Você está na página 1de 4

GESTÃO DE LODO

Jacarezinho, 30 de outubro de 2019.


Aluno : Wilson Batista Jark
Prof. Dr. Jonathas Oliveira
Prof. Dr. Dyego Caetano
LODOS DE ETAS E ETES

Destinar inadequadamente resíduos gerados na ETA e na ETE provocam impactos


ambientais, como a contaminação do solo e dos corpos d’ água. Esses impactos, por sua vez,
trazem consequências à fauna, à flora e ao próprio homem.
1 Características do lodo gerado na ETA
O lodo proveniente das ETAs são formados por partículas contidas na água, tais como
microrganismos, sólidos orgânicos e não orgânicos, bem como sólidos do próprio coagulante
e de outros produtos utilizados para tratar a água.
As características físico-químicas do lodo estão relacionadas com as características
da água do manancial, com os produtos químicos utilizados e com o modo como a coagulação
ocorre. As propriedades químicas do lodo podem influenciar nas físicas.
A proteção dos mananciais é fundamental para melhorar a qualidade da água que será
tratada e também para diminuição do lodo gerado durante o tratamento.
Os usos benéficos mais utilizados ou de maior potencial de utilização lodo são:
fabricação de cimento, disposição no solo, cultivo de grama comercial, fabricação de tijolos,
solo comercial, compostagem e plantações de cítricos. O lodo também poderá ser utilizado
para a aumentar da sedimentabilidade em águas de baixa turbidez, recuperação de
coagulantes e controle de H2S.
1.1 Fabricação de Tijolos e Blocos Cerâmico
Os lodos provenientes de ETAs possuem, características físico-químicas semelhantes
às matérias primas usadas na fabricação de tijolos, com características muito próximas à
argila natural e xisto usado nas olarias e indústrias de cerâmica.
Depois de desaguado pode ser introduzido no processo de fabricação de tijolos, sendo
misturado numa proporção de até 5%. Não há uma melhoria na qualidade com a mistura de
lodo de ETA com argila, pois a finalidade está na prática da reciclagem destes resíduos de
ETAs, substituindo a utilização de recursos naturais por resíduos reciclados, gerando
inúmeros benefícios ambientais (JANUARIO et al., 2007). Já para a fabricação de telhas
vermelhas, normalmente exige-se concentração de sólidos superior a 30% no lodo usado na
fabricação de cerâmicas vermelhas (TSUTIYA e HIRATA, 2001).
O investimento que as cerâmicas terão para utilizar essa matéria-prima dependerá da
distância da jazida, bem como aspectos ambientais e parcerias que a companhia de
saneamento poderá oferecer tais como o transporte até a indústria ou retirada na ETA, ou até
mesmo vantagem econômica para as estas empresas (JANUARIO et al., 2007).
1.2 Fabricação de Cimento e Incorporação do Lodo em Matriz de Concreto
A utilização de lodos de ETAs na fabricação de cimento Portland é realizada com êxito
por empresas de saneamento nos EUA, sendo sua matéria prima basicamente calcário, xisto
e argila. O calcário representa aproximadamente de 70 a 80% desta matéria, mas pequenas
concentrações de sílica, ferro e alumínio. Para suprir esta deficiência, é recomendado que se
adicione minério de ferro, bauxita, xisto e argila (HOPPEN et al., 2006).
Nos resíduos de coagulantes que as ETAs utilizam e presentes no lodo contêm todos
esses elementos citados anteriormente, motivo pelo qual o lodo é introduzido no processo de
fabricação do cimento.

1.3 Recuperação de Solos Agrícolas e Disposição no Solo


Os benefícios da aplicação de lodos de ETAs em solos agrícolas referem-se à melhoria
estrutural do solo, ajuste de pH, adição de traços minerais, aumento da capacidade de
retenção de água e melhoria das condições de aeração do solo. O lodo de ETA pode ser
utilizado no cultivo de gramas, sendo que esta alternativa aumenta a aeração e a capacidade
de retenção de líquido no solo, fornecendo também nutrientes adicionais às plantas (MEGDA
et al., 2005).
Outra aplicação do lodo de ETA é na compostagem, mais especificamente aos
sistemas de leiras, trazendo benefícios como ajuste da umidade, fornecimento de traços
minerais e ajuste de pH. Outros usos ainda podem ser para a produção de solo comercial e
para suprir a deficiência de ferro em plantações de cítricos, como laranja e limão (MEGDA et
al., 2005).
Na produção de solos comerciais está condicionada a concentração de sólidos entre
40% a 60%. Caso contrário, torna-se inviável seu aproveitamento, para as demais formas de
disposição no solo, o lodo de ETA pode ser aplicado na fase líquida ou após a desidratação.

1.4 Recuperação de Coagulante do Lodo de ETA


Segundo Tsutiya e Hirata (2001), a recuperação de coagulantes consiste na
solubilização das espécies de alumínio ou ferro que possuem o potencial coagulante. Poderá
ser realizada via alcalina, extração com solventes orgânicos e extração por quelação, sendo
o método mais utilizado é a recuperação de coagulantes pela via ácida (GONÇALVES et al.,
1999). Foi observado em ETAs dos EUA que o coagulante recuperado apresenta uma
qualidade melhor que do coagulante adquirido comercialmente. Cabe ressaltar que esta
técnica vem se mostrando viável economicamente para Estações de Tratamento de Água que
atendem municípios com população superior a 20.000 habitantes (GONÇALVES et al., 1999).

1.5 Cobertura de Aterro Sanitário


De acordo com Fernandez e Souza (2001), o lodo de ETA também pode ser
direcionado para cobertura de aterros sanitários, funcionando como uma camada de “solo”, o
que acaba por auxiliar na disponibilidade de fósforo e metais pesados dos aterros.
2 Características do lodo gerado na ETE

O lodo gerado durante o tratamento do esgoto doméstico possui aspectos


diferenciados dos gerados nas ETAs. Enquanto no tratamento de água normalmente se
utilizam produtos químicos, no tratamento de esgoto doméstico o processo é realizado
biologicamente.
Normalmente, quando uma cidade trata o seu esgoto, é dado um destino adequado
ao lodo gerado durante o tratamento. Um dos motivos é que, dependendo do tipo de técnica
utilizada para tratar o esgoto, a concentração do lodo (biomassa mais matéria orgânica
remanescente) é mais elevada do que a concentração do próprio esgoto bruto. Assim, seu
lançamento no corpo de água ocasiona impactos tão expressivos quanto o lançamento do
próprio esgoto sem tratamento.
A aplicação do lodo na agricultura parece ser a forma mais difundida de utilização do
resíduo. No setor agronômico, ele pode ser aproveitado para várias finalidades, tais como:
reaproveitamento industrial, fabricação de tijolos e cerâmicas, produção de agregado leve
para construção civil, produção de cimento, reaproveitamento agrícola, fertilizante orgânico,
compostagem, recuperação de solos degradados, entre outros.
A incorporação do lodo de esgotos na fabricação de produtos cerâmicos, como telhas,
tubos, tijolos e lajotas, tem-se mostrado uma alternativa viável de destinação adequada. O
lodo é adicionado ao processo durante a etapa de preparação da massa cerâmica e auxilia
na correção de umidade. Isso pode ser feito manualmente, com pás carregadeiras, ou em
olarias mais tecnificadas, utilizando-se equipamentos apropriados.
Pesquisas demonstram que é possível utilizar o lodo de esgoto como substituto a
agregados leves na fabricação de cimentos e concretos, bem como peças feitas desses
materiais. Os agregados leves seriam as areias, pequenas pedras, etc.
Adicionar cinzas do lodo ao processo produtor de cimento reduz o custo de produção
e, como o cimento é o componente mais caro do concreto, também reduz os custos deste
item indispensável na construção civil. É possível substituir 35% do consumo de cimento
Portland por lodo calcinado entre temperaturas de 700ºC a 800ºC.
No Brasil, a técnica de adicionar lodo de esgoto na fabricação de cimento Portland
ainda não é muito utilizada. Nos EUA, porém, a operação é realizada com frequência por
diversas empresas de saneamento. Não apenas nos EUA, mas também em outros países o
uso do lodo de esgoto na fabricação de cimento Portland é bem comum. Em Cingapura, cinzas
do lodo de esgoto adicionadas à massa asfáltica foram utilizadas com sucesso na construção
de estradas.
O reaproveitamento agrícola demonstra ser a melhor opção de reuso do lodo, pois
reduz a exploração de recursos naturais para fabricação de fertilizantes e proporciona os
melhores resultados econômicos. No entanto, a qualidade do lodo utilizado na agricultura
deve ser assegurada, de modo que promova melhorias às qualidades físicas, químicas e
biológicas do solo, sem risco de contaminações, observando-se as exigências da Resolução
Conama 375/2006.
3 Referências

FERNADES, F; SOUZA, S. G. Estabilização de Lodo de Esgoto. In: ANDREOLI, C. V.


(Coord.). Resíduos sólidos do saneamento: processamento, reciclagem e disposição final.
Curitiba, PROSAB: 2001. p. 29 – 56.

GONÇALVES, R. F; LUDUVICE, M; LIMA, M. R. P; RAMALDES, D. L. C; FERREIRA, A. C;


TELES, C. R; ANDREOLI, C. V. Desidratação de lodo de esgotos. In: ANDREOLI, C. V.
(Coord.). Resíduos sólidos do saneamento: processamento, reciclagem e disposição final.
Curitiba, PROSAB: 2001. p. 57 – 86.

HOPPEN, C.; PORTELLA, K.; ANDREOLI, C. V.; SALES, A.; JOUKOSKI, A. Estudo de
dosagem para incorporação do lodo de ETA em matriz de concreto, como forma de
disposição final. 23º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. Campo
Grande, MS. 2005b.

JANUÁRIO, G. F.; FERREIRA FILHO, S. S. Planejamento e aspectos ambientais


envolvidos na disposição final de lodos das estações de tratamento de água da região
metropolitana de São Paulo. Engenharia Sanitária e Ambiental. Vol.12 – n.º 2, p. 117-126.
2007.

MEGDA, C. R., SOARES, L. V., ACHON, C. L. Propostas de aproveitamento de lodos


gerados em ETAs. 23° Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. 2005.

TSUTIYA, M. T.; HIRATA, A. Y. Aproveitamento e disposição final de lodos de estações


de tratamento de água do estado de São Paulo. 21º Congresso Brasileiro de Engenharia
Sanitária e Ambiental. João Pessoa, 2001.

Você também pode gostar