não
tivessem o pecado em sua natureza, como poderiam
pecar na sua conduta? Muito embora eles pequem
apenas ocasionalmente, não habitualmente, isso é
prova suficiente de que eles ainda têm o pecado
operando dentro de si. Caso contrário, não haveria
interrupção da comunhão deles com Deus. a
ensinamento dos apóstolos aqui também condena o
ensinamento do perfeccionismo de hoje, de que um
estado de libertação do pecado pode ser alcançado ou
foi alcançado na vida terrena, e também anula o
ensinamento errado de hoje da erradicação da
natureza pecaminosa, o qual, por interpretar mal a
palavra em 3:9 e 5:18, diz que pessoas regeneradas
não conseguem pecar, porque a natureza pecaminosa
delas foi totalmente erradicada.
As palavras gregas para “a nós mesmos nos
enganamos” podem também ser traduzi das para
“estamos desencaminhando a nós mesmos”. Dizer
que não temos pecado, porque fomos regenerados, é
auto-engano. Isso nega o fato real da nossa
experiência e leva-nos a desencaminharmo-nos.
A verdade no versículo 8 significa a realidade de
Deus revelada, os fatos reais transmitidos no
evangelho, tais como a realidade de Deus e todas as
coisas divinas, as quais todas são Cristo (Jo 1:14, 17;
14:6); a realidade de Cristo e todas as coisas
espirituais, as quais todas são o Espírito (Jo 14:17;
15:26; 16:13; 1Jo 5:6), e a realidade da condição do
homem (Jo 16:8-11). Aqui a verdade indica
especialmente nossa condição pecaminosa depois da
regeneração sob o iluminar da luz Divina em nossa
comunhão com Deus. Se dissermos que não temos
pecado depois de sermos regenerados, tal realidade, a
verdade, não permanece em nós; isto é, negamos
nossa verdadeira condição pós-regeneração.

CONFESSAR NOSSOS PECADOS


No versículo 9 João prossegue dizendo: “Se
confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para
nos perdoar os pecados e nos purificar de toda
injustiça”. Confessar aqui significa a confissão de
nossos pecados, nossas falhas, após a regeneração,
não a confissão de nossos pecados antes da
regeneração.
Deus é fiel na Sua palavra (v. 10) e justo no
sangue de Jesus, Seu Filho (v. 7). Sua palavra é a
palavra da verdade do Seu evangelho (Ef 1:13), o qual
nos diz que Ele perdoará nossos pecados por causa de
Cristo (At 10:43), e o sangue de Cristo cumpriu Suas
justas exigências a fim de que Ele possa perdoar
nossos pecados (Mt 26:28). Se confessarmos nossos
pecados, Ele, de acordo com Sua palavra e baseado na
redenção pelo sangue de Jesus, perdoa-nos, pois Ele
deve ser fiel à Sua palavra e justo no sangue de Jesus.
Caso contrário, Ele seria infiel e injusto. Nossa
confissão é necessária para o Seu perdão. Tal perdão
de Deus para a restauração da nossa comunhão com
Ele é condicional e depende da nossa confissão.
No versículo 9 João fala tanto do perdão como da
purificação. Para Deus, perdoar-nos é livrar-nos da
ofensa de nossos pecados. Para Ele, purificar-nos é
lavar-nos da mácula da nossa injustiça.
“Injustiça” e “pecados” são sinônimos. Toda
injustiça é pecado (1Jo 5:17). Tanto a injustiça como
os pecados referem-se aos nossos maus
procedimentos. Os pecados indicam a ofensa de
nossos maus procedimentos contra Deus e os
homens; a injustiça indica a mácula dos nossos maus
procedimentos que não fomos justos nem com Deus
nem com os homens. A ofensa requer o perdão de
Deus, e a mácula requer a Sua purificação. O perdão
de Deus e Sua purificação, ambos são necessários
para a restauração da nossa comunhão com Ele caso
tenha sido quebrada, de modo que O desfrutemos em
comunhão ininterrupta com boa consciência livre de
ofensa (1Tm 1:5; At 24:16).

NOSSA CONDIÇÃO PECAMINOSA APÓS A


REGENERAÇÃO
O versículo 10 diz: “Se dissermos que não temos
cometido pecado, fazemo-lo mentiroso e a sua
palavra não está em nós.” O versículo 8 prova que
após a regeneração nós ainda temos o pecado
interiormente. O versículo 10, além disso, prova que
ainda pecamos exteriormente, embora não
habitualmente. Ainda pecamos exteriormente em
nossa conduta, porque ainda temos o pecado
interiormente em nossa natureza. Ambos os
versículos confirmam nossa condição pecaminosa
depois da regeneração. Ao falar de tal condição, o
apóstolo usa o pronome “nós”. Isso indica que ele não
exclui a si próprio.
A “palavra” no versículo 10 é a palavra da
revelação de Deus, a qual é a palavra da realidade (Ef
1:13; Jo 17:17) e transmite o conteúdo da economia de
Deus do Novo Testamento. Ela é o sinônimo de
verdade no versículo 8. Nessa palavra Deus expõe
nossa verdadeira condição pecaminosa antes e depois
da regeneração. Se dissermos que não temos pecado
depois da regeneração, fazemo-Lo mentiroso e
negamos a palavra da Sua revelação.
Já salientamos que o versículo 8 se refere ao
pecado que habita em nós e o versículo 10, ao ato de
pecar. O pecado que habita em nós é o pecado que
herdamos pelo nascimento natural. Esse pecado
entrou na humanidade por intermédio de Adão, e
agora habita em nossa natureza. Mesmo depois de
termos sido salvos e regenerados, o pecado
permanece em nossa carne caída. Essa é a razão de
nosso corpo precisar ser redimido ao tempo da volta
do Senhor. Quando o Senhor Jesus voltar, nosso
corpo será redimido, transfigurado, pelo poder do
Senhor (Fp 3:21). Isso significa que o poder do
Senhor transformará nosso corpo em um corpo
glorioso. Então o pecado que habita interiormente
não terá mais parte conosco, pois não haverá pecado
em nosso corpo transfigurado. No versículo 8 João
diz que se dissermos que, após sermos regenerados,
não temos mais o pecado habitando em nós, estamos
nos enganando.
No versículo 10 João diz-nos que se dissermos
que depois de termos sido regenerados não temos
cometido pecado, fazemos de Deus um mentiroso. A
razão de fazermos Deus mentiroso ao dizermos que
não cometemos pecado é que em Sua palavra de
revelação, a Bíblia, Ele nos diz claramente que nós
ainda podemos vir a pecar depois de termos sido
regenerados. Mas se dissermos que não temos pecado
após termos sido regenerados, fazemos de Deus um
mentiroso. Isso significa que a palavra da Sua
revelação não está em nós.
Esses versículos indicam claramente que após a
regeneração ainda temos o pecado habitando em nós,
e ainda é possível que venhamos a pecar. Precisamos
admitir esses fatos. Primeiramente, devemos admitir
que, mesmo tendo sido regenerados, ainda temos o
pecado habitando em nossa carne. Se
negligenciarmos esse fato, seremos enganados e
desencaminhados. Como resultado, podemos ser
tolerantes com o pecado.
No passado ouvi falar de determinados cristãos
que afirmavam, após receberem o batismo no
Espírito e falarem em línguas, não ter mais pecado
dentro deles. Contudo, na experiência eles se
envolveram em muitas situações pecaminosas. Eles
foram enganados ao pensar que por terem tido a
experiência do batismo do Espírito não tinham mais
o pecado habitando neles.
Mesmo que experimente o batismo no Espírito
Santo e fale em línguas, a natureza pecaminosa ainda
está dentro de você. Nunca devemos acreditar que
essa natureza tenha sido erradicada. A natureza
pecaminosa permanecerá em nossa carne até que o
Senhor Jesus volte e pelo Seu poder divino
transfigure nosso corpo caído.
Todos precisamos admitir que temos uma
natureza pecaminosa. Posso testificar que, como
cristão por mais de cinqüenta anos, tenho a plena
convicção, o sentimento profundo, de que minha
natureza pecaminosa ainda permanece. Não importa
o quão espiritual um cristão possa ser, ele ainda tem o
pecado habitando na carne. Todos precisamos
perceber isso e admiti-1o. Isso nos guardará de
sermos enganados.

O ENSINAMENTO ACERCA DA PERFEIÇÃO


SEM PECADO
No passado alguns cristãos ensinavam que um
crente pode atingir um estado da perfeição sem
pecado. Não diria que esse ensinamento seja herético;
entretanto, ele certamente é incorreto, Algumas
pessoas que ensinam o perfeccionismo usam a
palavra do Senhor em Mateus 5:48 sobre ser perfeito
como nosso Pai celeste é perfeito. Eles podem
também aplicar mal outros versículos tais como
Hebreus 6:1 (VRA) e 1 Coríntios 2:6 (IBB Rev.).
Nestes dois versículos a palavra “perfeito” na verdade
significa maduro ou plenamente crescido.
Não é correto ensinar que nós, cristãos, podemos
ter uma assim chamada segunda bênção e depois
disso tornarmo-nos impecavelmente perfeitos. Se
alguma vez atingirmos tal condição poderemos
mantê-la apenas temporariamente. Suponha que um
dia você tenha uma rica experiência com o Senhor
logo pela manhã. Como resultado disso, por umas
poucas horas você pode ficar impecavelmente
perfeito. No entanto, logo depois pode descuidar-se
novamente e falhar com o Senhor.
Certos versículos no Novo Testamento indicam
que podemos ser perfeitos. A palavra do Senhor em
Mateus 5:48 sobre ser perfeito como nosso Pai celeste
é perfeito indica que podemos ser perfeitos dessa
maneira. Caso contrário, o Senhor jamais teria dito
essa palavra. Entretanto, é um erro achar que se
alcançarmos um estado de perfeição, podemos
permanecer nesse estado para sempre. Alguns
crentes ou têm exagerado sua experiência de
perfeição ou têm ido longe demais ao descrever o que
experimentaram. O que salientamos aqui é que não
devemos pensar que podemos alcançar um estado
permanente de perfeição. Podemos ser perfeitos hoje,
mas podemos cair amanhã. Antes que o Senhor volte
para transfigurar nosso corpo, não podemos estar
permanentemente em uma condição de perfeição
sem pecado.

A FIDELIDADE E A JUSTIÇA DE DEUS


Precisamos admitir que depois da regeneração
nós ainda temos o pecado; isto é, ainda temos o
pecado habitando em nossa natureza pecaminosa.
Por ainda termos o pecado dentro de nós, há
possibilidade de virmos a pecar. Sempre que
pecarmos, precisamos confessar. Então Deus será fiel
na palavra da Sua nova aliança para perdoar-nos de
nossos pecados. No evangelho, que é a nova aliança,
Deus promete que Ele nos perdoará os pecados por
causa da redenção de Cristo. Portanto, se
confessarmos nossos pecados, Deus tem de ser fiel
em manter Sua palavra. Se Deus não nos perdoasse,
isso significaria que Ele contradiz Sua própria
palavra. Neste caso, Deus não seria fiel. Entretanto,
podemos ter a certeza de que, uma vez que
confessemos nossos pecados por meio da redenção de
Cristo, Deus deve perdoar-nos, pois Ele precisa ser
fiel à Sua palavra.
No versículo 9 João também nos diz que Deus é
justo para purificar-nos de toda injustiça. Por que
Deus deve ser justo para purificar-nos dessa
maneira? Deus deve ser justo para purificar-nos da
injustiça porque Ele julgou o Senhor Jesus na cruz
como nosso substituto, colocando todos os nossos
pecados sobre Ele. Por ter Deus julgado Cristo por
nós, Seu sangue é eficaz para nos purificar. Portanto,
quando confessamos nossos pecados por meio do Seu
sangue, Deus não tem escolha senão perdoar-nos. Por
exemplo, suponha que você deva certa quantia a
alguém. Um amigo seu paga sua dívida por você, e a
outra parte recebe o pagamento. Agora aquela outra
parte não pode de maneira justa requerer o
pagamento de você, pois a dívida já foi paga. De modo
semelhante, Deus recebeu o pagamento pelos nossos
pecados por meio da morte de Cristo na cruz. Agora,
sempre que confessarmos nossos pecados a Deus pelo
sangue da redenção de Cristo na cruz, Deus terá de
perdoar-nos. Assim, Ele não tem escolha. Ele precisa
ser justo. relação ao pecado que habita interiormente
e com relação aos pecados que comete
ocasionalmente? Você precisa confessar que ainda
tem o pecado habitando em si e ainda comete
pecados, mesmo que não o faça habitualmente. Fazer
tal confissão ao Senhor é oferecer Cristo a Deus como
sua oferta pelo pecado e como sua oferta pela
transgressão.
Todos os dias, e o dia todo precisamos do Senhor
como nossa oferta pelo pecado e oferta pela
transgressão. Posso testificar que na minha
experiência preciso do Senhor como minha oferta
pelo pecado e pela transgressão de manhã, ao
meio-dia e à noite. Posso ter um momento agradável
desfrutando o Senhor, mas poucos minutos mais
tarde posso ficar aborrecido com algo ou alguém.

A PROMESSA DE DEUS E NOSSA


CONFISSÃO
Por ainda termos o pecado em nós e ainda
pecarmos ocasionalmente, precisamos confessar ao
Senhor. Não podemos dizer que não temos o pecado
ou que não temos cometido pecado. Louvado seja o
Senhor pela forte promessa no versículo 9 de que se
confessarmos nossos pecados, Deus é fiel e justo para
nos perdoar os pecados e nos purificar de toda
injustiça. Portanto, não devemos ser incomodados
pelo pecado que habita em nós e, uma vez que
tenhamos confessado e recebido o perdão e a
purificação do Senhor, não devemos ser incomodados
pelos pecados que cometemos.
A promessa em 1:9 jamais deve ser
mal-empregada como um encorajamento para pecar.
Isso significa que não devemos achar que podemos
sair cometendo pecados e, então, confessar e receber
a purificação do Senhor. Esse conceito leva ao
antinomianismo, o conceito de que por estarmos sob
a graça estamos livres de toda regra e podemos ser
indulgentes com o pecado. Como veremos, em 2:1
João diz: “Estas coisas vos escrevo para que não
pequeis.” João escreveu na expectativa de que não
pecássemos. Contudo, temos a promessa em 1:9 de
que se pecarmos, podemos ser perdoados e
purificados, contanto que confessemos nossos
pecados a Deus.

UMA VISÃO EQUILIBRADA


Creio que tivemos uma visão equilibrada a
respeito da questão do pecado após nossa
regeneração. Agora todos devemos estar claros de
que, depois da regeneração, ainda temos o pecado em
nossa natureza e ainda existe a possibilidade de
cometermos pecado. Não acredite que por ter sido
regenerado, você não tenha mais o pecado em sua
natureza ou não vá mais cometer pecado. Isso é um
engano. Por ainda termos o pecado em nossa
natureza, é sempre possível que venhamos a pecar. Se
pecar, você precisa confessar seu pecado a Deus. Ele
prometeu em Seu evangelho que nos perdoaria, e Ele
será fiel à Sua palavra. Além disso, na redenção, Deus
julgou Cristo em nosso favor. Isso significa que Ele
não nos julgará pelos nossos pecados, se os
confessarmos por meio da redenção de Cristo. Sendo
Deus justo, Ele por certo nos purificará de nossa
injustiça. Dessa maneira podemos manter nossa
comunhão com Ele, e desfrutá-Lo dia a dia.
Já salientamos que não devemos acreditar que
podemos ser eternamente perfeitos antes que o
Senhor venha transfigurar nosso corpo. Esse é o
conceito errado do perfeccionismo. Cremos que pela
graça do Senhor podemos vencer e ser perfeitos. No
entanto, essa vitória e perfeição não são uma vez por
todas. Sempre há possibilidade de que pequemos
novamente. Portanto, precisamos estar em temor e
tremor e alerta, a fim de que não sejamos danificados
pelo pecado que habita em nossa carne. Dia após dia,
precisamos olhar para o Senhor, orar e estar
vigilantes. No caso de falharmos e cometermos
pecado, devemos confessar ao Senhor. Ele será fiel e
justo para nos perdoar e nos purificar por meio dó
sangue de Seu Filho, Jesus Cristo.
ESTUDO-VIDA DE 1 JOÃO
MENSAGEM 13
AS CONDIÇÕES DA COMUNHÃO DIVINA (5)

Leitura da Bíblia: 1Jo 2:1-2


Nesta mensagem consideraremos os versículos 1
e 2 do capítulo 2.

FILHINHOS
Em2:1 João diz: “Filhinhos meus, estas coisas
vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém
pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o
justo”. Ao fazer uso da expressão “filhinhos meus”,
João estava se dirigindo a todos os crentes, a despeito
da idade. A palavra grega traduzida para “filhinhos” é
teknia, plural de teknion, filhinho, diminutivo de
teknon, filho, palavra comumente usada pelos mais
idosos ao se dirigirem aos mais jovens. “É um termo
de afeição paterna. Ele se aplica aos cristãos sem
considerar o nível de crescimento. Usado nos
versículos 12, 28; 3:7, 18; 4:4; 5:21; Jo 13:33; 014:19”
(Darby). O idoso apóstolo considerava a todos os que
recebiam sua epístola como seus queridos filhinhos
no Senhor. Nos versículos 13-27, ele os classificou em
três grupos: filhinhos, jovens e pais. Portanto, os
versículos 1-12 e 28-29 dirigem-se a todos; os
versículos 13-27 dirigem-se aos três grupos,
respectivamente, de acordo com o crescimento deles
na vida divina.

A INTENÇÃO DE JOÃO
Em 2:1 João diz aos filhinhos que ele escreve
“estas coisas” a eles. Isso se refere às coisas
mencionadas em 1:5-10 sobre os filhos de Deus
cometerem pecado, filhos esses que são os crentes
regenerados, que têm a vida divina e que participam
da sua comunhão (1:1-4).
João diz aos destinatários de sua epístola que
está-lhes escrevendo para que “não pequem”. Essa
palavra e as palavras “se, todavia, alguém pecar” na
sentença seguinte, indicam que os crentes
regenerados ainda podem pecar. Embora possuam a
vida Divina, é possível que venham a pecar se não
viverem por meio da vida Divina e não
permanecerem na sua comunhão. No grego, a palavra
“pecar” neste trecho é um subjuntivo *aoristo e
significa uma ação única, não uma ação habitual.
Nas palavras “para que não pequeis” vemos a
intenção de João ao escrever sobre o pecado, sobre a
confissão de pecados, e sobre receber perdão e
purificação de Deus. A intenção de João, o seu
propósito, era de que não pecássemos. Como ele
mostra no capítulo um, se pecarmos, nossa
comunhão com o Pai será interrompida. Se
quisermos manter essa comunhão, precisamos
guardar-nos de pecar. Esse é o motivo principal de
João ter escrito o capítulo 1 de sua epístola.
No capítulo 1, João mostra-nos que recebemos a
vida divina e essa vida nos introduziu na comunhão
divina. Na comunhão divina recebemos luz, e agora
devemos andar na luz, assim como Deus está na luz
(1:5, 7). No entanto, precisamos perceber que ainda
temos o problema do pecado que habita em nós, e
com relação a esse pecado precisamos estar alertas.
Mesmo depois da nossa regeneração, o pecado que
entrou na raça humana por meio
*N. do R.: (Do grego Aóristos, “indefinido”).
Tempo da conjugação grega que indica haver a ação
ocorrida em época passada, sem determinar, porém,
se está inteiramente realizada no instante em que se
fala. (N. D. A. da Língua Portuguesa). de Adão
permanece em nossa carne. Embora nosso espírito
tenha sido regenerado, a vida de Deus tenha sido
dispensada para dentro do nosso espírito, e o Espírito
de Deus habite em nosso espírito, contudo, o pecado
continua habitando em nossa carne. Precisamos
admitir o fato de que temos o pecado habitando em
nossa came, o qual entrou na humanidade por meio
de Adão. Precisamos também estar vigilantes, a fim
de não pecarmos. Se não estivermos alertas,
pecaremos, e nossos pecados interromperão nossa
comunhão com Deus. Como resultado da quebra de
nossa comunhão com Ele, perderemos o desfrute da
vida divina.
Poderíamos dizer que no capítulo 1 temos uma
advertência, um lembrete e uma incumbência acerca
da necessidade de estarmos alertas. Sim, já
recebemos a vida divina, e a vida divina agora é nosso
desfrute, resultando em comunhão com o Deus
Triúno. Isso é maravilhoso! Entretanto precisamos
perceber que ainda há o problema do pecado que
habita em nós. Devido ao fato de o pecado habitar em
nossa carne, há sempre a possibilidade de que nosso
desfrute da vida divina seja interrompido por
cometermos pecado.
Se não percebermos que o pecado ainda habita
em nossa came, mas, pelo contrário, ficarmos nos
enganando sobre esse assunto, certamente
pecaremos. Então perderemos o desfrute da vida
divina. Portanto, se quisermos permanecer no
desfrute da vida Divina e na comunhão da vida
Divina, precisamos perceber que temos o pecado em
nossa c ame e o pecado está rastejando, esperando
uma oportunidade de nos prejudicar, de quebrar
nossa comunhão com o Deus Triúno, e manter-nos
afastados do desfrute da vida divina recebida pela
regeneração.
Agora podemos ver o propósito de João ao
escrever o capítulo 1. Por não querer que os crentes
perdessem o desfrute da vida divina, ele lhes disse em
2:1: “Vos escrevo para que não pequeis”. Esta era a
intenção de João e também sua expectativa. Além
disso, essa palavra também é uma advertência e um
lembrete sobre a questão de cometer pecado.

UM ADVOGADO JUNTO AO PAI


Em 2:1 João diz: “Se, todavia, alguém pecar,
temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o justo”.
João não tinha confiança de que os crentes pudessem
sempre guardar-se de pecar. Ele sabia que mesmo
estando alerta sobre o pecado que habita em nossa
carne, ainda podemos pecar. Portanto, ele nos diz que
se pecarmos, temos Advogado junto ao Pai.
A palavra grega traduzida para Advogado é
parakletos, e significa alguém que é designado para
prestar socorro à outra parte, portanto, um
auxiliador; alguém que oferece um amparo legal ou
que intercede em favor de outra pessoa, portanto, um
advogado, conselheiro, ou intercessor. A palavra
indica conforto e consolação, portanto, um
confortador, um consolador. Paracleto é a forma
aportuguesada. Essa palavra é usada no Evangelho de
João (14:16, 26; 15:26; 16:7) para o Espírito da
realidade como nosso Consolador dentro de nós,
cuidando da nossa causa ou negócios. Ela é usada
neste versículo para o Senhor Jesus como nosso
Advogado junto ao Pai, Aquele que cuida da nossa
causa, que intercede em nosso favor (Rm 8:34), e nos
defende, se pecarmos. Essa intercessão e defesa estão
baseadas na Sua propiciação.
No capítulo 1, João fala sobre o sangue redentor
de Cristo, o qual nos purifica constantemente
enquanto andamos na luz. Mas nesse versículo João
vai além, a fim de mostrar-nos uma Pessoa, a qual é
nosso Advogado junto ao Pai. Portanto, na provisão
Divina temos o sangue de Cristo e também a Pessoa
de Cristo como nosso Advogado.

O Consolador nos Céus e o Consolador em


Nosso Espírito
Como já vimos, “Advogado” é uma tradução da
palavra grega parakletos. Essa palavra é formada por
duas palavras: a preposição para (usada como um
prefixo) e a palavra kletos. Postas juntas, essas
palavras indicam alguém designado para o nosso
lado. A palavra grega parakletos é usada no Novo
Testamento unicamente por João. Em seu Evangelho,
João diz: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro
Consolador, a fim de que esteja para sempre
convosco” (14:16). Isso indica que enquanto o Senhor
esteve com os discípulos, um parakletos, um
Consolador, esteve ali com eles. Mas esse parakletos
estava para partir. Assim, havia necessidade de que
outro parakletos, outro Consolador, viesse. Na
verdade, o primeiro parakletos e o outro parakletos
são um. Aquele que é chamado de “outro Consolador”
está agora em nós como o Espírito que dá vida, e
Aquele que foi o primeiro Consolador, o Senhor Jesus
Cristo, está agora nos céus à direita de Deus.
Podemos usar a eletricidade como ilustração
desses dois Consoladores. Por um lado, a eletricidade
está na usina de força. Por outro, está instalada em
nossa casa. Podemos dizer, portanto, que com a
eletricidade há dois terminais: um terminal na usina
de força e outro em nossa casa. Enquanto a
eletricidade flui da usina, onde está armazenada, para
nossa casa, onde é aplicada, esses dois terminais
estão conectados. Podemos comparar a eletricidade
na usina de força ao Consolador, o Senhor Jesus, nos
céus, e a eletricidade em nossas casas ao outro
Consolador, o Espírito que dá vida em nosso espírito.
Nos céus temos o Senhor Jesus Cristo como nosso
Consolador, e em nosso espírito temos o Espírito
como outro Consolador. Entretanto, esses dois são
um. Por essa razão, a palavra grega parakletos é
usada tanto para Consolador nos céus como para o
Consolador em nosso espírito.
Na Versão Restauração traduzimos parakletos
para Consolador em João 14:16 e para Advogado em 1
João 2: l. Em João 14:26 e 15:26 essa palavra grega
também é traduzida para Consolador. Consolador é
uma tradução adequada de parakletos em João 14:16,
pois neste versículo há certo sentimento de que esse
Paracleto vem para consolar os discípulos na tristeza
deles, causada pela partida do Senhor do meio deles.
O Senhor havia dito aos Seus discípulos que Ele
estava partindo, e eles estavam preocupados com
aquilo. Portanto, nesse capítulo o Senhor mostrou aos
discípulos que eles não precisavam estar tristes, pois
Ele pediria ao Pai que lhes mandasse outro Paracleto,
outro Consolador. Por estarem os preocupados
discípulos carentes de consolo, é correto traduzir
parakletos em João 14:26 para Consolador. Essa
palavra grega de fato carrega a idéia de consolo; ela se
refere a alguém que nos ajuda, serve, assiste e nos faz
companhia. Esse alguém certamente é um
consolador.

Um Representante Espiritual
É também correto traduzir parakletos em João
2:1 para Advogado. De acordo com o costume nos
tempos antigos, essa palavra grega pode referir-se a
uma pessoa que atua como um representante, um
advogado legalmente constituído. A situação em 1
João 2:1 é diferente da de João 14:16; é uma situação
na qual se requer um advogado ou representante.
Entretanto, a palavra “representante” parece não ser
uma tradução adequada da Palavra para os dias
atuais. Portanto, depois de muita consideração,
escolhemos a palavra Advogado.
O Advogado em 2:1 na verdade é um
representante espiritual. Este parakletos permanece
ao nosso lado, como um enfermeiro cuidando de nós,
servindo-nos. O parakletos também é um
conselheiro. Na escola os estudantes têm um
conselheiro para ajudá-los a escolher corretamente os
cursos. Nosso parakletos também nos ajuda a fazer
escolhas. Na sua tradução de 1 João 2:1, J. N. Darby
utiliza a palavra “patrono”. Em sua nota ele explica
que a palavra patrono é usada no sentido de um
patrono romano, o qual defendia o interesse de seu
cliente de todas as maneiras. A função de um patrono
romano era muito semelhante a de um representante
hoje. Quando nos encontramos em determinada
situação, podemos entregar toda a questão nas mãos
de um representante. O representante, então, cuida
do nosso caso. Essa é a função do nosso Advogado em
2:1.
Parakletos é uma palavra todo-inclusiva. Ela
implica a idéia de ajudar e nutrir, de aconselhar, e
também de consolar. Ela inclui o conceito de um
advogado, um representante que cuida do nosso caso.

Com o Pai
João nos diz em 2: I que temos Advogado junto
ao Pai. A frase “com o Pai” é usada também em 1:2.
Em cada caso a palavra grega usada é pros, com o
acusativo, uma preposição de movimento,
implicando viver, agirem união e em comunhão com.
O Senhor Jesus como nosso Advogado está vivendo
em comunhão com o Pai.
O fato de João usar o título divino Pai neste
trecho, indica que o nosso caso, do qual o Senhor
Jesus como nosso Advogado incumbe-se por nós, é
um assunto familiar, um caso que envolve os filhos e
o Pai. Por meio da regeneração fomos gerados filhos
de Deus. Após a regeneração, no caso de pecarmos, é
uma questão dos filhos pecando contra seu Pai. Nosso
Advogado, o qual é nossa propiciação, incumbe-se do
nosso pecado, a fim de restaurar nossa comunhão
interrompida com o Pai, de maneira que possamos
habitar no desfrute da comunhão divina.
No passado, eu quis descobrir por que João nos
disse que temos Advogado junto ao Pai. Um advogado
é uma pessoa envolvida em casos da lei. Podemos ver
facilmente por que precisamos de um advogado, um
representante, com o juiz em um tribunal de justiça.
Mas por que precisamos de um advogado com o
nosso Pai? A resposta a essa questão é que o “caso” de
nossos pecados após a regeneração é um assunto que
envolve o Pai e o “tribunal” familiar. Sempre que
pecamos, ofendemos nosso Pai. Nosso juiz, portanto,
é um Pai-juiz, nosso tribunal é nossa casa espiritual, e
nosso caso é uma questão familiar. Mas realmente
temos um membro da nossa farru1ia, nosso Irmão
mais velho, o Senhor Jesus, que é nosso Advogado
junto ao Pai. Como nosso Advogado, nosso Irmão
mais velho cuida do nosso caso. Essa é a razão de
João não dizer que temos Advogado junto a Deus,
mas temos Advogado junto ao Pai.
Uma criança pode ter a idéia errada de que por
seu pai amá-la, ela pode fazer o que quiser em casa
com sua família. É claro que não é verdade. Embora
nosso Pai nos ame, quaisquer pecados que
cometamos são uma ofensa a Ele. Sim, Deus é nosso
Pai. Mas se pecarmos, Ele terá um caso contra nós.
Portanto, em nossa farru1ia espiritual nós, algumas
vezes, precisamos de um Advogado.
Nesse versículo temos dois títulos importantes:
Advogado e Pai. O título Pai indica que estamos na
farru1ia divina desfrutando o amor do Pai. O título
Advogado indica que podemos estar errados em
certas questões e precisamos que alguém cuide do
nosso caso Portanto, na vida familiar precisamos que
nosso Irmão mais velho seja nosso Advogado, que
cuide do nosso caso.
A verdade na Bíblia é sempre apresentada de
maneira equilibrada. A verdade nesse versículo
também é equilibrada. Por um lado, o título Pai é um
sinal de amor; por outro, o título Advogado é um sinal
de justiça. Por exemplo, um pai ama seu filho Mas se
a criança comporta-se mal, o pai terá um caso contra
ela, um caso que se baseia na justiça. Embora a
criança ainda seja amada por seu pai e continue a ser
cuidada por ele, o pai tem um caso contra a criança e
pode precisar discipliná-la. De modo semelhante,
sempre que pecamos, o Pai tem um caso contra nós.
Portanto, precisamos de um representante celestial.
Precisamos que Jesus Cristo, nosso Irmão mais velho,
seja nosso Advogado.
Temos enfatizado o fato de que Cristo é nosso
Advogado junto ao Pai. Por favor, note que João não
diz que temos Advogado junto a Deus, ou que temos o
Filho com o Pai. Pelo contrário, ele nos diz que se
pecarmos, temos Advogado junto ao Pai.

JESUS CRISTO, O JUSTO


De acordo com a palavra de João em 2:1, nosso
Advogado junto ao Pai é Jesus Cristo, o Justo. Nosso
Senhor Jesus é o único homem justo entre todos os
homens. Seu ato justo (Rm 5:18) na cruz cumpriu a
justa exigência do Deus justo por nós e por todos os
pecadores. Somente Ele é qualificado para ser nosso
Advogado, a fim de cuidar de nós em nossa condição
de pecado e restaurar-nos a uma condição justa, de
modo que nosso Pai, o qual é justo, possa ser
apaziguado.
Em vez de dizer “Jesus Cristo, o Justo”, podemos
dizer “Jesus Cristo, Aquele que (justo”. Jesus Cristo
certamente é Aquele que é justo, o único justo, e
somente esse único justo pode ser nosso Advogado
junto ao Pai. A razão de termos um problema e o Pai
ter um caso contra nós é que somos os que erram. Por
essa causa precisamos do Justo para cuidar do nosso
caso.

UMA PROPICIAÇÃO PARA NOSSOS


PECADOS
Em2:2 João prossegue dizendo: “E ele é a
propiciação pelos nossos pecados, e não somente
pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo
inteiro.” A palavra grega para propiciação aqui
eem4:10 é hilasmos. Em 1:7 temos o sangue de Jesus;
em2:1, a Pessoa de Cristo como nosso Advogado; e
agora, em 2:2 temos Cristo como propiciação quanto
aos nossos pecados. Nosso Advogado, o qual
derramou Seu sangue para a purificação de nossos
pecados, é nossa propiciação. Esta palavra
“propiciação” indica apaziguar ou pacificar. Quando
uma criança está errada e seu pai tem um caso contra
ela, não há paz entre eles. Em tal situação, há
necessidade de pacificar e de apaziguar o pai. Esse
pacificar, esse apaziguar, é a propiciação.
Para ajudar a compreender a palavra propiciação
em 2:2, será útil rever o que Paulo diz em Romanos
3:25 acerca do propiciatório: “A quem Deus propôs
propiciatório, mediante a fé no seu sangue, para
demonstração da sua justiça, quanto ao não levar em
conta os pecados que ocorreram anteriormente, na
tolerância de Deus” (lit.). A palavra grega para
propiciação aqui é hilasterion. Essa palavra é
diferente de hilasmosem 1 João 2:2 e 4:10, e de
hilaskomai em Hebreus 2:17. Hilasmos é “aquilo que
propicia”, isto é, um sacrifício propiciatório. Em 1
João 2:2 e4:100 Senhor Jesus é o sacrifício
propiciatório pelos nossos pecados. Hilaskomai
significa “apaziguar, reconciliar alguém, satisfazendo
a exigência de outro”, isto é, propiciar. Em Hebreus
2:17 o Senhor Jesus faz propiciação por nossos
pecados para nos reconciliar com Deus, satisfazendo
as justas exigências de Deus sobre nós. Mas
hilasterion é “o lugar de propiciação”. Portanto, em
Hebreus 9:5 essa palavra é usada para a cobertura, a
tampa da arca (traduzi da para “trono de
misericórdia” na versão King James) no interior do
Santo dos Santos. Em Êxod0 25:16-22 e Levítico
16:12-16, a Septuaginta também usa essa palavra para
a cobertura da arca. A lei dos Dez Mandamentos, por
meio de suas justas exigências, estava na arca,
expondo e condenando o pecado das pessoas que
vinham contatar Deus. Por meio da tampa da arca
com o sangue expiatório aspergido sobre ela no dia da
expiação, toda a situação do lado dos pecadores era
totalmente coberta. Portanto, era sobre essa tampa
que Deus podia encontrar-se com os que quebraram
Sua lei justa sem que, governamentalmente, houvesse
qualquer contradição com relação à Sua justiça,
mesmo sob a observação do querubim que ostentava
Sua glória encobrindo a tampa da arca. O sacrifício
propiciatório ou expiatório, o qual prefigurava Cristo,
satisfez todas as exigências da justiça e glória de
Deus. Como conseqüência, Deus podia ignorar o
pecado do povo ocorrido naquele tempo. Além disso,
para demonstrar a Sua justiça, Deus tinha de fazer
isso. E sobre isso que fala Romanos 3:25. Por essa
razão, Romanos 3:25 usa a mesma palavra,
hilasterion, para revelar que o Senhor Jesus é o lugar
de propiciação, o propiciatório, a quem Deus
estabeleceu para manifestar Sua justiça, não fazendo
caso dos pecados dos santos do Velho Testamento,
pois, como o sacrifício propiciatório, Ele fez na cruz a
propiciação plena pelos seus pecados e satisfez
totalmente as exigências da justiça e glória de Deus.
O Senhor Jesus Cristo ofereceu-se a Deus como
sacrifício pelos nossos pecados (Hb 9:28), não
somente para nossa redenção, como também para a
satisfação de Deus. Nele, como nosso Substituto, por
meio da Sua morte vicária, Deus é satisfeito e
apaziguado. Portanto, Cristo é a propiciação entre
Deus e nós.
João diz em 2:2 que Cristo é a propiciação não
apenas com relação aos nossos pecados, mas também
do mundo inteiro. O Senhor Jesus como propiciação
quanto aos pecados do homem, o é para os pecados
do mundo todo. Entretanto, essa propiciação está
condicionada ao fato de o homem recebê-la, crendo
no Senhor. Os incrédulos não experimentam sua
eficácia, não porque ela tenha qualquer falha, mas
devido à incredulidade deles.
ESTUDO-VIDA DE 1 JOÃO
MENSAGEM 14
AS CONDIÇÕES DA COMUNHÃO DIVINA (6)

Leitura da Bíblia: I 102: J-2


Nesta mensagem continuaremos a considerar
sobre 2:1-2. No versículo 1 João diz: “Filhinhos meus,
estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se,
todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai,
Jesus Cristo, o justo”. Vimos que João diz aos seus
filhinhos, todos os receptores dessa epístola, que sua
intenção ao escrever-lhes era de que não pecassem.
No entanto, se alguém pecar, temos um Advogado,
um auxiliador ou conselheiro, junto ao Pai, Jesus
Cristo, o justo.
No versículo 2 João prossegue dizendo que
Cristo é “a propiciação pelos nossos pecados, e não
somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do
mundo inteiro”. Como já salientamos, o Senhor Jesus
Cristo ofereceu-se a Deus como sacrifício pelos
nossos pecados, não somente para nossa redenção,
mas também para a satisfação de Deus. Sua morte
vicária satisfez Deus e O apaziguou. Portanto, Ele é a
propiciação entre Deus e nós. Sendo a propiciação em
relação aos pecados do homem, o Senhor Jesus o é
para com os pecados do mundo inteiro. Entretanto, a
condição para recebermos essa propiciação é crer no
Senhor.

O SANGUE DE JESUS E O ADVOGADO


JUNTO AO PAI
A maneira de João escrever essa epístola é
carinhosa e delicada. Ao ler o capítulo 1 pela primeira
vez anos atrás, fiquei muito alegre. No entanto, não
entendia por que João acrescentou 2:1-2. Parecia-me
que o problema do pecado havia sido totalmente
resolvido no capítulo 1, e achava que esses versículos
no capítulo 2 não eram necessários. Mais tarde, vim a
apreciar a importância desses versículos.
De acordo com o capítulo 1 dessa epístola,
recebemos a vida divina, e a estamos desfrutando na
comunhão de vida. Nessa comunhão recebemos a luz
divina, e nessa luz praticamos a verdade. Mas ainda
precisamos da advertência acerca do pecado que
habita em nossa carne. Precisamos ser cuidadosos e
estar alertas com relação ao pecado que habita em
nós.
Toda vez que pecamos, precisamos confessar
nosso pecado a Deus. Se confessarmos nossos
pecados, Deus é fiel à Sua palavra para nos perdoar os
pecados, e Ele é justo em Sua redenção para nos
purificar de toda injustiça. Isso é maravilhoso. No
entanto, como 2:1-2 indica, nós, ainda precisamos de
uma Pessoa, um Advogado junto ao Pai, a fim de
cuidar de nosso caso. Por não sermos capazes de lidar
corri o caso por nós mesmos, precisamos de um
representante celestial.
No capítulo 1 João fala do sangue de Jesus, e no
capítulo 2, do nosso Advogado. Deus não somente
proveu o sangue de Jesus Cristo, o qual foi derramado
por nós para sermos perdoados e limpos; Deus
também preparou Cristo como nosso Advogado.
Primeiro, o Senhor Jesus derramou Seu sangue como
preço da nossa redenção. Em seguida, após derramar
Seu sangue, Ele se torna nosso Advogado, nosso
representante celestial, cuidando do nosso caso. Quão
maravilhoso é nosso Advogado pagar nossa dívida e
cuidar do nosso caso!
O fato de Cristo ser nosso Advogado junto ao Pai,
e não simplesmente junto a Deus, indica que nosso
caso, do qual o Senhor se encarrega, é um assunto
familiar, um caso entre nós, como os filhos do Pai, e o
Pai. Na verdade, nosso Advogado é nosso Irmão mais
velho, o Filho do Pai.
A família divina é cheia de amor, mas também
cheia de justiça. Portanto, há regras e também a
disciplina do Pai. Jamais pensemos que na casa do
Pai podemos ser desregrados. Nosso Pai é ordeiro, e
Sua casa deve estar muito mais em ordem que um
tribunal humano. Entretanto, como filhos na casa do
Pai, muitas vezes somos desobedientes. Cometemos
erros, quebramos as regras familiares e ofendemos ao
Pai. Por essa razão, precisamos do Senhor, nosso
Irmão mais velho, para ser nosso Advogado junto ao
Pai.
Como Aquele que derramou Seu sangue por nós,
o Senhor Jesus é o justo. Ele é justo não somente com
o Pai, mas também conosco. O Senhor é nosso
Paracleto. Ele toma o nosso lado para ajudar-nos,
serve-nos, cuida de nós e nos provê tudo de que
precisamos. Estávamos precisando do sangue
purificador; portanto, Ele nos proveu com Seu
próprio sangue para redenção e purificação. Também
precisamos de alguém para cuidar do nosso caso.
Portanto, Ele agora é o nosso Advogado, nosso
parakletos.

A VIDA DIVINA COMO O FATOR BÁSICO DA


NOSSA HERANÇA ESPIRITUAL
Nós que cremos em Cristo nascemos de Deus e
tornamo-nos filhos de Deus. Deus agora é nosso Pai,
e somos Seus filhos. Por termos sido gerados de Deus,
temos Sua vida. A vida de Deus é divina, eterna e
indestrutível. Essa vida é o fator básico da herança
espiritual que temos na salvação de Deus.
Podemos usar a vida humana como ilustração.
Como seres humanos, por meio do nascimento temos
nossa vida natural, nossa vida humana, como nossa
herança básica. Qualguer coisa particular que
herdemos depende da nossa vida humana. Quando
uma pessoa morre e por conseqüência perde sua vida
humana, isso é o término de tudo. Ela não mais tem
uma herança. No mesmo princípio, a vida divina que
recebemos pela regeneração é nossa herança básica
na salvação de Deus. A vida, portanto, é crucial. O
elemento básico de nossa herança espiritual é a vida
divina.

O DESFRUTE NA COMUNHÃO DA VIDA


DIVINA
Agradecemos ao Senhor que temos a vida divina
e que essa vida move-se, trabalha e atua em nós. O
mover da vida Divina dentro de nós resulta na
comunhão. Portanto, a comunhão é o resultado da
maravilhosa vida divina que recebemos. Nessa
comunhão desfrutamos Deus, desfrutamos os
apóstolos, desfrutamos os crentes, e desfrutamos a
igreja e até mesmo as igrejas. Todo esse desfrute
depende da comunhão da vida divina, e essa
comunhão resulta da própria vida divina.
Embora tenhamos recebido a vida divina e
desfrutemos Deus, os apóstolos, os crentes e a vida da
igreja na comunhão da vida divina, ainda precisamos
estar vigilantes em relação ao pecado. O pecado não é
meramente algo na superfície que pode ser lavado.
Pelo contrário, o pecado habita em nossa carne. De
acordo com a palavra de Paulo no livro de Romanos,
o pecado pode enganar-nos, conquistar-nos e
matar-nos. Em especial, o pecado que habita
interiormente prejudica nossa comunhão.
Se a nossa comunhão é prejudicada pelo pecado,
perdemos o desfrute de Deus. Também perdemos o
desfrute dos apóstolos, o desfrute dos crentes e o
desfrute da vida da igreja. Em outras palavras, uma
vez que perdemos a comunhão, perdemos o desfrute
de toda nossa herança espiritual. Como resultado, na
prática tomamo-nos iguais aos incrédulos. Os
incrédulos não têm Deus, e nada têm a ver com o
desfrute dos apóstolos, dos crentes e da vida da
Igreja.
Quando desfrutamos a comunhão da vida divina,
desfrutamos Deus, desfrutamos os apóstolos,
desfrutamos os crentes e desfrutamos as igrejas. Que
maravilhoso desfrute é esse! Mas tão logo o pecado
trabalhe em nós e cometamos pecado, a nossa
comunhão é quebrada. Sempre que nossa comunhão
é quebrada, perdemos o desfrute de Deus, dos
apóstolos, dos crentes e da vida da igreja. É muito
importante que vejamos isso e tenhamos uma
percepção adequada sobre isso.

PROVISÕES DIVINAS

O Sangue de Jesus e a Fidelidade e a Justiça


do Pai
Apesar de termos sido regenerados e termos
recebido a vida divina para nos tomar os filhos do Pai,
nós ainda devemos admitir duas coisas: primeiro, que
ainda temos o pecado em nossa carne; segundo, que
sempre é possível que venhamos a cometer pecado.
Sempre que estivermos sob a luz divina na comunhão
e sentirmos que estamos errados em certos assuntos
ou com determinadas pessoas, devemos confessar
imediatamente nossos pecados ao nosso Pai justo.
Nosso Pai está pronto para nos perdoar. Assim como
um pai humano, ofendido com o comportamento de
seu filho, está pronto para perdoar o filho que se
arrepende, assim também nosso Pai divino está
pronto para nos perdoar. Desde que confessemos
nossos pecados, nosso Pai será para nós o Deus fiel e
justo. Ele está esperando para nos perdoar os pecados
e lavar as manchas de nossas ofensas.
Em 1:7 João diz que “o sangue de Jesus, seu
Filho, nos purifica de todo pecado.” Neste versículo
temos o sangue como provisão preparada para nós.
De acordo com o tempo verbal desse versículo no
grego, a purificação pelo sangue é presente e
contínua. O sangue de Jesus, o Filho de Deus,
purifica-nos todo o tempo, continuamente e
constantemente. A provisão do sangue é sempre
disponível, e o purificar do sangue é contínuo. O
sangue está sempre pronto para desfrutarmos sua
provisão.
Em 2:1 João diz: “Filhinhos meus, estas coisas
vos escrevo para que não pequeis”. Isso indica que a
intenção de João era a de que os crentes não
pecassem. Também devemos ter essa intenção.
Precisamos orar: “Ó Senhor, guarda-me de pecar.
Senhor, preserva-me na Tua presença e na Tua
comunhão. Senhor, livra-me continuamente de
pecar”. Mas não importa o quanto estejamos alertas
com relação ao pecado, é sempre possível que
venhamos a pecar. Sempre que pecamos, precisamos
confessar nosso pecado a Deus. A provisão do sangue
está pronta para nos limpar, e o Pai está ansioso para
nos perdoar os pecados e nos purificar de todas as
manchas de nossas ofensas.

Cristo como Nosso Advogado e Propiciação


Após discorrer sobre essas questões no capítulo
1, João prossegue mostrando no capítulo 2 que a
provisão divina não inclui apenas o sangue de Jesus e
a fidelidade de Deus, mas inclui também a Pessoa
viva de Cristo como nosso Ad vogado. Como Aquele
que derramou Seu sangue por nós, esta Pessoa é
agora o nosso representante celestial cuidando do
nosso caso. Ele está qualificado a isso pois Ele é o
Justo, o único que é justo junto ao Pai.
Em 2:2 João diz que Aquele que é nosso
Advogado junto ao Pai é também propiciação com
relação a nossos pecados. Sempre que os filhos de
Deus ofendem o Pai, a comunhão entre eles é
interrompida. Além disso, não há paz; pelo contrário,
há perturbação. Ao perceberem a situação, os filhos
devem confessar ao Pai, o qual está pronto a
perdoá-los e limpá-los. O sangue purificador foi
provido, e o próprio Pai é fiel para perdoar e justo
para purificar. Mas como pode a paz entre o Pai e
Seus filhos ser restaurada? Podemos achar que desde
que haja perdão e purificação, a paz virá
automaticamente. Entretanto, ainda há necessidade
de que nosso Advogado seja nossa propiciação entre o
Pai e nós, de modo que o Pai seja apaziguado e a paz
seja restaurada.
Usemos novamente a nossa vida familiar como
ilustração. Freqüentemente na família a mãe é aquela
que apazigúa o pai em favor dos filhos. Suponha que
as crianças de determinada farru1ia ofendam o pai, a
paz se vá, e agora há perturbação naquela farru1ia. As
crianças arrependem-se e confessam suas faltas ao
pai, e este as perdoa. No entanto, a situação entre as
crianças e o pai ainda não está totalmente agradável.
Neste momento, uma mãe sábia falará com as
crianças e com o pai. Por um lado, ela pode dizer às
crianças: “Filhos, agora está tudo bem. O papai já lhes
perdoou”. Por outro lado, ela pode voltar-se ao
marido e dizer: “Não é maravilhoso que as crianças
tenham-se arrependido e confessado a você?” Como
resultado, a paz entre o pai e os filhos é restaurada
por meio da mãe ter sido a propiciação, a
pacificadora.

A RESTAURAÇÃO DA COMUNHÃO
No capítulo 1 de 1 João vemos que temos o
sangue para nos lavar e a fidelidade e justiça do Pai
para nosso perdão e purificação. Embora nosso
problema seja sanado por intermédio da nossa
confissão, da purificação do sangue, e do perdão e
purificação do Pai, nós ainda precisamos de Cristo
como nosso Advogado junto ao Pai e como nossa
propiciação. Ele é O que faz a paz, O que apazigua o
Pai por nós. Como o Apaziguador, Ele faz com que
todos os envolvidos, o Pai e os filhos, fiquem alegres e
cheios de paz. Imediatamente, temos o desfrute da
comunhão. Este é o quadro retratado nesses
versículos da Primeira Epístola de João.
Precisamos ficar profundamente impressionados
com todas as provisões Divinas: o sangue purificador,
a fidelidade de Deus, a justiça de Deus, o Advogado e
a propiciação. Com Deus temos as provisões da Sua
fidelidade e justiça, e com Cristo temos as provisões
do Seu sangue e de Si mesmo como nosso Advogado e
propiciação. Dia a dia, nós que temos a vida divina e o
desfrute dessa vida na comunhão, precisamos estar
alertas com relação ao pecado. Contudo, se pecarmos,
devemos confessar imediatamente. Então
experimentaremos a eficácia de todas essas
provisões. Teremos o lavar pelo sangue do Senhor, a
fidelidade e a justiça do Pai para nosso perdão e
purificação, e Cristo como nosso Advogado e
propiciação para apaziguar o Pai e restaurar a paz
entre nós e o Pai. Por meio de Cristo como nosso
Advogado e propiciação temos novamente paz com o
Pai e desfrutamos a comunhão com Ele.
ESTUDO-VIDA DE 1 JOÃO
MENSAGEM 15
AS CONDIÇÕES DA COMUNHÃO DIVINA (7)

Leitura da Bíblia: 1Jo 2:3-6


Antes de considerar 2:3-6, gostaria de dizer uma
palavra adicional sobre a propiciação. João diz em
2:2: “Ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não
somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do
mundo inteiro”. De acordo com seu significado
bíblico, a propiciação conduz ao desfrute, pois ela
abre o caminho para a comunhão entre Deus e nós.
De acordo com as palavras de Paulo em Romanos
3:25, Deus propôs Cristo propiciatório (lit.) por meio
da fé no Seu sangue. Isso indica que Cristo não é
apenas Aquele que faz propiciação, mas Ele é também
o lugar de propiciação. Cristo, como o lugar de
propiciação, é o lugar onde Deus e Seu povo redimido
podem conversar, ter comunhão e desfrutar um do
outro.
Em sua primeira epístola, João indica que a
provisão de Deus não inclui somente o sangue de
Jesus e ajustiça e a fidelidade de Deus, mas inclui
também o Advogado que defende nosso caso junto ao
Pai e Ele mesmo é a nossa propiciação, nosso
pacificador. O próprio Cristo é na verdade a paz entre
Deus e nós. Essa paz é a base sobre a qual nós e Deus
podemos conversar, ter comunhão e desfrutar um do
outro.
Na primeira seção sobre-as condições da
comunhão divina (1:5-1 O), o problema que afeta
nossa comunhão é o pecado. Se pecarmos,
precisamos confessar. Se confessarmos nossos
pecados, o sangue de Jesus purificar-nos-á de nossos
pecados. Então, baseado na Sua fidelidade e justiça, o
Pai perdoar-nos-á os pecados e purificar-nos-á da
injustiça. Além disso, nosso Senhor Jesus Cristo será
o Advogado junto ao Pai para lidar com nosso caso.
Por fim, esse precioso Senhor será nossa propiciação
e, conseqüentemente, a base, o terreno, onde
desfrutamos Deus e temos comunhão com Ele e Ele
conosco.
Podemos usar um exemplo da vida familiar para
ilustrar como Cristo, sendo nossa propiciação,
restaura uma comunhão agradável entre nós e o Pai.
Suponha que as crianças de uma família ofendam ao
pai, desobedecendo-lhe. Como resultado, a
comunhão deles com o pai é interrompida.
Entretanto, as crianças arrependem-se e confessam
ao pai, e ele lhes perdoa. No entanto, a situação ainda
não está totalmente agradável. Então a mãe pode
intervir como pacificadora, como a que auxilia as
partes a ficarem em paz e alegres. Ela pode até
preparar algo para a família comer, de modo que eles
tenham juntos um momento desfrutável. Isso é uma
ilustração do que Cristo faz como nossa propiciação.
Após confessarmos nossos pecados e sermos limpos
pelo sangue e perdoados pelo Pai, o Senhor lida com o
nosso caso junto ao Pai e, então, torna-se o próprio
desfrute que apazigua o Pai. Este é Cristo como nossa
propiciação.
Ao considerarmos essa questão, perceberemos
que isso não é apenas uma doutrina, mas é algo muito
prático. Pela experiência sabemos que quando
confessamos nossos pecados, temos a percepção de
que o sangue nos limpou e o Pai nos perdoou.
Imediatamente, há também uma sensação de
desfrute. Esse desfrute é Cristo como nossa
propiciação. É por meio desse desfrute, de Cristo
como nossa propiciação, que podemos conversar com
Deus e Ele conosco, e juntamente podemos desfrutar
Cristo e ter comunhão em torno de Cristo. Portanto,
Cristo é o desfrute que é a propiciação com Deus por
nós. Por fim, Ele se torna a própria base da nossa
comunhão com o Pai. É dessa maneira que nossa
comunhão, a qual é quebrada pelo pecado, pode ser
restaurada. Louvado seja o Senhor que, por
intermédio das cinco provisões — o sangue, a
fidelidade e justiça de Deus, o Advogado, e a
propiciação — somos restaurados para uma plena
comunhão com Deus!

A SEGUNDA CONDIÇÃO PARA MANTER A


COMUNHÃO DIVINA
Os versículos I e 2 do capítulo 2 são uma
conclusão para a palavra em I:5-1 O acerca da nossa
confissão e do perdão de Deus aos nossos pecados, os
quais interrompem nossa comunhão com Ele. Essa é
a primeira condição, o primeiro requisito para nosso
desfrute da comunhão da vida divina. Os versículos 3
a 11 tratam da segunda condição, do segundo
requisito para nossa comunhão com Deus — a
exigência de que guardemos a palavra do Senhor e
amemos os irmãos.
No versículo 3 João diz: “E nisto sabemos que o
conhecemos: se guardamos os seus mandamentos”
(IBB — Rev.). É significativo que este versículo
comece com a conjunção “e”. Essa conjunção usada
no início da sentença indica que João está para falar
sobre outra condição para mantermos nossa
comunhão.
Vimos que a primeira condição da comunhão
divina é tratar com o pecado. Se não tratarmos com o
pecado, este prejudicará nossa comunhão. Portanto,
para mantermos nossa comunhão com o Pai,
precisamos confessar nossos pecados. Isso não
apenas é verdade doutrinariamente, mas também de
acordo com nossa experiência espiritual. Pela
experiência sabemos que para manter nosso desfrute
da vida divina na comunhão, a primeira coisa que
devemos fazer é tratar com o pecado. Portanto, tratar
com o peca? o é a primeira condição, o primeiro
requisito para nos mantermos na comunhão da vida
divina. Agora que João prossegue para discorrer
sobre a segunda condição, ele começa o versículo 3
com a conjunção “e”. Essa palavra aponta para outra
condição, outro requisito para manter a comunhão
Divina.

CONHECER DEUS NA EXPERIÊNCIA


No versículo 3 João diz: “Ora, sabemos que o
temos conhecido por isto”. A palavra grega para
conhecer neste versículo pode também ser traduzi da
para perceber. O significado aqui é perceber, não
doutrinariamente, mas na experiência, guardando os
mandamentos do Senhor.
Uma tradução mais literal das palavras gregas “o
temos conhecido” seria “vimos a conhecê-Lo”. Isso
significa que temos começado a conhecê-Lo e ainda
continuamos a conhecê-Lo até o tempo presente. Isso
se refere ao nosso conhecimento de Deus na
experiência, em nosso viver diário relacionado à
nossa comunhão íntima com Ele.
Nosso conhecimento do Senhor teve início e
continua. Esse contínuo conhecimento Dele é um
conhecer na experiência. Se conhecermos o Senhor
desta maneira, na experiência, certamente
guardaremos Seus mandamentos.

GUARDAR SEUS MANDAMENTOS


No versículo 4 João prossegue dizendo: “Aquele
que diz: Eu o conheço, e não guarda os seus
mandamentos, é mentiroso, e nele não está a
verdade”. Neste versículo a verdade denota a
realidade de Deus revelada tal como é transmitida na
palavra divina, a qual revela que nosso guardar dos
mandamentos do Senhor deve seguir o nosso
conhecê-Lo. Se dissermos que temos conhecido o
Senhor, contudo não guardamos Seus mandamentos,
a verdade (realidade) não está em nós e tomamo-nos
mentirosos.
Quando jovem, eu ficava incomodado com a
palavra “mandamentos” nesses versículos. Achava
que esse termo sempre se referia aos Dez
Mandamentos da lei mosaica, e queria descobrir por
que João mencionou essa lei aqui, dizendo-nos que
devemos guardar os Dez Mandamentos. Na verdade,
os mandamentos nesse versículo são mandamentos
do Novo Testamento, não da lei mosaica. São
mandamentos do Senhor Jesus dados diretamente
por Ele ou são aqueles dados por intermédio dos
apóstolos. No Evangelho de João o Senhor deu-nos o
mandamento definitivo de amarmos uns aos outros:
“Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos
outros; assim como eu vos amei, que também vos
ameis uns aos outros” (Jo 13:34). Esse mandamento
de amar uns aos outros foi dado pelo próprio Senhor
Jesus. Portanto, não é um mandamento do Velho
Testamento, mas um mandamento do Novo
Testamento. Outros mandamentos
neotestamentários foram dados pelo Senhor Jesus
indiretamente, por meio dos Seus apóstolos.
Se dissermos que conhecemos o Senhor na
experiência, à maneira do Novo Testamento, então
devemos guardar os mandamentos do Novo
Testamento. Mas se não guardamos esses
mandamentos, isso é um sinal de que na verdade não
O conhecemos, embora digamos que sim. De acordo
com as palavras de João no versículo 4, se dissermos
que O conhecemos, e, contudo, não guardarmos Seus
mandamentos, somos mentirosos, e a verdade não
está em nós.

GUARDAR SUA PALAVRA


No versículo 5 João continua: “Aquele,
entretanto, que guarda a sua palavra, nele
verdadeiramente tem sido aperfeiçoado o amor de
Deus. Nisto sabemos que estamos nele”. “Palavra”
aqui é sinônimo de “mandamentos” nos versículos 3
e4, pois a palavrainc1ui todos os mandamentos.
“Mandamentos” indicam ordens; “palavra” implica
em espírito e vida como suprimento para nós (Jo
6:63).
A palavra no versículo 5 é a totalidade, o
agregado, de todos os mandamentos. Não importa
quantos mandamentos existam; como um todo, esses
mandamentos são a palavra do Senhor. Portanto, no
versículo 5 João fala de guardar Sua palavra. Com
isso ele quis dizer guardar a palavra dita tanto pelo
próprio Senhor diretamente, quanto àquela falada
por intermédio dos apóstolos.
O AMOR DE DEUS APERFEIÇOADO EM NÓS
No versículo 5 João diz-nos que naquele que
guarda a palavra do Senhor o amor de Deus tem sido
aperfeiçoado. Nesse versículo a palavra grega para
amor é agape. Essa palavra denota o amor que é mais
elevado e mais nobre que phileo (ver notas 71 e 72 em
2 Pedro 1 — *versão Restauração). Apenas essa
palavra com suas formas verbais é usada para amor
nessa epístola. “O amor de Deus” aqui denota nosso
amor para com Deus, o qual é gerado pelo Seu amor
dentro de nós. O amor de Deus, a palavra do Senhor e
o próprio Deus estão todos relacionados um com o
outro. Se guardamos a pala,:ra do Senhor, o amor de
Deus tem sido aperfeiçoado em nós. E totalmente
uma questão da vida divina, a qual é o próprio Deus.
O amor de Deus é Sua essência interior, e a palavra do
Senhor supre-nos com essa essência divina, com a
qual amamos os irmãos. Portanto, quando
guardamos a palavra divina, o amor divino é
aperfeiçoado por meio da vida divina por intermédio
da qual vivemos.
A palavra “aperfeiçoado” é muito importante. A
palavra grega para “aperfeiçoado” é teleioo,
significando completar, cumprir, terminar. O amor
de Deus em si é perfeito e completo Nele mesmo.
Entretanto, em nós ele precisa ser aperfeiçoado e
completado na sua manifestação. O amor de Deus
foi-nos manifestado ao Deus enviar Seu Filho, a fim
de ser tanto propiciação quanto vida para nós
(4:9-10). Contudo, se não amarmos uns aos outros
com esse amor, tal qual ele nos foi manifestado, isto
é, se não o expressarmos, amando uns aos outros com
ele, assim como Deus no-lo expressou, esse amor não
será perfeita e completamente manifestado. Ele é
perfeito e completo em sua manifestação quando o
expressamos em nosso viver amando habitualmente
uns aos outros com ele. Nosso vi ver no amor de
Deus, tendo em vista uns aos outros, é o seu
aperfeiçoamento e completação quanto à sua
manifestação em nós. Assim, as pessoas podem ver
Deus manifestado em Sua essência de amor por
vivermos no Seu amor.
João conclui o versículo 5 dizendo: “Nisto
sabemos que estamos nele”. “Nele” refere-se ao
Senhor Jesus Cristo. “Nele” é uma expressão forte;
ela enfatiza que somos um com o Senhor. Por sermos
um com o Senhor, que é Deus, a essência do amor de
Deus torna-se nossa. Esta é-nos suprida por meio da
palavra da vida do Senhor para andarmos em amor
de modo que desfrutemos a comunhão da vida divina
e permaneçamos na luz (v. 10).
Ao lermos o versículo 5 podemos questionar se o
amor de Deus ali se refere ao amor de Deus ou ao
amor com o qual amamos a Deus. A versão chinesa
fala de nosso amor a Deus, ou do amor com o qual
amamos a Deus. No entanto, a tradução portuguesa
parece indicar que João se refere ao amor de Deus.
Se considerarmos o texto grego e também
prestarmos atenção ao contexto, perceberemos que
essa expressão no versículo 5 denota nosso amor para
com Deus. Entretanto, esse amor é gerado pelo amor
de Deus, o qual desfrutamos. Primeiramente
desfrutamos o amor de Deus; portanto, o amor de
Deus é nosso desfrute. Em seguida, o amor de Deus,
que é desfrutado por nós, produz em nós um amor
com o qual amamos a Deus. Esse é o amor de Deus
tornando-se nosso desfrute e produzindo dentro em
nós um amor por Deus. Por um lado, esse é o amor
com o qual amamos a Deus; por outro, esse amor é
produzido pelo amor de Deus, o qual é desfrutado por
nós.
Na verdade é muito difícil dizer a qual amor João
se refere no versículo 5. Vimos que esse amor é o
amor de Deus desfrutado por nós e ainda é o amor
produzido em nós com o qual amamos a Deus: O
amor vem de Deus para nós e torna-se nossa
experiência e desfrute. O resultado é que esse amor
produz em nós um amor para com Deus. Portanto,
esse amor provém de Deus, passa por nós e retoma a
Deus. Que amor maravilhoso e prático é esse!
O amor no versículo 5 é tanto o amor de Deus por
nós como nosso amor por Deus. Isso é o amor de
Deus tornando-se nosso amor por meio do nosso
desfrute do amor divino. Quando o amor de Deus
torna-se o nosso amor, temos dentro de nós um amor
para com Deus. Pela nossa experiência do amor de
Deus, o amor que Dele vem, agora volta a Ele.
Temos mostrado que no versículo 5 João fala
sobre o amor de Deus sendo aperfeiçoado naquele
que guarda Sua palavra. O amor de Deus em si é
absolutamente perfeito. Não há necessidade alguma
de que o amor de Deus seja aperfeiçoado, pois ele já é
perfeito e completo. Entretanto, o amor de Deus
torna-se o amor com o qual O amamos, e esse tipo de
amor realmente precisa ser aperfeiçoado. Amamos a
Deus por meio do amor que é gerado em nós pela
nossa experiência do amor divino. Embora possamos
ter esse amor e possamos amar a Deus com esse
amor, nosso amor ainda é muito limitado e está longe
de ser perfeito. Por isso, nosso amor por Deus
necessita ser aperfeiçoado. À medida que crescemos
na vida divina, nosso amor por Deus também cresce.
Nosso amor por Deus de fato não é nosso próprio
amor. Ainda é o amor de Deus, mas é o amor de Deus
tornando-se nossa experiência e produzindo em nós
amor por Deus. Por intermédio da nossa experiência
e desfrute do amor divino, nós amamos a Deus. Agora
esse amor precisa ser aperfeiçoado.
Creio que todos nós na restauração do Senhor
podemos dizer que amamos a Deus. Contudo, ainda
precisamos perguntar em que grau e extensão nós O
amamos. Alguns de nós podem ter um elevadíssimo
grau de amor pelo Senhor, mas esse amor não é
perfeito. Quero salientar o fato de que o amor de Deus
em si é perfeito. Mas o amor que é produzido em nós
por meio da nossa experiência e desfrute do amor de
Deus precisa crescer, aumentar e ser aperfeiçoado.
Em nosso estudo sobre 2:5 podemos ter duas
perguntas com respeito ao amor mencionado nesse
versículo: primeira, se esse amor é o amor de Deus ou
o nosso; segunda, por que o amor de Deus precisa ser
aperfeiçoado. Creio que agora temos as respostas
adequadas para ambas as perguntas.
Nesse versículo, o amor de Deus não é
mencionado em sentido objetivo; pelo contrário, João
fala do amor de Deus em sentido subjetivo. João se
refere ao amor de Deus tornando-se nosso desfrute,
de modo que produza em nós amor por Deus.
Portanto, agora sabemos que o amor de Deus aqui se
refere ao amor divino experimentado por nós e
tornando-se nosso amor por Deus.
Além disso, vimos que esse amor precisa ser
aperfeiçoado.
O amor de Deus visto no sentido objetivo não
necessita ser aperfeiçoado. No sentido subjetivo, na
experiência, porém, o amor de Deus realmente
precisa ser aperfeiçoado em nós. O amor com o qual
amamos a Deus, o amor produzido pelo nosso
desfrute do amor de Deus, certamente precisa ser
aperfeiçoado. Nosso amor para com Deus não é
completo, perfeito, absoluto. A despeito de quanto
amemos a Deus, nosso amor ainda não foi
aperfeiçoado. Portanto, precisamos que o nosso amor
por Deus seja aperfeiçoado, e aperfeiçoado ao
máximo.
ESTUDO-VIDA DE 1 JOÃO
MENSAGEM 16
AS CONDIÇÕES DA COMUNHÃO DIVINA (8)

Leitura da Bíblia: 1Jo 2:3-6


Nesta mensagem prosseguiremos considerando
2:3-6. Vimos que 2:1
e2sãoumaconclusãodapalavraem 1:5-10 com respeito
à nossa confissão e ao perdão de Deus para nossos
pecados. Confessar nossos pecados é a primeira
condição para nosso desfrute da comunhão da vida
divina. De acordo com 2:311, a segunda condição é
que guardemos a palavra do Senhor e amemos os
irmãos.

UM SINAL INDICATIVO DE QUE ESTAMOS


NO SENHOR
Em 2:5 João diz: “Mas qualquer que guarda a sua
palavra, o amor de Deus está nele verdadeiramente
aperfeiçoado: nisto conhecemos que estamos nele”
(VRC). A palavra “nisto” na última sentença refere-se
à questão de guardar a palavra do Senhor e ter o amor
de Deus aperfeiçoado em nós. A palavra “nele”
refere-se a estarmos no Senhor Jesus Cristo. Essa é
urna expressão forte, pois ela dá ênfase ao fato de que
somos um com o Senhor.
Se lermos o texto desses versículos,
perceberemos que é urna questão importante ter um
sinal indicando que estamos no Senhor. Como
podemos provar que estamos no Deus Triúno? Qual é
a evidência de que verdadeiramente estamos Nele? O
primeiro sinal de que estamos Nele é que conhecemos
Deus experiencialmente em nossa vida diária.
Quando João fala sobre conhecer Deus (v. 3), ele
fala sobre conhecê-Lo, não doutrinariamente, mas
experimentalmente, guardando Seus mandamentos.
Não devemos meramente conhecer em doutrina que
Deus é poderoso e que Ele criou os céus e a terra.
Precisamos conhecer Deus na experiência, de
maneira que afete nosso vi ver diário. As pessoas
podem querer saber por que você não toma parte em
certas diversões mundanas. A razão de não participar
deve ser porque você conhece Deus; você O conhece
em Sua natureza santa. Porque a natureza santa de
Deus não lhe permite participar naquela forma de
diversão, você se abstém dela. Da mesma forma, se
conhecermos Deus quanto à Sua natureza, isso
afetará a maneira de fazermos nossas compras.
Conhecer a Deus dessa forma fará com que sejamos
sinceros com as pessoas. Por conhecermos o Senhor
na Sua natureza de sinceridade, não vamos querer ser
políticos. Portanto, a razão de nos conduzirmos e
termos nossa pessoa de determinada maneira não
deve ser meramente por seguirmos os ensinamentos
exteriores da Bíblia, mas muito mais por
conhecermos a natureza e o caráter de Deus e por
vivermos de acordo com o que Deus é.
Algumas vezes as pessoas tentam convencer você
de que não há necessidade de sertão rigoroso em seu
viver. Eles podem dizer-lhe, por exemplo, que não há
nada de errado em gastar algum tempo
entregando-se a algum tipo de divertimento. Você
pode querer responder-lhes dizendo: “Eu não vejo
isso como uma questão de certo ou errado. Meu
testemunho é que conheço meu Deus. Tenho um
Deus vivo habitando em mim, e eu estou Nele e sou
um com Ele organicamente. Isso significa que Sua
natureza torna-se minha e o que Ele é torna-se minha
constituição. Como resultado, conheço-O subjetiva e
experiencialmente. Essa é a razão de eu não poder
conduzir-me como as outras pessoas. Os incrédulos
não O têm, e, é claro, eles não O conhecem, tampouco
O experimentam. Você sabe por que me porto desta
maneira? É porque O tenho, conheço-O e O desfruto.
O Senhor não é apenas minha vida — Ele é tudo para
mim. Eu não vivo de acordo com determinadas regras
ou requisitos. Isso é uma questão da vida divina no
meu interior. O Senhor habita em mim, e eu O
conheço na experiência”.

O PALADAR DA NATUREZA DIVINA


Estar no Senhor Jesus é ser um com Ele
organicamente. Não é ser um com Ele meramente de
forma doutrinária. Quando somos organicamente um
com o Senhor, Ele é nossa vida e até mesmo torna-se
nossa natureza.
Todo tipo de vida tem sua natureza
característica. Com a natureza da vida Divina há um
certo paladar. Por termos o Senhor como nossa vida e
por desfrutarmos Sua natureza, também possuímos o
paladar que vem da natureza divina. No entanto,
qualquer um que não tenha a natureza divina não
pode ter o paladar divino. Mas por termos o paladar
da natureza divina, simplesmente não conseguimos
fazer certas coisas.
Para ilustrar o que desejamos dizer com paladar
da natureza Divina, podemos considerar o que ocorre
quando algo de sabor amargo é colocado na boca de
um bebê. Não é necessário ensinar-lhe a não comer
algo amargo. Logo que uma substância amarga é
colocada na bocado bebê, ele irá lançá-la fora. A
criança não se porta de acordo com as regras
aprendidas de sua mãe. Não há necessidade de que
uma mãe ensine seu bebê a não comer coisas
amargas. Na vida de seu bebê há uma natureza que
rejeita coisas de sabor amargo. De semelhante modo,
há na natureza divina um paladar característico que
nos leva a rejeitar aquelas coisas que são contrárias à
natureza Daquele que vive em nós.

CONHECER A DEUS SUBJETIVAMENTE


Não conhecemos a Deus meramente de forma
objetiva, doutrinária. É dessa forma que os judeus
conhecem a Deus. Eles conhecem a Deus
objetivamente, à parte de qualquer experiência
subjetiva Dele. Isso significa que eles não têm
nenhuma experiência interior do Deus subjetivo. Mas
por sermos os que nasceram de Deus e possuem a
vida de Deus, nós O conhecemos não apenas
objetivamente, mas em particular O conhecemos
subjetiva e experiencialmente.
Por conhecermos nosso Deus dessa maneira, não
conseguimos falar certas coisas, fazer determinadas
coisas ou ir a certos lugares. As pessoas podem até
nos difamar e fazer-nos falsas acusações. Entretanto,
por conhecermos a Deus subjetivamente, muitas
vezes não teremos qualquer desejo de justificar-nos
ou defender-nos. Não importa o que as pessoas
digam, sabemos que temos a vida divina. Temos Deus
dentro de nós como nossa vida e natureza. Por fim,
Este que habita em nós será expresso em nosso
caráter e conduta. É dessa maneira que conhecemos
Deus na experiência, e esse conhecimento é um forte
sinal de que estamos Nele e somos um com Ele.
Em nosso comportamento e modo de falar,
devemos carregar um sinal de que estamos em Deus.
Não devemos falar com as pessoas da mesma forma
que os incrédulos. Se o seu marido ou esposa, filhos,
vizinhos e colegas de classe ou de serviço não
conseguem ver um sinal de que você se comporta de
acordo com a experiência de Deus, então há uma
dúvida quanto a você estar ou não verdadeiramente
em Deus. Agradecemos ao Senhor porque os que
estão na restauração do Senhor realmente têm em
sua vida diária o testemunho de que estão em Deus.
Carregamos um sinal de que estamos em Deus, muito
embora algumas vezes estejamos fracos e falhemos
com Ele. Agradecemos ao Senhor por termos alguma
evidência, algum sinal em nosso andar diário de que
estamos em Deus. Esse sinal é um indício de que
conhecemos o Senhor em experiência. Por
conhecê-Lo assim, espontaneamente guardamos Seus
mandamentos.

PERMANECER NELE
Em2:6Joãoprosseguedizendo: “Aquele que diz
que permanece nele, esse deve também andar assim
como ele andou.” Estar em Cristo é o início da vida
cristã. Isso foi realizado por Deus uma vez por todas
(1Co 1:30). Permanecer Nele é a continuação da vida
cristã. Isso é da nossa responsabilidade em nosso
andar diário, um andar que seja uma cópia do andar
de Cristo na terra.
Por Deus nos ter colocado em Cristo uma vez por
todas, nós agora devemos assumir a responsabilidade
de permanecer Nele. Permanecer Nele é na verdade
ter comunhão com Ele. Do lado negativo, isso requer
que tratemos com nossos pecados; do positivo, requer
que guardemos Sua palavra.

AMAR A DEUS E AOS IRMÃOS


De acordo como contexto desses versículos, a
palavra do Senhor se refere aos Seus mandamentos.
Seus mandamentos são para amar a Deus e aos
irmãos. Amamos o Pai que nos gerou, e amamos
todos Seus filhos, todos os que nasceram Dele.
Quando permanecemos no Senhor, tendo
comunhão com Ele, nosso permanecer Nele
espontaneamente resulta no amor por Deus e pelos
irmãos. Portanto, a segunda condição, o segundo
requisito da comunhão é que amemos a Deus e aos
irmãos.
A palavra grega usada para amor no versículo 5 é
agape.
Essa palavra denota um amor mais elevado e
mais nobre do que o indicado pela palavra grega
phileo. Nessa epístola, para amor é usada somente a
palavra agape, com suas formas verbais. Nesse
versículo “o amor de Deus” aponta nosso amor para
com Deus, o qual é gerado pelo Seu amor dentro de
nós. a amor de Deus, a palavra do Senhor, e o próprio
Deus estão todos relacionados entre si. Se guardamos
a palavra do Senhor, o amor de Deus tem sido
aperfeiçoado em nós. Isso é totalmente uma questão
da vida divina, e essa vida é o próprio Deus.
a amor de Deus é Sua essência interior, e a
palavra do Senhor supre-nos com essa essência
divina, com a qual amamos os irmãos. A palavra em si
não é essa essência ou substância. A palavra é o que
transmite essa essência e no-la supre. Portanto, a
palavra supre-nos com a própria essência de Deus, a
qual é o amor divino. Como resultado, temos algo
substancial dentro de nós de que podemos participar
e que podemos desfrutar. Isso significa que, por fim, a
essência do ser de Deus toma-se nosso desfrute.
Então, a partir desse desfrute haverá um resultado
nosso amor por Deus e pelos Seus filhos.

NÃO AMAR COM NOSSO AMOR NATURAL


Não devemos amar a Deus e aos Seus filhos com
nosso amor natural. Pelo contrário, nosso amor
natural precisa ser colocado na cruz. Devemos amar a
Deus e aos Seus filhos com o amor Divino, o amor que
nos é transmitido por meio da palavra do Senhor e se
toma nossa experiência e desfrute.
Muitos dos cristãos entendem a Bíblia de um
modo natural, religioso ou ético. Isso é
particularmente verdade no que diz respeito ao
requisito de amar a Deus, aos irmãos e ao próximo.
Quando jovem ouvi acerca de amar os irmãos e o
próximo. Hoje os cristãos falam muito sobre amar os
irmãos ou sobre amar o próximo. Certa vez quando
estive em Houston para uma conferência, uma
senhora aproximou-se de mim após a reunião e disse
com firmeza: “As pessoas neste país não sabem amar
os outros. Você deveria viajar para diferentes lugares
e ensinar aos cristãos a amarem uns aos outros.”
Sim, a Bíblia realmente nos diz que devemos
amar uns aos outros e amar ao próximo como a nós
mesmos. Entretanto, não é a intenção de Deus
ordenar-nos que amemos os outros com nosso amor
natural. Em vez disso, Deus deseja que a amemos e a
Seus filhos com o amor divino que temos desfrutado.

O AMOR DE DEUS TORNA-SE NOSSO AMOR


Eis a razão de o versículo 5 dizer que o amor de
Deus tem sido aperfeiçoado em nós. Por um lado,
esse amor é o amor de Deus; por outro, esse amor,
tendo sido experimentado e desfrutado por nós,
toma-se o nosso amor por Deus e pelos irmãos.
Como pode o nosso amor por Deus ser chamado
de amor de Deus? Porque esse amor não é nosso
amor, mas é o amor de Deus. No entanto, esse não é o
amor de Deus objetivo; é o amor de Deus
experimentado por nós subjetivamente. Esse é o
amor de Deus tomando-se nosso amor por meio da
nossa experiência e desfrute Dele. Esse amor
toma-se, então, o nosso amor por Deus e pelas
pessoas.
Deus quer que a amemos com Seu amor. Ele
também quer que amemos Seus filhos, e mesmo o
mundo inteiro, com Seu amor. Primeiramente
precisamos desfrutar o amor de Deus e experimentar
Seu amor até o ponto que ele nos encha, sature-nos e
tome-se nossa própria essência, levando-nos a ficar
permeados com o amor de Deus. Então, com esse
amor amaremos a Deus, amaremos aos filhos de Deus
e amaremos a todas as pessoas. Não os amamos com
nosso amor natural; nós os amamos com o amor de
Deus que experimentamos e desfrutamos. Louvado
seja o Senhor por tal amor maravilhoso! Esse é o
amor revelado na Primeira Epístola de João.
Essa experiência do amor de Deus é inteiramente
uma questão na comunhão da vida Divina. Se não
desfrutamos Deus na comunhão da vida divina, não
conseguimos ter tal amor.

AMAR AS PESSOAS COM O AMOR DE DEUS


Se experimentarmos o amor de Deus, teremos a
profunda percepção de que nosso amor natural é uma
coisa e o amor de Deus, o qual se torna nosso amor
por meio da experiência, é algo bem diferente. Uma
diferença entre o amor de Deus e o nosso amor
natural é a facilidade com que nosso amor natural fica
ofendido.
Quando amamos as pessoas, ficamos envolvidos
com elas.
Por essa razão, é freqüente acontecer o caso em
que os que amamos de forma natural por fim venham
a ser nossos inimigos. Pelo fato de o amor natural
poder chegar a tal resultado, os que são sábios,
humanamente falando, não se apressam e são
cuidadosos em amar os outros. Eles percebem que se
amarem as pessoas de maneira tola, mais cedo ou
mais tarde esse amor causará problemas. Muitos
divórcios e separações são resultado de um tolo amor
natural que é facilmente ofendido e termina em
inimizade. Por exemplo, um homem e uma mulher
podem ter-se conhecido há pouco. Logo depois estão
casados. Em seguida, depois de um curto período
estão separados ou divorciados. No início eles se
amavam, mas pouco depois de terem-se casado
tornaram-se inimigos. Esse é o resultado de amar um
ao outro de um modo natural. Se nunca tivessem se
amado de forma natural, não teriam se tornado
inimigos.
É muito improvável que considere como seu
inimigo uma pessoa desconhecida que você vê
andando na rua. Os que se tornam seus inimigos
freqüentemente são os que você ama de maneira
natural. Essa é a razão de alguns exercitarem sua
sabedoria humana sendo muito cautelosos em amar
os outros. Eles percebem que amar os outros de modo
natural termina em problemas. Para evitar esses
problemas, eles são muito tardios em amar os outros.
O ponto que desejo mostrar aqui é que
precisamos ser cuidadosos para não amar as pessoas
pelo nosso amor natural; pelo contrário, nosso amor
natural deve ser colocado na cruz. Precisamos amar
as pessoas por meio do amor de Deus que
experimentamos e desfrutamos. Se experimentarmos
o amor de Deus, amaremos a Deus comesse amor.
Também amaremos os irmãos com esse mesmo
amor. Esse tipo de amor não causa problemas. Que
todos possamos ver que precisamos amar a Deus e às
pessoas com o amor divino que se tornou nossa
experiência e desfrute.

O VOCABULÁRIO BÁSICO DE JOÃO


Até aqui vimos dezesseis versículos de 1 João, dez
versículos do capítulo 1 e seis do capítulo 2. Nestes
versículos podemos ver muitos itens do vocabulário
básico de João: a Palavra, vida, o Pai, o Filho,
comunhão, alegria, luz, verdade, a fidelidade de Deus,
a justiça de Deus, confissão, perdão, purificação e o
sangue. Todos eles são assuntos positivos. Do lado
negativo temos o pecado, os pecados, injustiça, trevas
e mentira. Todos esses termos são encontrados no
capítulo 1. No capítulo 2 temos o Advogado, a
propiciação, a palavra ou mandamento e o amor. Eu
os encorajo a orar-ler todos esses termos. Quanto
mais tomamos a palavra com oração, mais
percebemos quão ricos eles são. Louvado seja o
Senhor pelo sangue, pela fidelidade de Deus, pela
justiça de Deus, pelo Seu perdão e pela Sua
purificação! Louvado seja Ele pela Palavra, pela vida,
pela comunhão, pela alegria, pela luz e pela verdade!
Louvado seja Ele também pelo Advogado, pela
propiciação, pela palavra como mandamento e pelo
amor de Deus!
ESTUDO-VIDA DE 1 JOÃO
MENSAGEM 17
AS CONDIÇÕES DA COMUNHÃO DIVINA (9)

Leitura da Bíblia: 1Jo 2:7-11


Nesta mensagem consideraremos 2:7-11, a
última porção da Primeira Epístola de João que diz
respeito às condições da comunhão divina.

UM ANTIGO MANDAMENTO
No versículo 7 João diz: “Amados, não vos
escrevo mandamento novo, senão mandamento
antigo, o qual desde o princípio tivestes. Esse
mandamento antigo é a palavra que ouvistes.” O
“mandamento antigo” referido aqui é o mandamento
dado pelo Senhor em João 13:34: “Novo mandamento
vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu
vos amei, que também vos ameis uns aos outros.”
Este mandamento é a palavra que os crentes ouviram
e tiveram desde o princípio.
No versículo 7 a frase “desde o princípio” é usada
no sentido relativo. Já mostramos que essa frase é
empregada duas vezes no Evangelho de João, oito
vezes nessa epístola e duas vezes em 2 João. Em João
8:44; 1 João 1:1; 2:13-14; e 3:8, ela é usada no sentido
absoluto; enquanto em João 15:27; 1 João 2:7, 24
(duas vezes); 3:11; e2João5, 6; ela é usada no sentido
relativo. João não estava escrevendo um novo
mandamento aos crentes; ele escrevia um antigo
mandamento, o qual tinham desde o princípio, isto é,
da época em que o Senhor Jesus estava na terra e
deu-lhes o mandamento de amar uns aos outros.
Aquele antigo mandamento é a palavra que eles ou
viram.
O mandamento do Senhor é a Sua palavra. Isso
significa que Seu mandamento não é meramente uma
regra; o mandamento do Senhor é também uma
palavra que transmite o suprimento de vida. Em João
6:63 o Senhor Jesus disse: “As palavras que eu vos
tenho dito, são espírito e são vida.” Portanto, em2:7
“a palavra” indica o suprimento de vida. Tudo o que o
Senhor fala é uma palavra que nos supre de vida e
espírito. O que o Senhor diz pode também ser uma
regra exigindo que façamos determinada coisa.
Contudo, uma vez que essa regra seja algo proferido
pelo Senhor, algo que procede de Sua boca, é uma
palavra que nos supre de vida. Portanto, sempre que
tomamos a palavra do Senhor e a guardamos,
recebemos o suprimento de vida.

O ANTIGO MANDAMENTO TORNA-SE NOVO


No versículo 8 João prossegue dizendo:
“Todavia, vos escrevo novo mandamento, aquilo que
é verdadeiro nele e em vós, porque as trevas se vão
dissipando e a verdadeira luz já brilha.” O
mandamento do amor fraternal é tanto antigo como
novo: antigo, porque os crentes o têm desde o
princípio de sua vida cristã; novo, porque no andar
cristão ele amanhece com nova luz e brilha com novo
fulgor e renovado vigor repetidas vezes.
O pronome relativo “que” no versículo 8 é de
gênero neutro. Ele não se refere a “mandamento”,
que é do gênero feminino (grego). Ele deve referir-se
ao fato de que o antigo mandamento sobre o amor
fraternal é novo no andar cristão dos crentes. Isso é
verdadeiro no Senhor, visto que Ele não somente o
deu aos Seus crentes, como também o renova em seu
andar diário todo o tempo. Isso é também verdade
com os crentes, uma vez que eles não somente o
receberam uma vez por todas, mas também são
iluminados e refrescados por ele repetidamente.
No versículo 8 João diz-nos que as trevas se vão
dissipando e que a verdadeira luz já brilha. O dissipar
das trevas é o seu desaparecimento diante do brilho
da verdadeira luz. A verdadeira luz é a luz do
mandamento do Senhor. Devido ao fato de essa luz
brilhar, o mandamento do amor fraternal começa a
raiar em meio às trevas e toma o antigo mandamento
novo e fresco por toda a vida cristã.
Muitos que lêem os versículos 7 e 8 ficam
incomodados com o que João diz sobre o antigo
mandamento e o novo mandamento. No versículo 7
ele diz que não escreve um novo mandamento, mas
um mandamento antigo. No versículo 8, porém, ele
diz que escreve um novo mandamento. Como pode
um antigo mandamento ser um novo mandamento?
O novo mandamento é outro diferente, ou é o antigo
que se toma novo? Se lermos esses versículos
cuidadosamente, dentro do contexto, veremos que,
na verdade, o mandamento antigo e o novo são um. A
razão para isso é que o mandamento é a palavra do
Senhor, e a palavra do Senhor amanhece como um
novo dia, quando o sol nasce de manhã. Quando o sol
nasce, o brilho do sol dissipa as trevas. As trevas da
noite sempre desaparecem com o brilho do sol
matutino. Aqui João indica que o mandamento do
Senhor, como Sua palavra viva, brilha como o sol no
romper do dia, e esse brilho dissipa as trevas.
Quando qualquer tipo de mandamento humano é
dado, aos poucos ele vai-se tornando velho. Os
mandamentos humanos não são vivos. Por não serem
vivos, tais mandamentos nunca alvorecem e jamais
brilham. No entanto, o mandamento dado pelo
Senhor é a Sua palavra viva. Porque o Seu
mandamento é Sua palavra viva, essa palavra brilha.
Quando essa palavra viva amanhece nas trevas, ela
rompe o dia com luz celestial. O brilho da luz celestial
faz novas as coisas velhas. Faz, especialmente, o
antigo mandamento ficar novo, fresco e cheio de luz.
Talvez você esteja familiarizado com o princípio
de que o brilho da luz indica novidade. Suponha que
você apague a luz de um quarto por algum tempo.
Quando a acender novamente, espontaneamente terá
a sensação de novidade. O brilho da luz traz-nos essa
sensação de novidade. Toda vez que a luz brilha, ela
traz uma nova situação.
Devido ao fato de as palavras humanas serem
mortas, elas não podem brilhar e, portanto, não
podem conceder-nos um novo começo. Mas o
mandamento do Senhor, como Sua palavra viva,
sempre nos dá um novo começo, pois Sua palavra
brilha mais uma vez e com novo frescor repetidas
vezes.
Muitos de nós podem testificar que temos
experimentado o brilho da palavra do Senhor dessa
maneira. Por exemplo, em João 13:34, o Senhor Jesus
nos ordena que nos amemos uns aos outros. Podemos
testificar que muitas vezes esse mandamento
tomou-se novo e fresco em nossa vida cristã. Por
todos os anos em que temos sido cristãos,
freqüentemente essa antiga regra tem-se-nos tomado
uma palavra fresca. Sempre que contatamos o Senhor
e Seu antigo mandamento amanhece em nossas
trevas, a luz brilha. Juntamente com essa luz temos a
novidade. Essa é a maneira como o antigo
mandamento pode ser um novo mandamento. O
antigo mandamento toma-se novo porque é uma
palavra viva e resplandecente. Esse resplendor toma
o antigo mandamento novo e fresco.
Agora podemos entender por que o apóstolo
João diz: “Não vos escrevo mandamento novo, mas o
mandamento antigo (...) Outra vez vos escrevo um
mandamento novo” (VRC). Nestes versículos João
parece estar dizendo: “Eu creio que o que lhes escrevo
está resplandecendo sobre vocês e está tragando as
trevas. As trevas agora estão se desvanecendo,
dissipando-se no brilho desta nova luz.”

VERDADEIRO NELE E EM NÓS


No versículo 8 João diz que o fato de o antigo
mandamento do amor fraternal ser novo no andar
cristão dos crentes é verdadeiro tanto no Senhor
como em nós. Isso é verdadeiro no Senhor, porque
Ele deu o mandamento e Ele renova e refresca esse
mandamento. Isso também é verdadeiro em nós
porque não apenas temos recebido o antigo
mandamento, como também temos uma nova e
fresca iluminação deste mandamento. Sob esse
iluminar, temos a consciência de que essa palavra nos
é nova e refrescante. Essa palavra até mesmo faz-nos
novos. Portanto, isso é verdadeiro em nós porque as
trevas se vão dissipando e a verdadeira luz já brilha.
Que é essa verdadeira luz? É a luz na palavra do
Senhor que brilha sobre nós. Esse brilho pode ser
comparado ao raiar de um novo dia.

LUZ E TREVAS
No versículo 9 João continua: “Aquele que diz
estar na luz e odeia a seu irmão, até agora está nas
trevas.” Luz é a expressão da essência de Deus e a
fonte da verdade. O amor divino está relacionado à
luz divina. O amor divino é contrário ao ódio
satânico, o qual tem relação com as trevas satânicas.
Odiar um irmão no Senhor é um sinal de estar em
trevas (v. 11). De semelhante modo, amar um irmão é
um sinal de permanecer na luz (v. 10).
No capítulo 1 dessa epístola, João fala sobre luz e
trevas com relação à primeira condição da comunhão
divina. Quando fala sobre a segunda condição no
capítulo 2, ele também menciona luz e trevas. O ódio
é um sinal de que estamos em trevas, enquanto o
amor é um sinal de que estamos na luz.
No versículo 10 João prossegue dizendo: “Aquele
que ama a seu irmão, permanece na luz e nele não há
nenhum tropeço.” Permanecer na luz depende de
permanecer no Senhor (v. 6), a partir do qual resulta
o amor para com os irmãos. O tropeço vem da
cegueira, e a cegueira vem das trevas.
Ambas as condições da comunhão divina
dependem da luz divina. Se não estivermos na luz
divina, estaremos automaticamente desligados da
comunhão da vida divina. Sempre que estamos sem
luz, estamos automaticamente em trevas. Toda vez
que a luz desvanece, as trevas estão presentes. Assim
também, ao permanecermos na luz divina, as trevas
dissipam-se.
A ausência da luz divina é um forte sinal de que
não estamos na comunhão divina. No capítulo 1, com
respeito à primeira condição da comunhão divina,
estarmos na luz ou nas trevas é determinado pelo fato
de tratarmos ou não com o pecado. Se pecamos,
estamos em trevas. Mas se tratamos com o pecado
confessando-o, experimentando o perdão e o
purificar de Deus, estaremos na luz. No capítulo 2,
com relação à segunda condição da comunhão divina,
se estamos nas trevas ou na luz é determinado pelo
fato de amarmos ou não os irmãos. Se odiamos,
estamos em trevas. Mas se amamos, estamos na luz.
Quando estamos na luz, então estamos na comunhão
divina. Mas se estamos em trevas, nada temos a. ver
com essa comunhão.
No versículo 11 João diz: “Aquele, porém, que
odeia a seu irmão, está nas trevas, e anda nas trevas, e
não sabe para onde vai, porque as trevas lhe cegaram
os olhos.” Em João 12:35 e40, as trevas são o
resultado da cegueira; aqui elas são a causa da
cegueira. As trevas conduzem à cegueira, e a cegueira
é a causa do tropeço. Como é possível que um cristão
venha a tropeçar? Ele pode tropeçar por causa da
cegueira que provém das trevas. As trevas são o
resultado da interrupção de nossa comunhão. Sempre
que a nossa comunhão na vida divina é quebrada,
imediatamente estamos em trevas. Essas trevas
causam a cegueira. Então é fácil tropeçarmos.

MANTER A COMUNHÃO DIVINA POR


CUMPRIR AS DUAS CONDIÇÕES
Em 1:5 — 2:11 temos as condições da comunhão
divina. A primeira condição é a confissão de nossos
pecados, e a segunda é amar a Deus e aos irmãos.
Para que confessemos nossos pecados, precisamos
perceber que ainda temos o pecado habitando em
nossa carne e é sempre possível pecarmos. Sempre
que pecamos, precisamos confessar nosso pecado.
Nossa confissão é baseada nas provisões de Deus: o
sangue de Jesus, a fidelidade e justiça do nosso Deus
fiel e justo, o Advogado, e Cristo como nossa
propiciação. Por meio dessas provisões podemos
desfrutar a restauração de nossa comunhão. Essa
restauração da comunhão é totalmente baseada na
propiciação. Na verdade, a propiciação é em si a
comunhão restaurada. Tendo a propiciação como
base, podemos conversar com Deus e Ele conosco.
Temos, então, um tráfego de mão dupla para um
mútuo desfrute entre nós e Deus. Essa é a primeira
condição para mantermos a comunhão Divina.
Já salientamos o fato de que a segunda condição
é amar a Deus e aos irmãos. Para cumprirmos essa
condição, precisamos conhecer a Deus contínua e
experiencialmente. Não é suficiente conhecer a Deus
de vez em quando, e não O conhecemos de uma vez.
Precisamos conhecê-Lo na experiência, vivendo
continuamente na vida Divina. Nossa vida diária
deveria ser uma vida de conhecer a Deus
constantemente, pois nossa vida deveria ser uma vida
de viver Deus. Uma vez que vivamos Deus, vamos
constantemente conhecê-Lo.
Posso testificar pela experiência que sempre que
falo, tenho a oportunidade de conhecer a Deus. Ao
dar uma mensagem, meu desejo é falar em Deus e
com Deus. Algumas vezes, entretanto, determinada
palavra está prestes a sair de minha boca. Então
percebo que preciso engoli-la, pois o próprio Deus em
quem falo e com quem falo regula o meu falar. Não
quero falar em mim mesmo, mas em Deus. Não
consigo dizer-lhes o quanto conheci Deus na questão
do meu falar. Sempre que falo, conheço a Deus. Falar
é sempre uma oportunidade de ouro para eu
experimentá-Lo.
Se desejamos experimentare desfrutar o amor
divino e tê-lo transformado no amor, pelo qual
amamos a Deus e as pessoas, precisamos conhecer a
Deus na experiência. Esse é o requisito básico para
que o amor de Deus se torne o nosso amor.
Se continuamente conhecermos a Deus de modo
experiencial, automaticamente guardaremos os
mandamentos do Senhor. Quando conhecemos a
Deus, guardamos o mandamento do Senhor. Guardar
o mandamento do Senhor significa tomar Sua
palavra. Já mostramos que a palavra do Senhor não é
mera ordem ou regra; ela nos é também suprimento
de vida. A palavra do Senhor sempre supre vida ao
nosso espírito. Isso pode ser provado pela nossa
experiência. Sempre que recebemos a palavra do
Senhor e a colocamos em prática, imediatamente
temos o suprimento de vida em nosso interior.
A palavra do Senhor é diferente da lei mosaica. A
lei mosaica é uma regra com exigências e requisitos,
mas sem qualquer suprimento. Entretanto, tudo o
que o Senhor nos ordena no Novo Testamento é uma
palavra supridora. Seu suprimento de vida dá apoio
ao Seu mandamento. Seu mandamento não é mera
regra exigindo que façamos algo; é também uma
palavra que sempre supre tudo o que exige. A palavra
do Senhor até mesmo nos supre com o próprio
Senhor como vida e como o Espírito. Portanto,
podemos experimentá-Lo e desfrutá-Lo. Se nós O
conhecermos, guardaremos Sua palavra. Guardando
Sua palavra, desfrutamos Seu suprimento.
Quando guardamos a palavra do Senhor e
recebemos Seu suprimento, o amor de Deus é
aperfeiçoado em nosso interior. Isso significa que no
momento em que recebemos o suprimento da palavra
do Senhor, o amor de Deus torna-se nosso desfrute, e
tal desfrute resulta em amor por Deus e pelos irmãos.
Se quisermos cumprir a segunda condição da
comunhão Divina — o requisito de amar a Deus e aos
irmãos — devemos conhecer a Deus. Se O
conhecermos, guardaremos Sua palavra. Se
guardarmos Sua palavra, receberemos Seu
suprimento de vida. Então o amor de Deus será
aperfeiçoado em nós. Nossa experiência e desfrute do
amor de Deus resultarão no amor por Deus e pelos
irmãos. Esse é o cumprimento do segundo requisito
para manter a comunhão Divina.
As duas condições da comunhão divina envolvem
o pecado do lado negativo e o amor do lado positivo.
Do lado negativo, precisamos tratar com o pecado; do
lado positivo, precisamos exercitar-nos em amar a
Deus e aos irmãos. Portanto, o pecado precisa ser
tratado e o amor precisa ser aperfeiçoado. Se
tratarmos com o pecado e exercitarmo-nos em amar a
Deus e aos irmãos, estaremos cumprindo as
condições para nos guardar na comunhão da vida
divina.
ESTUDO-VIDA DE 1 JOÃO
MENSAGEM 18
AS CONDIÇÕES DA COMUNHÃO DIVINA (10)

Leitura da Bíblia: 1 102:3-11


Nas mensagens sobre as condições da comunhão
divina, vimos que há duas condições ou exigências
para manter essa comunhão. A primeira exigência,
descrita em 1:5 — 2:2, é a confissão de pecados. A
segunda, descrita em 2:3-11, é amar a Deus e aos
irmãos. Por conseguinte, se quisermos manter nossa
comunhão com Deus, precisamos tratar com o
pecado e precisamos amar a Deus e aos irmãos.
Nos versículos 9 e 11 do capítulo 2, João diz que
aquele que odeia a seu irmão está nas trevas e anda
nas trevas. No versículo 10 ele diz: “Aquele que ama a
seu irmão, permanece na luz e nele não há nenhum
tropeço.” Nestes versículos João dá ênfase a amar os
irmãos. Meu encargo nesta mensagem é considerar
por que João indica que a última exigência para
manter a comunhão divina é amar os irmãos.

O OBJETIVO DA COMUNHÃO DIVINA


Para compreendermos por que amar os irmãos é
o termo, a condição ou exigência final da comunhão
divina, precisamos compreender qual é o propósito
da comunhão divina. Qual é o objetivo da comunhão
divina? Nessa comunhão desfrutamos as riquezas da
vida divina; mas para que propósito desfrutamos
essas riquezas nesta comunhão? O desfrute das
riquezas da vida divina na comunhão divina é para a
vida da igreja. É de importância crucial vermos que o
alvo da comunhão divina é a vida da igreja.

A Comunhão dos Apóstolos


Em 1:3 João diz: “O que temos visto e ouvido
anunciamos também a vós outros, para que vós
igualmente mantenhais comunhão conosco. Ora, a
nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus
Cristo.” Neste versículo os pronomes “nós” (oculto) e
“conosco” referem-se aos apóstolos. Os apóstolos têm
visto e ouvido com respeito à vida eterna. Eles
anunciam isso aos crentes, a fim de que estes
mantenham comunhão com os apóstolos. Devido ao
fato de a comunhão descrita em 1:3 ter sido
inicialmente a porção dos apóstolos no desfrute do
Pai e do Filho por meio do Espírito (2Co 13:13), ela é
chamada de comunhão dos apóstolos (At2:42) e “a
nossa comunhão” (dos apóstolos). Os apóstolos são
os representantes da igreja. Assim, sempre que o
Novo Testamento fala sobre os apóstolos, a igreja está
implícita, pois os apóstolos representam a igreja. Esse
princípio ainda estará em vigor na Nova Jerusalém.
Com relação à Nova Jerusalém, Apocalipse 21:14 diz:
“A muralha da cidade tinha doze fundamentos, e
estavam sobre estes os doze nomes dos doze
apóstolos do Cordeiro.” Os apóstolos representam
todos os santos da igreja. Devido aos apóstolos
representarem a Igreja e devido à comunhão da vida
divina ser chamada de comunhão dos apóstolos,
podemos dizer que essa comunhão é para a vida da
igreja.

A Comunhão do Espírito
Em 1:3 João diz que a comunhão que os
apóstolos têm é com o Pai e com Seu Filho Jesus
Cristo. Portanto, essa comunhão envolve os apóstolos
e também o Pai e o Filho. Apenas o Pai e o Filho são
mencionados aqui, o Espírito não, porque o Espírito
está implícito na comunhão. No entanto, em outros
lugares é-nos dito claramente que essa comunhão é “a
comunhão do Espírito Santo” (2Co 13:13). A
comunhão Divina é a comunhão dos apóstolos, os
representantes da igreja, e também a comunhão entre
esses apóstolos como os representantes da igreja e o
Pai e o Filho. O fato de a comunhão divina ser
também uma comunhão do Espírito significa que tal
comunhão é realizada pelo Espírito. Essa comunhão
não é simplesmente com o Espírito; ela também é do
Espírito. Isso quer dizer que ela é a comunhão do
Espírito e é realizada pelo Espírito.
Acabamos de enfatizar o que significa dizer que a
comunhão divina é a comunhão do Espírito Na
verdade, o próprio Espírito é a comunhão. Isso
significa que a comunhão não somente é cumprida
pelo Espírito, mas também que o Espírito é a
comunhão que é levada a cabo.
Uma vez mais podemos usar a eletricidade como
ilustração da comunhão divina. A eletricidade flui da
usina de força para o local de reuniões da igreja.
Como resultado, quando o interruptor é ligado, todas
as luzes do teto têm “comunhão” na corrente, no fluir
da eletricidade. É a corrente elétrica que realiza essa
comunhão. Entretanto, é mais adequado dizer que na
verdade a própria corrente é a comunhão. Se não
houvesse nenhuma corrente elétrica, não haveria
nenhuma comunhão. A corrente elétrica é a
comunhão da eletricidade, e essa comunhão inclui a
usina de força, o local de reuniões e as lâmpadas.
Hoje, a comunhão divina é a comunhão dos
apóstolos. Isso significa que é a comunhão da igreja.
Essa comunhão também é a comunhão dos crentes
com os apóstolos. Além disso, é a comunhão dos
apóstolos e dos crentes com o Pai e com o Filho. Por
ser realizada pelo Espírito, ela é chamada de
comunhão do Espírito.

Comunhão para a Vida da Igreja


Todos precisamos perceber que essa comunhão
divina é totalmente para a vida da igreja. Ela não é
apenas para o nosso desfrute, experiência,
suprimento, nutrição e edificação. Enfim, essa
comunhão é para a vida da igreja.

UMA VIDA DE AMOR FRATERNAL


Sendo a comunhão divina para a vida da igreja,
há a necessidade não somente de confessarmos
nossos pecados, mas igualmente de amarmos os
irmãos. Para a manutenção da comunhão, a confissão
de nossos pecados não é suficiente. Para mantermos a
comunhão divina, precisamos amar os irmãos. O
motivo disso é que a vida da igreja é uma vida
coletiva, que envolve os irmãos. Se perdermos nosso
amor fraternal e não amarmos mais uns aos outros,
que será da vida da Igreja? A resposta é que ela
desaparecerá. Onde não houver amor fraternal, a vida
da igreja estará acabada. Na verdade, o amor
fraternal é a vida da Igreja.
No passado vimos a vida da igreja de diferentes
ângulos e apresentamos várias definições sobre ela a
partir desses diferentes ângulos. Agora precisamos de
uma definição da vida da igreja que esteja ajustada ao
ângulo do amor fraternal. Todos precisamos
aprender um novo termo para descrever a vida da
igreja uma vida de amor fraternal. Você sabe o que é a
vidada igreja? É uma vida de amor fraternal.
Posso testificar que na vida da igreja, na
restauração do Senhor, certamente experimentamos
o amor fraternal. Em particular posso testificar que
desfrutamos o amor fraternal nos treinamentos
semestrais. Nos dias do treinamento, o amor
fraternal é especialmente evidente e prevalecente, e
os santos dos diferentes países desfrutam esse amor
fraternal juntos. Parece que quanto mais
internacionais somos, mais experimentamos e
desfrutamos o amor fraternal.
Recentemente tivemos uma conferência em
Stuttgart, Alemanha. Naquela ocasião todos
estávamos em uma atmosfera internacional. Os
santos que participavam daquela conferência falavam
diferentes línguas, e os hinos eram cantados em todas
as línguas. Sempre que ouvia um hino cantado nessas
línguas diferentes, ficava fora de mim de alegria no
Senhor. O amor fraternal era tão prevalecente que,
em certo sentido, não havia necessidade de tradução.
A atmosfera de amor fraternal foi maravilhosa. Esse
amor fraternal é a vida da igreja.
A vida da igreja envolve os santos de diferentes
raças, países, línguas e nacionalidades. Todas as cores
estão representadas na vida da igreja: negra, branca,
amarela, marrom e vermelha. Louvamos ao Senhor
por juntos desfrutarmos o verdadeiro amor fraternal!
Desejo dar ênfase ao fato de que a comunhão
Divina é para a vida da igreja. Essa comunhão deve
ser mantida pelo amor fraternal. Por um lado, o amor
fraternal é o resultado, a conclusão, da comunhão
divina; por outro, o amor fraternal é uma condição,
uma cláusula da comunhão divina. Portanto, o amor
fraternal é tanto uma condição para essa comunhão
quanto o resultado dela.

CONHECER O SENHOR NA EXPERIÊNCIA


Por nós mesmos não conseguimos produzir o
amor que é tanto a condição quanto o resultado da
comunhão divina. A única maneira para termos tal
amor é conhecer ao Senhor contínua e
experiencialmente. É por essa razão que João diz em
2:3: “Ora, sabemos que o temos conhecido por isto: se
guardamos os seus mandamentos.” Isso se refere ao
nosso conhecimento prático de Deus em nosso andar
diário, um conhecimento relacionado à nossa
comunhão íntima com Ele.

GUARDAR A PALAVRA DO SENHOR


Em 2:4 João prossegue dizendo: “Aquele que diz:
Eu o conheço, e não guarda os seus mandamentos, é
mentiroso, e nele não está a verdade.” De acordo com
2:3 e 4, conhecer ao Senhor inclui guardar Seus
mandamentos. Em seguida, no versículo 5, João fala
sobre guardar a Sua palavra. A “palavra” no versículo
5 é sinônimo de “mandamentos” nos versículos 3 e 4.
“Mandamentos” dá ênfase à exigência; a “palavra”
implica em espírito e vida como suprimento para nós
(106:63).
Tomar a palavra do Senhor significa
simplesmente receber Seu suprimento divino. Esse
suprimento sempre está contido na palavra do
Senhor e é-nos transmitido por meio de Sua palavra.
Portanto, a palavra do Senhor é um canal através do
qual o suprimento divino de vida chega até nós. Por
exemplo, a eletricidade flui da usina de força para um
edifício através de fios elétricos. Podemos dizer que
os fios contêm eletricidade e são o meio através do
qual ela é transportada da usina para o edifício. A
palavra do Senhor pode ser comparada a esse fio
elétrico. Da mesma forma que a eletricidade vem da
usina de força para o edifício passando através dos
fios, assim também a eletricidade celestial flui para
dentro de nós por meio do canal da palavra do
Senhor.
Todos devemos conhecer o Senhor na
experiência. Nesse processo de conhecê-Lo,
precisamos tomar Sua palavra de modo que
recebamos Seu suprimento. Por ser a palavra do
Senhor o canal que nos traz o suprimento divino,
precisamos tomar Sua palavra para dentro de nós de
maneira viva. É por essa razão que eu os encorajo a
ler com oração a Palavra de Deus.

LUZ E AMOR
O suprimento divino que nos vem por meio da
Palavra tem uma expressão particular, e essa
expressão é a luz divina. Sempre que recebemos a
palavra do Senhor em nosso interior, a essência do
suprimento divino entra com a luz como sua
expressão. Quando o suprimento vem, a luz vem
junto. Pela experiência sabemos que toda vez que
recebemos a palavra do Senhor, temos luz. A luz é a
essência da expressão de Deus. Na luz, isto é, na
essência da expressão de Deus, temos o amor como
essência da pessoa de Deus. Essa é a maneira de
desfrutar o amor de Deus. Recebemos a Palavra e a
luz vem. Sempre que a luz vem, o amor
espontaneamente está presente.
Juntamente com esse amor que desfrutamos na
luz Divina, amamos a Deus pela primeira vez. Nós O
amamos não pelo nosso próprio amor, não pelo nosso
amor natural, mas pelo Seu próprio amor que
experimentamos e desfrutamos. Além disso, quando
amamos a Deus também amamos a cada um que
nasceu Dele. Isso mostra que, ao amarmos o Pai,
amamos Seus filhos. Portanto, dessa maneira
amamos aos irmãos. Por amarmos os irmãos,
espontaneamente temos desejo de participar da vida
da igreja. Em particular, queremos estar nas reuniões
da igreja.
Quando recebemos a palavra do Senhor por meio
do orar-ler, recebemos luz. Então na luz temos amor
por Deus e por todos os santos. No entanto, se não
recebermos a Palavra e conseqüentemente não
estivermos na luz com o amor, podemos ficar bem
indiferentes para com os santos e para com a vida da
igreja. Poderemos encontrar um irmão no Senhor e
não ter vontade sequer de cumprimentá-lo
calorosamente. Mas quando recebemos a Palavra e
estamos na luz, espontaneamente experimentamos o
amor de Deus. Temos um forte sentimento interior de
que amamos o Senhor. Então, ao encontrarmos um
irmão, teremos o sentimento de que ele é amável e de
que o amamos. Nossa reação para com ele será de
amor. Em vez de ficarmos frios e indiferentes,
teremos um genuíno sentimento de cordialidade para
com ele.

O AMOR, A COMUNHÃO E A VIDA DA


IGREJA
A fim de termos a comunhão que é para a vida da
igreja, precisamos de amor fraternal. Se quisermos
ter esse amor, precisamos conhecer o Senhor na
experiência. Como os que conhecem o Senhor,
precisamos tomar Sua palavra repetidas vezes.
Quando tomamos a Palavra, recebemos luz. Nessa luz
espontaneamente temos amor. Esse amor é uma forte
indicação de que também temos o próprio Senhor,
pois o amor é a essência da pessoa de Deus. Assim
como a luz é a natureza da expressão de Deus, o amor
é a natureza da pessoa de Deus. Isso significa que
quando temos o amor de Deus, na verdade temos o
próprio Deus. Comesse amor, o amor divino
experimentado e desfrutado por nós, amamos a Deus
e aos Seus filhos. Quando temos esse amor por Deus e
por Seus filhos, temos a vida da igreja. Como já
salientamos, esse amor na verdade é a vida da igreja.
O amor é tanto uma condição da comunhão
divina quanto o resultado de experimentar essa
comunhão. O amor que resulta da luz divina, a luz
que vem ao recebermos a palavra do Senhor por
conhecê-Lo, é a própria comunhão, que é para a vida
da igreja. Que todos tenhamos esse amor, o amor de
Deus, aperfeiçoado em nós, a fim de mantermos a
comunhão divina para a vida da igreja.
ESTUDO-VIDA DE 1 JOÃO
MENSAGEM 19
O ENSINAMENTO DA UNÇÃO DIVINA (1)

Leitura da Bíblia: 1Jo 2:12-27


A Primeira Epístola de João é composta de três
seções principais: a comunhão da vida divina
(l:1-2:11), o ensinamento da unção divina (2:12-27) e
as virtudes do nascimento divino (2:28 — 5:21). Nas
mensagens anteriores cobrimos a primeira seção
desta epístola e a primeira questão básica revelada
neste livro — a comunhão da vida divina. Nesta
mensagem chegamos à segunda seção e à segunda
questão básica — o ensinamento da unção divina.

A DEFINIÇÃO DE UNÇÃO
A comunhão da vida divina é divina e misteriosa.
No entanto, a unção Divina é ainda mais misteriosa.
É muito difícil dar uma definição apropriada sobre a
unção divina. A unção é a função do Espírito que dá
vida, todo-inclusivo, composto, o qual é o Deus
Triúno processado. Nesta definição podemos ver os
diferentes elementos ou ingredientes da unção. A
unção é a função, o mover do óleo composto.
A primeira menção da unção na Bíblia
encontra-se em Êxodo 30. Nesse capítulo temos a
revelação do óleo composto que foi utilizado para
ungir o tabernáculo e o sacerdócio.
Em princípio, os escritos de João baseiam-se no
que está escrito no Velho Testamento. Por exemplo,
em seu Evangelho João usa a palavra “tabernaculou”
em 1:14 (lit.) e a frase “Cordeiro de Deus” em 1:29.
Além disso, João 1:51 refere-se ao sonho de Jacó
sobre a escada celestial em Betel. E ainda mais,
muitos dos sinais no livro de Apocalipse podem ser
encontrados no Velho Testamento. No mesmo
princípio, a Primeira Epístola de João tem como base
o Velho Testamento. Seguindo esse princípio, a
palavra “unção”, usada por João no capítulo 2,
refere-se ao óleo em Êxodo 30. No Estudo-Vida de
Êxodo, mensagens 157-163, consideramos os
elementos básicos do óleo composto e a medida de
tais elementos. O óleo em Êxodo 30é um tipo
completo do Espírito que dá vida, todo-inclusivo,
composto, que é o Deus Triúno processado. A unção é
na verdade a função, o mover deste Espírito.
A unção é muito misteriosa, porém é também
real e prática. Em vez de usar o substantivo “óleo”,
João usa o substantivo “unção”. Essa palavra
refere-se ao mover do Espírito todo-inclusivo dentro
de nós. Se lermos cuidadosamente 2:12-27,
perceberemos que a unção é na realidade a
personificação do Espírito que dá vida,
todo-inclusivo, composto, o qual é o Deus Triúno
processado.

A TRINDADE DIVINA
A Primeira Epístola de João 2:12-27 é uma seção
que fala sobre a Trindade Divina de acordo com o
crescimento de vida dos crentes. Nesses versículos, a
Trindade é tratada de forma muito positiva e
significativa. Mas se não tivermos visão espiritual e
celestial desses versículos, não veremos que a
Trindade é mencionada aqui. O ensinamento da
unção divina diz respeito à Trindade divina, mas esse
ensinamento está de acordo com o nosso crescimento
de vida. Isso significa que quanto mais crescermos
em vida, mais teremos parte com a Trindade.
Todo o Novo Testamento está estruturado com a
Trindade. Em Efésios, por exemplo, cada capítulo
está estruturado com a Trindade. A Segunda Epístola
aos Coríntios 13:13 diz: “A graça do Senhor Jesus
Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito
Santo sejam com todos vós.” Este versículo no final
de 2 Coríntios indica que o livro inteiro de 2 Coríntios
tem relação com a graça de Cristo, o amor de Deus e a
comunhão do Espírito Santo. Vemos também a
Trindade no livro de Apocalipse: “Graça e paz a vós
outros, da parte daquele que é, que era e que há de
vir, da parte dos sete Espíritos que se acham diante
do seu trono, e da parte de Jesus Cristo, a fiel
testemunha, o primogênito dos mortos, e o soberano
dos reis da terra” (l:4b-5a). Aqui vemos que o
misterioso livro de Apocalipse inicia-se com a
Trindade, pois neste livro a Trindade também é a
estrutura básica.
Desejo ressaltar o fato de que a Trindade divina é
a estrutura básica de toda a revelação na Bíblia. Se a
Trindade divina fosse removida das Escrituras, não
haveria nenhuma realidade da revelação divina nas
Escrituras.
Em 1 João apenas dezesseis versículos são
dedicados à misteriosa, todo-inclusiva e composta
unção (2:12-27). Se estudarmos cuidadosamente
esses versículos e entrarmos em suas profundezas,
veremos que a Trindade divina está aqui, e a
Trindade é tratada de acordo com o crescimento de
vida dos crentes.

UMA SEÇÃO POLÊMICA


Estes dezesseis versículos são também muito
polêmicos, e compõem a seção mais polêmica dessa
epístola. Já havíamos mencionado que os escritos de
João são polêmicos, pois ele estava lutando contra
heresias, incluindo o gnosticismo, cerintianismo e o
docetismo. Essas heresias estavam relacionadas à
Pessoa de Cristo, e causaram dano e confusão à vida
da igreja. Portanto, foi necessário que o apóstolo João
fosse polêmico e lutasse contra essas heresias,
inoculando os santos contra o veneno das heresias
com relação à Pessoa de Cristo.
Nesses dezesseis versículos João dá urna palavra
relativa à profunda verdade sobre a Trindade. No
entanto, amaneira de João escrever está baseada no
crescimento de vida dos crentes. Por essa razão, João
classificou os crentes em três grupos: crianças, jovens
e pais.

FILHINHOS
No versículo 12 João refere-se aos receptores
dessa epístola como “filhinhos”. Isso é endereçado
genericamente e não se refere a nenhuma classe
específica de crentes. Como já mencionamos, de
acordo com o versículo 1 do capítulo 2, o velho
apóstolo considerava todos os receptores de sua
epístola como seus filhinhos no Senhor. Veremos que
mais tarde, nos versículos 13 a 27, João escreve às
crianças, aos jovens e aos pais. Mas aqui ele se dirige
a todos os crentes como filhinhos, a despeito de qual
seja a idade espiritual deles. Por um lado, todos os
crentes são filhos de Deus. Por outro, na vida da
Igreja os filhos de Deus também eram os filhos de
João.
João considerava os crentes como seus filhos,
não como estudantes ou seguidores. Ser estudante é
questão de conheci ~ mento, e ser seguidor é questão
de participar de certa atividade. Mas a palavra
“filhos” indica vida. Nessa epístola João refere-se aos
crentes de maneira que indica vida. João nem mesmo
disse “meus queridos filhos”. Pelo contrário, ele usou
a mais íntima expressão: “filhinhos”.
Algumas vezes uni pai idoso refere-se a seu filho
adulto como sua criança. Por exemplo, um homem
pode ter seus oitenta anos e seu filho sessenta. No
entanto, o pai pode ainda referir-se a seu filho como
sua criança. Isso é sinal de um relacionamento
carinhoso, íntimo. Em sua epístola, João, um pai
idoso, dirige-se a todos os crentes como filhinhos.
Escrevendo de maneira íntima, ele diz: “Filhinhos, eu
vos escrevo (...)” Esse jeito de falar também indica
que ao escrever esses versículos João está preocupado
com o crescimento de vida dos crentes.

O PERDÃO DE PECADOS
No versículo 12 João diz: “Filhinhos. eu vos
escrevo, porque os vossos pecados são perdoados, por
causa do seu nome.” O perdão de pecados é o
elemento básico do evangelho de Deus (Lc 24:47; At
5:31; 10:43; 13:38). Por meio disso, os crentes que
recebem a Cristo tornam-se filhos de Deus (Jo
1:12-13).
João percebia que o perdão de pecados é o fator
básico ao nos tornarmos filhos de Deus. No versículo
12 João diz aos filhinhos que os pecados deles haviam
sido perdoados por causa do nome do Senhor. Eles
haviam crido nesse precioso nome e receberam o
perdão de pecados. O perdão de pecados é o primeiro
elemento básico no evangelho. Se cremos no nome do
Senhor e invocamos Seu nome, a primeira bênção que
recebemos é o perdão de pecados. Por meio do
perdão, fomos justificados e nos tornamos filhos de
Deus. A regeneração, portanto, é baseada no perdão
de pecados. Essa é a razão de o apóstolo João
considerar o perdão de pecados como o fator básico,
ao dirigir-se aos receptores dessa epístola como
filhinhos,

OS PAIS
Nos versículos 13 e 14 João prossegue dizendo:
“Eu vos escrevo, pais, porque tendes conhecido
aquele que é desde o princípio. Eu vos escrevo,
jovens, porque tendes vencido o maligno. Eu vos
escrevo, crianças, porque tendes conhecido o Pai”
(lit.). Agora vemos que alguns dos filhinhos de João
são pais, outros são jovens e outros, crianças.
Os pais são aqueles crentes maduros na vida
divina. Eles são classificados pelo apóstolo como o
primeiro grupo entre seus receptores. Esses crentes
são pais porque “têm conhecido Aquele que é desde o
princípio”. As palavras “tendes conhecido” indicam
um estado contínuo. Esses crentes maduros têm
conhecido todo o tempo. Tal conhecimento vivo é
fruto da experiência de vida.
João diz que os pais têm-No conhecido, Aquele
que é desde o princípio. Neste versículo, “desde o
princípio” é usado no sentido absoluto. Aquele que é
desde o princípio é o Cristo eterno, pré-existente, o
qual é a Palavra da vida desde o princípio (1Jo 1:1; Jo
1:1). Conhecer tal Cristo eterno na sua maneira da
vida é a característica dos pais maduros e
experimentados, os quais não eram nem poderiam
ser enganados pelas heresias que diziam que Cristo
não era eterno. Como Aquele que é eterno,
pré-existente, Cristo existia desde a eternidade. Este
Eterno existia antes que todas as coisas criadas
viessem a existir. Verdadeiramente Ele é o Eterno e o
Pré-existente.
Aqui João não diz que os pais conhecem o Filho
de Deus ou Jesus Cristo. Em vez disso, ele diz que eles
têm conhecido Aquele que é desde o princípio; eles
têm conhecido Cristo como o Eterno, o Pré-existente.
Esse conhecimento é questão de experiência, não
meramente questão de conhecimento doutrinário. Se
quisermos conhecer a Cristo como o Eterno, o
Pré-existente, precisamos experimentá-Lo. O
apóstolo João não atribui essa qualificação aos
jovens. Foi aos pais que ele atribuiu a qualificação de
conhecer pela experiência Aquele que é desde o
princípio.
Há entre nós alguns pais, os que têm conhecido o
Senhor experimentando-O. Conhecer o Senhor pela
experiência leva muitos anos. Esta é a qualificação
dos que podem ser chamados de “pais”. O critério que
determina quem é um pai é o conhecimento prático
do Senhor como o Eterno, um conhecimento que é
obtido ao longo de muitos anos de vida.

OS JOVENS
No versículo 13 temos ainda a segunda categoria
de crentes — os jovens. Esses são os crentes que estão
crescidos na vida divina. Uma característica desses
crentes jovens crescidos e fortes é que eles têm
vencido o maligno. Isso é possível porque os jovens
estão nutridos, fortalecidos e sustentados pela
palavra de Deus, a qual permanece neles e opera
neles contra o diabo, o mundo e sua concupiscência
(vs. 14b-17).
Vencer o maligno é uma forte evidência de que
um crente cresceu, tomando-se um jovem. Posso
testificar que na vida da igreja hoje há um grupo de
jovens que venceu o maligno e também as coisas
malignas.

AS CRIANÇAS
A terceira categoria de crentes mencionada por
João é adas crianças. Eles são os crentes que
acabaram de receber a vida divina. Eles são
classificados pelo apóstolo como o terceiro grupo de
receptores.
João diz que as crianças conhecem o Pai. O Pai é
a fonte da vida divina, de quem os crentes foram
regenerados (Jo 1:12-13). Conhecer o Pai é o
resultado inicial de ser regenerado (Jo 17:3, 6).
Portanto, este conhecimento prático na fase inicial da
vida divina é a qualificação básica das crianças, as
quais são os mais novos na classificação de João.
Assim como a criança de um pai humano
conhece o pai, as crianças na vida divina conhecem
seu Pai. O Novo Testamento diz-nos que recebemos o
Espírito de filiação, no qual clamamos: “Aba, Pai”.
Todas as crianças conhecem seu Pai; elas conhecem
Aquele que as gerou com a vida Divina.
No versículo 13 João diz: “Eu vos escrevo,
crianças” (lit.).
Aqui a palavra grega é egrapsa, escrevi; em
outros manuscritos é grapho, escrevo. Apesar de
egrapsaser mais autêntica, de acordo com a
descoberta dos manuscritos mais recentes, grapho,
usada pela versão King James e pela Nova Tradução
de J. N. Darby, é mais lógica de acordo com o texto. O
apóstolo nesse versículo endereça o seu escrito a cada
uma das três classes de receptores, todos no tempo
presente. Nos versículos seguintes, 14 a 27, ele se
dirige a cada uma dessas classes novamente, mas
tudo no tempo aoristo (v. 14 aos pais e jovens; v. 26,
ver também v. 18, às crianças).

UMA PALAVRA DE CONFIRMAÇÃO


No versículo 14 João continua: “Eu vos escrevi,
pais, porque tendes conhecido aquele que é desde o
princípio. Eu vos escrevi, jovens, porque sois fortes, e
a palavra de Deus permanece em vós, e tendes
vencido o maligno” (lit.). Embora a palavra grega
traduzida para “escrevi” seja aoristo, ela não indica
que qualquer epístola anterior tenha sido escrita pelo
apóstolo aos receptores. Significa que ele repete o que
havia escrito a eles no versículo anterior, a fim de
fortalecer e desenvolver o que dissera. Ao repetir
certos assuntos, João confirma o que j á havia escrito.
No versículo 14 João novamente se refere aos
pais como os que conhecem Aquele que é desde o
princípio. Sendo os pais cheios de experiência, não há
um falar adicional.
Quanto aos jovens, no versículo 14, João não
somente diz que eles venceram o maligno, mas diz
ainda que são fortes e a palavra de Deus permanece
neles. Essa palavra, finalizando com “permanece em
vós”, fortalece as palavras “tendes vencido”, que foi
escrita no versículo anterior aos jovens. Muitos entre
nós são jovens fortes que têm vencido o maligno e
têm a palavra de Deus permanecendo em si. Por
intermédio da palavra de Deus que permanece neles,
eles são fortalecidos, nutridos, sustentados e
revigorados.
Vimos que no versículo 13 João dirige-se aos
pais, aos jovens e às crianças, e no versículo 14
novamente ele se dirige aos pais e aos jovens. Onde
João se dirige às crianças pela segunda vez? No
versículo 18: “Crianças, já é a última hora, e assim
como ouvistes que o anticristo está vindo, também
agora muitos anticristos têm vindo; pelo que
conhecemos que é a última hora” (lit.). Aqui
“crianças” refere-se às crianças no versículo 13 como
a terceira classe de receptores. Nos versículos que
sucedem, João continua falando às crianças com
respeito à unção.

NÍVEIS DE CRESCIMENTO EM VIDA


Vimosqueem2:12-27 João escreve a respeito da
Trindade divina de acordo com o crescimento em
vida dos crentes. Primeiro, ele se dirige a todos os
crentes como seus filhinhos, aqueles cujos pecados
foram perdoados por causa do nome do Senhor.
Então João prossegue para falar aos pais, os crentes
maduros na vida divina. Por meio da unção divina,
esses crentes têm conhecido O que é desde o
princípio, isto é, o Cristo eterno, pré-existente, o qual
é a Palavra desde o princípio. Os jovens são os crentes
que estão crescidos na vida divina. Pela unção divina,
eles têm vencido o maligno. Além disso, eles são
fortes e a palavra de Deus permanece neles. Outra
característica dos jovens é que eles não amam o
mundo. As crianças são os crentes que acabaram de
receber a vida divina. Pela unção divina, eles
conhecem o Pai. Eles também ouvem que o anticristo
está vindo. Mas eles têm a unção do Santo e
conhecem todas as coisas.
Os pais, os jovens e as crianças têm diferentes
níveis de crescimento em vida. A classificação dada
por João aos crentes está de acordo com a idade
espiritual deles, não de acordo com nenhum outro
critério. Alguns são pais, e outros são jovens ou
crianças. O uso destes termos indica fortemente que
esses versículos em particular foram escritos pelo
apóstolo João baseados no crescimento de vida.

DESFRUTAR A MELODIA CELESTIAL


O fato de o escrito de João estar baseado no
crescimento de vida dos crentes deve levar-nos a
perceber que se quisermos entender a Trindade,
especialmente como a Trindade divina é tratada nesta
porção, devemos estar no processo de crescimento de
vida. Isso significa que devemos estar na linha da
vida. Se não estivermos na linha da vida, buscando o
crescimento de vida, não seremos capazes de
entender nada com relação à Trindade divina.
Quando o Deus Triúno, como está revelado nesta
porção, é ministrado aos crentes que não estão
crescendo em vida, eles não têm qualquer
compreensão ou apreciação do que ouvem. Quando,
porém, isso é ministrado aos que buscam, aos que
estão crescendo em vida, eles conseguem entender o
que é ministrado e recebem ajuda. Eles apreciam a
“música” “tocada” sobre o Deus Triúno. Eles são
muito responsivos quando falamos sobre o Espírito
que dá vida, todo-inclusivo, composto, o qual é o
Deus Triúno processado. Entretanto, aqueles cristãos
que não estão na linha da vida e não estão crescendo
em vida podem querer saber o que significam termos
tais como todo-inclusivo, composto, que dá vida e
processado. Louvado seja o Senhor por termos o
Espírito que dá vida, todo-inclusivo, composto, que é
o Deus Triúno processado, vivendo, movendo-se e
trabalhando em nós! Quando ouvimos a melodia
celestial com respeito a esse maravilhoso Deus
Triúno, exultamos, e ficamos muito alegres no
Senhor.
ESTUDO-VIDA DE 1 JOÃO
MENSAGEM 20
O MUNDO E AS COISAS NO MUNDO

Leitura da Bíblia: I 102:15-17


Nesta mensagem consideraremos 2:15-17,
versículos que dizem respeito ao mundo e às coisas
no mundo. Nesses três versículos, João define o
mundo e as coisas no mundo.
A palavra em 2:15-16, rigorosamente falando,
não é dirigida aos pais nem às crianças; ela é voltada
aos jovens. Obviamente, tudo o que está escrito na
Palavra santa é para todos os filhos de Deus. No
entanto, conforme o contexto do capítulo 2, estes
versículos foram escritos especificamente para os
jovens, para os que são fortes, que têm a palavra de
Deus permanecendo neles, e têm vencido o maligno.

AS MÁSCARAS DO MALIGNO
Na primeira seção desta Epístola, a que dizia
respeito à comunhão da vida divina (1:1-2:11), vimos
que o pecado e os pecados danificam nossa
comunhão. Na segunda seção desta Epístola, vemos
outras duas coisas negativas: o mundo e o anticristo.
Nos versículos 13 e 14, João também menciona o
maligno. Entretanto, esse maligno, Satanás, o diabo,
não aparece aqui diretamente. Em vez disso, ele usa
as máscaras do mundo e do anticristo. Ninguém
amaria o diabo se ele aparecesse diretamente.
Contudo, todos amam o mundo. O mundo é uma
máscara de Satanás, que ele utiliza para enganar-nos
e iludir-nos. Nesta seção de 1 João, o problema não
está com o diabo, e, sim, com o mundo como a
máscara do diabo.
Para os que amam coisas materiais, segundo seus
desejos concupiscentes, Satanás aparecerá vestindo a
máscara do mundo. Mas para os que são religiosos e
se preocupam com as coisas religiosas, filosóficas ou
doutrinárias, Satanás virá com outra máscara — a
máscara do anticristo com seus ensinos heréticos.
A unção que temos em nós capacita-nos a lidar
com as máscaras do mundo e do anticristo. Os jovens
precisam enfrentar a máscara do mundo. Por essa
razão, a palavra com relação ao mundo foi escrita aos
jovens. Qual é o principal problema enfrentado pelas
crianças, os mais novos na vida da igreja? É o
problema da heresia, a máscara do anticristo. Os
anticristos não se consideram como tais, mas clamam
que são a favor de Cristo. Esse clamor, entretanto, é
fingimento, falsidade, fraude. Portanto, João chama a
atenção de que estes tais são anticristos; eles não são
a favor de Cristo. Embora carreguem o nome de
Cristo, isso é fingimento. Enquanto os jovens na vida
divina devem vencer o mundo, as crianças precisam
guardar-se do anticristo. Estas duas coisas negativas
— o mundo e o anticristo — são encontradas na
segunda seção desta Epístola.

UMA DEFINIÇÃO DO MUNDO


No versículo 15 João diz: “Não ameis o mundo
nem as cousas que há no mundo. Se alguém amar o
mundo, o amor do Pai não está nele”. A palavra grega
para mundo, kosmos, tem mais de um significado.
Em Mateus 25:34; João 17:15; Atos 17:24; Efésios 1:4;
e Apocalipse 13:8, ela se refere ao universo material
como um sistema criado por Deus. Em João 1:29;
3:16; e Romanos 5:12, ela indica a raça humana caída
corrompida e usurpada por Satanás, como
componentes para seu maligno sistema mundial. Na
Primeira Epístola de Pedro 3:3 ela denota adorno,
ornamento. Aqui, como em João 15:19; 17:14eTiago
4:4, ela denota uma ordem, uma forma estabeleci da,
um arranjo ordenado, portanto, um sistema
ordenado (estabelecido por Satanás, o adversário de
Deus), não a terra. Deus criou o homem para viver na
terra, a fim de cumprir o Seu propósito. Contudo, Seu
inimigo, Satanás, com a intenção de usurpar o
homem criado por Deus, formou um sistema mundial
anti-Deus nesta terra, sistematizando os homens com
religião, cultura, educação, indústria, comércio e
entretenimento por meio da natureza caída dos
homens em suas concupiscências, prazeres, buscas, e
mesmo em sua indulgência quanto a necessidades de
sustento, tais como comida, roupa, moradia e
transporte. Todo este sistema satânico jaz no maligno
(1Jo 5:19). Não amar tal mundo é a base para vencer o
maligno. Amá-lo um pouco que seja dá ao maligno a
base para derrotar-nos e ocupar-nos.
No versículo 15 João diz que se amarmos o
mundo, o amor do Pai não está em nós. O amor do
Pai aqui é o nosso amor para com Ele, gerado pelo
Seu amor dentro de nós. Nós O amamos com o amor
por meio do qual Ele nos amou.
É importante que compreendamos os diferentes
significados da palavra kosmos no Novo Testamento.
Enfatizamos que essa palavra é usada para indicar o
universo material, a raça humana caída corrompida e
usurpada por Satanás, e o sistema mundial anti —
Deus estabelecido por Satanás, a fim de usurpar o
homem criado por Deus para o cumprimento de Seu
propósito. É essa última denotação de kosmos que se
aplica a 2:15. Neste versículo o mundo refere-se ao
sistema mundial anti-Deus formado por Satanás.
Cada coisa, pessoa e questão tem sido sistematizada
pelo maligno, o adversário de Deus, e tem feito parte
de seu sistema mundial.
Diante de tal situação; para aonde iremos? A
resposta é que precisamos ir ao Deus Triúno.
Somente o Deus Triúno não foi sistematizado por
Satanás. Além de ir ao Deus Triúno, também
precisamos ir à Palavra de Deus. Portanto, desde que
cada coisa, pessoa e questão foi sistematizada por
Satanás, precisamos correr para o Deus Triúno e Sua
Palavra. A Palavra de Deus é nosso refúgio, nossa
proteção.

VENCER O MALIGNO
Conforme o contexto, os jovens venceram o
maligno, aquele que formou este sistema anti-Deus,
aquele que sistematizou todas as coisas, pessoas e
questões. Como os jovens conseguem vencer esse
maligno? Eles podem vencê-lo porque têm a palavra
de Deus permanecendo neles. A Palavra de Deus é
também o seu refúgio, fortaleza e castelo. Dia a dia, os
jovens precisam permanecer na Palavra de Deus.
Sabemos pela nossa experiência que, quando a
palavra de Deus habita em nós e permanecemos na
Palavra como nosso refúgio, estamos protegidos do
maligno.
Em5:19Joãodizquetodoosistemamundialjaznom
aligno. Esse maligno não somente sistematizou tudo,
como o sistema todo jaz nele. Podemos usar um
paciente em uma cirurgia, como ilustração do mundo
jazendo no maligno. Numa cirurgia, o paciente é
anestesiado e fica imóvel na mesa de operação. O
cirurgião está pronto para operar o paciente, e o
paciente não tem consciência do que ocorre. Esse é
um quadro de todo o mundo jazendo sob a mão de
Satanás. Os que estão no mundo não têm consciência
do fato de que estão na “mesa de cirurgia” do maligno
e de que ele os está “operando”.

NÃO AMAR O MUNDO


No versículo 15 João ordena-nos a não amar o
mundo nem as coisas no mundo. Ele nos diz que se
amarmos o mundo, o amor do Pai não está em nós.
Não amar o mundo é a base para vencer o maligno.
Entretanto, se amarmos o mundo, isso dará ao
maligno a base para ocupar-nos. Sempre que nos
abrirmos ao mundo, ao sistema anti-Deus de Satanás,
perdemos a batalha contra ele.

AS COISAS NO MUNDO
No versículo 16 João fala acerca das coisas no
mundo: “Porque tudo que há no mundo, a
concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e
a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede
do mundo”. A concupiscência da carne é o desejo
ardente do corpo; a concupiscência dos olhos é o
desejo ardente da alma através dos olhos; e a soberba
da vida é o orgulho, a ostentação, a confiança e a
segurança vazios, e a exibição de coisas materiais da
vida presente. Estes são os componentes do mundo.

A Concupiscência da Carne
A concupiscência da carne, o desejo ardente do
corpo, está relacionado principalmente ao corpo.
Devido ao fruto da árvore do conhecimento do bem e
do mal ter entrado na raça humana, nosso corpo
tomou-se caído e corrompido. Adão e Eva, nossos
primeiros pais, compartilharam do fruto da árvore do
conhecimento do bem e do mal. Como resultado, um
elemento maligno entrou na raça humana, e agora
esse elemento está em nosso corpo físico. Pela
experiência sabemos que um elemento maligno,
satânico, habita na natureza do homem.
O asceticismo é uma tentativa de tratar com a
concupiscência da carne. Entretanto, o asceticismo
não é eficaz ao lidar com o desejo ardente do corpo.
Em determinados escritos cristãos podemos ver o
elemento do asceticismo. Por exemplo, podemos
encontrá-lo no famoso livro, A Imitação de Cristo.
Alguns ensinamentos cristãos sobre carregar a cruz,
na verdade, introduzem o asceticismo. Nos quatro
Evangelhos, o Senhor Jesus falou claramente sobre a
cruz. No entanto, não devemos confundir o genuíno
carregar da cruz com asceticismo. Não importa até
que ponto as pessoas maltratem seu corpo seguindo
práticas ascéticas, o asceticismo não funcionará ao
tratar com a concupiscência do corpo.

A Concupiscência dos Olhos


No versículo 16 João também fala sobre a
concupiscência dos olhos. Temos dado ênfase em que
a concupiscência dos olhos é o desejo ardente da alma
através dos olhos. Quando o fruto da árvore do
conhecimento do bem e do mal entrou no corpo
humano, este tornou-se carne. Devido ao fato de o
corpo circundar a alma, esta ficou sob a influência do
corpo caído. Como resultado, nossa alma também foi
corrompida. Portanto, a alma, nosso ser psicológico,
tornou-se concupiscente devido à influência do corpo
caído.
Agora, a alma caída e o corpo trabalham juntos.
Nosso corpo influencia nossa alma, e nossa alma
influencia nosso corpo. O corpo e a alma trabalham
juntos sempre que fazemos algo pecaminoso. Devido
a esta operação conjunta do corpo e da alma, é difícil
dizer se é o corpo ou a alma que toma a iniciativa para
cometer pecado. Portanto, de um lado temos a
concupiscência da carne; do outro, temos a
concupiscência dos olhos. Aparentemente, a
concupiscência dos olhos é simplesmente parte da
concupiscência da carne. Na verdade, isso se refere a
algo dentro do nosso corpo. Nossos olhos são
concupiscentes porque nossa alma é concupiscente. A
concupiscência em nossos olhos, portanto, vem da
nossa alma.

A Soberba da Vida
No versículo 16 João também menciona a
soberba da vida.
Vimos que a soberba da vida é orgulho,
ostentação, confiança e segurança vazios, e a exibição
das coisas materiais da vida presente. Aqui, a palavra
grega traduzida para “vida” é bios, uma palavra que
se refere à vida física, e também à vida presente. Ela
difere da palavra grega zoé usada em 1:1-2, a qual se
refere à vida divina.
No Novo Testamento três palavras gregas são
utilizadas para vida: zoé, que se refere à vida divina, a
vida de Deus; psique, que se refere à vida humana, a
nossa vida da alma ou psicológica; e bios, que se
refere à vida física. A palavra grega bios também
denota a vida presente. Portanto, a soberba da vida
significa a soberba da vida presente. Tudo o que
ocorre na sociedade humana é a vida presente. Junto
com esta vida presente, terrena, há soberba. Essa
soberba inclui o orgulho, confiança e segurança
vazios, e a exibição de coisas materiais.

O CONTEÚDO DO SISTEMA SATÂNICO


Vimos que o mundo em 2:15 indica um sistema
maligno, satânico, anti-Deus, que é constituído das
coisas criadas por Deus. Satanás usou estas coisas
para formar seu sistema. Entretanto, estas coisas não
são o conteúdo do sistema mundial satânico. Esse
sistemainc1ui a concupiscência da carne, a
concupiscência dos olhos e a soberba da vida
presente. Por exemplo, Deus criou diferentes tipos de
comida. Sem comida não podemos sobreviver.
Entretanto, Satanás utiliza-se da comida para formar
um sistema satânico. Isso não significa, entretanto,
que comida é parte do conteúdo do sistema maligno
de Satanás.
Agricultura e indústria são também necessárias
para a vida humana. Seria impossível sobrevivermos
sem elas. Satanás tem nas utilizado para a formação
de seu sistema maligno. Contudo, essas coisas em si
não são o conteúdo do sistema mundial formado por
Satanás. Qual é, então, o conteúdo do sistema
satânico? O conteúdo desse sistema é a
concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e
a soberba da vida.
Não é fácil distinguir entre as coisas, questões e
pessoas usadas por Satanás para constituir seu
sistema maligno e o real conteúdo deste sistema
mundial. Seu carro e sua casa podem ser usados por
Satanás para constituir o mundo anti-Deus. Mas nem
seu carro nem sua casa são partes do conteúdo do
sistema maligno de Satanás. Quero ressaltar
novamente que o conteúdo do sistema de Satanás é a
concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e
a soberba desta vida presente.
Podemos usar o fato de possuir um carro como
ilustração da diferença entre algo utilizado por
Satanás para formar seu sistema e o verdadeiro
conteúdo deste sistema. Como um carro pode ser
usado pelo inimigo de Deus para formar seu sistema
maligno? O carro em si não é um problema e não é o
conteúdo do sistema de Satanás. O problema é com a
concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos
e, em particular, com a soberba da vida presente. Se
não fosse a soberba da vida, um carro não se tornaria
um problema. No entanto, muitas pessoas gostam de
comprar carros caros para exibir-se. No caso deles, o
carro que dirigem é usado para a soberba. Neste país
um carro é urna necessidade. O problema, portanto,
não reside no carro em si; o problema está com a
concupiscência dos olhos e com o orgulho da vida.
Quando considera determinado tipo de carro, você
pode desejar tê-lo. Alguns podem pensar dia e noite
sobre certo carro. O carro não está errado — as
pessoas estão erradas. O problema não está com o
carro que eles precisam; o problema está com a
concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e
a soberba da vida.
Como ilustrações adicionais, podemos também
nos referir à nossa necessidade de roupas e moradia.
Um lugar para morar é necessário, e roupas também
o são. Urna vez mais, o problema não está com a casa
ou as roupas; elas não são o conteúdo real do sistema
mundial. O problema está com a concupiscência da
carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida,
pois elas são o conteúdo do sistema maligno de
Satanás.

DUAS TRINDADES
De acordo coma Bíblia, o mundo é contra o Pai
(v. 15), o diabo contra o Filho (3:8) e a carne contra o
Espírito (GI5:17). Por um lado, ternos a Trindade
divina — o Pai, o Filho e o Espírito. Por outro, ternos
urna trindade maligna — o mundo, Satanás e a carne.
Se desfrutarmos a Trindade divina nada teremos a
ver com a trindade maligna.

O PAI E SUA VONTADE


No versículo 17 João prossegue dizendo: “Ora, o
mundo passa, bem como a sua concupiscência;
aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece
eternamente.” Assim como o mundo é contra Deus
Pai, as coisas no mundo (v. 15), que são a sua
concupiscência, são contra a vontade de Deus. Do
lado positivo, ternos o Pai e a Sua vontade. Do lado
negativo, ternos o mundo e todas as coisas no mundo.
O mundo é contra o Pai, e as coisas no mundo são
contra a vontade do Pai.
De acordo com a palavra de João no versículo 17,
o mundo passa, bem como a sua concupiscência, mas
aquele que faz a vontade de Deus permanece
eternamente. Fazer a vontade de Deus é praticar a
vontade de Deus habitual e continuamente, não
apenas ocasionalmente. O mundo, sua
concupiscência e os que amam o mundo passam.
Porém Deus, Sua vontade e os que fazem Sua vontade
permanecem eternamente.
ESTUDO-VIDA DE 1 JOÃO
MENSAGEM 21
EXPERIMENTAR O ENSINAMENTO DA UNÇÃO COM
RELAÇÃO AO DEUS TRIÚNO

Leitura da Bíblia: 1Jo 2:18-23

UMA PALAVRA ÀS CRIANÇAS


Em 2:14 o apóstolo João escreve uma palavra
bem simples às crianças, aos crentes que são bastante
novos na vida divina: “Eu vos escrevo, crianças,
porque tendes conhecido o Pai” (lit.). Nos versículos
18 a 27 João escreve uma palavra muito extensa às
crianças, de modo que confirme o que ele já lhes
havia escrito. Do lado positivo, esta palavra adicional
está relacionada à unção; do lado negativo, ela se
ocupa com os anticristos. No versículo 18 João diz:
“Crianças, já é a última hora, e assim como ouvistes
que o anticristo está vindo, também agora muitos
anticristos têm vindo; pelo que conhecemos que é a
última hora” (lit.). A palavra “crianças” aqui se refere
às crianças no versículo 14 como o terceiro grupo dos
receptores desta Epístola. Os versículos 18 a 27
enfatizam o conhecimento em vida (vs. 20-21) e
fortalecem a palavra, “porque tendes conhecido o
Pai”, dirigida às crianças no versículo 14.
No versículo 20 João fala às crianças a respeito
da unção: “E vós possuís unção que vem do Santo, e
todos tendes conhecimento”. A unção é o mover € o
operar do Espírito composto que habita no interior, o
qual é plenamente prefigurado pelo óleo da unção, o
ungüento composto, em Êxodo 30:23-25 (ver
Estudo-Vida de Êxodo, mensagens 157-163). Este
Espírito que dá vida, todo-inclusivo, que vem do
Santo, entrou em nós no tempo da nossa regeneração
e permanece em nós eternamente (v. 27). É por meio
deste Espírito que as crianças conhecem o Pai (v. 13
lit.) e sabem a verdade (v. 21).
A palavra de João às crianças acerca da unção
tem muito a ver com o crescimento de vida delas. A
palavra de João aqui também indica que todos os
santos na vida da igreja precisam receber o
ensinamento da unção.

A UNÇÃO ENSINA-NOS A RESPEITO DA


TRINDADE
Se ler os versículos 18 a 27 cuidadosamente, você
verá que o ensinamento da unção é principalmente
questão de ensinar-nos o mistério da Trindade. Por
anos, tenho dado mensagens sobre o ensinamento da
unção. Nelas dei ênfase ao fato de que a unção nos
ensina a respeito de todas as coisas, isto é, tudo o que
se relaciona ao nosso viver diário cristão. Nesta
mensagem gostaria de considerar o ensinamento da
unção no sentido mais restrito da unção,
ensinando-nos todas as coisas sobre a Trindade. Em
outras palavras, nesta mensagem preocupo-me não
com a aplicação mais ampla do princípio, mas com a
interpretação adequada do ensino da unção,
conforme o contexto destes versículos. Quanto mais
considero estes versículos no contexto, mais certeza
tenho de que é absolutamente correto dizer que o
ensinamento da unção diz respeito às coisas da
Trindade.

OS ELEMENTOS DO ÓLEO COMPOSTO


Vimos que a unção é o mover do Espírito que dá
vida, todo-inclusivo, composto, o qual é o Deus
Triúno processado. Esse Espírito é o cumprimento do
tipo do óleo composto revelado em Êxodo 30. Nesse
óleo composto há vários elementos diferentes que são
os ingredientes do ungüento. Da mesma forma que a
tinta pode ter vários elementos diferentes, assim
também o Espírito que unge tem diferentes
elementos. Esses elementos incluem o Deus Triúno
processado e Suas atividades. O Deus Triúno passou
pela encarnação, viver humano, crucificação,
ressurreição e ascensão. Esses são os passos de Sua
atividade. Todos estes passos têm-se tornado
elementos do Espírito que dá vida, composto.
Portanto, o Espírito que unge é, na verdade, um
composto do Deus Triúno e de Suas atividades. O
Espírito que unge inclui a divindade e a humanidade,
a natureza divina e a natureza humana. Tal Espírito
composto inclui encarnação, viver humano,
crucificação, ressurreição e ascensão. Todos esses são
elementos do Espírito composto tipificado pelo óleo
composto em Êxodo 30.
A unção, na verdade, é o mover do ungüento, e o
ungüento é um composto. O óleo, entretanto, não é
um composto, pois ele contém um único elemento. O
óleo composto, pelo contrário, contém vários
elementos diferentes. No Espírito composto temos o
Pai, o Filho, o Espírito, divindade, humanidade,
encarnação, viver humano, a eficácia da morte de
Cristo, o poder da Sua ressurreição e Sua ascensão. A
unção é o mover desse Espírito composto com todos
os Seus elementos. Somente essa unção, somente o
mover desse Espírito composto, pode ensinar-nos
acerca do Deus Triúno.
A tinta é a melhor ilustração do óleo composto.
Qual é a melhor maneira de conhecer os elementos de
determinada tinta? É comprar uma lata daquela tinta
e aplicá-la a uma mobília. Aplicando-a, você será
ensinado sobre os elementos da tinta. Isso significa
que apenas a própria tinta pode ensinar-lhe o que é a
tinta. Sem a tinta não há como você aprender algo
sobre os elementos da tinta. De semelhante modo, é
por meio de aplicar Ele mesmo a nós como a “tinta”
que o Espírito composto nos ensina acercado Deus
Triúno e de Seus feitos. Podemos também dizer que
os elementos do Espírito composto ensinam-nos as
várias questões sobre o Deus Triúno e Seus feitos. O
Espírito que unge é a composição do Deus Triúno
com todos os Seus feitos, e agora esse Espírito
composto ensina-nos a respeito das coisas da
Trindade.

O ENSINO SUBJETIVO DA UNÇÃO


Somente por intermédio do Deus Triúno
tomar-se o Espírito que unge é que podemos ser
ensinados a respeito do Deus Triúno e de Suas
atividades. Este tipo de ensino não é objetivo; pelo
contrário, é muito subjetivo. O Deus Triúno tornou-se
o Espírito que unge e Sua unção agora está dentro de
nós. Esta unção subjetiva, o mover da composição do
Deus Triúno com todas as Suas atividades, pode
agora ensinar-nos as coisas referentes ao Deus Triúno
e Suas atividades. Portanto, é esta unção que nos
ensina as coisas relativas ao Deus Triúno.
O Deus Triúno foi composto não somente com os
elementos de Sua Pessoa-divindade, o Pai, o Filho e o
Espírito — mas também com os elementos de Suas
atividades — encarnação, viver humano, crucificação,
ressurreição e ascensão. Todos esses elementos foram
combinados para tornar-se o Espírito composto, cuja
unção nos ensina acerca das coisas da Trindade.

BATIZADOS PARA DENTRO DO DEUS


TRIÚNO
A revelação na Bíblia a respeito do Deus Triúno é
muito prática. Por exemplo, em Mateus 28:19 o
Senhor Jesus disse aos Seus discípulos: “Ide,
portanto, fazei discípulos de todas as nações,
batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito
Santo”. Em seu Word Studies in the New Testament,
M. R. Vincent diz que o nome em Mateus 28:19 é
equivalente à Pessoa. Portanto, batizar as pessoas no
nome do Pai, do Filho e do Espírito significa
batizá-las na Pessoa do Deus Triúno. Da mesma
forma que o nome humano denota uma pessoa
humana, o nome divino denota a Pessoa divina.
Batizar as pessoas no nome do Deus Triúno é
introduzi-las na Pessoa do Deus Triúno.
Vincent também diz: “Batizar em o nome da
Trindade santa implica união espiritual e mística com
Ele.” A preposição “em” implica união orgânica entre
nós e o Deus Triúno. Ser batizado na Pessoa do Deus
Triúno significa ser colocado dentro de uma união
orgânica com Ele. Sendo os que foram batizados na
Pessoa do Deus Triúno, somos agora organicamente
um com o Deus Triúno, e Ele é organicamente um
conosco.

O DEUS TRIÚNO ENSINA-NOS SOBRE SI


MESMO
O Deus Triúno, que agora é organicamente um
conosco, está nos ensinando acerca Dele mesmo. Este
ensino é subjetivo e prático. Dia após dia, enquanto
estamos na união orgânica com o Deus Triúno, nós O
desfrutamos, O experimentamos e vivemos Nele, com
Ele e por meio Dele. Este viver é um aprendizado
constante das coisas concernentes ao Deus Triúno.
Podemos testificar que certamente desfrutamos o
Deus Triúno em nossa vida diária.
Podemos usar o fato de comer como ilustração
sobre aprender as coisas do Deus Triúno na forma de
desfrute e experiência Dele. A melhor maneira de
conhecer certo tipo de comida é comendo-a. Se você a
comer, será ensinado sobre ela por meio dela própria.
Isso não é mera lição objetiva sobre a comida; é um
conhecimento subjetivo dela por meio da experiência.
Quanto mais comer determinado alimento, mais virá
a conhecê-lo. Este conhecimento não é doutrinário-é
prático. De modo semelhante, conheceremos o Deus
Triúno desfrutando-O e experimentando-O. É
impossível que conheçamos o Deus Triúno por mera
doutrina. Mas podemos conhecê-Lo desfrutando-O e
experimentando-O.
Quando o Deus Triúno toma-se nosso desfrute e
experiência, Seu mover é a unção dentro de nós. Essa
compreensão capacita-nos a dar uma definição
apropriada de unção: a unção é o mover do Deus
Triúno, tornando-se nosso desfrute e experiência
interiores.

CONHECER QUE O PAI, O FILHO E O


ESPÍRITO SÃO UM
De acordo com a Bíblia, ensinamos que o Pai, o
Filho e o Espírito são um. Isaías 9:6 diz que o Filho
foi-nos dado, contudo Seu nome é Pai da eternidade
ou Pai eterno ou Pai sempiterno. Isso coincide com a
palavra do Senhor acerca de Si próprio e do Pai,
registrada no Evangelho de João. O Senhor Jesus
disse que Ele, o Filho, veio em nome do Pai (Jo 5:43).
O Senhor jamais disse de Si mesmo como sendo o
Filho e o Pai. No entanto, Ele disse que era o Filho
vindo em nome do Pai. No capítulo 14 do Evangelho
de João o Senhor também diz que se nós O virmos,
veremos o Pai (v. 9). Além disso, nesse capítulo o
Senhor diz que Ele está no Pai e o Pai está Nele (vs.
10-11). Igualmente Ele diz em João 10:30 que o Pai e
o Filho são um. Quando nós O confessamos, temos
também o Pai (1 J02:23). Além do mais, Ele é
também o Espírito (2Co 3:17). Quando O temos
habitando em nós, também temos ambos — o Pai e o
Espírito. Você não tem o Senhor Jesus em você?
Certamente que sim. Também não tem o Pai e o
Espírito em você? E certo que também tem tanto o
Pai como o Espírito em você. Isso significa que o Pai,
o Filho e o Espírito estão todos em você. Então,
quantos temos em nós? Pela experiência sabemos que
temos somente Um dentro em nós. Este Um que
habita em nós é o Deus Triúno: o Pai, o Filho e o
Espírito.

O DEUS TRIÚNO TORNA-SE NOSSA


EXPERIÊNCIA E DESFRUTE
Precisamos ficar impressionados com o fato de
que a unção é o mover do Deus Triúno desfrutado e
experimentado por n6s. O mover do Deus Triúno em
nós que se toma nosso desfrute e experiência é a
unção. A unção no capítulo 2 de I João refere-se à
nossa experiência do Deus Triúno. É esta experiência
que nos ensina as coisas concernentes à Trindade.
A palavra de João sobre a unção foi escrita às
crianças, aos mais novos na vida divina. Mesmo os
crentes mais novos têm experimentado o Senhor
dentro deles. Eles podem testificar de sua experiência
que Aquele que vive neles é o Pai, o Filho e o Espírito.

O “SABOR” DO DEUS TRIÚNO


Precisamos da experiência adequada do Deus
Triúno. Pelo “sabor”, em nossa experiência, sabemos
das coisa relativas à Trindade. Por exemplo, como
você sabe se o açúcar é doce ou amargo? A maneira de
saber é provar um pouco dele. O sabor ensinará se ele
é amargo ou doce. De modo semelhante, nossa
experiência, nosso provar do Deus Triúno irá
ensinar-nos a respeito Dele.
A intenção de João em 2:18-27 é alertar as
crianças sobre os anticristos e seus ensinos heréticos.
Nesses versículos João parece estar dizendo: “Não
ouçam todos esses ensinos falsos sobre a Pessoa de
Cristo. Vocês têm um Professor dentro de si, e este
Professor é a unção. Não dêem ouvidos ao que os
anticristos dizem, mas ouçam sua experiência do
mover do Deus Triúno como a unção dentro de
vocês.” Louvado seja o Senhor pela experiência do
ensino da unção a respeito do Deus Triúno!
ESTUDO-VIDA DE 1 JOÃO
MENSAGEM 22
A UNÇÃO

Leitura da Bíblia: 1Jo 2:20-27

A UNÇÃO E A VERDADE
Nesta mensagem consideraremos 2:20-27. O
versículo 20 diz: “E vós possuís a unção que vem do
Santo, e todos tendes conhecimento.” Este versículo
não fala sobre o ungüento, mas sobre a unção. A
palavra “unção” indica algo prático que ocorre em
nosso interior. A unção é o mover e o trabalhar do
Espírito composto que habita interiormente. Este
Espírito todo-inclusivo que dá vida, que vem do
Santo, entrou em nós na época da nossa regeneração
e permanece em nós para sempre (v. 27).
O versículo 20 diz no final: “Todos tendes
conhecimento”. Em alguns manuscritos lê-se: “todos
sabeis”. Creio que a tradução correta seria: “sabeis
tudo”, e não “todos sabeis”.
No versículo 21 João diz: “Não vos escrevi,
porque não saibais a verdade, antes porque a sabeis, e
porque mentira alguma jamais procede da verdade.”
Neste versículo a palavra “verdade” é usada duas
vezes. Se considerarmos os versículos 20 e 21 juntos,
perceberemos que a unção certamente deve ter algo a
ver com a verdade. O versículo 20 diz que temos
unção, e o 21 diz que sabemos a verdade. Neste
versículo a verdade está intimamente relacionada à
unção. Na verdade, a unção é o mover e o trabalhar da
verdade, a qual é a realidade da Trindade divina,
especialmente da Pessoa de Cristo (vs. 22-25).
O saber no versículo 21 é o saber por meio da
unção do Espírito que dá vida que habita
interiormente. Este é um conhecimento na vida
divina sob a luz divina, um conhecimento interior
iniciado a partir do nosso espírito regenerado
habitado pelo Espírito composto, não o conhecimento
mental exercitado pelo estímulo exterior.

NEGAR O PAI E O FILHO


No versículo 22 João prossegue dizendo: “Quem
é o mentiroso senão aquele que nega que Jesus é
Cristo? Este é o anticristo, o que nega o Pai e o Filho.”
A afirmação de que Jesus é o Cristo está relacionada à
verdade, e a verdade está relacionada à unção. Estas
três questões estão inter-relacionadas.
Primeiramente temos a unção, em seguida a verdade
relacionada à unção, e por fim a afirmação de que
Jesus é o Cristo relacionada à verdade.
O versículo 22 indica que o anticristo é aquele
que nega o Pai e o Filho. Depois de falar de Jesus
sendo o Cristo, João fala sobre o Pai e o Filho. Isso
indica que o Pai e o Filho estão relacionados a Jesus
ser o Cristo.
Nesses três versículos temos quatro questões
cruciais: unção, verdade, Jesus ser o Cristo, e o Pai e o
Filho. A unção nos ensina a verdade, a verdade que
Jesus é o Cristo, e Jesus ser o Cristo é uma questão
que inclui o Pai e o Filho. De acordo com o versículo
22, negar que Jesus é o Cristo é negar o Pai e o Filho.
Se negarmos que Jesus é o Cristo, isso significa que
negamos o Pai e o Filho. Isso indica fortemente que
Jesus, Cristo, o Pai, e o Filho são um.
DESFRUTAR CRISTO E CRESCER EM VIDA
Gostaria de enfatizar que, quando falamos dessas
questões, não estamos brigando por doutrinas.
Entretanto, estamos brigando pela genuína
experiência de Cristo, de modo que os cristãos
possam desfrutar Cristo a fim de crescer em vida.
Não são muitos os que hoje ensinam sobre o
crescimento cristão de maneira adequada. O que é
enfatizado entre os cristãos é o crescimento em
conhecimento. No entanto, o Novo Testamento
ensina-nos que precisamos crescerem vida. Como
bebês recém-nascidos, deveríamos desejar beber o
leite da Palavra para podermos crescerem vida (1Pe
2:2).
Pela experiência sabemos que crescer em vida é
crescer por meio dos ingredientes do que o Senhor é
como nosso alimento. Precisamos tomar esse
alimento para dentro de nós como comida e, então,
assimilá-lo. O Senhor Jesus nos disse
categoricamente que Ele é nossa comida. Em João
6:35 Ele disse: “Eu sou o pão da vida”. O Senhor ser o
pão para nós significa que Ele é a nossa comida. Em
João 6:57 o Senhor Jesus disse que quem se alimenta
Dele por Ele viverá. A comida por meio da qual
vivemos é também a comida por meio da qual
crescemos. Se não crescermos pela comida que
comemos, como poderemos viver por meio dela? As
crianças crescem mediante o que comem. Então vi
vem por meio daquilo. Portanto, quando o Senhor
Jesus disse que quem come Dele também viverá por
meio Dele, isso implica tanto viver por meio Dele
como crescer por meio Dele.
Na restauração do Senhor somos totalmente pela
experiência do crescimento de vida. Esse crescimento
de vida depende do nosso desfrute do Senhor Jesus
de maneira subjetiva. Se o Senhor não fosse o
Espírito, Ele não poderia ser subjetivo para nós,
tampouco poderia ser nossa vida. Se o Senhor não
pudesse ser nossa vida, então Ele não poderia ser
nosso alimento.
Muitos cristãos hoje enfatizam ensinos objetivos
sobre o aperfeiçoamento do caráter e
comportamento. Tais ensinos são éticos e
comparáveis aos ensinos de Confúcio. Os ensinos no
Novo Testamento, entretanto, são diferentes. O Novo
Testamento ensina que após passar pelos processos
da encarnação, viver humano, crucificação e
ressurreição, o Deus Triúno tornou-se o Espírito que
dá vida todo-inclusivo, de modo que entre em nós
para ser nossa vida e também nosso suprimento de
vida, afim de que possamos vi ver e crescer por
intermédio Dele. Essa é a linha central da revelação
do Novo Testamento.
O Senhor Jesus declarou que Ele é vida. Em João
14:6 Ele disse: “Eu sou (...) a vida”. Se Ele estivesse
apenas no trono nos céus, como poderia Ele ser nossa
vida? Seria impossível. Para Cristo ser nossa vida, Ele
tem de ser o Espírito vivendo em nós. É crucial que os
cristãos experimentem Cristo como sua vida
subjetiva. Estamos lutando não por doutrinas, mas
pela experiência cristã de Cristo como vida.

A HERESIA DE CERINTO
Ressaltamos que, de acordo com os versículos 21
e 22, a verdade é que Jesus é o Cristo. No entanto,
esta verdade foi negada por certos heréticos, que
diziam que Jesus não er! i o Cristo. Negar que Jesus é
o Cristo é a heresia de Cerinto, um heresiarca sírio de
descendência judaica do primeiro século, educado em
Alexandria. Sua heresia era uma mistura de
judaísmo, gnosticismo e cristianismo. Ele fez
distinção entre o feitor (criador) do mundo e Deus, e
representou o feitor como um poder subordinado. Ele
ensinava a cristologia adocianista (Adocianismo),
dizendo que Jesus tomou-se Filho de Deus pela
exaltação a uma posição que não era Dele por
nascimento, negando assim a concepção de Jesus
pelo Espírito Santo. Na sua heresia ele separou o
homem terreno Jesus, considerado como o filho de
José e Maria, do Cristo celestial, e ensinava que após
Jesus ser batizado, Cristo como uma pomba desceu
sobre Ele. Então Ele anunciou o Pai desconhecido e
fez milagres, mas no [mal de Seu ministério Cristo
apartou-se de Jesus, e Jesus sofreu a morte na cruz e
ressuscitou dentre os mortos, enquanto Cristo
permaneceu separado como um ser espiritual, e irá
juntar-se ao homem Jesus na vinda do reino
messiânico de glória. Esta heresia negava que Jesus é
o Cristo. Conforme a palavra de João, qualquer um
que negou que Jesus é o Cristo é o anticristo. Cerinto
era um anticristo, e seus seguidores também eram
anticristos.
No versículo 22 João diz que o anticristo nega o
Pai e o Filho.
Confessar que Jesus é o Cristo é confessar que
Ele é o Filho de Deus (Mt 16:16; J020:31). Portanto,
negar que Jesus é o Cristo é negar o Pai e o Filho.
Quem quer que negue a Pessoa divina de Cristo é um
anticristo.

JESUS, CRISTO, O PAI E O FILHO


O fato de que negar que Jesus é o Cristo equivale
a negar o Pai e o Filho implica no pensamento de que
Jesus, Cristo, o Pai e o Filho são todos um e de que
todos eles são os elementos, os ingredientes, do
Espírito composto e todo-inclusivo que habita
interiormente, o qual agora está ungindo os crentes o
tempo todo. Neste ungir, Jesus, Cristo, o Pai e o Filho
são todos ungidos para dentro do nosso ser interior.
No versículo 22 João indica que negar que Jesus
é o Cristo é o mesmo que negar o Pai e o Filho. Aqui
João considera Jesus, Cristo, o Pai e o Filho como
um. Certamente Jesus e Cristo são um. Contudo, se
negarmos que Jesus é o Cristo, negamos o Pai e o
Filho. Isso é uma forte indicação de que o Pai e o
Filho são um com Jesus e Cristo. Uma vez que o Pai e
o Filho são um com Cristo e uma vez que Jesus e
Cristo são um, Jesus, Cristo, o Pai e o Filho são todos
um.
Todos já ouvimos dizer que Jesus é o Cristo, mas
você já ouviu dizer que, de acordo com 2:22, Cristo é
tanto o Pai como o Filho? Precisamos ficar
impressionados com o fato de João dizer que negar
que Jesus é o Cristo é negar o Pai e o Filho. No
entanto, alguns afirmam que deveríamos dizer
somente que Cristo é o Filho, não que Cristo é tanto o
Pai como o Filho. Contudo, nesse versículo João
indica que se negarmos Cristo, negamos tanto o Pai
como o Filho. Se Cristo fosse somente o Filho e não
incluísse o Pai também, como é que negar Cristo
significaria negar tanto o Pai como o Filho? De
acordo com esse entendimento de Cristo, negar Cristo
significaria apenas negar o Filho, e esta negação nada
teria a ver com o Pai. Mas João diz que se alguém
negar Cristo, ele nega primeiro o Pai e depois o Filho.
No versículo 23 João continua: “Qualquer que
nega o Filho, também não tem o Pai; e aquele que
confessa o Filho, tem também o Pai” (VRC). Visto que
o Filho e o Pai são um (Jo 10:30; Is 9:6), negar o Filho
é estar sem o Pai, e confessar o Filho é ter o Pai.
Negar o Filho aqui se refere à heresia que nega a
Deidade de Cristo, não confessando que o homem
Jesus é Deus.
No versículo 23 João diz primeiramente que
qualquer que nega o Filho também não tem o Pai. Se
o Filho e o Pai não fossem um, como poderiam os que
negam o Filho não ter o Pai? Neste versículo João
prossegue dizendo que o que confessa o Filho, tem
também o Pai. Todo o que nega o Filho não tem o
Filho nem o Pai. Mas todo o que confessa o Filho tem
tanto o Filho quanto o Pai. Tanto o lado negativo
como o positivo desse versículo indicam que o Filho e
o Pai são inseparáveis. Por serem o Pai e o Filho um,
não conseguiremos separar o Filho do Pai nem o Pai
do Filho.
Gostaria de chamar sua atenção à palavra
“também” no versículo 23. João diz que qualquer que
nega o Filho, também não tem o Pai. Em seguida ele
diz que o que confessa o Filho tem também o Pai.
Essa palavra indica que o Pai e o Filho são um e
inseparáveis. Portanto, negar o Filho é negar tanto o
Filho quanto o Pai, e confessar o Filho é confessar
tanto o Filho como o Pai.

A PALAVRA DA VIDA PERMANECE EM NÓS


O versículo 24 diz: “Permaneça em vós o que
ouvistes desde o princípio. Se em vós permanecer o
que desde o princípio ouvistes, também
permanecereis vós no Filho e no Pai.” “O que ouvistes
desde o princípio” refere-se à Palavra da vida-a vida
eterna de que os crentes ouviram desde o princípio
(1:1-2). Não negar, mas confessar que o homem Jesus
é o Cristo, o Filho de Deus (v. 22) é deixar a Palavra
da vida eterna permanecerem nós. Fazendo assim,
permanecemos tanto no Filho como no Pai, e não
seremos desviados pelos ensinos heréticos a respeito
da Pessoa de Cristo (v. 26). Isso indica que o Filho e o
Pai são a vida eterna para a nossa regeneração e
desfrute. Nessa vida eterna temos comunhão com
Deus e uns com os outros (1:2-3, 6-7), e nela temos
nossa pessoa em nosso andar diário (2:6; 1:7).
No versículo 24 João diz que se permitirmos que
o que era desde o princípio, isto é, a Palavra da vida,
permaneça em nós, permaneceremos tanto no Filho
como no Pai. Isso indica que a Palavra da vida é na
verdade o Filho e o Pai.
Note que João fala do nosso permanecer no Filho
e no Pai. Em João 15:4 o Senhor Jesus diz:
“Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós.”
Este versículo fala de um permanecer mútuo: nós
permanecemos no Senhor, e o Senhor permanece em
nós. Mas em 2:24 João refere-se à Palavra da vida
permanecendo em nós, e diz que se a Palavra da vida
permanecer em nós, permaneceremos no Filho e no
Pai. Por meio disso vemos que a Palavra da vida é na
verdade o próprio Senhor. De acordo com João 15:4,
quando permanecemos no Senhor, o Senhor
permanece em nós. Aqui diz que, quando a Palavra da
vida permanece em nós, permanecemos no Filho e no
Pai. Uma vez mais, João coloca o Pai e o Filho juntos
como um, pois o Pai e o Filho são um.

O PAI E O FILHO SÃO UM


O Novo Testamento não separa o Pai e o Filho.
Especialmente no Evangelho de João vemos que o
Filho é sempre um com o Pai. O Filho veio em nome
do Pai (J05:43). Além disso, o Filho não fez Sua
própria obra e vontade, não falou Sua própria
palavra, não buscou Sua própria glória e não
expressou a Si mesmo (J04:34; 5:30; 6:38; 7:18).
Pelo contrário, Ele sempre fez a obra e a vontade do
Pai, falou as palavras do Pai, buscou a glória do Pai e
expressou o Pai. O Filho era um com o Pai e não podia
ser separado do Pai, tampouco podia o Pai ser
separado do Filho. Portanto, nessa Epístola João
fortemente dá ênfase ao fato de que se temos o Filho,
temos o Pai. Mas se não temos o Filho, não temos o
Pai. Isso indica que o Pai e o Filho são
verdadeiramente um (Jo 10:30).

VIDA ETERNA
No versículo 25 João continua: “E esta é a
promessa que ele mesmo nos fez, a vida eterna.” O
pronome singular “ele”, referindo-se tanto ao Filho
como ao Pai do versículo anterior, indica que o Filho
e o Pai são um. No que diz respeito à nossa
experiência da vida divina, o Filho, o Pai, Jesus e
Cristo são todos um. Não é que apenas o Filho, e não
o Pai, seja a vida eterna para nós. E, sim, que Jesus
sendo o Cristo como o Filho e o Pai é a vida eterna
para nós para nossa porção.
De acordo com o contexto dos versículos 22 a 25,
a vida eterna é simplesmente Jesus, Cristo, o Filho e o
Pai. Todos eles são uma composição da vida eterna.
Portanto, a vida eterna é também um elemento do
Espírito composto, todo-inclusivo, que habita
interiormente, o qual se move dentro de nós.
UM COMPOSTO DIVINO
A vida eterna no versículo 25 é a Palavra da vida,
e a Palavra da vida é Jesus, Cristo, o Pai e o Filho.
Aqui temos seis questões: Jesus, Cristo, o Pai, o Filho,
a Palavra da vida e a vida eterna. Pela Bíblia,
especialmente por 1 João, sabemos que Jesus é o
Cristo, que Cristo se iguala ao Pai e ao Filho, e Ele é
também a Palavra da vida e a vida eterna.
Jesus, Cristo, o Pai, o Filho, a Palavra da vida e a
vida eterna postos juntos formam um composto
divino. Todos os seis são elementos que foram
compostos em um único ungüento. Em Jesus temos
humanidade, com o Pai temos divindade, e com
Cristo temos o Ungido. Com Jesus temos a
encarnação, com Cristo temos a ressurreição, e com o
Filho temos a vida. Portanto, com estes elementos
temos todos os ingredientes do óleo composto:
divindade, humanidade, encarnação, crucificação,
ressurreição e vida.
Se estudarmos estes versículos em 1 João
juntamente com a descrição dos elementos do óleo
composto em Êxodo 30, veremos que todos os
elementos em Êxodo 30 são encontrados nestes
versículos, Esteja certo de que aqui temos o azeite de
oliva, a mirra, o cinamomo, o c álamo e a cássia.
Temos também os números cinco e três (ver
Estudo-vida de Êxodo, mensagens 157-163).
No capítulo 2 de 1 João certamente temos o óleo
composto, o Espírito todo-inclusivo. No entanto, aqui
não temos a unção meramente de forma objetiva;
pelo contrário, temos a unção subjetiva, isto é, o
mover e o trabalhar subjetivos da unção. Essa unção
subjetiva é o Deus Triúno processado experimentado
por nós. Além disso, essa unção ensina-nos a respeito
do Deus Triúno processado. Por exemplo, se alguém
dissesse que Cristo não está em nós, responderíamos:
“Pela minha experiência da unção sei que Jesus
Cristo está em mim.” Além do mais, se alguém
tentasse ensinar-lhe que o Pai, o Filho e o Espírito são
três Pessoas separadas, você poderia dizer: “Eu não
tenho três Pessoas separadas dentro de mim. Pela
minha experiência da unção sei que tenho somente
Um em mim, e este Um é o Pai, o Filho e o Espírito.”

UMA ILUSTRAÇÃO DA UNIDADE DO PAI,


DO FILHO E DO ESPÍRITO SANTO
Em Mateus 28:19 o Senhor Jesus deu esta
incumbência aos discípulos: “Ide, portanto, fazei
discípulos de todas as nações, batizando-os em nome
do Pai e do Filho e do Espírito Santo.” Entretanto,
quando os apóstolos levaram acabo essa incumbência
no livro de Atos, não nos é dito que eles batizavam os
crentes em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Pelo contrário, em Atos é-nos dito que os crentes
eram batizados em nome de Jesus Cristo (At 2:38).
Isso mostra que o nome de Jesus Cristo iguala-se ao
nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Isso indica
que Jesus Cristo é o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Os
apóstolos sabiam que Jesus Cristo era igual ao Pai, ao
Filho e ao Espírito. Portanto, eles cumpriram a
incumbência do Senhor de batizar os crentes em
nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo,
batizando-os em nome de Jesus Cristo. Isso ilustra o
fato de que o Pai, o Filho e o Espírito são um. Este é o
Deus Triúno, e nós estamos Nele. Estar no Deus
Triúno é também estar no composto divino, o óleo
composto, o qual é o Espírito todo-inclusivo.
ESTUDO-VIDA DE 1 JOÃO
MENSAGEM 23
O ENSINAMENTO DA UNÇÃO DIVINA (2)

Leitura da Bíblia: 1Jo 2:20-27


Na mensagem anterior enfatizamos que, de
acordo com 2:20-27, o Pai e o Filho são um. É
absolutamente correto dizer que o Filho não é
separado do Pai, nem o Pai do Filho. No entanto,
ainda há uma distinção entre os três da Deidade, uma
distinção entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

JESUS E CRISTO
O Senhor é tanto Jesus como Cristo. Embora não
haja separação entre Jesus e Cristo, há distinção
entre estes dois títulos: Jesus e Cristo. O nome Jesus
significa Jeová nosso Salvador ou Jeová nossa
salvação. O título Cristo significa o Ungido. O nome
Jesus na maioria das vezes indica o Senhor em Sua
humanidade, encarnação, viver humano e
crucificação. O título Cristo refere-se ao Senhor como
o Ungido de Deus e especialmente o que Ele é em
ressurreição e-ascensão. Jesus e Cristo, ambos
referem-se à mesma Pessoa. Embora essa Pessoa seja
inseparável, há contudo uma distinção entre os dois
títulos Jesus e Cristo.

O PAI E O FILHO
Apesar de o Filho e o Pai serem um, não devemos
dizer que não existe distinção entre o Pai e o Filho. Há
diferença entre o Pai e o Filho, mas não existe
separação. Quando o Pai está presente, o Filho
também está presente. Semelhantemente, onde o
Filho estiver, lá também estará o Pai. O Pai e o Filho
não podem ser separados. Por isso, no versículo 23
João diz que todo o que nega o Filho também não tem
o Pai, e o que confessa o Filho tem também o Pai.
Sempre que falamos a respeito da Trindade,
precisamos ser sóbrios e cuidadosos com nossas
definições e ilustrações. Vimos a partir de 2:20-27
que Jesus, Cristo, o Pai, o Filho, a Palavra da vida e a
vida eterna são todos um. No entanto, ainda há uma
distinção entre eles. Já salientamos que Jesus e Cristo
referem-se à mesma Pessoa. Contudo, há distinção
entre o nome Jesus e o título Cristo. Não devemos
dizer que eles referem-se à mesma coisa, pois as
denotações são bem diferentes. Por ser o nosso
Senhor rico e todo-inclusivo, Ele precisa de diferentes
nomes e títulos para descrevê-Lo. Portanto, Ele é
Jesus e Ele também é Cristo. Como Jesus Ele é Jeová
nosso Salvador, e como Cristo, Ele é o Ungido de
Deus.
Não deve restar nenhuma dúvida em nós de que
o Pai, o Filho e o Espírito são verdadeiramente um e
que são um Deus. Embora creiamos na Trindade,
definitivamente não cremos em três Deuses. O
triteísmo, a crença em três Deuses, é heresia, e
devemos condená-lo. Apesar de Deus ser um, há uma
nítida diferença entre o Pai, o Filho e o Espírito na
Deidade.

A DUPLICIDADE DA VERDADE COM


RELAÇÃO À TRINDADE
A verdade sobre o Deus Triúno é dupla; isto é, ela
possui dois lados ou dois aspectos, o aspecto de um e
o aspecto de três. A duplicidade da verdade com
respeito à Trindade está incorporada na palavra
triúno. Este adjetivo é na verdade uma palavra em
latim composta de duas partes: tri, significando três,
e uno, significando um. A palavra “triúno”, portanto,
significa três-um. Por um lado, nosso Deus é
unicamente um; por outro, Ele é três. No aspecto de
Deus ser um, não há separação entre o Pai, o Filho e o
Espírito. O Senhor Jesus disse: “Eu estou no Pai e o
Pai está em mim” (Jo 14:10). Por estarem o Pai e o
Filho mutuamente um no outro, Eles não podem ser
separados. Mas ainda há uma distinção entre o Pai e o
Filho.
Com relação à Trindade não devemos tender
para nenhum dos dois extremos, o que dá ênfase aos
três ou o que dá ênfase ao único. Alguns cristãos
caíram no extremo de dar ênfase aos três
negligenciando o do único. Outros vão para o extremo
do único e negligenciam o dos três. Precisamos ser
equilibrados. Para sermos equilibrados precisamos
dar ênfase aos dois aspectos da Trindade — o aspecto
dos três e o aspecto do único. Porquanto ressaltamos
na mensagem anterior que o Pai e o Filho são um,
nesta mensagem eu gostaria de dizer uma palavra de
equilíbrio que embora o Pai e o Filho sejam um, existe
ainda uma nítida distinção entre eles. No sentido de
distinção, o Pai é o Pai e o Filho é o Filho e o Espírito
é o Espírito. Embora haja uma distinção entre os três
da Deidade, os três, contudo, ainda são um.
Em The Principies 01 Theology, W. H. Griffith
Thomas diz o seguinte: “O termo ‘Pessoa’ é também,
às vezes, contestado. Como toda linguagem humana,
está-se sujeito a ser acusado de inadequação e mesmo
de erro indiscutível. Ele certamente não deve ser
enfatizado demais, ou acabará levando ao triteísmo.
Ao usarmos o termo para apontar distinções na
Deidade, não deduzimos distinções que redundem
em separação, mas distinções que estejam associadas
com a co-inerência mútua essencial ou inclusividade.
Quando, portanto, somos compelidos a usar
termos como ‘substância’ e ‘Pessoa’, não devemos
pensar neles como sendo idênticos ao que
entendemos como substância ou personalidade
humanas. Os termos não são elucidativos, mas
apenas aproximadamente corretos, como deve
necessariamente ser o caso em qualquer tentativa de
definir a Natureza de Deus.”
Aprecio especialmente a palavra de Griffith
Thomas de que o termo “Pessoa” não deve ser
enfatizado demais “ou ele levará ao triteísmo”, a
crença em três Deuses. No mesmo princípio, ao
dizermos que o Pai, o Filho e o Espírito são um, não
devemos salientar demais, ou cairemos em outro tipo
de erro. Alguns usam a luz solar como ilustração: o
sol é o Pai, os raios do sol são o Filho e o brilho é o
Espírito. Outra ilustração é a do gelo, água e vapor,
com estes três representando, respectivamente, o Pai,
o Filho e o Espírito. Tais ilustrações podem ser
usadas para ajuda temporária; elas não devem ser
ressaltadas demais ou conduzirão ao erro.

A UNÇÃO E A VERDADE
Prossigamos agora considerando novamente
2:20-27. Os versículos 20 e 21 dizem: “E vós possuís
unção que vem do Santo, e todos tendes
conhecimento. Não vos escrevi, porque não saibais a
verdade, antes porque a sabeis, e porque mentira
alguma jamais procede da verdade.” No versículo 20
João fala a respeito da unção, e no versículo 21 ele
fala sobre a verdade. Sem dúvida, a verdade no
versículo 21 está relacionada à unção, e a unção
conduz à verdade.
No versículo 22 João continua: “Quem é o
mentiroso senão aquele que nega que Jesus é Cristo?
Este é o anticristo, o que nega o Pai e o Filho.” Isso
indica claramente que, se negarmos que Jesus é o
Cristo, negamos o Pai e o Filho. Isso também indica
que Cristo é o Pai e o Filho.

PERMANECER NO PAI E NO FILHO


Os versículos 23 e 24 dizem: “Qualquer que nega
o Filho, também não tem o Pai; e aquele que confessa
o Filho, tem também o Pai. Portanto, o que desde o
princípio ouvistes permaneça em vós. Se em vós
permanecer o que desde o princípio ouvistes, também
permanecereis no Filho e no Pai” (VRC). Alguns que
discordam da nossa compreensão destes versículos
podem dizer: “Estes versículos significam que o Filho
é o caminho. Em João
14:6JesusdissequeEleéocaminhoeque ninguém vem
ao Pai senão por Ele. Estes versículos em 1 João
mostram que se não tivermos o Filho como o
caminho, não seremos capazes de alcançar o Pai
como o destino. Portanto, negar o Filho é negar o
caminho, e isso resulta em não termos o Pai como o
destino.” No entanto, de acordo como versículo 24, se
tomarmos o Filho como o caminho para alcançar o
Pai, por fim alcançaremos ambos, o Filho e o Pai.
Nesse versículo, João fala de permanecer tanto no
Filho como no Pai. Pode soar como lógico dizer que
Cristo como o Filho é apenas o caminho para que
alcancemos o Pai como o destino. Portanto, se não
tomarmos o caminho, não chegaremos ao destino. Se
tomarmos o caminho, alcançaremos o destino.
Entretanto, aqui é dito que se tomarmos o caminho,
teremos não somente o destino, mas teremos tanto o
destino como o caminho. Aqui João indica que
permaneceremos não somente no destino, mas
também no caminho, isto é, tanto no Filho como no
Pai. Isso prova que ambos, o Filho e o Pai, são o
destino. Não apenas o Pai é a habitação, mas o Filho
também é. Isso mostra que o Filho é tanto o caminho
como o destino, é tanto o caminho para entrar na
habitação, quanto a própria habitação.

VIDA ETERNA
No versículo 25 João prossegue dizendo: “E esta
é a promessa que ele mesmo nos fez, a vida eterna.”
Neste versículo João não diz: “A promessa que eles
mesmos nos fizeram”; ele diz: “A promessa que ele
mesmo nos fez”. O pronome singular “ele” neste
versículo refere-se a ambos, o Filho e o Pai, no
versículo anterior. Isso indica que o Filho e o Pai são
um. No que diz respeito à nossa experiência da vida
divina, o Filho, o Pai, Jesus e Cristo são todos um.
Não é que somente o Filho e não o Pai é a vida eterna
para nós, mas sim que Jesus sendo o Cristo como o
Filho e o Pai é a vida divina eterna para nós, como
nossa porção. O ponto ao qual estamos dando ênfase
aqui é que o antecedente do pronome “ele” é o Filho e
o Pai e isso indica que o Filho e o Pai são um.

OS QUE DESVIAM OS CRENTES


O versículo 26 diz: “Isto que vos acabo de
escrever é acerca dos que vos procuram enganar.”
Este versículo indica que esta seção da Palavra visa
inocular os crentes com a verdade da Trindade divina
contra as heresias acerca da Pessoa de Cristo. As
palavras gregas traduzi das para “vos procuram
enganar” podem também ser traduzidas para
“desviando-vos”. Enganar os crentes é distraí-los da
verdade concernente à Deidade e humanidade de
Cristo, desviando-os com ensinamentos heréticos
com respeito aos mistérios do que Cristo é.

O ENSINAMENTO INTERIOR DA UNÇÃO


No versículo 27 João diz: “Quanto a vós outros, a
unção que dele recebestes permanece em vós, e não
tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas,
como a sua unção vos ensina a respeito de todas as
coisas, e é verdadeira, e não é falsa, permanecei nele,
como também ela vos ensinou.” Chamo a sua atenção
para as palavras “dele”, “sua” e “nele”. Como no caso
no versículo 25, estas palavras referem-se a ambos, o
Filho e o Pai. O uso destas palavras prova fortemente
que o Filho e o Pai são um.
É significativo que nestes versículos o pronome
“eles” não seja usado com relação ao Pai e ao Filho.
Em vez disso, João utiliza pronomes singulares para
referir-se a ambos, o Filho e o Pai. Contudo, a
expressão “no Filho e no Pai” (v. 24) indica distinção
entre o Filho e o Pai. Se não houvesse distinção, não
haveria necessidade de João dizer: “Permanecereis
vós no Filho e no Pai.” Embora haja diferença entre o
Filho e o Pai, não existe separação, pois o Pai e o Filho
são um. Portanto, o Pai e o Filho são distintos,
contudo inseparáveis.
No versículo 27 João diz: “Não tendes
necessidade de que alguém vos ensine.” A respeito do
habitar interior da Trindade divina (Jo 14:17, 23), não
precisamos que alguém nos ensine. Por meio da
unção do Espírito composto, todo-inclusivo, o qual é
a composição da Trindade divina, conhecemos e
desfrutamos o Pai, o Filho e o Espírito como nossa
vida e suprimento de vida.
De acordo com o versículo 27, a unção do
Espírito que dá vida, composto, todo-inclusivo nos
ensina acerca de todas as coisas. Isso não é um
ensinamento exterior por meio de palavras, mas um
ensinamento interior por meio da unção mediante
nossa percepção espiritual interior. Este ensinamento
pela unção acrescenta os elementos divinos da
Trindade, que são os elementos do Espírito composto
que unge, para dentro do nosso ser interior. É
semelhante a pintar repetidas vezes algum objeto: a
tinta não somente dá cor; seus elementos são
acrescentados ao objeto pintado, demão após demão.
É dessa maneira que o Deus Triúno é transfundido,
infundido e adicionado a todas as partes do nosso ser
de modo que nosso homem interior cresça na vida
divina com os elementos divinos.
De acordo com o contexto, “todas as coisas”
referem-se a todas as coisas concernentes à Pessoa de
Cristo relacionada à Trindade divina. O ensinamento
da unção a respeito dessas coisas guarda-nos a fim
de. que possamos permanecer Nele (a Trindade
divina), isto é, no Filho e no Pai (v. 24).
Nesse versículo João também diz que a unção é
verdadeira.
A unção dentro de nós proveniente do Espírito
composto como a composição do Deus Triúno que é
verdadeiro (5:20), é uma realidade, não uma
falsidade. Isso pode ser provado por nossa
experiência real e prática em nossa vida cristã.
João conclui o versículo 27 com uma exortação
para permanecermos no Deus Triúno. A palavra
grega traduzida para “permanecer” é meno, que
significa ficar (em um dado lugar, estado, relação, ou
expectativa); portanto, permanecer, continuar e
habitar. Permanecer Nele é permanecer no Filho e no
Pai. Isso é continuar e habitar no Senhor (Jo 15:4-5).
É também permanecer na comunhão da vida Divina e
andar na luz Divina (1Jo 1:2-3, 6-7), isto é,
permanecer na luz divina (1:10). Devemos praticar
esse permanecer de acordo com o ensinamento da
unção todo-inclusiva de modo que nossa comunhão
com Deus (1:3, 6) seja mantida.
ESTUDO-VIDA DE 1 JOÃO
MENSAGEM 24
A UNÇÃO E OS ANTICRISTOS

Leitura da Bíblia: 1Jo 2:18-27


Nesta mensagem gostaria de dar uma palavra
adicional sobre o ensinamento da unção divina.
Vimos que o ensinamento da unção acerca da
Trindade Divina está de acordo com o crescimento de
vida dos crentes. Vimos também que o ensino da
unção divina é para que permaneçamos no Deus
Triúno.

A COMUNHÃO E A UNÇÃO
A comunhão da vida divina depende da unção.
Isso significa que a manutenção da comunhão da vida
divina depende de permanecermos no Senhor e na
luz. Permanecer no Senhor e na luz é o mesmo que
permanecer no Deus Triúno.
O Deus Triúno alcança-nos como o Espírito. Se
Deus fosse apenas o Pai e o Filho, Ele não conseguiria
entrar em nós. É somente como o Espírito que o Deus
Triúno pode entrar em nosso espírito. A Palavra
“unção” em 2:20 e 27 refere-se principalmente ao
Espírito, não basicamente ao Pai ou ao Filho. Na
verdade, o ungüento é o Espírito, e a unção é o mover
desse ungüento. Quando falamos da unção,
referimo-nos ao Deus Triúno alcançando-nos como o
Espírito. Quando o Deus Triúno entra em nosso
espírito, Ele é o Espírito que dá vida. Esse Espírito
que dá vida, que habita em nosso espírito, está agora
se movendo e trabalhando em nosso interior. Esse
mover é a unção.
A unção tem muito que ver com o nosso
permanecer no Senhor. Desfrutamos a comunhão da
vida divina para poder permanecer no Senhor. Esse
permanecer é totalmente uma questão de o Senhor
como Espírito habitando em nosso espírito. Essa é a
razão de imediatamente depois da primeira seção,
que trata da comunhão da vida divina, João
prosseguir na segunda seção desta Epístola para falar
sobre o ensinamento da unção divina. Apartados da
unção, não podemos permanecer no Senhor. Se não
permanecemos no Senhor, não podemos manter a
comunhão. Além disso, se não mantivermos a
comunhão, não conseguiremos desfrutar as riquezas
da vida divina. Podemos também dizer que para
desfrutar das riquezas da vida divina, precisamos
manter a comunhão; para manter a comunhão,
precisamos permanecer no Senhor; e a fim de
permanecer no Senhor, precisamos cuidar da unção
interior, a qual é o mover do Espírito que habita
interiormente, em nosso espírito.

O NEGAR DA PESSOA DE CRISTO


No versículo 18 João diz: “Filhinhos, já é a última
hora; e, como ouvistes que vem o anticristo, também
agora muitos anticristos têm surgido, pelo que
conhecemos que é a última hora.” Um anticristo
difere de um falso Cristo (Mt 24:5, 24). Um falso
Cristo é alguém que finge ser o Cristo de modo
enganador, enquanto um anticristo é alguém que
nega a deidade de Cristo, negando que Jesus é o
Cristo, isto é, negando o Pai e o Filho por negar que
Jesus é o Filho de Deus (vs. 22-23), por não confessar
que Ele veio em carne através da concepção divina do
Espírito Santo (4:2-3). Na época do apóstolo João,
muitos heréticos tais como os gnósticos, ceríntios e
docetistas, ensinavam heresias sobre a Pessoa de
Cristo, isto é, com relação à Sua divindade e
humanidade.
No versículo 19 João prossegue dizendo: “Eles
saíram de nosso meio, entretanto não eram dos
nossos; porque, se tivessem sido dos nossos, teriam
permanecido conosco; todavia, eles se foram para que
ficasse manifesto que nenhum deles é dos nossos.”
Estes anticristos não nasceram de Deus e não
estavam na comunhão dos apóstolos junto com os
crentes (1:3; At 2:42). Portanto, eles não eram da
igreja, isto é, não eram do Corpo de Cristo. Continuar
com os apóstolos e os crentes é continuar na
comunhão do Corpo de Cristo.
No versículo 22 de João diz: “Quem é o
mentiroso senão aquele que nega que Jesus é o
Cristo? Este é o anticristo, o que nega o Pai e o Filho.”
Confessar que Jesus é o Cristo é confessar que Ele é o
Filho de Deus (Mt 16:16; J020:31). Portanto, negar
que Jesus é o Cristo é” negar o Pai e o Filho.” Todo o
que assim nega a divina Pessoa de Cristo “é o
anticristo”.

O UNGIDO, O UNGIDOR E A UNÇÃO


Negar que Jesus é o Cristo está relacionado a
negara unção. No entanto, devido ao problema de
linguagem, podemos não perceber que Cristo se
relaciona à unção. A palavra grega para Cristo é
Christos, que significa o ungido, e a palavra grega
para unção é chrisma. Ambas as palavras são
derivadas da mesma raiz. Agora devemos prosseguir
para ver que Cristo como o Ungido torna-se a unção.
Por ser o Ungido, Ele possui abundância de ungüento
com o qual nos ungir. Por fim, o Ungido torna-se o
Ungidor. De fato, Ele até mesmo torna-se a unção.
Negar que Jesus é o Cristo é negar que Jesus é o
Ungido. Além disso, negar o Ungido significa negar a
unção. Portanto, negar o Christos é negar a chrisma.
Sempre que alguém nega que Jesus é o Christos, este
alguém nega que Jesus é o Ungido. Isso equivale a
negar a unção, pois, após o Ungido entrar em nós Ele
se torna a unção.
Em 2 Coríntios 1:21 Paulo diz: “Mas aquele que
nos confirma convosco em Cristo, e nos ungiu, é
Deus”. Por termos sido confirmados por Deus em
Cristo, o Ungido, nós somos espontaneamente
ungidos com Ele por Deus. Cristo foi ungido com o
ungüento divino, e o ungüento que está sobre Ele
agora flui para nós. Esse é o quadro no Salmo 133, o
qual diz que o óleo da unção desce da cabeça de Arão
para sua barba e ainda para a gola de sua veste
sacerdotal. Isso indica que Cristo tem abundância do
óleo que unge. Deus derramou o ungüento sobre Ele.
Por meio daquela unção Cristo recebeu o ungüento e
por fim Ele, o Ungido, tornou-se Aquele que unge.
Quando Ele entrou em nós como o Ungido, Ele se
tornou o Ungidor em nós. Na verdade, a unção que
habita em nós é o Ungido tornando-se o Ungidore
também a unção. Rejeitar esse Ungido é rejeitar a
unção. Toda vez que alguém nega que Jesus é o
Ungido e, conseqüentemente, nega que Ele é o
Ungidor, esta pessoa também nega a unção. Agora
precisamos ver que negar a unção é ser anti-unção, o
significado exato do título anticristo. Anticristo,
portanto, significa contra a unção.
De acordo com o versículo 22, o anticristo é o que
nega que Jesus é o Cristo. Negar que Jesus é o Cristo
é negar que Ele é o ungidor. Isso também é negar a
unção e por conseguinte ser anti-unção. Queéo
anticristo? O anti-cristo é alguém que é anti-unção.
Além disso, segundo o versículo 22, ser um anticristo,
ser anti-unção, é negar o Pai e o Filho. Podemos não
ser contra a unção dessa maneira, contudo temos de
admitir que freqüentemente desobedecemos a esta
unção interior.
A intenção de Deus é trabalhar-se em nós como
nossa vida e nosso tudo, a fim de fazer-nos Sua cópia
para expressá-Lo. Para cumprir isso, foi necessário
que Deus passasse pelo processo da encarnação, viver
humano, crucificação e ressurreição. Quando Ele
entrou na ressurreição, tornou-se o Espírito que dá
vida, composto, todo-inclusivo. Esse Espírito é na
verdade Christos, o Ungido, tornando-se Aquele que
dá vida. Quando cremos no Senhor Jesus, nós O
recebemos para dentro de nós. O que recebemos é o
Ungido, o qual por meio da morte e ressurreição
tomou-se o Ungidor. Além do mais, este Ungidor é o
todo-inclusivo Espírito habitador. Assim que cremos
Nele, Ele como o Espírito entrou em nosso espírito.
Agora Ele está dentro do nosso espírito para nos
ungir, para nos “pintar”, com o elemento do Deus
Triúno. Quanto mais ocorre este “pintar”, mais o
elemento do Deus Triúno é transfundido para dentro
do nosso ser. Esta é a unção, a qual é a realidade de
todo o Novo Testamento.

A EFICÁCIA DA CRUZ E A REALIDADE DA


RESSURREIÇÃO
Esta questão crucial e central da unção tem sido
negligenciada por muitos cristãos. Hoje, muitos têm
uma religião com doutrinas e regras, contudo
negligenciam o ensino interior da unção do Espírito
todo-inclusivo. Alguns ensinam acerca da cruz.
Entretanto eles podem possuir apenas a doutrina da
cruz; podem não ter o Espírito que dá vida
dispensando a eficácia da cruz de Cristo para dentro
deles. Podemos tentar considerar-nos mortos. Mas
podemos fazer isso sem ter a eficácia da morte de
Cristo dispensada dentro do nosso ser por meio do
Espírito que unge. Fora do Espírito, considerar-nos
mortos é mera prática vã. Anos atrás, tentei seguir
essa prática, mas descobri que ela não funciona.
Há cristãos que também podem ensinar sobre
ressurreição. Embora ensinem a doutrina da
ressurreição, eles podem não ter a realidade da
ressurreição de Cristo trabalhada dentro deles por
intermédio do Espírito que dá vida. O Espírito que dá
vida é a realidade da ressurreição de Cristo. A
doutrina da ressurreição de Cristo não pode
transmitir sua realidade para dentro de nós. Isso
pode ser feito somente por meio do Espírito que dá
vida, que é na verdade o próprio Cristo ressurreto
vivendo em nós. A doutrina não é a realidade. É o
próprio Cristo ressurreto como o Espírito que dá vida
que é a realidade da Sua ressurreição. Não é
suficiente ter a doutrina. Precisamos do Espírito que
dá vida como a realidade da doutrina. Percebendo
isso, em 1958 comecei a dar mensagem após
mensagem dizendo que simplesmente a doutrina da
morte e ressurreição de Cristo é vaidade; somente o
Espírito pode transmitir a eficácia da morte de Cristo
e a realidade da Sua ressurreição para dentro de nós.
Se percebermos isso, veremos que muitos dos cristãos
hoje têm simplesmente a doutrina sem o Espírito.
O UNGIDOR ESPÍRITO QUE DÁ VIDA
Tudo o que Deus é, tudo o que Ele possui e tudo o
que Ele realizou e obteve, estão incluídos no Espírito
que dá vida. Esse Espírito que dá vida é o Espírito
composto com o ungüento a nos ungir. Nesta unção
temos Deus com todas as Suas realizações de maneira
viva, concreta. Não devemos ter Deus meramente de
forma objetiva, doutrinária. Devemos ter o Deus
subjetivo, um Deus que é substantificado em nosso
espírito por meio do, pelo, no e com o Espírito
todo-inclusivo.
Devido ao fato de o Espírito todo-inclusivo ser
negligenciado e mesmo ignorado por muitos cristãos
hoje, certos crentes são, em certo sentido, anti-unção
por ignorância. Eles podem adorar o Pai e cremo
Filho de forma objetiva, crendo Nele como Aquele
que é o Senhor bem distante nos céus, mas não darem
atenção a Ele subjetivamente como o Espírito
ungidor que entrou neles e agora habita neles. Em:
vez de se preocuparem com tal Cristo vivo e subjetivo,
alguns na verdade opõem-se à verdade de que hoje
Cristo é o Espírito que dá vida, o qual vive nos
crentes. Isso mostra que eles são anti o Cristo, que é o
Espírito que unge, que habita interiormente, que dá
vida.

MUITOS ANTICRISTOS
Devido à influência do ensino tradicional, muitos
pensam que o termo “anticristo” refere-se apenas ao
homem da iniqüidade em 2 Tessalonicenses 2 e à
besta em Apocalipse 13. Entretanto, o termo
anticristo não é usado em nenhum destes capítulos. o
título anticristo não deve ser aplicado apenas ao
homem da iniqüidade e à besta. De acordo com 1
João, os anticristos são aqueles que são anti Cristo, o
Ungido, como o Filho de Deus. Na verdade, no Novo
Testamento, o homem da iniqüidade não é chamado
de anticristo. Esse título é encontrado apenas nas
Epístolas de 1 e 2 João, onde é usado para referir-se
àqueles que negam que Jesus é o Ungido, como o
Filho de Deus. De acordo com 1 João, capítulo 2, todo
o que nega Cristo dessa maneira é um anticristo.
“Anticristo”, sem o artigo, no versículo 18, indica a
categoria, não um anticristo em particular. Por isso
“muitos anticristos” são mencionados na frase
seguinte.

EXPERIMENTAR A UNÇÃO
O Espírito que unge em nosso interior é a
consumação do Deus Triúno, e neste Espírito há os
elementos da divindade, humanidade, viver humano,
crucificação e ressurreição. Ele é o Espírito
todo-inclusivo contendo tudo o que Deus cumpriu,
realizou e obteve. Este Espírito é agora o Ungidor
dentro em nós.
Primeiramente, Cristo era o Ungido. Então,
como o Ungido, Ele se tomou o Ungidor que habita
em nós para nos ungir. No entanto, a maioria dos
cristãos ou negligenciam isso ou são ignorantes
quanto a isso, e alguns realmente se opõem a esta
verdade. Agradecemos ao Senhor que, pela Sua
misericórdia, estejamos experimentando e
desfrutando a maravilhosa unção do Espírito
todo-inclusivo dentro de nós.

“PINTAR” OS OUTROS COM O ESPÍRITO


QUE DÁ VIDA
Estou encorajado pelo fato de que muitos santos
na restauração do Senhor, especialmente os jovens,
estejam desfrutando esta unção. Espero que nos anos
vindouros os santos saiam para pregar e ensinar os
maravilhosos mistérios divinos que são
desconhecidos por parte de muitos crentes. Muitos de
nós serão capazes de ungir a outros com o Espírito
composto, aplicando esta “tinta” divina sobre eles. Se
quisermos fazer isso, precisaremos ser pessoas
“pintadas”, aquelas que estão saturadas da unção.
Devemos ser aqueles sobre quem a “tinta” está
“fresca”, sempre com uma aplicação “fresca” da
“tinta” divina. Por esta pintura estar ocorrendo o
tempo todo, a “tinta” sobre nós nunca deve secar.
Então, como tais pessoas “pintadas”, devemos sair
para “pintar” os outros com o composto,
todo-inclusivo Espírito que dá vida.
ESTUDO-VIDA DE 1 JOÃO
MENSAGEM 25
AS VIRTUDES DO NASCIMENTO DIVINO PARA
PRATICAR A JUSTIÇA DIVINA (1)

Leitura da Bíblia: 1 102:28-3:10a


Nas mensagens anteriores tratamos das
primeiras duas seções desta Epístola: a comunhão da
vida divina (1:1-2:11) e o ensinamento da unção
divina (2:12-27). Nesta mensagem chegamos à
terceira seção: as virtudes do nascimento divino (2:28
— 5:21). A seqüência aqui é muito significativa.
Primeiro, João mostra-nos que na vida divina há o
desfrute da comunhão, e nessa comunhão
desfrutamos o ensinamento da unção. Em seguida,
João escreve a respeito das virtudes do nascimento
divino. Deacordocom2:28-3:10a, as virtudes do
nascimento divino são para a prática da justiça
divina.

O QUE GERA E AQUELE QUE VEM


A Primeira Epístola de João 2:28 diz: “E agora,
filhinhos, permanecei nele, para que, quando ele for
manifestado, tenhamos ousadia e não sejamos
apartados dele, envergonhados, na sua vinda” (lit.).
“Nele”, neste versículo, refere-se ao Pai e ao Filho.
Isso significa que “Nele”, na verdade, refere-se ao
Deus Triúno. Portanto, permanecer Nele é
permanecer no Pai, no Filho e no Espírito.
O pronome “Ele” na frase “Ele for manifestado”,
segundo o contexto, deve referir-se ao Filho. Esse
entendimento é confirmado pela frase “na Sua vinda”,
encontrada ao [mal do versículo. Aqui João está
dizendo que quando o Filho for manifestado, que nós
possamos ter ousadia e não sejamos apartados Dele
na Sua vinda.
No versículo 29 João continua: “Se sabeis que ele
é justo, reconhecei também que todo aquele. que
pratica a justiça é nascido dele.” “Ele” aqui denota o
Deus Triúno, o Pai, o Filho e o Espírito, de modo
todo-inclusivo, pois refere-se a “Ele” e “Nele” no
versículo anterior, que indica o Filho que está vindo, e
também denota “Dele” neste versículo, referindo-se
ao Pai, o qual nos gerou. Isso indica fortemente que o
Filho e o Pai são um (Jo 10:30). O pronome “Ele”
refere-se tanto ao Filho que está vindo quanto ao Pai
que nos gerou. Foi o Pai, não o Filho, que nos gerou;
contudo é o Filho, não o Pai, que está vindo.
Neste versículo, “Ele” como pronome serve a dois
propósitos, referindo-se tanto a Ele (o Filho) que está
vindo, como também a Ele (o Pai) que nos gerou. São
o Pai e o Filho um ou dois? A melhor resposta a essa
pergunta é dizer que Eles são dois-um. Ele é tanto O
que virá como Aquele que gerou. Como Aquele que
gera, Ele é o Pai; e como O que vem, Ele é o Filho.

PERMANECER NELE
Em 2:28 o apóstolo João diz: “E agora, filhinhos,
permanecei nele” (lit.). A palavra que inicia em 2:13,
para as três diferentes classes de receptores, termina
no versículo 27. Agora o versículo 28 volta para todos
os receptores. Por essa razão, ele é endereçado
novamente aos “filhinhos”, como nos versículos 1 e
12.
A palavra endereçada aos três grupos de
receptores em 2:13-27 conclui com a exortação para
“permanecer Nele” como a unção nos ensinou. Nesta
seção, de 2:28 até 3:24, o apóstolo continua a
descrever a vida que permanece no Senhor. Ela
começa (2:28), continua (3:6), e termina (3:24) com
“permanecer Nele”.
Como já ressaltamos, aqui o pronome “Ele”
refere-se, sem dúvida, a Cristo, o Filho, o qual está
vindo. Isso, juntamente com a frase anterior,
“permanecei Nele”, que é uma repetição daquela no
versículo 27 envolvendo a Trindade, indica que o
Filho é a corporificação do Deus Triúno, inseparável
do Pai ou do Espírito.
No versículo 28 João diz que se permanecermos
Nele, “teremos ousadia e não seremos apartados dele,
envergonhados, na sua vinda” (lit.). As palavras
gregas traduzidas para “na Sua vinda” literalmente
significam “na Sua presença” (parousia). A palavra
de João sobre não ser envergonhado indica que
alguns crentes que não permanecem no Senhor (isto
é, não se mantêm na comunhão da vida Divina de
acordo com a pura fé na Pessoa de Cristo), mas se
deixam enganar por ensinamentos heréticos acerca
de Cristo (v. 26), serão punidos ao serem apartados
Dele, envergonhados, para longe da Sua gloriosa
parousia.

SABER QUE ELE É JUSTO


No versículo 29 João usa por duas vezes a
palavra “sabeis”: “Se sabeis que ele é justo, sabeis que
todo aquele que pratica a justiça é nascido dele”
(VRC). O primeiro uso da palavra “saber” é uma
tradução da palavra grega eideta, proveniente de
oida, concebido por meio de um conhecimento
consciente, uma visão interior mais profunda. Isso
visa conhecer o Senhor. Mas o segundo uso da
palavra “saber” é uma tradução da palavra grega
ginoskete, proveniente de ginosko, o conhecimento
objetivo exterior. Isso visa conhecer o homem.
A palavra “justo” no versículo 29 refere-se ao
Deus justo em 1:9 e a Jesus Cristo, o justo, em 2:1.
Nesta palavra dirigida a todos os receptores,
começando de 2:28, o apóstolo volta sua ênfase da
comunhão da vida divina em 1:3 a 2:11 e da unção da
Trindade divina em 2:12-27, para a justiça de Deus. A
comunhão da vida divina e a unção da Trindade
divina devem levar a um resultado, isto é, devem
resultar na expressão do Deus justo.

SABER QUE TODO O QUE PRATICA A


JUSTIÇA É NASCIDO DE DEUS
De acordo com a palavra de João no versículo 29,
se sabemos que Deus é justo, “sabemos que todo
aquele que pratica a justiça é nascido dele”. Praticar a
justiça não é apenas fazer justiça ocasional e
propositadamente como um ato isolado; é fazer
justiça habitual e involuntariamente como viver
diário comum da pessoa. Ocorre o mesmo caso em
3:7. Isto é um viver automático que resulta da vida
divina dentro de nós, com a qual fomos gerados do
Deus justo. Portanto, é uma expressão viva de Deus,
que é justo em todos os Seus feitos e atos. Não é mero
comportamento exterior, mas é a manifestação da
vida interior; não meramente um ato propositado,
mas o fluir de vida do interior da natureza divina da
qual participamos. Esta é a primeira condição da vida
que permanece no Senhor. Tudo é devido ao
nascimento divino, o qual é indicado pela palavra” é
nascido dele” e pelo título “filhos de Deus” em 3:1.
Os escritos de João sobre os mistérios da vida
divina eterna dá muita ênfase ao nascimento divino
(3:9; 4:7; 5:1, 14, 18; Jo 1:12-13), o qual é a nossa
regeneração (Jo 3:3, 5). É a maior maravilha em todo
o universo que seres humanos possam nascer de
Deus, e pecadores possam ser feitos filhos de Deus!
Por meio deste surpreendente nascimento divino
recebemos a vida divina, que é a vida eterna (1Jo I:2),
como a semente divina semeada para dentro do nosso
ser (3:9). A partir desta semente, todas as riquezas da
vida divina crescem de dentro de nós. É por meio
disso que permanecemos no Deus Triúno e vivemos a
vida divina em nosso viver humano, uma vida que
não pratica pecado (3:9), mas pratica justiça (2:29),
ama os irmãos (5:1), vence o mundo (5:4), e não é
tocada pelo maligno (5:18).

PERMANECER NO DEUS TRIÚNO E O


NASCIMENTO DIVINO
A Primeira Epístola de João 2:28 a 3:10a indica
que podemos permanecem o Senhor. Temos
salientado que certos pronomes usados nestes
versículos indicam que permanecem o Senhor é, na
verdade, permanecer no Deus Triúno.
Não é uma questão simples permanecermos no
Deus Triúno. Como é que seres humanos podem
permanecer em Deus? Permanecer em Deus é
diferente de andar com Ele. Gênesis 5 diz-nos que
Enoque andou com Deus. Mas que significa
permanecer Nele? Aqui João não fala de andar com
Deus, mas de permanecer em Deus. Permanecerem
Deus significa habitar Nele. Podemos achar muito
fácil entender o que significa permanecer com Deus
ou habitar com Deus. No entanto, segundo a mente
natural parece ser impossível que seres humanos
habitem, permaneçam, em Deus.
Permanecer no Deus Triúno é um assunto que
envolve o nascimento divino. A terceira seção desta
Epístola dá ênfase ao nascimento divino. Temos as
palavras “nascido dele” em 2:2ge a frase “nascido de
Deus” em3:9; 4:7; 5:1, 4e 18. Com isso podemos ver
que João refere-se repetidamente ao nosso
nascimento divino. A fim de habitarmos em Deus,
precisamos perceber que tivemos um nascimento
divino, que nascemos de Deus. Por meio desse
nascimento divino, recebemos a vida divina, a qual é
a semente divina. Como é maravilhoso que uma
semente divina foi semeada dentro de nós e que
tenhamos nascido de Deus!
Quando uma criança nasce de seus pais, ela
automaticamente tem uma vida humana. Podemos
dizer que essa vida humana veio da semeadura da
semente humana, que a criança veio da semente
humana. Essa semente significa muito para a vida da
criança, pois a levará a ser diferente de qualquer tipo
de animal. Por ter a criança recém-nascida uma
semente humana, ela pode habitar na humanidade.
Ela foi gerada da humanidade, e possui uma vida
humana que veio daquela semente. Portanto, é fácil
para uma criança permanecer, morar, habitar, na
humanidade. Na verdade, para a criança, habitar na
humanidade é natural, espontâneo e automático. Ela
pode permanecer na humanidade, porque ela teve um
nascimento humano e possui uma vida humana que
veio da semente humana.
Suponha que alguém ordenasse a um cão que
permanecesse na humanidade. Um cão pode fingir
um pouco ficando em pé como um ser humano. Mas,
por fim, ele voltará a ficar sobre as quatro patas e
espontaneamente viverá segundo a natureza canina
dentro dele. Por não ter tido um nascimento humano,
um cão não tem a vida humana, a semente humana,
para capacitá-lo a permanecer na humanidade.
Você sabe o que torna possível habitarmos no
Deus Triúno?
Podemos habitar Nele porque nascemos Dele. É
a maravilha das maravilhas que seres humanos
possam nascer de Deus. Embora Deus seja divino e
nós pecadores, fomos, contudo, gerados do Ser
divino. Nada pode ser maior do que isso.
Este nascimento divino não é mera doutrina ou
algo experimentado psicologicamente. Pelo contrário,
esse nascimento na verdade ocorreu organicamente
em nosso espírito. Em João 3:6 o Senhor Jesus diz:
“O que é nascido do Espírito, é espírito.” Louvado seja
o Senhor que experimentamos tal nascimento! Esse
nascimento divino traz-nos uma vida divina, e a vida
divina é a semente divina a qual está agora em nosso
ser. Nessa vida divina espontaneamente
permanecemos, habitamos, no Deus Triúno.
Já estamos habitando no Deus Triúno. Não há
necessidade de nos exercitarmos para habitar Nele,
uma vez que já estamos Nele. Entretanto, precisamos
ser cuidadosos para não permitir que este
permanecer no Deus Triúno seja interrompido.
Nós nascemos de Deus, e a semente de Deus
permanece em nós. Por meio dessa semente estamos
em Deus e podemos permanecer em Deus. Não há
necessidade de fazermos nada. Todavia não devemos
deixar nosso permanecer Nele ser interrompido. Esta
é a razão de João exortar-nos repetidas vezes a
permanecer Nele.
Em 3:24 João diz que conhecemos que Ele
permanece em nós, pelo Espírito que nos deu. Isso
indica que o permanecer do Senhor em nós e o nosso
permanecer Nele é totalmente no Espírito.

SATURADOS COM O ESPÍRITO


TODO-INCLUSIVO
Por termos nascido de Deus e por Sua vida como
uma semente divina permanecer em nós, podemos
permanecer Nele. Enquanto permanecemos Nele, Ele
nos satura. É claro que João não usa a palavra
“saturar”. Mas se experimentarmos o que está escrito
nesta seção de 1 João, perceberemos que o que João
fala, na verdade, envolve o ser saturado com o Deus
Triúno. O Deus Triúno não é uma teoria ou teologia;
Ele é o Espírito vivo, a unção. Portanto, quando
permanecemos no Deus Triúno, Ele, como o Espírito
que dá vida, todo-inclusivo, composto, que habita
interiormente, saturar-nos-á, e ficaremos
encharcados com Ele.
Quanto mais formos ungidos com o Deus Triúno,
mais seremos saturados com Ele. Usemos como
ilustração um pedaço de tecido no qual se aplicou
tinta. Quanto mais tinta for aplicada ao tecido, mais
este absorverá a tinta até que fique saturado com ela.
No final, todo o tecido estará com a tinta. A unção é
um pintar divino. Vimos que a unção é o mover do
Espírito que habita interiormente, composto,
todo-inclusivo, que dá vida, em nosso interior, o qual
é o Deus Triúno processado. Assim como a tinta é
composta de diferentes elementos, esta unção, o Deus
Triúno processado, inclui diversos elementos:
divindade, humanidade, encarnação, viver humano,
crucificação e ressurreição. Todos esses elementos
foram misturados no Espírito todo-inclusivo, que é a
tinta divina com a qual estamos sendo pintados.
Agora este Espírito está dentro de nós, ungindo-nos,
pintando os elementos da divindade, humanidade,
encarnação, viver humano, crucificação e
ressurreição dentro do nosso ser até sermos
saturados com eles.
Minha preocupação é mostrar aos filhos de Deus
que a vida cristã não é uma questão de religião ou
doutrina. A vida cristã é totalmente uma questão de
ser saturado com o Espírito todo-inclusivo. Este
saturar não pode ser obtido por meio de doutrina ou
teologia. Isso é possível somente por meio do Deus
Triúno processado, que é o Espírito todo-inclusivo.
Muitos cristãos não têm um entendimento
adequado do Espírito. Alguns consideram o Espírito
meramente como uma força; outros afirmam que o
Espírito está nos crentes para representar o Pai e o
Filho. Tal compreensão do Espírito está muito
distante daquilo que é revelado na Bíblia. Nesse tipo
de ensinamento acerca do Espírito não há lugar para
os elementos que estão incluídos no Espírito que dá
vida. Segundo este tipo de entendimento, quando
muito, o Espírito é somente uma força ou poder, ou
um representante do Pai e do Filho. Aqueles que
mantêm esse conceito acerca do Espírito não
percebem que, segundo a Bíblia, o Espírito é a
consumação máxima do Deus Triúno processado.
Muitos elementos foram combinados neste único
Espírito. Portanto, quando este Espírito que habita
interiormente nos unge, Ele satura nossa pessoa com
todos os elementos do Deus Triúno processado. É
dessa forma que somos regenerados, transformados e
glorificados.
Doutrina não pode regenerar-nos, e teologia não
pode transformar-nos. A doutrina pode ser
comparada a um cardápio. Quando vai a um
restaurante, você pode ler o cardápio. Entretanto, seu
objetivo não é estudar o cardápio — seu objetivo é
comer uma nutritiva refeição. O cardápio não pode
transformá-lo por nutri-lo. Somente a comida que
você come pode fazer isso.
Suponha que uma pessoa esteja subnutrida e
como conseqüência tenha uma feição pálida. A
maneira de melhorar a feição dela não é aplicando
cosméticos. Se fizesse isso seria como fazer o trabalho
de um agente funerário. A maneira correta é
alimentá-la com comida nutritiva dia após dia. Por
fim, essa comida causará uma transformação interior,
uma mudança orgânica, metabólica, que se
expressará numa feição saudável. No mesmo
princípio, nossa transformação pode ser realizada
somente pelo Espírito, não por doutrina. No entanto,
muitos cristãos hoje se preocupam com doutrina e
não com a vida no Espírito. Não há muitos cristãos
que se preocupam com a experiência da vida divina
no espírito regenerado. Precisamos ficar
impressionados com o fato de que nesta seção de 1
João a experiência da vida divina é uma questão do
Espírito de Deus em nosso espírito.
Em 2:28 a 3:10a vemos que temos um
nascimento divino. Por meio desse nascimento
Divino recebemos a semente divina. Agora nos é
possível habitar em Deus, e precisamos habitar Nele.
Quando habitamos no Deus Triúno, Ele nos satura.
Isso não é uma questão de correção ou regra — é uma
questão de saturação. Voltando à ilustração do tecido
e a tinta, sermos saturados com o Deus Triúno é como
o tecido tendo tinta aplicada sobre ele até que esteja
totalmente saturado com a tinta. Nosso Deus hoje é a
unção, a tinta divina. O que temos interiormente não
é apenas o ungüento, mas o ungir, não apenas a tinta,
mas o pintar. Como este pintar ocorre dentro de nós,
ele nos satura até que estejamos encharcados com a
tinta. Por fim, estaremos totalmente saturados e
permeados com a tinta. Isso certamente não é uma
questão de religião, doutrina, teologia ou
ensinamento. É uma questão do Deus Triúno como o
Espírito que habita interiormente, composto,
todo-inclusivo, que dá vida, em nosso espírito,
continuamente ungindo-nos. Por meio desse ungir as
próprias fibras do nosso ser serão saturadas com tudo
aquilo que o Deus Triúno processado é.

TORNAR-NOS A EXPRESSÃO DO DEUS


TRIÚNO
Como resultado de sermos saturados com o Deus
Triúno, tomamo-nos Sua expressão. Por termos sido
saturados com Ele, nós O expressamos. Em certo
sentido, após o tecido ter sido saturado com a tinta,
ele se toma a tinta e passa a expressar não a si
mesmo, mas a tinta com a qual foi saturado.
Semelhantemente, como resultado de ser totalmente
saturado com o Deus Triúno, nós O expressaremos.
Particularmente, por Deus ser justo, ao expressá-Lo,
expressaremos Sua justiça.

PRATICAR A JUSTIÇA HABITUALMENTE


Já vimos que a palavra “praticar” em2:29
significa fazer algo habitual e continuamente. Em
2:29 João fala não apenas de fazer justiça, mas de
praticá-la, isto é, de fazer justiça contínua e
habitualmente como um modo de vida. Um cão, por
exemplo, habitual, contínua e automaticamente, fica
sobre as quatro patas. Para um cão tentar ficar em pé
sobre duas patas e andar como homem não seria uma
prática, mas uma tentativa de agir como um ser
humano. Da mesma forma, um incrédulo pode fazer
algo justo, visando determinado propósito. No
entanto, como filhos de Deus, praticamos justiça
espontânea, habitual, automática, contínua e
despretenciosamente. Isso significa que não
pretendemos propositadamente fazer justiça; antes,
praticamos justiça por ser este o viver da vida divina
que está em nós. Devido ao fato de permanecermos
no Deus justo e de Ele estar nos saturando com o que
Ele é, nós expressamos Sua justiça por viver uma vida
justa despretensiosa habitualmente.
Que todos sejamos profundamente
impressionados com o fato de que por meio do
nascimento divino recebemos a semente divina.
Agora, por intermédio desta semente divina podemos
habitar em nosso Deus. Enquanto habitamos Nele,
Ele nos saturará com o que Ele é. Por ser Ele justo,
nós continuamente expressaremos a justiça divina
por praticar justiça habitualmente e sem qualquer
intenção. Isso é praticar a justiça divina por meio da
virtude do nascimento divino.
ESTUDO-VIDA DE 1 JOÃO
MENSAGEM 26
AS VIRTUDES DO NASCIMENTO DIVINO PARA
PRATICAR A JUSTIÇA DIVINA (2)

Leitura da Bíblia: 1Jo 2:28-3:10a


Na Epístola de 1 João há três seções principais: a
comunhão da vida divina (1:1 — 2:11), o ensinamento
da unção divina (2:12-27) e as virtudes do nascimento
divino (2:28 — 5:21). A seqüência dessas seções
indica que a comunhão da vida divina e o
ensinamento da unção divina introduzem-nos nas
virtudes do nascimento divino.
Na terceira seção vemos quanto desfrute
recebemos do nascimento divino. Em particular, este
desfrute está relacionado às virtudes do nascimento
divino. O nascimento divino produz muitas virtudes.
Somente pela comunhão da vida divina e pelo
ensinamento da unção divina podemos experimentar
e desfrutar todas as virtudes dispensadas a nós por
meio do nascimento divino. De acordo com 1 João, a
primeira dessas virtudes é praticar a justiça divina.
Portanto, o título desta mensagem é “As Virtudes do
Nascimento Divino para Praticar a Justiça Divina”.

O NASCIMENTO DIVINO COMO BASE


A prática da justiça divina tem uma base, e essa
base é o nascimento divino (2:29; 3:9; 1:7; 5:1, 4, 18).
Por meio desse nascimento recebemos a vida divina
como semente divina. Podemos dizer que essa
semente é o “capital” para nossa vida cristã. Para
vivermos a vida cristã, precisamos deste capital, isto
é, precisamos da vida divina semeada como semente
divina para dentro do nosso ser por meio do
nascimento divino.
O nascimento divino traz-nos a semente divina, e
por intermédio dessa semente participamos da
natureza divina para nosso crescimento na vida
divina. Uma determinada vida sempre terá uma
natureza específica, e essa natureza é para
crescimento. Por termos nascido de Deus, temos a
vida divina. Dentro dessa vida divina existe a
natureza divina. Agora estamos participando e
desfrutando dessa natureza divina (2Pe 1:4) para
crescermos na vida divina. Esta é a base para a
prática da justiça divina, do amor divino (3:10b —
5:3) e do vencer todas as coisas negativas (5:4-21).

A VIDA DIVINA COMO O MEIO


Vimos que o nascimento divino é a base. Agora
devemos prosseguir para ver que a vida divina é o
meio. Primeiramente, a vida divina é o meio para
permanecermos no Deus Triúno. Senão tivéssemos a
vida humana, não poderíamos permanecer na
humanidade. De semelhante modo, se não tivéssemos
a vida divina, não poderíamos permanecem o Deus
Triúno. Mas porque temos a vida divina, por meio
desta vida podemos permanecem o Deus Triúno.
Tendo a vida divina como o meio podemos
também viver esta vida em nosso viver humano. Isso
significa que podemos viver uma vida que pratica a
justiça divina, ama os irmãos e vence todas as coisas
negativas.

POR PERMANECER NA COMUNHÃO DIVINA


SEGUNDO A UNÇÃO DIVINA
Podemos praticar a justiça divina por
permanecer na comunhão divina segundo a unção
divina (2:27-28). Por meio deste permanecer, nós
primeiro desfrutamos Deus como luz (1:5, 7; 2:10), e
em seguida O desfrutamos como amor (4:8, 16). Luze
amor são mais profundos que verdade e graça. Luz é a
fonte da verdade, e amor é a fonte da graça. Por
permanecermos na comunhão divina segundo a
unção divina, não somente recebemos verdade e
graça, mas também desfrutamos luz como a fonte da
verdade e amor como a fonte da graça.
Tendo o nascimento divino como base, a vida
divina como o meio, e por permanecermos na
comunhão divina segundo a unção divina, podemos
praticar a justiça divina. Vamos agora prosseguir
considerando a prática da justiça divina.

A PRÁTICA DA JUSTIÇA DIVINA

Uma Incumbência a Todos os Crentes


Em 2:28 João diz: “E agora, filhinhos,
permanecei nele, para que, quando ele for
manifestado, tenhamos ousadia e não sejamos
apartados dele, envergonhados, na sua vinda” (lit.).
Esta palavra é dirigida aos “filhinhos”, isto é, a todos
os crentes (2:1). Esta exortação começa (2:28),
continua (3:6) e termina (3:24 ) com “permanecer
Nele”. Se permanecermos Nele, podemos ter ousadia
e não seremos apartados Dele, envergonhados, na
Sua vinda, na Sua parousia. Isso significa que na Sua
volta não seremos apartados da Sua glória,
envergonhados. Contudo, se não permanecermos no
Deus Triúno, vivendo continuamente a vida divina,
então na volta do Senhor seremos envergonhados, o
que será uma espécie de disciplina para nós. Então
seremos mantidos afastados da Sua glória.

Conhecer e Praticar
No versículo 29 João continua: “Se sabeis que ele
é justo, sabeis que todo aquele qiíe pratica a justiça é
nascido dele” (VRC). A primeira menção da palavra
“saber” neste versículo é a tradução da palavra grega
eidete, proveniente de oida, que significa percebido
com um conhecimento consciente, uma visão interior
mais profunda. Precisamos saber desta forma que
Deus é justo. Se percebermos isso, então saberemos
que todo aquele que pratica a justiça é nascido de
Deus.
Praticar a justiça é algo habitual como um viver
diário comum e não intencional. Portanto, praticar
ajustiça divina é fazer justiça habitual como nosso
viver diário e não intencional. No entanto, se fizermos
justiça intencionalmente com um propósito, isso não
será algo do nosso viver diário comum. Pelo
contrário, será um comportamento político. Alguém
pode fazer justiça com propósito de ganhar posição
ou promover seu nome. Isso é portar-se de maneira
política. Mas nós, cristãos, como filhos de Deus,
devemos ser saturados com o Deus justo de tal forma
que, espontaneamente, vivamos uma vida que
pratique justiça habitual e não intencional. Em vez de
fazer determinado ato de justiça com certo propósito,
nós praticamos justiça como nossa vida diária
comum. Isso é resultado da comunhão da vida divina
e da unção da Trindade divina. Além do mais, isso é
uma expressão do Deus justo. Por permanecermos no
Deus justo, somos infundidos e saturados com Ele.
Então nosso viver toma-se uma expressão do Deus
justo com o qual fomos infundidos e saturados. Este
Deus justo, então, toma-se nosso viver justo, nossa
justiça diária. Esta prática de justiça não é mero
comportamento exterior, mas é a manifestação da
vida interior. Como já salientamos, isso não é um ato
propositado; é o fluir da vida a partir do interior da
natureza divina da qual participamos.

Ver que Grande Amor o Pai nos Tem


Concedido
A Primeira Epístola de João 3:1 diz: “Vede que
grande amor nos tem concedido o Pai, ao ponto de
sermos chamados filhos de Deus; e, de fato, somos
filhos de Deus. Por essa razão o mundo não nos
conhece, porquanto não o conheceu a ele mesmo.”
Este versículo está inserido na passagem que vai de
2:28 até 3:3. Esta passagem é um parágrafo acercado
viver justo dos filhos de Deus.
Em 3:1 João refere-se ao nascimento divino e ao
Pai gerador. Quanto ao Deus Triúno implícito em
2:29, o Pai é mencionado de modo particular. Ele é a
fonte da vida divina, Aquele de quem fomos gerados
com essa vida. O amor de Deus é manifestado pelo
fato de enviar Seu Filho para morrer por nós, de
modo que tenhamos Sua vida e assim nos tomemos
Seus filhos (4:9; Jo 3:16; 1:12-13). O envio de Seu
Filho é para nos gerar. Portanto, o amor de Deus é um
amor gerador, particularmente no Pai.
A palavra “filhos” em 3:1 corresponde a “nascido
dele” em 2:29. Fomos gerados do Pai, a fonte da vida,
para sermos filhos de Deus, o Possuidor dos filhos.
Participamos da vida do Pai, a fim de expressar o
Deus Triúno.
Em 3:1 João diz: “Por essa razão o mundo não
nos conhece, porquanto não o conheceu a ele
mesmo.” A palavra grega traduzida como “por essa
razão” pode também ser traduzi da por esta causa ou
por isso. Pelo fato de sermos filhos de Deus por
intermédio de um nascimento misterioso com a vida
divina, o mundo não nos conhece. O mundo
desconhece nossa regeneração por Deus; ele não nos
conhece, porque não conheceu o próprio Deus. O
mundo desconheceu a Deus, portanto também
desconhece nosso nascimento Divino.

Perceber que os Filhos de Deus Têm um


Futuro Grandioso
Em 3:2 João prossegue dizendo: “Amados, agora
somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o
que havemos de ser. Sabemos que, quando ele se
manifestar, seremos semelhantes a ele, porque
havemos de vê-lo como ele é.” Uma vez que somos
filhos de Deus, seremos semelhantes a Ele em
maturidade de vida, quando Ele for manifestado. Ser
semelhante a Ele é “o que havemos de ser”. Isso ainda
não se manifestou. Isso indica que os filhos de Deus
têm um futuro grandioso com a mais esplêndida
bênção. Não somente teremos a natureza divina,
como também possuiremos a semelhança divina.
Participar da natureza divina já é uma grande bênção
e desfrute; contudo, ser semelhante a Deus,
possuindo Sua semelhança, será uma bênção e
desfrute maiores.
O pronome “ele” em 3:2 refere-se a Deus e
denota Cristo, que deverá ser manifestado. Isso
indica não somente que Cristo é Deus, mas também
implica a Trindade divina. Quando Cristo for
manifestado, o Deus Triúno será manifestado.
Quando O virmos, veremos o Deus Triúno; e quando
formos semelhantes a Ele, seremos semelhantes ao
Deus Triúno.
No versículo 2 João diz: “Seremos semelhantes a
ele, porque havemos de vê-lo como ele é.” Isso
significa que, por vê-Lo, refletiremos Sua semelhança
(2Co 3:18). Isso nos levará a ser como Ele é.
O versículo 2 indica que os filhos de Deus têm
um futuro grandioso. No entanto, tenho ouvido
alguns santos dizerem que eles não têm futuro. Esses
santos precisam perceber que eles têm um futuro
grandioso com bênçãos esplêndidas. Nosso futuro
está indicado pelas palavras “ainda não se manifestou
o que havemos de ser”. O que seremos é um mistério
divino. Por ser tão misterioso, deve ser algo
grandioso. Não somos capazes de imaginar qual será
nosso futuro. O fato de nosso futuro ainda não ter
sido manifestado indica que ele será maravilhoso.
Embora não tenha sido manifestado o que seremos,
sabemos que quando o Filho se manifestar, seremos
semelhantes ao Deus Triúno.

Purificar-nos a Nós Mesmos


Em 3:3 João continua: “E a si mesmo se purifica
todo o que nele tem esta esperança, assim como ele é
puro.” A esperança citada aqui é a de ser semelhante
ao Senhor, de possuir a semelhança do Deus Triúno.
Nossa expectativa é que seremos semelhantes a Ele.
O versículo 3 diz que por termos esta esperança,
purificamo-nos a nós mesmos. Segundo o contexto
desta seção, de 2:28 até 3:24, purificar-nos a nós
mesmos é praticar a justiça (3:7; 2:29), vi ver uma
vida justa que seja a expressão do Deus justo (1:9), o
Justo (2:1). Isso é ser puro, sem qualquer mancha de
injustiça, exatamente como Ele é perfeitamente puro,
Isso também descreve a vida que permanece no
Senhor.

Não Transgredir a Lei


Em3:4João diz: “Todo aquele que pratica o
pecado, também transgride alei: porque o pecado é a
transgressão da lei.” Praticar pecado não é
meramente cometer pecado como atos ocasionais,
mas é vi ver em pecado (Rm 6:2), vi ver uma vida que
não esteja debaixo do princípio governante de Deus
sobre o homem.
Ninguém que seja filho de Deus pratica pecado
habitualmente. Podemos pecar ocasionalmente, mas
não praticar pecado com habitualidade. Por exemplo,
se alguém tem a prática de mentir continuamente,
isso é sinal de que ele provavelmente não nasceu de
Deus. Uma pessoa que tenha a vida divina nela como
uma semente, não consegue mentir habitualmente.
No entanto, devido a uma fraqueza, um filho de Deus
pode vir a mentir numa circunstância particular. Mas
por ser ele filho de Deus, não mentirá habitualmente.
Em vez de praticar pecado, os que são filhos de Deus
praticam justiça habitualmente.
Em 3:4 João diz que o pecado é a transgressão da
lei. Transgredir a lei é não ter lei, estar sem lei. Isso
não significa estar sem a lei mosaica (ver Rm 5:13),
pois o pecado já estava no mundo antes que a lei
mosaica fosse dada. Sem lei, aqui, denota estar sem,
ou não estar debaixo do princípio governante de Deus
sobre o homem. Praticar transgressão é viver uma
vida fora e não debaixo do princípio governante de
Deus sobre o homem. Portanto, transgressão à lei é
pecado, ou, reciprocamente, pecado é transgressão à
lei.

Cristo Manifestado para Tirar os Pecados


O versículo 5 diz: “Sabeis também que ele se
manifestou para tirar os pecados, e nele não existe
pecado.” A palavra grega para “tirar” aqui é a mesma
usada em João 1:29. Ali Cristo como o Cordeiro de
Deus tira o pecado do mundo, o pecado que entrou no
mundo por meio de Adão (Rm 5:12). Aqui Ele tira os
pecados, os quais são cometidos por todos os
homens. João 1 e Romanos 5 tratam com o próprio
pecado que habita nos homens (Rm 7:17-18). Este
capítulo trata com os frutos do pecado, isto é, com os
pecados cometidos no viver diário dos homens.
Ambos foram tirados por Cristo.
Naquele que tira tanto o pecado quanto os
pecados, não há pecado. Portanto, Ele não conheceu
pecado (2Co 5:21), não pecou (1Pe 2:22) e estava sem
pecado (Hb 4:15). Isso O qualificou a tirar tanto o
pecado que habita interiormente quanto os pecados
cometidos no viver diário dos homens.

Não Pecar Habitualmente


No versículo 6 João continua: “Todo aquele que
permanece nele não vive pecando; todo aquele que
vive pecando não no viu, nem o conheceu.”
Permanecer Nele é ficar na comunhão da vida divina
e andar na luz divina (l:2-3, 6-7).
As palavras “não vive pecando” significam não
pecar habitualmente. Esta é também uma condição
da vida que permanece no Senhor. Não quer dizer
que os filhos de Deus jamais cometam pecado; eles
podem vir a cometer pecado ocasionalmente.
Significa que os crentes regenerados que têm a vida
divina e vivem por intermédio dela não praticam
pecado. O caráter e hábito deles não é de pecar, mas
de permanecer no Senhor.
Permanecem o Senhor é o viver de um crente;
pecar é a vida de um pecador. Neste versículo João
diz que todo o que pratica pecado, vivendo uma vida
pecaminosa, não No viu nem O conheceu. Não ter
visto ou conhecido o Senhor não é ter recebido
alguma visão Dele ou ter alguma percepção Dele. Isso
é a condição de um incrédulo. Mas, se temos
experimentado o Senhor, então nós O temos visto e O
conhecemos. Ver e conhecer o Senhor é
experimentá-Lo.

Viver uma Vida Justa


No versículo 7 João diz: “Filhinhos, não vos
deixeis enganar por ninguém; aquele que pratica a
justiça é justo, assim como ele é justo.” Praticar
justiça é vi ver uma vida justa, vivendo honestamente
sob o princípio governante de Deus. Isso, de acordo
com o versículo seguinte, significa não praticar
pecado, e, segundo o versículo 4, significa não
praticar transgressão.
Conforme o contexto, “justo” aqui equivale a
“puro” no versículo 3. Ser justo é ser puro, sem
qualquer mancha de pecado, transgressão e injustiça,
assim como Cristo é puro. A ênfase do apóstolo João é
que, uma vez que sejamos filhos de Deus, tendo a vida
divina e a natureza divina, certamente vi veremos
habitualmente uma vida de justiça.

O Diabo Peca desde o Princípio


No versículo 8 João prossegue dizendo: “Quem
comete pecado é do Diabo; porque o Diabo peca
desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se
manifestou: para destruir as obras do Diabo” (IBB —
Rev.). Este versículo mostra que “comete pecado” (v.
4) e “peca” neste livro são sinônimos, denotando
viver em pecado, cometer pecado habitualmente. Tal
vida é do diabo, cuja vida é do pecado e peca
habitualmente desde o princípio. O pecado é sua
natureza, e pecar é seu caráter.
No versículo 8 a preposição “desde” é usada no
sentido absoluto, isto é, desde o tempo em que o
diabo começou a rebelar-se contra Deus, tentando
derrubar o governo de Deus.

Cristo Manifestado para Destruir as Obras do


Diabo
Neste versículo João diz que o Filho de Deus foi
manifestado com o propósito de destruir as obras do
diabo. A palavra grega traduzida como “para isto”
literalmente significa afim disso, isto é, para este fim,
para este propósito. O diabo peca continuamente
desde os tempos antigos e produz pecadores para
praticar pecado com ele. Portanto, para este
propósito o Filho de Deus foi manifestado, para que
Ele pudesse desfazer e destruir seus feitos
pecaminosos — isto é, condenar, na carne, pela morte
na cruz (Rm 8:3), o pecado iniciado por ele, o
maligno; destruir o poder do pecado, a natureza
pecaminosa do diabo (Hb 2:14); e tirar tanto o pecado
como os pecados. Na cruz Cristo condenou o pecado,
tirou o pecado e os. pecados, e destruiu o poder do
diabo.
Por que um Filho de Deus Não Pode Praticar
Pecado
O versículo 9 diz: “Todo aquele que é nascido de
Deus não vive na prática de pecado; pois o que
permanece nele é a divina semente; ora, esse não
pode viver pecando, porque é nascido de Deus.” Não
praticar pecado não significa que não cometamos
pecado em atos de vez em quando; significa que não
vivemos em pecado. Um filho de Deus pode vir a
pecar ocasionalmente, mas ele não pratica pecado
habitualmente.
O motivo de um filho de Deus não praticar
pecado é que: “o que permanece nele é a divina
semente; ora, esse não pode viver pecando, porque é
nascido de Deus.” A semente aqui denota a vida de
Deus, a qual recebemos Dele quando fomos gerados
Dele. Essa vida, como a semente divina, permanece
em cada crente regenerado. Por conseguinte, tal
pessoa não pratica pecado e não pode viver pecando.
As palavras “não pode viver pecando” neste versículo
significam não pode vi ver em pecado habitualmente.
Um crente regenerado pode cair em pecado
ocasionalmente, mas a vida divina como a semente
Divina em sua natureza regenerada não permitirá que
ele viva em pecado. Isso é semelhante a uma ovelha
que pode cair na lama, mas eu j a vida limpa não lhe
permitirá permanecer nem chafurdar na lama como
fazemos porcos.
O versículo 9 falado viver habitual dos filhos de
Deus. Como filhos de Deus, temos a vida divina, uma
vida que não peca. Portanto, quando vivemos por esta
vida, não praticamos pecado. Mas, por que algumas
vezes ainda pecamos? A resposta para esta pergunta é
que cometemos pecado ocasionalmente devido ao
nosso corpo ainda estar na velha criação. Nosso corpo
não é apenas o corpo criado por Deus, mas também o
corpo que se tornou carne por ter sido envenenado e
corrompido pelo diabo por meio do pecado. Nós
ainda temos o pecado em nossa carne. Se vivermos
pelo espírito, isto é, se vivermos pela vida divina em
nosso espírito, não pecaremos. Mas, se ao invés de
viver no espírito, vivermos na carne ou fizermos as
coisas segundo a carne, provavelmente cometeremos
pecado.
Temos duas naturezas dentro de nós: a natureza
caída na carne e a nova natureza da vida divina em
nosso espírito. Se estivermos alertas, tendo
comunhão com o Senhor e vivendo no espírito por
meio da vida divina, não pecaremos. Mas, se formos
descuidados e nos conduzirmos e agirmos na carne,
haverá muita oportunidade para pecar, pois a
natureza pecaminosa ainda está em nós.
Alguns podem argumentar e dizer: “A Bíblia não
diz que aquele que nasceu de Deus não peca? Como,
então, você pode dizer que aqueles que nasceram de
Deus ainda podem cometer pecado?” Você pode
querer responder a tal pergunta desta forma: “Sim, eu
nasci de Deus, mas nasci Dele em meu espírito, não
em meu corpo, não em minha carne. Isso significa
que, se vivermos na carne e andarmos de acordo com
ela, ainda poderemos cometer pecado. Contudo, um
dia nosso corpo receberá a filiação plena. Aquilo será
a redenção do corpo.”
Podemos usar a palavra “filhado” para denotar a
filiação plena, isto é, a redenção do nosso corpo.
Nascemos de Deus, fomos regenerados, em nosso
espírito, mas nosso corpo ainda não foi “filhado”.
Então, de acordo com Romanos 8:23, receberemos a
filiação plena, a redenção do nosso corpo. Precisamos
perceber que ainda não fomos redimidos em nosso
corpo. Nosso corpo não foi regenerado; ele não
nasceu de Deus.

Os Filhos de Deus e os Filhos do Diabo


Em 3:10a João diz: “Nisto são manifestos os
filhos de Deus e os filhos do diabo”. Praticar ou não
praticar pecado, isto é, viver em pecado ou não, não é
uma questão de comportamento. É uma questão de
quem somos filhos — filhos de Deus ou filhos do
diabo. Portanto, é uma questão de vida e natureza. Os
homens, como descendentes caídos de Adão, são
gerados filhos do diabo, o maligno (Jo 8:44),
possuindo sua vida, participando de sua natureza e
vivendo em pecado automática e habitualmente.
Praticar pecado é a vida deles. Mas os crentes, que
foram redimidos de seu estado caído e regenerados
no seu espírito, são filhos de Deus, possuindo Sua
vida, participando de Sua natureza e não vivendo em
pecado. Praticar justiça é a vida deles. Se alguém é
filho de Deus ou filho do diabo é manifestado pelo
que ele pratica: justiça ou pecado. Um crente
regenerado pode cometer pecado, e uma pessoa
não-salva pode fazer justiça. Ambos são
comportamentos exteriores, não o viver exterior
deles, por conseguinte não manifestando o que são
em sua vida e natureza interiores.

PERMANECER NO DEUS TRIÚNO SEGUNDO


O ENSINAMENTO DA UNÇÃO
Se quisermos desfrutar a vida divina, precisamos
permanecer na comunhão da vida divina. Para
permanecermos nesta comunhão, precisamos
permanecer no Senhor, o qual é o Deus Triúno. Além
disso, se quisermos permanecer no Deus Triúno,
precisamos permanecer Nele segundo o ensinamento
da unção divina. Se não dermos atenção à unção,
perderemos a comunhão.
Devido ao fato de muitos cristãos não se
preocuparem com a unção, eles não se mantêm na
comunhão da vida divina. Alguns não compreendem
nem mesmo o que seja a comunhão da vida divina.
Em vez de se preocuparem com a unção, o chrisma,
em seu espírito, preocupam-se com doutrinas e
teologia. Por não se preocuparem com o chrisma em
seu espírito, eles não estão na comunhão da vida
divina e, portanto, não têm o desfrute da vida divina.
Na restauração do Senhor, porém, damos atenção à
unção, o chrisma. Por meio desta unção desfrutamos
as virtudes da vida divina.

CONDUZIDO PELA UNÇÃO PARA DENTRO


DAS VIRTUDES DA VIDA DIVINA
Vimos que a primeira virtude da vida divina que
desfrutamos por intermédio da unção é a prática da
justiça ou o viver de uma vida justa. Temos uma
natureza justa dentro de nós, uma natureza que não é
algo proveniente do nosso homem natural. Esta
natureza justa, que é a natureza da vida divina, é
proveniente do nosso novo homem. Contanto que
cuidemos da unção interior, o mover do Deus Triúno,
viveremos habitualmente de acordo com esta
natureza justa.
A unção é o mover do Deus Triúno dentro de nós.
Isso significa que nosso Deus tornou-se subjetivo
para nós. O Deus Triúno — o Pai, o Filho e o Espírito
— está dentro do nosso espírito. Dia a dia esse Deus
Triúno processado, como a unção, conduz-nos para
dentro das virtudes da vida divina, as virtudes que
recebemos por meio do nascimento divino. Essas
virtudes incluem viver uma vida justa, amar os
irmãos e vencer todas as coisas negativas. Ter uma
vida justa é ter uma vida que seja justa com Deus e
com o homem. Justiça é uma questão de ser justo
tanto com Deus quanto com o homem. Portanto,
praticar justiça é ter uma vida que é justa com Deus e
com o homem.
ESTUDO-VIDA DE 1 JOÃO
MENSAGEM 27
AS VIRTUDES DO NASCIMENTO DIVINO PARA
PRATICAR O AMOR DIVINO
(1)

Leitura da Bíblia: 1Jo 3:10b-15


Em 1 João há três seções principais: a comunhão
da vida divina (1:1-2:11), o ensinamento da unção
divina (2:12-27) e as virtudes do nascimento divino
(2:28-5:21). A primeira parte da terceira seção (2:28
— 3:10a) é com respeito à prática da justiça divina.
Nesta mensagem chegamos à segunda parte desta
seção (3:10b — 5:3), uma porção sobre a prática do
amor divino. No nascimento divino há uma virtude
que nos capacita a praticar o amor divino.

POR MEIO DA VIDA DIVINA (COMO A


SEMENTE DIVINA) E DO ESPÍRITO DIVINO
A fim de praticarmos o amor divino como uma
virtude da vida divina, precisamos da vida divina e do
Espírito divino. A vida divina é a semente divina que
todos nós temos dentro do nosso espírito regenerado.
Além da vida divina que foi semeada como a semente
divina em nosso interior, também temos o Espírito
divino dentro do nosso espírito. A vida divina e o
Espírito divino são o “capital” dentro de nós que nos
capacita a praticar o amor divino. A vida divina é a
fonte, e o Espírito divino é Aquele que na verdade
leva a cabo a questão de amar os outros. O amor
divino é nosso viver diário como a expressão da vida
divina, levado acabo pelo Espírito divino.
A vida divina e o Espírito divino são fatores
básicos para a prática do amor divino. Com a vida
divina e por meio do Espírito divino, podemos ter um
amor que seja divino e não meramente humano. Esse
amor divino no viver diário dos filhos de Deus é uma
evidência de que temos tanto a vida divina como o
Espírito divino.

Aquele que Não Ama a Seu Irmão Não


Procede de Deus
Em 3:10b João diz: “Todo aquele que não pratica
justiça não procede de Deus, também aquele que não
ama a seu irmão.” Justiça é a natureza dos atos de
Deus; amor é a natureza da essência de Deus. O que
Deus é, é amor; o que Deus faz é justiça. Amor é
interior; justiça é exterior. Portanto, o amor é uma
manifestação mais forte de que somos os filhos de
Deus do que a justiça. Portanto, o apóstolo, a partir
deste versículo até o versículo 24, prossegue, da
justiça ao amor, na manifestação dos filhos de Deus,
como unia condição adicional da vida que permanece
no Senhor.
É algo sério João dizer que todo aquele que não
ama a seu irmão não provém de Deus. Como filhos de
Deus, nós certamente somos de Deus e até mesmo
provenientes de Deus. Por sermos provenientes de
Deus, certamente temos a vida de Deus e o Espírito
de Deus em nós. Espontaneamente, vivemos urna
vida de amar aos irmãos. No entanto, se alguém não
temeste amor, isso é uma evidência de que ele não
tem a vida divina nem o Espírito divino. Portanto,
existe uma séria dúvida sobre tal pessoa ser um filho
de Deus, nascido Dele. Amar aos irmãos é uma forte
evidência de que procedemos de Deus, tendo a vida
de Deus e desfrutando o Espírito de Deus.

Amar Uns aos Outros — a Mensagem Ouvida


desde o Princípio
No versículo 11 João prossegue dizendo: “Porque
a mensagem que ouvistes desde o princípio é esta,
que nos amemos uns aos outros.” A mensagem
ouvida desde o princípio foi o mandamento dado pelo
Senhor em João 13:34, o qual é a palavra que os
crentes ouviram e tiveram desde o princípio. No
versículo 11 a frase “desde o princípio” é usada no
sentido relativo. O amor de que se fala aqui é uma
condição mais elevada da vida que permanece no
Senhor.

Não segundo Caim


No versículo 12 João continua: “Não segundo
Caim, que era do maligno e assassinou a seu irmão; e
por que o assassinou? Porque as suas obras eram
más, e as de seu irmão, justas.” “Era do maligno” é o
mesmo que filho do diabo. Abel, irmão de Caim, era
de Deus, filho de Deus (v. 10). A palavra grega
traduzida para “maligno” aqui é poneros, que
significa pernicioso, nocivamente mau, afetando e
influenciando outros a serem maus e odiosos. Tal
maligno é Satanás, o diabo.
No versículo 12 João usa dois irmãos na came,
Caim e Abel, como ilustração. Embora estes dois
irmãos fossem provenientes dos mesmos pais, um
deles tornou-se filho de Deus, e o outro, filho do
diabo. Podemos achar difícil acreditar nisso.
Podemos indagar como dois irmãos nascidos dos
mesmos pais e vivendo no mesmo ambiente podiam
ser tão diferentes: um sendo filho do diabo e o outro
tornando-se filho de Deus. Contudo, esse era o fato.
Neste trecho, este fato é usado para ilustrar que tipo
de pessoa é um filho do diabo e que tipo de pessoa é
um filho de Deus. Para conhecermos isso, devemos
considerar o caso de Caim e Abel.
O fato de que Caim era filho do diabo é provado
pelo seu ódio por seu irmão e por assassiná-lo. Isso
indica que Caim não tinha a vida de Deus nem o
Espírito de Deus. Porque Caim odiava seu irmão? Ele
o odiava porque tinha a vida de ódio de Satanás nele.
Por que Caim matou Abel? Ele o matou porque tinha
nele a natureza má de Satanás. O que Caim tinha nele
era a vida do diabo, a natureza do diabo e um espírito
maligno. Abel, no entanto, era totalmente diferente.
Hoje, também aqueles que nascem dos mesmos pais e
crescem no mesmo ambiente podem tomar-se
absolutamente diferentes. Um pode tomar-se filho de
Deus e o outro, filho do diabo.

Não se Maravilhar se o Mundo nos Odeia


O versículo 13 diz: “Irmãos, não vos maravilheis,
se o mundo vos odeia.” O “mundo” aqui se refere às
pessoas do mundo. Eles, à semelhança de Caim, são
filhos do diabo (v. 10) bem como os componentes do
sistema cósmico de Satanás, o mundo (Jo 12:31). Se
as pessoas do mundo, que jazem no maligno, o diabo
(5:19), odeiam os crentes (os filhos de Deus), é
natural que ajam assim. A situação entre irmãos na
carne hoje pode ser semelhante àquela entre Caim e
Abel. Suponha que um irmão seja filho de Satanás e o
outro, filho de Deus. Automaticamente, aquele que é
filho do diabo odiará ao que é filho de Deus. Com
respeito a isso, não precisamos ficar admirados.
O versículo 13 indica fortemente que todas as
pessoas do mundo são filhos do diabo.
Comparativamente, somente uma minoria, os crentes
regenerados, são filhos de Deus. Se vivemos pela vida
de Deus e pelo Espírito de Deus, o mundo
odiar-nos-á. Devido ao fato de nós e eles estarmos em
duas categorias diferentes, eles não estarão satisfeitos
conosco.

Saber que Já Passamos da Morte para a Vida


Em 3:14 João diz: “Nós sabemos que já passamos
da morte para a vida, porque amamos os irmãos;
aquele que não ama permanece na morte.” A morte
vem do diabo, Satanás, o inimigo de Deus, tipificado
pela árvore do conhecimento do bem e do mal, que
traz a morte. A vida vem de Deus, a fonte da vida,
tipificada pela árvore da vida, que resulta em vida (Gn
2:9, 16-17). A morte e a vida não somente vêm destas
duas fontes, Satanás e Deus; elas também são duas
essências, dois elementos e duas esferas. Passar da
morte é passar da fonte, da essência, do elemento e da
esfera da morte para a fonte, a essência, o elemento e
a esfera da vida. Isso ocorreu em nós na nossa
regeneração. Sabemos (oida) disso, temos a
consciência interior disso, porque amamos os irmãos.
O amor (agape-o amor de Deus) para com os irmãos
é uma forte evidência disso. A fé no Senhor é o
caminho para passarmos da morte para a vida; o
amor para com os irmãos é a evidência de que
passamos da morte para a vida. Ter fé é receber a vida
eterna; amar é viver pela vida eterna e expressá-la.
Não amar os irmãos é evidência de não viver pela
essência e pelo elemento da vida divina e não
permanecer na sua esfera. É viver na essência e no
elemento da morte satânica e permanecer na sua
esfera.
A palavra em 3:14 é muito semelhante à palavra
dita pelo Senhor Jesus e citada por João em seu
Evangelho: “Em verdade, em verdade vos digo: Quem
ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou,
tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da
morte para a vida” (5:24). A palavra de João leva-nos
de volta à queda no jardim do Éden. Após o homem
ter sido criado, ele foi colocado diante de duas
árvores: a árvore da vida e a árvore do conhecimento
do bem e do mal. A segunda árvore relaciona-se à
morte, pois em Gênesis 2 foi dito a Adão que se ele
comesse da árvore do conhecimento do bem e do mal,
morreria. Portanto, a árvore do conhecimento do bem
e do mal está relacionada à morte. Eva e Adão
comeram do fruto da árvore do conhecimento. Como
resultado, eles receberam a morte dentro deles. Em
outras palavras, eles comeram a si mesmos para
dentro da morte. Por causa da queda, a humanidade
foi introduzida na morte. Por essa razão, todos que
nascem em Adão, nascem para dentro da morte. Isso
significa que todo aquele que nasce em Adão, nasce
não para viver, mas para morrer. Uma criança nasce
para morrer porque, como descendente de Adão, ela
nasce dentro da morte.
Quando nos arrependemos de nossos pecados e
cremos no Senhor Jesus, fomos salvos.
Simultaneamente, fomos regenerados. Ser
regenerado na verdade significa receber a árvore da
vida, da qual a humanidade foi cortada por causa da
queda de Adão. Quando Adão comeu do fruto da
árvore do conhecimento, ele recebeu a morte dentro
dele e perdeu a oportunidade de receber a árvore da
vida. Mas a oportunidade de receber a árvore da vida
foi recuperada por meio da redenção de Cristo. Na
época em que nos arrependemos e cremos no Senhor
Jesus, aquela oportunidade foi aberta a nós. Pelo
arrependimento e pelo crer, espontaneamente
recebemos a vida divina em nós, e naquele mesmo
instante passamos da morte para a vida.
Se considerar sua experiência de Salvação,
perceberá que quando foi Salvo e regenerado, você
passou da morte para a vida. Por todos nós termos
passado da morte para a vida ao crermos no Senhor
Jesus e O recebermos como nosso Salvador, uma
grande mudança em vida ocorreu. Começamos a ter
outra vida, uma vida de justiça e amor. Tornou-se
nosso desejo sermos justos e amar os filhos de Deus.
Isso não é mera mudança exterior; é a passagem da
morte para a vida. Portanto, quando amamos os
irmãos no Senhor, este amor é uma evidência de que
passamos da morte para a vida.
Se alguém não ama aos irmãos, mas, pelo
contrário, os odeia, isso é uma evidência de que este
alguém permanece na morte que entrou na
humanidade por meio da queda de Adão. Por ter a
morte entrado na humanidade há muito tempo,
nascemos dentro daquela morte. Mas, quando nos
arrependemos e cremos, passamos da morte para a
vida divina. Por termos passado da morte da árvore
do conhecimento para a vida da árvore da vida,
tivemos uma mudança e agora temos uma vida de
justiça e amor.
Todo aquele que foi salvo e regenerado pode
testificar que passou da morte para a vida. Não é
preciso dizer aos outros o que você era antes de ser
salvo. Simplesmente diga-lhes o que você se tornou
desde a salvação.
Pelo fato de ter sido Salvo e regenerado, seu
desejo é ter uma vida que seja justa com Deus e o
homem. Você quer ser justo com seu marido ou
esposa, com seus pais, com seus filhos, com seus
parentes, vizinhos e colegas. Sua aspiração é ter uma
vida que seja justa com todos e até mesmo com todas
as coisas. Por exemplo, uma pessoa que vive tal vida
justa não irá sequer maltratar um animal. Como
aqueles que receberam a vida divina com a natureza
divina, uma natureza que é justa, temos a aspiração
de ser justos em cada detalhe.
Esta aspiração de ser justo com todas as coisas
estende-se até mesmo às coisas materiais. Antes de
serem salvos, alguns podem ter tido o hábito de
chutar a cadeira ou jogar algo no chão quando
estavam irados. Mas quando esta pessoa recebe a vida
divina juntamente com a natureza divina, ela não
quer ser injusta em nenhum aspecto.
Devido à queda, nossa vida natural não é justa.
Por essa razão, na vida natural não somos justos com
os outros nem mesmo com as coisas. Mas quando
recebemos o Senhor Jesus, recebemos a vida da
árvore da vida, uma vida com uma natureza justa. Por
termos recebido essa vida com a natureza divina,
automaticamente aspiramos ser justos com todos e
com tudo.
Como salvos e regenerados, podemos também
testificar que desejamos amar os outros. Como
nascidos de Deus, queremos ajudar as pessoas e
amá-las. Quando amamos os outros, sentimo-nos
alegres. Mas podemos ficar tristes quando perdemos
a oportunidade de ajudar alguém ou de mostrar amor
por ele.
O amor é a natureza da vida divina que
recebemos. Por ser o amor a essência de Deus, a vida
de Deus tem a natureza de amor. O amor é a essência
da natureza de Deus. Quando O temos como nossa
vida divina, temos a natureza dessa vida, que é o
amor. Nós, cristãos, os filhos de Deus, temos uma
vida que aspira viver retamente com todos e com
tudo, e que também aspira amar as pessoas. Temos
tal aspiração por causa da natureza divina dentro de
nós. Como já salientamos, se alguém não vive de
maneira justa com todos, com tudo e em cada
aspecto, e não tem uma vida de amar as pessoas, há
que se duvidar seriamente se tal pessoa recebeu a
vida divina.

Aquele que Não Ama Permanece na Morte


Em 3:14 João diz: “Aquele que não ama
permanece na morte.” Se não amamos os outros, isso
é uma evidência de que ainda permanecemos na
morte. Em outras palavras, é sinal de que ainda não
passamos da morte para a vida.

Todo Aquele que Odeia a Seu Irmão É


Assassino
No versículo 15a João prossegue dizendo: “Todo
aquele que odeia a seu irmão é assassino”. Para os
atributos divinos, o ódio é contra o amor, a morte é
contra a vida, as trevas contra a luz, e a mentira
(falsidade) contra a verdade. Todos os opostos dessas
virtudes divinas são provenientes do maligno, o
diabo.
No versículo 15, assassino não denota um
assassino de fato, mas indica que na ética espiritual,
odiar equivale a assassinar. Nenhum assassino
genuíno, uma pessoa não-salva, como Caim foi (v.
12), tem a vida eterna permanecendo nele. Uma vez
que sabemos disso, nós, que passamos da morte para
a vida e temos a vida eterna permanecendo em nós,
não devemos portar-nos como um não-salvo
assassino, odiando nossos irmãos no Senhor.
Esta seção é concernente à vida que permanece
no Senhor. Um crente que tema vida eterna, mas não
permanece no Senhor e não permite que o Senhor,
que é a vida eterna, permaneça e trabalhe nele, pode
odiar um irmão e cometer outros pecados
ocasionalmente, mas isso não deveria ser habitual.
Alguém pode não ser um verdadeiro assassino,
mas pode ser um assassino em princípio. Isso
significa que, embora jamais tenha matado alguém,
ele ainda pode ser um assassino em princípio por
odiar a outros. Se odiamos alguém, em princípio
portamo-nos como um assassino, apesar de não
termos assassinado ninguém. Portanto, precisamos
perceber que, rigorosamente falando, nós cristãos, os
filhos de Deus, não devemos odiar ninguém. Pelo
contrário, precisamos amar as pessoas. A Bíblia até
mesmo nos diz para amar nossos inimigos (Mt 5:44).
Por ser a vida divina que possuímos uma vida que
ama, uma vida que é amor, devemos amar aqueles
que não são amáveis e até mesmo aqueles que nos
tratam mal. Não deveria haver nada do elemento de
ódio em nós. O amor é nossa vida e natureza, e o
amor deve ser nossa essência e viver. Portanto, não
devemos ter ódio de ninguém. Hoje alguns podem
opor-se à restauração do Senhor, mas não devemos
odiá-los. Em vez de odiá-los, devemos amá-los. Se
odiarmos aqueles que se nos opõem, então em
princípio estamos nos portando como assassino.

Nenhum Assassino Tem a Vida Eterna


Permanecendo Nele
No versículo 15b João continua: “Ora, vós sabeis
que todo assassino não tem a vida eterna permanente
em si.” Quando João diz que todo assassino não tem a
vida eterna nele, ele não está falando de pessoas
salvas, mas de não-salvos, como Caim.
Depois de ler o versículo 15, alguns perguntam se
um crente pode assassinar alguém e ainda ter a vida
eterna permanecendo em si. Quando era novo no
ministério, fui questionado sobre este assunto
algumas vezes. Alguns perguntavam se é possível que
um crente verdadeiro assassine alguém e, se o fizesse,
se ele ainda teria a vida eterna permanecendo nele. É
difícil dar uma resposta definitiva para tal pergunta.
Não é seguro dizer que seja absolutamente impossível
que um crente verdadeiro de fato mate alguém. Por
outro lado, não é seguro dizer que seja possível que
uma pessoa salva cometa assassinato. É melhor
deixarmos esta questão para o Senhor e não tentar
explicá-la.
Em questões semelhantes, não devemos ser
distraídos pela paixão do conhecimento. Alguns
podem dizer: “A Primeira Epístola de João 3:15
diz-nos que todo assassino não tem a vida eterna
permanente em si. Gostaria de saber o que
aconteceria se um crente verdadeiro cometesse
assassinato. Esta pessoa ainda teria a vida eterna?”
Esse tipo de dúvida é injetada em nossa mente pelo
diabo. Se tal pensamento vier a você, diga: “Diabo,
não me pergunte isso. Não sou em quem deve
responder. Se quiser fazer esta pergunta, faça-a ao
meu Deus. Não sei estas coisas, e não quero ser
importunado por elas. Entretanto, eu realmente sei,
diabo, que fui regenerado e tenho a vida divina em
meu interior. Sei também que estou desfrutando a
natureza divina e tenho o próprio Deus, como o
Espírito divino, vivendo em mim. Satanás, eu não
quero responder às suas perguntas. Deixe-me em
paz!” Posso testificar que o Senhor tem sido
misericordioso comigo e tem-me concedido a
sabedoria para lidar com tais perguntas desta
maneira. No entanto, alguns irmãos confiam que são
inteligentes e capazes de dar uma resposta a questões
relacionadas à possibilidade de um crente que tema
vida eterna cometer assassinato. Não devemos ter
tanta confiança em nós mesmos. É suficiente que
vejamos que como filhos de Deus não devemos odiar
os outros. Não devemos portar-nos como se fôssemos
um assassino.
Vimos que em princípio odiar equipara-se a
assassinar. É possível que um filho de Deus odeie
alguém ocasionalmente, mas nenhuma pessoa
regenerada deve fazer isso habitualmente. Se você
odeia os outros habitualmente, há que se duvidar se
você recebeu a vida Divina. Isso é semelhante a
cometer pecado. Um crente pode cometer pecado
ocasionalmente, mas não deve fazê-lo habitualmente.
Se você peca habitualmente, isso também suscitará
uma dúvida se você recebeu a vida Divina.
A intenção de João é mostrar-nos que, por meio
do nascimento divino, a semente divina foi semeada
para dentro do nosso ser. Essa semente é a vida
Divina, e a vida Divina tem a natureza divina. Além
disso, recebemos o Espírito divino para cumprir o
que quer que seja na vida divina e na natureza divina.
Em vez de tentar responder questões que estão acima
de nossa habilidade de responder, precisamos saber
que recebemos a vida divina, que estamos
desfrutando a natureza divina proveniente desta vida,
e que a Pessoa Divina, o próprio Deus como o
Espírito, está dentro de nós pondo em prática tudo o
que está nesta natureza divina. Portanto, devemos
viver essa vida, permanecer Nele, e manter
comunhão ininterrupta com Ele de acordo com a
unção interior. Esse é o ponto central dos escritos de
João.
ESTUDO-VIDA DE 1 JOÃO
MENSAGEM 28
AS VIRTUDES DO NASCIMENTO DIVINO PARA
PRATICAR O AMOR DIVINO
(2)

Leitura da Bíblia: 1Jo 3:14-19a

FONTE, ESSÊNCIA, ELEMENTO E ESFERA


A Primeira Epístola de João 3:14adiz: “Nós
sabemos que já passamos da morte para a vida,
porque amamos os irmãos”. Na mensagem anterior
vimos que a morte provém do diabo, a fonte da
morte, e a vida provém de Deus, a fonte da vida. Não
somente a morte e a vida provêm destas duas fontes:
Satanás e Deus; elas também são duas essências, dois
elementos e duas esferas. Passar da morte para a vida
é passar da fonte, essência, elemento e esfera da
morte para a fonte, essência, elemento e esfera da
vida. Isso ocorreu quando fomos regenerados,
quando nascemos de Deus.
Precisamos considerar mais sobre fonte,
essência, elemento e esfera tanto da morte quanto da
vida. Qual é a diferença entre a essência da vida e o
elemento da vida? e qual é a diferença entre o
elemento da vida e a esfera da vida? É importante que
entendamos a diferença entre estas coisas.
Talvez a melhor maneira de ressaltar a diferença
entre fonte, essência, elemento e esfera aplicada para
ambas, vida e morte, seja usar a seguinte ilustração:
Suponha que uma bebida seja composta de três
elementos: leite, chá e açúcar. Cada elemento tem sua
própria essência. Isso significa que no chá há a
essência do chá. Semelhantemente, o leite e o açúcar,
cada qual tem diferentes essências ou substâncias.
Não diríamos que essa bebida é feita de três
substâncias. Pelo contrário, diríamos que ela é
composta de três elementos e dentro desses
elementos estão três essências ou substâncias
diferentes.
Quando fomos Salvos, recebemos mais do que
um elemento de Deus. Recebemos vida e também
justiça. Ambas, vida e justiça, são mencionadas em
Romanos 5. Quais elementos tínhamos antes de ser
salvos? Antes de sermos Salvos éramos um com
Satanás, e tínhamos os elementos do pecado e da
morte. Mas, quando fomos salvos, recebemos justiça,
a qual é contrária ao pecado, e vida, que é contrária à
morte.
Tanto do lado negativo quanto do positivo, temos
dois elementos. Do lado negativo, temos o pecado e a
morte; do lado positivo, temos a justiça e a vida. Em
cada um destes quatro elementos existe um certo tipo
de essência. A essência da vida e a essência da justiça
são de um tipo, e a essência do pecado e a essência da
morte são de um tipo diferente.

Justiça e Vida
Apliquemos agora estas questões à nossa
experiência. Quando estávamos no elemento da
morte, experimentamos a essência, a substância da
morte. Novamente podemos usar o chá como
ilustração. Quando bebemos chá, o que bebemos não
é o elemento do chá; bebemos a essência do chá.
Quando recebemos o Senhor Jesus no momento em
que fomos salvos e regenerados, recebemos dois
elementos. No entanto, não devemos dizer que
recebemos duas essências. Na regeneração
recebemos os elementos de vida e justiça, e agora
estamos vivendo nesses elementos. Não seria correto,
porém, dizer que recebemos duas essências e agora
estamos vivendo nessas essências. Tendo recebido os
elementos de vida e justiça, estamos agora
desfrutando e experimentando as essências destes
elementos. Recebemos o elemento de justiça, e agora
desfrutamos a essência deste elemento. Da mesma
forma, recebemos o elemento de vida, e agora
experimentamos a essência deste elemento. Antes de
sermos regenerados, estávamos nos elementos do
pecado e morte, e estávamos sofrendo devido ao
trabalhar da essência do pecado e da morte dentro de
nós. Essa breve palavra pode ajudar-nos a conhecer
como aplicar a essência e o elemento da justiça e vida.
Como filhos de Deus, temos dois elementos
divinos justiça e vida. Agora em nossa experiência
diária desfrutamos a justiça divina e a vida divina.
Entretanto, rigorosamente falando, desfrutamos a
essência, a substância, da justiça e vida divinas.

Passar da Morte para a Vida


Temos enfatizado que por meio da regeneração
passamos da fonte, essência, elemento e esfera da
morte para a fonte, essência, elemento e esfera da
vida. Por favor, note a seqüência: fonte, essência,
elemento e esfera. A essência segue a fonte, o
elemento segue a essência, e a esfera segue o
elemento. Primeiro temos a fonte. Então, proveniente
da fonte vem a essência. A essência forma um
elemento, e por fim esse elemento torna-se uma
esfera. Portanto, com relação à vida, primeiro temos a
fonte da vida. A partir dessa fonte de vida vem a
essência de vida. A essência forma o elemento de
vida, e esse elemento de vida, então, torna-se a esfera
de vida.
Podemos usar uma nascente para ilustrar a
diferença entre a fonte de vida, a essência de vida, o
elemento de vida, e a esfera de vida. A água jorra da
nascente e torna-se um rio. A nascente é a fonte.
Podemos dizer que H20 é a essência daquilo que
provém da nascente. Essa essência então toma a
forma de água, e a água corrente torna-se um rio.
Aqui temos a nascente como a fonte, o H20 como a
essência, a água como o elemento, e o rio como a
esfera. Portanto, na esfera do rio temos a água como o
elemento, e a essência desse elemento é H20. A fonte
de tudo isso é a nascente.
Como filhos de Deus, recebemos a vida divina de
Deus.
Deus é a fonte, a nascente, da vida divina. A
essência da vida divina é o próprio Ser de Deus.
Portanto, o Ser de Deus, Sua essência, é a essência da
água espiritual que temos recebido como a vida
Divina. Essa vida também é um elemento por meio do
qual e no qual podemos viver. Quando vivemos no
elemento da vida divina, a vida divina torna-se a
esfera do nosso viver. Agora estamos vivendo na
esfera da vida divina, possuindo o elemento da vida
divina, e desfrutando a essência da vida Divina. Além
disso, enquanto desfrutamos a essência da vida
divina, estamos organicamente unidos a Deus como a
fonte dessa vida. Essa é a razão de dizermos que com
a vida Divina temos a fonte, a essência, o elemento e a
esfera.
° princípio é o mesmo com a morte. Antes de
sermos salvos e regenerados, estávamos na fonte,
essência, elemento e esfera da morte. Estávamos
vivendo na esfera da morte, possuindo o elemento da
morte e sujeitos à essência da morte. Além do mais,
estávamos unidos a Satanás, a fonte da morte.
Portanto, antes da regeneração, experimentávamos e
sofríamos a fonte, essência, elemento e esfera da
morte.
Antes de sermos Salvos, experimentamos os
quatro aspectos da morte. Agora que fomos salvos,
experimentamos os quatro aspectos da vida. Embora
tenhamos todos estes aspectos em nossa experiência,
somos carentes de conhecimento para analisá-los e
de termos para descrevê-los,

DAR NOSSA VIDA PELOS IRMÃOS


Em 3:16 João diz: “Nisto conhecemos o amor, em
que Cristo deu a sua vida por nós; e devemos dar
nossa vida pelos irmãos.” Literalmente, a palavra
grega para “vida” neste versículo é “alma”. Portanto,
este versículo diz que Cristo deu Sua vida da alma,
Sua vida psique, por nós, não Sua vida divina, Sua
vida zoe. Cristo dar Sua alma por nós significa que Ele
deu Sua vida humana por nós. Agora devemos dar
nossa vida pelos irmãos. Isso significa que, se
necessário, devemos morrer por eles. Temos dentro
de nós tal vida de amor que anela morrer pelos outros
e é capaz de morrer por eles. A vida divina em nós, o
zoe, almeja amar os outros e até mesmo morrer por
eles, se necessário. Somos capazes de fazer isso
porque temos a vida divina.

AMAR EM REALIDADE
Nos versículos 17 e 18 João continua: “Ora,
aquele que possuir recursos deste mundo e vir a seu
irmão padecer necessidade e fechar-lhe o seu coração,
como pode permanecer nele o amor de Deus?
Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua,
mas de fato e de verdade.” Os recursos deste mundo
no versículo 17 referem-se às coisas materiais, às
necessidades da vida. No versículo 18, “de fato” é
oposto a “de palavra”, e “de verdade” é oposto a “de
língua”. Língua denota o exercício de uma conversa
vã. Verdade denota a realidade do amor. Verdade
denota sinceridade, em contraste com língua, como
obra de palavra. Verdade aqui denota a genuinidade,
a sinceridade de Deus, como uma virtude divina
tomando-se uma virtude humana como um resultado
da realidade divina. Portanto, a verdade neste
versículo é a realidade de Deus tornando-se nossa
virtude.
João diz que não devemos amar os irmãos
meramente de palavra ou de língua, nem meramente
dizer aos santos que os amamos. Isso não é amar de
verdade, amarem realidade. Amar os santos em
verdade ou realidade significa amá-los na realidade
divina que se torna nossa virtude, algo que é honesto,
fiel, sincero e real. Devemos amar os irmãos dessa
maneira. É óbvio que este tipo de amor de verdade
inclui o amor que supre os necessitados com coisas
materiais ou dinheiro, quando necessário. Não
devemos amar os irmãos com palavras vãs; devemos
amá-los de verdade e até mesmo com nossos
recursos.
Não devemos pensar que amar de verdade seja
simplesmente amar na virtude humana da
sinceridade. Não, aqui João não está falando da
virtude humana natural da sinceridade. A verdade
aqui é mais que sinceridade humana; é a realidade
divina tornando-se nossa virtude. Assim, ela é a
expressão daquilo que Deus é. Isso significa que ao
amar os santos devemos expressar Deus.

CONHECER QUE SOMOS DA VERDADE


Em 3:19aJoão prossegue dizendo: “E nisto
conheceremos que somos da verdade”. Neste
versículo, verdade denota a realidade da vida eterna
que recebemos de Deus em nosso nascimento divino.
Tendo recebido a vida eterna, agora podemos amar os
irmãos por meio do amor divino. Por amarmos os
irmãos com o amor divino, sabemos que somos desta
realidade.
A palavra “nisto” refere-se ao nosso amar os
irmãos na verdade, na sinceridade, como mencionado
no versículo 18. Essa verdade é o resultado da
experiência do Deus Triúno como nossa realidade.
Nesse tipo de amor conheceremos, teremos a certeza
de que somos da verdade.
Nos versículos 18 e 19 a palavra “verdade” é
usada com duas denotações diferentes. No versículo
18 verdade denota a virtude humana da sinceridade,
uma virtude que é o resultado do desfrute do Deus
Triúno como nossa realidade. Mas no versículo 19
verdade indica a realidade da vida eterna, que é algo
mais elevado, profundo e rico do que a nossa
sinceridade. Essa verdade é a realidade da vida eterna
que recebemos de Deus em nosso nascimento divino,
de maneira que possamos amar os irmãos por meio
deste amor.

NASCIMENTO DIVINO E VIDA ETERNA


Nesta epístola João apresenta coisas profundas,
divinas e misteriosas. Todas elas relacionadas à vida
divina. Entretanto, os cristãos freqüentemente falam
da vida de Deus ou da vida eterna com um
entendimento muito limitado. Eles não
compreendem a vida divina de maneira profunda,
rica e íntima. Alguns crentes nem mesmo percebem
que a vida eterna é uma questão orgânica. Eles
consideram a vida eterna como mera bênção eterna
ou como vida duradoura que desfrutaremos na
eternidade. Mas, apesar de podermos ter um
entendimento correto da vida eterna como algo
orgânico, nosso entendimento sobre ela ainda pode
ser muito superficial.
Recebemos vida eterna por meio do nosso
nascimento divino. No entanto, quando muitos
cristãos falam acerca da vida duradoura, eles não
percebem que a vida eterna é o resultado, a
conseqüência, o fruto, do nascimento divino. No
passado, muitos de nós não percebíamos que a vida
eterna entrou em nós como resultado do nascimento
divino. Ao falarmos acerca da vida eterna, podíamos
não ter o conceito de que ela tem relação com o
nascimento divino. Portanto, é importante que
percebamos que a vida eterna entrou em nós por
intermédio do nascimento divino. Separados do
nascimento divino, não podemos ter a vida eterna.
Vimos que no versículo 19 a verdade, ou
realidade, refere-se à realidade da vida divina, a qual
recebemos em nosso nascimento divino. Portanto,
essa realidade envolve a vida divina e o nascimento
divino. Agora que recebemos a vida divina, podemos
amar os irmãos por meio do amor Divino. Temos aqui
o nascimento divino, a vida divina e o amor divino.
Por meio disso vemos que amar os irmãos não é uma
questão superficial ou simples. Pelo contrário, nosso
amor pelos irmãos é o resultado do nascimento
divino e da vida Divina.
Por termos recebido a vida divina por meio do
nascimento divino, temos o amor divino como qual
podemos amar os irmãos. Podemos dizer que temos o
capital espiritual necessário para amar os irmãos. A
vida divina é nossa habilidade para amar os irmãos.
Somos perfeitamente capazes de amar os irmãos,
porque nascemos de Deus. Por meio do nascimento
divino recebemos a vida divina, e a essência dessa
vida é o amor. Portanto, podemos amar os irmãos
com o amor divino.
Se amamos os irmãos em sinceridade, que é o
resultado do nosso desfrute de Deus como realidade,
isso será uma evidência de que estamos na realidade
divina. Será uma confirmação do fato de que estamos
na realidade da vida divina, a qual recebemos por
meio do nascimento Divino. Por amarmos os irmãos
com o amor divino, sabemos que somos da realidade
divina.
ESTUDO-VIDA DE 1 JOÃO
MENSAGEM 29
AS VIRTUDES DO NASCIMENTO DIVINO PARA
PRATICAR O AMOR DIVINO (3)

Leitura da Bíblia: 1Jo 3:19-24

A CERTEZA DE QUE ESTAMOS NA


REALIDADE
Nesta mensagem consideraremos 3:19-24. No
versículo 19 João diz: “E nisto conheceremos que
somos da verdade, bem como, perante ele,
tranqüilizaremos o nosso coração”. “Verdade” aqui
denota a realidade da vida divina, a qual recebemos
de Deus em nosso nascimento divino. Recebemos a
vida divina de modo que possamos amar os irmãos
por meio do amor divino. Se amarmos os irmãos com
o amor divino, conheceremos que somos desta
realidade.
A maneira como João escreve aqui não é
doutrinária, mas é baseada na experiência. À parte da
experiência espiritual, não conseguimos entender o
que João está dizendo. Nos versículos 18 e 19 João
está-nos dizendo que, se amarmos os irmãos em
verdade, sinceridade, honestidade, como resultado do
nosso desfrute do Deus Triúno, teremos a certeza de
que estamos na realidade divina.

TRANQÜILIZAR NOSSO CORAÇÃO DIANTE


DELE
De acordo com a palavra de João, se amamos na
verdade, também seremos capazes de “tranqüilizar
nosso coração perante Ele.” A palavra grega traduzida
como “tranqüilizar” também significa conciliar,
convencer, assegurar, persuadir. Tranqüilizar nosso
coração diante de Deus é ter uma boa consciência,
livre de ofensa (1Tm 1:5, 19; At 24:16), para que nosso
coração esteja conciliado, convencido, assegurado e
persuadido perante o Senhor. Esta é também uma
condição da vida que permanece no Senhor.
Permanecer no Senhor requer um coração tranqüilo
com uma consciência livre de ofensa. Isso também é
vital à nossa comunhão com Deus, o que é mostrado
na primeira seção desta Epístola. Um coração
perturbado por uma consciência com ofensa frustra
nossa permanência no Senhor e interrompe nossa
comunhão com Deus.
Sabemos por experiência que, se não amarmos
pelo amor divino, nosso coração não estará em paz.
Além disso, não teremos paz, se não estivermos
corretos mesmo em uma pequena questão em nosso
ambiente. Suponha que um irmão fique
descontrolado e bata numa cadeira. Certamente ele
está sem paz no seu coração. Mas se, ao contrário
disso, ele vive pela vida divina e ama as pessoas pelo
amor divino, ele será capaz de conciliar seu coração,
de levar seu coração a crer perante Deus.
Quando temos a certeza de que estamos na
verdade divina, seremos capazes de convencer, de
assegurar e de levar nosso coração a crer, e fazê-lo
ficar tranqüilo. Caso contrário, haverá perturbação
interior, pois nosso coração protestará que não
amamos segundo o amor divino. Nosso coração pode
dizer: “Você é filho de Deus, mas não está vivendo
pela vida divina. Por que você bate na cadeira?” Se
quisermos que nosso coração fique tranqüilo,
precisamos viver pela vida divina em relação a tudo e
a todos. Suponha, por exemplo, que descuidadamente
eu atire algo para o lado. Sei pela experiência que se
fizer isso não terei paz em meu coração. Para que meu
coração fique tranqüilo, preciso estar correto com
todas as coisas. Somente quando vivemos uma vida
que seja a expressão da realidade divina, podemos
fazer com que nosso coração fique tranqüilo.
Muitas vezes nós, os filhos de Deus, não estamos
alegres. Neemias 8:10 diz: “A alegria do Senhor é a
vossa força”, e Provérbios 17:22 diz: “O coração alegre
é bom remédio”. Por que freqüentemente não temos
alegria interior? A razão de não termos alegria é que
nosso coração não está em paz. Em vez de paz, há
tumulto. O motivo de nosso coração não estar
tranqüilo é que não estamos vivendo na vida divina.
Mas quando vivemos na vida divina, estamos na
verdade, na realidade. Então podemos conciliar,
convencer, levar nosso coração a crer e a se
tranqüilizar. Como resultado, ficaremos alegres.
No meio do versículo 19 João insere a frase
“perante ele”. Isso nos fala que o Senhor está vivendo
conosco e em nós. Se não vivermos pela realidade
divina, nosso coração protestará. Então não teremos
um coração calmo perante Ele. Precisamos
lembrar-nos de que o Senhor está vivendo em nós e
estamos vivendo perante Ele. Somente quando
vivemos pela vida divina podemos levar nosso
coração a crer perante Ele. A frase “perante ele”
aponta para uma questão crucial-que nosso viver
como filhos de Deus, e também nosso coração, estão
perante Ele. Portanto, temos de cuidar para sempre
ter um coração tranqüilo perante Ele.
NOSSO CORAÇÃO NOS ACUSA E DEUS É
MAIOR DO QUE NOSSO CORAÇÃO
No versículo 20 João continua: “Pois, se o nosso
coração nos acusar, certamente Deus é maior do que
o nosso coração, e conhece todas as coisas.” Na
verdade é a nossa consciência que é uma parte não
apenas do nosso espírito, mas também do nosso
coração, que nos acusa ou nos condena. A consciência
em nosso coração é o representante do governo de
Deus em nosso interior. Se a nossa consciência nos
condena, certamente Deus, que é maior do que Seu
representante e conhece todas as coisas, nos
condenará. A consciência de tal condenação em nossa
consciência alerta-nos para o perigo de quebrar nossa
comunhão com Deus. Se prestarmos atenção a isso,
será de ajuda para nossa comunhão com Deus e
manter-nos-á permanecendo no Senhor.
Ao lermos o contexto, podemos ver que no
versículo 20 o coração na verdade refere-se à
consciência. A consciência é uma das quatro partes do
coração, que é composto de mente, emoção, vontade
(as três partes da alma), e consciência, que é parte do
nosso espírito. Nosso coração é influenciado, dirigido
e controlado em grande parte pela nossa consciência.
Quando nosso coração nos acusa, isso significa
que nossa consciência nos condena. Se não vivermos
pela realidade divina, nossa consciência nos
inspecionará, acusará e condenará. Como resultado,
nosso coração protestará.
No versículo 20 João diz que Deus é maior do
que nosso coração; isto é, Deus é maior do que nossa
consciência. Deus tem um governo, e esse governo
tem uma administração local dentro de nós. Essa
administração local do governo de Deus é a nossa
consciência. Nossa consciência, portanto, é o governo
local de Deus dentro de nós. Em certo sentido, nossa
consciência é tanto um “tribunal de justiça” como
uma “delegacia de polícia”. Freqüentemente nossa
consciência nos “aprisiona”. A delegacia de polícia da
nossa consciência, que conhece a lei muito bem, pode
emitir uma ordem para nossa “prisão”. Então a
delegacia de polícia sabe quando nos transferir para o
tribunal de justiça. Sabemos, por experiência, que
muitas vezes somos presos e levados ao tribunal de
justiça, onde somos julgados e condenados. Quando
isso acontece, precisamos do purificar do precioso
sangue de Jesus, o Filho de Deus. Isso indica que a
condenação da consciência de que fala o capítulo três
traz-nos de volta ao purificar mencionado no capítulo
um.
Se a nossa consciência nos acusa,
aprisionando-nos e condenando-nos, certamente
Deus também nos condenará, pois Ele é maior do que
nossa consciência e conhece todas as coisas.
A Epístola de 1 João não trata apenas da
comunhão divina, mas também trata com detalhes
dessa comunhão. Aqui em 3:20 temos um dos
detalhes relativos à comunhão divina. O escrito de
João acerca desta questão é profundo, misterioso,
divino e detalhado. Em nenhuma outra porção da
Palavra santa encontramos tantos detalhes sobre a
comunhão divina como nestes versículos do capítulo
3 de 1 João. Estes versículos são cruciais para nossa
comunhão com Deus.
No capítulo 1 muita coisa é desvendada acerca da
comunhão da vida divina. Mas, no capítulo 3, essa
comunhão é vista de outro ângulo. No capítulo 10
ângulo é aquele da luz divina brilhando em nosso
interior. Como resultado desse brilhar, somos
expostos e percebemos que pecamos. No entanto,
aqui no capítulo 3 temos o ângulo de viver por meio
da realidade divina. Se não vivermos pela realidade
divina, nossa consciência protestará e nos condenará.
Essa condenação é um sinal da condenação de Deus.
Portanto, devemos fazer algo para conciliar a
situação, para acalmar o distúrbio em nosso coração,
para fazer com que nossa consciência fique em paz
com Deus. A fim de que nosso coração fique quieto e
calmo dessa maneira, precisamos viver, portar-nos e
agir na realidade divina.
Se o nosso coração nos condena por não
vivermos na realidade divina, isso é um indício de que
Deus também nos condena. Portanto, precisamos
melhorar nossa condição interior. Isso não significa,
entretanto, que devemos tentar aperfeiçoar nosso
caráter ou comportamento exterior. Significa que
precisamos tratar com a nossa situação interior de tal
forma que fiquemos dispostos a viver pela vida divina
e na realidade divina. Se fizermos isso, teremos a
convicção de que estamos na realidade Divina. Então
seremos capazes de levar nosso coração a crer e a
tranqüilizar-se, e desfrutar paz em nossa consciência
com Deus. Isso está relacionado com a comunhão
Divina.
O que João diz a respeito da comunhão no
capítulo 1 envolve a confissão de pecados sob a
iluminação da luz divina e a purificação de nossos
pecados pelo sangue de Cristo. Mas no capítulo 3
temos o protesto e a acusação de nossa consciência
dentro de nós. Isso não é apenas uma questão da luz
divina brilhando em nós, sobre nós e por meio de nós;
é também uma questão de uma consciência limpa,
purificada e clarificada dando-nos um indício de que
não estamos corretos em nosso vi ver, de que não
estamos vivendo na realidade divina. Quando não
vivemos pela realidade divina, nossa consciência
protestará e nos condenará. Isso é sinal de que Deus
não está contente conosco e de que precisamos
melhorar nossa condição interior.

CONFIANÇA DIANTE DE DEUS


Em 3:21 João diz: “Amados, se o coração não nos
acusar, temos confiança diante de Deus”. A palavra
grega para “confiança” é parresia, significando
ousadia de falar, confiança. Temos tal confiança com
tranqüilidade para contatar Deus, para ter comunhão
com Ele, e para exigir Dele, pois não há condenação
da consciência em nosso coração. Isso nos conserva
permanecendo no Senhor.

CONHECER A DEUS EM NOSSO CORAÇÃO


Os cristãos freqüentemente falam sobre conhecer
a Deus. Entretanto, o conceito deles é o de
conhecimento objetivo de um Deus que é grande e
todo-poderoso. Mas, aqui, o apóstolo João não nos
ensina a conhecer Deus desta maneira objetiva. Pelo
contrário, a palavra de João aqui é acerca de conhecer
Deus de forma muito subjetiva. Alguns podem falar
sobre o Deus todo-poderoso que rege o universo, mas
aqui João fala acerca do Deus que está em nosso
coração. Ele não fala a respeito do Deus poderoso, do
grande Deus; em vez disso ele fala a respeito do Deus
prático. Deus não é apenas infinito, ilimitado e acima
da nossa capacidade de compreensão; Ele é também
pequeno o bastante para estar em nosso coração.
Quando Deus se toma nossa experiência, Ele não é
somente Aquele que está sobre o trono, que é
universalmente vasto, mas Ele é Aquele em nosso
coração.
Alguns dizem: “Como é possível que Cristo esteja
em você? Cristo é grande e você é pequeno. Como
pode você conter um Cristo tão grande?” Este tipo de
conversa provém da mente humana caída. Segundo o
ensinamento do Novo Testamento, precisamos
conhecer a Deus na esfera pessoal do nosso coração.
Deus é conhecido por nós não na vastidão do
universo, mas na pequenez do nosso coração.
Onde você conhece a Deus? Dizer que você
conhece a Deus no universo é falar de maneira
religiosa. Eu certamente creio que Deus é grande e
todo-poderoso. Mas aqui tenho o encargo de salientar
que a preocupação do Novo Testamento é que
conheçamos o Deus que veio para dentro do nosso
ser, Aquele que habita em nosso espírito e que deseja
espalhar-se para dentro de todas as partes interiores
do nosso coração. Portanto, precisamos conhecer
Deus em nosso coração.
Em 3:20 João não diz que Deus é maior do que o
universo. Aqui João diz que Deus é maior do que o
nosso coração. Esta maneira de escrever indica que
nosso conhecimento de Deus deve ser experiencial.
Conhecer a Deus é uma questão não do universo, mas
do nosso coração. Seu coração está em paz? Seu
coração está tranqüilo? Isso está relacionado ao seu
conhecimento de Deus. Alguns podem alegar que
conhecem a Deus. Contudo, eles podem conhecê-Lo
de maneira religiosa, de maneira objetiva. Precisamos
conhecer a Deus em nosso coração, em nossa
consciência. Conhecer a Deus dessa forma é fazer
com que o Deus grande, todo-poderoso e infinitos e
tome prático para nós em nossa consciência. Se a
nossa consciência nos incomoda, isso significa que
Deus também tem um problema conosco.
Posso testificar que pela experiência tenho
aprendido a conhecer Deus em minha consciência.
Freqüentemente em minha vida cristã tenho
procurado saber por que Deus cuida de todos os
detalhes no meu viver diário. Por exemplo, sei que
Ele me incomodaria se mostrasse um “rosto
comprido” para minha esposa. Se eu mostrar um
“rosto comprido” à minha esposa, Ele me perturbará
em minha consciência. Se eu discutir com Ele sobre
assuntos semelhantes a esse, o Deus que está em
minha consciência não concordará comigo. Este é um
exemplo da maneira experiencial de conhecer a Deus.
Em se tratando de ser conhecido por nós
experiencialmente, Deus é pequeno, não infinito. Um
irmão pode argumentar com Deus; ele pode achar
que não é certo que Ele perturbe sua consciência
acerca de certa questão. Suponha que o irmão diga a
Ele: “Por que minha consciência me incomoda com
relação à minha esposa? Ela está errada, e eu estou
certo. Ela causou o problema, e eu tenho tentado
evitar uma discussão. Mas ela está forçando-me a
dizer algo. Por que, então, minha consciência me
incomoda sobre a maneira como me sinto? Isso não é
justo!” Mas não importa o quanto o irmão argumente
com Ele, Deus não decidirá a seu favor. Pelo
contrário, Ele concordará em que a consciência do
irmão o condene.
Se formos honestos, admitiremos que algumas
vezes somos teimosos com Deus. Podemos não ser
teimosos com nosso marido ou esposa ou com os
santos, mas podemos ser teimosos com Deus. Certo
irmão pode ser amável e gentil; contudo, às vezes, até
mesmo esse irmão pode ser teimoso com Deus. Ele
pode ser subjugado por sua esposa, mas pode não ser
facilmente subjugado por Deus. Ele pode passar um
tempo sem querer ser subjugado por Deus acerca de
determinado assunto. Creio que todos podemos
testificar sobre termos sido teimosos com Deus dessa
maneira.
A razão de termos sido teimosos é que estávamos
argumentando com Deus sobre alguma coisa.
Podemos ter achado que estávamos certos e a outra
parte estava errada, e por esse motivo nossa
consciência não deveria aborrecer-nos. Podemos ter
questionado porque nossa consciência, o
representante do governo de Deus dentro de nós,
ficava nos incomodando sobre aquela questão.
Portanto, por um período fomos teimosos com Deus.
Uso isso para ilustrar o fato de que a maneira
para conhecer Deus no Novo Testamento é pessoal,
detalhada e experimental. A maneira do Novo
Testamento é conhecer Deus como Aquele que está
em nosso coração. Quão preciosa é esta maneira
experiencial de conhecer a Deus!
Algumas vezes podemos querer saber por que
Deus, que tem bilhões de assuntos para tratar, ficaria
preocupado com um pequeno detalhe em nossa vida
diária. Apesar de Deus ser infinito e todo-poderoso,
Ele cuida até mesmo das pequenas coisas em nossa
vida. Por exemplo, Ele pode preocupar-se com uma
atitude interior de um irmão com relação à sua
esposa, algo tão pequeno que pode parecer que
precise de uma lente divina de aumento para vê-la.
Contudo, Deus preocupa-se com tal questão.
Sabemos que Deus se preocupa com tais coisas,
porque nossa consciência nos incomoda com respeito
a elas. Sempre que a nossa consciência não está
tranqüila, sabemos que precisamos atentar para o
sentimento da nossa consciência, a qual é a
representante do governo divino. Dessa maneira
conheceremos Deus não nas grandes questões, mas
nas pequenas coisas. Essa maneira de conhecer a
Deus é experiencial e prática.

GUARDAR SEUS MANDAMENTOS E


PRATICAR AS COISAS QUE SÃO AGRADÁ
VEIS DIANTE DELE
No versículo 22 João prossegue dizendo: “E
qualquer coisa que lhe pedirmos, dele a receberemos;
porque guardamos os seus mandamentos, e fazemos
o que é agradável à sua vista” (VRC). As ofensas na
consciência de um coração condenador são
obstáculos à nossa oração. Urna consciência livre de
ofensa em um coração tranqüilo endireita e limpa o
caminho para nossa petição a Deus.
No versículo 22 o guardar dos mandamentos não
é o guardar dos mandamentos da lei mosaica por
meio da nossa própria diligência e força. Pelo
contrário, é uma parte do vi ver dos crentes que
resulta da vida divina que habita neles. Isso é o
guardar habitual dos mandamentos do Senhor no
Novo Testamento, por intermédio da operação
interior do poder da vida divina. Isso acompanha a
prática, o fazer habitual das coisas que são agradáveis
diante Dele. Isto é um pré-requisito para a resposta
de Deus às nossas orações, e constitui-se numa
condição da vida que habita no Senhor (v. 24).
No versículo 22 João fala de “o que é agradável à
sua vista.” Sem dúvida, isso refere-se a viver urna
vida de justiça e amor. Literalmente, a palavra grega
traduzida para “vista” significa olhar para dentro.
Isso não se refere à vista objetiva. Pelo contrário,
refere-se ao Senhor vigiando sobre nós e olhando
para dentro da nossa situação. Isso indica que o
relacionamento entre nós e Deus é muito pessoal.

OS MANDAMENTOS PARA CRER E AMAR


No versículo 23 João prossegue dizendo: “Ora, o
seu mandamento é este, que creiamos em o nome de
seu Filho Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros,
segundo o mandamento que nos ordenou.” Isso é um
resumo dos mandamentos nos versículos precedentes
e nos posteriores. Todos os mandamentos estão
resumidos em dois: um é cremo nome do Filho de
Deus, Jesus Cristo, e o outro é amar uns aos outros. O
primeiro é concernente à fé; o segundo, ao amor. Ter
fé é receber a vida divina em nosso relacionamento
com o Senhor; amar é viver a vida divina em nosso
relacionamento com os irmãos. A fé toca a fonte da
vida divina; o amor expressa a essência da vida
divina. Ambos são necessários para os crentes
viverem urna vida que permanece no Senhor.
De acordo com o Evangelho de João, a fé e o
amor são os dois requisitos para desfrutarmos Deus.
A fim de recebermos Deus e desfrutá-Lo, precisamos
crer no Senhor Jesus. Precisamos também amá-Lo e
amar uns aos outros.

PERMANECER NELE POR VIVER NA


REALIDADE DIVINA
No versículo 24 João conclui: “E aquele que
guarda os seus mandamentos permanece em Deus, e
Deus nele. E nisto conhecemos que ele permanece em
nós, pelo Espírito que nos deu.” Esse versículo é a
conclusão desta seção, que começa em 2:28, com
nosso permanecer no Senhor segundo o ensinamento
da unção divina, como revelado na seção anterior
(2:20-27). Esta seção revela que permanecer no
Senhor é o viver dos filhos de Deus pela Sua vida
eterna como a semente divina, a qual cresce ao
praticarem a justiça do Deus que os gerou (2:29; 3:7,
10) e o amor do Pai que os gerou (3:10-11, 14-23).
Este permanecer e sua base — o nascimento divino e
a vida divina como a semente divina-são misteriosos,
contudo reais no Espírito.
Guardar Seus mandamentos é viver uma vida de
acordo com a realidade divina. Isso é o que significa
guardar os mandamentos do Senhor segundo esta
Epístola. Isso significa que guardar Seus
mandamentos não é guardar a lei mosaica. Guardar
os mandamentos do Senhor é ter uma vida de acordo
com a realidade divina.
Se guardamos os mandamentos do Senhor por
viver na realidade divina, permanecemos Nele, e Ele
em nós. Permanecemos no Senhor; então Ele
permanece em nós. Nossa permanência Nele é uma
condição para a Sua permanência em nós (Jo 15:4).
Desfrutamos Sua permanência em nós por meio da
nossa permanência Nele.

O ESPÍRITO
A segunda parte do versículo 24 diz: “E nisto
conhecemos que ele permanece em nós, pelo Espírito
que nos deu.” Literalmente, a palavra grega para
“pelo” significa procedente de. A frase “pelo Espírito”
modifica “conhecemos”.
O Espírito não havia sido citado até esse ponto
desta epístola, embora esteja anonimamente
implícito na unção em 2:20 e 27. Na verdade, o
Espírito, isto é, o Espírito que dá vida, todo-inclusivo,
composto, é o fator vital e crucial de todos os
mistérios desvendados nesta Epístola: a vida divina, a
comunhão da vida divina, a unção divina, a
permanência no Senhor, o nascimento divino e a
semente divina. É por meio desse Espírito que
nascemos de Deus, recebemos a vida divina como a
semente divina em nós, temos a comunhão da vida
divina, somos ungidos com o Deus Triúno e
permanecemos no Senhor. Este Espírito maravilhoso
é-nos dado como a bênção prometida do Novo
Testamento (Gl 3:14). Ele é dado sem medida pelo
Cristo que é sobre todos, que a tudo herda e que deve
ser aumentado universalmente (Jo 3:31-35). Este
Espírito e a vida eterna (1Jo 3:15) são os elementos
básicos por meio dos quais vivemos a vida que
permanece no Senhor continuamente. Portanto, é por
meio deste Espírito, que testifica com nosso espírito,
que somos filhos de Deus (Rm 8:16), e sabemos que o
Senhor de todos permanece em nós (l J04:13). É por
intermédio deste Espírito que somos unidos ao
Senhor como um espírito (1Co 6:17). E é por este
Espírito que desfrutamos as riquezas do Deus Triúno
(2Co 13:13).
O capítulo 3 de 1 João conclui com uma palavra
concernente ao Espírito. Isso indica que o que é
abrangido neste capítulo é uma questão do Espírito
que habita interiormente, todo-inclusivo, composto,
que dá vida. Neste versículo João não falado Espírito
de Deus ou do Espírito Santo; ele fala do Espírito.
Sempre que o Novo Testamento menciona o Espírito,
ele se refere ao Espírito que habita interiormente,
todo-inclusivo, composto, que dá vida. No último
capítulo da Bíblia, temos uma palavra com relação ao
Espírito (Ap 22:17). O Espírito é mais inclusivo que o
Espírito de Deus e o Espírito Santo. O Espírito
refere-se ao Espírito que ainda não era (Jo 7:39-lit.)
antes da glorificação de Cristo. Agora, a partir da
ressurreição de Cristo, o Espírito está aqui. Portanto,
permanecemos no Senhor e Ele permanece em nós
pelo Espírito que Ele nos deu.
ESTUDO-VIDA DE 1 JOÃO
MENSAGEM 30
PROVAR OS ESPÍRITOS (1)

Leitura da Bíblia: 1 104:1-6


Nesta mensagem chegamos a 4:1-6. Esses
versículos colocam-se como uma seção particular.
Aparentemente essa seção nada tem a ver com a
seção anterior nem com a posterior. Como vimos, a
seção anterior refere-se a amar os irmãos. A seção
posterior volta à questão de amar os irmãos.
Portanto, 4:1-6 situa-se entre duas seções que se
ocupam do amar aos irmãos. Podemos querer saber,
então, como é que 4:1-6 está relacionado a estas
seções.

A NECESSIDADE DE PROVAR OS ESPÍRITOS


Creio que 4:1-6 foi inserido pelo menos por duas
razões. A primeira razão relaciona-se à nossa
necessidade de discernir os espíritos. Em 3:24 João
fala do “Espírito que nos deu”. Por haver mencionado
o Espírito aqui, João prossegue para a questão de
discernir, provar, investigar os espíritos. Há mais de
um tipo de espírito no universo. Portanto, precisamos
da advertência de João quanto a provar os espíritos.
A Primeira Epístola de João 4:1-6 é uma seção
parentética advertindo os crentes a discernirem os
espíritos, a fim de que reconheçam os falsos profetas.
Essa advertência está relacionada à menção do
Espírito no versículo anterior, 3:24, por meio do qual
sabemos que o Senhor permanece em nós. Uma
advertência similar foi dada em 2:18-23. As
expressões “qualquer espírito” e “os espíritos” em 4:1
referem-se tanto aos espíritos dos profetas (1Co
14:32) induzidos pelo Espírito da verdade, quanto ao
espírito dos falsos profetas incitados pelo espírito do
engano. Portanto, há a necessidade de discernir os
espíritos, provando-os, para ver se eles têm sua fonte
proveniente de Deus. Esta é a razão de João dizer no
versículo 1: “Não deis crédito a qualquer espírito:
antes, provai os espíritos se procedem de Deus”.
Provar os espíritos é discerni-los (1Co 12:10)
colocando-os à prova.

NÃO RECEBER OS FALSOS PROFETAS E OS


ANTICRISTOS
Creio que a segunda razão para João inserir 4:1-6
é advertir os crentes de que, embora devamos amar
os irmãos, não devemos receber os falsos profetas e
anticristos. Devemos amar todos os homens,
incluindo nossos inimigos. Entretanto, não podemos
receber um falso profeta ou um anticristo.
Nos primeiros anos de meu ministério, achamos
ser necessário inocular os santos contra o
modernismo. Di versos professores e outros nas
universidades haviam sido influenciados por ensinos
modernistas acerca de Cristo e da Bíblia. Os
modernistas ensinavam que Cristo não é Deus, que
Ele era um filho ilegítimo de Maria com José, que Ele
era um grande filósofo, e que Ele morreu na cruz, não
pela redenção, mas como um mártir. Além disso, os
modernistas não criam na Bíblia. Em particular, eles
não criam nos milagres registrados nas Escrituras.
Quando nos levantamos para opor-nos ao
modernismo, alguns amigos nos disseram: “Não
devemos amá-los? Não devemos recebê-los?” Nós,
entretanto, praticamos a palavra de Anticristo, que é
‘a besta que emerge da terra’ de Apocalipse 13:11-17 e
o ‘falso profeta’ de 16:13; 19:20; 20:10. Este é o último
cabeça clerical, enquanto a besta de Apocalipse 13:1-8
é o último cabeça civil. Para o propósito de perseguir
é-lhe permitido exercer o poder autocrático do
imperador-besta”. Em contraste com o entendimento
de Scofield, outros mestres da Bíblia dizem que a
primeira besta de Apocalipse 13 será o anticristo e
que a segunda besta será o falso profeta. Mas Scofield
diz que a segunda besta, o falso profeta, será o
anticristo. Isso significa que o dr. Scofield diz que o
falso profeta será o anticristo.
A Nova Referência Bíblica de Scofield em sua
nota apresenta uma interpretação bem diferente:
“Muitos identificam a ‘besta que emerge da terra’
como o Anticristo (...) Se a ‘besta que emerge da terra’
(vs. 11-17) é o Anticristo, ele é o mesmo que o ‘falso
profeta’ de 16:13; 19:20; 20:10. Devido à palavra
‘anticristo’ nunca ser aplicada diretamente a ele,
entretanto, alguns têm considerado o termo
‘anticristo’, definido como contrário a Cristo, aplicado
à primeira besta (vs. 1-10), que é o soberano político”.
Está claro, portanto, que os mestres da Bíblia têm
diferentes interpretações na questão a quem o título
“anticristo” deva ser aplicado.
Consideramos esta questão de maneira a
salientar que não haverá apenas um anticristo. Não
creio que qualquer mestre da Bíblia ousasse dizer que
somente o homem da iniqüidade vindouro, o filho da
destruição, seja o anticristo. Não devemos sertão
categóricos para ensinar que haverá somente um
anticristo e que antes que este venha não haverá
quaisquer outros anticristos. Devido aos
ensinamentos tradicionais, porém, muitos cristãos
têm o conceito de que somente uma pessoa será o
anticristo.
Os mestres da Bíblia freqüentemente falam sobre
o anticristo, dando a impressão de que anticristo é
um substantivo próprio referindo-se apenas a uma
pessoa. Entretanto, de acordo com a maneira de João
usar este termo em Z:18, 22; 4:3 e 2 João 7, este é um
título genérico, um título referindo-se a uma
categoria de pessoas. Não é um título único,
particular, referindo-se a uma pessoa particular.
Portanto, o título “anticristo” é diferente do título
“Cristo”, pois há somente um Cristo e qualquer um
que declare ser Cristo ou é um falso Cristo ou um
anticristo. No entanto, não devemos usar a palavra
anticristo como se fosse um nome próprio.
Acerca disso, os tradutores da Bíblia têm
opiniões diferentes. Por exemplo, Wuest em sua
tradução usa letra maiúscula para anticristo, fazendo
dela um nome próprio. A versão Berkeley faz a
mesma coisa. Entretanto, J. N. Darby não usa letra
maiúscula para essa palavra em sua Nova Tradução.
Semelhantemente, a palavra anticristo não é
maiúscula na versão King James, American Standard
ou na New American Standard.
Não é bíblico dizer que haverá somente um
anticristo. Mas é igualmente errado dizer que o
homem da iniqüidade, o filho da destruição, que
exalta a si mesmo acima de tudo que sé chama Deus,
não seja um anticristo. Tal pessoa deve
categoricamente ser considerada como um anticristo.
Em Mateus 24 os falsos profetas são de uma
categoria, e os falsos Cristos são de outra. Em Mateus
24:24 o Senhor Jesus fala claramente de ambos: os
falsos Cristos e os falsos profetas. Mas nas epístolas
de João os falsos profetas são anticristos. Como
temos ressaltado, alguns mestres da Bíblia dizem que
a primeira besta em Apocalipse 13 será o anticristo.
Mas Scofield e outros dizem que a segunda besta, o
falso profeta, será o anticristo. Segundo a
interpretação de Scofield, o anticristo está na mesma
categoria dos falsos profetas.
Que conclusão devemos tirar de todas essas
considerações? Deveríamos considerar os falsos
profetas e os anticristos como duas categorias
diferentes? Em certo sentido, devemos entende-los
como duas categorias distintas. No final, entretanto,
os falsos profetas e os falsos Cristos são todos
anti-Cristo, contrários a Cristo, e, portanto,
anticristos. Na mensagem a seguir consideraremos o
princípio do anticristo.
ESTUDO-VIDA DE 1 JOÃO
MENSAGEM 31
O PRINCÍPIO DO ANTICRISTO

Leitura da Bíblia: 1Jo 2:18, 22; 4:3; 2Jo 7


Existem quatro versículos em suas Epístolas nos
quais o apóstolo João fala do anticristo. Em 2:18 ele
diz que muitos anticristos têm surgido; em 2:22, que
o anticristo, o mentiroso, é o que nega o Pai e o Filho;
em 4:3, que o espírito do anticristo não confessa a
Jesus; e 2 João 7, que os enganadores que têm saído
pelo mundo são anticristos. Nesses quatro versículos
podemos ver que há um princípio do anticristo.
Que é um anticristo em princípio? Para
responder a essa questão, consideremos 2:18:
“Filhinhos, já é a última hora; e, como ouvistes que
vem o anticristo, também agora muitos anticristos
têm surgido, pelo que conhecemos que é a última
hora”. Esse versículo contém um princípio. Qualquer
um que pratique esse princípio enquadra-se na
categoria de anticristo.
À época dos apóstolos, havia muito rumor sobre
o anticristo vindouro. João refere-se a isso ao dizer
àqueles que recebiam sua Epístola que eles “ouviram
que vem o anticristo”. Então ele imediatamente
prossegue dizendo que muitos anticristos têm
surgido. Do fato de ter havido muitos anticristos
deduz-se um princípio: o princípio do anticristo.

NEGAR O QUE CRISTO É


Em 2:22 podemos ver mais claramente qual é o
princípio do anticristo: “Quem é o mentiroso senão
aquele que nega que Jesus é Cristo? Este é o
anticristo, o que nega o Pai e o Filho”. Eu chamaria
sua atenção para a palavra “negar” utilizada duas
vezes nesse versículo. Esse versículo fala de negar que
Jesus é o Cristo e também de negar o Pai e o Filho.
Aqui temos o princípio do anticristo. O princípio do
anticristo é negar o que Cristo é. Qual princípio deve
alguém seguir de maneira a ser um anticristo? Deve
seguir o princípio de negar o que Cristo é. Jesus é o
Cristo, Cristo é o Filho de Deus, e o Filho de Deus é a
corporificação do Pai. Negar qualquer aspecto dessa
verdade é negar algo daquilo que Cristo é, e por meio
disso seguir o princípio do anticristo.
O princípio do anticristo é negar algo da Pessoa
de Cristo.
De acordo com 2:22, o anticristo nega que Jesus
é o Cristo. Como vimos, essa foi a heresia de Cerinto,
o qual separou o homem terreno, Jesus, do Cristo
celestial. (Ele considerava Jesus como filho de José e
Maria.) Cerinto também ensinava que após Jesus ser
batizado, Cristo como pomba desceu sobre Ele, mas
deixou Jesus no final de Seu ministério de tal forma
que Jesus sofreu na cruz e ressuscitou de entre os
mortos, enquanto Cristo permaneceu separado como
um ser espiritual. Cerinto, portanto, negava que Jesus
é o Cristo. Como indica o versículo 22, isso também é
negar o Pai e o Filho. Quando as duas sentenças no
versículo 22 são justapostas, podemos ver claramente
que negar a Cristo é negar o Pai e o Filho. Devido ao
fato de Cerinto negar que Jesus é o Cristo e por
conseguinte negar o Pai e o Filho, ele era um
anti-cristo. Esta é uma ilustração do princípio do
anticristo. O que toma uma pessoa um anticristo, ao
menos em princípio, é que ela nega algum aspecto do
que Cristo é.

CONTRA CRISTO E SUBSTITUINDO CRISTO


O prefixo grego anti possui dois significados
principais. Primeiro, ele significa contra; segundo,
significa em lugar de ou em vez de. Isso indica que
um anticristo é contra Cristo e também substitui
Cristo por alguma outra coisa. Serum anticristo é, por
João em sua segunda Epístola: “Se alguém vem
ter convosco e não traz esta doutrina, não o recebais
em casa, nem lhe deis as boas-vindas” (v. 10). Amar
uma pessoa é uma coisa, mas receber alguém que é
um falso profeta ou um anticristo é algo totalmente
diferente.
João percebeu que era necessário que ele, ao
falar sobre o amar os irmãos, falasse uma palavra
acerca dos falsos profetas e anticristos. Devemos
provar os espíritos e ficar longe dos falsos profetas.
Embora precisemos amar os irmãos e mesmo a todos
os homens, nunca devemos receber um falso profeta
ou um anti-cristo.
Em 4:1 João diz-nos que “muitos falsos profetas
têm saído pelo mundo fora”. Em Mateus 24:24 os
falsos profetas diferem dos falsos Cristos. Mas aqui os
falsos profetas são os anticristos (v. 3), aqueles que
ensinam hereticamente acerca da Pessoa de Cristo
(2:18, 22-23). O “mundo” em 4:1 não se refere ao
universo ou à terra; pelo contrário, refere-se às
pessoas, à sociedade humana na terra, que são os
componentes do satânico sistema mundial.

CONHECER O ESPÍRITO DE DEUS


Em 4:2 João continua: “Nisto reconheceis o
Espírito de Deus: todo espírito que confessa que
Jesus Cristo veio em carne é de Deus.” O “espírito”
aqui é o espírito de um profeta genuíno movido pelo
Espírito Santo da verdade, um espírito que confessa a
concepção divina de Jesus, afirmando que Ele nasceu
como o Filho de Deus. Todo espírito assim
certamente tem sua fonte em Deus é proveniente de
Deus. Nisto reconhecemos o Espírito de Deus.
Jesus foi concebido do Espírito (Mt 1:18).
Confessar que Jesus veio em c ame é confessar que
Ele foi divinamente concebido para nascer como o
Filho de Deus (Lc 1:31-35). Uma vez que Ele foi
concebido do Espírito para nascer em carne, o
Espírito nunca negaria que Ele veio em carne por
meio da concepção divina.

O SIGNIFICADO DE ANTICRISTO
Neste ponto precisamos considerar mais o
significado da palavra “anticristo”. Em Mateus 24:5 o
Senhor Jesus diz: “Porque virão muitos em meu
nome, dizendo: Eu sou o Cristo, e enganarão a
muitos.” Esse versículo fala de um falso Cristo,
alguém que finge ser Cristo, a fim de desviar os
crentes.
Em 2:26 e 3:7 João também fala de ser desviado.
Nesta Epístola, ser desviado é ser conduzido para
longe da realidade da Pessoa de Cristo, da realidade
de que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus. Mas, de
acordo com Mateus 24:5, um falso Cristo é o que
finge ser Cristo de modo a desviar as pessoas.
Em Mateus 24:23 e 24 o Senhor Jesus diz:
“Então se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! ou:
Ei-lo ali! não acrediteis; porque surgirão falsos cristos
e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios
para enganar, se possível, os próprios eleitos.” Esses
versículos indicam que é possível que até mesmo as
pessoas escolhidas de Deus sejam enganadas e
desviadas. Devido à palavra do Senhor com relação
aos falsos Cristos e falsos profetas, havia o ensino
entre os crentes nos primeiros dias de que falsos
Cristos e falsos profetas surgiriam.
Em 1 João há três versículos concernentes ao
anticristo. Em 2:18 João diz: “Filhinhos, já é a última
hora; e, como ouvistes que vem o anticristo, também
agora muitos anticristos têm surgido, pelo que
conhecemos que é a última hora.” No original não há
o artigo definido antes de “anticristo”. João diz
simplesmente que os crentes ouviram que o anticristo
está vindo, e então prossegue dizendo que muitos
anticristos têm surgido.
Em 2:22 João novamente fala acercado
anticristo: “Quem é o mentiroso senão aquele que
nega que Jesus é Cristo? Este é o anticristo, o que
nega o Pai e o Filho.” A palavra “mentiroso” indica
um falso profeta. O mentiroso, o falso profeta, que
nega que Jesus é o Cristo, é o anticristo, aquele que
nega o Pai e o Filho.
A Primeira Epístola deJoã04:3 diz: “E todo
espírito que não confessa a Jesus não procede de
Deus; pelo contrário, este é o espírito do anticristo, a
respeito do qual tendes ouvido que vem, e
presentemente já está no mundo.” Semelhantemente
a 2:22, este versículo indica que na Primeira Epístola
de João um anticristo é um falso profeta, e um falso
profeta é um anticristo.
Em 4:3 o espírito que não confessa a Jesus é o
espírito de um falso profeta incitado pelo espírito do
engano, o espírito que não confessa a Jesus vindo em
carne. Esse é o espírito dos erros dos docetistas
(Docetas). Esse nome foi derivado do grego dokein,
“dar a impressão”, “parecer ser”. A concepção
herética dos docetistas era de que Jesus Cristo não
era um homem verdadeiro mas simplesmente
aparentava ser. De acordo com os docetistas. Cristo
era meramente um fantasma. O docetismo foi
misturado com o gnosticismo, que ensinava que toda
matéria era essencialmente má. Portanto, os
docetistas ensinavam que, por Cristo ser santo, Ele
nunca poderia ter tido a corrupção da carne humana.
Eles diziam que o corpo de Cristo não era carne e
sangue verdadeiros, mas meramente uma aparição
ilusória, transitória, de modo que Ele não sofreu,
morreu e ressuscitou. Tal heresia não somente
prejudica a encarnação do Senhor, como também
arruína Sua redenção e ressurreição. O docetisrno era
um traço característico dos primeiros anticristos
enganadores a quem João tinha em vista aqui e em
2Joã0 7. O espírito de tais enganadores certamente
não tem sua fonte em Deus; não provém de Deus.
Este é o espírito do anticristo.
Em 2 João 7 o apóstolo João uma vez mais fala
acerca do anticristo: “Porque muitos enganadores
têm saído pelo mundo fora, os quais não confessam
Jesus Cristo vindo em carne: assim é o enganador e o
anticristo.” Esses enganadores são os mentirosos, os
falsos profetas, que negam que Jesus é Deus
encarnado e desta maneira negam a deidade de
Cristo. João claramente diz que esses enganadores
são anticristos.
No passado, vários mestres da Bíblia haviam
usado o título. anticristo de modo particular. Na
Segunda Epístola aos Tessalonicenses 2:3 e 4 Paulo
fala do homem da iniqüidade, “o filho da perdição, o
qual se opõe e se levanta contra tudo que se chama
Deus, ou objeto de culto, a ponto de assentar-se no
santuário de Deus, ostentando-se como se fosse o
próprio Deus.” ComofoiprofetizadoemDanieI7:20-21,
24-26; 8:9-12, 23-25; 9:27 e 11:36-37, esse homem da
iniquidade lançará por terra a verdade, mudará as
leis, destruirá e corromperá muitos em um grau
extraordinário, blasfemará contra Deus e enganará os
homens. Paulo profetizou a vinda deste homem da
iniqüidade.
Em Apocalipse 13 temos duas bestas: a primeira
besta vindo do mar e a segunda da terra. A segunda
besta é o falso profeta, que trabalha para a primeira
besta: “Exerce toda a autoridade da primeira besta na
sua presença. Faz com que a terra e os seus habitantes
adorem a primeira besta, cuja ferida mortal fora
curada” (v. 12). A primeira besta será o último César
do reino do Império Romano restaurado, e a segunda
besta, o falso profeta, trabalhará para ele.
Por causa destas profecias, muitos mestres da
Bíblia têm utilizado o título “anticristo” ao homem da
iniqüidade vindouro, o qual se exaltará acima de
Deus e fará com que o adorem, e se oporá e
perseguirá os cristãos e judeus. Ele também é
identificado com a primeira besta em Apocalipse 13.
Certamente não é incorreto aplicar o título anticristo
a esta pessoa.

DIFERENTES INTERPRETAÇÕES DA VINDA


DO ANTICRISTO
No entanto, acerca do anticristo vindouro, os
mestres da Bíblia têm seguido diferentes
interpretações. Por exemplo, em sua referência da
Bíblia, dr. Scofield diz que o anticristo será a segunda
besta em Apocalipse 13, a besta proveniente da terra:
“Os ‘muitos anticristos’ precedem e preparam o
caminho para o
Não importando que intenção uma pessoa possa
ter, seja ela boa ou má, uma vez que negue qualquer
aspecto da Pessoa de Cristo, ela está seguindo o
princípio do anticristo, apesar de poder estar fazendo
isso inconscientemente. Alguém pode ter a boa
intenção de exaltar Cristo como o Criador
todo-poderoso. Ao ter esta intenção, ele pode não
estar querendo dizer que Cristo é uma criatura.
Contudo, a Bíblia revela que, com respeito à Sua
humanidade, a qual certamente é alguma coisa
criada, Cristo é uma criatura. Além disso, segundo o
Novo Testamento, Cristo hoje ainda é um homem.
Entretanto, alguns cristãos não crêem que Cristo
esteja agora assentado no trono nos céus como um
homem. Jesus Cristo é tanto Deus como homem. Por
ser Ele tanto Deus como homem, Ele é tanto o
Criador como uma criatura.
Aqueles que seguem a teologia tradicional
freqüentemente negam três aspectos do que Cristo é.
Eles negam que Cristo seja o Espírito, que Cristo seja
o Pai e que Cristo sej a o primeiro entre as criaturas.
Uma vez que o princípio do anticristo é negar algum
aspecto do que Cristo é, negar qualquer desses três
aspectos é praticar esse princípio, embora possa ser
feito inconsciente e inintencionalmente.
Se compreendermos o que é o princípio do
anticristo, perceberemos que certos mestres da Bíblia
inconscientemente seguem esse princípio. De acordo
com as Epístolas de 1 e 2 João, qualquer um que
negue algum item da Pessoa de Cristo está seguindo o
princípio do anticristo. Que sejamos impressionados
com o fato de que o princípio do anticristo é
primeiramente negar algo do que Cristo é e, em
seguida, substituir Cristo por alguma outra coisa.
ESTUDO-VIDA DE 1 JOÃO
MENSAGEM 32
EXPERIMENTAR E DESFRUTAR O ESPÍRITO
TODO-INCLUSIVO

Leitura da Bíblia: 1Jo 4:1-6


Nosso encargo na restauração do Senhor é
ministrar o Deus Triúno como vida e tudo para nós,
de modo que possamos desfrutar tudo o que Ele é.
Com relação a isso, nos sustentamos nos ombros dos
grandes mestres da Bíblia, que vieram antes de nós.
Aprendemos muito a partir das experiências dos
outros. Estudamos a história da Igreja, as biografias e
os escritos mais importantes dos grandes mestres
desde os primeiros séculos até o presente. Tudo isso
tem sido de muita ajuda para nós. É claro que
também estudamos a Bíblia por nossa conta.
Portanto, sabemos com certeza onde estamos, e
temos segurança acerca da exatidão de tudo o que o
Senhor nos levou a dizer no ministério.

A INTENÇÃO DE DEUS
Como resultado de muitos anos de experiência e
estudo, vimos que, de acordo com toda a revelação na
Bíblia, a intenção de Deus é trabalhar a Si mesmo
para dentro de nós de maneira que Ele seja nossa vida
e que vi vamos por intermédio Dele, a fim de sermos
Sua expressão. Esta é a intenção de Deus. Para Deus
cumprir esta intenção, é necessário que Ele seja
triúno. Sem ser triúno, isto é, sem ser o Pai, o Filho e
o Espírito, Deus não teria maneira de trabalhar-se
para dentro de nós. Para trabalhar-se em nós, Deus
deve primeiro comunicar a Si mesmo a nós, dispensar
a Si mesmo para dentro de nós. Se não puder fazer
isso, Ele não pode trabalhar-se em nós para ser nossa
vida. Seria impossível para o Deus Triúno ser nossa
vida se Ele permanecesse meramente como Aquele
fora de nós em quem crêssemos, adorássemos e por
quem trabalhássemos. Para que Deus seja nossa vida,
Ele deve dispensar a Si mesmo para o nosso interior,
e para que este dispensar seja levado a cabo, Deus
deve ser o Pai, o Filho e o Espírito.

O FILHO VINDO NO NOME DO PAI E COM O


PAI
Deus criou o homem à Sua própria imagem com
o propósito de dispensar a Si mesmo para dentro do
homem, de modo que este se tornasse Sua expressão.
O propósito de Deus ao criar o homem foi que o
homem fosse Seu recipiente, desfrutando-O como
vida, de forma a expressá-Lo. O homem, entretanto,
tomou-se caído. Após ter caído, Deus mesmo
tomou-se homem. Foi Deus Filho, não Deus Pai nem
Deus Espírito, que se tomou homem. No entanto, o
Filho veio no nome do Pai e com o Pai. Muitos
cristãos enfatizam apenas que o Filho veio e
negligenciam o fato de que Ele veio no nome do Pai e
com o Pai. Alguns teólogos até mesmo disseram que
quando o Filho de Deus veio, o Pai foi deixado nos
céus. Em contraste a esse conceito natural, humano, o
Novo Testamento revela que quando o Filho veio, Ele
nunca deixou o Pai. O Senhor Jesus disse claramente
que Ele não estava sozinho, pois o Pai estava com Ele.
Em João 8:29 Ele disse: “Aquele que me enviou está
comigo, não me deixou só.” Em João 16:32 o Senhor
disse: “Eis que vem a hora e já é chegada, em que
sereis dispersos, cada um para sua casa, e me
deixareis só; contudo não estou só, porque o Pai está
comigo.” um lado, ser contra Cristo; por outro lado, é
também ter algo no lugar de Cristo, algo que substitui
Cristo. Por meio disso vemos que o princípio do
anticristo envolve negar o que Cristo é. Isso é ser
anti-Cristo, contra Cristo. Certamente, sempre que
alguém nega o que Cristo é, automaticamente aquela
pessoa substituirá Cristo por alguma outra coisa.
Portanto, um anticristo é tanto contra Cristo como
também alguém que substitui Cristo.
Podemos usar os modernistas como ilustração de
negar a Cristo. e substituir Cristo. Os modernistas
negam que Cristo é o
. Redentor. Eles não crêem que Cristo morreu na
cruz pelos nossos pecados. Em vez disso, eles clamam
que Cristo foi perseguido devido aos Seus
ensinamentos e levado à morte por causa dos Seus
ensinamentos, e morreu na cruz como um mártir. É
evidente que os modernistas negam que Cristo é o
Redentor que morreu na cruz pelos nossos pecados.
Primeiro, eles negam esse aspecto da Pessoa de
Cristo. Então prosseguem substituindo o Redentor
por um mártir. Dessa forma, eles têm um mártir no
lugar do Redentor. Isso é ter algo no lugar de Cristo
como resultado de negar o que Cristo é.
Devemos ser cuidadosos em nunca negar algo do
que Cristo é. Nunca devemos negar qualquer parte,
aspecto ou item da Pessoa de Cristo. Negar qualquer
aspecto da Pessoa de Cristo é praticar o princípio do
anticristo. Alguns que ouvem isso podem dizer:
“Certamente não sou um anticristo, pois não sou
contra Cristo”. Uma pessoa pode não ser contra
Cristo ou negar a Cristo conscientemente. Mas,
inconscientemente, podemos negar algum aspecto da
Pessoa de Cristo e, então, substituir esse aspecto por
alguma outra coisa.

O PAI ETERNO E O ESPÍRITO QUE DÁ VIDA


Alguns nos condenam por ensinar que, de acordo
com as Escrituras, Cristo é todo-inclusivo, que Ele é
Deus, o Filho, o Pai e o Espírito. A Segunda Epístola
aos Coríntios 3:17 diz claramente: “O Senhor é o
Espírito.” Um versículo que confirma o fato é 1
Coríntios 15:45b: “O último Adão tomou-se Espírito
que dá a vida” (BJ). Além disso, Isaías 9:6 diz que um
menino nos nasceu, um Filho se nos deu, e o Seu
nome será Pai eterno, ou, de acordo com o hebraico,
Pai da eternidade. Aqui vemos que o Filho é chamado
Pai eterno. Esses versículos revelam que Cristo é o
Espírito e também o Pai eterno.
Vários anos atrás, alguns opositores reuniram-se
para discutir como tratar com o nosso assim chamado
ensinamento herético acercado Deus Triúno. Naquela
reunião as seguintes observações foram feitas: “Isaías
9:6: ‘Porque um menino nos nasceu, um filho se nos
deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu
nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai
da Eternidade, Príncipe da Paz’. Ali Jesus é chamado
o Pai. Certo? Assim Ele é o Pai. Isso é o que diz. Isso é
Isaías 9:6. Ora, normalmente não dizemos isso
porque a tradição está envolvida aqui.” Esses críticos
admitiam que, por causa de sua tradição, eles
normalmente não dizem que Cristo é o Pai. Fico feliz
de que no meio da crítica dos opositores havia uma
palavra honesta admitindo que segundo Isaías 9:6,
Jesus é o Pai, muito embora não digam isso
normalmente por envolver a questão da tradição. Por
meio disso podemos ver que com relação a esta
questão eles se preocupam mais com a tradição do
que com o que a revelação divina de fato diz.
Entretanto, nós seguimos a pura Palavra de Deus. De
acordo com as Escrituras, o Filho é chamado Pai
eterno, e Cristo, o Senhor, é o Espírito que dá vida.
Foi em 1933 que pela primeira vez vim a perceber
que Cristo é o Espírito. Por mais de sete anos estive
sob o ensino dos Irmãos. Eles ensinavam que o Pai, o
Filho e o Espírito Santo são três Pessoas separadas.
Esse ensinamento que herdei dos Irmãos sem dúvida
corresponde ao ensino tradicional comum. Eu entrei
na vida da igreja em 1932, e fui a Xangai
encontrar-me com o irmão Nee em 1933. Um dia a
igreja em Xangai convidou um pregador itinerante
chinês, que estava trabalhando com a Missão Interior
da China, para falar em uma das reuniões. Em sua
mensagem ele enfatizou fortemente o ponto de que
não devemos achar que o Senhor Jesus está separado
do Espírito. Pelo contrário, Cristo e o Espírito são um.
A isso, o irmão Nee, que estava sentado na parte de
trás do local de reuniões, disse um sonoro “Amém”. A
reação do irmão Nee surpreendeu-me. Após a reunião
o irmão Nee e eu conversamos sobre a mensagem.
Naquela conversa o irmão Nee disse-me: “Witness,
todos nós devemos conhecer que Cristo é o Espírito, e
esta deve ser a nossa mensagem.” Então comecei a
estudar essa questão cuidadosamente. Quanto mais
estudava a Palavra, mais ficava convencido de que
hoje Cristo e o Espírito são um.
Com relação a certos aspectos da Pessoa de
Cristo, muitos cristãos seguem a tradição e
negligenciam a revelação da Bíblia. Se formos
honestos, perceberemos que Isaías 9:6 diz que o Filho
é chamado de Pai e que 2 Coríntios 3:17 e 1 Coríntios
15:45b revelam que Cristo é o Espírito que dá vida.
Negar que Cristo é o Pai eterno ou que Ele é o Espírito
que dá vida é ser “anti” estes aspectos de Sua Pessoa.
Neste sentido, fazer tal negação é seguir o princípio
do anticristo, que é negar algo daquilo que Cristo é.

O CRIADOR E A CRIATURA
Vemos aspectos adicionais da Pessoa de Cristo
no capítulo um de Colossenses. De acordo com
Colossenses 1:15, Cristo é o primogênito de toda a
criação, e de acordo com o versículo 18, Ele é o
primogênito de entre os mortos. Como o Primogênito
de toda a criação, Cristo é o primeiro entre as
criaturas de Deus, assim como o Primogênito de entre
os mortos significa que Ele é o primeiro na
ressurreição. Entretanto, alguns mestres da Bíblia
admitirão que Cristo é o primeiro na ressurreição,
mas eles não dirão que Cristo é o primeiro na criação
de Deus. É um absurdo dizer que Cristo é o primeiro
na ressurreição, mas não é o primeiro na criação. O
título “Primogênito” é usado duas vezes no mesmo
capítulo, referindo-se a Cristo como sendo o
Primogênito na criação de Deus e também na
ressurreição. A teologia tradicional admite que Cristo
é o primeiro na ressurreição, mas não que Cristo seja
o primeiro na criação de Deus.
Alguns mestres e teólogos não dirão que Cristo é
uma criatura. Eles alegam que é impossível que
Cristo, o próprio Deus, o Criador, seja uma criatura.
No entanto, com relação à Sua humanidade, Cristo
certamente é uma criatura. A Bíblia clara e
definitivamente diz que Cristo participou de carne e
sangue (Hb 2:14). Cristo tomou-se um homem
possuindo sangue e carne. Não é verdade que o
homem é uma criatura? Não é verdade que sangue e
carne são elementos da criação? Certamente a
humanidade, carne e sangue são todos coisas criadas.
Na verdade, dizer que Cristo não é uma criatura é
quase o mesmo que dizer que Cristo não veio em
carne, como é condenado em 1 João 4.
Alguns daqueles que negam que Cristo seja uma
criatura têm uma boa intenção. A intenção deles é
preservar a deidade de Cristo. Segundo o
entendimento deles, dizer que Cristo é uma criatura é
tirar Sua deidade e Sua posição como Criador, o Deus
todo-poderoso. Em princípio, isso é o que os
docetistas fizeram. A concepção herética dos
docetistas era de que Jesus Cristo não foi um homem
verdadeiro, mas simplesmente apareceu para ser um
homem em carne. Eles ensinavam que uma vez que
Cristo é santo, Ele nunca poderia ter tido a corrupção
da carne humana. Portanto, eles ensinavam que Seu
corpo não era verdadeira carne e sangue, mas
meramente uma aparição transitória. Apegando-se ao
conceito de que a matéria é inerentemente má, os
docetistas negavam que Cristo veio em carne. Embora
os docetistas tivessem uma boa intenção, eles não
obstante seguiram o princípio do anticristo, pois
negavam algo do que Cristo é. Durante Sua vida na
terra, o Pai estava com Ele. Assim, quando o Filho
veio ser um homem, Ele viveu como um homem no
nome do Pai e com o Pai.
O Senhor Jesus até mesmo disse que, enquanto
Ele estava na terra como um homem, Ele estava no
Pai e o Pai estava Nele. Em João 10:38Eledisse: “Mas,
se faço, e não me credes, crede nas obras; para que
possais saber e compreender que o Pai está em mim,
e eu estou no Pai.” Então em João 14:10 e 11 Ele disse,
em resposta ao pedido de Felipe para que lhes
mostrasse o Pai: “Não crês que eu estou no Pai e que o
Pai está em mim? As palavras que eu vos digo não as
digo por mim mesmo; mas o Pai que permanece em
mim, faz as suas obras. Crede-me que estou no Pai, e
o Pai em mim.” Essa é uma questão não somente da
coexistência do Pai e do Filho, mas também da
coinerência do Pai e do Filho. Isso significa que o Pai
e o Filho existem um no outro. Portanto, o Pai e o
Filho coexistem à maneira da coinerência. Por ter o
Filho vindo com o Pai e no nome do Pai e por Ele
coexistir à maneira da coinerência com o Pai, Ele é
chamado de Pai eterno (Is 9:6). Não podemos
analisar nem sistematizar isso. Em vez de tentar
analisar ou sistematizar o Deus Triúno, devemos
simplesmente aceitar os fatos como são revelados na
Bíblia.
Você já ouviu dizer que quando o Filho veio, Ele
veio no nome do Pai e com o Pai? Como já dissemos,
alguns cristãos têm a impressão de que quando o
Filho de Deus veio, Ele veio por Si mesmo, deixando o
Pai no trono. Estes cristãos não aprenderam, de
acordo com as Escrituras, que quando o Filho de
Deus veio como homem, Ele veio com o Pai. O Pai
estava Nele, e Ele estava no Pai. Essa foi a razão de
Ele poder dizer que nunca estava sozinho, pois o Pai
estava com Ele, mesmo na hora de Sua perseguição.
Como salientamos a partir do Evangelho de João, o
Pai estava com o Filho à maneira da coinerência.
Aqueles que estão sob a influência da teologia
tradicional podem ainda pensar que quando o Filho
de Deus veio, Ele deixou o Pai no trono. De acordo
com este conceito, enquanto o Filho estava vivendo
em Nazaré cumprindo Seu ministério, o Pai estava no
trono nos céus observando-O. O que é revelado
acerca do Pai e do Filho no Evangelho de João é
muito diferente. João 1:1 diz: “No princípio era a
palavra, e a palavra estava com Deus, e a palavra era
Deus” (NVI). Por meio disso vemos não somente que
Cristo, a Palavra, estava com Deus, mas que Ele é
Deus. De acordo com João 1:14, a Palavra tomou-se
carne; isto é, Cristo tomou-se um homem, Deus
encarnado. Em Seu ensinamento e pregação o Senhor
afirmou que Ele veio no nome do Pai e com o Pai. Ele
também disse tanto aos religiosos judeus quanto aos
Seus discípulos que Ele não estava só, pois o Pai
sempre estava com Ele. Além do mais, Ele revelou a
Seus discípulos que Ele está no Pai e o Pai está Nele.
Portanto, é totalmente impreciso dizer que quando o
Filho veio, Ele deixou o Pai no trono.

REVELAÇÃO DO FILHO COM O PAI


Quando o Filho estava na terra, Ele vivia no Pai, e
o Pai vi via Nele. O Filho nunca falou Sua própria
palavra; Ele falou a palavra do Pai. O Filho nunca fez
Sua própria obra; Ele fez a obra do Pai. O Filho nunca
buscou Sua própria glória; Ele buscava a glória do
Pai. O que temos no Evangelho de João, portanto, é
uma revelação do Filho com o Pai. Portanto, Isaías
9:6 diz que o Filho dado a nós é chamado o Pai
eterno. João 3:16 diz que Deus amou tanto o mundo
que deu Seu Filho unigênito. Sim, Deus deu Seu Filho
a nós; contudo, o nome de Seu Filho é chamado Pai
eterno! Alguns tentaram explicar Isaías 9:6 dizendo
que o Filho é apenas chamado de Pai, mas na verdade
não é o Pai. Que ridículo! O Filho veio com o Pai e no
nome do Pai; Ele também viveu no Pai e o Pai viveu
Nele. Aqui temos tanto o Filho como o Pai, pois temos
o Filho com o Pai. É evidente que ainda existe uma
distinção entre o Filho e o Pai. Mas apesar de existir
uma distinção entre o Filho e o Pai, o Evangelho de
João claramente revela que o Filho está no Pai e que o
Pai está no Filho. Essa é a razão de o Filho poder
dizer: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10:30).

O ESPÍRITO COMO A REALIDADE DO FILHO


Depois que o Filho morreu na cruz e foi
sepultado, em ressurreição Ele se tomou o Espírito
que dá vida, Isso significa que o Pai está no Filho e
que o Filho tomou-se o Espírito que dá vida. Esse é o
Espírito de que se fala em João 7:39: “Isto ele disse
com respeito ao Espírito que haviam de receber os
que nele cressem; pois o Espírito até esse momento
não fora dado (não era), porque Jesus não havia sido
ainda glorificado.” Agora, ao pregarmos o evangelho
concernente a Cristo, o Filho, e as pessoas crêem Nele
e invocam Seu nome, elas recebem não apenas o
Filho, mas também o Filho e o Espírito, pois todos os
três são um. O Filho veio com o Pai, e o Espírito vem
não somente com o Filho, mas como a realidade do
Filho com o Pai. Precisamos ficar claros de que o
Filho veio com o Pai e o Espírito veio não somente
com o Filho, mas como a realidade do Filho. Além
disso, todos os três — o Pai, o Filho e o Espírito
coinerem. Este é o Deus Triúno — o Pai, o Filho e o
Espírito como o único Deus — como revelado na
Bíblia.

O DEUS TRIÚNO HABITA EM NÓS COMO A


UNÇÃO
Quando o Deus Triúno nos alcança hoje, Ele vem
como o Espírito. O mover deste Espírito é a unção
interior (1Jo 2:27). O Deus Triúno habita em nós
como o Espírito que dá vida, todo-inclusivo,
composto, e esse Espírito é o ungüento movendo-se
interiormente. Nós não ternos meramente um terço
do Deus Triúno; isto é, não temos o Espírito Santo
separado do Filho e do Pai. Não devemos ter o
conceito de que um terço do Deus Triúno está em nós
e que os outros dois terços estão nos céus. O Deus
Triúno completo-o Espírito como a realidade do Filho
com o Pai — habita em nós como o óleo da unção.
Além disso, Ele não está adormecido dentro de nós;
pelo contrário, Ele está vivendo, movendo-se,
atuando. Esta é a unção, que é o Deus Triúno como o
Espírito todo-inclusivo movendo-se em nós para
saturar-nos com a essência de Deus. Primeiramente
este Espírito é vida para nós, e em seguida Ele
torna-se tudo para nós, incluindo nossa natureza,
constituição, virtudes, atributos, poder, sabedoria,
justiça, santificação, redenção, bondade, humildade.
O que estamos falando nesta mensagem é a visão
central de toda a revelação divina de acordo com os
sessenta e seis livros da Bíblia. Com relação a esta
questão, a Primeira Epístola de João é a continuação
do Evangelho de João. O Evangelho de João revela
que Cristo veio para cumprir tudo para a economia de
Deus, e agora Ele está pronto para que nós O
recebamos por crer Nele. Após O recebermos,
devemos amá-Lo, e por meio do Seu amor devemos
amar os irmãos. A Primeira Epístola de João diz-nos
como desfrutar o Deus Triúno, que é a vida divina
para nós. Nós O desfrutamos por permanecer,
habitar, morar, na comunhão divina. Uma vez que
permaneçamos nesta comunhão, desfrutaremos o
Deus Triúno como amor e luz. O Deus Triúno está
dentro de nós para nosso desfrute.

HERESIAS COM RESPEITO À PESSOA DE


CRISTO
Quando João escreveu sua primeira Epístola,
havia certos ensinos heréticos com relação à Pessoa
de Cristo. Uma dessas heresias afirmava que Jesus
não era Cristo. Esta heresia negava a deidade de
Jesus. Este ensinamento herético anula o desfrute do
Deus Triúno.
Outra heresia sobre a Pessoa de Cristo dizia que
Cristo era Deus, mas negava que Ele tornou-se carne.
Segundo esta heresia, Cristo era Deus, mas não era
homem. Devido à influência do gnosticismo, aqueles
que ensinavam essa heresia diziam que a matéria é
inerentemente má. Então esses heréticos
prosseguiram dizendo que Cristo, como o Deus santo,
provavelmente não poderia ter-se tornado carne.
Portanto, eles afirmavam que o corpo físico de Cristo
era meramente uma aparição. Isso significa que eles
não acreditavam que Ele tivesse um corpo material
verdadeiro. Esta heresia também elimina o desfrute
do Cristo todo-inclusivo.
Na segunda seção desta Epístola (2:12-27), João
diz aos “filhinhos” (2:12) que eles têm unção que vem
do Santo (2:20) e que esta unção ensina-lhes a
respeito de todas as coisas (2:27). João parece estar
dizendo: “A unção é o mover e o saturar do Deus
Triúno dentro de vocês. Essa unção interior
ensina-lhes todas as coisas sobre o Deus Triúno. Não
ouçam a Cerinto e seus seguidores, tampouco aos
docetistas. Eles são falsos profetas.” Além disso, esses
falsos profetas eram anticristos (2:18, 22; 4:3), pois
eles eram “anti” algum aspecto de Cristo. Eles têm um
espírito que não tem sua origem em Deus, que não
provém de Deus: “E todo espírito que não confessa a
Jesus não procede de Deus; pelo contrário, este é o
espírito do anticristo, a respeito do qual tendes
ouvido que vem, e presentemente já está no mundo”
(4:3).
Como ressaltamos em mensagens anteriores, há
mais do que um anticristo. Anticristo é qualquer um
que seja anti alguma coisa de Cristo. Ser anticristo é
ser contra Cristo e substituir Cristo por alguma outra
coisa.

A SUTILEZA DO INIMIGO AO NEGAR A


TODO-INCLUSIVIDADE DE CRISTO
No primeiro século, Satanás em sua sutileza usou
os cerintos e os docetistas para frustrarem os cristãos
do desfrute do Deus Triúno, e até mesmo cortá-los
deste desfrute. À época do Concílio de Nicéia (325 cf.
C.), a doutrina que parecia ser ortodoxa com relação
ao Deus Triúno havia sido estabeleci da. O Credo de
Nicéia é comumente considerado uma declaração da
doutrina ortodoxa. No entanto, este credo na verdade
não é completo no tocante à Pessoa de Cristo. Este
credo não indica claramente que o Filho veio no nome
do Pai e com o Pai e até mesmo é chamado de Pai
eterno. Tampouco este credo deixa claro que o Filho
em Sua ressurreição tomou-se o Espírito que dá vida.
Além disso, este credo não diz que o Espírito de Deus
por fim consumou-se nos sete Espíritos. E mais, o
Credo de Nicéia não tem uma declaração clara acerca
de Cristo como o Primogênito da criação de Deus. Por
meio disso podemos ver que somente a Bíblia é
completa. Nenhum credo é completo.
Em sua sutileza, Satanás, o inimigo, tenta excluir
certos itens básicos daquilo que Cristo é em Sua
Pessoa. Portanto, aqueles que seguem os credos e o
ensino tradicional podem enfatizar apenas que Jesus
Cristo é o Filho de Deus encarnado. Eles não podem
ver que Cristo é também o Pai, o Espírito e o
Primogênito da criação de Deus. O efeito desta
sutileza é apresentar um Cristo que não é
todo-inclusivo. Mas o Cristo revelado na Bíblia é
todo-inclusivo. Ele é Deus, e Ele é homem. Ele é o
Filho, o Pai e o Espírito. Ele é também o Criador e o
Primogênito das criaturas. De acordo com a Bíblia,
Cristo ainda é um homem, e Ele tem um corpo
espiritual que pode ser tocado (Jo 20:27). Hoje, o
Cristo que está no trono nos céus ainda tem uma
natureza humana (Mt 26:64; At 7:56).
Cristo é o primeiro na velha criação de Deus e
também o primeiro em ressurreição, isto é, na nova
criação de Deus (Cl 1:15, 18). Este Todo-inclusivo é
nosso poder, sabedoria, justiça, santificação,
redenção, vida, suprimento de vida e todas nossas
virtudes humanas, incluindo bondade, humildade,
paciência e mansidão. Este Maravilhoso é nosso
desfrute, nossa festa, nossa lua nova, nosso sábado,
nossa comida, nossa bebida e nossa veste.
Verdadeiramente, o Cristo revelado na Bíblia é
todo-inclusivo.
Por ministrarmos a todo-inclusividade de Cristo,
como é revelado na Bíblia, alguns falsamente nos
acusam de ensinar panteísmo. Eles afirmam que
ensinamos que tudo é Deus. Esta acusação é
totalmente falsa, e nós a repudiamos. Entretanto, não
estamos brigando por doutrina, mas pelo desfrute do
Cristo todo-inclusivo.

EXPERIMENTAR E DESFRUTAR O DEUS


TRIÚNO
Vimos que uma sutileza do inimigo é negar
certos aspectos de Cristo e, por meio disso,
restringi-Lo e fazê-Lo não mais todo-inclusivo. Outra
sutileza é negar que o Deus Triúno seja subjetivo para
que O experimentemos e desfrutemos, e apresentar a
Trindade divina como mera doutrina objetiva para
religião. A religião de muitos cristãos é baseada em
credos. Em determinadas denominações o Credo dos
Apóstolos é recitado em seus serviços toda semana.
Muitos daqueles que recitam o credo não têm
experiência do Deus Triúno. Para eles, a Trindade
divina é mera crença na doutrina. Mas a Bíblia revela
que o Deus Triúno não é meramente o objeto da
nossa fé; Ele é subjetivo para nós, habitando em nós
para ser nossa vida e suprimento de vida.
Diariamente, mesmo hora após hora, precisamos
experimentá-Lo e desfrutá-Lo dessa forma. Isso é
confirmado pela palavra acerca do desfrute do Deus
Triúno em 2 Coríntios 13:13.
A Bíblia revela claramente que o Deus Triúno,
após passar pelo processo da encarnação, viver
humano, crucificação, ressurreição e ascensão,
consumou-se no Espírito todo-inclusivo, que veio
habitar em nosso espírito. Aleluia pelo maravilhoso
Espírito todo-inclusivo habitando em nosso espírito
humano! Nosso espírito pode ser um órgão pequeno,
mas este Espírito habita nele.
O ser humano pode ser comparado a um rádio
transistorizado. Este rádio tem um receptor que o
capacita a receber ondas de rádio. Quando o rádio é
sintonizado adequadamente, ele tocará música.
Podemos dizer que nós, seres humanos, somos como
rádios transistorizados, e que o receptor é o nosso
espírito humano. Quando nosso receptor está
adequadamente sintonizado, nós desfrutamos música
celestial. Esta é uma ilustração do desfrute do Deus
Triúno, que é agora o Espírito todo-inclusivo
habitando em nosso espírito humano regenerado.
Essa é a razão de enfatizarmos a importância do
espírito humano. É por meio do nosso espírito que
tocamos, desfrutamos e experimentamos o Espírito
todo-inclusivo.
De acordo com as Escrituras, testificamos
fortemente que nosso Senhor hoje não é meramente
uma parte do Deus Triúno-Ele é a corporificação de
todo o Deus Triúno, o Filho com o Pai e como o
Espírito. Em nossa experiência hoje, Ele é o Espírito
como a realidade do Filho com o Pai para ser nossa
vida para nosso desfrute. Percebendo que Ele é este
Maravilhoso, não nos preocupamos com doutrinas
mortas, religião vã ou rituais sem significado. Nossa
preocupação é ter a experiência e o desfrute diários
do Deus Triúno.
ESTUDO-VIDA DE 1 JOÃO
MENSAGEM 33
PROVAR OS ESPÍRITOS (2)

Leitura da Bíblia: 1Jo 4:1-6

DIFERENTES ENSINAMENTOS E
DIFERENTES ESPÍRITOS
Em 4:1 João diz: “Amados, não deis crédito a
qualquer espírito: antes, provai os espíritos se
procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm
saído pelo mundo fora.” Esse versículo diz-nos
claramente para provar, discernir, os espíritos. Não
devemos achar que um ensinamento em particular
simplesmente venha daquele que ensina em si. Não,
todo ensinamento, seja correto ou errado, vem por
um espírito. Assim como há diferentes ensinamentos,
também há diferentes espíritos. Portanto, precisamos
testar os espíritos para ver se têm sua fonte em Deus,
se são provenientes de Deus. No versículo 2 João diz
que todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio
em carne é de Deus. Mas no versículo 3 ele diz que
todo espírito que não confessa a Jesus não procede de
Deus, pois este é o espírito do anticristo.
As expressões “todo espírito” nos versículos 2 e 3
e “os espíritos” no versículo 1 referem-se ou ao
espírito dos profetas (1Co 14:32) movido pelo Espírito
da verdade, ou ao espírito dos falsos profetas
impulsionado pelo espírito do engano. Todo profeta,
seja um profeta verdadeiro ou um falso, tem seu
próprio espírito. Quando um profeta verdadeiro fala
com seu espírito, há a motivação do Espírito de Deus.
Mas quando um falso profeta fala, seu espírito é
impulsionado por outro espírito, por um espírito de
engano. Portanto, há a necessidade de discernir os
espíritos por prová-los, para ver se provêm de Deus.
Não devemos achar que ensinar é mera questão
de mente e boca. Com cada tipo de falar, cada tipo de
ensino, o espírito do orador ou é motivado pelo
Espírito de Deus ou é impulsionado por um espírito
de engano. Isso significa que o falar de qualquer tipo
de doutrina sempre vem de certo tipo de espírito: ou
do espírito de um profeta genuíno motivado pelo
Espírito de Deus ou do espírito de um falso profeta
impulsionado por um espírito maligno.

CONFESSAR QUE JESUS CRISTO VEIO EM


CARNE
De acordo com 4:2, o discernimento de espíritos
está baseado no fato de um espírito confessar ou não
que Jesus Cristo veio em carne. Por ser o espírito de
um profeta genuíno motivado pelo Espírito Santo da
verdade, este espírito confessará a concepção divina
de Jesus e afirmará que Ele nasceu como o Filho de
Deus. Cada espírito assim certamente provém de
Deus.
A palavra “carne” em 4:2 é muito importante.
Como seres humanos, todos nascemos da carne para
ser carne (Jo 3:6a). Assim, todo ser humano é carne.
Confessar a Jesus Cristo vindo em carne é confessar
que Ele foi divinamente concebido para nascer como
o Filho de Deus (Lc 1:31-35). Isso é maravilhoso!
Cristo é Deus encarnado para tornar-se um homem
por meio da concepção divina. Ele não teve um pai
humano, pois foi concebido do Espírito Santo. Sua
concepção é santa, porque foi cumprida pelo Espírito
Santo. Apesar de Ele ter sido concebido do Espírito
Santo, esta concepção ocorreu no ventre de uma
virgem. Portanto, Ele, o próprio Deus, tornou-se um
homem na carne. Contrário ao falso ensino dos
docetistas, Seu corpo não era uma aparição. Pelo
contrário, Ele tinha um corpo verdadeiro, um corpo
físico que era sólido em sua substância. Ele foi
concebido do Espírito Santo; Ele tornou-se carne e
nasceu da virgem Maria. Por Ele ter sido concebido
do Espírito para nascer na carne, o Espírito nunca
negaria que Ele veio em carne por intermédio da
concepção Divina.
Qualquer um que negue que Jesus Cristo veio em
carne, nega que Ele foi concebido do Espírito Santo.
Além disso, qualquer um que rejeite Jesus Cristo
vindo em carne, rejeita Sua humanidade e Seu viver
humano. Este também rejeita a redenção de Cristo.
Se Cristo não tivesse se tornado um homem genuíno,
Ele não poderia ter tido sangue humano para
derramar pela redenção de seres humanos. Se não se
tornasse carne por meio da concepção do Espírito
Santo no ventre da virgem Maria, Ele nunca poderia
ter sido nosso Substituto para ser crucificado, a fim
de sofrer nosso julgamento diante de Deus. Portanto,
negar que Jesus Cristo veio em carne é negar Sua
concepção santa, Sua encarnação, Seu nascimento,
Sua humanidade, Seu viver humano e também Sua
redenção. O Novo Testamento deixa enfaticamente
claro que a redenção de Cristo foi cumprida no Seu
corpo humano e por meio do derramar de Seu
sangue.
Qualquer um que rejeite a encarnação de Cristo e
por conseguinte rejeita Sua redenção, também nega a
ressurreição de Cristo. Se Cristo nunca tivesse
passado pela morte, não teria sido possível que Ele
entrasse na ressurreição.
Negar que Jesus Cristo veio em carne é uma
grande heresia.
Esse ensinamento herético torna impossível ter o
desfrute da Trindade. De acordo com a revelação da
Trindade no Novo Testamento, o Filho veio em carne
com o Pai e no nome do Pai. O Filho foi crucificado, e
em ressurreição Ele se tornou o Espírito que dá vida.
Portanto, nós ternos o Espírito como a realidade do
Filho com o Pai. Isso inclui encarnação, viver
humano, redenção pelo derramamento de sangue
humano, morte em um corpo humano, sepultamento
e ressurreição. Todos estes são componentes,
constituintes, do nosso desfrute do Deus Triúno. Se
alguém nega a encarnação de Cristo, este nega o
nascimento santo, humanidade, viver humano,
redenção pela crucificação e a ressurreição de Cristo.
Isso anula totalmente o desfrute da genuína
Trindade. Sabendo da seriedade desta questão, João
incluiu 4:1-6 na sua Epístola como uma advertência
para os crentes com relação à necessidade de provar
os espíritos.

O DEUS TRIÚNO NOS CRENTES


Em 4:4 João continua: “Filhinhos, vós sois de
Deus, e tendes vencido os falsos profetas, porque
maior é aquele que está em vós do que aquele que
está no mundo.” Os crentes são “de Deus”, porque
eles foram gerados de Deus (4:7; 2:29; 3:9).
No versículo 4 os que foram vencidos são os
falsos profetas (v. 1), os anticristos (v. 3), aqueles que
ensinavam heresia sobre a Pessoa de Cristo. Os
crentes os venceram por habitarem na verdade com
relação à deidade de Cristo e com relação à Sua
humanidade por meio da concepção divina, de acordo
com o ensinamento da unção divina (2:27).
No versículo 4, João diz aos crentes que Aquele
que está neles é maior do que aquele que está no
mundo. Aquele que está nos crentes é o Deus Triúno,
que habita nos crentes como o Espírito
todo-inclusivo, que dá vida, que unge e que nos
fortalece a partir do interior com todos os ricos
elementos do Deus Triúno (Ef 3:16-19). Este é muito
maior e mais forte do que Satanás, o espírito maligno.
As palavras “aquele que está no mundo”
referem-se a Satanás, o anjo caído. Satanás usurpa a
humanidade caída como o espírito maligno e opera
em pessoas malignas, que são os componentes de seu
sistema mundial. Ele é menos do que o Deus Triúno e
mais fraco do que Ele.

OS FALSOS PROFETAS E O SISTEMA


MUNDIAL
No versículo 5 João prossegue dizendo: “Eles
procedem do mundo; por essa razão falam da parte
do mundo, e o mundo os ouve.” Neste versículo “eles”
denota os falsos profetas, os anticristos. Tanto os
heréticos quanto as heresias concernentes à Pessoa
de Cristo têm sua fonte no sistema mundial satânico.
Portanto, as pessoas que são os componentes deste
sistema maligno ouvem a eles e os seguem.

CONHECER O ESPÍRITO DA VERDADE E O


ESPÍRITO DO ERRO
No versículo 6 João conclui: “Nós somos de
Deus; aquele que conhece a Deus nos ouve; aquele
que não é da parte de Deus não nos ouve. Nisto
reconhecemos o espírito da verdade e o espírito do
erro.” Os apóstolos, os crentes, e a verdade na qual
crêem e ensinam acerca de Cristo têm sua fonte em
Deus; eles provêm de Deus. Portanto, as pessoas que
conhecem a Deus, que foram geradas de Deus (v. 7),
ouvem-nos e permanecem conosco. As pessoas
mundanas não provêm de Deus, porque elas não
foram geradas de Deus. Portanto, elas não nos
ouvem.
Literalmente, as palavras gregas traduzidas como
“nisto” no versículo 6 significam “a partir disto”.
“Disto” refere-se ao que foi mencionado nos
versículos 5 e 6. A partir do fato de que os heréticos e
o que eles falam proveniente de seu espírito,
instigado pelo espírito do erro, são provenientes do
mundo, e de que nós e o que falamos, proveniente do
nosso espírito, movido pelo Espírito da verdade, são
provenientes de Deus, nós conhecemos o Espírito da
verdade e o espírito do erro. Isso implica que o
Espírito Santo da verdade é um com nosso espírito
que fala a verdade, e que o espírito maligno do erro é
um com o espírito dos heréticos que fala o engano.
No versículo 6 João fala tanto do Espírito da
verdade como do espírito do erro. O Espírito da
verdade é o Espírito Santo, o Espírito da realidade (Jo
14:17; 15:26; 16:13). O espírito do erro é Satanás, o
espírito maligno, o espírito da falsidade (Ef 2:2). A
palavra “verdade” em 4:6 denota a realidade divina
revelada no Novo Testamento, especialmente aqui
com respeito à encarnação divina do Senhor Jesus, a
qual o Espírito de Deus testifica (1 J04:2). Esta
realidade está em contraste com o engano do espírito
maligno, o espírito do anticristo que nega a
encarnação divina de Jesus (v. 3).

PRATICAR O PRINCÍPIO DO ANTICRISTO


Em uma mensagem anterior nós enfatizamos
que o princípio do anticristo é negar algum aspecto da
Pessoa de Cristo e substituí-lo com algo diferente de
Cristo. Se alguém nega um aspecto de Cristo revelado
nas Escrituras, tal pessoa está seguindo o princípio do
anticristo, embora o que ele esteja fazendo possa ser
feito inconsciente e inintencionalmente.
Semelhantemente, se alguém substitui um aspecto de
Cristo por algo que não seja de Cristo, ele também
está praticando o princípio do anticristo.
O ensinamento entre os cristãos de hoje segue
este princípio, pelo menos até certo ponto. Por
exemplo, o ensino tradicional acerca da Trindade não
é completo. Além disso, este ensinamento faz da
Trindade uma doutrina objetiva que tem muito pouco
a ver com a experiência cristã. Alguns ensinam que
Aquele que habita em nós é somente o Espírito,
representando o Filho e o Pai, que estão nos céus.
Estas são ilustrações dos ensinamentos imprecisos e
incompletos sobre a Trindade.
Nós concordamos com muitos ensinamentos
tradicionais, fundamentais, quanto a esta questão.
Certamente cremos que Deus criou todo o universo e,
em particular, o homem à Sua imagem; que o homem
pecou e tomou-se caído; que Deus amou tanto o
mundo que enviou Seu Filho para ser nosso Salvador
e Redentor para morrer na cruz pelos nossos pecados;
que Cristo, o Filho de Deus, ressuscitou dentre os
mortos e ascendeu aos céus, onde Ele agora é o
Senhor; que o Espírito Santo foi enviado para
convencer as pessoas, para comovê-las, e ajudá-las a
arrepender-se e crer no Senhor Jesus; e que o
Espírito Santo capacita-nos a portar-nos de uma
maneira que glorifica o nome de Deus. Embora tudo
isso seja correto, não há nada aqui com relação ao
desfrute e experiência do Deus Triúno completo.
Quando estava com os Irmãos Unidos, a partir de
1 João fui ensinado a amar os outros. Disseram-me
que Deus é amor e que um cristão deve imitar a Deus,
amando os outros. Entretanto, não me foi ensinado
que este mesmo Deus que é amor habita em mim e
que Ele quer dispensar a Si mesmo para dentro do
meu ser e me saturar Consigo mesmo, de modo que
eu possa desfrutá-Lo interiormente como amor.
Tampouco foi-me ensinado que este amor deve
saturar-me até tornar-se o amor com o qual eu amo
os outros. Da maneira como fui ensinado,
compreendi que Deus está no trono e que este Deus é
amor. Enquanto Ele olha para baixo sobre nós, Ele
ama a cada um, e agora Ele nos ordena, a Seus filhos,
que amemos os outros. Mas eu não percebia que meu
amor deve ter algo a ver com Seu amor. Em vez disso,
Seu amor foi apresentado como um exemplo para que
eu imitasse. Os dois tipos de amor nada têm a ver um
com o outro.
A revelação concernente ao amor em 1 João é
muito diferente.
João diz-nos que Deus é amor. O próprio Deus
que é amor habita em nós, e nós habitamos Nele. De
acordo com 3:24, “conhecemos que ele permanece
em nós, pelo Espírito que nos deu.” Este Espírito
mantém-nos em união orgânica com o próprio Deus
que é amor, fazendo com que este Deus se torne nossa
vida e até mesmo nosso ser. Além disso, este Espírito
está-nos saturando com a substância do Deus que é
amor. Por fim, as fibras do nosso ser estarão
constituídas da essência do amor de Deus. Isso
significa que o amor divino toma-se nós mesmos.
Então espontaneamente amamos os outros.
Entretanto, não os amamos pelo nosso próprio amor;
nós os amamos por meio de Deus como nosso amor.
Que grande diferença entre este tipo de amor e o
amor que é simplesmente uma tentativa humana de
imitar o amor de Deus!
O que muitos cristãos têm hoje é na maior parte
uma religião objetiva com ensinamentos e
regulamentos. Freqüentemente os crentes são
advertidos e encorajados a fazer o bem. Entretanto,
este ensinamento não tem relação com a vida divina,
a qual é na verdade o Deus Triúno dentro de nós.
Neste sentido, muito do ensinamento entre os
cristãos de hoje está no princípio do anticristo,
embora não intencionalmente, ou do negar certos
aspectos de Cristo ou ao substituir Cristo com outras
coisas.
Todas as virtudes em nosso viver humano devem
ser o próprio Cristo como a corporificação do Deus
Triúno expressado a partir do nosso interior. Cristo
deve ser nosso amor, humildade, bondade, mansidão,
paciência. Você pode ver que o ensinamento para
aperfeiçoar nosso comportamento e caráter leva a
uma substituição do Cristo vivo que habita em nós?
Paulo pôde dizer: “Para mim o viver é Cristo” (Fp
1:21). Cristo era o amor, mansidão, paciência e
humildade de Paulo. Cristo era cada aspecto das
virtudes humanas de Paulo. Por meio disso podemos
ver que não devemos ter nada de nós mesmos em
lugar de Cristo. Se substituirmos Cristo por algo de
nosso próprio comportamento e caráter, estaremos
praticando o princípio do anticristo no sentido de
permitir certas coisas substituírem o próprio Cristo.
Todos precisamos aplicar esta palavra para nós
mesmos e estar alertas, a fim de que não sigamos o
princípio do anticristo de alguma forma. Se negarmos
um aspecto da Pessoa de Cristo, seremos contra Ele,
anti Ele. Se tivermos algo em nosso viver diário que
substitua Cristo, também seremos contra Cristo, anti
Cristo. Ser anti Cristo é tanto ser contra Cristo como
substituir Cristo por alguma outra coisa. Se
substituirmos Cristo por nosso próprio bom caráter e
comportamento, estaremos praticando o princípio do
anticristo. De maneira prática, seremos contra a
unção, anti o mover, trabalhar e saturar do Deus
Triúno dentro de nós. Em vez de sermos anti a unção,
devemos viver de acordo com a unção. Caso
contrário, seremos contra Cristo ou substituiremos
Cristo com alguma outra coisa.
Você percebe que podemos seguir o princípio do
anticristo em nosso viver diário? Podemos substituir
Cristo com coisas de nossa cultura e nossa vida
natural. Os chineses podem substituir Cristo com sua
ética; os japoneses, com sua maneira de ser
misteriosos; os americanos, com seu tipo de
franqueza; os europeus do norte, com seu
conservadorismo. Qualquer que seja nossa raça ou
cultura, poderemos substituir Cristo com nossa
cultura ou nossa maneira de ter nosso viver diário de
acordo com nossa cultura. Substituir Cristo dessa
maneira é praticar o princípio do anticristo.
A Epístola de 1 João trata sobre a comunhão da
vida Divina. Isso significa que esta Epístola está
relacionada com o desfrute e a experiência do Deus
Triúno. A comunhão divina é uma questão de
desfrutar a Trindade Divina, pois a vida Divina é na
verdade o próprio Deus Triúno. Portanto, quando
falamos da comunhão da vida divina, nós, na
verdade, queremos dizer a experiência e desfrute do
Deus Triúno. Vimos que esta comunhão, este
desfrute, é realizado pela unção dentro de nós (2:27).
A unção é o mover, o trabalhar, do Deus Triúno em
nós para nos saturar Consigo mesmo e fazê-Lo tudo
para nós. Creio que este pensamento estava no
coração do apóstolo João enquanto escrevia este
livro.
Por um lado, a teologia tradicional pode negar
certos aspectos daquilo que Cristo é. Por outro lado,
esta teologia pode fazer do Deus Triúno, na maioria
das vezes, uma doutrina que não está relacionada
com nosso viver cristão diário. Portanto, esta teologia
pode estar de acordo com o princípio do anticristo na
medida em que ela negue algo do que Cristo é, ou
substitua Cristo por outra coisa. Cristo pode ser
substituído por religião, cultura, aperfeiçoamento de
caráter, ou bom comportamento. Aqueles que se
apegam ao ensino teológico tradicional podem nem
mesmo crer que Cristo habita nos crentes. Eles
podem crer apenas que o Espírito Santo é um poder a
inspirar-nos para que façamos o bem. Mas este tipo
de teologia nada tem a ver com a essência de Deus
trabalhada para dentro do nosso ser, a fim de
tornar-se nosso desfrute e experiência diários. Por
meio disso podemos ver que muito da teologia de
hoje está no princípio do anticristo.
Qual é, porém, a nossa situação? Talvez
doutrinariamente não. neguemos nada da Pessoa de
Cristo. Mas em nosso viver diário podemos substituir
Cristo com muitas coisas naturais, religiosas,
culturais e éticas. Podemos trocar Cristo pelo nosso
pensamento e hábitos, pelos nossos padrões
culturais, pela nossa tradição religiosa e por nossos
conceitos éticos, nenhum dos quais tem algo a ver
com a unção. Neste sentido, podemos estar de acordo
com o princípio do anticristo. Apesar de não sermos
contra Cristo, podemos ser anti Cristo no sentido de
substituir Cristo por outras coisas, mesmo as boas
coisas da religião, cultura e ética.
Precisamos nos arrepender por trocar Cristo por
outras coisas. Precisamos nos arrepender por ter um
viver diário que está no princípio do anticristo, que
permite que a cultura, religião, ética e conceitos
naturais substituam a Cristo. Precisamos orar:
“Senhor, salva-nos, resgata-nos e liberta-nos de todas
as substituições. Senhor, traga-nos de volta ao Seu
ungir. Não queremos ser anti Cristo de forma alguma.
Não queremos ser anti a unção. Senhor, queremos
viver e andar na unção, com ela, por meio dela e por
ela. Queremos viver e andar pelo mover, trabalhar e
saturar do Deus Triúno dentro de nós.” Esta é a
revelação da Bíblia, e este é também nosso encargo na
restauração do Senhor hoje.
ESTUDO-VIDA DE 1 JOÃO
MENSAGEM 34
AS VIRTUDES DO NASCIMENTO DIVINO PARA
PRATICAR O AMOR DIVINO (4)

Leitura da Bíblia: I 104:7-15


A Primeira Epístola de João 4:1-6é uma seção
parentética na qual os crentes são advertidos a
discernir os espíritos. Isso significa que 4:7 é a
continuação direta de 3:24. A Primeira Epístola de
João 4:7-21 é uma extensão da seção que vai de 2:28 a
3:24, ressaltando ainda mais o amor fraternal, que foi
tratado em 3:10-24, como uma condição mais elevada
da vida que habita no Senhor.

DEUS — A FONTE DO AMOR


Em 4:7 João diz: “Amados, amemo-nos uns aos
outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele
que ama é nascido de Deus, e conhece a Deus.” Aqui
João diz que o amor procede de Deus. Isso indica que
quando amamos os outros, nosso amor deve ser algo
que sai de Deus. Nosso amor pelos irmãos não deve
ser algo proveniente de nós mesmos; deve ser o amor
que é proveniente de Deus. Os crentes, que foram
gerados de Deus e conhecem a Deus, amam uns aos
outros habitualmente com o amor que procede de
Deus como a expressão de Deus.

O Nascimento Divino como o Fator Básico do


Amor Fraternal
No versículo 7 João diz que todo o que ama é
nascido de Deus. A ênfase do apóstolo aqui ainda é o
nascimento divino, por meio do qual a vida divina foi
dispensada aos crentes, a vida que produz neles a
habilidade da vida para conhecer a Deus. Este
nascimento divino é o fator básico do amor fraternal
como uma condição mais elevada da vida que habita
no Senhor. Já vimos que os escritos de João
enfatizam o nascimento divino (3:9; 4:7; 5:1, 4, 18; Jo
1:1213), que é a nossa regeneração (Jo 3:3, 5). Por
intermédio do nascimento divino recebemos a vida
divina, a qual é a vida eterna (1Jo 1:2), como a
semente divina semeada dentro do nosso ser (3:9).
Proveniente desta semente todas as riquezas da vida
divina crescem a partir do nosso interior. É por meio
disso que habitamos no Deus Triúno e vivemos a vida
divina em nosso viver humano. O nascimento divino,
portanto, é a base da nossa vida cristã.

Conhecer Deus pela Vida Divina


De acordo com a palavra de João em 4:7, todo
aquele que ama não somente é nascido de Deus, mas
também conhece a Deus. Este conhecer é por meio da
vida divina (Jo 17:3) recebida a partir do nascimento
divino. A palavra “conhece” aqui também implica em
experiência e desfrute. Nós não podemos conhecer
Deus sem experimentá-Lo e desfrutá-Lo. Isso indica
que este conhecer é um conhecer experiencial, não
um conhecimento objetivo de Deus. Conhecemos a
Deus porque O temos experimentado e estamos
desfrutando-O.

CONHECER DEUS COMO AMOR


No versículo 8 João prossegue dizendo: “Aquele
que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor.”
Não conhecer a Deus significa não O experimentar ou
desfrutar. Se você tem experimentado e desfrutado
Deus, que é amor, certamente o amor brotará de você.
Aquele que não conhece a Deus não tem a
habilidade de conhecer a vida Divina recebida no
nascimento divino. Este, que não é nascido de Deus e
não tem Deus como sua vida, não ama com Deus
como seu amor, visto que não conhece a Deus como
amor.
Neste livro, João, por duas vezes, nos diz que
Deus é amor (4:8, 16). Esta Epístola primeiramente
diz que Deus é luz (1:5), e a seguir que Deus é amor. O
amor, como a natureza da essência de Deus, é a fonte
da graça, e luz, como a natureza da expressão de
Deus, é a fonte da verdade. Quando o amor divino
aparece a nós ele se torna graça, e quando a luz divina
brilha sobre nós ela se torna verdade. Ambos foram
manifestados desta maneira no Evangelho de João.
Ali recebemos tanto graça como verdade por meio da
manifestação do Filho (Jo 1:14, 16-17). Agora em sua
Epístola recebemos o Filho no Pai e tocamos as fontes
tanto da graça como da verdade. Estas fontes, amor e
luz, são o próprio Deus Pai para nosso gozo mais
profundo e mais refinado na comunhão da vida
divina com o Pai no Filho (1:3-7) por meio do nosso
habitar Nele (2:5, 27-28; 3:6, 24).
A expressão “Deus é amor”, assim como “Deus é
luz” (1:5) e “Deus é Espírito” (J04:24), é usada no
sentido predicativo, não no sentido metafórico. Na
Sua natureza Deus é Espírito, amor e luz. Espírito
denota a natureza da Pessoa de Deus; amor, a
natureza da essência de Deus; e luz, a natureza da
expressão de Deus. Tanto amor quanto luz estão
relacionados a Deus como vida, a qual é proveniente
do Espírito (Rm 8:2). Deus, Espírito e vida são na
verdade um. Deus é Espírito, e Espírito é vida. Dentro
desta vida estão o amor e a luz. Vimos que quando o
amor Divino aparece a nós, ele se torna graça, e
quando a luz divina brilha sobre nós, ela se torna
verdade. O Evangelho de João revela que o Senhor
Jesus trouxe graça e verdade a nós de maneira que
tenhamos a vida divina (Jo 5:14-16). A Epístola de 1
João revela que a comunhão da vida divina
conduz-nos para as fontes da graça e verdade, que são
o amor divino e a luz divina. No Evangelho de João
foi Deus no Filho vindo a nós como graça e verdade
para que nos tomássemos Seus filhos (Jo 1:12-13); em
sua Epístola somos nós, os filhos, na comunhão da luz
do Pai, achegando-nos ao Pai para participar de Seu
amor e luz. Isso vai além e é mais profundo na
experiência da vida divina. Após recebermos a vida
divina no Evangelho de João por meio do crer no
Filho, devemos prosseguir para desfrutar essa vida
em sua Epístola por intermédio da comunhão dessa
vida.

O AMOR DE DEUS MANIFESTADO A NÓS


Em 4:9 João prossegue dizendo: “Nisto se
manifestou o amor de Deus em nós, em haver Deus
enviado o seu Filho unigênito ao mundo, para
vivermos por meio dele.” Nesse versículo vemos a
intenção de Deus e Seu alvo, ao enviar o Filho: Deus
enviou o Filho para vivermos por meio Dele. Viver
por meio do Filho implica em ter a vida divina. Se não
tivermos vida por meio Dele, não poderemos viver
por meio Dele. Portanto, viver por meio do Filho
implica em O termos recebido como nossa vida. Deus
enviou Seu Filho, e nós O temos recebido como vida.
Agora vivemos por meio Dele.
No versículo 9 João diz que nisto o amor de Deus
foi manifestado a nós. Literalmente, as palavras
gregas traduzidas como “para conosco” (VRC) são
“em nós”, isto é, em nosso caso, ou, com relação a
nós. Naquilo Deus enviou Seu Filho ao mundo para
vivermos por meio Dele, o mais elevado e nobre amor
de Deus foi manifestado a nós.

DEUS ENVIOU SEU FILHO PARA VIVERMOS


POR MEIO DELE
Em 4:9 João diz que Deus enviou Seu Filho, o
unigênito, ao mundo. Assim como em 1 Timóteo 1:15,
o “mundo” aqui se refere à humanidade caída, a qual
Deus tanto amou para que, por fazê-los vi vos por
meio de Seu Filho com Sua própria vida (Jo 3:16),
eles se tomassem Seus filhos (Jo 1:12-13).
Vimos que no versículo 9 João diz-nos que Deus
enviou Seu Filho ao mundo para vivermos por meio
Dele. Nós, as pessoas caídas, somos não somente
pecaminosos em natureza e conduta (Rm 7:17-18;
1:28-32), como mortos em nosso espírito (Ef2:1, 5; Cl
2:13). Deus enviou Seu Filho ao mundo não apenas
para ser propiciação pelos nossos pecados a fim de
que fôssemos perdoados (1 J04:10), como também
para ser vida para nós de modo que vivêssemos por
meio Dele. No amor de Deus, o Filho de Deus nos
salva não somente de nossos pecados pelo Seu sangue
(Ef 1:7; Ap 1:5), como da nossa morte por meio de Sua
vida (1Jo 3:14-15; Jo 5:24). Ele não é somente o
Cordeiro de Deus que tira nossos pecados (Jo 1:29);
Ele é também o Filho de Deus que nos dá vida eterna
(J0 3:36). Ele morreu por nossos pecados (1Co 15:3)
para termos vida eterna Nele (J0 3:14-16) e vivermos
por intermédio Dele (Jo 6:57; 14:19). Nisto o amor de
Deus, o qual é Sua essência, foi manifestado.

PROPICIAÇÃO PELOS NOSSOS PECADOS


Em 4:10 João diz: “Nisto consiste o amor, não em
que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos
amou, e enviou o seu Filho como propiciação pelos
nossos pecados.” A palavra “nisto” refere-se ao
seguinte fato: não que tenhamos amado a Deus, mas
que Ele nos amou e enviou Seu Filho como
propiciação pelos nossos pecados. Neste fato está o
mais elevado e mais nobre amor de Deus.
A palavra “propiciação” indica que o Senhor
Jesus Cristo ofereceu-se a Si mesmo a Deus como
sacrifício pelos nossos pecados (Hb 9:28), não
somente pela nossa redenção, mas também para a
satisfação de Deus. Por meio de Sua morte vicária e
Nele, como nosso Substituto, Deus é satisfeito e
apaziguado. Portanto, Ele é a propiciação entre Deus
e nós.
Em 4:9 vemos que Deus enviou Seu Filho de
modo que vivêssemos por meio Dele. Em 4:10 vemos
que Deus enviou Seu Filho como propiciação pelos
nossos pecados. Se considerarmos esses versículos
juntos, veremos que o fato de Deus enviar Seu Filho
como propiciação pelos nossos pecados não é o
objetivo. Pelo contrário, é um procedimento para
atingir o alvo, e o alvo é que tenhamos vida e vida por
intermédio do Filho. Portanto, Deus enviou Seu Filho
como propiciação para nós com a intenção de que,
por meio de Seu Filho, tenhamos vida e vivamos.

AMAR UNS AOS OUTROS E MANIFESTAR


DEUS
Em 4:11 João continua: “Amados, se Deus de tal
maneira nos amou, devemos nós também amar uns
aos outros.” Isso é amar com o amor de Deus como
Ele nos amou.
A Primeira Epístola de Joã04:12diz: “Ninguém
jamais viu a Deus; se amarmos uns aos outros, Deus
permanece em nós, e o seu amor é em nós
aperfeiçoado.” A palavra “viu” indica que se amarmos
uns aos outros com o amor de Deus, assim como Ele
nos amou, nós O expressaremos em Sua essência, de
tal modo que os outros possam vê-Lo em nós naquilo
que Ele essencialmente é.
Ninguém jamais viu a Deus, isto é, contemplou a
Deus. Mas se amarmos uns aos outros com Deus
como amor, manifestaremos Deus. Por ser Deus
manifestado em nosso amor uns pelos outros, as
pessoas poderão ver Deus neste amor.
No versículo 12 João diz que se amarmos uns aos
outros, Deus habita em nós. Amar uns aos outros é
uma condição para nosso habitar em Deus (4:13), e
nosso habitar em Deus é uma condição para o Seu
habitar em nós (Jo 15:4). Portanto, quando amamos
uns aos outros, Deus habita em nós, e Seu amor é
perfeitamente manifestado em nós.
“O amor de Deus” em 2:5 é o amor de Deus
dentro de nós para com Ele, com o qual nós O
amamos. “Seu amor” em 4:12 é o amor de Deus
dentro de nós de uns para outros, com o qual amamos
uns aos outros. Isso indica que devemos tomar o
amor de Deus como nosso amor para amá-Lo e amar
uns aos outros.

O AMOR DE DEUS APERFEIÇOADO EM NÓS


No versículo 12 João também fala do amor de
Deus sendo aperfeiçoado em nós. O amor de Deus já
está aperfeiçoado no próprio Deus, mas agora este
amor precisa ser aperfeiçoado em nós. Isso requer
que o amor de Deus se torne nossa experiência. Se o
amor de Deus permanece em Deus, ele será
aperfeiçoado no próprio Deus. Mas quando esse amor
torna-se nossa experiência e desfrute, ele será
aperfeiçoado em nós. O amor que já é perfeito em
Deus precisa ser aperfeiçoado em nós por meio do
nosso desfrute deste amor.
A palavra grega traduzi da como “aperfeiçoado”
em 4:12 é teleioo, que significa completar, cumprir,
finalizar. O amor de Deus é perfeito e completo Nele.
Entretanto, em nós ele precisa ser aperfeiçoado e
completado na sua manifestação. Ele foi manifestado
a nós quando Deus enviou Seu Filho para ser tanto
propiciação quanto vida para nós (4:9-10). Contudo,
se não amarmos uns aos outros com esse amor da
mesma forma como foi manifestado a nós, isto é, se
não o expressarmos, amando uns aos outros com ele,
da forma como Deus o fez, ele não é perfeito nem
completamente manifestado. O amor de Deus é
perfeito e completo em sua manifestação quando nós
o expressamos em nosso vi ver, amando uns aos
outros habitualmente com ele. O nosso viver no amor
de Deus de uns para com outros é a sua perfeição e
completação quanto a sua manifestação em nós.
Assim, outros podem ver Deus manifestado na Sua
essência de amor em nosso viver em Seu amor.

CONHECER QUE PERMANECEMOS NELE E


ELE EM NÓS
Em 4:13 João diz: “Nisto conhecemos que
permanecemos nele, e ele em nós, em que nos deu do
seu Espírito. “A palavra “nisto” expressa o fato de que
por Deus nos dar do Seu Espírito conhecemos que
permanecemos Nele e Ele em nós. O Espírito que
Deus tem dado para habitarem nós (Tg 4:5; Rm 8:9,
11) é a testemunha em nosso espírito (Rm 8:16) de
que habitamos em Deus e Ele em nós. O Espírito que
permanece, isto é, o Espírito que habita
interiormente, é o elemento e a esfera do mútuo
permanecer, do mútuo habitar, de nós e Deus. Por
intermédio Dele temos certeza de que nós e Deus
somos um, permanecendo um no outro, habitando
mutuamente um no outro. Isso é evidenciado pelo
nosso viver, um viver que habitualmente expressa
Seu amor.
No versículo 13 João indica que podemos
conhecer que permanecemos em Deus. Permanecer
em Deus é habitar Nele, persistindo em nossa
comunhão com Ele, de maneira que podemos
experimentar e desfrutar Seu permanecer em nós.
Isso é praticar nossa unidade com Deus de acordo
com a unção divina (2:27), por meio de um viver que
pratica Sua justiça e Seu amor. Tudo isso é pela
operação do Espírito composto todo-inclusivo, que
habita em nosso espírito e que é o elemento básico da
unção Divina.

DEUS NOS DÁ DO SEU ESPÍRITO


No versículo 13 João também diz que Deus “nos
deu do seu Espírito”. No grego “do” literalmente
significa proveniente de. Deus nos deu proveniente
de Seu Espírito. Isso se assemelha muito e é repetição
da palavra em 3:24, a qual prova que isso não
significa que Deus nos deu algo de Seu Espírito,
como, por exemplo, os diversos dons em 1 Coríntios
12:4, mas que Seu próprio Espírito é o dom
todo-inclusivo (At 2:38). “Do seu Espírito” é uma
expressão que implica que o Espírito de Deus, que Ele
nos tem dado, é abundante e sem medida (Fp 1:19; Jo
3:34). Por meio de tal Espírito imensuravelmente
abundante sabemos com plena certeza que somos um
com Deus e que permanecemos Nele e Ele em nós.

O AMOR DE DEUS TORNA-SE NOSSA


CONSTITUIÇÃO
Ao considerarmos 4:11-13, vemos que nunca
devemos ensinar os santos a amar com seu próprio
amor natural, com o amor que é algo separado do
próprio Deus. Pelo contrário, todos precisamos ver
que Deus permanece em nós, e nós Nele. Isso é uma
questão de coinerência, de mesclar, de união
orgânica. Deus não somente está em nós; Ele
permanece em nós, habita em nós. Por meio deste
mesclar, desta união orgânica, Ele se toma nós, e nós
nos tomamos Ele. Portanto, uma vez que Deus e
amor, este amor toma-se nossa constituição. Por nos
tomarmos o que Ele é, nosso amor pelos outros na
verdade será o próprio Deus. Nós amamos os outros
com Deus como amor. Por Deus permanecer em nós e
nós permanecermos Nele, amamos com o próprio
Deus como amor.

DEUS ENVIOU SEU FILHO COMO O


SALVADOR DO MUNDO
Em 4:14 João continua: “E nós temos visto e
testemunhamos que o Pai enviou o seu Filho como
Salvador do mundo.” Da mesma forma que em 4:9 e
João 3:16, “mundo” aqui denota a humanidade caída.
O envio do Filho pelo Pai para ser nosso Salvador
é um ato exterior, para que, por confessarmos o Filho,
Ele permaneça em nós e nós Nele (4:15). Os apóstolos
viram e testificaram isso. Este é o testemunho
exterior. Somando-se a isso, o ato interior de Deus
para conosco é o enviar de Seu Espírito para habitar
em nós como evidência interior de que
permanecemos Nele e Ele em nós (4:13).
Em 4:9, 10 e 14 o apóstolo João diz três vezes que
Deus enviou Seu Filho. Deus enviou o Filho para
podermos viver por meio Dele; Ele enviou o Filho
como propiciação pelos nossos pecados; e Ele enviou
o Filho como Salvador do mundo.

CONFESSAR QUE JESUS É O FILHO DE


DEUS
Em4:15Joãodiz: “Aquele que confessar que Jesus
é o Filho de Deus, Deus permanece nele, e ele em
Deus.” Deus Pai enviou Seu Filho para ser o Salvador
do mundo com o propósito de que o homem cresse
Nele, confessando que Jesus é o Filho de Deus, de tal
modo que Deus permanecesse nele e ele em Deus.
Mas os cerintos heréticos não confessaram isso.
Assim, eles não tinham Deus permanecendo neles,
nem permaneciam em Deus. Mas todo o que confessa
que Jesus é o Filho de Deus, Deus permanece nele e
ele em Deus. Ele se toma um com Deus na vida e
natureza divinas.
Poderíamos ter esperado que João dissesse que
todo aquele que confessa que Jesus é o Filho de Deus
tem o perdão de pecados, ou tem a vida eterna. No
entanto, aqui João diz que todo aquele que confessa
que Jesus é o Filho de Deus, Deus permanece nele e
ele em Deus. Deveríamos usar este versículo na
pregação do evangelho. Deveríamos dizer às pessoas
que se elas crerem no Senhor e confessarem que
Jesus é o Filho de Deus, elas serão perdoadas de seus
pecados e serão salvas. Deveríamos também
dizer-lhes que se confessarem que Jesus é o Filho de
Deus, Deus entrará nelas e permanecerá nelas, e elas
poderão permanecer em Deus. Essa é a mais elevada
pregação do evangelho. Você já pregou o evangelho
desta maneira? Em nossa pregação do evangelho
vamos dizer às pessoas que se elas crerem no Senhor
Jesus, confessando que Ele é o Filho de Deus, Deus
entrará nelas para permanecer nelas, e elas
permanecerão em Deus.
ESTUDO-VIDA DE 1 JOÃO
MENSAGEM 35
AS VIRTUDES DO NASCIMENTO DIVINO PARA
PRATICAR O AMOR DIVINO (5)

Leitura da Bíblia: 1104:16-5:3


Nesta mensagem consideraremos 4:16 — 5:3, a
última mensagem sobre as virtudes do nascimento
divino para praticar o amor divino.

CONHECER E CRER
Em 4:16 João diz: “E nós conhecemos e cremos o
amor que Deus nos tem. Deus é amor, e aquele que
permanece no amor permanece em Deus, e Deus,
nele.” Aqui João diz que conhecemos e cremos o amor
que Deus nos tem. Esse amor é o amor de Deus ao
enviar o Filho para ser nosso Salvador (4:14).
É significativo que em 4:16 João coloque a
palavra “conhecemos” antes de “cremos”. Como
salientamos na mensagem anterior, esse conhecer
envolve experiência e desfrute. O fato de que segundo
4:16 conhecemos e então cremos indica que primeiro
experimentamos e desfrutamos, e em seguida nós
cremos. Entretanto, nosso conceito pode ser que
primeiro cremos, e então experimentamos. No
entanto, se não tivermos muita experiência e desfrute
do amor de Deus, não seremos capazes de crer muito
neste amor. Mas depois de desfrutarmos dele e o
experimentarmos, certamente creremos o amor que
Deus nos tem.
As palavras “nos tem” significam tem em nosso
caso, ou tem com relação a nós. Portanto,
conhecemos e cremos o amor que Deus tem em
relação a nós.
Em 4:16 João novamente diz: “Deus é amor”. Foi
manifestado que Deus é amor ao enviar Ele Seu Filho
para ser nosso Salvador e vida (4:9-10, 14).

PERMANECER EM DEUS
Em 4:16 João diz que aquele que permanece no
amor permanece em Deus, e Deus permanece nele.
Permanecer no amor é viver uma vida que ama os
outros habitualmente com o amor que é o próprio
Deus, de tal modo que Ele seja expresso em nós.
Permanecer em Deus é viver uma vida que é o próprio
Deus como nosso conteúdo interior e expressão
exterior, de modo que sejamos absolutamente um
com Ele. Deus permanece em nós para ser nossa vida
interiormente e nosso viver exteriormente. Assim, Ele
pode ser um conosco de maneira prática.
Em 4:16 vemos que há uma união orgânica entre
nós e Deus. Essa união orgânica é indicada pela
palavra “em”. É interessante que João não diz que
Deus é amor e que aquele que permanece em Deus
permanece no amor. Em vez disso, ele diz que aquele
que permanece no amor permanece em Deus. Para
nós, o anterior parece ser mais lógico. Mas o último é
mais prático e real. Dizer que permanecemos em
Deus quando permanecemos no amor significa que o
próprio amor no qual permanecemos é o próprio
Deus. Isso indica que o amor que temos para com os
outros deve ser o próprio Deus. Se permanecemos no
amor, que é o próprio Deus, então permanecemos em
Deus, e Deus permanece em nós.

CONFIANÇA NO DIA DO JULGAMENTO


No versículo 17 João continua: “Nisto é em nós
aperfeiçoado o amor; para que no dia do juízo
mantenhamos confiança; pois, segundo ele é,
também nós somos neste mundo.” Em nosso
permanecer no amor que é o próprio Deus (v. 16Jo
amor de Deus é aperfeiçoado em nós, isto é,
perfeitamente manifestado em nós, para que
tenhamos confiança, sem medo (v. 18) no dia do
julgamento.
No versículo 17 João fala do amor de Deus sendo
aperfeiçoado em nós. A palavra “aperfeiçoado” é uma
tradução da palavra grega teleioo, completar,
cumprir, finalizar. O amor de Deus em si é perfeito e
completo Nele mesmo, mas ele ainda precisa ser
aperfeiçoado em nós. Para que o amor de Deus seja
aperfeiçoado em nós, precisamos experimentar esse
amor. Em nossa experiência o amor de Deus é
aperfeiçoado.
João diz que se o amor de Deus é aperfeiçoado
em nós, podemos ter confiança no dia do julgamento.
A palavra grega para “confiança” é parresia,
significando ousadia no falar, confiança. Em 3:21
confiança é para contatarmos Deus na comunhão
com Ele. Em 4:17, confiança é para enfrentarmos o
julgamento no trono do julgamento de Cristo (2Co
5:10) na Sua volta (l C03:13; 4:5; 2Tm 4:8). O
julgamento no trono do julgamento de Cristo não será
para a perdição eterna ou salvação eterna, mas, pelo
contrário, será para recompensa ou punição. Se
amamos os irmãos com Deus como amor, teremos
confiança no dia em que Cristo julgar Seus crentes no
Seu trono de julgamento.
Em 4:17 João indica que “segundo ele é, também
nós somos neste mundo.” Como em 3:3 e 7, “ele”
refere-se a Cristo. Ele viveu neste mundo uma vida de
Deus como amor, e agora Ele é nossa vida de tal modo
que vivamos a mesma vida de amor neste mundo e
sejamos como Ele é agora.
Como em 4:1, “mundo” não se refere ao universo
ou à terra, mas à sociedade humana na terra, às
pessoas, que são os componentes do satânico sistema
mundial.

NÃO HÁ MEDO NO AMOR


No versículo 18 João prossegue dizendo: “No
amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança
fora o medo. Ora, o medo produz tormento; logo,
aquele que teme não é aperfeiçoado no amor.” Uma
tradução literal da primeira parte deste versículo
seria: “O medo não está no amor.” “Medo” não se
refere ao medo de ofender a Deus e ser por Ele
julgado (1Pe 1:17; Hb 12:28), mas ao temor de ter
ofendido a Deus e ser julgado por Ele. “Amor”
refere-se ao amor aperfeiçoado mencionado no
versículo anterior; o amor de Deus com o qual
amamos os outros. O amor perfeito é o amor que tem
sido aperfeiçoado em nós por amarmos os outros com
o amor de Deus. Tal amor lança fora o medo e faz com
que não tenhamos medo de ser punidos pelo Senhor
na Sua volta (Lc 12:46-47).
Em 4:18 João nos diz que aquele que teme não
tem sido aperfeiçoado no amor. Isso significa que
aquele que teme, não viveu no amor de Deus de tal
forma que pudesse ser perfeitamente manifestado
nele.
Primeiramente, João diz em 4:12 e 17 que o amor
de Deus precisa ser aperfeiçoado em nós. Então em
4:18 ele fala de ser aperfeiçoado no amor. Isso indica
que nós e o amor divino estamos mesclados. Quando
o amor é aperfeiçoado em nós, somos aperfeiçoados
no amor, pois tomamo-nos o amor, e o amor toma-se
nós.

AMAR PORQUE DEUS NOS AMOU


PRIMEIRO
O versículo 19 diz: “Nós amamos porque ele nos
amou primeiro.” Deus nos amou primeiro pelo fato
de Ele ter-nos infundido com Seu amor e ter gerado
dentro de nós o amor com o qual O amamos e aos
irmãos (v. 20). A Primeira Epístola de João 4:20 diz:
“Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é
mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a
quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê.”
Aquele que odeia um irmão habitualmente prova que
não está permanecendo no amor divino nem na luz
divina (2:9-11). Quando permanecemos no Senhor,
permanecemos tanto no amor divino como na luz
divina. Nós não odiamos os irmãos, mas os amamos
habitualmente, vivendo a vida divina na luz divina e
no amor divino.
Em 4:21 João diz: “Ora, temos da parte dele este
mandamento, que aquele que ama a Deus, ame
também a seu irmão.” O mandamento aqui é o
mandamento do amor fraternal (2:7-11; Jo 13:34). É
possível resumir o escrito de João nesse trecho de
maneira simples: Deus é amor, e se permanecemos
Nele, amaremos os irmãos com Ele como nosso amor.
Este é o pensamento básico de João nestes versículos.

UM AMOR TRIANGULAR
Em 5:1 João prossegue dizendo: “Todo aquele
que crê que Jesus é o Cristo é nascido de Deus; e todo
aquele que ama ao que o gerou, também ama ao que
dele é nascido.” Os gnósticos e cerintos não criam na
igualdade de Jesus e o Cristo. Portanto, eles não eram
filhos de Deus, nascidos de Deus. Mas todo aquele
que crê que o Homem Jesus é o Cristo, Deus
encarnado (Jo 1:1, 14; 20:31), é nascido de Deus e
tomou-se filho de Deus (101:1213). Tal pessoa ama
Deus Pai que o gerou e também ama o irmão que foi
gerado do mesmo Pai. Isso explica, confirma e
fortalece as palavras nos versículos anteriores (1
J04:20-21).
Em 5:1 temos uma indicação de que o amor
fraternal é na verdade um amor triangular, isto é, um
amor que envolve três partes. Como filhos de Deus
nascidos Dele, certamente amamos nosso Pai, Aquele
que nos gerou. Então, de acordo com 5:1, se amamos
o Pai que gera, também amamos aqueles que foram
gerados Dele. Aqui temos um amor triangular, um
amor envolvendo Deus, nós mesmos e aqueles
nascidos de Deus. Este amor triangular está na união
orgânica com o próprio Deus que é amor.
João enfatiza o nascimento divino (5:1; 2:29; 3:9;
4:7; 5:1, 4, 18). Como é possível que amemos a Deus e
aos outros? Isso é possível somente porque tivemos o
nascimento divino. Nascemos de Deus, fomos
gerados Dele, e por causa deste nascimento somos
capazes de amar os outros. Como salientamos, este é
um amor triangular. Portanto, o amor triangular está
relacionado ao nascimento divino. Todo aquele que
crê que Jesus é o Cristo, nasceu de Deus. Agora
amamos não somente Aquele que nos gerou, nosso
Pai gerador, mas também aqueles que nasceram Dele.
Este é o amor triangular relacionado ao nascimento
divino, como está revelado em 5:1.

AMAR A DEUS E PRATICAR SEUS


MANDAMENTOS
Em 5:2 João continua: “Nisto conhecemos que
amamos os filhos de Deus, quando amamos a Deus e
praticamos os seus mandamentos.” Amar a Deus e
praticar Seus mandamentos são os pré-requisitos
para amarmos os filhos de Deus. Isso está baseado no
nascimento divino e na vida Divina.
Em 5:2 João fala sobre praticar os mandamentos
do Senhor. A palavra grega para “praticamos” é poieo,
uma palavra que denota fazer coisas habitual e
continuamente; portanto, ela é usada nesta Epístola
no sentido de praticar. Essa palavra é usada em 1:6;
2:17, 29; 3:4 (duas vezes), 7, 8, 9, 10, 22; eaquiem5:2.
O versículo 3 é a conclusão desta seção: “Porque
este é o amor de Deus, que guardemos os seus
mandamentos; ora, os seus mandamentos não são
penosos.” A palavra grega para amor aq ui é agape,
denotando o amor que é mais elevado e nobre que
phileo. Apenas agape, juntamente com suas formas
verbais, é usada nesta Epístola para amor. “O amor de
Deus” aqui denota nosso amor para com Deus, o qual
é produzido pelo Seu amor dentro de nós.
Em 5:3 João diz que o amor de Deus é que
guardemos Seus mandamentos, os quais não são
penosos. Guardar os mandamentos de Deus constitui
nosso amor para com Ele e é uma evidência de que O
amamos. Literalmente, a palavra grega para
“penosos” significa pesados. Para a vida Divina com
sua capacidade, os mandamentos de Deus não são
pesados.
O AMOR COMO RESULTADO DO DESFRUTE
DO DEUS TRIÚNO COMO O ESPÍRITO
TODO-INCLUSIVO
Em todos esses versículos, João está na verdade
falando sobre o resultado da comunhão da vida
divina. Quando estamos na comunhão da vida divina,
isto é, no desfrute do Deus Triúno, este desfrute terá
certo resultado ou fim. O resultado do desfrute do
Deus Triúno é o amor divino. Quando desfrutamos o
Deus Triúno, este desfrute resulta no amor Divino.
Este resultado certamente surgirá desse desfrute.
Com esse amor Divino espontaneamente amamos os
outros. Em particular, amamos todos aqueles que
estão relacionados organicamente com nosso Pai que
gera. Nascemos deste Pai, e muitos outros também
nasceram Dele. Se nós O desfrutarmos, o resultado
será que amamos todos os Seus filhos. P0l1anto, amar
os irmãos é o resultado de desfrutar o Deus Triúno.
O Deus Triúno, como é revelado nesta Epístola,
não é somente vida, luz e amor; Ele é também o
Espírito todo-inclusivo. Este Espírito habita em nós e
move-se em nós para que desfrutemos o Deus Triúno.
Enquanto desfrutamos o Deus Triúno, Sua essência
torna-se nosso ser. Como resultado, temos vida, luz e
amor, e vivemos por meio desta vida e nesta luz e
amor. Espontaneamente, vivemos uma vida que ama
os filhos de Deus. Este é o pensamento de João nesta
Epístola.
Entretanto, quando lemos 1 João, podemos não
ter essa compreensão de amar os irmãos. Poderemos
ver apenas que é dito que Deus é amor e que somos
incumbidos de amar uns aos outros. Então, de forma
natural, religiosa e ética podemos tentar amar os
outros, imitando o amor de Deus. Em nossa natureza,
como seres humanos, há a tendência de amar desta
maneira. Mas esse tipo de amor pode ser ético,
natural e mesmo cultural.
Muitos foram ensinados a amar os outros e ser
gentis com eles. Muitos cristãos, é claro, estão sob a
influência de tal ensinamento. No entanto, esses
cristãos podem não ver a questão da unção nesta
Epístola. Eles podem não perceber que dentro deles
há um mover, operar e saturar divinos. Eles podem
evidenciar o ensino, mas podem falhar em dar ênfase
à unção interior. A palavra “unção” é uma palavra
chave nesta Epístola. Essa palavra implica que hoje o
Deus Triúno é o ungüento composto movendo-se
dentro de nós. Esse ungüento inclui o processo pelo
qual o Deus Triúno passou: encarnação, viver
humano, crucificação, ressurreição e ascensão. Todos
os passos desse processo são os ingredientes deste
ungüento composto.
A unção é a função deste ungüento. Isso significa
que a função deste ungüento é nos ungir com o Deus
Triúno. Portanto, a unção nos unge com o Pai, o
Filho, o Espírito, a encarnação, a humanidade, viver
humano, crucificação, ressurreição e ascensão. Por
conseguinte, quando somos ungidos pelo mover do
Espírito todo-inclusivo dentro de nós, somos ungidos
com todos esses elementos. Isso significa que os
diferentes elementos do ungüento composto são
ungidos para dentro do nosso ser. Da mesma forma
que os elementos de uma tinta são aplicados a algo
que é pintado, os elementos da tinta divina, o Espírito
todo-inclusivo, são dispensados para o nosso ser.
Como está indicado pela palavra unção, o
ensinamento do apóstolo João neste livro é muito
subjetivo e relaciona-se com nossa união orgânica
com o Deus Triúno. Enquanto muitos cristãos hoje
enfatizam a doutrina objetiva, a economia de Deus,
Sua dispensação, dá ênfase à unção. A unção dentro
de nós está nos saturando com tudo o que o Deus
Triúno é, com tudo o que Ele fez, e com tudo o que Ele
obteve e alcançou.
Apesar de 1 João apresentar uma revelação
subjetiva, aqueles que estão preocupados com
doutrina, credos e crença objetiva, ainda
negligenciam a revelação subjetiva, e nos condenam
por ensiná-la. Nosso ensinamento acerca da unção
pode ser diferente do ensino tradicional, mas é
definitivamente baseado nas Escrituras. Mesmo que
esse ensinamento seja diferente do ensino
tradicional, ele não é diferente daquilo que é revelado
na Bíblia.
Agora que cobrimos esta Epístola de 1:1 a5:3,
podemos ver que o que está revelado nesse livro é
totalmente relacionado à unção. Precisamos
relembrar o que é a unção. A unção é o mover, o
trabalhar, o saturar, do Deus Triúno processado
dentro de nós para ser nossa vida, nosso suprimento
de vida, nosso desfrute e nosso tudo. Essa unção, que
é plenamente percebida na comunhão da vida divina,
é o assunto desta Epístola.
ESTUDO-VIDA DE 1 JOÃO
MENSAGEM 36
AS VIRTUDES DO NASCIMENTO DIVINO PARA
VENCER O MUNDO, A MORTE, O PECADO, O
MALIGNO E OS ÍDOLOS (1)

Leitura da Bíblia: 1Jo 5:4-13


Em2:28-5:21 vemos as virtudes do nascimento
divino. Primeiramente, em 2:28 — 3:10a temos a
prática da justiça divina. Em seguida, em 3:10b — 5:3
temos a prática do amor divino. Para praticarmos a
justiça divina precisamos de uma base, e esta base é o
nascimento divino. Precisamos também de um meio.
Este meio é avida divina. Por intermédio de
permanecer na comunhão divina segundo a unção
divina, temos a prática da justiça divina. Afim de
praticarmos o amor divino, precisamos da vida divina
como a semente divina, e também do Espírito divino
(3:1 Ob-24). Em seguida precisamos provar os
espíritos (4:1-6), e também necessitamos de Deus
como o amor supremo e o Espírito abundante
(4:7-5:3).
A economia de Deus é trabalhar a Si mesmo para
dentro de nós. Para isso, precisamos nascer Dele; isto
é, precisamos do nascimento divino. Esse nascimento
divino traz a vida divina para o nosso interior
juntamente com a natureza divina. Como aqueles que
nasceram de Deus, agora temos o Deus Triúno
movendo-se e trabalhando dentro de nós como a
unção. Dia a dia precisamos permanecer, habitar, no
desfrute do Deus Triúno de acordo com essa unção.
Espero que todos sejamos profundamente
impressionados pelo fato de que o Deus Triúno está
trabalhando a Si mesmo para dentro do nosso ser.
Nós O temos como a vida divina com a natureza
divina, movendo-se e trabalhando em nós como a
unção divina. Agora simplesmente precisamos
habitar Nele segundo esta unção divina.
Nesta mensagem começaremos a considerar as
virtudes do nascimento divino para vencer o mundo,
a morte, o pecado, o maligno e os ídolos (5:4-21).
Nossa vitória sobre essas coisas negativas não é por
nós mesmos, pelo que somos ou pelo que podemos
fazer, mas pela vida eterna no Filho. Certamente que
a vitória sobre o mundo, a morte, o pecado, o maligno
e os ídolos é uma virtude do nascimento Divino. A
Primeira Epístola de João 5:4-13, que trataremos
nesta mensagem, revela que é pela vida eterna no
Filho que podemos ter a experiência prática de vencer
essas cinco categorias de coisas negativas.

NOSSO ESPÍRITO REGENERADO COM A


VIDA DIVINA
Em 5:4 João diz: “Porque tudo o que é nascido de
Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o
mundo, a nossa fé.” A palavra “tudo” refere-se a cada
pessoa que é nascida de Deus. Contudo, essa
expressão deve referir-se especialmente à parte que
foi regenerada com a vida Divina, isto é, o espírito da
pessoa regenerada (Jo 3:6). O espírito regenerado do
crente não pratica pecado (1Jo 3:9), e ele vence o
mundo. Seu nascimento divino com a vida Divina é o
fator básico de tal viver vitorioso.
Tanto o Evangelho de João como sua Epístola
enfatizam o nascimento divino (Jo 1:13; 3:3, 5;
1102:29; 3:9; 4:7; 5:1, 4, 18), pelo qual a vida divina é
dispensada para dentro dos crentes em Cristo (Jo
3:15-16, 36; 1Jo 5:11-12). Esse nascimento divino, que
introduz a vida divina, é o fator básico de todos os
mistérios concernentes à vida divina, tais como a
comunhão da vida divina (1:3-7), a unção da Trindade
divina (2:20-27), o permanecer no Senhor (2:28 —
3:24) e o viver divino que pratica a verdade divina
(1:6), a vontade divina (2:17), a justiça divina (2:29;
3:7), e o amor divino (3:10, 22-23; 5:1-3) para
expressar a Pessoa divina (4:12). O nascimento divino
com a vida divina é também o fator básico desta
seção, de 5:4 a 5:21. Ele é a segurança para os crentes
nascidos de Deus, dando-lhes confiança na
habilidade e virtude da vida divina.
Uma vez que os crentes regenerados têm a
capacidade da vida divina para vencer o mundo, o
poderoso sistema mundial satânico, os mandamentos
de Deus não são pesados ou penosos para eles (5:3).
A regeneração ocorre definitiva e
particularmente em nosso espírito. João 3:6 diz que o
que é nascido do Espírito é espírito. Isso indica que a
regeneração ocorre em nosso espírito. Porque nosso
espírito foi regenerado, ele não pode pecar. Pelo
contrário, nosso espírito pode vencer todas as coisas
negativas.
Nosso espírito foi regenerado com a vida divina.
Isso significa que a vida divina foi dispensada ou
infundida para dentro do nosso espírito. Entretanto,
nosso corpo não foi regenerado, e nossa alma ainda
permanece sem a vida de Deus. Por essa razão, uma
vez que fomos regenerados em nosso espírito,
devemos habitar na vida divina de tal modo que ela
tenha livre curso para espalhar-se para dentro da
nossa alma. O espalhar da vida Divina do nosso
espírito regenerado para dentro da nossa alma
produz uma mudança metabólica em nosso ser, uma
mudança que no Novo Testamento é chamada de
transformação. Por meio disso vemos que depois da
regeneração em nosso espírito, precisamos que a vida
divina sature nossa alma de modo que efetue a
transformação do nosso ser interior, a mudança
metabólica de nossa alma. Por fim, virá o tempo em
que nosso corpo será transfigurado pelo poder da
vida Divina, em um corpo glorioso.
Como seres humanos temos três partes: o
espírito, a alma e o corpo. Na Salvação de Deus
existem três etapas: regeneração, transformação e
transfiguração. A regeneração ocorre em nosso
espírito ao crermos no Senhor Jesus. Agora, se
permanecermos na comunhão da vida divina, isso
abrirá caminho para que a vida divina se espalhe para
dentro da nossa alma e transforme as partes do nosso
ser interior. Quando o Senhor Jesus voltar, Ele
transfigurará nosso corpo. Então estaremos
totalmente na vida divina e na glória divina.
Hoje tanto a nossa alma como o nosso corpo
dão-nos problemas. Se não permanecermos na
comunhão da vida divina, nosso corpo e alma
dar-nos-ão momentos difíceis. Louvado seja o Senhor
pela esperança de que nosso corpo problemático será
transfigurado! Também agradecemos ao Senhor pela
transformação que está ocorrendo em nossa alma.
Todos os crentes experimentaram a regeneração, o
passo inicial da salvação de Deus. Pela regeneração, o
nascimento Divino, recebemos a vida divina, a vida
eterna, a qual está no Filho. Na verdade, essa vida
eterna é o próprio Filho.
O ESPÍRITO REGENERADO VENCE O
MUNDO
De acordo com 5:4, tudo o que é nascido de Deus
vence o mundo. Vimos que “tudo” indica o espírito
humano. Portanto, é o espírito humano regenerado
que vence o mundo. Com relação a vencer o mundo,
não devemos confiar em nossa própria habilidade ou
esforço. Pela experiência, posso testificar que
precisamos confiar em nosso espírito. O nosso
espírito é bem capaz de vencer Satanás e o mundo, o
sistema maligno. Mas por nós mesmos não podemos
vencer o mundo. Quando exercitamos nosso espírito,
permanecemos no nosso espírito e andamos pelo
nosso espírito, veremos que nosso espírito tem a
habilidade da vida para vencer todas as coisas
negativas. Esta é a razão de precisarmos exercitar
nosso espírito, para ter comunhão com o Senhor e
orar com relação ao desfrute do Senhor. Também
precisamos exercitar nosso espírito para invocar o
nome do Senhor e orar-ler a Palavra. Esse exercitar
ativa a habilidade em nosso espírito para vencer o
mundo.
É a vida divina em nosso espírito que tem a
habilidade de vencer o mundo maligno, satânico.
Somos rodeados por tentações. Que pode vencê-las?
A vida Divina em nosso espírito pode vencer as
tentações. Todos precisamos ver que nosso espírito
está mesclado com a vida divina e é o órgão que pode
vencer o mundo.

A NOSSA FÉ
Em 5:4b João diz: “E esta é a vitória que vence o
mundo, a nossa fé.” Essa é a fé que crê que Jesus é o
Filho de Deus (5:5), que podemos nascer de Deus e
ter Sua vida divina, pela qual somos capacitados a
vencer o mundo organizado e usurpado de Satanás.
Na verdade, nossa confiança não deve estar em
nossa fé propriamente dita. A fé por si mesma não
vence o mundo. Nossa fé nos introduzem uma união
orgânica, e é esta união orgânica, não diretamente a
fé, que vence o mundo. Podemos usar a questão de
ligar a corrente elétrica como ilustração. O ato de
ligar o interruptor não é a força em si. É o meio
através do qual os utensílios são levados a uma união
com a eletricidade. De modo semelhante, podemos
dizer que a fé é o meio para que fiquemos “ligados” ao
Deus Triúno. Por crermos no Senhor Jesus, somos
introduzidos numa união orgânica com o Deus
Triúno; ficamos “ligados” a Ele. Essa união,
produzida pela fé, então vence o mundo.

AQUELE QUE CRÊ QUE JESUS É O FILHO


DE DEUS
Em 5:5 João continua: “Quem é o que vence o
mundo senão aquele que crê ser Jesus o Filho de
Deus?” Tal cristão é aquele que nasceu de Deus e
recebeu a vida divina (Jo 1:12-13; 3:16). A vida divina
fortalece-o para vencer o mundo maligno energizado
por Satanás. Esses crentes contrastam com os
gnósticos e cerintos, que não eram esse tipo de crente,
mas ficaram como as lamentáveis vítimas do sistema
satânico maligno. Contudo, nosso crer que Jesus é o
Filho de Deus nos introduz numa união orgânica com
o Filho, que é a corporificação do Deus Triúno. É essa
união orgânica com o Deus Triúno no Filho que vence
o mundo.
A ÁGUA, O SANGUE E O ESPÍRITO
Em 5:6João prossegue dizendo: “Este é aquele
que veio por meio de água e sangue, Jesus Cristo; não
somente com água, mas com a água e com o sangue. E
o Espírito é o que dá testemunho, porque o Espírito é
a verdade.” Ele, Jesus Cristo, veio como o Filho de
Deus de tal modo que podemos nascer de Deus e ter a
vida divina (Jo 10:10; 20:31). É no Seu Filho que
Deus nos dá a vida eterna (1Jo 5:11-13). Jesus, o
homem de Nazaré, foi testificado para ser o Filho de
Deus pela água através da qual Ele passou no Seu
batismo (Mt 3:16-17; Jo 1:31), pelo sangue que Ele
derramou na cruz (Jo 19:31-35; Mt27:50-54) e
também pelo Espírito que Ele deu sem medida (Jo
1:32-34; 3:34). Por meio desses três, Deus testificou
que Jesus é Seu Filho dado a nós (1Jo 5:7-10) de
modo que Nele podemos receber Sua vida eterna
crendo no Seu nome (5:11-13; Jo 3:16, 36; 20:31). A
água do batismo põe fim às pessoas da velha criação
por enterrá-las; o sangue derramado na cruz redime
aqueles a quem Deus escolheu de entre a velha
criação; e o Espírito, que é a verdade, a realidade em
vida (Rm 8:2), germina aqueles a quem Deus redimiu
para fora da velha criação por regenerá-los com a vida
divina. Assim, eles nasceram de Deus e tomaram-se
Seus filhos (Jo 3:5, 15; 1:1213) para viver uma vida
que pratica a verdade (1Jo 1:6), a vontade de Deus
(2:17), a justiça de Deus (2:29) e o amor de Deus
(3:10-11) para Sua expressão.
Em 5:6 João diz que o Espírito testifica porque o
Espírito é a verdade. O Espírito, que é a verdade, a
realidade (Jo 14:16-17; 15:26), testifica que Jesus é o
Filho de Deus, em quem está a vida eterna.
Testificando desta maneira, Ele dispensa o Filho de
Deus para dentro de nós a fim de ser nossa vida (Cl
3:4 ). No versículo 6 a verdade denota a realidade de
tudo o que Cristo é como o Filho de Deus (Jo
16:12-15).
Os versículos 7 e 8 dizem: “Porque há três que
testificam: o Espírito e a água e o sangue, e os três são
para um” (lit.). “Para um” também significa visando a
um, isto é, visando a uma coisa, ao único ponto ou
propósito em seu testemunho.
A Primeira Epístola de João 5:6-8 diz que Deus
dá testemunho de que Jesus Cristo é o Filho de Deus.
Deus testificou isso em três passos: pela água, pelo
sangue e pelo Espírito. A água refere-se ao batismo do
Senhor Jesus. De acordo com o registro dos quatro
Evangelhos, imediatamente depois de o Senhor sair
da água, os céus se abriram e uma voz declarou que
Ele é o Filho amado de Deus. Aquele foi o testemunho
de Deus de que Jesus Cristo é Seu Filho, o
testemunho pela água, pelo batismo. Três anos e meio
mais tarde, o Senhor Jesus morreu na cruz,
derramando Seu sangue. Alguém que estava perto da
cruz testificou, depois que o Senhor morreu, que Ele
era o Filho de Deus. Aquele foi o testemunho de Deus
pelo sangue acerca de Jesus Cristo ser o Filho de
Deus. A seguir temos o testemunho do Espírito. Em
ressurreição Cristo tomou-se um Espírito que dá vida.
Se lermos 5:6 cuidadosamente, veremos que o
Senhor Jesus veio por meio de água e sangue, mas
não nos é dito que Ele veio por meio do Espírito.
Então nos versículos 7 e 8 é dito claramente que há
três que testificam, e que estes três são o Espírito, a
água e o sangue. Cristo veio por meio da água, do
sangue e como o Espírito. Obviamente Ele não veio
como a água ou como o sangue, mas por fim, em
ressurreição, Ele veio como o Espírito. Além do mais,
de acordo com o versículo 6, Cristo veio na água e no
sangue. Mas esse versículo não diz que Ele veio no
Espírito. Com relação ao Espírito, esse versículo
carrega a idéia de ser, pois diz-nos: “o Espírito é o que
dá testemunho.” Portanto, precisamos ver claramente
que Cristo veio por meio da água, do sangue e como o
Espírito.
A frase “por meio de água e sangue” refere-se ao
batismo no início de Seu ministério e à crucificação
no [mal de Seu ministério. Depois disso, em
ressurreição, Cristo tomou-se o Espírito que dá vida,
e assim Ele veio como o Espírito. O Filho de Deus veio
por meio de água e sangue, isto é, por meio de Seu
batismo e Sua crucificação. Podemos também dizer
que Ele veio na água e no sangue. Em seguida, Ele
veio não por meio do Espírito nem no Espírito, mas
como o Espírito.
A água do batismo põe fim à velha criação, e o
sangue derramado na cruz redime o que quer que
Deus tenha escolhido da velha criação. Então o
Espírito vem germinar o que Deus escolheu e
redimiu. Portanto, aqui encontramos terminação,
redenção e germinação. Como a velha criação, fomos
terminados. Mas como os escolhidos de Deus fomos
primeiramente redimidos e em seguida germinados
para ser a nova criação. Esta nova criação é uma
composição dos filhos de Deus.
Por estas três etapas de terminação, redenção e
germinação, Jesus Cristo não somente foi testificado
como sendo o Filho de Deus, mas também entrou em
nós. Por meio da água de Seu batismo, do sangue de
Sua cruz e como o Espírito, Cristo foi testificado como
sendo o Filho de Deus. Por intermédio desses três
passos Ele também entrou em nosso espírito. Isso
significa que pela terminação, redenção e
germinação, Cristo está agora dentro de nós. Aleluia,
somos pessoas terminadas, redimidas e germinadas!
Não somos mais a velha criação; somos a nova
criação com o novo nascimento e uma nova vida. Por
sermos filhos de Deus, temos a habilidade da vida
para vencer o mundo e todas as coisas negativas.

O TESTEMUNHO DE DEUS
Em 5:9 João prossegue dizendo: “Se admitimos o
testemunho dos homens, o testemunho de Deus é
maior; ora, este é o testemunho de Deus, que ele dá
acerca do seu Filho.” O testemunho de Deus aqui é o
testemunho pela água, pelo sangue, e pelo Espírito,
de que Jesus é o Filho de Deus. Este testemunho é
maior do que o dos homens.
O versículo 10 diz: “Aquele que crê no Filho de
Deus tem em si o testemunho. Aquele que não dá
crédito a Deus, o faz mentiroso, porque não crê no
testemunho que Deus dá acerca do seu Filho.” Deus
testificou acerca de Seu Filho para que crêssemos
Nele e tivéssemos Sua vida divina. Se cremos no Seu
Filho, recebemos e temos Seu testemunho em nós
mesmos. Caso contrário, não cremos no que Ele
testificou e fazemo-Lo mentiroso.

VIDA ETERNA NO FILHO


Em 5: li e 12 João continua: “E o testemunho é
este, que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está
no seu Filho. Aquele que tem o Filho tem a vida;
aquele que não tem o Filho de Deus não tem a vida.”
O testemunho de Deus não é apenas de que Jesus é
Seu Filho, mas também que Ele nos dá a vida eterna,
a qual está no Seu Filho. Seu Filho é o meio de nos dar
Sua vida eterna, que é Seu propósito para conosco.
Por estar a vida no Filho (Jo 1:4) e o Filho servida (Jo
11:25; 14:6; Cl 3:4), o Filho e a vida são um,
inseparáveis.
Se temos o Filho de Deus, temos a vida eterna,
pois a vida eterna está no Filho. Podemos dizer que o
Filho é um recipiente de vida eterna. Quando
recebemos o Filho por crer Nele, temos a vida eterna.
Podemos dizer que a vida eterna, a vida divina, é
o “capital” de nossa vida cristã. Na verdade, esta vida
eterna é o Filho, e o Filho é a corporificação do Deus
Triúno. Por meio disso podemos ver que vida eterna é
o Deus Triúno. Agora o Deus Triúno está-se movendo
e operando em nós como a unção. Essa unção é
também o mover da vida eterna. Vida eterna não é
urna coisa; é urna Pessoa que é a corporificação do
Deus Triúno. Agora esta Pessoa está-se movendo
dentro de nós para nos ungir Consigo mesma, isto é,
com vida eterna e com a essência dessa vida, a qual é
o Deus Triúno. O Deus Triúno é o conteúdo, a
essência, da vida eterna. Portanto, quando a vida
eterna nos unge, ela nos unge com o Deus Triúno.
Isso nos dá a base e o meio para viver urna vida que
pratica a justiça divina, que pratica o amor divino, e
que vence o mundo, a morte, o pecado, o diabo e os
ídolos.
Confúcio ensinava que o mais elevado
aprendizado era cultivar e desenvolver o que ele
chamava de virtude brilhante. Mas a economia de
Deus do Novo Testamento ensina que a vida eterna é
a corporificação do Deus Triúno e que esta vida
está-nos ungindo com a essência do Deus Triúno. Por
fim, por meio de um contínuo ungir, nós nos
tomaremos o mesmo que o Deus Triúno em vida e
natureza, na qual Sua essência tornar-se-á nossa,
fazendo-nos semelhantes a Ele. Então viveremos uma
vida plena de justiça e amor, urna vida que
espontaneamente vence o mundo, a morte, o pecado,
o diabo e os ídolos. Não há necessidade de tentarmos
viver tal vida. Urna vez que permaneçamos na
comunhão da vida eterna de acordo com a unção,
espontaneamente praticamos a justiça e o amor, e
simultaneamente vencemos todas as coisas negativas.

SABER QUE TEMOS A VIDA ETERNA


Em5:13 João diz: “Estas coisas vos escrevi a fim
de saberdes que tendes a vida eterna, a vós outros que
credes em o nome do Filho de Deus.” As palavras
escritas das Escrituras são a segurança para os
crentes, que crêem no nome do Filho de Deus, de que
eles têm a vida eterna. Nosso crer para receber vida
eterna é o fato; as palavras das Santas Escrituras são
a garantia acerca deste fato. Elas são o contrato de
nossa salvação eterna. Ternos a certeza e a promessa
por meio delas de que por crermos no nome do Filho
de Deus temos vida eterna.
A palavra da Bíblia é a promessa da vida eterna.
A Bíblia é também o contrato de nossa salvação. Este
é o motivo de a Bíblia ser chamada de aliança ou
testamento. Nós não apenas temos o fato da vida
eterna; temos também a promessa, a garantia, o
contrato, para provar que temos a vida eterna.
Louvado seja o Senhor que ternos Salvação e vida
eterna e também o contrato para provar!
ESTUDO-VIDA DE 1 JOÃO
MENSAGEM 37
AS VIRTUDES DO NASCIMENTO DIVINO PARA
VENCER O MUNDO, A MORTE, O PECADO, O
MALIGNO E OS ÍDOLOS (2)

Leitura da Bíblia: 1 J05:14-17


Nesta mensagem consideraremos 5:14-17.

A COMUNHÃO DIVINA
O versículo 14 diz: “E esta é a confiança que
temos para com ele, que, se pedirmos alguma coisa
segundo a sua vontade, ele nos ouve.” A palavra “e”
no início desse versículo é importante. Sem essa
palavra, poderíamos achar que 5:14-17 é uma seção
separada da anterior e que nada tem a ver com ela.
Poderíamos pensar também que aquilo que o escritor
abrange no versículo 14 aparece de repente. Na
verdade, entretanto, segundo fatos espirituais, o que
João fala no versículo 14 não é uma surpresa. Pelo
contrário, é um fluir espontâneo dos versículos
anteriores.
A Primeira Epístola de João 5:4-13 mostra-nos
que recebemos a vida eterna, como é mencionado em
1:1-2. Então os versículos 14a 17 dizem-nos como
oramos na comunhão da vida eterna, como
mencionado em 1:3-7. Os primeiros sete versículos do
capítulo 1 indicam que recebemos a vida eterna, e a
partir dessa vida eterna temos comunhão com os
apóstolos e também com o Pai e o Filho. O princípio é
o mesmo em 5:14-17. Em 5:413 recebemos a vida
eterna, e em 5:14-17 estamos na comunhão desta
vida. Obviamente a palavra “comunhão” não está
nesses versículos, eles falam de oração. Quando
oramos por meio da vida divina, estamos na
comunhão da vida Divina. Portanto, esses versículos
de fato referem-se à comunhão divina.

A VIDA ETERNA VENCE A MORTE


A palavra “e” no início do versículo 14 conecta a
vida em 5:413 à comunhão em 5:14-17 Na seção
anterior recebemos a vida eterna, e temos a palavra
escrita como a garantia disso. Agora João usa o que
escreveu em 5:4-13 como base para nos mostrar que
essa vida eterna pode vencer a morte. Recebemos a
vida eterna, e esta vida tem sido testificada, provada e
garantida dentro de nós. Agora João pretende
enfatizar que a vida eterna vence a morte.
Talvez você considerasse 5:14-17 como versículos
concernentes à nossa oração e à resposta de Deus à
nossa oração. Na verdade, a intenção de João nesses
versículos é mostrar-nos que a vida eterna dentro de
nós pode vencer a morte tanto em nós mesmos como
em outros membros da igreja. A vida eterna traga a
morte dentro de nós e de outros membros.
Na vidada igreja não vivemos sozinhos. Por ser a
igreja o Corpo, vivemos com os co-mernbros do
Corpo. Uma vez que estamos no Corpo, somos
membros com os outros co-membros. A vida eterna
não somente cuida de nossa própria necessidade: ela
cuida da necessidade dos co-membros ao nosso
redor. Ela vence a morte em nosso interior e a morte
no interior de nossos irmãos. Em especial, ela vence a
morte naqueles que estão fracos ou que têm
problemas.
A fraqueza está relacionada à morte, e os
problemas vêm da morte. Uma vez que haja
problemas na vida da igreja, isso é um indicador de
que há morte entre aqueles na igreja. Portanto,
precisamos da vida eterna para vencer, tragar, essa
morte. Se você é mais forte, e um co-membro é mais
fraco, então você pode tornar-se aquele que supre a
vida de dentro de você para o mais fraco, de modo
que trague a morte dentro dele.
Agora podemos entender por que o versículo 14
começa com “e”. Leiamos novamente os versículos 13
e 14a: “Estas coisas vos escrevi a fim de saberdes que
tendes a vida eterna, a vós outros que credes em o
nome do Filho de Deus. E esta é a confiança que
temos para com ele.” Aparentemente, a primeira
parte do versículo 14 não se encaixa nem é lógica.
Mas se tocarmos o encargo no espírito do escritor,
veremos que sua intenção é mostrar-nos não apenas
que temos vida eterna, mas também que essa vida
eterna dentro de nós vence a morte e a traga.

PEDIR DE ACORDO COM A VONTADE DE


DEUS
No versículo 14 João diz: “E esta é a confiança
que temos para com ele, que, se pedirmos alguma
coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve.” Aqui,
“confiança” refere-se à confiança que temos para
nossa oração em comunhão com Deus. Baseados no
fato de que recebemos vida eterna mediante o
nascimento divino por crer no Filho de Deus,
podemos orar, na comunhão da vida eterna,
contatando a Deus, na confiança de uma consciência
livre de ofensa (At 24:16), de acordo com Sua
vontade, com a certeza de que Ele nos ouvirá.
Esse versículo fala de pedir de acordo com a
vontade de Deus, não de acordo com nosso desejo,
preferência ou maneira. Mas como podemos saber se
a coisa que pedimos está de acordo com Sua vontade?
Uma pessoa que pede segundo a vontade de Deus é
aquela que foi regenerada, que tem a vida divina e
que está na comunhão da vida divina. Como vimos no
capítulo 3, tal pessoa terá uma consciência livre de
ofensa. Isso significa que seu coração não o acusa,
pois enquanto está na comunhão da vida divina, ele
tem uma consciência sem ofensa. Uma vez que
permaneçamos na comunhão da vida divina, nossa
consciência certamente estará sem ofensa. Então
seremos capazes de orar, pedir, segundo a vontade de
Deus. Por meio disso podemos ver que uma pessoa
que ora na comunhão da vida divina é
verdadeiramente uma com o Senhor. É desta maneira
que conhecemos a vontade de Deus: sendo um com
Ele, habitando Nele e permanecendo na comunhão
da vida divina.
A oração que é de acordo com a vontade de Deus
indica que aquele que ora permanece na comunhão
da vida divina e também habita no próprio Senhor.
Tal crente é um com o Senhor. Isso torna possível ter
confiança para com Deus. Quando estamos na
comunhão da vida Divina e nossa consciência está
sem ofensa, temos paz com Deus e também confiança
para orar, não de acordo com nosso sentimento, mas
de acordo com Sua vontade. Por orarmos segundo
Sua vontade, Ele nos ouve.

SABER QUE OBTEMOS OS PEDIDOS


Em 5:15 João prossegue dizendo: “E, se sabemos
que ele nos ouve quanto ao que lhe pedimos, estamos
certos de que obtemos os pedidos que lhe ternos
feito.” Esse saber está baseado no fato de que após
termos recebido a vida divina, permanecemos no
Senhor e somos um com Ele em nossa oração a Deus
em Seu nome (Jo 15:7, 16; 16:23-24). Baseados no
fato de que recebemos a vida divina por meio do
nascimento divino, podemos permanecer no Senhor e
ser um com Ele em nossa oração. Por sermos um com
o Senhor na oração, oramos em Seu nome. Por meio
disso sabemos que Ele nos ouve quanto ao que Lhe
pedimos. Nosso pedido não é em nós mesmos
segundo nossa mente, mas no Senhor segundo a
vontade de Deus. Portanto, sabemos que obtemos os
pedidos que fazemos a partir Dele.

PEDIR E DAR VIDA


No versículo 16 João chega ao seu objetivo nesta
seção: “Se alguém vir seu irmão pecando, pecado não
para morte, pedirá, e ele lhe dará vida, aos que pecam
não para morte. Há pecado para morte; por esse não
digo que peça” (lit.). Literalmente, a palavra grega
traduzida como “para” neste versículo significa em
direção a. Aqui João está dizendo que se alguém vir
seu irmão, alguém próximo a ele no Senhor,
cometendo pecado não para morte, ele deve pedir
com relação a ele. A palavra “pedir” aqui deve
referir-se à oração feita quando permanecemos na
comunhão com Deus.
Sem dúvida, “pedirá” refere-se àquele que vê seu
irmão cometendo pecado não para morte. Mas a
quem se refere “lhe dará vida”? Há um problema com
o segundo “ele” neste versícu10. Algumas traduções
colocam-no em letra maiúscula e por conseguinte faz
com que se refira ao Senhor. Na verdade, em ambos
os casos “ele” refere-se à mesma pessoa, isto é, àquele
que vê seu irmão pecando e que pede por ele.
O sujeito de “lhe dará vida” ainda é “ele”, o
sujeito do primeiro predicado “pedirá”. Isso indica
que o pedidor dará vida para aquele por quem ele
pediu. Isso não significa que o que pede tenha vida
em si mesmo e possa dar vida a outros por si mesmo.
Significa que este que pede, que está habitando no
Senhor, que é um com o Senhor, e que pede em um
espírito com o Senhor (1Co 6:17), torna-se o meio
pelo qual o Espírito que dá vida de Deus pode dar
vida àqueles pelos quais ele pede. Esta é uma questão
de dispensação de vida na comunhão da vida divina.
Para ser alguém que pode dar vida aos outros,
devemos habitar na vida Divina e andar, vi ver e ter
nosso ser na vida divina. Em Tiago 5:14-16 a oração é
pela cura; aqui a oração é para dispensação de vida.
O ponto vital aqui é que se quisermos orar por
um irmão de acordo com o que está descrito no
versículo 16, precisamos ser um com o Senhor.
Devemos habitar no Senhor e pedir em um espírito
com Ele. Por sermos realmente um com o Senhor,
podemos nos tomar o meio, o canal, pelo qual o
Espírito que dá vida de Deus pode dispensar vida
àquele por quem pedimos. Este dispensar da vida
ocorre na comunhão da vida Divina.
Sem dúvida, “vida” no versículo 16 refere-se à
vida espiritual dispensada para aquele por quem se
pediu por intermédio da oração daquele que pede.
Entretanto, de acordo com o contexto, essa vida
espiritual também socorre o corpo físico daquele por
quem se pediu, do perigo de sofrer morte por causa
de seu pecado (ver Tiago 5:15).
PECADO PARA MORTE
A respeito do “pecado para morte”, os mestres da
Bíblia têm diferentes interpretações. Alguns dizem
que se refere ao pecado dos anticristos ao negar que
Jesus é o Cristo (2:22), um pecado que os mantêm na
morte eternamente. Mas, de acordo com o contexto
deste versículo, pecado para morte está relacionado a
um irmão que peca, não a um anticristo ou qualquer
outro incrédulo. Uma vez que esta seção, 5:14-17, está
relacionada à oração na comunhão da vida eterna
abrangida em 1:3 — 2:11, tudo o que ela trata deve
estar relacionado à questão da comunhão da vida
divina. Na comunhão da vida divina há o tratamento
governamental de Deus segundo a condição espiritual
de cada um de Seus filhos. No tratamento
governamental de Deus, alguns de Seus filhos podem
estar destinados à morte física nesta era devido a
determinado pecado, e outros também podem estar
destinados à morte física devido a outros pecados. A
situação é semelhante à de Ananias e sua esposa
Safira, que foram tratados pela morte física devido à
sua mentira ao Espírito Santo (At 5:1-11). A situação
também é semelhante àquela dos crentes coríntios,
que foram tratados com um julgamento similar por
não discernirem o Corpo (1Co 11:29-30). Isso foi
tipificado pelo tratamento de Deus com os filhos de
Israel no deserto (1Co 10:5-11). Todos eles, exceto
Calebe e Josué, foram julgados por Deus com morte
física devido a certos pecados. O tratamento
governamental de Deus é severo. Miriã, Arão e
mesmo Moisés não foram poupados desse tipo de
tratamento devido a algumas de suas falhas (Nm
12:1-15; 20:1, 12, 22-29; Dt 1:37; 3:26-27; 32:48-52).
A punição do tratamento governamental de Deus
para com Seus filhos não tem relação alguma com a
perdição eterna. Pelo contrário, é um tratamento
dispensacional de acordo com o governo divino, o
qual está relacionado à nossa comunhão com Deus e
de uns com os outros. Se um pecado é para morte ou
não, depende do julgamento de Deus segundo a
posição e condição de cada um na casa de Deus. Em
qualquer caso, filhos de Deus pecarem é uma questão
séria. O pecado pode ser julgado por Deus com a
morte física nesta era! Com relação a este pecado
para morte, o apóstolo não diz que devemos fazer
pedidos.
No versículo 17 João prossegue dizendo: “Toda
injustiça é pecado, e há pecado não para morte.” Todo
mal procedimento, tudo o que não é justo ou correto,
é pecado.
Já salientamos que no tratamento
governamental de Deus, para alguns santos,
determinado pecado pode ser para morte. Mas para
outros santos o mesmo pecado pode não ser para
morte. No versículo 16 João diz: “Há pecado para
morte”, e no versículo 17 ele diz: “Há pecado não para
morte”. Além disso, João parece querer dizer no
versículo 16 que aquele que ora pode saber se um
irmão está ou não cometendo pecado para morte,
pois é-nos dito que roguemos somente por pecado
que não seja para morte. Isso levanta a questão muito
importante de como podemos saber se certo pecado é
ou não para morte. Esse é um assunto profundo, e
vamos considerá-lo em detalhes na mensagem
seguinte.
ESTUDO-VIDA DE 1 JOÃO
MENSAGEM 38
AS VIRTUDES DO NASCIMENTO DIVINO PARA
VENCER O MUNDO, A MORTE, O PECADO, O
MALIGNO E OS ÍDOLOS (3)

Leitura da Bíblia: 1 J05:14-17

SABER QUE DETERMINADO PECADO É


PARA MORTE
Em 5:16 e 17 João diz: “Se alguém vir seu irmão
pecando, pecado não para morte, pedirá e ele lhe dará
vida, aos que pecam não para morte. Há pecado para
morte; por esse não digo que peça. Toda injustiça é
pecado, e. há pecado não para morte” (lit.). Esses
versículos indicam que se virmos um irmão
cometendo pecado não para morte, devemos pedir
por ele e dar-lhe vida. Mas como podemos saber se
determinado pecado é para morte? Suponha que um
irmão tenha pecado e também fique doente. Se não
soubermos se esse pecado é ou não para morte, como
seremos capazes de fazer pedido concernente à
situação?
Vimos que 5:14-17 relaciona-se à oração na
comunhão da vida eterna. Na comunhão da vida
Divina há o tratamento governamental de Deus de
acordo com a condição espiritual de cada um de Seus
filhos. No tratamento governamental de Deus, alguns
de Seus filhos podem ser destinados à morte física
nesta era devido a certo pecado, e outros podem ser
destinados à morte física devido a outros pecados. Se
um pecado é para morte ou não, depende do
julgamento de Deus segundo a posição e condição de
cada um na casa de Deus.
Embora possamos estar claros sobre essa
questão em princípio, como vamos discernir se certo
irmão pecou ou não para morte? Para termos esse
tipo de discernimento, precisamos ser alguém que
seja absolutamente um com o Senhor. Na verdade,
somente o próprio Senhor sabe se certo pecado é para
morte. Portanto, se não formos um com o Senhor,
não poderemos saber se um irmão pecou ou não para
morte. Entretanto, se formos intimamente um com o
Senhor, se permanecermos no Senhor e se formos um
espírito com Ele, espontaneamente saberemos se um
pecado em particular é ou não para morte. Não
haverá necessidade de tentarmos saber essa questão.

O CASO DE MOISÉS
Não deveríamos pensar que um pecado
específico seja sério e seja para morte e que outro
pecado não seja sério e não seja para morte.
Considere o caso de Moisés em Números 20. Moisés
foi provocado e, como resultado, fez algo que não
estava de acordo com a vontade de Deus: ele bateu na
rocha uma segunda vez. Bater na rocha duas vezes
estava contra o princípio básico de Deus. A rocha
tipifica Cristo, e Deus não tinha intenção que Cristo
fosse ferido duas vezes. A primeira vez Moi sés bateu
na rocha de acordo com a palavra de Deus (Êx 17:1-6).
Mas na segunda vez que Moisés bateu na rocha não
foi segundo a palavra de Deus. Deus disse a Moisés
que falasse à rocha. Mas, sendo provocado, Moisés
bateu nela uma segunda vez. Devido àquele erro, a
Moisés, embora fosse tão achegado a Deus, não foi
permitido entrar na boa terra: “Mas o Senhor disse a
Moisés e a Arão: Visto que não crestes em mim, para
me santificardes diante dos filhos de Israel, por isso
não fareis entrar este povo na terra que lhe dei” (Nm
20:12). De acordo com Deuteronômio 32:48-52, o
Senhor disse a Moisés que subisse à montanha e
morresse, pois ele e Arão haviam transgredido contra
o Senhor “no meio dos filhos de Israel, nas águas de
Meribá de Cades, no deserto de Zim, pois me não
santificastes no meio dos filhos de Israel” (v. 51).
Podemos achar que Moisés cometeu apenas um
pequeno engano. Mas de acordo com o tratamento
governamental de Deus, aquele foi um pecado para
morte. O caso de Moisés ilustra o fato de que em nós
mesmos não somos qualificados ou capazes de
discernir que tipo de pecado é para morte. Podemos
ter este discernimento apenas quando somos
absolutamente um com o Senhor.

O DISPENSAR DE VIDA NA COMUNHÃO DA


VIDA DIVINA
O que é descrito em 5:14-17 com respeito à
petição que dá vida pode ser experimentado somente
por aqueles que são profundos no Senhor. No
versículo 14 João fala da oração que é segundo a
vontade de Deus. Para ter este tipo de oração,
precisamos ser um com o Senhor. Se formos
profundamente um com Ele, saberemos Sua vontade
e também conheceremos a situação daquele que está
pecando. Por ele ser nosso irmão, alguém muito
próximo de nós no Senhor, conheceremos sua
verdadeira situação diante do Senhor. Essa é uma
questão profunda.
Se você é um com o Senhor, e diante do Senhor
conhece a condição e situação de um irmão que peca,
então saberá a vontade do Senhor e será capaz de orar
de acordo com Sua vontade. Por conhecer a vontade
do Senhor, você também saberá se esse irmão
morrerá ou não por causa de seu pecado.
Esses versículos indicam que nós, que temos a
vida eterna, podemos transmitir essa vida a outros.
Isso significa que podemos ser um canal por meio do
qual a vida eterna é suprida aos outros. Podemos ser
um canal para a vida eterna fluir de nós para dentro
dos outros. O versículo 16 refere-se a isto. Nesse
versículo, aquele que pede é também aquele que dá
vida ao irmão que peca. Isso indica que aquele que
pede dará vida àquele por quem ele pede. O que pede,
que permanece no Senhor, é um com
Senhor e está pedindo em um espírito com o Senhor,
toma-se o meio pelo qual o Espírito que dá vida, de
Deus, pode dar vida àquele por quem ele pede. Esta é
uma questão de dispensação de vida na comunhão da
vida divina.
Note que no versículo 16 João fala de alguém
vendo “seu irmão” pecar. As palavras “seu irmão”
indicam um irmão que está próximo dele, alguém que
está tão perto dele que é uma parte dele. Se você tem
um irmão próximo de você desta maneira e não sabe
se esse irmão morrerá por causa de seu pecado, então
você não é profundo no Senhor. Se é verdadeiramente
profundo no Senhor e é um com Ele, enquanto
considera a situação do irmão, você entrará no
coração do Senhor e conhecerá Sua vontade. Saberá
se esse irmão, que é tão íntimo de você, morrerá por
causa de seu pecado. Então saberá como orar por ele.
Saberá se orará ou não para ele ser perdoado e
curado. Se o pecado desse irmão é para morte, você
perceberá que não deve orar para dispensar vida a
ele. Em vez disso, você poderá ser incumbido de orar
por ele de outro ângulo.
Meu encargo nesta mensagem é mostrar-lhe que
a vida eterna dentro de nós é real e prática. Por um
lado, podemos desfrutar esta vida eterna dentro de
nós. Por outro lado, podemos transmitir essa vida
eterna a outros. Podemos ser um canal para a vida
eterna fluir a partir de nós ou por meio de nós, a
outros. Entretanto, a experiência de ser um canal
para a vida eterna fluir a outros é uma questão
profunda. Isso não pode ser feito de maneira
superficial. Se quisermos ser um canal para a vida
eterna fluir a outros, precisamos ser profundos no
Senhor e conhecer o coração do Senhor, por estarmos
em Seu coração. Se tivermos entrado no Senhor a tal
ponto, espontaneamente saberemos a vontade do
Senhor para com um irmão próximo de nós, que
tenha pecado. Por conhecermos a vontade do Senhor
com relação à situação do irmão, saberemos como
orar por ele.

TESTEMUNHO DE UMA EXPERIÊNCIA


PESSOAL
Apesar de não alegar que seja tão profundo no
Senhor, posso testificar que através dos anos tenho
conhecido alguns casos de irmãos que pecaram para
morte. Determinado irmão, que era muito próximo
de mim, caiu em um tipo de pecado. Durante o
transcorrer de uma comunhão com o Senhor, tive o
profundo sentimento de que o Senhor levaria esse
irmão. Percebi que esse irmão morreria por causa de
seu pecado, e por fim ele realmente morreu por essa
razão. Eu orei por esse irmão. Primeiramente, tive a
intenção de orar pela sua cura. Mas o Espírito dentro
em mim proibiu-me de orar daquela maneira. Como
eu sei que estava proibido pelo Espírito de orar pela
cura desse irmão? Sabia porque enquanto orava por
ele, eu tinha a unção dentro de mim. Mas quando
estava para orar por sua cura, a unção parava. Foi
dessa maneira que percebi que não deveria orar pela
cura daquele irmão. Simultaneamente, comecei a
entender que provavelmente o Senhor não o curaria,
que ele provavelmente morreria como resultado de
seu pecado. Então, com muita unção do Senhor, orei
por esse irmão de outro ângulo. Orei para que o
Senhor o confortasse e à sua esposa e que cuidasse de
sua família.
Em alguns casos, quando tentava orar pela cura
deste irmão, era reprovado pelo Senhor. O Senhor
dizia a mim: “Você está orando de acordo com seu
próprio desejo. Esse irmão é íntimo seu, e você o ama
e quer que viva mais. Você está orando não de acordo
com a vontade de Deus, mas de acordo com seu
próprio desejo.” Sabendo que não podia continuar
orando daquela maneira, vim a perceber que o
Senhor provavelmente levaria o irmão. Essa foi
minha experiência em alguns casos no passado.
Em 5:14-17 João nos mostra que a vida eterna é
prática e pode ser experimentada por nós de maneira
profunda. Nesses versículos vemos a necessidade de
viver na vida divina a tal ponto que sejamos
absolutamente um com o Senhor. Então, enquanto
oramos, saberemos se há ou não a unção em nossa
oração. Se houver a unção, devemos prosseguir
orando por um irmão, segundo a unção. Se não
houver unção, podemos estar orando em nós
mesmos. Quando temos essas experiências, sabemos
que a vida eterna é real e prática.
O PROBLEMA DO PECADO
A Epístola de 1 João fala sobre a comunhão da
vida divina. Os capítulos 1, 3 e 5 indicam fortemente
que o pecado é um problema para nós. No capítulo 1,
pecado e pecados são tratados. De acordo com esse
capítulo, o pecado danifica nossa comunhão na vida
divina.
No capítulo 3, João diz que aquele que pratica
pecado é procedente do diabo (v. 8), e que todo
aquele que é nascido de Deus não pratica pecado (v.
9). Em seguida, no versículo 20, João diz que se nosso
coração nos acusa, Deus é maior do que o nosso
coração e conhece todas as coisas. No versículo 21 ele
prossegue dizendo que se o nosso coração não nos
acusar, temos confiança diante de Deus. Nosso
coração nos acusar significa que estamos errados em
alguma coisa. Isso indica que o pecado causa
problema à nossa consciência. Portanto, precisamos
ter nossa consciência livre de ofensa.
No capítulo 5 vemos algo ainda mais sério acerca
do pecado. O pecado não somente interrompe nossa
comunhão e faz com que nossa consciência não tenha
paz; o pecado pode até mesmo causar morte física. De
acordo com o conceito humano pode parecer
insignificante vir à mesa do Senhor sem discernir o
Corpo do Senhor (1Co 11:29). Na verdade, é
extremamente sério vir à mesa do Senhor com
espírito divisivo e por conseguinte falhar em discernir
o Corpo. Devido a muitos dos crentes em Corinto
falharem em discernir o Corpo, alguns ficaram fracos.
Aquilo foi uma advertência. Alguns que não deram
atenção a essa advertência ficaram doentes. Por fim,
aqueles que não quiseram sequer atentar àquela
advertência morreram. Em nossa opinião, eles não
devem ter cometido um pecado grosseiro. No
entanto, do ponto de vista do governo de Deus, alguns
dos coríntios cometeram pecado para morte.
Pecados, falhas, erros e transgressões podem ser
vistos de diferentes ângulos. Do ponto de vista
humano, certos enganos podem parecer mínimos.
Mas, do ponto de vista de Deus, especialmente da
perspectiva de Seu governo, certas questões que não
são sérias a nosso ver, são de fato muito sérias. Por
exemplo, de acordo com o governo de Deus, Moisés
cometeu um grande erro. Para os israelitas, o que ele
fez foi insignificante. Entretanto, Moisés cometeu um
sério engano com relação ao governo de Deus. Por
meio disso podemos ver que faz diferença de que
ângulo o pecado ou falha de alguém é visto.
Definitivamente não tenho intenção de
amedrontar ninguém. Simplesmente quero salientar
a verdade concernente à seriedade do pecado.
Se você estudar a situação daqueles que se
rebelaram contra a Igreja, verá que se opor à Igreja,
tentar causar dano à Igreja ou rebelar-se contra a
autoridade da igreja é uma questão muito séria. No
mínimo, tal rebelião causa grande perda à vida
espiritual da pessoa. Em mais de cinqüenta anos de
experiência na vida da igreja, nunca vi alguém que
não estava correto para com a igreja que continuou a
desfrutar bênção espiritual como deveria. Se alguém
não quer acompanhar a igreja, é melhor que não se
envolva com a igreja. Mas uma vez que alguém toque
a igreja de modo negativo, aquela pessoa sofrerá
dano. Ao dizer isso não estou proferindo maldição
sobre ninguém. Pelo contrário, estou simplesmente
sendo fiel em falar a verdade. A história prova que
não é proveitoso para ninguém procurar danificar a
igreja ou rebelar-se contra ela.
Eu insisto com todos os santos, especialmente os
irmãos e irmãs jovens, a jamais serem negligentes ou
descuidados com relação ao pecado. Nunca pensem
que o pecado seja uma questão insignificante. Todos
devemos ficar longe de coisas pecaminosas. O pecado
faz com que nossa comunhão seja quebrada, leva-nos
a não ter paz em nossa consciência e pode ainda
causar a perda da vida física. Se o pecado não levar
alguém à morte física, ele certamente causará morte
espiritual. Portanto, aprendamos a temer a Deus com
relação ao pecado.
Possamos também aprender a tornar-nos
profundos na comunhão com o Senhor. Se formos
profundos em nossa comunhão com o Senhor,
seremos aqueles que estão no coração do Senhor e
conhecem Sua vontade, tanto com relação a nós
mesmos como em relação aos co-membros do Corpo.
Então seremos capazes de ajudar aqueles ao nosso
redor e até mesmo dispensar vida a eles proveniente
do Senhor e por meio do Espírito Santo. Isso significa
que seremos capazes de ser um canal para a vida
divina fluir de nós para dentro de nossos
co-membros.
Recentemente perguntaram-me se toda doença é
devido ao pecado. Se considerarmos a experiência
humana e a espiritual, devemos dizer que nem toda
doença é devido ao pecado. Aqui, quero enfatizar o
fato de que, pela misericórdia e graça do Senhor,
somos Seus filhos, possuindo Sua vida e desfrutando
Sua natureza. Agora, precisamos ser cuidadosos
quanto a tudo o que se relacione ao nosso viver
diário: comer, beber, contatar pessoas, gastar
dinheiro. Se formos cuidadosos com todas as coisas,
então faremos nossa parte para sermos preservados
de ficar doente ou fraco. Em cada
coisa-espiritualmente, psicologicamente, fisicamente
e materialmente-precisamos ser corretos para com
Deus e o homem. Em particular, não devemos
propositada e conscientemente fazer nada que seja
contra o Senhor. E extremamente sério
conscientemente ir contra o Senhor.
ESTUDO-VIDA DE 1 JOÃO
MENSAGEM 39
AS VIRTUDES DO NASCIMENTO DIVINO PARA
VENCER O MUNDO, A MORTE, O PECADO, O
MALIGNO E OS ÍDOLOS (4)

Leitura da Bíblia: 1105:18-21


Antes de considerarmos 5:18-21, gostaria de
dizer urna palavra adicional com respeito à petição
que dá vidaem5:14-17. Em 5:14-17 existe a indicação
não apenas de que ternos a vida eterna e a
desfrutamos, mas também de que podemos ministrar
essa vida a outros. Isso significa que podemos dar
vida eterna a outros. Sobre esse assunto, o
pensamento de João é profundo. Embora o
pensamento aqui seja profundo, a questão é muito
prática em nossa vida cristã. Se desfrutamos a vida
eterna e a experimentamos, certamente seremos
capazes de canalizar essa vida a outros. Seremos
capazes de ministrar a vida eterna a outros membros
do Corpo.
Em 5:16 João diz que há pecado para morte e que
não devemos fazer pedido sobre isso. Salientamos
que, sob o tratamento governamental de Deus, certo
pecado pode ser para morte. Mas esta questão de
pecado para morte não deve nos distrair do
pensamento básico nesses versículos sobre ministrar
vida eterna a outros. Essa seção implica que podemos
canalizar a vida eterna do nosso interior para dentro
dos outros. Você não deve tentar saber se alguém será
ou não curado ou se determinado pecado é ou não
para morte. Em vez disso, você deve simplesmente
reconhecer que os santos ao seu redor, como
co-membros no Corpo, todos precisam que a vida
eterna seja canalizada do seu interior para dentro
deles.
Precisamos ministrar vida a outros. Podemos
ministrar vida aos santos orando ou tendo comunhão
com eles. Algumas vezes podemos ministrar vida a
um irmão simplesmente por visitá-lo, sem dizer-lhe
muita coisa. Nosso contato com ele ministra vida a
ele. Uma vez que estejamos junto comesse irmão, a
vida sai de nosso ser e flui para dentro dele. De
5:14-17 precisamos ver que temos vida eterna e que
podemos experimentar e desfrutar essa vida e em
seguida ministrá-la a outros.

O NASCIMENTO DIVINO
Em 5:18-21 temos uma conclusão vigorosa da
Epístola de 1 João. Nessa conclusão, João uma vez
mais enfatiza o nascimento divino (v. 18). Como já
salientamos, esse livro está estruturado com o
nascimento divino, a vida divina, a comunhão divina,
a unção divina e todas as virtudes que provêm do
nascimento divino. Espero que todos tenhamos uma
profunda impressão com respeito ao nascimento
divino, com respeito ao fato de que nascemos de
Deus. Precisamos também ficar profundamente
impressionados com relação à vida Divina, a qual foi
semeada como a semente divina dentro do nosso ser;
com relação à comunhão divina, a fim de
desfrutarmos as riquezas da vida divina; com relação
à unção divina, por meio da qual permanecemos no
Senhor e temos comunhão com Ele; e com relação a
todas as virtudes que procedem do nascimento
divino. No que diz respeito a essas questões, não
devemos ter mero conhecimento; precisamos tocar a
profundeza da realidade dessas coisas nessa Epístola.
Em 5:18 João diz: “Sabemos que todo aquele que
foi gerado de Deus não peca, antes, aquele que é
gerado de Deus guarda a si mesmo, e o maligno não
lhe toca” (lit.). Para evitar de pecar, o que não
somente interrompe a comunhão da vida divina
(1:610), mas também pode até mesmo trazer morte
física (5:16-17), o apóstolo enfatiza aqui novamente,
com a garantia da capacidade da vida divina, nosso
nascimento divino, que é a base da vida vitoriosa.
Esse fato básico não nos permite, os que somos
regenerados, praticar pecado (3:9), isto é, viverem
pecado (Rm 6:2).

UMA PESSOA REGENERADA GUARDA A SI


MESMA DE PECAR
Em5:18 João diz-nos algo que está intimamente
relacionado à nossa vida cristã. Ele diz que todo
aquele que foi gerado de Deus não peca. Em seguida,
ele diz que aquele que é gerado de Deus guarda a si
mesmo, e o maligno não lhe toca. Aqui temos um
pensamento que não havia sido apresentado antes —
o pensamento de que pessoas regeneradas podem
guardar a si mesmas de pecar.
Alguns mestres dizem que “aquele” em 5:18
refere-se a Cristo, que foi gerado de Deus e guarda o
que foi regenerado, baseados em João 17:15. Mas a
frase “gerado de Deus” nessa oração, sendo uma
repetição daquela na oração anterior, deve ser o fator
lógico e determinante de que “aquele” ainda se refere
ao crente regenerado. Um crente regenerado
(especialmente seu espírito regenerado, o qual é
gerado do Espírito de Deus João 3:6), guarda a si
mesmo de vi ver em pecado, e o maligno não lhe toca,
especialmente seu espírito regenerado. Seu
nascimento divino com a vida Divina em seu espírito
é o fator básico de tal salvaguarda.
Esse entendimento do pronome “aquele” em 5:18
é sustentado pela palavra de João em 5:4: “Porque
tudo o que é nascido de Deus vence o mundo.”
Estritamente falando, esse versículo refere-se ao
nosso espírito regenerado. É este espírito regenerado
que nos guarda de pecar.
Como já mencionamos, alguns tradutores dizem
que “aquele” em 5:18 refere-se ao Senhor Jesus e
deveria ser traduzido como “Aquele”. Segundo esse
entendimento, Cristo foi gerado de Deus, e Ele nos
guarda. Mas como resultado de muito estudo e de
acordo com nossa experiência, concluímos que o
pronome “aquele” refere-se à pessoa que foi gerada
de Deus. Isso é indicado pelo fato de que “gerado de
Deus” é utilizado duas vezes nesse versículo.
Primeiro, é-nos dito que todo aquele que foi gerado
de Deus não peca, e em seguida que aquele que é
gerado de Deus guarda a si mesmo. Não é lógico dizer
que no primeiro caso, “gerado de Deus” refira-se a um
crente regenerado e que no segundo caso essa frase
refira-se a Cristo. Em 5:18 “aquele” refere-se a uma
pessoa regenerada, uma pessoa que foi gerada de
Deus e que por conseguinte guarda a si mesma de
pecar. A palavra “guarda” significa proteger com
cuidadosa atenção.

NÃO SER TOCADO PELO MALIGNO


Em 5:18 João diz que o maligno não toca aquele
que foi gerado de Deus e que guarda a si mesmo.
Aqui, “tocar” significa agarrar, prender, para fazer
mal e realizar propósitos malignos. A palavra grega
traduzida como “o maligno” é poneros. Essa palavra
difere de kakos, que se refere a um caráter
essencialmente desprezível e mau, e também difere
de sapros, que indica inutilidade e corrupção,
degeneração da virtude original. A palavra grega
poneros significa pernicioso, prejudicialmente
maligno, afetando e influenciando outros a serem
maus e depravados. Este maligno é Satanás, o diabo,
em quem todo o mundo jaz (v. 19).
Pelo menos uma versão diz: “O maligno não pode
tocá-lo”, em vez de “o maligno não lhe toca”. Dizer
que o maligno não pode tocá-lo é diferente de dizer
que o maligno não o toca. A tradução correta é: “O
maligno não lhe toca.” O pensamento aqui não é de
que o maligno não seja capaz de nos tocar; mas sim
de que o maligno não nos toca. Aqui João está
dizendo que uma vez que permaneçamos em nosso
espírito regenerado, este espírito nos guardará de
pecar, e o maligno não nos toca. Ele sabe que se
tentar nos tocar quando estivermos permanecendo
em nosso espírito regenerado, ele estará perdendo
tempo. Assim, o pensamento aqui não é que o
maligno não possa nos tocar, mas que ele não nos
toca quando estamos no espírito.
Sabemos pela experiência que quando estamos
na carne, esquecendo-nos de nosso espírito
regenerado, tornamo-nos presa para o maligno, até
mesmo um “delicioso prato” para ele comer. Neste
momento, o maligno pode dizer: “O, aqui está algo
bom para eu comer”. O maligno não somente irá nos
tocar — ele irá nos engolir. Mas quando estamos em
nosso espírito regenerado, ele não perderá seu tempo
conosco.
O pensamento em 5:18 é que nascemos de Deus e
temos a vida divina. Este nascimento divino ocorre
em nosso espírito regenerado, e agora a vida divina
está em nosso espírito regenerado. Portanto,
devemos simplesmente permanecer em nosso
espírito regenerado. A regeneração com o nascimento
divino e a vida divina guarda-nos do pecado, falhas e
corrupção. Quando permanecemos em nosso espírito
regenerado, Satanás sabe que não há maneira de ele
nos tocar, e não tentará nos tocar.
Se considerarmos toda a Epístola, perceberemos
que o apóstolo João está tentando nos impressionar
com o fato de que nascemos de Deus. Tivemos um
nascimento divino, e possuímos a vida Divina. Uma
parte específica do nosso ser nosso espírito — foi
regenerado com a vida divina. Agora temos uma
Salvaguarda: nosso espírito regenerado com a vida
divina. Uma vez que permaneçamos em nosso
espírito regenerado, estamos em um refúgio, um
lugar de proteção e Salvaguarda, e o maligno não nos
toca.

O MUNDO INTEIRO JAZ NO MALIGNO


Em 5:19 João prossegue dizendo: “Sabemos que
somos de Deus, e que o mundo inteiro jaz no
maligno.” Literalmente, a palavra grega para “de”
aqui significa proveniente de, proveniente a partir de.
Visto que fomos gerados de Deus, somos
provenientes Dele, a partir Dele, possuindo Sua vida e
participando de Sua natureza. Por isso estamos
separados para Deus do mundo satânico que jaz no
maligno.
Em 5:19 João diz que o mundo inteiro jaz no
maligno. O mundo inteiro compreende o sistema
mundial satânico (2:15) e as pessoas do mundo, a
raça humana caída (4:1). O mundo inteiro jaz em o
maligno significa que ele permanece passivamente na
esfera de influência do maligno, sob sua usurpação e
manipulação. Enquanto os crentes estão vivendo e
movendo-se ativamente pela vida de Deus, o mundo
inteiro jaz passivamente sob a usurpadora e
manipuladora mão de Satanás, o maligno. Isso é
especialmente verdadeiro quanto às pessoas do
mundo. Enquanto somos provenientes de Deus,
pertencemos a Deus e somos um com Deus, o mundo
jaz no maligno e pertence ao diabo. As pessoas no
mundo não têm sua própria liberdade. Pelo contrário,
elas estão sob o controle e manipulação do diabo.
Podemos usar a cirurgia como ilustração de
como o mundo inteiro jaz no maligno. Durante uma
cirurgia o paciente jaz passivamente na mesa de
operação, e o cirurgião realiza a operação. O paciente
está totalmente sob o controle do cirurgião. O mundo
inteiro hoje é semelhante a isso em relação a Satanás.
Satanás é um “cirurgião” maligno, e as pessoas do
mundo são os “pacientes” jazendo sobre sua “mesa de
operação”. Louvado seja o Senhor que somos de Deus
e temos uma relação de vida com Ele!

O FILHO DE DEUS VEIO E DEU-NOS


ENTENDIMENTO
No versículo 20 João continua: “E sabemos que o
Filho de Deus veio, e nos tem dado entendimento
para conhecermos o verdadeiro; e estamos no
verdadeiro, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o
verdadeiro Deus e a vida eterna” (li t.). A palavra
“veio” aqui indica que o Filho de Deus veio por meio
da encarnação para trazer Deus a nós como graça e
realidade (Jo 1:14), para que tenhamos a vida Divina,
como é revelado no Evangelho de João, para
participar de Deus como amor e luz, como é revelado
nessa Epístola.
Em 5:20 João diz que o Filho de Deus nos tem
dado entendimento de tal modo que possamos
conhecer quem é verdadeiro, ou conhecer o
verdadeiro. Esse entendimento é a faculdade de nossa
mente iluminada e fortalecida pelo Espírito da
realidade (Jo 16:12-15) para apreender a realidade
Divina em nosso espírito regenerado. Nesse versículo
“conhecer” é a habilidade da vida divina para
conhecer o verdadeiro Deus (Jo 17:3) em nosso
espírito regenerado (Ef 1:17) por meio de nossa mente
renovada, iluminada pelo Espírito da realidade.
O entendimento citado no versículo 20 envolve
nossa mente, nosso espírito e o Espírito da realidade.
De acordo com nosso ser natural, nosso espírito está
amortecido e nossa mente está obscurecida. Portanto,
em nosso ser natural não temos a habilidade de
conhecer a Deus. Como pode alguém com um espírito
amortecido e uma mente obscurecida conhecer o
Deus invisível? Isso é impossível.
O Senhor Jesus, o Filho de Deus, veio e nos deu
entendimento para que possamos conhecer o Deus
genuíno e real. Ele veio a nós por meio dos passos da
encarnação, crucificação e ressurreição. Ele cumpriu
a redenção por nós e, quando nos arrependemos e
cremos Nele, nós O recebemos. Agora que cremos
Nele e a recebemos, nossos pecados foram
perdoados, nossa mente obscurecida foi iluminada e
nosso espírito amortecido foi vivificado. Além disso, o
Espírito da realidade, que é o Espírito de revelação,
veio para dentro do nosso ser. Isso significa que o
Espírito da realidade foi acrescentado ao nosso
espírito avivado e resplandeceu em nossa mente para
iluminá-la. Agora temos uma mente iluminada e um
espírito vivificado com o Espírito da realidade, que
nos revela a realidade espiritual. Como resultado,
certamente temos um entendimento e somos capazes
de conhecer o Verdadeiro. Antes de sermos salvos,
não tínhamos esse entendimento. Mas o Filho de
Deus veio a nós e nos deu esse entendimento para
que conheçamos a Deus.

A HABILIDADE DE CONHECER DEUS


Em João 17:2 e 3 vemos que a vida eterna tem a
habilidade de conhecer a Deus: “Assim como lhe
conferiste autoridade sobre toda a carne, a fim de que
ele conceda a vida eterna a todos os que lhe deste. E a
vida etema é esta: que te conheçam a ti, o único Deus
verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.” A vida
eterna é a vida divina com uma função
especial-conhecer a Deus. Para conhecer a Deus, a
Pessoa divina, precisamos da vida Divina.
Como crentes, por termos nascido da vida divina,
somos capazes de conhecer a Deus. Para conhecer
determinada coisa viva, você precisa ter a vida
daquela coisa. Por exemplo, um cão não pode
conhecer seres humanos, pois um cão não tem a vida
humana. Requer-se a vida humana para conhecer
seres humanos. a princípio é o mesmo com relação a
conhecer a Deus. O Senhor tem-nos dado a vida
eterna, a vida divina, a vida de Deus. A vida de Deus
certamente é capacitada para conhecer a Deus.
Portanto, a vida de Deus, a qual nos foi dada, tem a
habilidade para conhecer a Deus e as coisas de Deus.
Em 5:20 João fala sobre conhecer o verdadeiro.
Aqui a palavra “conhecer” na verdade significa
experimentar, desfrutar e possuir. Portanto, conhecer
o Verdadeiro é experimentar, desfrutar e possuir o
Verdadeiro. Neste universo somente o próprio Deus é
o Verdadeiro. Precisamos da vida de Deus para
experimentá-Lo, desfrutá-Lo e possuí-Lo.
Essa Epístola revela claramente que recebemos a
vida divina, pois fomos gerados Dele. Assim como
uma criança pode conhecer seu pai por ter a vida do
pai, nós podemos conhecer a Deus por termos a vida
de Deus. Tendo a vida divina, temos a habilidade de
conhecer a Deus. Por termos a vida de Deus, somos
capazes de experimentar, desfrutar e possuir Deus.
O Filho de Deus veio por intermédio da
encarnação e da morte e ressurreição, e tem-nos dado
entendimento, a habilidade de conhecer o verdadeiro
Deus. Esse entendimento inclui nossa mente
iluminada, nosso espírito vivificado e o Espírito Santo
revelador. Por nossa mente ter sido iluminada, nosso
espírito ter sido vivificado e o Espírito da realidade
habitarem nós, temos a habilidade de conhecer a
Deus, a habilidade de experimentar, desfrutar e
possuir o Verdadeiro.
ESTUDO-VIDA DE 1 JOÃO
MENSAGEM 40
AS VIRTUDES DO NASCIMENTO DIVINO PARA
VENCER O MUNDO, A MORTE, O PECADO, O
MALIGNO E OS ÍDOLOS (5)

Leitura da Bíblia: I 105:18-21


Em 5:20 João diz: “E sabemos que o Filho de
Deus veio, e nos tem dado entendimento para
conhecermos o verdadeiro; e estamos no verdadeiro,
em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e
a vida eterna” (lit.). O Filho de Deus, que veio a nós
na encarnação e por meio da morte e ressurreição,
tem-nos dado entendimento, habilidade, para
conhecer o verdadeiro Deus. Este entendimento, esta
habilidade de conhecer, inclui nossa mente
iluminada, nosso espírito avivado e o Espírito da
realidade. Agora temos a habilidade de conhecer a
Deus. Como já enfatizamos, conhecer a Deus é
experimentá-Lo, desfrutá-Lo e possuí-Lo.

O VERDADEIRO
Em 5:20 João, por duas vezes, fala “o que é
verdadeiro” (IBB — Rev.). Uma tradução melhor seria
“o verdadeiro”. Falar de Deus simplesmente como
Deus pode ser falar Dele de forma muito objetiva.
Entretanto, o termo “o verdadeiro” é subjetivo; ele se
refere a Deus tornando-se subjetivo para nós. Nesse
versículo, o Deus que é objetivo torna-se o verdadeiro
em nossa vida e experiência.
Qual é o significado da expressão: “o
verdadeiro”? Em particular, que significa a palavra
“verdade”? Aqui a palavra grega traduzida como
“verdadeiro” é alethinos, genuíno, real (um adjetivo
similar a aletheia, verdade, veracidade, realidade —
Jo 1:14; 14:6, 17), oposto de falso e imitação. De fato,
o verdadeiro é arealidade. O Filho de Deus deu-nos
entendimento para conhecermos — isto é,
experimentar, desfrutar e possuir — essa realidade
divina. Portanto, conhecer o verdadeiro significa
conhecer a realidade por experimentar, desfrutar e
possuir essa realidade.
A Primeira Epístola de João 5:20 indica que
Deus tornou-se nossa realidade em nossa
experiência. O Filho de Deus veio por meio da
encarnação e da morte e ressurreição, e tem-nos dado
entendimento para podermos experimentar,
desfrutar e possuir a realidade, que é o próprio Deus.
Agora, o Deus que uma vez foi objetivo para nós
tornou-se nossa realidade subjetiva.
Em 5:20 João diz que estamos no verdadeiro.
Nós não somente conhecemos o verdadeiro Deus;
também estamos Nele. Não somente temos
conhecimento sobre Ele; estamos em uma união
orgânica com Ele. Somos um com Ele organicamente.
Quando João diz que estamos no verdadeiro, ele
está tocando um ponto crucial. Não somente
conhecemos o verdadeiro, e não somente O
experimentamos, desfrutamos e possuímos como a
realidade, mas estamos nesta realidade. Estamos no
verdadeiro.

NO VERDADEIRO, EM SEU FILHO JESUS


CRISTO
Em 5:20 João diz: “Estamos no verdadeiro, em
seu Filho Jesus Cristo.” Estar no Deus verdadeiro é
estar em Seu Filho Jesus Cristo. Uma vez que Jesus
Cristo como o Filho de Deus é a própria
corporificação de Deus (Cl 2:9), estar Nele é estar no
Deus verdadeiro. Isso indica que Jesus Cristo, o Filho
de Deus, é o Deus verdadeiro.
Consideremos em maiores detalhes a palavra de
João “estamos no verdadeiro, em seu Filho Jesus
Cristo.” Note que há uma vírgula depois da palavra
“verdadeiro”. No texto grego original não há
pontuação alguma. Assim, os tradutores divergem
quanto a haver ou não vírgula após “verdadeiro”.
Além disso, há a questão de se a frase “em Seu
Filho Jesus Cristo” está em aposição a “no
verdadeiro”, ou se é uma locução adverbial. Alguns
intérpretes dizem que esta frase é um aposto; outros
dizem que ela funciona como um advérbio. Se essa
frase está em aposição a “no verdadeiro”, o
significado seria que estar no verdadeiro é o mesmo
que estar em Seu Filho Jesus Cristo. Se “em Seu Filho
Jesus Cristo” for advérbio, então essa frase indica que
estamos no verdadeiro por estar em Seu Filho Jesus
Cristo.
Gramaticalmente falando, é preferível dizer que
“em Seu Filho Jesus Cristo” não está em aposição à
frase anterior, mas que é um modificador
descrevendo como estamos no verdadeiro. Nesse
caso, o significado é que estamos no verdadeiro,
porque estamos em Seu Filho Jesus Cristo. Em outras
palavras, estamos no verdadeiro por estar em Jesus
Cristo. A razão de precisarmos considerar essa
questão é que ela é vital para nossa experiência
espiritual.
Após muito estudo, cheguei à conclusão de que
qualquer que seja a maneira como entendamos a
função da frase “em Seu Filho Jesus Cristo”, o
resultado é o mesmo. Se essa frase está em aposição à
frase anterior, ou se é um modificador, o resultado é o
mesmo. Se a segunda frase está em aposição à
primeira, o significado é que estar no verdadeiro é o
mesmo que estar em Seu Filho Jesus Cristo. Isso
também indicaria que o verdadeiro e Jesus Cristo são
um na forma da coinerência. Portanto, estar no Filho
é espontaneamente estar no verdadeiro. Se “em Seu
Filho Jesus Cristo” for um modificador, o significado
é que estamos no verdadeiro por estar em Seu Filho
Jesus Cristo. Como estamos no verdadeiro? Estamos
Nele por estar em Seu Filho Jesus Cristo.
Se considerarmos esta questão cuidadosamente,
veremos que em ambas as maneiras de entender
essas frases, o significado é na verdade o mesmo. Se
dissermos que estar no verdadeiro é estar em Seu
Filho Jesus Cristo, ou estar no verdadeiro devido a
estar em Jesus Cristo, o resultado é o mesmo.

O VERDADEIRO DEUS E A VIDA ETERNA


Vamos agora prosseguir considerando a última
parte do versículo 20: “Este é o verdadeiro Deus e a
vida eterna.” “Este” refere-se a Deus que veio por
meio da encarnação e tem-nos dado a habilidade de
conhecê-Lo como o Deus genuíno e de sermos um
com Ele organicamente em Seu Filho Jesus Cristo.
Tudo isso é o Deus genuíno e real e a vida eterna para
nós. Este Deus genuíno e real é vida eterna para nós
de tal modo que possamos participar Dele como tudo
para o nosso ser regenerado.
Precisamos prestar especial atenção à palavra
“este”. Em 5:20 João não diz “Ele é”; ele diz “Este”.
Esta é a tradução correta do grego. Além do mais,
João usa a palavra “este” para referir-se tanto ao
Deus verdadeiro como à vida eterna. Por meio disso
vemos que o verdadeiro Deus e a vida eterna são um.
Vimos que estamos no verdadeiro e em Seu Filho
Jesus Cristo. Doutrinariamente, o verdadeiro e Seu
Filho Jesus Cristo podem ser considerados dois. Mas
quando estamos no verdadeiro e em Jesus Cristo em
experiência, Eles são um. Por essa razão João usa
“este” para referir-se tanto ao verdadeiro como a Seu
Filho Jesus Cristo.
Para alguém que não está no verdadeiro e em
Jesus Cristo, Eles são dois. Mas quando estamos
Neles em experiência, Eles são um. Vimos que estar
no verdadeiro é estarem Seu Filho Jesus Cristo. Isso
significa que em nossa experiência de estar Neles,
Eles são um.
Além disso, quando estamos no Verdadeiro e em
Jesus Cristo, Eles são nosso verdadeiro Deus e
também nossa vida eterna. Primeiramente, João fala
do verdadeiro e de Seu Filho Jesus Cristo, e então ele
fala do verdadeiro Deus. Aqui deve haver alguma
distinção entre o verdadeiro e o Deus verdadeiro.
Quando estamos no verdadeiro e em Seu Filho Jesus
Cristo, o verdadeiro é chamado de verdadeiro Deus, e
Seu Filho Jesus Cristo é chamado de vida eterna. Isso
significa que primeiro Eles são o verdadeiro e Seu
Filho Jesus Cristo. Mas quando estamos Neles, Eles
se tomam o. verdadeiro Deus e a vida eterna.
Precisamos de um entendimento claro a que
“este” em 5:20 se refere. A palavra “este” refere-se ao
próprio Deus que se tomou experienciável para nós
por meio de estarmos Nele. Não estamos mais fora
deste Deus. Pelo contrário, estamos neste Deus, e
estamos no Verdadeiro, em Seu Filho Jesus Cristo.
Por estarmos Neles, Deus e Jesus Cristo não são mais
objetivos para nós, e em nossa experiência Eles não
são mais dois. Quando estamos Neles, Eles se tomam
um para nós. Portanto, João diz que “este” é o
verdadeiro Deus, e “este” é a vida eterna. Quem é
“este”? “Este” é o próprio Deus e o próprio Jesus
Cristo em quem estamos. Podemos também dizer que
“este” inclui a condição do nosso ser em Deus e em
Jesus Cristo. Assim, o verdadeiro Deus e a vida eterna
incluem estarmos no verdadeiro e em Seu Filho Jesus
Cristo.
Estamos no verdadeiro e em Jesus Cristo. Agora
em nossa experiência, este verdadeiro toma-se o
verdadeiro Deus, e Jesus Cristo toma-se a vida
eterna. Onde estamos agora? Estamos fora do Deus
verdadeiro e fora da vida eterna? Não, estamos no
verdadeiro Deus e na vida eterna. A palavra “este”
inclui esse fato de estarmos no verdadeiro Deus e na
vida eterna. Aleluia, este é o verdadeiro Deus e a vida
eterna, e estamos neste Deus e nesta vida! Sabemos
que estamos no verdadeiro Deus e na vida eterna,
porque estamos no verdadeiro e em Seu Filho Jesus
Cristo.
O versículo 20 diz que o Filho de Deus veio e nos
tem dado entendimento para conhecermos o
verdadeiro, e estamos no verdadeiro, o que significa
que estamos em Seu Filho Jesus Cristo. Quando
estamos no verdadeiro e em Jesus Cristo, este,
incluindo o fato de que estamos Neles, é o verdadeiro
Deus.
Se não estamos em Deus, nada podemos dizer
por experiência que para nós Ele é verdadeiro.
Obviamente Ele ainda seria verdadeiro em Si mesmo,
mas não poderíamos testificar que em nós Ele é
verdadeiro. Mas uma vez que estejamos no
verdadeiro, para nós Ele é o verdadeiro Deus. Além
disso, Cristo é a vida eterna para nós. Se não
estivéssemos Nele, Cristo ainda seria a vida eterna em
Si mesmo, mas Ele não seria a vida eterna para nós.
Por estarmos agora Nele, para nós Jesus Cristo é a
vida eterna.
O versículo 20 indica fortemente que agora
estamos experimentando o verdadeiro Deus, e O
experimentamos por estarmos Nele. Nós O
experimentamos, desfrutamos e possuímos por
estarmos Nele. Este, para nós, é o verdadeiro Deus e a
vida eterna.
No versículo 20 temos a conclusão crucial de
toda a Epístola de 1 João. Essa Epístola revela que
agora somos verdadeiramente um com o Deus
Triúno, e Ele se toma verdadeiro, real para nós. Ele se
torna realidade e vida para nós, porque estamos Nele.

GUARDAR A NÓS MESMOS DOS ÍDOLOS


No versículo 21 João prossegue para concluir:
“Filhinhos, guardai-vos dos ídolos.” A palavra
“guardar” significa fortalecer-nos contra ataques de
fora, como as investidas das heresias. “Ídolos”
referem-se a substitutos heréticos, introduzidos pelos
gnósticos e ceríntios, no lugar do verdadeiro Deus,
como revelado nesta Epístola, no Evangelho de João e
citado no versículo anterior. Os ídolos aqui também
se referem a qualquer coisa que substitui o verdadeiro
Deus. Como genuínos filhos do genuíno Deus
devemos estar alertas para nos guardar destes
substitutos heréticos e de todas as vãs substituições
do nosso Deus genuíno e real, com quem somos
organicamente um e que é vida eterna para nós. Esta
é a palavra de advertência do idoso apóstolo a todos
os seus filhinhos como uma conclusão de sua
Epístola.
De acordo com o entendimento de João, um
ídolo é qualquer coisa que substitua, que seja um
substituto para o Deus subjetivo, o Deus que temos
experimentado e que ainda estamos experimentando.
Por meio dessa iluminação, somos capazes de
entender 5:18-21 de forma muito experimental.
Antes de sermos salvos, estávamos fora de Deus.
Deus era verdadeiro em Si mesmo, mas não
podíamos dizer em nossa experiência que Ele era
verdadeiro para nós. Mas depois que cremos no
Senhor Jesus, entramos em Deus. Portanto, 5:20 diz
não somente que conhecemos o verdadeiro, mas
também que estamos no verdadeiro. Vimos que para
estar no verdadeiro significa que estamos em Seu
Filho Jesus Cristo. Por estarmos em Deus, Ele agora
experimentalmente torna-se verdadeiro para nós. De
semelhante modo, por estarmos em Jesus Cristo, Ele
se torna experimentalmente verdadeiro para nós.
Devido à nossa experiência de Deus e Cristo por
estarmos em Deus e em Cristo, podemos dizer que
este é o verdadeiro Deus e a vida eterna.
A palavra “este” em 5:20 implica que Deus, Jesus
Cristo e vida eterna são um. Na doutrina, pode haver
distinção entre Deus, Cristo e vida eterna, mas em
nossa experiência eles são um. Quando estamos em
Deus e em Jesus Cristo e quando experimentamos
vida eterna, descobrimos que todos são um. Portanto,
João conclui o versículo 20 dizendo: “Este é o
verdadeiro Deus e a vida eterna. “Esta sentença não é
meramente a conclusão do versículo 20; ela é na
verdade a conclusão de todo o livro. O que esta
Epístola revela é o verdadeiro Deus e a vida eterna.
A última palavra de João, em 5:21, é a
incumbência de guardar-nos dos ídolos. Qualquer
coisa que seja um substituto ou substituição para o
verdadeiro Deus e a vida eterna é um ídolo.
Precisamos viver, andar e ter o nosso ser neste Deus e
nesta vida. Se não vivermos no verdadeiro Deus e na
vida eterna, então teremos um substituto para o
verdadeiro Deus e este substituto será um ídolo.

O ELEMENTO BÁSICO E SUBSTANCIAL DO


MINISTÉRIO DE REMENDAR DE JOÃO
O centro da revelação nesta Epístola é a
comunhão divina da vida divina, a comunhão entre os
filhos de Deus e seu Pai Deus, que não é somente a
fonte da vida divina, mas também é luz e amor como
a fonte do desfrute da vida divina (1:1-7). Para
desfrutarmos a vida divina precisamos permanecer
na sua comunhão de acordo com a unção Divina
(2:12-28; 3:24), baseados no nascimento divino coma
semente divina para seu desenvolvimento (2:29 —
3:10). Esse nascimento divino foi realizado por três
meios: a água da terminação, o sangue remissor e o
Espírito germinativo (5:1-13). Por meio deles
nascemos de Deus para ser Seus filhos, possuindo
Sua vida divina e participando da Sua natureza divina
(2:29-3:1). Agora Ele está habitando em nosso
interior por meio de Seu Espírito (3:24; 4:4, 13) para
ser nossa vida e suprimento de vida, a fim de
podermos crescer com Seu elemento divino até Sua
semelhança na Sua manifestação (3:1-2).
Permanecer na comunhão divina da vida divina,
isto é, permanecer no Senhor (2:6; 3:6), é desfrutar
todas as Suas riquezas divinas. Portal permanecer,
andamos na luz divina (1:57) e praticamos a verdade,
a justiça, o amor, a vontade de Deus e Seus
mandamentos (1:6; 2:29, 5; 3:10-11; 2:17; 5:2) por
meio da vida divina recebida pelo nascimento divino
(2:29; 4:7).
Para conservar essa permanência na comunhão
divina, três coisas negativas principais precisam ser
tratadas. A primeira é o pecado, que é ilicitude e
injustiça (1:7-2:6; 3:4-10; 5:16-18). A segunda é o
mundo, que é composto da concupiscência da carne,
da concupiscência dos olhos e da vanglória da vida
(2:1517; 4:3-5; 5:4-5, 19). A última são os ídolos, que
são os substitutos heréticos do genuíno Deus e as vãs
substituições do Deus verdadeiro (5:21). Estas três
categorias de coisas excessivamente malignas são
armas usadas pelo maligno, o diabo, para frustrar,
prejudicar e, se possível, até mesmo aniquilar nossa
permanência na comunhão Divina. A salvaguarda
contra sua ação maligna é o nosso nascimento divino
com a vida divina (5:18), e, baseados no fato de que o
Filho de Deus destruiu, pela Sua morte na cruz, as
obras do diabo (3:8), nós o vencemos pela palavra de
Deus que permanece em nós (2:14). Em virtude do
nosso nascimento divino, também vencemos seu
mundo maligno por meio da nossa fé no Filho de
Deus (5:4-5). Além disso, nosso nascimento divino
com a semente divina semeada em nosso ser interior
capacita-nos a não viver habitualmente em pecado
(3:9; 5:18), pois Cristo tirou os pecados pela Sua
morte na carne (3:5). No caso de pecarmos
ocasionalmente, temos nosso Paracleto como nossa
propiciação para cuidar do nosso caso diante de
nosso Pai Deus (2:1-2), e o sangue eternamente eficaz
do Filho nos purifica (1:7). Esta revelação é o
elemento básico e substancial do ministério de
remendar do apóstolo.
ESTUDO-VIDA DE 2 JOÃO
ESTUDO-VIDA DE 2 JOÃO
MENSAGEM 1
ANDAR NA VERDADE E NO AMOR

Leitura da Bíblia: 2Jo 1-6

O TEMA DA EPÍSTOLA
O tema desse livro é a proibição de participar em
heresia. João fala sobre heresia no versículo 7:
“Porque muitos enganadores têm saído pelo mundo
fora, os quais não confessam Jesus Cristo vindo em
carne: assim é o enganador e o anticristo.” Certas
pessoas heréticas negavam que Jesus é o Cristo (1Jo
2:22), e outras negavam o Filho, não confessando que
Jesus é o Filho de Deus (1Jo 2:23). Cerinto, que
negava que Jesus é o Cristo, era um herético. Os
docetistas e os gnósticos também ensinavam heresia
com relação à Pessoa de Cristo.
A Epístola de 2 João nos proíbe de tomar parte
em qualquer ensinamento herético concernente à
Pessoa de Cristo. No versículo 10, o apóstolo João diz:
“Se alguém vem ter convosco, e não traz este ensino,
não o recebais em casa, nem tampouco o saudeis”
(IBB-Rev.). Como no versículo 9, o “ensino” aqui é o
ensinamento com respeito à deidade de Cristo,
especialmente acerca da Sua encarnação por meio da
concepção Divina. Nessa Epístola, João nos adverte a
não receber alguém que negue a verdade com relação
à deidade de Cristo e Sua encarnação.

INTRODUÇÃO
Amar na Verdade para a Verdade
No versículo 1 João diz: “O presbítero à senhora
eleita e aos seus filhos a quem eu amo na verdade, e
não somente eu, mas também todos os que conhecem
a verdade.” O apóstolo João, assim como Pedro,
também era um presbítero na igreja em Jerusalém
antes de sua destruição em 70cf. C. (Gl 2:9; 1 Pe5:1).
De acordo com a história, após retomar do exílio,
João permaneceu em Éfeso para cuidar das igrejas na
Ásia. Assim, ele provavelmente também era um
presbítero na igreja em Éfeso, onde escreveu essa
epístola.
João endereça essa epístola à “senhora eleita e
aos seus filhos.” A palavra grega traduzida como
“senhora” ékuria, a forma feminina de kurios,
senhor, mestre. Há diferentes interpretações da
palavra aqui. A mais provável é que ela se refira a
uma irmã em Cristo com certa proeminência na
igreja, como a “c o-eleita” em 1 Pedro 5:13 (IBB —
Rev.). Kuria pode ter sido seu nome, visto ter sido um
nome comum naquele tempo. Segundo alguns
relatos, ela viveu perto de Éfeso, e sua irmã (no v. 13)
viveu em Éfeso, onde a igreja estava sob o cuidado de
João. Havia uma igreja em sua localidade
reunindo-se em sua casa.
No versículo 1, João fala acerca de amar na
verdade. De acordo com o uso de João da palavra
verdade, especialmente em seu Evangelho, a primeira
ocorrência de “verdade”, neste versículo, denota a
realidade divina revelada — o Deus Triúno
dispensado para dentro do homem no Filho Jesus
Cristo — tornando-se a genuinidade e sinceridade do
homem, para ter um vi ver que corresponda à luz
divina (Jo 3:19-21) e para adorar a Deus, como Deus
busca, de acordo com o que Ele é (Jo 4:23-24). Essa é
a virtude de Deus (Rm 3:7; 15:8) tornando-se nossa
virtude, por meio da qual amamos os crentes. Essa é a
genuinidade, autenticidade, sinceridade,
honestidade, integridade e fidelidade de Deus como
virtude divina e do homem como virtude humana
(Mc 12:14; 2Co 11:10; Fp 1:18; 1 J03:18), e como
resultado da realidade divina (3Jo 1). Em tal verdade,
o apóstolo João, que vivia na realidade divina da
Trindade, amava aquela para quem escreveu. Essa é a
denotação do primeiro uso de “verdade” neste
versículo.
Falando de maneira simples, o primeiro uso de
verdade no versículo 1 denota sinceridade, e João está
falando de amar em sinceridade. No entanto, o
significado de sinceridade aqui não é simples.
Usualmente, quando falamos de sinceridade,
entendemos como sendo mera virtude humana. Mas,
aqui, sinceridade é mais do que uma virtude humana.
A virtude humana na qual o apóstolo João amava
aquela que recebia essa epístola era o resultado da
realidade divina que ele desfrutava.
Que é a realidade divina desfrutada por João?
Essa realidade é o Deus Triúno. O escritor desta
epístola desfrutava o Deus Triúno no Filho como sua
realidade divina. Proveniente do desfrute dessa
realidade, que é o Deus Triúno em Cristo, resultou a
sinceridade. Esta sinceridade ou fidelidade é na
verdade uma virtude de Deus. Quando desfrutamos
Deus como nossa realidade, Sua virtude Divina
torna-se nossa virtude humana, e essa virtude
humana é sinceridade, fidelidade.
Esse entendimento de amar na verdade baseia-se
no que é revelado na Primeira Epístola de João.
Naquela epístola João revela que devemos amar uns
aos outros por meio do próprio Deus como amor.
Deus é amor (1Jo 4:8, 16). Enquanto desfrutamos
Deus como amor, proveniente desse amor resulta um
amor com o qual amamos os outros. Quando amamos
os outros com o amor que resulta do nosso desfrute
de Deus como amor, nosso amor será em sinceridade.
Esta sinceridade não é nossa virtude humana; antes,
é o resultado do nosso desfrute da realidade divina.
Ao considerarmos o que João quer dizer com
amar na verdade, no versículo 1, faz-nos lembrar de
que não é uma questão superficial conhecer a Bíblia.
Em particular, não é suficiente conhecer as Epístolas
de João superficialmente. Somente quando
adentramos as profundezas destas epístolas podemos
conhecer o que o escritor quis dizer.
No versículo 1 João fala de “todos os que
conhecem a verdade.” Aqui João se refere àqueles que
não apenas receberam a Cristo por crerem que Ele é
tanto Deus como homem, mas àqueles que também
conheciam plenamente a verdade acerca da Pessoa de
Cristo.
Ao final do versículo 1 João novamente usa a
palavra verdade. Aqui, verdade denota a realidade
divina do evangelho, especialmente concernente à
Pessoa de Cristo, como revelado no Evangelho e na
Primeira Epístola de João. A realidade divina do
evangelho aqui inclui especialmente o fato de que
Cristo é tanto Deus como homem, possuindo a
deidade e a humanidade, possuindo tanto a natureza
divina como a natureza humana, para expressar Deus
na vida humana e para cumprir a redenção com
poder divino na carne humana pelos seres humanos
caídos, de tal modo que Ele possa dispensar a vida
divina para dentro deles e introduzi-los em uma
união orgânica com Deus. As segunda e terceira
epístolas de João enfatizam essa verdade. A segunda
previne os crentes fiéis contra receber aqueles que
não permanecem nesta verdade — no ensinamento
sobre Cristo. A terceira encoraja os crentes a receber e
ajudar aqueles que trabalham por esta verdade.
No versículo 2 João prossegue dizendo: “Por
causa da verdade que permanece em nós, e conosco
estará para sempre.” O apóstolo João, em seu
Evangelho e primeira Epístola, vacinou os crentes
com seu ministério remendador com respeito à
revelação da Pessoa de Cristo contra as heresias
acerca da deidade e humanidade de Cristo. Por causa
de tal verdade vacinadora, ele e todos aqueles que
conheceram esta verdade amavam aqueles que eram
fiéis a esta verdade.
No versículo 2 João diz que a verdade permanece
em nós e estará conosco para sempre. No versículo 1
ele nos diz que ele e todos aqueles que conheciam a
verdade amavam na verdade aquela a quem esta
Epístola foi escrita. No versículo 2 João usa a palavra
verdade como mesmo significado da segunda
ocorrência no versículo 1, isto é, para denotar a
realidade divina do evangelho, especialmente com
relação à Pessoa de Cristo. Essa realidade divina, que
na verdade é o Deus Triúno, permanece em nós agora
e estará conosco pela eternidade.

Graça, Misericórdia e Paz em Verdade e Amor


No versículo 3 João diz: “A graça, a misericórdia
e a paz, da parte de Deus Pai e de Jesus Cristo, o Filho
do Pai, serão conosco em verdade e amor.” Verdade
aqui refere-se à realidade divina do evangelho,
especialmente quanto à Pessoa de Cristo, que
expressou Deus e cumpriu Seu propósito. Amor
refere-se à expressão dos crentes ao amarem uns aos
outros por meio do receber e conhecer a verdade.
Essas duas questões são a estrutura básica desta
Epístola. No amor e verdade, graça, misericórdia e
paz serão conosco.
O apóstolo saúda e abençoa os crentes com
graça, misericórdia e paz, baseado na existência entre
eles de duas questões cruciais da verdade e amor.
Quando andamos na verdade (v. 4) e no amor uns
para com outros (v. 5), desfrutamos a graça Divina,
misericórdia e paz.
Se não existisse verdade e amor entre os crentes,
não haveria como eles desfrutarem graça,
misericórdia e paz da parte de Deus Pai e de Jesus
Cristo. Graça, misericórdia e paz podem ser conosco
somente quando os fatores básicos da verdade e amor
estão presentes. Portanto, esta Epístola enfatiza a
verdade e o amor. Todos nós precisamos ter uma vida
de verdade e amor.

O ANDAR NA VERDADE E AMOR

Em Verdade
Nos versículos de 4 a 6, João fala sobre o andar
na verdade e amor. O versículo 4 diz: “Fiquei
sobremodo alegre em ter encontrado dentre os teus
filhos os que andam na verdade, de acordo com o
mandamento que recebemos da parte do Pai.” A
verdade concernente à Pessoa de Cristo é o elemento
básico e central do ministério de remendar de João.
Quando ele encontrou os filhos da fiel crente andando
na verdade, regozijou-se grandemente (2Jo 3-4).
No versículo 4 João usa a palavra “andar”. Do
mesmo modo como em 1 João 1:7, onde João fala
sobre andar na luz, a palavra “andar” significa viver,
portar-se e ter nosso ser. A verdade concernente à
Pessoa de Cristo deveria não somente ser nossa
crença; ela deveria também ser nosso viver.
Uma vez mais, verdade aqui denota a realidade
divina, especialmente com respeito à Pessoa de
Cristo. O Pai nos ordena a andar nesta realidade, isto
é, na percepção do fato divino de que Jesus Cristo é o
Filho de Deus (ver Mt 17:5), para que honremos ao
Filho como o Pai deseja (Jo 5:23).
O Pai nos ordena a andar na verdade, na
realidade. Ele nos ordena a andar na percepção do
fato divino de que Jesus Cristo é o Filho de Deus. Se
andarmos nesta realidade, honraremos o Filho de
acordo com o desejo do Pai.

Em Amor
Nos versículos 5 e 6 João prossegue dizendo: “E
agora, senhora, peço-te, não como se escrevesse
mandamento novo, senão o que tivemos desde o
princípio, que nos amemos uns aos outros. E o amor é
este, que andemos segundo os seus mandamentos.
Este mandamento, como ouvistes desde o princípio, é
que andeis nesse amor.” A frase “desde o princípio” é
encontrada inúmeras vezes nos escritos de João. Em
certos momentos essa frase é usada no sentido
absoluto (1Jo 1:1; 3:8), mas aqui nos versículos5 e6,
como em outras partes (Jo 15:27; 1Jo 2:7), ela é usada
no sentido relativo.
O mandamento citado nos versículos 5 e 6 é o
mandamento dado pelo Filho de que devemos amar
uns aos outros (Jo 13:34). O Pai nos ordena a andar
na verdade para honrar ao Filho, e o Filho nos ordena
a amar uns aos outros para expressá-Lo.
ESTUDO-VIDA DE 2 JOÃO
MENSAGEM 2
NÃO PARTICIPAR EM HERESIA

Leitura da Bíblia: 2107-13


Nesta mensagem consideraremos os versículos 7
a 13 de 2 João.

ENGANADORES E ANTICRISTOS
O versículo 7 diz: “Porque muitos enganadores
têm saído pelo mundo fora, os quais não confessam
Jesus Cristo vindo em carne: assim é o enganador e o
anticristo.” Os enganadores mencionados aqui eram
heréticos, como os ceríntios, os falsos profetas (1Jo
4:1).
Esses enganadores não confessam Jesus Cristo
vindo em carne. Isso significa que eles não confessam
que Jesus é o Deus encarnado. Assim, eles negam a
deidade de Cristo. Jesus foi concebido do Espírito (Mt
1:18). Confessar que Jesus veio em carne é confessar
que Ele foi divinamente concebido para nascer como
o Filho de Deus (Lc 1:31-35). Os enganadores, os
falsos profetas, não fariam tal confissão.
No versículo 7 João diz que aqueles que não
confessam a Jesus vindo em carne são não apenas
enganadores, mas também anticristos. Vimos que um
anticristo difere de um falso Cristo (Mt 24:5, 24). Um
falso Cristo é alguém que finge enganosamente ser o
Cristo, enquanto um anticristo é alguém que nega a
deidade de Cristo, negando que Jesus é o Cristo, isto
é, negando o Pai e o Filho por negar que Jesus é o
Filho de Deus (1Jo 2:22), não confessando que Ele
veio em carne mediante a concepção divina do
Espírito Santo (1Jo 4:2-3). Quem quer que negue a
Pessoa de Cristo é um anticristo.

RECEBER UMA RECOMPENSA PLENA


No versículo 8 João prossegue dizendo:
“Acautelai-vos, para não perderdes aquilo que temos
realizado com esforço, mas para receberdes completo
galardão.” Aqui, “acautelai-vos” significa vigiar-nos a
nós mesmos, e “perder” significa destruir, arruinar.
No versículo 8 João fala de não perder as coisas
pelas quais laboramos. As coisas pelas quais os
apóstolos laboraram são as coisas da verdade
concernentes a Cristo, as quais os apóstolos
ministravam e dispensavam aos crentes. Ser
influenciado pelas heresias sobre a Pessoa de Cristo é
perder, destruir e arruinar as coisas preciosas
concernentes à Pessoa de Cristo, as quais os apóstolos
haviam trabalhado para dentro dos crentes. Aqui o
apóstolo adverte os crentes a vigiarem a si mesmos, a
fim de que não sejam influenciados pelas heresias e
percam as coisas da verdade.
No versículo 8 João também mostra que os
crentes podem “receber completo galardão”, De
acordo com o contexto, especialmente o versículo 9, o
completo galardão deve ser o Pai e o Filho como o
desfrute pleno para os crentes fiéis, que permanecem
na verdade concernente à Pessoa de Cristo e não se
desviam dela pela influência das heresias acerca de
Cristo. Esta interpretação é justificada pelo fato de
que não há indicação de que este galardão será dado
no futuro, como o galardão mencionado em Mateus
5:12; 16:27; 1 Coríntios 3:8, 13-14; Hebreus 10:35-36;
Apocalipse 11:18 e 22:12. Se não formos desviados
pelas heresias, mas permanecermos fielmente na
verdade concernente ao maravilhoso e todo-inclusivo
Cristo, que é tanto Deus como homem, tanto nosso
Criador como Redentor, nós desfrutaremos Nele o
Deus Triúno em uma proporção plena como nosso
completo galardão, mesmo hoje na terra.
Se perdermos as coisas preciosas trabalhadas
dentro de nós pelos apóstolos, isso significa que não
permanecemos na verdade. Então perderemos o
desfrute do Pai e do Filho. Mas se permanecermos na
verdade, receberemos um pleno galardão, uma
recompensa que é na verdade o desfrute do Pai e do
Filho. Louvado seja o Senhor que tal galardão está à
vista esperando ser desfrutado por nós! Para
desfrutarmos esse galardão, precisamos persistir,
permanecer, na verdade divina concernente a Jesus
Cristo, o Filho de Deus. Aqueles, como os
modernistas de hoje, que não permanecem nesta
verdade, certamente não têm este desfrute. Para eles,
não há galardão do Pai e do Filho como seu desfrute.
Se você os contatar, verá que eles estão morrendo de
fome e secos.

IR ALÉM DO ENSINAMENTO DE CRISTO E


NÃO PERMANECER NELE
No versículo 9 João continua: “Todo aquele que
vai além do ensino de Cristo e não permanece nele,
não tem a Deus; quem permanece neste ensino, esse
tem tanto ao Pai como ao Filho” (IBB-Rev.).
Literalmente, a palavra grega traduzi da como “vai
além” significa conduzir adiante (em sentido
negativo), isto é, ir mais longe do que o permitido,
avançar acima do limite do ensinamento ortodoxo
concernente a Cristo. Isso está em contraste com
permanecer no ensino de Cristo. Os ceríntios
gnósticos, que se gabavam de seu suposto
pensamento avançado acerca do ensinamento de
Cristo, tinham tal prática. Eles foram além do
ensinamento da concepção divina de Cristo, negando
assim a deidade de Cristo. Conseqüentemente eles
não podiam ter Deus na Salvação e na vida.
Os modernistas hoje vão além e não permanecem
no ensino de Cristo. Eles também alegam ser
avançados em seu pensar. Segundo eles, é
ultrapassado dizer que Cristo é Deus, que Ele foi
gerado de uma virgem por meio de concepção divina,
que morreu na cruz pelos nossos pecados e que
ressuscitou tanto física como espiritualmente. Ao
negarem essa verdade concernente a Cristo, os
modernistas alegam ser avançados em seu
pensamento filosófico. Em princípio, eles seguem o
caminho dos ceríntios gnósticos.
No versículo 9 João fala sobre não permanecem
o ensino de Cristo. Isto não é o ensino por Cristo, mas
o ensino acerca de Cristo, isto é, a verdade
concernente à deidade de Cristo, especialmente de
Sua encarnação por meio da concepção divina.

TER O PAI E O FILHO


De acordo com o versículo 9, aquele que vai além
e não permanece no ensino de Cristo, não tem Deus.
Mas aquele que permanece no ensino de Cristo tem
ambos: o Pai e o Filho. “Ter Deus” é “ter tanto ao Pai
como ao Filho”. É pelo processo de encarnação que
Deus foi dispensado a nós no Filho com o Pai (1Jo
2:23) para nosso desfrute e realidade (Jo 1:1, 14). No
Deus encarnado temos o Filho em Sua redenção e o
Pai em Sua vida. Somos assim redimidos e
regenerados para sermos um com Deus
organicamente para que participemos Dele e O
desfrutemos na salvação e na vida. Desse modo,
negar a encarnação é rejeitar esse desfrute divino;
mas permanecer na verdade da encarnação é ter
Deus, como o Pai e o Filho, para nossa porção na
salvação eterna e na vida divina.
Este ponto no versículo 9 a respeito de ter tanto
ao Pai como ao Filho tem-me ajudado a interpretar o
completo galardão citado no versículo 8. O completo
galardão é ter tanto ao Pai como ao Filho para nosso
desfrute. Os modernistas de hoje, como os gnósticos
de outrora, não têm ao Pai e ao Filho, pois eles não
permanecem no ensino de Cristo.

NÃO TOMAR PARTE NAS OBRAS


HERÉTICAS
No versículo 10 João prossegue dizendo: “Se
alguém vem ter convosco, e não traz este ensino, não
o recebais em casa, nem tampouco o saudeis” (IBB —
Rev.). Com relação ao ensino de Cristo, devemos não
apenas ensinar isto como uma teoria, mas também
trazê-lo como realidade. Onde quer que vamos,
devemos conduzir esta realidade, a realidade do que o
Cristo todo-inclusivo é. Alguns dos jovens podem ter
a oportunidade de apresentar esta realidade a seus
pais, a qual é um tesouro maravilhoso.
No versículo 100 pronome “o” refere-se a um
herético, um anticristo (v. 7; 1 J02:22), um falso
profeta (1 J04: l), que nega a concepção divina e a
deidade de Cristo, como fazem os modernistas de
hoje. Este tal devemos rejeitar, não o recebendo em
nossa casa nem o saudando. Assim, não teremos
qualquer contato com ele nem participaremos em sua
heresia, a qual é blasfêmia contra Deus e contagiosa
como lepra.
Não devemos receber ninguém que não traga
consigo o ensino de Cristo. Não pense que por termos
sido ensinados a amar os outros, devamos receber um
herético. Com relação a isso, o amor não ajuda. João
diz claramente que não devemos receber um
anticristo, um falso profeta, em nossa casa, e que não
devemos nem mesmo saudá-lo.
A palavra grega para saudar é chairein,
alegrar-se, regozijar-se, saudar; ela é usada para
cumprimento ou despedida. Em vez de dizer aos
falsos profetas para se alegrarem, devemos dizer-lhes
que chorem, porque eles não têm o desfrute do Deus
Triúno. O ponto aqui é que nada temos a ver com tais
pessoas e com sua heresia contagiosa.
No versículo 11 João diz: “Porque quem o saúda
participa de suas más obras” (IBB — Rev.). Assim
como levar a outros a verdade divina do Cristo
maravilhoso é um feito excelente (Rm 10:15),
espalhar a heresia satânica, que corrompe a gloriosa
deidade de Cristo, é uma obra má. É uma blasfêmia e
abominação a Deus! É também um dano e maldição
aos homens. Nenhum crente em Cristo e filho de
Deus deve ter qualquer participação neste mal.
Mesmo saudar esta pessoa maligna é proibido. Uma
separação severa e nítida deste maligno deve ser
mantida.
O Novo Testamento é muito forte na questão de
não receber alguém que negue a Pessoa de Cristo.
Apesar de a Segunda Epístola de João ser uma
epístola sobre amar uns aos outros, aqui João nos
proíbe de participarmos, compartilharmos, na
heresia. Não devemos ter qualquer contato com
heréticos, falsos profetas. Não devemos recebê-los
nem cumprimentá-los. Eles são leprosos, e a lepra
deles é contagiosa. Portanto, não devemos ter nada a
ver com eles.

A CONCLUSÃO DE JOÃO NESTA EPÍSTOLA

Esperança de Comunhão Mais Íntima para


Mais Alegria
Nos versículos 12 e 13 temos a conclusão desta
Epístola. No versículo 12 João expressa a esperança
de uma comunhão mais íntima para mais alegria:
“Ainda tinha muitas coisas que vos escrever; não quis
fazê-lo com papel e tinta, pois espero ir ter convosco,
e conversaremos de viva voz, para que a nossa alegria
seja completa.” Aqui o apóstolo expressa seu desejo
de uma comunhão mais profunda e mais rica com o
membro da igreja para plenitude de alegria no
desfrute da vida divina (1Jo 1:2-4).
Por um lado, o escrito de João é divino; por
outro, ele é muito humano em seu comportamento.
Vemos sua humanidade no versículo 12, onde João
expressa sua esperança por comunhão que ele
descreve como de viva voz.

Saudação no Cuidado Afetuoso


No versículo 13 João diz: “Os filhos da tua irmã
eleita te saúdam.” Isso indica que comunhão íntima
com os membros da igreja e que cuidado afetuoso o
idoso presbítero tinha por eles.
Já salientamos que a irmã a quem esta epístola
foi escrita pode ter vivido próximo a Éfeso e que sua
irmã vi via em Éfeso, onde havia uma igreja sob o
cuidado de João. Nesta epístola, João saúda aquela
que recebia esta epístola em nome dos filhos de sua
irmã eleita. O fato de ela não estar incluída na
saudação pode indicar que já havia falecido.
Entretanto, seus filhos ainda estavam na igreja de
Éfeso sob o cuidado de João. Neste versículo
podemos ver o cuidado afetuoso do apóstolo João
pelos santos.

A REALIDADE DIVINA
As três epístolas de João estão arranjadas em
uma boa seqüência. Sem dúvida, o escrito da segunda
epístola baseava-se na primeira. Na Primeira Epístola
de João vemos o que é a verdade divina.
Em 1975 dei uma série de mensagens sobre os
sete mistérios em 1 João: o mistério da vida divina, o
mistério da comunhão divina, o mistério do
permanecer, o mistério da unção, o mistério do
nascimento divino, o mistério da semente divina e o
mistério da água, do sangue e do Espírito.
Recentemente, tenho sido profundamente
impressionado com a real idade divina na Primeira
Epístola de João. O fator central em I João é a
realidade divina. Esta realidade é na verdade o Deus
Triúno. A realidade divina é o Deus Triúno não
meramente na teologia ou doutrina; esta realidade é o
Deus Triúno em nossa experiência, isto é, o Deus
Triúno dispensado para dentro de nós para nosso
desfrute. Essa é a realidade divina em 1 João.

O Desfrute do Deus Triúno


Se você revisar as mensagens dadas no
Estudo-Vida de 1 João, verá que naquelas mensagens
a realidade divina é ministrada para você. É claro,
naquelas mensagens há, ministrada a nós, a vida
eterna, a comunhão da vida divina, o permanecer no
Senhor, a unção, o nascimento divino, a semente
divina e a água, o sangue e o Espírito. Quando todos
estes fatores divinos são postos juntos, o que temos é
o desfrute do Deus Triúno. Portanto, o Deus Triúno é
a realidade, a verdade, que estamos desfrutando. Que
estamos fazendo dia a dia na vida cristã? Estamos
desfrutando o Deus Triúno. Se você me perguntasse o
que tenho feito por mais de cinqüenta anos,
responderia que tenho desfrutado o Pai, o Filho e o
Espírito. Como resultado de meu desfrute do Deus
Triúno, tenho sido incumbido de compartilhar este
desfrute com outros. Entretanto, por causa da
influência do ensinamento tradicional, certas pessoas
não estão abertas para ouvir sobre o desfrute do Deus
Triúno.
As pessoas em todos os lugares precisam ouvir
sobre a realidade divina na Epístola de 1 João. Você
não crê que isso é o que os outros, incluindo líderes
religiosos e mestres da Bíblia, precisam hoje? Alguns
recitam o Credo dos Apóstolos em seus trabalhos
todas as semanas, contudo eles não são salvos e não
têm qualquer experiência do Deus Triúno.
Agradecemos ao Senhor por abrir-nos a Epístola de 1
João, um livro que contém prato após prato para
nossa nutrição espiritual. Oh! que riquezas do nosso
Deus Triúno estão reveladas nesta epístola para nossa
experiência e desfrute!

O Deus Verdadeiro Torna-se Nossa


Experiência
De acordo com 1 João 5:20, não apenas
experimentamos e desfrutamos o Deus Triúno, mas
estamos Nele: “Sabemos também que já veio o Filho
de Deus, e nos deu entendimento para conhecermos
aquele que é verdadeiro; e nós estamos naquele que é
verdadeiro, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o
verdadeiro Deus e a vida eterna” (IBB — Rev.). Já
enfatizamos que uma tradução melhor para “aquele
que é verdadeiro” seria “o verdadeiro”. Na verdade,
no grego diz-se simplesmente “a verdade”. Somente
nosso Deus Triúno é verdade; tudo o mais e todos os
demais são falsos. João nos diz que estamos na
Verdade, em Seu Filho Jesus Cristo. Não estamos
mais fora da verdade, e não estamos mais fora de Seu
Filho Jesus Cristo .
Na segunda parte de 1 João 5:20, João prossegue
dizendo: “Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna”. O
verdadeiro Deus torna-se nossa experiência como
vida eterna. Este é o fator básico da Primeira Epístola
de João.
Em 1 João temos o desfrute do Deus Triúno
como a vida eterna. Por estarmos no verdadeiro Deus,
Ele nos contém. Quando estamos no verdadeiro
Deus, Ele se torna a vida eterna para nós.
Em 1 João 5:20 temos o verdadeiro, Jesus Cristo,
o verdadeiro Deus e a vida eterna. No conceito de
João todos eles são um. Entretanto, na doutrina eles
são quatro: o verdadeiro, Seu Filho Jesus Cristo, o
verdadeiro Deus e a vida eterna. Mas em nossa
experiência eles são um. Quando estamos no
verdadeiro, estamos em Seu Filho Jesus Cristo. Então
o verdadeiro torna-se nosso Deus, e Seu Filho Jesus
Cristo torna-se a vida eterna para nós. Esta vida
eterna é na verdade o verdadeiro Deus. Além do mais,
por ser o verdadeiro Deus real para nós, em nossa
experiência Ele se torna nossa vida eterna. Este é o
verdadeiro Deus e a vida eterna.

Sinceridade como o Resultado do Desfrute da


Realidade Divina
A Segunda Epístola de João está baseada na
verdade revelada em sua primeira epístola. A
Segunda Epístola de João 1 diz: “O presbítero à
senhora eleita e aos seus filhos a quem eu amo na
verdade, e não somente eu, mas também todos os que
conhecem a verdade”. Na mensagem anterior
ressaltamos que a primeira ocorrência de “verdade”
neste versículo denota a realidade divina revelada — o
Deus Triúno dispensado para dentro do homem no
Seu Filho Jesus Cristo — tomando-se a genuinidade e
sinceridade do homem. Essa sinceridade é o
resultado do desfrute da realidade divina. Assim,
quando João diz que ama na verdade, ele está
dizendo que ama na sinceridade que é o resultado da
realidade divina. Vimos também que a segunda
ocorrência da verdade neste versículo denota a
realidade divina do evangelho, especialmente com
respeito à Pessoa de Cristo. Esta é “a verdade que
permanece em nós, e conosco estará para sempre” (v.
2). Esses versículos são simples, contudo sua
implicação é profunda. Toda a Primeira Epístola de
João é necessária para explicar os primeiros dois
versículos de sua segunda epístola.

Andar na Verdade e no Amor


Após falar acerca da verdade nos versículos 1 a 3,
João prossegue para nos dizer nos versículos 4 a 6
que precisamos andar na verdade e no amor. A
verdade é a realidade da Trindade, e o amor é a
expressão desta realidade. Quando andamos na
verdade, andamos na realidade divina que
desfrutamos diariamente. O amor é a expressão desta
realidade. Enquanto andamos na realidade divina,
espontaneamente amamos os outros. Esse amor é a
expressão da realidade divina que desfrutamos dia a
dia. Por causa desta realidade e amor, graça,
misericórdia e paz são conosco (v. 3). Louvado seja o
Senhor que podemos andar na realidade Divina e na
expressão divina!
ESTUDO-VIDA DE 3 JOÃO
ESTUDO-VIDA DE 3 JOÃO
MENSAGEM 1
HOSPITALIDADE AOS OBREIROS EM VIAGEM

Leitura da Bíblia: 3Jo 1-8


O assunto da terceira epístola de João é um
encorajamento aos cooperadores na verdade. Nesta
mensagem consideraremos 3 João 1-8. Os versículos
1 a4são a introdução, e os versículos 5 a 8 falam da
hospitalidade aos obreiros em viagem.

INTRODUÇÃO

Amar na Verdade
O início de 3 João é semelhante ao de 2 João. No
versículo 1 o apóstolo João diz: “O presbítero ao
amado Gaio, a quem eu amo na verdade.” Como
Pedro, João era um presbítero na Igreja em
Jerusalém antes de sua destruição em 70 cf. C. De
acordo com a história, depois de voltar do exílio, João
permaneceu em Éfeso para cuidar das igrejas na Ásia.
Provavelmente ele era um presbítero na igreja em
Éfeso, onde escreveu esta epístola.
A epístola de 3 João está endereçada ao “amado
Gaio”. Este não é o Gaio da Macedônia (At 19:29), o
Gaio de Derbe (At 20:4) nem o Gaio de Corinto (1Co
1:14; Rm 16:23), mas um outro com o nome de Gaio,
um nome bastante comum naquele tempo. Conforme
o conteúdo desta epístola, Gaio deve ter sido um
irmão proeminente na igreja.
No versículo 1 João fala sobre amar Gaio na
verdade. Aqui, “verdade” denota a realidade Divina
revelada — o Deus Triúno dispensado para dentro do
homem no Filho Jesus Cristo tornando-se a
genuinidade e sinceridade do homem, para viver uma
vida que corresponda à luz divina (J03:19-21) e para
adorar a Deus, como Deus busca, de acordo com o
que Ele é (J04:2324). Esta é a virtude de Deus
(Rm3:7; 15:8) tornando-se nossa virtude, por meio da
qual amamos os crentes. Em tal verdade, o apóstolo
João, que vivia na realidade divina da Trindade,
amava o amado Gaio.

Prosperar em Todas as Coisas e em Saúde


No versículo 2 João diz: “Amado, desejo que em
todas as coisas prosperes e estejas com saúde, assim
como prospera a tua alma” (lit.). De acordo com o
contexto desse versículo, “todas as coisas” referem-se
às coisas externas e materiais. Provavelmente a
palavra “desejo” é usada no sentido de oração.
Literalmente, a palavra grega para “prosperar” aqui
significa ter uma boa jornada, ir bem, isto é, ter
sucesso em a1cançarum fim desejado; assim,
prosperar. “Saúde” aqui é a saúde física, como em
Lucas 5:31; 7:10 e 15:27.
No versículo 2, João fala da alma prosperar. O
homem é composto de três partes: espírito, alma e
corpo (1Ts 5:23). A alma é o órgão intermediário
entre o corpo e o espírito, possuindo autoconsciência,
para que o homem tenha sua personalidade. A alma
está contida no corpo e é o vaso para conter o espírito.
No crente, Deus como o Espírito habita em seu
espírito regenerado (Rm 8:9, 16) e espalha-se a partir
do seu espírito para saturar sua alma, para que ela
seja transformada para expressá-Lo (Rm 12:2; 2Co
3:18). Essa é a prosperidade da alma do crente.
Quando nossa alma é ocupada e dirigida pelo Espírito
de Deus através do nosso espírito para dirigir e usar
nosso corpo para os propósitos de Deus, ela prospera.
O apóstolo deseja que aquele que recebe sua epístola,
que é um amado irmão, proeminente em tal
prosperidade de sua alma, prospere em todas as
coisas e na saúde física, assim como sua alma
prospera na vida divina.
Nosso corpo pode prosperar na saúde, e nosso
viver pode prosperar em muitas coisas materiais.
Entretanto, nossa alma precisa prosperar na vida
divina. Que é, então, a prosperidade da nossa alma? A
prosperidade da nossa alma é o espalhar da vida
Divina para dentro da alma. Pela regeneração a vida
Divina foi dispensada ao nosso espírito. Agora, a
partir do nosso espírito essa vida precisa se espalhar
para dentro da nossa alma. Se isso ocorrer, nossa
alma prosperará pelo espalhar da vida divina para
dentro dela. Espero que todos busquemos isso, de tal
modo que tenhamos uma experiência adequada da
prosperidade da nossa alma por meio do espalhar da
vida Divina nela.
O amado irmão Gaio estava prosperando em sua
alma. O apóstolo João desejava que esse irmão não
apenas prosperasse em sua alma, bem como nas
coisas materiais e que estivesse com saúde. Essa
saudação aqui é particular; ela é única em toda a
Bíblia.
O Novo Testamento é um livro sobre
prosperidade espiritual, não sobre coisas materiais ou
saúde física. Contudo, João, que escreve acerca de
coisas divinas, desejava que aquele que recebia essa
carta prosperasse na saúde física e mesmo nas coisas
materiais.
Andar na Verdade
No versículo 3 João prossegue dizendo: “Pois
fiquei sobremodo alegre pela vinda de irmãos e pelo
seu testemunho da tua verdade, como tu andas na
verdade.” A verdade concernente à Pessoa de Cristo é
o elemento básico e central do ministério de
remendar de João. Quando ele encontrou seus filhos
andando na verdade (v. 4), regozijou-se
grandemente. Andar na verdade significa que o Deus
Triúno toma-se nosso desfrute na realidade.
Portanto, nosso andar diário é o andar na verdade,
que é a realidade do Deus Triúno desfrutado por nós.
No versículo 3 João fala sobre “tua verdade”.
“Tua verdade” é a verdade concernente a Cristo,
especialmente Sua deidade, pela revelação da qual a
maneira de vida do receptor é determinada e a qual o
receptor retém como sua crença fundamental. O
pensamento aqui é profundo. O pensamento de João
é que a verdade objetiva toma-se nossa. Assim, a
verdade toma-se subjetiva para nós em nosso andar
diário. Essa verdade é a realidade da deidade de
Cristo. Nossa vida é determinada e moldada pela
revelação dessa verdade. Isso significa que vivemos,
andamos e nos portamos na realidade divina do Deus
Triúno, que é nosso desfrute. Esse desfrute conforma
o nosso andar, nossa maneira de vida. Isso indica que
nossa maneira de vida é determinada, conformada,
moldada pelo que cremos com relação à Pessoa de
Cristo e pelo que temos visto e desfrutado desta
realidade. Esta verdade é de fato o Deus Triúno
tornando-se nosso desfrute.
Cremos que o Deus Triúno tomou-se um homem
e viveu na terra, morreu na cruz pela nossa redenção,
e em ressurreição tomou-se o Espírito que dá vida.
Agora, esse Espírito que dá vida é a consumação do
Deus Triúno. Esse Espírito é a consumação de tudo o
que o Pai é e de tudo o que o Filho é como uma pessoa
que possui divindade e humanidade. Cristo, o Filho, é
o próprio Deus e também um homem verdadeiro, que
cumpriu a redenção e agora é O que dá vida, o
Espírito que dispensa vida. Cremos nisso, e essa
crença agora dá forma, determina, amolda, nossa
maneira de vida. Isso é o que significa andar na
verdade.
A filosofia que uma pessoa retém determinará
sua maneira de vida. O que uma pessoa crê sempre
moldará seu vi ver. Nós cristãos andamos na verdade
Divina. Isso significa que a nossa maneira de vida é
determinada, conformada, moldada pela realidade
divina — o próprio Deus Triúno — que desfrutamos.
No versículo 3 João diz a Gaio: “como tu andas
na verdade”.
Aquele que recebe essa palavra não somente
retém a verdade, mas também anda e vive na
verdade. A verdade concernente à Pessoa de Cristo
não deveria ser somente nossa crença, mas também
nosso viver, um viver que testifica nossa crença. A
verdade na qual andamos, portanto, toma-se nossa
verdade em nossa vida diária.
No versículo 4 João continua: “Não tenho maior
alegria do que esta, a de ouvir que meus filhos andam
na verdade.” Como em 2 João 4, “verdade” aqui é a
realidade divina, especialmente quanto à Pessoa de
Cristo como revelada no Evangelho e na Primeira
Epístola de João, isto é, que Cristo é tanto Deus como
homem, possuindo tanto deidade quanto
humanidade, tanto a natureza divina quanto a
humana, para expressar Deus na vida humana e
realizar a redenção com poder divino na carne
humana pelos seres humanos caídos, de forma que
Ele possa dispensar a vida divina neles e introduzi-los
em uma união orgânica com Deus. A segunda e
terceira epístolas de João enfatizam esta verdade. A
segunda adverte os crentes fiéis a não receberem
aqueles que não permanecem nesta verdade, e a
terceira encoraja os crentes a receberem e ajudarem
aqueles que labutam por ela.

A PREOCUPAÇÃO DE JOÃO EM SUAS


EPÍSTOLAS
Tanto 2 João como 3 João baseiam-se em 1 João.
Ambas indicam que precisamos viver e andar na
verdade. A diferença é que em 2 João existe a
proibição de participar na heresia, de participar em
qualquer ensinamento que seja contra esta verdade.
Devemos permanecer afastados de qualquer
ensinamento ou de qualquer pessoa que seja contra a
realidade do Deus Triúno. Mas em 3 João há o
encorajamento para ajudar os cooperadores na
verdade. Precisamos nos unir a qualquer um que
labute pela realidade divina do Deus Triúno que
desfrutamos, e precisamos fazer tudo oque pudermos
para promover esse trabalho. Assim, em 2 João há
uma atitude negativa para com a heresia e em 3 João,
uma atitude positiva para com a obra pela verdade. Se
a nossa atitude deve ser negativa ou positiva depende
se a situação particular é a favor da realidade divina
ou contra ela.
A preocupação do apóstolo João ao escrever suas
três epístolas era o desfrute do Deus Triúno. Esta é
também a nossa preocupação hoje. Entre os crentes
há uma grande falta de realidade divina e dificilmente
há algum desfrute do Deus Triúno. Em vez do
desfrute do Deus Triúno, os cristãos têm religião com
doutrinas, credos, rituais e práticas. Usando uma
frase do “Progresso do Peregrino” de John Bunyan,
podemos dizer que, como um todo, a religião de hoje
é uma “feira de vaidades”. Enquanto John Bunyan
usava esse termo para descrever o mundo, nós o
usamos para descrever a religião. Em vez de realidade
e desfrute do Deus Triúno, com a religião há todo tipo
de vaidade. Nós, entretanto, precisamos ser
cuidadosos em não meramente falar sobre verdade,
realidade, sem ter a experiência genuína da realidade
divina.
Que é a verdade, a realidade Divina, a respeito da
qual João fala em suas epístolas? Esta realidade é o
Pai no Filho, e o Filho como o Espírito dispensado
para dentro do povo escolhido, redimido e
regenerado de Deus, de modo que eles possam
desfrutá-lo como vida, suprimento de vida e tudo na
vida da nova criação. De fato, esta verdade, esta
realidade, é o desfrute do Deus Triúno. O Pai no Filho
tomou-se um homem, que morreu na cruz para
cumprir a redenção e ressuscitou para tornar-se o
Espírito que dá vida. Agora Ele pode dispensar-se
para dentro do Seu povo escolhido a fim de que eles O
tenham para seu desfrute e também como sua vida,
suprimento de vida e tudo o que precisam para a vida
da nova criação. Esta é a realidade divina como
revelado nas Epístolas de João.
Muitos cristãos hoje não prestam atenção a esta
realidade divina. Em vez disso, para eles tudo o que se
refira a Deus e à salvação é objetivo. Eles têm apenas
um Deus objetivo, um Salvador objetivo, uma
redenção objetiva, uma salvação objetiva, uma
justificação objetiva e uma reconciliação objetiva.
Eles podem crer em muitas doutrinas fundamentais,
mas todas são meramente objetivas e utilizadas para
formar uma religião. No dicionário espiritual desses
cristãos não existe tal palavra como desfrute.
A Bíblia revela que Deus é nosso desfrute e que
Ele é comida para nós. De acordo com a pura Palavra,
Deus é comível (Jo 6:57). Após a criação do homem,
temos a árvore da vida. A seguir, na redenção e
salvação de Deus, como tipificado pela história de
Israel, vemos o alimentar-se do Cordeiro pascal com
o pão asmo. Após os filhos de Israel entrarem no
deserto, eles diariamente comeram maná, o qual é
um tipo de Cristo. Embora alguns cristãos percebam
que o maná é um tipo de Cristo, eles não percebem
que o Senhor Jesus é comível. No capítulo seis do
Evangelho de João, o Senhor Jesus revela que Ele é o
pão da vida e que nós precisamos comê-Lo. Além
disso, lembramo-nos Dele à Sua mesa por comer e
beber Dele.
O Senhor Jesus estabeleceu a mesa por tomar o
pão, abençoá-lo. passá-lo aos discípulos e dizer-lhes
que comessem. Ele os incumbiu de fazer isso em Sua
memória. Isso indica que a memória do Senhor para
nos lembrarmos Dele não é por nos ajoelharmos ou
prostrarmos. Pelo contrário, o que O honra é que
recordemos Dele por comê-Lo. O princípio é o
mesmo com o beber do cálice.
É vital que todos vejamos o que é a realidade
divina. A Trindade divina deve tornar-se nosso
desfrute subjetivo. Essa é a realidade divina, e isso é o
que tem sido negligenciado pelos cristãos hoje.
Portanto, na restauração do Senhor fomos
incumbidos pelo Senhor de prestar toda atenção a
esse assunto.
Na restauração não devemos ter as palavras
“realidade” e “verdade” como meros termos. Se
tivermos apenas termos, então ainda estaremos na
esfera da doutrina, embora seja uma doutrina de um
elevado padrão e da mais completa verdade. Todos
precisamos ver que a verdade, a realidade, é a Pessoa
divina — o Pai, o Filho e o Espírito — tomando-se
nosso desfrute e mesmo nosso elemento.
Em ambas, 2 e 3 João, o apóstolo João fala sobre
amar na verdade. Em 2 João 1 ele também diz que
aqueles que conhecem a verdade também amam o
receptor da epístola na verdade, por causa da verdade
que permanece em nós e estará conosco para sempre
(2 João 2). Além disso, tanto em 2 João 4 como em 3
João 3 e 4, João está alegre em ver que seus filhos
andam na verdade, que eles andam no desfrute do
Deus Triúno. A razão de amarmos os outros é que
desfrutamos o Deus Triúno e que o Deus Triúno
desfrutado por nós é amor. Por desfrutarmos o Deus
Triúno, o amor flui de nós para os outros. Por
tomarmos para. dentro de nós o Deus que é amor, por
“comermos” Deus como amor, nos tornamos amor.
Com relação a isso, lembramos do ditado: “Você é o
que você come”. O resultado de comer Deus é que
amamos os outros na verdade.
Iniciando no primeiro século, distrações e
substituições da realidade divina começaram a surgir.
Entre os cristãos hoje há muitíssimas substituições,
substitutos, para Cristo. Muitos têm Cristo apenas em
nome.
Para experimentarmos e desfrutarmos o Deus
Triúno de maneira prática, precisamos ver que Ele é o
Espírito habitando em nosso espírito regenerado.
Esse Espírito é o Espírito todo-inclusivo, composto,
que dá vida, que é a consumação do Deus Triúno
processado. Este Espírito pode ser considerado o
“extrato” do Deus Triúno. Assim como os extratos de
certas substâncias usadas como remédio ou para
cozinhar podem ser bem fortes, assim o Espírito,
como o extrato do Deus Triúno é muito forte. Hoje
nosso Deus é o Espírito em nosso espírito. Se nos
voltarmos ao nosso espírito, permanecendo nele e o
exercitando para invocar o nome do Senhor e orar-ler
a Palavra, desfrutaremos o Deus Triúno. Então este
desfrute vai nos mudar, nos transformar e conformar
nosso modo de vida.

HOSPITALIDADE PARA OS OBREIROS EM


VIAGEM

Dada Fielmente em Amor e de Modo Digno de


Deus
Nos versículos 5 e 6 João prossegue dizendo:
“Amado, procedes fielmente em tudo o que fazes para
com os irmãos, especialmente para com os estranhos,
os quais diante da igreja testificaram do teu amor; aos
quais, se os encaminhares na sua viagem de um modo
digno de Deus, bem farás” (IBB — Rev.). Aqui, João
fala acerca da hospitalidade aos obreiros em viagem.
No versículo 5 “tudo” refere-se à hospitalidade
proporcionada (como ensinado por Paulo em
Romanos 12:13 e Hebreus 13:2), à recepção dos
irmãos (3Jo 10) que viajavam pelo evangelho e o
ministério da Palavra. A palavra “especialmente”
também indica hospitalidade concedida àqueles
irmãos que saíam em prol da verdade. Porque aqueles
irmãos não conheciam pessoalmente a Gaio, o
receptor desta epístola, eles eram estranhos a ele.
No versículo 6, João diz que estes irmãos em
viagem que eram na maioria estranhos a Gaio, não
familiarizados com ele, testificaram de seu amor
diante da igreja. Isso ocorreu no passado e na igreja
onde o apóstolo estava. Então João continua dizendo
que Gaio fará bem encaminhando-os adiante por
modo digno de Deus. Isso indica algo a ser feito no
futuro. O apóstolo, por um lado, louva a Gaio pelo que
ele fez ao receber os irmãos em viagem no passado;
por outro, ele o encoraja a encaminhá-los no futuro.
Em particular, João encoraja Gaio a encaminhá-los
por modo digno de Deus, isto é, de maneira digna de
Deus.
Aqui, “por modo digno” modifica “encaminhar”.
O encaminhamento deve ser de maneira que combine
com Deus, que é generoso. Isso indica que o
encaminhamento deve ser com generosidade.

Pelos Cooperadores na Verdade


Nos versículos 7 e 8, João mostra que por prestar
hospitalidade aos irmãos em viagem, podemos nos
tornar cooperadores com eles, que saem em favor da
verdade. O versículo 7 diz: “Pois, por causa do Nome
foi que saíram, nada recebendo dos gentios.” O Nome
aqui é o exaltado e glorioso Nome do maravilhoso
Cristo (Fp 2:9; At 5:41; Tg 2:7). Desde o tempo da
ascensão do Senhor, nunca houve um nome na terra
acima do de Jesus.
No versículo 7 João diz que os irmãos em viagem
por causa da verdade, nada receberam dos gentios.
Os gentios, pagãos, nada têm a ver com o mover de
Deus na terra para o cumprimento de Sua economia.
É uma vergonha e até mesmo um insulto a Deus que
qualquer um que trabalhe pela economia de Deus do
Novo Testamento receba ajuda para a obra de Deus,
especialmente suporte financeiro, de incrédulos. À
época do apóstolo, os irmãos que trabalhavam por
Deus nada recebiam dos pagãos. Portanto, o apóstolo
encoraja os crentes a darem suporte a esse trabalho
pela economia de Deus.
No versículo 8 João conclui: “Portanto, devemos
suster os tais, para nos tornarmos cooperadores na
verdade” (lit.). A palavra grega traduzida como
“suster” é hupolambano, composta de duas palavras:
hupo, sob, e lambano, tomar; assim, levantar pela
parte de baixo, isto é, incumbir-se, sustentar,
suportar. Nós, os crentes, incluindo o apóstolo,
devemos suster e incumbirmo-nos das necessidades
dos irmãos que trabalham por Deus em Sua verdade
divina e que nada tomam dos gentios. Se nos
incumbirmos dos obreiros em viagem,
participaremos na obra e, por conseguinte,
tornar-nos-emos cooperadores na verdade.
No versículo 8, “verdade” denota a realidade
divina revelada como o conteúdo do Novo
Testamento de acordo com o ensinamento dos
apóstolos acerca da Trindade divina, especialmente a
Pessoa do Senhor Jesus, para a economia de Deus.
Todos os apóstolos e irmãos fiéis trabalharam para
isso.
ESTUDO-VIDA DE 3 JOÃO
MENSAGEM 2
IMITAÇÃO NÃO DO MAL, MAS DO BEM

Leitura da Bíblia: 3Jo 9-14


Na mensagem anterior salientamos que o
assunto desta epístola é o encorajamento para os
cooperadores na verdade. Os versículos 1 a 4 são a
introdução e falam de amar na verdade (v. 1),
prosperar em todas as coisas e na saúde (v. 2) e andar
na verdade (vs. 3-4). Então os versículos 5 a 8
prosseguem falando sobre hospitalidade aos irmãos
em viagem. Nesta mensagem consideraremos os
versículos 9 a 14.

O AUTO-EXALTADO E DOMINADOR
DIÓTREFES — UM MAU EXEMPLO
Em 3 João 9-12 João dá dois exemplos: o
exemplo negativo de Diótrefes (v. 9) e o exemplo
positivo de Demétrio (v. 12). No versícul09Joãodiz:”
Escrevi alguma coisa à igreja; mas Diótrefes, que
gosta de exercer a primazia entre eles, não nos dá
acolhida.” A igreja aqui é a igreja da qual Gaio era
membro.
O nome Diótrefes é composto de Dios (do nome
de Zeus, que era o principal dos deuses no panteon
grego) e trepho, nutrir; assim, nutrido por Zeus. Isso
indica que Diótrefes, como um professo cristão,
nunca largou seu nome pagão. Isso era contrário à
prática dos primeiros crentes, que tomavam um
nome cristão em seu batismo. De acordo com a
história, Diótrefes defendia a heresiagnóstica, que
blasfema a Pessoa de Cristo.
João diz que Diótrefes amava ser o primeiro
entre os da igreja e não recebia o apóstolo. Isso
significa que Diótrefes não o recebia com
hospitalidade.
Diótrefes, ao amar ser o primeiro, era contra as
palavras do Senhor Jesus em Mateus 20:25-27 e
23:8-11, que coloca todos os Seus crentes no mesmo
nível, de irmãos. Em 2 João 9 os ceríntios gnósticos
tomaram a frente para avançar na doutrina, indo
além do ensinamento concernente a Cristo. Aqui em
3 João 9 vemos alguém que estava sob a influência da
doutrina gnóstica herética, amando ser o primeiro na
igreja. O problema da doutrina gnóstica era o da
arrogância intelectual; o problema de amar ser o
primeiro era o da auto-exaltação na ação. Estes dois
males são armas afiadas usadas pelo inimigo de Deus,
Satanás, para executar seu plano maligno contra a
economia de Deus. Uma danifica a fé dos crentes na
realidade divina; a outra frustra seu trabalho no
mover de Deus.
O princípio era o mesmo tanto com os ceríntios
gnósticos no seu desejo de serem avançados na
doutrina como com o amor de Diótrefes em ser o
primeiro; eles queriam estar acima dos outros. Os
ceríntios queriam estar acima dos outros no
pensamento avançado, e Diótrefes queria ser o
primeiro. Os modernistas de hoje podem ser
comparados aos ceríntios no seu desejo de ter uma
filosofia mais elevada, mais avançada. Os
modernistas acham que a crença geral entre os
cristãos é muito baixa. Portanto, eles desejam estar
acima dos outros no pensamento ou filosofia. O
desejo de estar acima dos outros e o desejo de ser o
primeiro são, ambos, exemplos de orgulho e
arrogância, e ambos eram resultados da heresia.
Entre os cristãos hoje estes dois problemas ainda
existem. O primeiro problema, o desejo de estar
acima dos outros em pensamento, está relacionado à
doutrina. O segundo problema, o amor de ser o
primeiro, está relacionado à prática. Na doutrina
muitos desejam ser avançados, ir além dos outros. Na
prática, muitos amam ser os primeiros. Tal amor leva
até mesmo ao desejo de ser um “papa”. Às vezes esse
princípio maligno arrasta-se para dentro da igreja.
Por exemplo, ao levantarmos para dar um
testemunho podemos querer dizer algo avançado,
algo que vá além do que os outros possam dizer. Além
disso, na vida da igreja podemos também desejar ser
o primeiro. Mesmo em um pequeno grupo de serviço,
podemos querer ser o primeiro, o cabeça. Isso está no
princípio do espírito maligno de Diótrefes.
Diótrefes foi influenciado pelos gnósticos, e ele
defendia, promovia o gnosticismo. Nisso vemos a
sutileza do inimigo ao tentar anular o desfrute do
Deus Triúno. Satanás em sua sutileza busca
distrair-nos do desfrute do Deus Triúno para nos
cortar deste desfrute, ou mesmo para destruí-lo
totalmente. Considere a situação entre os crentes hoje
com respeito ao desfrute do Deus Triúno. Mesmo o
ensinamento da Bíblia é utilizado pelo inimigo para
manter os crentes longe do desfrute apropriado do
Deus Triúno. Com relação a este assunto, uma
batalha está ocorrendo, e nós estamos lutando pela
verdade. Não lutamos pela doutrina; lutamos pela
realidade, a qual é o desfrute do Deus Triúno.
Ao lermos 3 João 10 vemos quão dominador o
maligno Diótrefes era: “Por isso, se eu for aí,
far-lhe-ei lembradas as obras que ele pratica,
proferindo contra nós palavras maliciosas. E, não
satisfeito com estas coisas, nem ele mesmo acolhe os
irmãos, como impede os que querem recebê-los, e os
expulsa da igreja.” A palavra grega traduzi da como
“proferindo”, phluareo, vem de phluo, ebulir,
borbulhar, transbordar em palavras, falar
frivolamente; assim, parolar, falar tolamente ou
coisas sem sentido.
O paro lar de Diótrefes era com “palavras
malignas”. A palavra grega para “maligna” aqui é
poneros, que denota algo pernicioso. Poneros difere
de kakos que se refere a um caráter essencialmente
indigno e perverso; ela difere também de sapros, que
indica indignidade e corrupção, degeneração da
virtude original. A palavra poneros denota algo
pernicioso, prejudicialmente maligna, que afeta e
influencia os outros a serem maus e depravados.
No versículo 11 João prossegue dizendo: “Amado,
não imites o mal, mas o bem. Quem faz o bem é de
Deus; mas quem faz o mal não tem visto a Deus” (IBB
— Rev.). Aqui a palavra grega traduzida como “mal” é
kakos, sem valor, corrupto, depravado. “Faz o bem”
vem do grego agathopoieo (do radical agathos, bom),
ser alguém que faz o bem (como um favor ou um
dever), praticando o bem; assim, fazer o bem.
Nesse versículo João diz que aquele que faz o
bem é “de Deus”. Literalmente, a palavra grega para
“de” significa proveniente de, proveniente a partir de.
Por termos nascidos de Deus, somos provenientes
Dele, possuindo Sua vida e participando de Sua
natureza. Deus é a fonte do bem. Um benfeitor, um
faze dor do bem, é alguém que tem sua fonte em
Deus; isto é, ele é alguém que é proveniente de Deus.
No versículo 11 João nos diz que aquele que faz o
mal não tem visto a Deus. A palavra grega para “fazer
o mal” é kakopoieo (do radical kakos, inútil), ser um
malfeitor, praticando o mal; assim, fazer o mal. Um
malfeitor não somente não é proveniente de Deus,
mas nem sequer tem visto a Deus. Isso significa que
ele não tem desfrutado Deus ou O experimentado.
No versículo 11, ver Deus, na verdade, significa
desfrutar Deus e O experimentar. Nós não podemos
ver a Deus sem O desfrutar, e não podemos conhecer
a Deus sem O experimentar. Ver e conhecer a Deus
são uma questão de desfrutá-Lo e experimentá-Lo.
Recentemente tenho sido encorajado por muitos
testemunhos dados pelos santos jovens nas reuniões.
Estes testemunhos indicam que estes santos jovens
estão desfrutando Deus e experimentando-O. Isso
também indica que eles têm visto a Deus e têm-No
conhecido. Sem ver e conhecer a Deus, sem desfrutar
e experimentá-Lo, eles não poderiam dar tais
testemunhos. Nossos testemunhos indicam se
estamos ou não desfrutando e experimentando a
Deus. Como salientamos, nosso desfrute de Deus é
nosso vê-Lo, e nossa experiência de Deus é nosso
conhecimento Dele.

O BEM-REPUTADO DEMÉTRIOUM BOM


EXEMPLO
No versículo 12 João prossegue dizendo: “Quanto
a Demétrio, todos lhe dão testemunho, até a própria
verdade, e nós também damos testemunho; e sabes
que o nosso testemunho é verdadeiro.” Demétrio, que
pode ter sido um dos irmãos que viajavam
trabalhando pelo Senhor (vs. 5-8), pode ter sido
também o portador desta epístola a Gaio. Portanto,
uma recomendação favorável e forte dele pelo escritor
era necessária.
João diz no versículo 12 que quanto a Demétrio,
todos lhe dão testemunho. A palavra “todos” indica
muitos santos em diferentes igrejas. A palavra de
João indica que Demétrio deve ter sido um irmão
trabalhando entre as igrejas, e assim era bem
conhecido.
João também diz que o testemunho de Demétrio
tem sido dado pela “própria verdade”. Essa é a
verdade de Deus revelada, como a realidade da
essência da fé cristã, a qual é a regra divina para o
andar de todos os crentes e por meio da qual o andar
dos crentes é determinada. Assim, ela dá bom
testemunho daquele que nela anda, como fez com
Demétrio.
Finalmente, no versículo 12 João diz: “Nós
também damos testemunho; e sabes que o nosso
testemunho é verdadeiro.” O “nós” aqui denota o
apóstolo João e seus amigos. A palavra grega para
“verdadeiro” é alethes (um adjetivo semelhante a
aletheia), genuíno, real; assim, verdadeiro.

A CONCLUSÃO DESTA EPÍSTOLA


Nos versículos 13 e 14, como a conclusão, João
expressa a esperança de uma comunhão mais
próxima (vs. 13-14) e estende mútuos cumprimentos
(v. 15): “Tinha eu muitas coisas que te escrever, mas
não o quero fazer com tinta e pena. Espero, porém,
ver-te brevemente, e falaremos face a face. Paz seja
contigo. Os amigos te saúdam. Saúda os amigos
nominalmente” (IBB — Rev.). Aqui vemos que o
apóstolo expressa seu desejo de uma comunhão mais
profunda e rica com Gaio para plenitude de alegria no
desfrute da vida divina (1Jo 1:2-4).

O PENSAMENTO BÁSICO NAS EPÍSTOLAS


DE JOÃO
Nas Epístolas de João há um pensamento básico.
Este pensamento está relacionado ao fato de que, à
época em que essas epístolas foram escritas, certas
heresias concernentes à Pessoa de Cristo haviam
surgido. O efeito desses ensinos heréticos era de
anular o desfrute do Deus Triúno pelos santos. Esse
desfrute tem um enfoque: Deus tomando-se homem,
e esse homem-Deus cumprindo a redenção e em
ressurreição tomando-se o Espírito que dá vida.
Para vermos que esse pensamento básico é de
fato encontrado nas Epístolas de João, revisemos
alguns pontos.
Em sua primeira epístola João diz que Deus
enviou Seu Filho como propiciação pelos nossos
pecados (4:10). João também diz que Deus enviou
Seu Filho, o unigênito, ao mundo, para que
vivêssemos por meio Dele e também para que o Filho
fosse o Salvador do mundo (4:9, 14). Em 3:8 João diz
que “para isto se manifestou o Filho de Deus, para
destruir as obras do diabo.”
Deus enviar o Seu Filho implica na encarnação.
De que maneira Deus enviou Seu Filho? Deus enviou
Seu Filho por meio da encarnação. Agora precisamos
prosseguir perguntando que é a encarnação.
Encarnação é o Filho vindo com o Pai e pelo Espírito
para se tornar um homem. De acordo com o Novo
Testamento, o Senhor Jesus foi concebido do Espírito
e veio com o Pai. Por meio disso vemos que a
Trindade está envolvida na encarnação. O resultado
da encarnação, na qual a Trindade estava envolvida,
foi um homem maravilhoso de nome Jesus. Portanto,
a encarnação não foi meramente um ato do Filho,
como se nada tivesse a ver com o Pai ou o Espírito.
Pelo contrário, quando o Filho se encarnou, Ele veio
com o Pai e pelo Espírito. Assim, os três da Trindade
— o Pai, o Filho e o Espírito — todos participaram na
encarnação.
Como o Deus encarnado, o Senhor Jesus viveu na
terra por trinta e três anos e meio. Então Ele foi à cruz
e morreu pela nossa redenção. Em ressurreição Ele se
tomou o Espírito que dá vida.
Nas Epístolas de João, a verdade inclui todos
estes assuntos cruciais concernentes à encarnação,
viver humano, crucificação e ressurreição de Cristo.
Isso significa que a verdade nestas epístolas envolve
divindade, humanidade, encarnação, crucificação,
redenção e ressurreição. Esta verdade envolve tudo o
que o Deus Triúno é, tudo o que Ele fez, e tudo o que
Ele obteve e atingiu. Esta realidade todo-inclusiva é a
verdade que é a estrutura básica das Epístolas de
João.
Vimos que o inimigo introduziu diferentes
heresias a respeito da Pessoa de Cristo. A intenção do
inimigo era desviar as pessoas da verdade ou
confundi-las com relação à verdade, com o fim de que
o desfrute do Deus Triúno pelos santos fosse
destruído.
João escreveu suas três epístolas para combater a
obra do inimigo. Estas epístolas revelam um ponto
principal, e este ponto é que a verdade divina deve
tomar-se nossa realidade, vida e viver, que essa
verdade deve ser mantida na comunhão divina, e que
essa verdade deve ser aplicada a todo nosso ser em
todas as coisas e de todas as maneiras. Este é o
quadro retratado nestas epístolas.
Todos devemos ver o quadro da realidade divina
apresentado por João em suas epístolas. Este é um
quadro do Deus Triúno tornando-se nosso desfrute
por meio da encarnação, viver humano, crucificação,
ressurreição e ascensão. Quem quer que seja contra
esse desfrute é um falso profeta, um enganador, um
anticristo. Mas quem quer que seja a favor do
desfrute do Deus Triúno é um obreiro honesto e fiel
para com a verdade, e devemos estar unidos a ele e
participar de sua obra. Qualquer coisa que se ponha
no lugar dessa realidade divina é um substituto para
ela, é um ídolo, e devemos guarnecer-nos contra ela.
Precisamos nos guardar, nos proteger, de todos os
ídolos, de todos os substitutos da realidade divina. Se
virmos essa visão, ficaremos claros com relação à
situação da religião de hoje, e também ficaremos
claros sobre nossa incumbência na restauração do
Senhor.
ESTUDO-VIDA DE JUDAS
ESTUDO-VIDA DE JUDAS
MENSAGEM 1
CONTENDER POR A FÉ

Leitura da Bíblia: Jd 1-7


Com esta mensagem iniciamos o estudo-vida do
livro de Judas. O assunto de Judas é o contender por
a fé. No versículo 3 Judas roga-nos que
“contendamos por a fé uma vez por todas entregue
aos santos” (lit.). Nesta mensagem abrangeremos os
primeiros sete versículos desta epístola.

INTRODUÇÃO
Os versículos 1 e 2 são a introdução ao livro de
Judas. Nesses versículos Judas diz: “Judas, escravo
de Jesus Cristo, e irmão de Tiago, aos chamados,
amados em Deus Pai e guardados por Jesus Cristo:
Misericórdia a vós outros e paz e amor sejam
multiplicados” (lit.). Tanto Judas como Tiago eram
irmãos do Senhor Jesus na carne (Mt 13:55). Tiago
era um dos apóstolos (Gl 1:19) e um dos presbíteros
em Jerusalém (At 15:2, 13; 21:18), reputados
juntamente com Pedro e João como colunas da igreja
(Gl 2:9). Ele também escreveu a Epístola de Tiago
(Tiago 1:1). Judas não foi relacionado entre os doze,
nem nos é dito que fosse um presbítero numa Igreja.
Contudo, ele escreveu esta epístola, um livro curto,
porém excelente.
De acordo com o versículo 1, esse livro é
endereçado “aos chamados, amados em Deus Pai, e
guardados por Jesus Cristo.” A palavra grega traduzi
da como “por” pode também ser traduzida “para”.
“Por” denota a força e o meio de guardar; “para”
denota o propósito e objetivo de guardar. Todos os
crentes foram dados ao Senhor pelo Pai (Jo 17:6), e
eles estão sendo guardados para Ele e por Ele.
Muitos mestres da Bíblia crêem que esta epístola,
à semelhança de 1 e 2 Pedro, foi escrita aos crentes
em Cristo que eram judeus. Nas palavras de Judas,
esses crentes foram chamados, amados em Deus Pai e
guardados por Jesus Cristo.
No versículo 2 Judas diz: “Misericórdia a vós
outros e paz e amor sejam multiplicados” (lit.). O fato
de misericórdia ser mencionada em vez de graça
nesta saudação pode ser devido à degradação e
apostasia da igreja (ver vs. 21-22). Em 1 e 2 Timóteo,
Paulo inclui a misericórdia de Deus em sua saudação
inicial. A misericórdia de Deus tem um alcance maior
do que Sua graça. Na situação degradada das igrejas,
a misericórdia de Deus é necessária.
Como pecadores, estávamos em uma situação
lamentável. Mas a misericórdia de Deus nos alcançou
e nos tirou daquela situação e nos qualificou a receber
Sua graça. Em princípio, a graça requer que
estejamos em uma condição relativamente boa.
Entretanto, porque a misericórdia vai além da graça,
ela é capaz de alcançar aqueles que estão na mais
lamentável condição.

CONTENDER POR A FÉ
O versículo 3 diz: “Amados, usando toda
diligência para vos escrever acerca da nossa salvação
comum, achei necessário vos escrever, exortando-vos
a que contendais por a fé uma vez por todas entregue
aos santos” (lit.). Aqui Judas fala sobre nossa
salvação comum. Esta é uma salvação geral, a qual é
comum a todos os crentes e mantida por eles, como a
fé comum (Tt 1:4).
Alguns cristãos empregam mal a palavra de
Judas sobre contender por a fé. Eles acham que
contender por a fé significa contender por questões
tais como batismo e lavar os pés. Alguns argumentam
sobre o cobrir a cabeça ou sobre o tipo de pão usado
na mesa do Senhor. Entretanto, a fé no versículo 3
não se refere a tai s questões.
A fé neste versículo não é subjetiva; ela é
objetiva. Ela não se refere ao nosso crer, mas à nossa
crença, ao que cremos. A fé denota o conteúdo do
Novo Testamento como nossa fé (At 6:7; 1Tm 1:19;
3:9; 4:1; 5:8; 6:1O, 21; 2Tm 2:18; 3:8; 4:7; Tt 1:13),
aquilo em que cremos para nossa salvação comum.
Esta fé, não qualquer doutrina, foi entregue de uma
vez por todas aos santos. Por esta fé devemos
contender (1Tm 6:12).
No Velho Testamento, Deus deu a Abraão uma
promessa.
Mais tarde, por meio de Moisés, Deus deu a lei
aos filhos de Israel. No Evangelho de João é-nos dito
que quando o Senhor Jesus veio, a graça veio (1:17).
Aqui temos três questões importantes: promessa, lei e
graça. Alguns mestres da Bíblia falam sobre a
dispensação da promessa, a dispensação da lei e a
dispensação da graça.
Por entendermos a verdade no Novo
Testamento, precisamos ver que Deus primeiro deu
uma promessa a Abraão. Podemos dizer que essa
promessa estava na “pista principal” do tratamento
de Deus com o homem. Mas por causa da ignorância
e incredulidade do povo escolhido de Deus, foi
necessário que Deus desse a lei aos filhos de Israel.
No livro de Gálatas, Paulo compara a lei a Hagar, a
concubina de Abraão, não a Sara, a esposa de Abraão
(Gl 4:21-25). Isso significa que Hagar era um tipo, ou
prefiguração da lei. Portanto, a posição da lei não é de
esposa, mas de concubina. Agora, no Novo
Testamento, Deus dá a fé em vez da lei.
Com a fé dada por Deus há tanto o lado subjetivo
como o lado objetivo. O lado subjetivo refere-se ao
nosso crer, e o lado objetivo refere-se às coisas em
que cremos. No versículo 3 a fé não denota nossa
habilidade para crer; pelo contrário, ela se refere ao
que cremos. Assim, a fé refere-se ao conteúdo do
Novo Testamento.
Pedro nos diz em sua segunda epístola que a fé
igualmente preciosa foi-nos aquinhoada (2Pe 1:1).
Esta fé é subjetiva e refere-se à fé que está dentro de
nós. Isso difere da fé em Judas 3, pois a fé aqui é
objetiva.
A fé no sentido objetivo é igual ao conteúdo da
vontade de Deus dado a nós no Novo Testamento. A
lei inclui o conteúdo dos Dez Mandamentos e todas as
ordenanças secundárias. A lei foi dada no Velho
Testamento, mas o que Deus dá no Novo Testamento
é a fé que inclui todos os itens da nova vontade de
Deus. Essa vontade inclui até mesmo o Deus Triúno.
Entretanto, ela não inclui questões tais como o cobrir
a cabeça, lavar os pés ou métodos de batismo. No
entanto, alguns crentes contendem por estas coisas,
achando que estão contendendo por a fé. Esta,
porém, não é a compreensão correta do que Judas
quer dizer com contender por a fé entregue aos santos
urna vez por todas.
Contender por a fé é contender por questões
básicas e cruciais da nova vontade de Deus. Urna
dessas questões básicas é a morte de Cristo para
nossa redenção.
Suponha que um modernista lhe diga que Jesus
morreu na cruz não pela redenção, mas porque Ele
era um mártir e sacrificou-se pelos Seus
ensinamentos. Este entendimento da morte de Cristo
é herético. Ele é contrário a um dos principais itens
da nova vontade de Deus. Precisamos contender pela
verdade concernente à redenção de Cristo.
Há muitos anos na China contendemos pela
verdade da redenção quando batalhamos contra o
livro Somente para Pecadores, um livro que afirmava
que um pecador pode ser favorecido por Deus ou
salvo à parte do sangue de Jesus. A Bíblia diz
claramente que sem o derramamento de sangue não
há perdão de pecados (Hb 9:22). Lutamos contra
aquele livro herético e vacinamos os crentes contra
seus ensinamentos modernistas.
Agradecemos ao Senhor que neste país, hoje,
muitos mestres da Bíblia fundamentalistas também
estão lutando contra os ensinamentos heréticos,
modernistas. Isso é contender por a fé entregue aos
santos uma vez por todas. Essa fé foi entregue aos
santos uma vez por todas, e o que precisamos fazer
agora é contender por ela.

AS HERESIAS DOS APÓSTATAS


No versículo 4 Judas prossegue dizendo: “Porque
se introduziram furtivamente certos homens, que já
desde há muito estavam destinados para este juízo,
homens ímpios, que convertem em dissolução a graça
de nosso Deus, e negam o nosso único Soberano e
Senhor, Jesus Cristo” (IBB — Rev.). Os versículos 4 a
19 de Judas estão num paralelo muito próximo com o
capítulo 2 de 2 Pedro. Isso indica que a Epístola de
Judas foi escrita no tempo da apostasia e degradação
da igreja.
No versículo-í Judas diz que certos homens “se
introduziram furtivamente”, Literalmente no grego
significa que entraram pelo lado ou por uma porta
lateral. Podemos comparar isso com “introduzir
dissimuladamente” em 2 Pedro 2:1. Assim como o
inimigo veio furtivamente para semear joio entre o
trigo (ver Mt 13), os apóstatas introduziram-se
furtivamente.
As palavras “este juízo” referem-se ao julgamento
sobre o introduzir-se furtivamente dos apóstatas, o
julgamento desvendado nos versículos seguintes. O
julgamento aqui é a condenação para punição, e
refere-se a serem condenados para serem punidos.
Neste trecho, Judas fala sobre homens ímpios,
que perverteram a graça de Deus em licenciosidade e
negaram nosso Soberano e Senhor, Jesus Cristo. O
mal desses apóstatas heréticos é duplo: converter a
graça de Deus em dissolução, isto é, em abuso de
liberdade (ver Gl 5:13; 1Pe 2:16), e negar o
encabeçamento e o senhorio do Senhor. Esses dois
andam juntos. Tornar a graça de Deus em abuso de
liberdade para libertinagem requer negar o governo e
autoridade do Senhor.

EXEMPLOS HISTÓRICOS DO JULGAMENTO


DO SENHOR SOBRE A APOSTASIA

Os Filhos de Israel
Nos versículos 5 a 7 Judas dá alguns exemplos
históricos do julgamento do Senhor sobre a apostasia.
O primeiro exemplo é o dos filhos de Israel: “Quero,
pois, lembrar-vos, embora já estejais cientes de tudo
uma vez por todas, que o Senhor, tendo libertado um
povo tirando-o da terra do Egito, destruiu, depois, os
que não creram” (v. 5). Houve apostasia entre aqueles
que foram guiados para fora da terra do Egito. Isso
significa que os incrédulos filhos de Israel
tornaram-se apóstatas. Nesse versículo Judas nos diz
que o Senhor destruiu aqueles que não creram.

Os Anjos que Não Mantiveram Seu Próprio


Principado
O versículo 6 diz: “Aos anjos que não guardaram
o seu principado, mas deixaram a sua própria
habitação, ele os tem reservado em prisões eternas na
escuridão para o juízo do grande dia” (IBB — Rev.).
Os anjos aqui são os mesmos de 2 Pedro 2:4; eles são
os “filhos de Deus” em Gênesis 6. A palavra grega
traduzida como “principado” é arche. Esta palavra
significa o princípio do poder, o primeiro lugar da
autoridade; portanto, dignidade original numa
posição elevada. Os anjos caídos não mantiveram sua
dignidade e posição originais, mas abandonaram sua
própria habitação, a qual está no céu, para virem à
terra na época de Noé para cometerem fornicação
com as filhas dos homens (Gn 6:2; 1Pe 3:19). A
“escuridão” são os abismos tenebrosos do Tártaro
(2Pe 2:4), e o julgamento do grande dia será
provavelmente o julgamento final do grande trono
branco.

Sodoma e Gomorra
No versículo 7 Judas continua: “Como Sodoma e
Gomorra e as cidades circunvizinhas que, havendo-se
entregue à prostituição como aqueles, seguindo após
outra carne, são postas para exemplo do fogo eterno,
sofrendo punição.” A palavra “como” aqui é
importante e quer dizer da mesma maneira que. Essa
palavra prova que os anjos, no versículo anterior, são
os filhos de Deus em Gênesis 6:2, que cometeram
fornicação com carne estranha e foram condenados
por Deus para o julgamento do grande dia, pois
imediatamente após isto houve o julgamento sobre
Sodoma, Gomorra e as cidades circunvizinhas. O
pronome relativo “que” no versículo 7 refere-se a
Sodoma, Gomorra e as cidades circunvizinhas.
A frase “como aqueles” significa na maneira de
cometer fornicação com carne estranha, como
fizeram os anjos caídos. Os anjos caídos cometeram
fornicação com outra raça, que para eles era carne
estranha. Os sodomitas fizeram a vontade de sua
concupiscência com os do sexo masculino (Rm 1:27;
Lv 18:22), com carne diferente e estranha a que Deus
ordenara pela natureza de Sua criação para o
casamento humano (Gn 2:18-24). No versículo 7
“outra carne” denota a carne que é estranha ou
diferente, e “aqueles” refere-se aos anjos fornicadores
do versículo anterior. .
Se compararmos Judas com 2 Pedro, veremos
que essas duas epístolas abrangem muitos pontos
idênticos. Isso indica que os apóstolos e os mestres de
outrora devem ter tido comunhão sobre essas
questões. Caso contrário, como poderiam Pedro e
Judas terem escrito de maneira tão idêntica? Esses
dois irmãos, ambos com antecedente judeu e que
carregavam a responsabilidade de soar a trombeta
para as verdades do Novo Testamento, condenaram
as mesmas coisas e enfatizaram o fato de que todo
aquele que tomasse o caminho da apostasia sofreria o
julgamento de Deus.
É extremamente sério negar a Pessoa do Senhor
e Sua obra redentora. Certos modernistas que negam
o Senhor dessa forma têm sofrido o julgamento de
Deus mesmo no decorrer da vida deles. Quando o
movimento Oxford, ou Buchmanismo, estava ativo na
China, alguns modernistas foram descarados a ponto
de dizer que Jesus Cristo não era o Filho de Deus
nascido de uma virgem, mas era o filho ilegítimo de
Maria. Isso não é apenas herético; é uma blasfêmia.
Que blasfêmia declarar que nosso Senhor Jesus
Cristo era o filho ilegítimo de Maria! Por fim, alguns
daqueles que ensinavam tais coisas heréticas e
blasfemas não tiveram um final feliz em sua vida. Eles
não serão julgados por Deus apenas no futuro — eles
foram julgados por Deus durante o curso de sua vida.
Como resultado, o mal da vida deles não foi nada
bom.
Precisamos aprender dos livros de Judas e 2
Pedro a temer a Deus e ser muito cuidadosos com
respeito à Pessoa do Senhor e de Sua obra redentora.
Por vivermos em uma era pervertida, os jovens
especialmente precisam estar alertas. Todos nós
devemos ter uma compreensão básica da Palavra de
Deus. Isso irá nos proteger. Como Pedro diz, a
Palavra será uma candeia brilhando dentro de nós
(2Pe 1:19). Então se tivermos contato com apóstatas e
heréticos, saberemos que seu ensino acerca da Pessoa
de Cristo e de Sua obra redentora é falsa e blasfema e
não lhes daremos ouvido. Por termos lutado contra o
modernismo quando estávamos na China, os cristãos
ali foram protegidos. Obviamente, outros cristãos
também foram fiéis em lutar contra ensinos
heréticos. Hoje todos precisamos ser fiéis para
contender por a fé uma vez por todas entregue aos
santos.
ESTUDO-VIDA DE JUDAS
MENSAGEM, 2
OS MALES DOS APÓSTATAS E SUA l. UNIÇÃO
SOB O JULGAMENTO DO SENHOR

Leitura da Bíblia: Jd 8-19


Na mensagem anterior vimos que o assunto da
Epístola de Judas é o contender por a fé. Judas nos
incumbe de contender por a fé, e em seguida ele
prossegue para falar sobre a apostasia (v. 4). Nos
versículos 5 a-7 ele dá alguns exemplos históricos do
julgamento do Senhor sobre a apostasia. Agora, nos
versículos 8 a 19 ele ressalta os males dos apóstatas e
sua punição sob o julgamento do Senhor.
Consideremos estes versículos um a um e prestemos
atenção a certos pontos cruciais.

DESPREZAR SENHORIO
O versículo 8 diz: “Ainda do mesmo modo, esses
sonhadores também contaminam a carne e
desprezam senhorio e injuriam dignidades” (lit.). Os
homens ímpios citados no versículo 4 são sonhadores
portando o nome de cristãos, contudo fazendo coisas
como que em sonhos, coisas tais como perverter a
graça de Deus em licenciosidade para contaminar sua
carne e negar Jesus Cristo como nosso único
Soberano e Senhor, desprezando Seu senhorio e
injuriando as autoridades em Seu governo celestial,
Segundo o que temos observado através dos
anos, aqueles que negam o Senhor Jesus e
recusam-se a crer na Palavra santa, por fim perdem o
sentimento em sua consciência. Nas palavras de
Paulo, a consciência deles está cauterizada (1Tm 4:2)
e não funciona adequadamente. Como resultado, eles
podem tornar-se impuros e imorais. Uma vez que a
consciência de uma pessoa esteja cauterizada, ela não
possui mais proteção ou salvaguarda.
Os apóstatas contaminam a carne, desprezam
senhorio e injuriam dignidades, porque não se
importam com o governo de Deus. Não respeitando a
autoridade de Deus, eles são totalmente sem lei. Eles
desprezam senhorio, isto é, desprezam o senhorio de
Cristo, o qual é o centro do governo, domínio e
autoridade divinos (At 2:36; Ef 1:21; Cll:16). Também
injuriam dignidades, que provavelmente se refira
tanto a anjos como a homens com poder e autoridade.
No versículo 9 Judas continua: “Contudo, o
arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo, e
disputava a respeito do corpo de Moisés, não se
atreveu a proferir juízo infamatório contra ele; pelo
contrário, disse: O Senhor te repreenda.” O corpo de
Moisés foi enterrado pelo Senhor em um vale na terra
de Moabe, em lugar não conhecido por homem algum
(Dt 34:6). Isso deve ter sido feito propositadamente
dessa maneira pelo Senhor. Quando Moisés e Elias
apareceram com Cristo no monte da transfiguração
(Mt 17:3), Moisés deve ter sido manifestado em seu
corpo, o qual foi mantido pelo Senhor e ressuscitado.
Provavelmente, à vista disso, o diabo tentou fazer
algo ao corpo dele, e o arcanjo discutiu com ele acerca
disso. A referência em 2 Pedro 2:11 é geral, mas isso é
um caso específico, com respeito ao corpo de Moisés.
Judas ressalta que Miguel não proferiu juízo
infamatório contra o diabo, mas disse: “O Senhor te
repreenda.” Isso indica que, no governo celestial do
Senhor, o diabo, Satanás, estava em posição superior
ao arcanjo Miguel. Deus designou e estabeleceu-o
assim (Ez 28:14). Em todo caso, Satanás estava
abaixo do Senhor. Portanto, Miguel disse-lhe: “O
Senhor te repreenda.” Miguel manteve sua posição na
ordem da autoridade divina.

INJURIAR O QUE NÃO CONHECEM


O versículo 10 diz: “Estes, porém, blasfemam de
tudo o que não entendem; e, naquilo que
compreendem de modo natural, como os seres
irracionais, mesmo nisso se corrompem” (IBB Rev.).
A palavra “estes” no versículo 1 o refere-se aos
sonhadores no versículo 8. No grego a palavra
“entender” neste versículo denota uma percepção
mais profunda das coisas invisíveis, e a palavra
“compreender” indica uma percepção superficial de
objetos visíveis. Precisamos tanto de compreensão
das coisas visíveis como de entendimento das coisas
invisíveis.
A palavra grega traduzida como “de modo
natural” também significa instintivamente. Estes
sonhadores injuriam aquilo que não entendem, coisas
que eles deveriam entender; e o que eles
compreendem fazem-no naturalmente,
instintivamente, irracionalmente, como animais de
instinto. Eles não exercitam o conhecimento mais
profundo e mais elevado do homem racional,
incluindo a percepção da consciência do homem. O
que eles praticam é a compreensão instintiva,
superficial e baixa, como a dos animais sem razão
humana. Portando-se dessa maneira, eles estão sendo
corrompidos ou destruídos.
O CAMINHO DE CAIM, O ERRO DE BALAÃO
E A REBELIÃO DE CORÉ
O versículo 11 diz: “Ai deles! porque foram pelo
caminho de Caim, e por amor do lucro se atiraram ao
erro de Balaão, e pereceram na rebelião de Coré” (IBB
— Rev.). Aqui Judas refere-se ao caminho de Caim, ao
erro de Balaão e à rebelião de Coré. O caminho de
Caim é o de servir a Deus religiosamente, seguindo
sua própria vontade e rejeitando hereticamente a
redenção pelo sangue exigido e ordenado por Deus.
Aqueles que seguem o caminho de Caim são de
acordo com a carne e têm inveja do verdadeiro povo
de Deus por causa de seu fiel testemunho a Deus (Gn
4:2-8).
Hoje alguns assim chamados cristãos seguem o
caminho de Caim naquilo que servem a Deus de
acordo com sua própria vontade. Por gostarem de
fazer as coisas de certa maneira, eles fazem-nas
daquela maneira. Isso é servir a Deus religiosamente,
seguindo sua própria vontade.
Salientamos que Caim rejeitou a redenção pelo
sangue como exigido por Deus, e ele também tinha
inveja de seu irmão Abel. Abel era um verdadeiro
filho de Deus, e seu testemunho era fiel a Deus e
aceito por Ele. Deus se agradou da oferta de Abel.
Mas Caim tinha inveja de seu irmão a tal ponto que o
matou. Em princípio, isso tem ocorrido pelos últimos
dezenove séculos. Aqueles aceitos por Deus sofrem
nas mãos daqueles que servem a Deus religiosamente
de acordo com a própria vontade deles.
No versículo 11 Judas diz que os apóstatas se
atiraram ao erro de Balaão por amor do lucro. Os
apóstatas se atirarem dessa maneira significa que eles
deram-se a si mesmos a esse erro, precipitaram-se de
cabeça nele, correram desenfreadamente para ele.
O erro de Balaão é o de ensinar doutrina errada
por recompensa, embora aquele que ensina saiba que
é contrário à verdade e contra o povo de Deus. O erro
de Balaão também envolve abuso da influência de
certos dons, a fim de desviar o povo de Deus da
adoração pura ao Senhor para a adoração idólatra
(Nm 22:7, 21; 31:16; Ap 2:14). Balaão sabia que aquilo
que ensinava era contra a verdade de Deus e contra o
Seu povo, e ele intencionalmente ensinou-o por
ganho.
Hoje certos mestres da Bíblia e pregadores
caíram no erro de Balaão. Alguns deles conhecem as
verdades mais profundas da Palavra. Entretanto,
temendo perder o sustento financeiro, eles não
ousam ensinar estas verdades. Por exemplo, em 1963
eu tive uma agradável comunhão com determinado
pregador. Ele me disse que conhecia a verdade sobre
a igreja. Mas disse que não poderia ensinar essa
verdade, pois se assim o fizesse, sua organização
perderia o suporte financeiro. Isso indica que ele
ensinava somente aquelas coisas que lhe permitissem
receber suporte financeiro. Pelo menos até certo
ponto ele praticava o erro de Balaão.
Se conhecemos a verdade, devemos ensiná-la e
pregá-la a qualquer custo. Mas se não ousamos
ensinar e pregar a verdade, por temer perda ou por
desejar ganho financeiro, estaremos praticando o
erro de Balaão. Que vergonha que certos pregadores
não preguem a verdade por temerem a perda de
suporte financeiro! Em princípio, este é o erro de
Balaão.
No versículo 11 Judas também fala daqueles que
pereceram na rebelião de Coré. A palavra grega
traduzida como “rebelião” aqui, literalmente significa
contradição, falar contra. A rebelião de Coré foi uma
rebelião contra a autoridade delegada de Deus em
Seu governo e Sua palavra falada por meio de Seu
representante (como Moisés). Isso traz destruição (N
m 16:1-40).
Moisés era o representante de Deus na
autoridade e também no falar de Sua palavra. Mas
Coré e duzentos e cinqüenta outros rebelaram-se
contra a autoridade e o falar de Moisés. Na verdade,
essa autoridade e falar eram de Deus, não de Moisés.
A autoridade de Moisés era a autoridade de Deus, e
seu falar era o falar de Deus. No entanto, Coré e
aqueles com ele sofreram sério julgamento: a terra
abriu-se e os tragou a todos.
Sabemos da história que Deus sempre fala
através de uma autoridade representativa. Rebelar-se
contra essa autoridade e seu falar é, em princípio,
estar na rebelião de Coré.

RECIFES OCULTOS
No versículo 12 Judas prossegue dizendo: “Estes
são recifes ocultos nas vossas festas de amor,
festejando junto convosco sem temor, pastores que se
apascentam a si mesmos, nuvens sem água, levadas
pelos ventos, árvores outonais sem fruto, duas vezes
mortas, desarraigadas; ondas selvagens do mar,
espumando suas próprias vergonhas, estrelas
errantes, para os quais a negridão das trevas tem sido
reservada pela eternidade” (lit.). A palavra grega
traduzida como “recifes ocultos”, spilades,
originalmente significa uma rocha. Ela pode estar se
referindo aqui a uma rocha submersa com o mar
sobre ela (Darby); portanto, rochas ocultas. A palavra
grega spiloi para “máculas” em 2 Pedro 2:13 é muito
próxima de spilades; portanto, algumas versões
traduzem esta por máculas. Na verdade, estas duas
palavras referem-se a duas coisas diferentes. Máculas
são defeitos na superfície de pedras preciosas; rochas
ocultas encontram-se no fundo da água. Os heréticos
de outrora não eram apenas máculas na superfície,
mas também rochas ocultas no fundo, ambas as quais
eram um dano para os crentes em Cristo.
As festas de amor mencionadas no versículo 12
eram festas de amor motivadas pelo amor de Deus
(agape — 1Jo 4:10-11, 21). Nos primeiros dias os
crentes costumavam comer juntos em amor para
comunhão e adoração (At 2:46). Esse tipo de festa foi
unida à ceia do Senhor (1Co 11:20-21, 33) e chamada
de festa de amor.
Judas chama os apóstatas de “pastores que se
apascentam a si mesmos”. Os heréticos buscadores de
prazer (2Pe 2:13) fingiam ser pastores, mas nas festas
de amor eles apenas alimentavam-se a si mesmos,
não tendo preocupação pelos demais. Para os outros,
eles eram nuvens sem água, não tendo suprimento de
vida para retribuir.

ÁRVORES §EM FRUTO


Estes heréticos são também chamados de
“árvores outonais sem fruto, duas vezes mortas,
desarraigadas.” Outono é uma estação para colher
frutos. Os apóstatas egoístas parecem ser árvores
frutíferas na estação, mas não têm frutos para
satisfazer outros. Eles morreram duas vezes, não
apenas exteriormente em aparência como acontece
com a maioria das árvores no outono, mas também
interiormente em natureza. Eles estão
completamente mortos e deveriam ser desarraigados.

ONDAS SELVAGENS E ESTRELAS


ERRANTES
No versículo 13 Judas prossegue falando dos
heréticos como “ondas selvagens do mar, espumando
suas próprias vergonhas, estrelas errantes, para os
quais a negridão das trevas tem sido reservada pela
eternidade” (lit.). Pastores, nuvens, árvores e estrelas
são figuras positivas na metáfora bíblica, mas recifes
ocultos, ondas e mar são negativos. Estes apóstatas
são falsos pastores, nuvens vazias, árvores mortas e
estrelas errantes. Eles são recifes ocultos e ondas
selvagens, impetuosas, do mar, espumando, sem
restrição, sua própria vergonha. A metáfora das
estrelas errantes indica que os mestres errantes, os
apóstatas, não estão solidamente firmados nas
verdades imutáveis da revelação celestial, mas estão
vagueando entre o povo de Deus que é semelhante a
estrelas (Dn 12:3; Fp 2:15). O destino deles será a
negridão das trevas, que lhes foram reservadas pela
eternidade.

O SENHOR VEM COM MIRÍADES DE


SANTOS
No versículo 14 Judas continua: “Para estes
também profetizou Enoque, o sétimo depois de Adão,
dizendo: Eis que veio o Senhor com os seus milhares
de santos” (IBB — Rev.). A vinda do Senhor citada
aqui deve ser a aparição da parousia (vinda), como
mencionado em 2 Tessalonicenses 2:8; Mateus 24:27,
30; e Zacarias 14:4-5. As palavras gregas traduzidas
como “milhares de santos” também podem ser
traduzi das como “suas santas miríades”. Estas
miríades provavelmente incluem, como em Zacarias
14:5, os santos (1Ts 3:13) e os anjos (Mt 16:27; 25:31;
Mc 8:38).
Diferentes opiniões podem ser mantidas com
relação aos milhares de santos ou as santas miríades,
no versículo 14. Alguns podem afirmar que os santos
aqui são anjos, e outros podem dizer que esses santos
são crentes. De acordo com as Escrituras, quando o
Senhor Jesus voltar para julgar todas as pessoas e
coisas, Ele virá tanto com os santos anjos como
também com os santos crentes. Na Sua visão, tanto os
anjos como os crentes são santos. Quando o Senhor
Jesus voltar, Ele virá com Seus anjos e com os
vencedores. Os vencedores irão compor a noiva de
Cristo, que também será Seu exército. Portanto, o
Senhor virá com estes santos e anjos para lutar contra
o anticristo e seu exército.

JULGAMENTO SOBRE OS ÍMPIOS


Vemos a partir do versículo 15 que o Senhor virá
“executar juízo sobre todos e convencer a todos os
ímpios de todas as obras de impiedade, que
impiamente cometeram, e de todas as duras palavras
que ímpios pecadores contra ele proferiram” (IBB —
Rev.). A vinda do Senhor será para cumprir o
julgamento governamental de Deus, e por meio desse
julgamento todos os ímpios serão tratados.
No versículo 15 Judas usa a palavra “ímpio”
quatro vezes.
Ele fala dos ímpios e de suas obras ímpias que
eles praticaram impiamente. Ele também menciona
as duras coisas que os pecadores ímpios proferiram
contra o Senhor. Tudo isso será julgado pelo Senhor
na Sua vinda.
No versículo 16 Judas diz que estes ímpios são
murmuradores e queixosos. Eles agem de acordo com
suas próprias concupiscências, a boca deles fala
grandes coisas jactanciosas, e eles adulam as pessoas
para tirar vantagem. Então, nos versículos 17 e 18
Judas relembra os crentes das palavras ditas pelos
apóstolos do Senhor Jesus Cristo de que nos últimos
tempos haverá escarnecedores andando de acordo
com suas paixões ímpias.

NÃO TENDO ESPÍRITO


No versículo 19 Judas diz: “Estes são os que
causam separações, almáticos, não tendo espírito”
(lit.). A palavra grega traduzida como “almáticos” é
psychikos, a forma adjetiva de psyche, que significa
alma. “A psyche (alma) é o centro da pessoa, o ‘eu’ de
cada indivíduo. Ela está em cada homem, ligada ao
espírito, a parte mais elevada do homem, e ao corpo,
a parte mais inferior do homem; ela é sobrelevada por
um e rebaixada pelo outro. Aquele que se entrega aos
desejos baixos, é carnal: aquele que, pela comunhão
de seu espírito com o Espírito de Deus, dedica-se a
objetivos mais elevados de seu ser, é espiritual.
Aquele que permanece no meio do caminho,
pensando apenas no ego e nos interesses do ego, seja
animal ou intelectual, é o psychikos, o homem egoísta
(almático), o homem cujo espírito está decaído e
degradado em sujeição à psyche (alma)” (Alford).
No versículo 19 Judas fala dos apóstatas como
“não tendo espírito”. Esse é o espírito humano, não o
Espírito de Deus. Os apóstatas são destituídos de
espírito. Eles, “na verdade, não deixaram de ter um
espírito, como parte de sua própria natureza
tripartida (1Ts 5:23), contudo deixaram de possuí-lo
de maneira digna: está degradado debaixo e sob o
poder da psyche (alma), a vida pessoal, a ponto de
não ter real vitalidade em si próprio” (Alford). Eles
não se preocupam com seu espírito, tampouco
usam-no. Eles não contatam a Deus por meio de seu
espírito em comunhão com o Espírito de Deus; nem
vivem e andam em seu espírito. Eles foram
rebaixados pela sua carne e tomaram-se carnais, de
maneira que perderam a percepção de sua
consciência e tomaram-se animais irracionais (Jd 10).
ESTUDO-VIDA DE JUDAS
MENSAGEM 3
ENCARGOS AOS CRENTES

Leitura da Bíblia: Jd 20-25


Nos versículos 20 a 23 Judas dá certos encargos
aos crentes. Nos versículos 20 e 21 ele incumbe os
crentes de se edificarem na fé santa e a viverem no
Deus Triúno. A seguir, nos versículos 22 e 23 ele
incumbe os crentes de cuidarem dos outros com
misericórdia em temor.

EDIFICAR-NOS A NÓS MESMOS EM NOSSA


FÉ MAIS SANTA
No versículo 20 Judas diz: “Vós, porém, amados,
edificando-vos na vossa fé santíssima, orando no
Espírito Santo.” A fé aqui é a fé objetiva e refere-se às
coisas preciosas do Novo Testamento nas quais
cremos para nossa salvação em Cristo. Sobre o
fundamento desta fé santa e na sua esfera, orando no
Espírito Santo, edificamos a nós mesmos. A verdade
da fé na nossa compreensão e o Espírito Santo por
meio de nossa oração são necessários para a nossa
edificação. Tanto a fé quanto o Espírito são santos.
É correto dizer que a fé no versículo 20 é a fé
objetiva.
Entretanto, precisamos perceber que esta fé
objetiva produz a fé subjetiva. A fé primeiramente
refere-se à verdade contida na Palavra de Deus e
transmitida pela Palavra. A palavra de Deus escrita na
Bíblia e a palavra falada na pregação e ensinamento
Edificar a nós mesmos na fé não significa
edificar-nos com doutrinas teológicas ou
conhecimento bíblico. Mera doutrina ou
conhecimento é objetivo demais e também vazio. Mas
a verdade como a realidade da Palavra Santa não é
vazia. Essa verdade é o conteúdo da fé mais santa.
Portanto, com esse conteúdo temos algo real e sólido
com que e sobre que edificar.
A edificação na fé mais santa não é
individualista; pelo contrário, essa edificação é uma
questão coletiva. Judas fala aos crentes coletivamente
quando os incumbe de edificarem a si mesmos na sua
fé mais santa. Se quisermos edificar a nós mesmos na
fé, devemos fazê-lo de maneira coletiva; isto é,
devemos fazê-lo no Corpo, na vida da igreja. À parte
da vida da igreja não podemos edificar a nós mesmos
na fé. Fora da vida da igreja, não há tal edificação. Na
verdade, edificar a nós mesmos na fé mais santa é
edificar o Corpo de Cristo.

ORAR NO ESPÍRITO SANTO


De acordo com o versículo 20, se quisermos
edificar a nós mesmos em nossa fé mais santa,
precisamos orar no Espírito Santo. A fé está
relacionada à Palavra, e no Espírito Santo temos vida.
Neste versículo o Espírito Santo refere-se
principalmente à vida, não ao poder. Entretanto,
alguns cristãos hoje entendem o Espírito Santo
principalmente em termos de poder. Em Romanos
8:2 Paulo fala do Espírito Santo como o Espírito da
vida. Pela experiência sabemos que orar no Espírito
Santo é muito mais uma questão de vida do que de
poder. Quando oramos podemos não sentir poder;
entretanto. freqüentemente temos a percepção da
vida. A vida é mais preciosa do que o poder.
Com relação a orar no Espírito Santo, o povo
pentecostal pode relacionar isso mais ao poder do que
à vida, porque sua ênfase está no poder e não na vida.
Há grande diferença entre enfatizar a vida ou o poder.
Na verdade, o verdadeiro poder espiritual vem da
vida espiritual.
O genuíno poder é uma questão de vida.
Podemos usar as sementes como ilustração. As
sementes de cada espécie são pequenas. Nunca vi
uma semente do tamanho de uma bola de beisebol.
Mas apesar de ser pequena, uma semente é dinâmica
e cheia de vida. Por ser cheia de vida uma semente é
poderosa. Após semeá-la no solo, ela germina e cresce
até ser uma planta ou árvore. Embora os brotos sejam
muito delicados, eles têm o poder de irromper através
do solo. Este poder advém da vida na semente. De
semelhante modo, edificar-nos a nós mesmos por
orar no Espírito Santo é principalmente questão de
vida.

GUARDAR A NÓS MESMOS NO AMOR DE


DEUS
No versículo 21 Judas diz: “Guardai-vos no amor
de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor
Jesus Cristo, para a vida eterna.” Devemos nos
guardar no amor de Deus por edificar a nós mesmos
na fé mais santa e por orar no Espírito Santo. Dessa
maneira devemos esperar e buscar a misericórdia de
nosso Senhor de modo a não apenas desfrutar a vida
eterna nesta era, mas igualmente herdá-la para a
eternidade (Mt 19:29).
A maneira de guardar-nos no amor de Deus é
edificar — nos na fé mais santa e orar no Espírito
Santo. Se não nos edificarmos na fé e se não orarmos
no Espírito Santo, será fácil apartarmos-nos do amor
de Deus. Na verdade, as palavras “no amor de Deus”
significam o desfrute do amor de Deus. Aqui Judas
não fala do amor de Deus de maneira objetiva; ele fala
do amor de Deus de forma subjetiva, na forma de
desfrute desse amor. Hora após hora precisamos
desfrutar o amor de Deus. Devemos estar no amor de
Deus não apenas objetivamente, mas também
subjetivamente. Precisamos manter-nos sempre no
desfrute do amor de Deus por meio de edificar-nos e
orar. Edificar a nós mesmos está relacionado à santa
Palavra, e orar está relacionado ao Espírito Santo.
Portanto, se tivermos a Palavra aplicada a nós e o
Espírito trabalhando em nosso interior, seremos
guardados no desfrute do amor de Deus enquanto
esperamos a misericórdia de nosso Senhor Jesus
Cristo para avida eterna.
Nos versículos 20e 21 Judas não somente
incumbe os crentes de edificarem-se a si mesmos na
fé santa, mas também os incumbe de viver no Deus
Triúno. Toda a Trindade bendita é aplicada e
desfrutada pelos crentes por meio de sua oração no
Espírito Santo, guardando a si mesmos no amor de
Deus e esperando a misericórdia de nosso Senhor
para a vida eterna. Nestes versículos temos o Espírito,
Deus Pai e o Filho, nosso Senhor Jesus Cristo.
Precisamos orar no Espírito Santo, guardar-nos no
amor de Deus e esperar a misericórdia do Senhor
Jesus Cristo. Portanto, nestes versículos
definitivamente temos o Deus Triúno.
De acordo com Judas 20 e 21, precisamos viver
no Deus Triúno. Mas como podemos vivem o Deus
Triúno? Vivemos no Deus Triúno por orarmos no
Espírito Santo, guardando-nos no amor de Deus e
esperando a misericórdia do Senhor Jesus.
É significativo que, uma vez mais, Judas fale de
misericórdia e não de graça. Pedro enfatiza a graça,
mas Judas enfatiza a misericórdia. No versículo 2
desta epístola, Judas diz: “A misericórdia, a paz e o
amor vos sejam multiplicados.” Já salientamos que a
misericórdia vai além da graça. Enquanto oramos no
Espírito e guardamos a nós mesmos no amor de
Deus, devemos esperar mais da misericórdia do
Senhor.

PARA A VIDA ETERNA


Judas conclui o versículo 21 com as palavras
“para a vida eterna”. Aqui a palavra “para” significa
resultando em ou terminando em. O desfrute e a
herança da vida eterna, a vida de Deus, é o alvo de
nossa busca espiritual. Por almejarmos este alvo,
queremos ser guardados no amor de Deus e esperar a
misericórdia de nosso Senhor.
Judas não está dizendo que ainda não temos a
vida eterna. Tampouco está dizendo que se ficarmos
orando no Espírito Santo e permanecermos no amor
de Deus, esperando a misericórdia do Senhor, por fim
teremos a vida eterna. Pelo contrário, Judas está
dizendo que orar no Espírito Santo, mantermo-nos
no amor do Pai e esperar pela misericórdia do Senhor
resulta no desfrute presente da vida eterna. Nós já
temos a vida eterna. Entretanto, se não orarmos no
Espírito Santo, guardarmos a nós mesmos no amor
do Pai e esperarmos pela misericórdia do Senhor, não
desfrutaremos essa vida eterna. Mas quando fazemos
todas essas coisas, a vida eterna dentro de nós
torna-se nosso desfrute.
Além do mais, embora tenhamos a vida eterna, a
nossa medida dessa vida pode ser bem limitada. Mas
se orarmos no Espírito, guardarmo-nos no amor do
Pai e esperarmos pela misericórdia do Filho, a vida
eterna em nós crescerá em medida. Portanto, “para a
vida eterna” significa não somente para o desfrute da
vida eterna, mas também para o crescimento, o
aumento de medida da vida eterna. Experimentar
isso é vivem o Deus Triúno.

CUIDAR DOS OUTROS COM MISERICÓRDIA


E TEMOR
Nos versículos 22 e 23 Judas prossegue
enfatizando que enquanto vivemos no Deus Triúno
precisamos cuidar dos outros com misericórdia e
temor. O versículo 22 diz: “E compadecei-vos de
alguns que estão na dúvida.” O grego aqui pode ser
traduzido como “persuadir alguns que estão
discutindo.” A palavra para “estar na dúvida” também
significa vacilar. Quando vivemos no Deus Triúno,
temos uma verdadeira preocupação pelos outros.
Teremos cuidado daqueles que são mais novos e mais
fracos e daqueles que estão vacilando. Mas se não
vivemos no Deus Triúno, não teremos esse cuidado
pelos mais fracos.
No versículo 23 Judas continua: “Salvai-os,
arrebatando-os do fogo — quanto a outros, sede
também compassivos em temor, detestando até a
roupa contaminada pela carne.” A palavra de Judas
com relação a arrebatá-las do fogo é provavelmente
adaptada de Zacarias 3:2. O fogo aqui é o fogo da
santidade de Deus para Seu julgamento (Mt 3:10, 12;
5:22). Segundo essa palavra, devemos buscar salvar
os outros e arrebatá-los do fogo.
Nesse versículo Judas nos incumbe de ter
misericórdia em temor, detestando as roupas
contaminadas pela carne. Enquanto temos
misericórdia dos outros, devemos estar em temor do
terrível contágio do pecado, odiando até mesmo as
coisas maculadas pela concupiscência da carne.
Enquanto exercitamos a misericórdia pelos
outros, precisamos estar em temor a fim de não
sermos influenciados por eles. A pecaminosidade é
contagiosa. Se não estivermos em temor enquanto
mostramos misericórdia pelos outros, podemos ficar
contaminados com seus “germes”. Por exemplo,
suponha que você queira ajudar alguém que esteja
envolvido em uma prática impura e mundana. Se não
tiver cuidado, ao invés de ajudar aquela pessoa, você
poderá ficar contaminado e eventualmente juntar-se
a ela naquela mesma prática. Portanto, para não
sermos contaminados, precisamos ter misericórdia
dos outros em temor.
Enquanto demonstramos misericórdia para com
os outros, precisamos odiar a roupa contaminada
pela carne. Agora vemos que ao mostrar misericórdia
com os fracos precisamos temer e precisamos odiar.
Estes fracos podem estar em um estado lastimável e
certamente precisamos mostrar-lhes misericórdia.
Mas ao mesmo tempo precisamos de um santo temor
e um santo ódio, um santo temor de ser contaminado
por coisas pecaminosas e um santo ódio por essas
coisas.

CONCLUSÃO
Nos versículos 24 e 25 temos a conclusão desta
epístola. O versículo 24 diz: “Mas àquele que é capaz
de guardar-vos de tropeço, e apresentar-vos diante da
sua glória sem defeito em exultação” (li t.). Nesta
frase conclusiva, o escritor indica claramente que
embora tenha incumbido os crentes de se
empenharem nas coisas mencionadas nos versículos
20 a 23, somente Deus nosso Salvador é capaz de
guardá-los de tropeço e apresentá-los imaculados
diante de Sua glória em exultação. Glória aqui é a
glória do grande Deus e nosso Senhor, Cristo Jesus, a
qual será manifestada na Sua aparição (Tt 2:13; 1
Pe4:13) e na qual Ele virá (Lc 9:26). A preposição
“em” aqui significa no elemento de, e “exultação”
significa a abundância de alegria triunfante (Alford).
No versículo 25 Judas conclui: “Ao único Deus
nosso Salvador, por meio de Jesus Cristo nosso
Senhor, seja a glória, majestade, poder e autoridade
antes de todas as eras, e agora, e por toda a
eternidade. Amém” (lit.). O único Deus é nosso
Salvador, e o Homem Jesus Cristo é nosso Senhor. A
este Salvador, através deste Senhor, seja a glória, a
majestade, o poder e autoridade por todas as eras.
Glória é a expressão em esplendor; majestade é a
grandeza em honra; poder é a força em poderio; e
autoridade é o poder em governar. Portanto, ao único
Deus e nosso Salvador seja a expressão em esplendor,
grandeza em honra, força em poderio, e poderem
governar. Nas palavras de Judas, isso é “antes de
todas as eras, e agora, e por toda a eternidade”. Antes
de todas as eras refere-se à eternidade passada;
agora, à presente era; e por toda a eternidade, à
eternidade futura. Portanto, é desde a eternidade
passada, através do tempo, até a eternidade futura.
ESTUDO-VIDA DE JUDAS
MENSAGEM 4
A ESTRUTURA BÁSICA DAS EPÍSTOLAS DE PEDRO E
JUDAS (1)

Leitura da Bíblia: 1Pe 1:2-3, 11; 2:1-3, 9; 3:4; 4:14;


5:10; 2Pe 1:14; 3:18; Jd 3, 20-21.
Nesta mensagem gostaria de dar uma palavra
adicional a respeito do pensamento central das
Epístolas de Pedro e Judas.
É muito surpreendente, até mesmo espantoso,
que um pescador inculto da Galiléia tal como Pedro
pudesse escrever as duas Epístolas de 1 e 2 Pedro. Em
seus escritos Pedro abrange todas as questões da
economia eterna de Deus, as mesmas questões
tratadas por Paulo em suas epístolas. Paulo, é claro,
era extremamente culto. Ele havia sido treinado nas
Escrituras do Velho Testamento, e também havia sido
educado nas culturas grega e romana. Pedro, no
entanto, não teve esse aprendizado. Contudo, ele
escreveu suas duas epístolas de forma magnífica.
Pedro até mesmo usou certos termos e
expressões que Paulo não utilizou. Por exemplo,
Pedro fala de sermos participantes da natureza
Divina (2Pe 1:4). Esta expressão profunda não pode
ser encontrada nos escritos de Paulo. Pedro não
somente usa expressões profundas e difíceis de
entender, mas em suas epístolas ele também inclui
um significativo número de detalhes. Em quantidade
Pedro escreveu muito menos que Paulo, mas em
certos pontos ele pode ser mais rico do que Paulo.
Portanto, precisamos empregar um tempo adequado
para estudar as duas Epístolas de Pedro, a fim de ver
os pontos cruciais e os detalhes.

O DEUS TRIÚNO COMO NOSSA PORÇÃO


A primeira questão básica abrangida por Pedro
em seus escritos é o Deus Triúno. Pedro indica que o
Deus em quem cremos é o Deus Triúno. Nas palavras
iniciais da Primeira Epístola de Pedro podemos ver o
Deus Triúno: “Eleitos, segundo a presciência de Deus
Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e a
aspersão do sangue de Jesus Cristo” (v. 2). Aqui
temos a presciência de Deus Pai, a santificação do
Espírito, e a obediência e a aspersão do sangue de
Jesus Cristo. Deus Pai nos regenerou (1Pe 1:3), Cristo
cumpriu a redenção com Seu precioso sangue e o
Espírito aplica a salvação plena de Deus ao Seu povo
escolhido. Aqui vemos o Deus Triúno no
cumprimento da plena salvação.
Pedro também nos desvenda o fato de que este
Deus Triúno é nossa porção. Esse fato está indicado
pela palavra “participantes” em 2 Pedro 1:4 (IBB —
Rev.). Segundo esse versículo, tornamo-nos
participantes da natureza divina. Isso indica que o
Deus Triúno é agora nossa porção. Se Deus não fosse
nossa porção, não poderíamos participar de Sua
natureza.

OS MEIOS PARA PARTICIPARMOS DE DEUS


Em seus escritos Pedra também revela a maneira
para participarmos do Deus Triúno como nossa
porção. A maneira envolve o homem interior do
coração, e este homem interior é o nosso espírito (l
Pe3:4). Em suas epístolas, Paulo tem muito a dizer
sobre o nosso espírito, mas ele não usa a expressão “o
homem interior do coração”. Este homem interior,
nosso espírito humano, é o meio pelo qual
desfrutamos o Deus Triúno como nossa porção.
Apesar de Pedra falar do Espírito de Deus
somente algumas vezes, sua terminologia é
maravilhosa. Em 1 Pedro4:14 ele diz: “Se, pelo nome
de Cristo, sais injuriados, bem-aventurados sais,
porque sobre vós repousa o Espírito da glória e de
Deus.” Literalmente, no grego este trecho significa “o
Espírito de glória e aquele de Deus.” O Espírito de
glória é o Espírito de Deus. Pedra também fala acerca
do Espírito de Cristo (1Pe 1:11). Nosso espírito
humano como o homem interior do coração e o
Espírito de Deus como o Espírito de glória e como o
Espírito de Cristo são os meios para participarmos de
Deus como nossa porção.

O DEUS TRIÚNO PROCESSADO PARA


TORNAR-SE NOSSO DESFRUTE
Já salientamos que as Epístolas de Pedro falam
sobre o governo de Deus, em particular sobre os
tratamentos governamentais de Deus por meio do
julgamento. Este é o assunto central desses dois
livros. Contudo, a estrutura de 1 e 2 Pedro é o Deus
Triúno, que foi processado para tomar-se nossa
porção de modo que possamos participar Nele,
participar Dele, e desfrutá-Lo por meio de Seu
Espírito, que é o Espírito de Cristo e o Espírito de
glória, e pelo exercício de nosso espírito.
Encorajo vocês a estudarem todos os detalhes
das Epístolas de Pedro. Entretanto, enquanto estiver
estudando esses detalhes, não seja distraído do
pensamento central e da estrutura básica dos escritos
santos de Deus em geral, e das Epístolas de Pedro em
particular. A estrutura básica é o Deus Triúno que foi
processado para tornar-se nossa porção
todo-inclusiva. Nós O desfrutamos exercitando nosso
espírito para cooperar com o Espírito divino e
corresponder com Ele. Nunca devemos esquecer esta
estrutura básica ou ser distraídos dela. Se retivermos
firmemente o pensamento básico e a estrutura básica
enquanto estudamos todos os outros pontos nos
escritos de Pedra, seremos enriquecidos e
experimentaremos o Deus Triúno de maneira muito
rica, absoluta e detalhada.
As três Epístolas de 1 e 2 Pedro e Judas
abrangem muitos pontos. Mas a estrutura básica
dessas epístolas é o Deus Triúno operando em Seus
eleitos, de maneira que sejam introduzidos no pleno
desfrute do Deus Triúno. Tanto Pedro como Judas
indicam fortemente que o Deus Triúno passou por
um processo, a fim de fazer muitas coisas por nós e
tomar-se tudo para nós para participarmos Dele para
nosso desfrute.

O DEUS TRIÚNO TORNA-SE NOSSA GRAÇA


Pedro inicia sua primeira epístola com uma
palavra a respeito da operação tripla do Deus Triúno
sobre Seu povo escolhido, para introduzi-los na
participação e no desfrute Dele mesmo. No início de
sua segunda epístola, Pedro fala sobre a provisão
divina. Ele nos diz que o poder divino nos concedeu e
até mesmo nos dispensou todas as coisas
relacionadas à vida e à piedade, de modo que
possamos participar da natureza divina. Além disso,
de acordo com o capítulo 1 de 2 Pedro, a provisão
divina nos concede não somente a vida divina, como
também a luz divina (v. 19).
No final de sua primeira epístola, Pedro diz:
“Ora, o Deus de toda a graça, que em Cristo vos
chamou à sua eterna glória, depois de terdes sofrido
por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar,
firmar, fortificar e fundamentar” (5:10). Aqui Pedro
indica que seremos fundamentados no próprio Deus.
Então, ao final de sua segunda epístola, Pedro diz:
“Antes, crescei na graça e no conhecimento de nosso
Senhor e Salvador Jesus Cristo” (3:18). Aqui o
conhecimento de nosso Senhor equivale à verdade, à
realidade de tudo o que Ele é. Portanto, nesse
versículo, Pedro nos incumbe de crescer na graça e na
verdade, realidade. Apesar de Pedro cobrir muitos
assuntos em suas epístolas, a estrutura básica de seus
escritos é o Deus Triúno tomando-se nossa graça para
podermos desfrutá-Lo, crescer em vida e, por meio do
crescimento em vida, sermos aperfeiçoados,
firmados, fortificados e fundamentados no Deus
Triúno.
Enquanto estudamos os detalhes das Epístolas
de Pedro e Judas, precisamos lembrar-nos de que
todos os pontos detalhados ajudam-nos a resolver
nossos problemas, de sorte que sejamos trazidos de
volta ao desfrute do Deus Triúno. Portanto, não
devemos considerar os detalhes de maneira isolada.
Cada ponto é uma ajuda para solucionar nossos
problemas, de forma que não sejamos mais distraídos
do desfrute do Deus Triúno, mas em vez disso,
sejamos trazidos de volta a esse desfrute.

CONTENDER POR A FÉ E VIVER NO DEUS


TRIÚNO
Logo no início de sua epístola, Judas nos
incumbe de contender por a fé: “Amados, quando
empregava toda diligência, em escrever — vos acerca
da nossa comum Salvação, foi que me senti obrigado
a corresponder-me convosco, exortando-vos a
batalhardes diligentemente pela fé que uma vez por
todas foi entregue aos santos” (v. 3). Vimos que a fé é
a herança do Novo Testamento substantificada para
nós e percebida por nós. Demos ênfase no
Estudo-Vida de 2 Pedro que essa herança é na
verdade o Deus Triúno processado para ser nossa
porção.
Ao final de sua epístola Judas diz: “Vós, porém,
amados, edificando-vos na vossa fé santíssima,
orando no Espírito Santo, guardai-vos no amor de
Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor
Jesus Cristo, para a vida eterna” (vs. 20-21). A
palavra de Judas acerca de edificar-nos a nós mesmos
na fé santíssima equivale à palavra de Pedro sobre
sermos edificados casa espiritual para sermos
sacerdócio santo (1Pe 2:5). Então Judas prossegue
falando de viver no Deus Triúno. Isso é indicado pela
palavra de Judas concernente a orar no Espírito
Santo, guardar-nos no amor de Deus e esperar a
misericórdia do nosso Senhor Jesus Cristo.

PARA A VIDA ETERNA


Judas finaliza o versículo 21 com as palavras
“para a vida eterna.” Aqui, “para” significa resultando
em ou culminando em. Essa frase indica o desfrute do
Deus Triúno. Vida eterna é o Deus Triúno, e “para a
vida eterna” indica o pleno desfrute do que o Deus
Triúno é.

UM LEMBRETE
Precisamos ficar impressionados com o fato de
que essas três epístolas foram escritas com uma
estrutura básica, e esta estrutura é o Deus Triúno
processado para tomar-se o Espírito que dá vida
todo-inclusivo para o nosso desfrute. Essa estrutura
está de acordo com a economia de Deus e
corresponde plenamente ao que é desvendado nos
escritos de Paulo. Espero que essa palavra sirva como
um lembrete para você. Ao considerar as questões
sobre o governo de Deus e os exemplos históricos de
Seu tratamento em Seu julgamento, você não deve ser
distraído por elas. Em vez disso, estas coisas devem
trazê-lo de volta à estrutura básica dessas epístolas —
o Deus Triúno como nosso pleno desfrute. Além
disso, você precisa cuidar de seu espírito como o
homem interior do coração e perceber que o Espírito
divino, o Espírito da glória e o Espírito de Cristo, está
dentro de você. Então você desfrutará o Deus Triúno
e O expressará como piedade, a qual consumará na
glória.

ESCOLHIDOS PARA O PROPÓSITO DE DEUS


No primeiro capítulo e metade do segundo
capítulo de 1 Pedro temos uma figura clara de como
Deus na eternidade passada nos escolheu segundo
Sua presciência para sermos Seu povo escolhido.
Louvamos a Ele por ter-nos escolhido dentre bilhões
de seres humanos! Deus nos escolheu com um
propósito, e este propósito é que Deus colocasse a Si
mesmo dentro de nós como nossa vida, de modo que
cresçamos com Ele em um edifício, Sua habitação.
Esse edifício é a casa de Deus, o lugar onde Ele se
aloja. Além do mais, esse edifício toma-se a expressão
de Deus para “proclamar as virtudes Dele” como
Aquele que nos chamou para fora das trevas e
introduziu-nos em Sua maravilhosa luz (1Pe 2:9).
Proclamar as virtudes de Deus é expressar o que Ele
é. Este é o propósito de Deus. Esta é também a meta
de Deus.
Se Deus quiser cumprir Seu propósito e atingir
Sua meta, Ele precisa aplicar em nós o que Ele
decidiu na eternidade passada. Para fazer isso, é
necessário que Deus seja o Espírito. É o Espírito que
aplica em nós o que Deus decidiu. Além disso, porque
Seu povo escolhido tomou-se caído, veio a ser
necessário que Deus cumprisse a redenção. O Senhor
Jesus derramou Seu sangue, de maneira que
fôssemos aspergidos e redimidos para Deus.
Em 1 Pedro vemos que o Espírito aplica a decisão
de Deus a nós, o Filho nos redime e o Pai nos
regenera. Por essa razão, Pedro diz: “Bendito o Deus e
Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que, segundo a sua
muita misericórdia, nos regenerou para uma viva
esperança mediante a ressurreição de Jesus Cristo
dentre os mortos” (1Pe 1:3). Isso significa que Deus
entrou em nós como a vida Divina contendo os
“genes” divinos para nos regenerar. Agora que fomos
regenerados, podemos provar que o Senhor é bom
(1Pe 2:3).

O RESULTADO DE PROVAR DO SENHOR


Como resultado de provar do Senhor, temos o
desejo de abandonar nosso ser natural. Portanto, em
2:1 Pedro fala sobre despojar-nos de toda maldade e
dolo, de hipocrisias e invejas, e de toda sorte de
maledicências. Aqui Pedro menciona cinco questões:
maldade, dolo, hipocrisias, invejas e maledicências. A
maldade resulta em dolo, o dolo está relacionado a
hipocrisia e inveja, e o resultado é a maledicência.
Aquele que tem maldade também terá dolo. Esse dolo
levá-los-á a fingirem e tomarem-se invejosos dos
outros. Como resultado dessa inveja, eles falarão mal
dos outros.
Em Romanos 1, Paulo lista mais de trinta itens
relacionados à humanidade pecaminosa. Mas aqui
Pedro usa cinco itens para expressar a situação total
do homem caído. Sem dúvida, a palavra de Pedro em
2:1 foi escrita de acordo com sua experiência na vida
da igreja.
Após termos sido regenerados e provado que o
Senhor é bom, certamente desejaremos despojar-nos
dessas cinco coisas negativas. Desejaremos
despojar-nos de toda maldade, pois não
concordaremos com a maldade de nenhum modo.
Simultaneamente, teremos amor pela Palavra de
Deus e apetite para tomar a Palavra como nosso
alimento. Pedro fala disso em 2:2: “Desejai
ardentemente, como crianças recém-nascidas, o
genuíno leite espiritual, para que por ele vos seja
dado crescimento para salvação.” Por terem nascido
por meio da regeneração (1:3, 23), os crentes
tomam-se crianças que podem crescer em vida ao
serem alimentadas com o leite espiritual, o leite sem
dolo, da Palavra. Este crescimento visa o edifício de
Deus. Crescer é uma questão de vida e em vida.
Recebemos a vida divina por meio da regeneração, e
agora precisamos crescer nessa vida e com essa vida
por intermédio de sermos alimentados com o leite
transmitido na Palavra de Deus.
Posso testificar que depois de ter sido salvo tive
um profundo anelo pela Palavra de Deus e um desejo
de ser alimentado por meio da Palavra. Entretanto,
fui desviado pelo desejo de conhecer a Bíblia. Em vez
de ser dirigido para o foco central da revelação divina,
fui distraído pelos outros a buscar conhecimento
bíblico. Por vários anos, reuni-me com um grupo de
crentes que eram famosos por seu conhecimento da
Bíblia. Esses crentes freqüentemente falavam sobre a
presciência e eleição de Deus e sobre Cristo como a
pedra preciosa rejeitada pelo homem, mas escolhida
por Deus. Eles também nos advertiam acerca do
julgamento de Deus começando pela Sua própria
casa, e ensinavam a respeito da poderosa mão de
Deus. Éramos exortados a nos sujeitar sob a poderosa
mão de Deus. Apesar de ser bom, esse ensinamento
não me ajudou a ver o propósito de Deus. Ouvi vários
ensinos baseados nas epístolas de Pedro, mas não vi a
meta de Deus e não conhecia o que Deus estava
buscando. Fui desviado do foco central da revelação
divina pelo bom conhecimento da Bíblia.
Por fim, em Sua misericórdia, o Senhor levou-me
a ver a estrutura básica das epístolas de Pedro e
Judas. Em particular, comecei a ver as questões de
crescimento, transformação e edificação. Crescer em
vida é para a transformação, e transformação é para a
edificação.
Nas epístolas de Pedro e Judas podemos ver a
economia de Deus. Nessas epístolas vemos também o
propósito e a meta de Deus. O propósito de Deus foi
concebido na eternidade passada, e a meta de Deus
será atingida na totalidade na eternidade futura. A
meta de Deus é ter Seu edifício como Sua expressão, e
Ele está alcançando essa meta por meio do nosso
crescimento na vida divina.
ESTUDO-VIDA DE JUDAS
MENSAGEM 5
A ESTRUTURA BÁSICA DAS EPÍSTOLAS DE PEDRO E
JUDAS (2)

Leitura da Bíblia: 1Pe 1:2-4, 11, 18-19, 22-23; 2:2, 5;


5:10; 2Pe 3:15-16, 18; Jd 20-21
Nesta mensagem gostaria de dar uma palavra
adicional acerca da estrutura básica das epístolas de
Pedro e Judas.

A OPERAÇÃO DO DEUS TRIÚNO


Em 1 Pedro 1:2 e 3 podemos ver a operação do
Deus Triúno: “Eleitos, segundo a presciência de Deus
Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e a
aspersão do sangue de Jesus Cristo: Graça e paz vos
sejam multiplicadas. Bendito o Deus e Pai de nosso
Senhor Jesus Cristo que, segundo a sua muita
misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança
mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os
mortos.” Nesses versículos temos a presciência de
Deus Pai, a santificação do Espírito, e a obediência e
aspersão do sangue de Jesus Cristo. Aqui temos o
Deus Triúno o Pai, o Espírito, e Jesus Cristo, o Filho.
No versículo 3, Pedra também nos diz que o Pai nos
regenerou para uma viva esperança mediante a
ressurreição de Cristo. Aqui novamente vemos a
operação do Pai. O Pai não somente nos escolheu na
eternidade, mas no tempo Ele também nos
regenerou. No versículo 2, Pedra diz que o Espírito
nos santifica, aplicando a nós o que o Pai decidiu
sobre nós na eternidade passada. Então, no versículo
11 Pedro fala a respeito do testemunho do Espírito de
Cristo nos profetas do Velho Testamento. Nos
versículos 18e 19 Pedro diz: “Sabendo que não foi
mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro,
que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que
vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue,
como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue
de Cristo.” Agora que fomos redimidos pelo precioso
sangue de Cristo, precisamos ter a nossa alma
purificada pela obediência à verdade tendo em vista o
amor fraternal não fingido (v. 22). Essa purificação
da alma baseia-se na regeneração do Pai. Fomos
regenerados pelo Pai com uma semente incorruptível,
uma semente que é a viva e permanente palavra de
Deus (v. 23).
Ao considerarmos o capítulo 1 de 1 Pedro como
um todo, podemos ver que esse capítulo revela a
operação do Deus Triúno. Aqui temos a regeneração
do Pai, a santificação do Espírito, o sangue de Cristo,
a semente incorruptível, a viva esperança e também a
herança reservada nos céus para vós (v. 4). Neste
capítulo temos não somente a estrutura básica da
Primeira Epístola de Pedro, como também a
estrutura básica de nossa vida cristã. A vida cristã é
edificada com todos os itens relacionados à operação
do Deus Triúno.

AS DUAS ÁRVORES
A estrutura básica da vida cristã revelada em I
Pedro 1 é algo bem diferente do nosso conceito
natural. Em nossa mente natural não temos o tipo de
pensamento apresentado em 1 Pedro 1. Nosso
pensamento natural é fazer o bem, amar os outros,
adorar a Deus e trabalhar para Deus. Esse conceito é
religioso e tradicional.
Uma pessoa que está bem distante de Deus pode
não se preocupar com Deus nem um pouco. Mas uma
vez que se arrepende e começa a preocupar-se com
Deus, ela imediatamente terá o desejo de fazer o bem
a fim de glorificar a Deus. Também terá o desejo de
ser mais atencioso para com os outros. Ela pode
mesmo decidir dar o dízimo ao Senhor. Embora essas
coisas sejam boas, elas são religiosas, tradicionais e
naturais.
Você pode ter ouvido muitas mensagens
dizendo-lhe que o Deus Triúno foi processado para
tornar-se o Espírito que dá vida a fim de ser tudo para
você. Mas em seu viver diário pode não se preocupar
com o Deus Triúno processado. Em vez disso, você
pode tentar ser um bom marido ou boa esposa e um
bom pai ou mãe. Em seu esforço para se aperfeiçoar,
você pode não ter a percepção de que não está
vivendo o Deus Triúno, de que não é um com o
Espírito que dá vida. Em vez de colocar em prática a
palavra sobre ser um espírito com o Senhor em seu
viver diário, seu desejo pode ser o de ser vitorioso ou
de se auto-aperfeiçoar.
O motivo de falharmos em colocar em prática o
que ouvimos está relacionado à árvore do
conhecimento do bem e do mal. Em nosso ser caído
há a tendência por essa árvore. O pensamento de
fazer o bem pertence à árvore do conhecimento do
bem e do mal. Antes de se arrepender e crer no
Senhor, você pode ter tido o conhecimento do mal.
Mas agora que é um crente, você pode voltar-se ao
conhecimento do bem. Entretanto, o conhecimento
tanto do bem como do mal pertencem à mesma
árvore.
Através dos anos no ministério, vim a perceber
que, embora os santos possam ouvir mensagens sobre
o Deus Triúno como vida, em seu viver diário eles se
preocupam com a árvore do conhecimento do bem e
do mal. Mas sempre que voltamos ao Deus Triúno
como o Espírito que dá vida, imediatamente estamos
nos alimentando da árvore da vida.

DUAS FONTES
Há somente duas fontes neste universo — Deus e
Satanás. Após Deus criar o homem, Ele o colocou
diante de duas árvores tipificando essas duas fontes.
Deus é tipificado pela árvore da vida, e Satanás é
tipificado pela árvore do conhecimento do bem e do
mal. Deus é a fonte da vida. Se O contatarmos,
contatamos vida. Satanás é a fonte da morte. Se o
contatarmos, contataremos morte. Portanto, Deus
claramente disse a Adão que não comesse da árvore
do conhecimento do bem e do mal, pois o resultado
disso é morte. A intenção de Deus foi que o homem O
contatasse a fim de receber vida. Se contatarmos a
árvore do conhecimento em vez da árvore da vida,
contataremos morte. A intenção de Deus é que o
homem O contate para receber vida. Mas na queda
Adão voltou se a Satanás, a outra fonte.
Satanás não é honesto nem franco. Pelo
contrário, ele usa um disfarce e finge ser o que não é.
Por exemplo, quando apareceu pela primeira vez a
Adão, ele o fez na forma de uma serpente. Satanás
espreita atrás do conhecimento do bem e do mal. O
resultado do conhecimento tanto do bem como do
mal é morte.
Hoje, os incrédulos e muitas vezes os crentes
estão sob a morte, porque diariamente contatam o
aspecto bom da árvore do conhecimento do bem e do
mal. Na religião, as pessoas são ensinadas a conhecer
o que é bom e o que é mau, e a fazer o bem e
apartar-se do mal. Esse tipo de ensino é comum entre
os cristãos hoje. Entretanto, esse ensino é natural e
religioso, e de acordo com nossa natureza caída.
Na Bíblia temos duas fontes, duas linhas e dois
resultados. Primeiro temos a árvore da vida, a linha
da vida e a Nova Jerusalém. A árvore da vida será
encontrada na Nova Jerusalém. Sem a árvore da vida,
a Nova Jerusalém não teria qualquer desfrute. O
único desfrute na Nova Jerusalém será a árvore da
vida.
A seguir, na Bíblia temos a segunda fonte e a
segunda linha: a árvore do conhecimento do bem e do
mal e a linha da morte. O resultado dessa fonte e
linha é o lago de fogo.
Precisamos ter nossos olhos abertos para ver a
árvore da vida na Bíblia. Muitos cristãos lêem a
Bíblia, mas não conseguem ver a árvore da vida. Por
ser isso misterioso, a menos que nossos olhos sejam
abertos, não seremos capazes de vê-la.
O ponto crucial no que temos dito acerca da
árvore da vida e da árvore do conhecimento do bem e
do mal é que a estrutura da vida cristã, como é
revelado no capítulo 1 de 1 Pedra, é muito diferente
do nosso conceito natural, que é de acordo com o
conhecimento do bem e do mal. Estou muito feliz de
ver que, de acordo 1 Pedro 1, a estrutura básica desta
epístola e de toda a vida cristã é o Deus Triúno.

O DESFRUTE E O AUMENTO DA VIDA


ETERNA
Nos versículos 20 e 21, Judas diz: “Vós, porém,
amados, edificando-vos na vossa fé santíssima,
orando no Espírito Santo, guardai-vos no amor de
Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor
Jesus Cristo, para a vida eterna.” Nesses versículos
temos o Deus Triúno para nossa experiência com
vistas à vida eterna. Primeiramente, Judas nos
incumbe de orar no Espírito Santo. Em seguida, ele
nos diz para nos guardarmos no amor de Deus,
enquanto esperamos a misericórdia de nosso Senhor
Jesus Cristo. Isso é “para a vida eterna”, isto é, para o
desfrute e aumento da vida eterna.
Quando era jovem, não podia entender o que
Judas queria dizer com as palavras “para a vida
eterna”. Alguém pode dizer que isso significa ir para o
céu e desfrutar bênção eterna. Entretanto, essa
interpretação não nos satisfaz. Aparentemente essas
palavras indicam que ainda não temos a vida eterna,
que ela é algo que teremos no futuro. Esse, porém,
não é o significado. João 3:16 diz-nos que todo o que
crê no Filho de Deus tem a vida eterna. Quando
cremos em Cristo, recebemos vida eterna. Visto que já
temos vida eterna, que significa dizer que esperamos
a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo para a
vida eterna? Sim, já temos vida eterna dentro de nós,
mas podemos não desfrutar muito essa vida. Alguns
cristãos não desfrutam quase nada a vida eterna. Eles
nem mesmo sabem que é possível ter o desfrute da
vida eterna. Além disso, podemos não ter o acréscimo
de vida eterna. Deus nos tem dado vida eterna com a
intenção de que desfrutássemos essa vida e que ela
aumentasse dentro de nós para sempre. Portanto, as
palavras “para a vida eterna” significam para o
desfrute e acréscimo de vida eterna agora e na
eternidade.
O DEUS TRIÚNO COMO NOSSA PORÇÃO,
DESFRUTE E EXPERIÊNCIA
De acordo com Judas 20 e 21, precisamos orar no
Espírito Santo, guardar-nos no amor de Deus e
esperar pela misericórdia de Jesus Cristo de modo
que possamos ter o desfrute e o aumento da vida
eterna para sempre. Esta é uma descrição da
experiência do Deus Triúno.
O capítulo 1 de 1 Pedro e a Epístola de Judas,
ambos falam acerca do Deus Triúno. A palavra de
Pedro concernente ao Deus Triúno é profunda, e a
palavra de Judas é um tanto simples. Podemos dizer
que Judas dá uma palavra para “estudantes do
primário”, e Pedro dá uma palavra para “estudantes
graduados”. No entanto, muitos cristãos não são
capazes sequer de entender a palavra elementar de
Judas sobre a experiência do Deus Triúno.
Agradecemos ao Senhor que Ele nos tem iluminado, a
fim de vermos o significado tanto da palavra de Pedro
no capítulo 1 de sua primeira epístola como da
palavra de Judas ao final de sua epístola. Tanto em 1
Pedro como em Judas vemos que o Deus Triúno deve
ser nossa porção, desfrute e experiência.

O FOCO CENTRAL
Em nosso estudo das Epístolas de 1 e 2 Pedro e
Judas precisamos ver o foco central destes livros.
Embora o assunto de 1 e 2 Pedro seja o governo de
Deus, especialmente Seu governo mostrado em Seu
julgamento, esse não é o foco central destes livros.
Tampouco é o governo divino a estrutura básica das
epístolas de Pedro. Qual é o foco destas epístolas?
Qual é a sua estrutura básica? Para não sermos
distraídos pelas muitas questões preciosas em 1 e 2
Pedro, precisamos de respostas claras a estas
questões.
Em 1 Pedro, na verdade, somente um capítulo e
meio são cruciais em relação à vida. Este um capítulo
e meio inclui todo o capítulo 1 e os primeiros onze
versículos do capítulo 2. Em adição, precisamos
considerar a palavra de Pedro em 5:10 como crucial.
Neste versículo, Pedro diz: “Ora, o Deus de toda a
graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória,
depois de terdes sofrido por um pouco, ele mesmo
vos há de aperfeiçoar, firmar, fortificar e
fundamentar.” Temos uma situação semelhante na
Epístola de 2 Pedro. Nesse livro, a primeira metade
do primeiro capítulo e o último versículo do último
capítulo são cruciais em relação à vida. Nessas
porções vitais de 1 e 2 Pedro temos o foco central
dessas epístolas.

Um Esboço Simples de 1 Pedro 1


No capítulo 1 de 1 Pedro vemos a operação do
Deus Triúno para Sua salvação plena. No versículo 2
vemos a presciência de Deus Pai, a santificação do
Espírito e a aspersão do sangue de Jesus Cristo. Esse
versículo revela a presciência do Pai, a redenção do
Filho e a aplicação do Espírito. Esta é a operação do
Deus Triúno para levar a cabo a plena salvação de
Deus. No versículo 3 Pedro diz que o Pai nos
regenerou para uma viva esperança. A plena salvação
de Deus é composta de três elementos: a regeneração
do Pai, a redenção do Filho e a aplicação do Espírito.
Quando experimentamos essa salvação, temos uma
vida que é caracterizada pela santidade e amor.
Somos santos em nossa maneira de vida e amamos os
irmãos. Portanto, santidade e amor são o resultado da
Salvação plena de Deus. Além do mais, nessa
Salvação há uma semente, a semente incorruptível, a
qual é a palavra de Deus viva e permanente. Este é
um esboço simples do capítulo 1 de 1 Pedro.

Crescimento, Transformação e Edificação


Vamos agora considerar 1 Pedro 2:1-11. Tendo
sido regenerados, somos agora crianças
recém-nascidas anelando pelo genuíno leite da
palavra, para que por meio dele cresçamos para a
salvação (v. 2). No capítulo 1 vemos que fomos
regenerados e que a plena salvação de Deus é nossa
porção. Agora precisamos participar dessa salvação e
desfrutá-la. Para isso, precisamos alimentar-nos do
leite da palavra.
Alimentando-nos do genuíno leite da palavra e
crescendo para a salvação, seremos transformados
em pedras preciosas. Portanto, Pedro se refere aos
crentes como pedras vivas (v. 5). Essas pedras são
para a edificação de uma casa espiritual, e esta casa é
um sacerdócio santo: “Também vós mesmos, como
pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para
serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes
sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus por
intermédio de Jesus Cristo” (v. 5). Por um lado, essa
casa espiritual é a habitação de Deus; por outro, ela é
algo que proclama as virtudes de Deus, que expressa
o que Deus é.
Essa casa espiritual, obviamente, é uma questão
coletiva. Estamos sendo edificados juntos de maneira
coletiva para proporcionar a Deus uma habitação e
proclamar a virtude de Deus, isto é, para expressá-Lo.
Atentar para o “Coração” destas Epístolas
Nestas duas porções de 1 Pedro. incluindo S:1O,
temos o foco central desse livro. Precisamos ser
totalmente capturados por esse foco. Então não
estaremos em perigo de ser desviados desse foco,
enquanto dermos atenção a outros assuntos nesse
livro.
Podemos comparar o foco central de 1 Pedro ao
coração no corpo humano. Não deveríamos nos
preocupar com os outros membros do corpo, ao custo
de prejudicar nosso coração. Podemos perder um
dedo, um braço, ou uma perna e ainda vivermos. Mas
não podemos viver sem coração. De semelhante
modo, precisamos cuidar do “coração”, o foco central,
de 1 Pedro.
O coração desse livro é a operação do Deus
Triúno para levar a cabo Sua salvação tripla, a qual
inclui a regeneração, a redenção e a aplicação.
Tomamo-nos filhos de Deus por meio da
regeneração, e agora precisamos alimentar-nos de
Sua palavra afim decrescer até a plena salvação.
Então seremos transformados para ser edificados
juntos a fim de propiciar uma habitação a Deus e ser
Sua expressão. Para esse fim, o Deus de toda a graça
há de nos aperfeiçoar, firmar, fortificar e
fundamentar. Além disso, de acordo com 2 Pedro
3:18, precisamos crescer na graça de Deus e no
conhecimento Dele. Esse é o foco de 1 e 2 Pedro e o
foco do livro de Judas.

NÃO SER DESVIADO DA ESTRUTURA


BÁSICA
Esse foco central é também a estrutura básica
dessas epístolas. Nos livros de 1 e 2 Pedro e Judas
existem muitos assuntos, mas nem todos fazem parte
da estrutura básica. Podemos utilizar um edifício
físico como ilustração. A estrutura básica do local de
reuniões em Anaheim consiste de vigas e colunas de
aço. Muitas coisas podem ser removidas deste edifício
sem afetar sua estrutura básica. No entanto, as vigas e
colunas não podem ser retiradas do edifício sem
destruir a estrutura básica. Assim como o local de
reuniões em Anaheim tem uma estrutura básica,
existe uma estrutura básica para as Epístolas de 1 e 2
Pedro e Judas.
Minha preocupação é que os santos sejam
distraídos dessa estrutura básica pelos vários
assuntos tratados nesses livros. Não digo que não
devamos dar atenção a estes assuntos. Precisamos
dar atenção a eles e mesmo enfatizá-los, mas ao fazer
isso devemos estar certos de que não fomos desviados
da estrutura básica desses escritos. Essa estrutura
básica é o Deus Triúno operando para cumprir uma
salvação tripla para que sejamos regenerados, para
que nos alimentemos de Sua palavra e para que
cresçamos, sejamos transformados e sejamos
edificados a fim de que Ele tenha uma habitação e O
possamos expressar.
Esse pensamento básico pode também ser visto
nas epístolas de Paulo. Por essa razão, Pedro diz:
“Como igualmente o nosso amado irmão Paulo vos
escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada, ao
falar acerca destes assuntos” (2Pe 3:15-16). Paulo
também revela que podemos alimentar-nos do
Senhor e crescer, afim de sermos edificados em uma
casa espiritual para que Deus tenha uma expressão
coletiva. Portanto, estes dois apóstolos ministraram a
mesma coisa, mas com uma terminologia um tanto
diferente. Tanto Pedro como Paulo tiveram o mesmo
foco. Espero que nenhum de nós na restauração do
Senhor seja desviado do foco central e da estrutura
básica do ministério dos apóstolos, revelados no
Novo Testamento.

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