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R. B.

CAVALCANTE
A Justiça de Deus é a Sua Misericórdia

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A

ntes que houvesse uma partícula cósmica, antes mesmo que houvesse anjos a cantar, antecedente
ao início do tempo, antes do princípio do nosso frágil mundo ser formado havia somente a
eternidade. Não existia o passado nem o futuro. Na eternidade tudo é presente, visto que não existe
quantum temporal.
Antecedendo a Criação que conhecemos como Universo, assim como foi fundado vários
mundos, dos quais desconhecemos quase todos, houve outras Criações. Deus, o Filho e o Espírito
iniciaram uma série de obras evolucionárias para trazer o inexistente à vida.
Desde Sempre existe um único Ser Supremo, ou seja, YHWH, o perfeito, o único Deus. YHWH
vagava solitário pelos terrenos da sua eternidade, fruto de suas próprias mãos. O Perfeito passeava
originando em seu pensamento a criação do seu lindo Universo. Então, colocando seus projetos em
prática, empenhou-se intensa e incansavelmente nas suas primeiras invenções.
Mostrando Sua majestade, decidiu revelar-se às suas futuras criaturas através de Sua Criação,
para que, sempre que a contemplassem, pudessem se lembrar do quão magnífico, criativo e glorioso
é Deus. Primeiramente Ele criou um imenso mundo luminoso e sobre o monte mais alto e glorioso,
localizado no centro exato de sua Criação, firmou o seu eterno Trono. Nomeou-o de monte Sião,
localizado no sétimo céu, e conhecido pela maioria dos anjos e seres de todos os mundos como A
Ilha Central da Luz e da Vida. Esta Ilha é até hoje o maior exemplo de glória, magnitude,
magnificência, de sorte que a sua completa retratação é impossível à adaptação de palavras por mais
eloquentes que estas sejam. A sala do Trono é surpreendente e maravilhosa, há inúmeras sensações
de paz, alegria, felicidade, afinal ali está a inteira e viva presença de Deus. Seus pisos são de fogo,
acima do Trono pode ser contemplado um espetáculo de relampejos e estrelas em constante
agitação, enquanto ao telhado assemelha-se a um fogo ardente. Toda a atenção naquela sala é
dirigida ao glorioso Trono de Deus. Uma luz incandescente o envolve como o brilho do sol, o qual
ninguém consegue olhar para ele. De lá sai uma voz de querubim. Da base do Trono jorra um rio de
vida cristalino como vidro e brilhoso como luz, representando a fonte da vida e da divina
luminosidade. O Ser semelhante ao Filho do Homem que se assentava sobre ele é mais brilhante
que o sol e mais branco que a neve. Lá podem ser contemplados os receptáculos da luz e do trovão
nas suas extremidades. Havia um arco de fogo e luz, semelhante ao dos dias de chuvas, e, em seu
vibrar, apareciam flechas, uma espada flamejante de brasa. Também, diante do Trono pode ser visto
um arroio murmurante conhecido como a água da vida que fala diante de Deus. A sala do Trono foi
estendida por uma extensão indescritível. Conseguintemente, completou a construção da Cidade
Eterna, tão bela e bem adornada como uma noiva. O rio da Vida, passeando pelo meio da Cidade,
parecia uma larga avenida de esplendor, ressaltando as belezas do Paraíso e das mansões celestiais.
Deus, então, trouxe à existência seus filhos amados. Primeiramente, dois em especial; dois
unigênitos – denominados de tal forma por desempenharem funções importantíssimas e de
características únicas, assim, embora fossem dois, eram exclusivamente únicos. Ambos criados em
um grande resplendor e glória, honrados, em completude, acima dos demais seres que surgiriam em
seguida. Criou-lhes como uma representação de si próprio. Ele se dedicou ao máximo para que
fossem idênticos a Ele em todos os aspectos, e os dotou do livre-arbítrio. Investiu em ambos toda a
sabedoria disponível do Universo. Estes dois Filhos foram chamados de Mikael e Lúcifer – na
ordem, Deus trouxe primeiro Mikael à vida e, então, tempos depois, por conseguinte, criou Lúcifer.

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Ao abrir os olhos como que despertando de um sono profundo, fitaram o rosto de seu Pai e
alegraram-se. Depois, entusiasmadamente YHWH mostrou-lhes as grandes maravilhas do Paraíso,
tudo o que havia feito, e os ensinou tudo sobre tudo. Deus deixou claro que sua Lei estabelecida
antes da Criação deveria ser respeitada em toda integridade do governo eterno. Toda criatura
possuidora de razão deveria ser uma fonte de vida e luz por toda a eternidade, para que, dessa
forma, o Universo estivesse harmonizado e vivessem em paz e felicidade. No reino divino sua Lei
não seria imposta com dureza, mas todos os que fossem criados teriam a opção de escolha, seriam
verdadeiramente livres, tanto que poderiam decidir, por si, qual o caminho percorrerem em suas
vidas. Portanto, a obediência deveria surgir como um fruto do agradecimento.
Mikael, que foi o Primeiro, já conhecia os planos do Criador de forma mais aprofundada.
Lúcifer, moderadamente, passou a conhecer aos poucos. Mikael já morava com o Pai. Quando
conduzido a sua habitação, junto ao trono, o Segundo ficou tão emocionado e agradecido que, com
voz melodiosa, entoou o seu primeiro cântico de adoração.
Por meio dos ensinamentos, ambos os Filhos absorveram todo o conhecimento disponível.
Mikael tornou-se o portador da Vida, e Lúcifer foi feito o portador da Luz. Ambos estando unidos,
todo o reino celeste estaria em harmonia completa. Eles se tornaram grandes aliados e verdadeiros
modelos de perfeição. Gratos, se prostravam perante o Pai em adoração verdadeira.
As mansões da Cidade estavam praticamente vazias. Sobretudo, Y HWH prosseguiu com sua
Criação e trouxe à vida hostes incontáveis de anjos, os quais passaram a residir nas moradas
celestes. Todas aquelas criaturas radiantes em beleza e glória, possuidoras de uma felicidade
incomensurável, uniram as vozes e, em uníssono, entoaram um dos seus louvores mais
emocionantes e contagiantes ao Criador.
Cada parte de sua criação, desde os minúsculos átomos até o Universo dos Universos, foi
criada com muita dedicação e amor. YHWH tomou consigo Mikael e Lúcifer, juntamente com
algumas legiões de seus súditos recém criados, e partiram para outra grandiosa formação.
Sua formosíssima silhueta envolta em sua sublime glória e seu rosto destemido e confiante
passava a segurança de um Pai inigualável. Era temível em poder e tão mais amável em
personalidade e formosura. Chegando ao local com Mikael a sua direita e Lúcifer a sua esquerda,
acompanhados por uma quantidade de anjos que preenchiam aquele ambienta além do alcance de
vista, YWHW estendeu suas poderosas mãos sobre um imenso vazio da escuridão do nada e, com um
tom de voz afável e intimador, ordenou a materialização de muitas maravilhas multiformes que
passariam a integrar a lista de suas Criações. Semelhante ao trovão, sua voz ecoou de forma
poderosa, dizendo:
– Haja a luz!
Imediatamente, vários universos, numerosas galáxias, preenchidas por mundos, sóis, satélites,
poeira cósmica, e tudo o que os compõem e que geram energia e luz surgiram fazendo com que toda
esta recente criação de universos girasse em torno do Trono do santo e eterno monte Sião.
Toda a Criação de YHWH foi gerada por meio de Parakletos, o Seu Espírito, que teve uma
participação indispensável e indiscutível nesse processo.
Os presentes e todo o Universo, vendo a tão grande realização do Perfeito, prostraram-se em
adoração fazendo um magnífico cântico de triunfo percorrer o Universo como vários feixes de luz.
Os anjos passaram a conhecer melhor a grandeza de Deus ao perceber a vastidão do seu reino.
Em praticamente todas as suas vagens siderais, eles encontravam mundos habitados por criaturas
felizes que sempre os recebiam com amabilidade e todos festejavam juntos, ouvindo as mensagens
divinas levada pelos anjos.
As criaturas demonstravam seu amor ao Pai somente pela liberdade de escolha. Entretanto,
este amor necessitava de um teste de fidelidade, o qual só poderia ser analisado pela obediência.
Decidido a fazer isto, o Criador intimou a todos os seus que o seguissem, e atravessando os recentes
universos se aproximaram de um ponto sem luz em destaque contornado por todo o brilho das
galáxias e da plenitude da glória. Parecia apenas uma minúscula brecha se luz, mas, ao quanto mais

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se aproximavam, mais aquela devasta escuridão aumentava e mostrava-se em sua enormidade.
YHWH parou diante daquele abismo juntamente com suas legiões. Aquelas trevas seria o teste de
fidelidade. Olhando ponderativamente para aquela escuridão, ficou em silêncio, como que pensando
em uma escolha – como foi difícil ter de colocá-los a oportunidade de escolha. Mas, para Ele, seria
ainda mais doloroso se os seus não pudessem ser livres. Ele não quer subalternos; quer que os que
O amam demonstrem isto. – Mikael e Lúcifer estavam receosos, observando apreensivamente o
semblante do YHWH. Então Deus falou:
– Todos os segredos do Universo estão à vossa disposição. Todos os meus pensamentos serão
contados a vós. Tudo o que quiserem saber será dito, mas reservarei apenas o que está oculto pelas
trevas. Aqueles que me amam guardam a minha Lei e me obedecem, Eu Sou o Pai deles, e eles,
meus filhos. Os que estiverem comigo estarão ligados à Fonte da Vida e da Luz – Ele referia-se à
Fonte como a si mesmo.
Assim, foi feita a separação entre luz e trevas, o bem e o mal. Cabia a cada um sua opção de
escolha para a contínua eternidade. Em virtude do cumprimento das leis divinas, o Universo central
crescia em felicidade, comunhão e glória.
Mikael e Lúcifer passaram a ser os instrutores das ordens angelicais, visto que Deus os dotou
de conhecimento e sabedoria superior aos demais. Onde havia grandes assembleias, Lúcifer
marcava presença com uma luz intensiva, a representação mais próxima do brilho divino, passando
alegria e causando admiração. Perfeito em suas virtudes, o Portador da Luz os cativava com sua
simpatia e seu brilho de paz. Manejava de forma exímia os mistérios do amor de Deus e da Criação
do Universo. Por exceção de Mikael, ninguém era como ele.
Desde o princípio da eternidade jamais houvera subido ao coração de algum dos Filhos a
escolha de afastar-se da fonte da Vida, que é o Criador de tudo e de seus Filhos Criadores, como
Mikael. Foi assim por muito tempo, até que subitamente a curiosidade letal contaminou o coração
do Portador da Luz.
Lúcifer, que passou parte da sua eternidade dedicando-se a conhecer os mistérios da Luz,
sentiu-se enigmaticamente atraído pelas Trevas. O Onipresente, o qual nada se esconde de sua vista,
acompanhou apreensivamente a trajetória de Lúcifer às Trevas, caminho que leva à morte eterna.
Curioso, ele aproximou-se daquele abismo tenebroso. Observando aquele local pensava
refletivamente: “Por que, afinal, não podemos conhecer tais mistérios? Por que, com toda a sábia
mestria e imponente conhecimento que possuo, não posso compreendê-lo?”
Retornando a sua habitação próxima ao Trono, suplicou ao Excelso:
– Papai, por que não posso conhecer o que se esconde por detrás daquela escuridão
infindável?
Deus contristou-se e respondeu expressivamente:
– Meu amado Filho, você foi criado em honra e glória para a Luz – fitou-lhe firmemente os
olhos e prosseguiu: – Tudo o que você precisa saber é que as Trevas é a ausência da Luz que Eu
Sou. Escolher as Trevas é se afastar de Mim que Sou a Vida. Destarte, envolver-te-ás com a morte
eterna que é a total separação de Mim e corromperás teus dons.
Convencido de que o Pai não o revelaria o segredo do Abismo das Trevas decidiu evitar
conhecer por si só, embora se considerasse capacitado para isto decidiu não desobedecer Àquele Pai
tão amoroso e bondoso. Desejava de fato conhecer tais mistérios, mas não queria cortar o elo com o
Pai da Eternidade que sempre se mostrou Zeloso. Por algum tempo ele deixou aquelas ideias de
lado.

A soberba de Lúcifer começou a se manifestar quando o Criador fez uma assembleia


discursiva para expor seus próximos planos Universais. Nesta explanação, Y HWH deixou claro que
criaria uma nova espécie, pouco menores que os anjos em poder e glória, evidenciando que todos os
seus Filhos tinham por mandamento amá-los e, quando necessário, dispor-se a préstimos.
O Portador da Luz demonstrou contrariedade, falando:

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– Aba, Pai. Queres que nos humilhemos tanto a ponto de servir uma espécie inferior? Eles
certamente, por serem menores, serão incapazes de guardar os teus Estatutos Sagrados para toda a
eternidade. Ademais, é provável que eles blasfemem de Ti, O ignorem ou mesmo esqueçam-se da
sua existência. Não sabemos a que ponto de gravidade isto pode chegar, mas indubitavelmente não
é confiável – Lúcifer passou a acreditar que a sabedoria era uma característica não oriunda de Deus,
mas inerente sua. – Pai. Peço-Te que reveja e analise cautelosamente este projeto para que o Seu
Santo nome não seja colocado em risco.
YHWH encerrou aquela conferência silenciosamente. Ele era o único que sabia o que se
passava no coração de Lúcifer. Viu que estava prestes a existir um confronto por parte da sua
arrogância.
Lúcifer retirou-se para diante do abismo para pensar o que se escondia por detrás daquela
escuridão. “Por que a grande luminosidade que produzo não é suficiente para iluminar este lugar?”
pensava consigo. Mal sabia ele que, embora o seu corpo produzisse luz, o seu coração estava pouco
a pouco entrando em trevas.
Deus passou um longo tempo decidindo o que faria, e ponderou nos minuciosos detalhes
daquela nova decisão, refletiu em todas as consequências que poderiam se acarretar. Não descartou
nenhuma possibilidade e chegou a uma conclusão. Reuniu novamente, depois de muito tempo,
todos os seres até então criados e expôs todas as suas decisões.
– Quando a humanidade for criada, os serafins entoarão um belo louvor de adoração –
afirmou YHWH.
Todos os serafins consentiram, mas o seu regente bradou imediatamente:
– Se decidiu que realmente será bom criá-los é uma escolha sua, mas não vejo êxitos para o
teu reino em nada disto. Portanto, me recuso a entoar um cântico de alegria quando os tais forem
feitos.
Lúcifer parecia não ser mais o mesmo. Suas características amorosas se esvaiam conforme
sua rebeldia aumentava. Iniciava-se um terrível confronto em seu interior. Incessantemente punha-
se a debater-se contra a ideologia que antes se dispunha a defender a fio de espada. Tudo parecia
estar confuso em sua mente. Sua felicidade regrediu para uma alegria temporária e, depois, tornou-
se melancolia que o levaria literalmente ao fundo do abismo. Tudo o que o havia mantido longe das
trevas era o amor ao seu Pai, mas, devido à nova forma de governo que se estabelecia, começou a
discordar da vontade de YHWH. Então, seu coração perverteu-se.
Mesmo prosseguindo em conhecer os sentidos das Trevas, Lúcifer jamais pensou em
abandonar a Luz. Ele queria unir os segredos das Trevas com os mistérios da Luz, formando, assim,
um reino que estivesse em união completa entre as duas dimensões, o que não havia no Reino do
Céu. Pensava que unindo ambos os lados favoreceria o crescimento Universal. Esforçava-se para a
combinação destas partes que, até então, coexistiam separadas.
Durante muito tempo de meditação, um sentimento soberbo trouxe uma altivez criativa. O
Portador da Luz concebeu uma doutrina errônea que apresentaria ao Universo como uma forma de
governo novo e melhor, superior ao governo atual do Criador, pois para Lúcifer tanto a Luz como
as Trevas poderiam se aliar para o desenvolvimento do Universo, mesmo não sabendo o que
realmente tinha nas Trevas. Para apresentá-la ao Governo do Céu nomeou-a de conhecimento do
bem e do mal.
A estrutura de sua doutrina era totalmente lógica. Parecia atraente ao Portador da Luz que, por
meio desta teoria, quebrassem o monocórdio divino e experimental do bem sem o discernimento do
mal. Propunha que haveria equilíbrio entre o bem e o mal, luz e trevas, amor e egoísmo.
Deus, sondando o que se passava no íntimo do seu Segundo Filho Ungido, perseverava em
exortar a todos os viventes em seu amor. Sofrendo pela traição que sofreria e pelo futuro tenebroso
que aguardava as criaturas, revelava-os sua benevolência e os momentos de felicidade para que não
desejassem viver nas Trevas. A todos ele mostrava a maravilha da Luz, mas Lúcifer já não podia
mais ser dissuadido.

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YHWH, sabendo da ideologia de seu Filho, imediatamente convocou todos os seus para
explanar sua decisão quanto a sua futura Criação. Lúcifer, como sempre, estava à frente, do lado
esquerdo do Pai, e Mikael ao lado direito. Deus esclareceu que formaria um novo sistema universal,
composto por vários planetas e satélites e estrelas.
– Sobretudo, – prosseguiu – para a ascensão espiritual de uma galáxia, é necessário que esteja
sob a supervisão de um de nós, um que será chamado Príncipe, um que seja como Eu Sou, que Me
represente como Deus, pois Eu e Ele, por meio do mesmo Espírito, seremos um só Deus.
Por um instante subiu ao coração de Lúcifer a possibilidade dele ser aclamado Deus como o
Pai, então poderia fazer seus planos serem realizados.
– Colocarei Meu Filho Primogênito, Mikael, por responsável sobre a galáxia de Andronover,
onde faremos um planeta chamado Urântia e lá se iniciará uma nova espécie de vida que estará sob
custódia de Mikael.
Lúcifer se levante imediatamente e, enfurecido, apresenta sua ideia ao Criador.
– Por que fazer isto? – bradou Lúcifer – Pra que tomar esta atitude? Eu quis conhecer os
segredos das Trevas e Tu não mo revelaste. Agora, criará uma galáxia e presenteará a Mikael com
ela?! E, além disto, o fará Deus? Quanto a mim que também sou teu Filho?
– Que tens contra, meu Irmão? – Indagou Mikael.
Lúcifer, indignado, levanta os braços pedindo que se acalmassem, disse:
– Todos vós estais atentos ao que direi. – Esperou que silenciassem e continuou: – Há muito
venho sondando o reinado de nosso Pai, mas confesso que discordo de algumas coisas.
– O quê, por exemplo? – Indagou Calígula.
– Com a criação da humanidade, quase toda a atenção do Pai será voltada para ela e nós
teremos que auxiliá-los, sendo eles inferiores a nós. Agora, também, não é justo que Papai tome um
de seus Filhos para que somente ele seja aclamado Deus com Ele. – Deus permaneceu em silêncio
completo – Porventura não somos todos Seus Filhos?
– Como ele pôde opor-se de tal maneira contra o reinado de Nosso Pai, mesmo ocupando uma
posição elevadíssima ao lado de Deus? – indagou-se Tzaphkiel, o Líder dos Thronus.
– Creio que muitos aqui estão insatisfeitos – continuou Lúcifer –, mas eu tenho uma solução.
Acredito piamente que Trevas e Luz podem aliar-se de tal forma que haja harmonia e crescimento
em todos os mundos.
YHWH silenciou amargamente. Toda a multidão ficou perplexa e imóvel. Houve uma quietude
impensável naquele enorme aglomerado angélico. Todos os anjos, ao verem o semblante reflexivo
do Pai, lembraram-se do momento em que lhes foi mostrado o abismo e a mesma reação do Criador
diante deles. Recordaram-se das Suas palavras: “Todos os segredos do Universo estão à vossa
disposição. Todos os meus pensamentos serão contados a vós. Tudo o que quiserem saber será dito,
mas reservarei apenas o que está oculto pelas trevas. Aqueles que me amam guardam a minha Lei e
me obedecem, Eu Sou o Pai deles, e eles, meus filhos. Os que estiverem comigo estarão ligados à
Fonte da Vida e da Luz”.
Passado um longo tempo de silêncio, Lúcifer fita Deus e questiona:
– Por que tanto silêncio? Não dirás nada?
– És livre para fazer o que escolher – respondeu o Criador.
– Todos aqueles que são a favor das minhas ideias se coloquem à frente – convocou Lúcifer.
Uma quantidade enorme dos anjos se colocou à disposição de Lúcifer, enquanto que os outros
permaneceram fieis. Deus, entretanto, por sua misericórdia infindável, permitiu que eles tivessem
uma nova chance de escolha. Sabendo das consequências que aquele comportamento acarretaria,
disse:
– Vós sois livres para escolher. Mas, façais a escolha melhor, pois sabem o que é bom.
Neste momento, depois de refletirem, muitos rejeitaram a posição de Lúcifer e voltaram para
o lado de YHWH. Com a abdicação destes, Lúcifer ficou com um terço dos anjos ao seu lado que
passaram a ser conhecidos como o Exército das Trevas. Depois, continuou sua explanação:

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– Então, subirei ao alto monte na Ilha Central da Vida e da Luz – prosseguiu o Portador da
Luz – e, com aqueles que estiverem comigo, farei um trono como o do YHWH e serei semelhante a
Deus.
– Jamais permitirei isto, Lúcifer – respondeu Mikael.
– Irmão meu, Portador da Vida, se te é permissível penetrar os mistérios mais profundos do
Criador, Nosso Pai, é-me também.
– No entanto, foi encontrado iniquidade em ti porquanto queres corromper a perfeição deste
reino.
– Você... Você... – Lúcifer titubeou nas palavras, e irado, gritou: – Você não! Por que você?
Eu merecia ser igual a Deus, a Luz está em mim.
– Mas Eu Sou a Vida, as Trevas não podem produzir vida e nem luz – olhou-lhe firme e disse:
– abandone suas concepções e seremos juntos, como sempre fomos, a Vida e a Luz eterna.
– Você não merece, Mikael. Não! – bradou Lúcifer – Eu é que serei igual a Deus!

O Exército das Trevas detinham um surpreendente manejo de espadas angélicas e seu líder
era um exímio estrategista e gladiador. Quando Mikael se opôs, imediatamente Lúcifer sacou sua
espada de um branco que reluzia contornado por um vermelho abrasador e, em uma velocidade
superior à da luz, voou disparado contra Mikael.
Mikael mantinha-se inerte e seu semblante passava uma serenidade imensa, uma paz
insondável. Seus olhos não eram de um guerreiro, eram olhos de amor, não de raiva; não possuía
ódio, passava misericórdia.
Ao chocar-se com o impacto de toda a sua ira, Lúcifer atemorizou-se e estremeceu dos pés à
cabeça. Com os olhos atônitos e lábios trêmulos diante daquela cena, ele percebeu algo estranho.
Enquanto Lúcifer se direcionava a Mikael em velocidade elevada, Mikael não movia um músculo
nem demonstrava preocupação. Mas ao chocar-se, pelo impacto surgiu uma nuvem de glória densa
que aos poucos sumiu. Quando a nuvem se dissipou, Mikael estava segurando a espada de Lúcifer
com a mão esquerda.
“Ele segurou a lâmina de minha espada com a mão?”, pensou o Segundo de Deus. “Mas,
como?”, indagou-se.
Lúcifer sentiu uma emoção diferente que tomou conta de si. Mikael estava de cabeça baixa e,
ao levantar a cabeça, seus olhos fitaram os brilhantes olhos azuis de Lúcifer que, ao vê-lo, recordou-
se da primeira vez que fitou os olhos do Criador e recuou imediatamente com um salto estendido.
Lúcifer demonstrava palidez, trêmulo dos pés aos lábios. Admirado e atônito.
– O que houve Lúcifer? – Indagou Satã, um dos seus.
– Ele... – falou apavorado – Ele não é mais o mesmo!
– O quê? – perguntou Satã.
– Seus olhos... – Fez uma longa e inquietante pausa
– Lúcifer! Lúcifer! – Disse satã, tirando-lhe de sua imersão de pensamentos.
Então, recobrando à realidade, continuou:
– Seus olhos... São... são os olhos de Deus.
– O quê?! – Desacreditou Satã – Mas como é possível?

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“Aquele brilho nos olhos, aquela emoção contagiante ao estar em sua presença... Ele
realmente será Deus?” pensava Lúcifer surpreso. “Não. Não pode ser. Ele é apenas um como todos
nós” repreendeu-se tentando encontrar coragem e forças.
– Então, qual a estratégia? – perguntou Calígula.
– Lutaremos – respondeu o Líder, fechando seus punhos e serrando os dentes, recompondo
suas forças com frieza e uma precisão imprescindível, alimentando seu ego pela ira.
– Colocaremos em risco a nossa própria vida? Se morrermos, morreremos eternamente.
Deixaríamos de existir. Seria como se nunca tivéssemos vivido – ressaltou Satã.
– É exatamente isto. – encorajou Lúcifer: – Algum problema? Ou você é um covarde
impotente?
– Hm... Gostei da coragem determinante – falou Satã. – Mas, será que vale correr o risco?
– Que tal se eu dissesse que vamos nos divertir um pouco? – ressaltou Lúcifer.
– Então como vai ser? Vocês vão ficar discutindo ou vamos começar a festa? – intrometeu-se
Calígula.
– Vamos lá! Este será um confronto marcante – disse Satã.
Um poder admirável invadiu o ambiente. Uma nuvem branca encheu todo aquele lugar.
Os aliados e os rebeldes, ao verem seus líderes prontos para um embate, falavam:
– Que poder! Parece que Mikael assumiu a forma do próprio Deus – falavam os aliados. –
Nunca o vimos com um semblante tão próximo do Pai Universal. Seu amor em cumprir a vontade
de nosso Pai é surpreendente.
– Quase não o enxergo. Que poder é este? Não imaginava que o Portador da Luz alcançasse
tanta glória. É mais luminoso do que um querubim – falavam os rebeldes.
Um forte vento com poeira cósmica invadiu aquele ambiente. O poder que emanava dos
Unigênitos era superior a tudo o que se havia contemplado. Uma poderosa trovoada e uma rajada
imprevisível vinda com um vento cortante destronavam os universos inferiores, esmiuçando vários
planetas. Aquele belo local de paz parecia estar se tornando o caos. Onde antes havia apenas a força
do bem e do amor divino agora sentia o peso da ira e da traição. Ambos os lados demonstravam um
poderio insuperável entre os demais. Aqueles acontecimentos sobrenaturais causavam terremotos e
tempestades que tomavam proporções desastrosas. Barulhos ensurdecedores ganhavam espaço
naquela guerra.
Raios barulhentos envolviam a armadura de Mikael.
A Luz produzida por Lúcifer o aqueceu tanto a ponto de o anjo branco se tornar abrasador,
sua armadura estava flamejante envoltas com uma energia informe de coloração esbranquiçada com
uma chama vermelha e azul, no calor da batalha, pelo ódio, seu corpo inflou, seus braços, peitoral,
pernas, começaram a inchar definindo todos os músculos. Ele continuava um ser belo, porém seu
semblante não reluzia mais a imagem de Deus.
– Parece que esse confronto entre os dois lendários Filhos Estrelas da Manhã será inevitável –
disse Kokabiel, o Príncipe das Estrelas.
– Se estes dois entrarem em guerra o Universo corre grandes riscos – falou Rafael, o Puro.

Em todo ser até então conhecidos havia a presença de um poder interior chamado cosmos que
concentra uma força poderosíssima. O cosmos podia ser aumentado conforme as habilidades
mentais e sentimentais do ser, no entanto, era necessário uma interação com o ambiente
criacionista. Aqueles dois haviam passado muito tempo em dedicação aos mistérios interiores.
Nenhum outro ser, além deles, era capaz de dominar perfeitamente os seus cosmos.
Os sentimentos de proteção, fidelidade e amor de Mikael o mantinha em constante
desenvolvimento. Os sentimentos de ódio e inveja que haviam em Lúcifer o fazia elevar seu cosmos
a níveis surpreendentes.
Lúcifer sacou sua espada e, levantando-a em vertical, gritou:
– Ataquem!

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Os guerreiros dos dois lados voaram disparados em direção uns dos outros e chocavam-se e
ouvia-se tilintar de espadas, lanças e diversas armas, além das capacidades supranaturais que cada
um possuía.
Os Portadores da Luz e da Vida encaravam-se firmemente.
– Seus olhos não vão me intimidar de novo, Mikael – disse Lúcifer.
– Você não devia ter escolhido este caminho – respondeu Mikael.
– E o que você sabe sobre as Trevas?
– Não preciso saber. Há mistérios que são permissíveis apenas à compreensão do Deus, Nosso
Pai.
Observando que o Portador da Vida estava desarmado, Lúcifer disse:
– Muita coragem da sua parte, não acha? Como pode me enfrentar sem armas?
– As armas mais poderosas são os nossos sentimentos, Irmão.
– Sentimentos, sentimentos, fraquezas a parte – caçoava Lúcifer. – Vamos ver se os seus
sentimentos são suficientes para digladiar com a minha Luz do Alvorecer.
Lúcifer partiu para o ataque manejando sua espada cortante no ar. A princípio Mikael não
queria lutar, evitava o confronto mesmo ele já estando em decurso. Esquivava-se para os lados e
para trás velozmente. Quando a afiada lâmina quase o fere, ele se esquivou de forma esplêndida, e a
lâmina chocou-se com o solo com tanto poder e força que criou uma cratera de quinhentos
quilômetros de profundidade e percorreu o solo por cem mil quilômetros de distância horizontal.
Quando Lúcifer procurou Mikael novamente, o alcance de sua vista não conseguia encontrá-lo.
Tudo o que via era um palco repleto de seres guerreiros digladiando em meio à névoa para
preservar a integridade celeste. De repente ele ouve:
– Não há outro meio senão usar meu sabre Raio da Aurora – era a voz de Mikael como um
trovão.
Olhando para cima viu um objeto voador descendo rapidamente em sua direção e Mikael
estava sobre ele. Aproximando-se, Mikael saltou e deixou a espada ir de encontro com o adversário.
Imediatamente Lúcifer esquivou-se para o lado e a espada cravou-se próxima a ele no solo,
causando um impacto que lançou o opositor a uma longa distância. Enquanto Lúcifer se
recompunha, Mikael resgatava a espada.
– Lúcifer. Conheça minha espada Luminus Letal.
– Assim fica melhor. Agora vamos deixar de brincadeiras e começar a lutar de verdade –
deixou escapar um sorriso maléfico no canto direito da boca.
Lúcifer segurou fortemente o cabo da espada, como se não fosse mais largá-la. Mikael,
retirando a espada encravada, fez alguns movimentos de domínio no ar e, com o braço, a estendeu
do lado direito. Ambos correram para travar um duelo de espadas. Alcançando uma velocidade
incalculável trincaram as poderosas espadas com um poderio desastroso. O impacto das armas
causou uma onda de vento de tal forma que os demais anjos foram lançados distantes, e, pelo
mesmo efeito, trezentos e cinquenta e duas galáxias foram destruídas completamente.
Os poderosos Estrelas da Manhã se encaravam. Lúcifer, enfurecido, e Mikael, sereno, se
encaravam firmemente contrapondo as espadas desde o choque, segurando-as de forma imóvel,
disputando força. Os cabelos loiros e lisos do Portador da Luz aos ventos permitiam que seus olhos
azuis fossem encarados por Mikael. Os cabelos branquíssimos e encantadores do Portador da Vida
acariciavam-lhe o rosto agitados ao vento.
Lúcifer, em um giro completo, fazendo com que seu adversário, pelo emprego da força,
perdesse o equilíbrio declinando para a diagonal, arriscou um chute girado na face de Mikael. Mas,
prevendo o seu movimento, o Portador da Vida segurou firme a perna do adversário e, com as duas
mãos, o girou até lançá-lo aos ares. Então, rapidamente, se direcionou em contra-ataque. Desferiu
um golpe de destro no na face esquerda do inimigo. Lúcifer reagiu com um soco de cruzado,
também na face esquerda. Em queda livre, Lúcifer recompõe as forças e trama uma investida.
Enquanto Mikael desperta e se coloca sobrevoando em pé, seu adversário se aproxima com um

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furor agressivo. Surpreendendo Mikael, que ainda estava com a guarda baixa, Lúcifer investe num
meio giro tentando acertá-lo com o pé esquerdo. Pelos reflexos Mikael se abaixa para evitar o
contato, mas o adversário é tenaz. No instante em que o pé sobrevoa sua cabeça, o inimigo prepara
um giro imprevisível, aproveitando que Mikael se abaixara, e, com o cabo da espada, desfere um
golpe em seu queixo jogando o gladiador celeste a uma equidistância a trezentos quilômetros
chocando-se com uma montanha prateada.
Mikael se levanta limpando sua armadura cintilante enquanto seu opositor voa em alta
velocidade ao seu encontro. Percebendo sua presença, Mikael cerra os punhos segurando sua
Luminus Letal e se eleva em um voo majestoso. Ao chegar diante do inimigo, Mikael realiza um
giro horizontal e em um movimento mortal para trás acerta a cabeça de Lúcifer fazendo-o chocar
com a montanha de pedras preciosas, localizada em zona aérea, em uma queda catastrófica. Quando
Lúcifer põe-se em pé e eleva os olhos, Mikael está diante dele e lhe atinge com um chute na região
estomacal desarmando o adversário e jogando-o distante pela força do golpe, posteriormente o
alcançou em velocidade e socou-lhe o rosto, impulsionando-o para cima.
Mikael eleva o seu cosmos e concentra parte dele na Luminus Letal. Lúcifer estava indefeso,
pois sua arma havia caído durante a peleja. Então, Mikael desfere seu último golpe, banindo-o dos
reinos celestes.
– Agora – falou Mikael. – Para a expurgação – colocou a espada retilínea ao nariz, entre os
olhos, e, liberando uma quantidade infindável de uma luz misteriosa, bradou: – Punição Divina!
Ao deferir o corte, uma luminosidade de um azul admirável atravessou o Universo
reproduzindo uma luz que era impossível observar. E Lúcifer, tentando esquivar-se daquele poder,
sofreu uma forte queimadura no lado direito do rosto e braço. As marcas que levaria consigo pelo
resto de sua existência. A única lembrança que levaria do céu seria esta: uma cicatriz da espada de
Mikael.

Os firmamentos do Universo foram abalados pelo resultado do embate. Uma devastadora


consequência se tornou a recordação daquela guerra. Tal levante ficou conhecido como A Primeira
Guerra Univérsica.

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CONVOCAÇÃO TRIBUNAL
“Enquanto não houver quórum, não haverá julgamento!”

Imediatamente em seguida, a Máxima Corte do Universo emitiu intimações aos seus anjos e
Juízes, sobretudo far-se-ia necessário que 98% destas classes deveriam estar presente por se tratar
de uma causa que afetaria a todo o Universo Local. Tal julgamento se prolonga durante centenas de
milhares de anos por não haver quórum suficiente devido ao fato de quase todos os anjos estarem
em missões extra especiais, até que chega o período das autoaprovações do Criador, incluindo o
estágio de sua vida material, havendo ele escolhido na Terra para findar suas provas. Durante sua
vida material, ele ainda oferece uma última chance de perdão para Lúcifer e seus anjos quando
estivera no Getsêmani, porém ele recusa. Sobretudo, a vigésima parte dos rebelados aceitou a
misericórdia, e estes em sua maioria eram vítimas de uma persuasão revolucionária do atual líder.
Depois disto, um conclave reúne os Príncipes Estrelares para uma breve análise sobre o julgamento
das hostes rebeladas. Encontraram, por fim, uma forma de realizar o julgamento colocando os
planetas habitados em uma espécie de isolamento que ninguém entra ou sai, nomeado de quarentena
planetária. Com isto apenas os Príncipes de cada planeta ficaria na supervisão de cada esfera
permitindo que os Melquisedeques e demais anjos indispensáveis para a composição do Tribunal
pudessem se direcionar à Corte para consumar o julgamento e estabelecer a condenação com as
penas devidamente cabais. (O Juízo ocorreu enquanto Jesus estava na Terra que, em uma de suas
reclusões em montes para cuidar dos assuntos de seu Pai, Emanuel – que assumira a posição de Juíz
na sua ausência – juntamente com Gabriel lhe comunicaram a decisão que havia sido tomando no
julgamento. Então, Jesus, estando de acordo, aprovou a efetivação do Decreto Local nº
3.658.212.110)

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OBS.: Como Jesus havia passado por uma transição pós morte entre o estágio material e espiritual,
seu corpo já não era mais terreno, voltando à sua divindade. Portanto, para que ele e seus anjos
fossem vistos por olhos humanos seria necessário que o Tecido da Realidade fosse brevemente
removido, e a única forma de fazer isto seria passando pelos Sete Céus, abrindo cada selo com as
Sete Chaves. A cada selo aberto em cada céu, ouviu-se o toque de uma trombeta, tanto no plano
físico quanto no imaterial. Aproximando-se da volta de Cristo, coincidindo com a culminação da
Terceira Guerra Mundial, Gabriel recruta Amael e outros para iniciar a tarefa, desde ir atrás das
chaves até a abertura do último selo. O que seria beneficente inclusive para os próprios espíritos
materializados, pois se tornam limitados quando adotam a forma física, perdendo parcialmente seus
poderes e enfraquecendo a outra parte. Sobretudo, como ninguém foi achado digno de abrir os Sete
Selos, Jesus/Mikael concedeu uma porção de sua graça para Gabriel purificar os artefatos sagrados
para abrir os portais e, também, os Selos.

Após reunirem as Sete Chaves, Gabriel integra o grupo de Amael e outros aliados e direcionam-se
ao Primeiro Portal do Primeiro Céu, encontrando uma porta e Sabrael, o Príncipe Guardião do
Primeiro Céu, aparece e, surpreso, indaga:

– Gabriel!? Você por aqui? O que fazes abrindo os portais celestes?

Gabriel olhando firmemente para Sabrael, esboçou um leve sorriso no rosto, fechando os olhos
compondo uma face carismática e afável, e disse:

– Quero iniciar outra guerra – e permaneceu com uma face agradavelmente alegre. E todos olharam
para ele duvidosos.

– Estamos fazendo a vontade do nosso Pai – justificou Amael.

– E qual a incumbência? – indagou Sabrael.

– Lembra da volta de Cristo? – Gabriel perguntou.

– Claro. Todos esperam ansiosamente por este dia – Gabriel apenas fizera um movimento
afirmativo com a cabeça, e todos permaneceram em silêncio. – Não me diga que... – continuou
surpreso.

– Sim, Sabrael, o Mestre nos responsabilizou de iniciar os preparativos, o que deve ser feito com
urgência, porque, convenhamos, já esperamos tempo demais.

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A Palavra – a voz de Deus, a Lei criacionista.
Abaddon – era o líder dos assistentes de Calígula. Tendo seguido os passos de rebeldia de seu
chefe, atuou como líder dos rebeldes da Terra.
Ablon, o Renegado – líder dos querubins banidos. Chamado de o Primeiro General antes de
expurgado com os rebeldes.
Água da Vida – rio de fogo, Espírito Santo, um arroio murmurante, o rio diante do trono, águas
eternas.
Akibiel – ensinou sinais.
Amael – um dos anjos mais poderosos que viviam na Terra havendo renunciado sua graça, Gabriel
a recompõe para que assuma juntamente com ele a missão de abrir os portais dos Céus. É o Quarto
Anjo mais poderoso, atrás apenas de Gabriel, Lúcifer e Miguel.
Amazarak – ensinou todos os sortilégios, e divisores de raízes.
Anjos da Tribuna do Juízo Final – encarregados de julgar a humanidade e os Rebelados.
Apollyon, o Exterminador – de personalidade arrogante e ególatra caiu com Lúcifer.
Arcanjos – Metatron, Adonael, Aeshma, Azrael, Bazazath, Chamuel, Halaliel, Haniel, Iaoth, Iofiel,
Jehudiel, Jeremiel, Kafziel, Orifiel, Ouriel, Fanuel, Pravuil, Rafael, Sabrael, Simiel, Uriel, Vretiel,
Yefefiah, Yerachmiel, Zadkeil, Zaphkiel.
Armers – ensinou a solução de sortilégios.
Árvore da Vida – Árvore que originou a doutrina da Eternidade, a Verdade Divina que presenteia
com o prolongar da vida. O arbusto que ficava no centro do Templo Sagrado do Éden.
Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal – Árvore plantada no Jardim por Lúcifer (por isto a
proibição de ao menos tocá-la). Uma árvore espinhosa, cujo fruto instiga o ódio e a psicopatia
instantânea. É o fruto da doutrina de Lúcifer, opondo-se a Deus. A principal fonte de nutrientes do
Exército das Trevas.
Árvores Proibidas – Árvore da Vida e Árvore do Conhecimento. A Árvore da Vida é o dom de
Deus; a Árvore do “Conhecimento”, o fruto de Lúcifer.
As Estrelas da Manhã – anjos honrados de Deus, reprodutores de glória divina, os auto-
outorgados.
Asmodeus – esquizofrênico e psicótico. Asmodeus é um humano que virou demônio. É
considerado um dos sete anjos do Inferno abaixo somente de Lúcifer. Historicamente era o “Rei
Esquecido de Sodoma”.
As Sete Chaves – antes sob a tutela dos 7 Arcanjos, caíram sobre a Terra onde posteriormente
foram construídas As Sete Maravilhas do Mundo Moderno. Os portais dos Sete Céus e,
consequentemente, do Tecido da Realidade só podem ser abertos através das Sete Chaves.
Azazyel – o caído que ensinou sobre a guerra, fabricação de enfeites corporais, lapidação de pedras
preciosas.
Azrael – anjo da morte.
Barkayal – ensinou os astrólogos.
Belzebu – foi o líder dos aliados das tropas de Calígula na traição.
Calígula – comparsa de Lúcifer aderindo seus objetivos na Rebelião. 1º Príncipe Planetário da
Terra.
Conferência de clemência – os anjos, conhecendo os projetos de Deus para a humanidade e
recordando-se da rebeldia de Lúcifer, imploram a Deus que tenha compaixão continuamente. A
pessoa mais importante nesta intersecção é o Espírito Santo que clama com gemidos inexprimíveis.

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Constituintes do Tribunal – Tzadkiel (o anjo da justiça), Shoftiel (juiz de Deus), Emmanuel (Deus
conosco – advogado dos santos), Azbogah (anjo do alto escalão do julgamento), Ramiel (supervisor
das almas), Remiel (encarregado de conduzir as almas ao julgamento), Sorush (aquele que pune),
Israfil (o anjo da sétima trombeta), Soqdhozi (julgo por méritos), Zachriel (regente da memória),
Zaapiel (se encarrega dos ímpios), Vretiel (registrador da obra), Zakzakiel (registrador das boas
ações), Zehanpuryu (aquele que liberta), Shepherd (anjo do arrependimento), Sablo (o bondoso),
Rogziel (a ira de Deus), Raziel (o que guarda os segredos do Universo).
Deus – YHWH, Aquele que tem muitos nomes, Criador dos Criadores, O conhecido pelo tetragrama.
Emanuel, a Misericórdia Divina – um dos Anjos da Tribuna do Juízo Final, o braço direito do
Criador nos assuntos jurídicos.
Enciclopédia Melquisedequiana – registro enciclopédico dos conhecimentos de todo o Universo,
registrando cada detalhe de progresso e regresso, subdivididos em partes como Tecnologia, Ciência,
Espiritualidade, Economia, Artes, História, Filosofia, Sociologia, Política, Astronomia.
Exércitos das Luzes – aliados de Mikael.
Exércitos das Trevas – rebelados que seguiram Lúcifer.
Expurgadores – anjos encarregados de limpar a humanidade dos pecados, apagando do seu livro o
seu passado pecaminoso diante de Deus pelo sangue de Cristo, embranquecendo as folhas do livro
para disponibilizando a escrita de uma nova história.
Flâmula da Trindade – o emblema, a bandeira, do governo da Trindade para toda a criação,
representada por três círculos concêntricos na cor azul celeste sobre um fundo branco.
Gabriel – representa a glória de Deus. É o líder dos anjos, possui uma forma etérea luminosa e
resplandecente.
Heylel – nome original de Lúcifer, em Hebraico
Ikisat – as serpentes.
Ilha Central da Luz e da Vida – o trono de Deus sobre o elevado Monte Sião no Sétimo Céu.
Localizada no centro exato do Universo dos universos, em que todos os universos menores giram
em torno dela.
Incubus – ordem masculina de demônios da tentação sensual.
Ishins – casta de anjos que controla as forças elementares, como água, fogo, ar, terra. Alguns
desenvolvem capacidades para controlar elementos que constituem a água, o fogo, a terra, o ar.
Jesus, o Cristo – o Cristo Mikael, semelhança de Deus.
Kokabiel – príncipe das estrelas. É quem guarda os Raios da Aurora.
Leonizedeques – dotados por uma capacidade ímpar de liderança, são excelentes estrategistas e
administradores planetários. Soberanos dos Sistemas, Príncipes Planetários. Calígula, Satã, entre
tantos outros, são anjos Leonizedeques.
Legião dos Espadachins – comandada por Ablon. Formada por querubins renegados,
caracterizados por manejarem espadas com exímia excelência.
Legiões das Trevas – aliados de Satã.
Lilith, a Rainha das Succubus – primeira mulher de Adão. Saqueada por Lúcifer às suas ideias se
tornou líder da ordem dos demônios femininos sedutores.
Livro da Vida – Manuscrito criado por Deus que contém toda a História da Criação do homem ao
Juízo Final.
Lúcifer, a Fonte da Luz – chamado de Filho do Alvorecer, Barítono-Mor, Estrela Matutina,
Regente do Grande Ministério de Louvor o ungido, o segundo unigênito. Foi intitulado como
regente para liderar os Serafins na adoração, mas, rebelando-se contra Mikael, perdeu a guerra e foi
condenado ao abismo do Sheol juntamente com os seus aliados, passando a ser chamado de Líder

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dos Exércitos das Trevas, Acusador, Traidor, Rebelde. Calígula usou o trocadilho com a versão em
latim “Lucem Ferre”, exclamando: “Lú se Ferre!” (obs.: rindo em seguida).
Luminus Letal – espada etérea de Mikael, usada nos duelos mais intensivos. Possui um brilho azul
deslumbrante que corta a escuridão reproduzindo uma Luz que nenhum ser vivo (exceto ele) é
capaz de observar sem que perca a visão.
Luz do Alvorecer – antiga espada de Lúcifer, quando este era perfeito antes de rebelar-se.
Luz Tenebrosa – espada de Lúcifer renomada depois do expurgo; antiga Luz do Alvorecer.
Maniqueísmo – luta eterna entre o bem e o mal.
Manuscrito Sagrado dos Príncipes Planetários – manuscrito de registros históricos dos Príncipes
de cada planeta, relatando o desenvolvimento destes.
Manuscrito Sagrado dos Melquisedeques – também chamada de Enciclopédia Melquisedequiana.
Melquisedeques – casta de anjos cuja principal função é observar e estudar o curso do universo e
seus habitantes.
Metatron – Arcanjo escrivão.
Miguel (o Cristo Mikael), a Fonte da Vida, o Príncipe dos Anjos – o mais poderoso dos Filhos
Primevos, o Príncipe dos Exércitos Celestes, o Filho Amado, o Mikael auto-outorgado, o ungido, o
primeiro unigênito. Considerado Arcanjo por liderar as pelejas espirituais de maior importância,
demonstrando seu superior poder para guardar o paraíso. Simboliza a fidelidade de Deus. Liderou
os Arcanjos quando se tornou um deles. Aquele que possui muitos títulos. Teve que passar por todos
os estágios da vida material de suas criaturas inteligentes. Quando incorporava o porte de um
mensageiro, designaram-lhe a incumbência de ministrar ao profeta Daniel, aliás, havendo sido
registrado por ele em seu livro.
Nefilins – os gigantes gerados entre mulheres e anjos caídos.
O Fruto Árvore da Vida – fruto que permite a prolongação da vida; havia uma muda de planta
destas no Éden.
O Fruto do Conhecimento do Bem e do Mal – linha de raciocínio doutrinário fundado por Lúcifer
para ludibriar alguns a segui-lo.
O Olho Lemuriano – a técnica ocular máxima de todo o enredo; foi despertado com a união das
personalidades dos Sete Maruts.
Ofanins – anjos da guarda. São altruístas e evitam a violência. Seus principais poderes são
baseados em cura e luz.
Os Arcanjos – Miguel, Uriel, Rafael, Saracael, Gabriel, Remiel, Metatron, Usiel, Ezequiel, Rafael.
OBS.: “Somos milhares, mas vocês só conhecem sete. Isto evidencia o quão primitiva está vossa
espiritualidade”.
Os Filhos Caídos – anjos que proliferaram com mulheres humanas, abandonando a glória do céu.
Azazyel, Amazarak, Armers, Barkayal, Akibeel, Tamiel, Asaradel, Samyaza era o seu líder,
Urakabarameel, Akibeel, Tamiel, Ramuel, Danel, Azkeel, Saraknyal, Asael, Armers, Batraal,
Anane, Zavebe, Samsaveel, Ertael, Turel, Yomyael, Arazyal.
Os Nove Anjos Sentinelas (A Ordem dos Nove Príncipes) – Metatron, Raziel, Tzaphkiel,
Tzadkiel, Camael, Haniel, Rafael, Miguel, Gabriel. Cada um representando a sua própria ordem.
Os Príncipes Dos Sete Céus – Sabrael (1º céu), Naaririel (2º céu), Dalquiel (3º céu), Sahaqiel (4º
céu), Satqiel (5º céu), Zakzakiel (6º céu), Mikael (7º céu).
Os Sete Maruts – também chamados “regentes do destino”. São os filhos coloridos de Adi-Aham
e Ririsu Kódona que, após descobrirem seus poderes e depois de muito treinamento, isolaram-se
na mais alta montanha no firmamento para direcionar suas proles. Eles eram gigantes em estatura e
poderosíssimos, adorados como heróis lendários.
Portais – passagens místicas que ligam os mundos espirituais (principalmente o céu e o inferno) ou
outras dimensões ao plano físico.

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Querubins – anjos protetores, guerreiros de Deus, soldados dos Exércitos Celestes.
Rafael, o Puro – um dos anjos sentinelas, um arcanjo. Simboliza o poder de Deus. Possui a
capacidade de curar de toda enfermidade.
Rahmiel – anjo da misericórdia e do amor, que deixou o céu para viver com uma humana pela qual
se apaixonou.
Raios da Aurora – sabres de luz pertencentes aos lendários Filhos Estrelas da Manhã. São elas:
Luz do Alvorecer, Luminus Letal.
Rebelados – anjos renegados, exilados do céu.
Satã – comparsa de Lúcifer na Rebelião Planetária.
Serafins – os primeiros adoradores criados para adorarem incansavelmente ao Pai, e ao Filho, e a
Parakletos.
Succubus – ordem de demônios responsáveis pela tentação sensual em forma feminina.
Tamiel – anjo que ensinou astronomia.
Tecido da Realidade – é o que mantém a estabilidade espiritual e material, cada uma
separadamente, em suas próprias dimensões.
Thronus – têm a forma de uma roda de fogo e zelam pelo Trono de Deus.
Ungido – unigênito. Filhos com características únicas mesmo que distintas. Mikael e Lúcifer são
os dois unigênitos. Com a queda de Lúcifer há apenas um unigênito de Deus.
Universidade Melquisedeque – a Universidade Central do conhecimento universal, onde todo o
conhecimento está compilado nas inumeráveis fileiras de suas bibliotecas. Costumeiramente
chamada de “A Faculdade dos Anjos”, raríssimos humanos têm o privilégio de passarem por lá,
sobretudo os que a freqüentam certamente terão um glorioso compromisso com a crescente
harmonia do Universo, essencialmente nas relações intercontinentais, interplanetárias e
intergalácticas.
Vingadora Sagrada – sabre de Ablon.
YHWH – Javé, Elohim, Jeová, Soberano dos Soberanos, o Deus, O conhecido pelo tetragrama.
vide: Deus.

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