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Lava Jato

Na atualidade, a crise das instituições do Ministério Público passa por cima da


vontade popular em favor dos interesses políticos dos grandes empresários, fazendo
regredir o ambiente democrático já estabelecido, além de ferir a dignidade humana.
Em meio à crise política e econômica atrelada à corrupção, tem-se a necessidade
histórica do Brasil de hoje de enfrentar mais uma vez o desafio da construção de uma
sociedade democrática. Ora, não basta a afirmação da democracia como um ideal, é
preciso a sua real efetivação, sob pena de iniciar um ciclo autoritário já conhecido pela
sociedade brasileira.
Portanto, ao pontuarmos as regressões democráticas vivenciadas no Brasil, nos
deparamos com juízes que agem desde um particularismo arbitrário ao constituírem
primacialmente os interesses puramente políticos e partidários, deixando de cumprir o
princípio da moralidade, bem como o princípio da imparcialidade, os quais visam
proteger a primazia do interesse público. Desse modo, a mais importante manifestação
dos referidos princípios é elucidar que o interesse público se sobressai aos interesses
privados, razão pela qual os magistrados da operação denominada Lava Jato deveriam
recusar veementemente as provas ilícitas e jamais traçar estratégias com os
procuradores responsáveis pelas denúncias.
São esses fatos, revestidos por uma roupagem de legalidade, que maculam a
credibilidade da justiça brasileira e torna a vida do cidadão ainda mais árdua e indigna,
expondo descaradamente que, na prática, o direito brasileiro faz a inversão dos
princípios citados, isto é, os interesses particulares dos grandes agentes econômicos são
mais importantes que os interesses públicos. Infelizmente, essa prática tem-se mostrado
corriqueira, o que caracteriza o verdadeiro desvio da função do Judiciário, porque o
Ministério Público tem o dever de agir na busca da verdade e não de seus interesses
políticos e econômicos. Exclui-se, com isso, a possibilidade do Ministério Público ser
responsabilizado pelo descumprimento do princípio da moralidade.
Essa digressão que fizemos em torno da violação dos princípios constitucionais,
tende a revelar que a investigação realizada pelo Ministério Público Federal por meio da
operação Lava Jato deve ser feita com imparcialidade, ou seja, o magistrado deve
checar a idoneidade da prova que se pretende utilizar, pois as provas obtidas por meios
ilícitos são inadmissíveis no processo. Tendo em vista que a operação Lava Jato se
utilizou de provas maculadas pelo vício da ilicitude, percebe-se que o mencionado
princípio não foi abrangido em sua totalidade, fazendo com que, aos poucos, a
sociedade veja com naturalidade e legalidade as injustiças provocadas pelo Poder
Judiciário em favor do Capital.
Diante dessas violências brutais, que há tempos arrancam a dignidade do sujeito
de direito, foi concebida a Lei da Ação Popular, que visa instrumentar a sociedade na
defesa dos seus direitos fundamentais, da moralidade administrativa, do direito ao
julgamento justo e imparcial, entre outros. Entretanto, a real efetivação do princípio da
moralidade que se materializa na ação popular, nos parece muito distante da sociedade,
principalmente da classe explorada. Basta levar em conta que, de modo equivocado,
tem-se disseminado a tese de que o Poder Judiciário não é obrigado a examinar todos os
fundamentos da ação. Ora, é sim! Pois, caso não seja examinado todos os fundamentos
da ação, jamais será garantido na sua totalidade o contraditório e a ampla-defesa. Poderá
até ter havido defesa, mas nunca ampla.
Assim, a legalidade, a impessoalidade, a imparcialidade, a boa-fé objetiva e
subjetiva são preceitos essenciais exigidos do Ministério Público na condução de um
processo. É notório que os magistrados da operação Lava Jato agiram com parcialidade,
com má-fé objetiva, violando o inciso LV do Art. 5º e Art. 127 da Constituição Federal.
É válido destacarmos que o nosso entendimento nada tem a ver com a defesa da
corrupção, pelo contrário, somos a favor dos julgamentos que respeitam os princípios
constitucionais, para dessa forma punir os agentes corruptos em consonância com a
imparcialidade e a boa-fé objetiva.
Em suma, concluímos que não foi feito pela operação Lava Jato julgamentos
corretos e imparciais, mas temos sentenças tendenciosas: o Ministério Público ao ouvir
as delações premiadas, já se convenceu da culpabilidade do acusado, como, por
exemplo, no caso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e já o condenou a priori,
com provas ilícitas e acreditando piamente nos depoimentos obtidos pelas delações.

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