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‘SISTEMA COC DE ENSINO Diresdo-Geral: Sandro Bonds Diregao Pedagégica: Zelci C. de Oliveira Diregao Editorial: Roger Trimer Geréncia pedagégica: Juliano de Melo Costa Geréncia Editorial: Osvaldo Govone Geréncia de Relacionamento: Giovanna Tofano Ouvidoria: Regina Gimenes Consetho Editorial: Juliano de Melo Costa, Osvaldo Govone, Sandro Bonds eZelci C. de Oliveira PRODUCAO EDITORIAL ‘Autoria: Fernanda P. de Andrade Editoria: Fabio M. Agostinho e Luiz E. G. Dias Assistente editorial: Luzia H. Favero F. Lopez Assistente administrativo: George R. Baldim Projeto grafico e direcao de arte: Matheus C. Sisdeli Preparacdo de originais: Marisa A. dos Santos. e Silva e Sebastido S. Rodrigues Neto Iconografia e licenciamento de texto: Cristian N. Zaramella, Marcela Pelizaro e Paula de Oliveira Quirino. Diagramaco: BFS bureau digital llustragio: BFS bureau digital Revisdo: Flavia P. Cruz, Flavio R. Santos, José S. Lara, Leda G. de Almeida e Maria Cecilia R. D. B. Ribeiro. Capa: LABCOM comunicacio total Fechamento: Edgar M. de Oliveira ania Pode Kody, 286 Tas 1esztesot0 ci 4086230, Lapa: ti eto -5P SistemadeEnsino ario Z Sum CAPITULO 01 * MODELOS ATOMICOS Principios filosdficos Modelo atémico de Dalton Modelo atémico de Thomson: Modelo atémico de Rutherford Modelo atémico de Rutherford-Bohr Modelo atémico atual Distribuicdo eletrénica Propriedades atémicas Propriedades interatémicas CAPITULO 02 * TABELA PERIODICA 1. Introdugéo 2. Tabela periddica 3. Propriedades periddicas 4. Propriedades aperiédicas CAPITULO 03 * LIGAGOES QUIMICAS Introdugao. Teoria do octeto Ligacdio idnica ou eletrovalente facdo covalente normal Ligacao covalente coordenada ou dativa Caracteristicas dos compostos covalentes ou moleculares Geometria molecular Polaridade das ligagdes ). Polaridade de moléculas 10. Forcas intermoleculares 11. Propriedades fisicas Pena aenyp pexnan sen ep CAPITULO 04 + ELETROLITOS Eletrélitos Dissociacao e ionizacio Grau de ionizago (ou de dissociagao iénica) Acidos Bases Sais Oxidos Cotidiano de acidos, bases, sais e dxidos eX ae een weaonaurn 10 13 15 17 19 19 19 22 25 27 27 27 27 29 29 30 32 36 36 37 38 40 40 40 40 41 45 a7 49 SL CAPITULO 05 * REACOES QUIMICAS 56 1. Introdugéo 56 2. Classificagao das reacdes quimicas 56 3. Ocorréncia das reacdes de deslocamento 57 4. Ocorréncia das reagdes de dupla-troca 58 EXERCICIOS PROPOSTOS 61 Capitulo 01 63 Capitulo 02 93 Capitulo 03 115 Capitulo 04 153 Capitulo 05 207 GABARITO 223 Modelos atémicos e funcées inorgénicas 1. Principios filoséficos A partir de principios filoséficos, os gregos discutiam a formagao da natureza com muita anfase. Aristételes defendia a ideia segundo a qual tudo na natureza era constituido por proporgées diferentes de agua, fogo, terrae ar (Principio dos quatros elementos). men So Sy : Frio Terra Figura dos quatro elementos A primeira ideia que surgiu para explicar a composigdo da matéria ocorreu por volta de 478 a.C., por intermédio do filésofo grego Leu- cipo e de seu discipulo Demécrito, que acha- vam que a matéria, apés sofrer varias subdi- visdes, chegaria a uma particula indivisivel, a que chamaram de tomo (do grego: a = sem e tomos = divisio). Esses fildsofos concluiram, entdo, que toda matéria existente no univer- so deveria ter um mesmo comportamento, ou seja, a qualidade de ser eterna, imutavel e in- divisivel. No entanto, as ideias de Demécrito sobre a matéria nao foram aceitas pelos fildso- fos de seu tempo e foram esquecidas. Foram necessérios cerca de 2.000 anos para que as ideias dos atomicistas, apesar da Idgica que apresentavam, fossem apreciadas outra vez por Galileu, em meados do século XVII. Finalmente, as ideias de Leucipo e de Demé- crito ganharam uma explicago cientifica, transformando-se no primeiro modelo atémi- co, por meio da publicacdo dos trabalhos de John Dalton, que, em 1808, criou a hipétese de que a matéria é constitufda por particulas. 2. Modelo atémico de Dalton Fundamentado nos resultados dos experimen- tos realizados por Lavoisier, que propés a lei Quimica TT tel Tea eliatere rol act? au da conservacao da massa, e na lei das pro- porgées definidas de Louis Proust no fim do século XVII, j4 no inicio do século Xix (1808), surge a primeira proposta cientifica sobre a estrutura da matéria. John Dalton, que desen- volveu diversas pesquisas sobre 0 comporta- mento dos gases, enunciou a chamada "teoria atémica", retomando os principios filosdficos de Demécrito e Leucipo. Muitas de suas concepgées eram completa- mente revolucionérias e foram sintetizadas na forma de postulados (afirmacdes aceitas sem provas, ou seja, pela coeréncia das ideias com 08 resultados experimentais conhecidos). Os postulados de Dalton sdo varios, mas po- dem ser resumidos em trés: 01. Os elementos sao constituidos por particulas muito pequenas chama- das dtomos. Todos os dtomos de um dado elemento sio idénticos, tendo em particular 0 mesmo tamanho, a mesma massa e as mesmas pro- priedades quimicas. Os dtomos dos diferentes elementos distinguem-se entre si em, pelo menos, uma pro- priedade. Cada atomo é representa- do por um simbolo. Alguns exemplos: Hidrogénio Carbono —_Oxigénio Fésforo Enxofre Magnésio © 8 oO 02. Os compostos so constituidos por dtomos de mais de um elemento. Em qualquer composto, a razo entre o numero de dtomos dos dois elementos constituintes é um numero inteiro ou, ento, uma fragao simples. 03. Todas as reagdes quimicas consistem em separacao, combinacdo ou rear- ranjo de dtomos, mas nunca na cria¢do ou destruicao desles A partir dos estudos de seus postulados, enunciaram-se as seguintes caracteristicas, Quimica que ficaram conhecidas como o 12 modelo atémico: * Qualquer espécie de matéria é forma- da por dtomos. * Os dtomos sio particulas extremamen- te pequenas, esféricas, macicas, indivi- siveis e indestrutiveis. * Os dtomos ndo podem ser transforma- dos em outros tipos de atomos. * As transformagdes da matéria seriam reagrupamentos de atomos. Modelo "bolinha de bilhar" Modelo atdmico de Dalton 3. Modelo atémico de Thomson Joseph John Thomson, nascido em Manches- ter, em 18 de dezembro de 1856, foi o fisico britanico que descobriu 0 elétron. A partir de varios de seus experimentos, surgiu um novo relacionamento entre matéria e ele- tricidade. Essas observacdes permitem predizer que toda matéria, no estado normal, é formada por particulas elétricas que se neutralizam. Assim, concluiu que 0 modelo atémico de Dal- ton, em que 0 dtomo deveria ser uma bolinha maci¢a extremamente pequena, indivisivel e in- destrutivel ("bolinha de bilhar"), ainda podia ser aplicado para explicar alguns fenémenos quimi- cos, mas exigia aperfeicoamentos. Em 1897, depois de exaustivas andlises dos resultados dos experimentos realizados com © tubo de raios catédicos, o cientista inglés Joseph John Thomson concluiu que tais raios Material radioativo (Po) wa Modelos atémicos e funsées inorganicas catédicos eram constituidos, na verdade, de um fluxo de particulas menores que o dtomo e dotados de carga elétrica negativa (0 elétron). Assim, pela proposta de Thomson, foi desco- berta a existéncia de subparticulas e consuma- da a ideia da divisibilidade do dtomo. Dessa maneira, J. J. Thomson propés um novo mode- lo para o tomo Elétrpns Esfera positiva Se Modelo “pudim de passas" Modelo atémico de Thomson Nesse novo modelo, o dtomo deveria ser for- mado por uma esfera de massa homogénea, de carga elétrica positiva, e por uma determi- nada quantidade de elétrons incrustados. 4, Modelo atémico de Rutherford Na virada do século XX, muitas descobertas nortearam o futuro da ciéncia e, principal- mente, os trabalhos do cientista neozelandés Ernest Rutherford: do estudo do raio X, por Bequerel, até o desenvolvimento dos estudos da radioatividade, pelo casal Curie. Assim, Ru- therford e sua equipe, estudando a trajetoria de particulas a (particulas positivas), emitidas pelo elemento radioativo polénio, bombar- dearam uma lémina fina de ouro, esperando encontrar uma minuscula fenda. Porém, ob- servaram que a maioria das particulas a atra- vessava a lamina de ouro sem sofrer desvio em sua trajetoria, algumas das particulas sofriam desvios em sua trajetéria retilinea e outras, em ntimero muito pequeno, ricocheteavam e voltavam de acordo coma figura. Anteparo fluorescente ZnS Binds avatar chumbo Placade | Pb com —_Limina de ouro corte direcional (Au) Modelo atémico de Rutherford Modelos atémicos e funcées inorgénicas Assim, Rutherford concluiu que a lamina de ouro nao deveria ser formada por dtomos macigos e propés para sua constitui¢go uma estrutura descontinua da matéria, basean- do--se na estrutura do Sistema Solar, 2 qual ficou conhecida por modelo planetario. Dessa maneira, 0 dtomo seria constituido de um niicleo centralizado muito pequeno, denso e carregado positivamente, rodeado por uma regiso comparativamente grande onde estariam girando os elétrons em érbi- tas circulares. Essa regio periférica foi cha- mada de eletrosfera Segundo 0 modelo de Rutherford, o tamanho do atomo seria de 10.000 a 100.000 vezes maior que o de seu nticleo. 5. Modelo atémico de Rutherford-Bohr © modelo de Rutherford, apesar de explicar satisfatoriamente 0 espalhamento de parti- culas alfa por uma lamina de ouro, era com- batido na época, pois, segundo a mecanica classica (teoria eletromagnética classica de Maxwell), toda particula carregada, em mo- vimento, emite energia na forma de ondas eletromagnéticas. Sendo o elétron uma par- ticula com carga negativa, girando ao redor do niicleo, deveria perder energia e acabaria caindo sobre o nticleo. Niels Bohr, baseando-se nos estudos feitos so- bre o espectro do tomo de hidrogénio e na teoria da energia quantica, proposta em 1900 por Planck, segundo a qual a energia no é emitida em forma continua, mas em "blocos", denominados quantum de energia, propds um aperfeigoamento do modelo de Rutherford, criando os seguintes postulados: 01. Os elétrons nos tomos descrevem sempre érbitas circulares ao redor do niicleo, chamadas niveis de energia. 02. Cada um desses niveis possui um valor determinado de energia (estados esta- cionérios). 03. Os elétrons sé podem ocupar os niveis que tenham uma determinada quanti- dade de energia Quimica 04. Os elétrons podem saltar de um nivel para outro mais externo, desde que ab- sorvam uma quantidade bem definida de energia (quantum de energia). ~~. Energia\, Salto de um elétron para uma érbita mais externa (captura de energia) 05. Ao voltar ao nivel mais interno, o elétron emite um quantum de energia, na forma de luz de cor bem definida ou outra radia- sA0 eletromagnética (féton). 1) e |) ——“fnergia” * Salto de um elétron para uma drbita mais interna (liberagao de energia — quantum) 06. Cada érbita é denominada de estado estacionério e pode ser designada pe- las letras K, L, M, N, O, P,Q. As cama- das podem apresentar: K elétrons, L = 8 elétrons, M = 18 elétrons, N = 32 elétrons, O = 32 elétrons, P = 18 elé- trons, Q = 2 elétrons. 07. Os niveis de energia de um atomo (n) podem ser representados pelos nume- ros inteiros 1, 2, 3, 4, 5,6 e7. Descobertas por Goldstein, as particulas po- sitivas do nticleo foram chamadas de pré- tons e, segundo previra Rutherford, em 1932, Chadwick isolou 0 néutron, outra particula existente no nticleo do mesmo tamanho do préton, porém de carga nula. Portanto, 0 modelo atémico classico é cons- tituido de um nucleo, onde se encontram os prétons e os néutrons, e de uma eletrosfera, onde estariam os elétrons girando em torno do niicleo. Quimica ° Modelos atémicos e funsées inorganicas prétons (p) Nucleo: néutrons (n) "= Eletrostera —elétrons (e") Modelo atémico cliissico Conceitualmente, prétons, néutrons e elé- trons séo denominados particulas elementa- res ou fundamentais. A seguir esto relatadas algumas caracteris- ticas fisicas das particulas atémicas funda- mentais: Particula ae ae ‘code de carga atémica Préton 1 4 Néutron 1 ° Elétron 1/1.836 Tabela comparativa das particulas fundamentais 6. Modelo atémico atual A teoria de Bohr explicava muito bem o que ocorria com o dtomo de hidrogénio, mas apre- sentou-se inadequada para esclarecer os es- pectros atémicos de outros atomos com dois ou mais elétrons Até 1900 tinha-se a ideia de que a luz pos- sufa cardter de onda. A partir dos trabalhos realizados por Planck e Einstein, este ultimo propés que a luz seria formada por parti- culas-onda, ou seja, segundo a mecdnica quantica, as ondas eletromagnéticas podem mostrar algumas das propriedades caracte- risticas de particulas e vice-versa. A natureza dualistica onda-particula passou a ser aceita universalmente 10 ‘Apés Bohr enunciar seu modelo, verificou-se que um elétron, numa mesma camada, apre- sentava energias diferentes. Como poderia ser possivel se as orbitas fossem circulares? Arnold J. W. Sommerfeld (1920) estabeleceu que o elétron descreve drbitas elipticas, além das circulares, assemelhando-se a um sistema planetério em miniatura. Ao pesquisar o dto- mo, Sommerfeld concluiu que os elétrons de um mesmo nivel ocupam érbitas de trajeté- rias diferentes (circulares e elipticas), a0 que denominou de subniveis, que podiam ser de quatro tipos: s(sharp), p(principal), d(diffuse), f(fundamental). Louis Victor De Broglie (1924) propés que o elétron apresenta um comportamento dualis- tico, ou seja, ora de particula, ora de onda, 0 que foi justificado, mais tarde (1929), pela pri- meira difragdo de um feixe de elétrons, obtida pelos cientistas Germer e Davisson. Principio da dualidade: “A todo elétron em movi- mento esta associada uma onda caracteristica.” Em 1926, Erwin Shrodinger, em virtude da im- possibilidade de calcular a posiggo exata de um elétron na eletrosfera, desenvolveu uma equacao de ondas que permitia determinar a probabilidade de se encontrar o elétron numa dada regio do espaco. Assim, a regio do espaco onde é maxima a probabilidade de se encontrar o elétron é chamada de orbital. Werner Heisenberg (1926) demonstrou, ma- tematicamente, que ¢ impossivel determi- nar a velocidade, a posicao e a trajetéria dos elétrons simultaneamente, sendo importante caracterizé-los pela sua energia, j4 que no se podem estabelecer érbitas definidas. Modelos atémicos e fungées inorgénicas Quimica Principio da incerteza ou da indeterminac&o: “Nao é possivel calcular a posicdo e a velocidade de um elétron, num mesmo instante.” Caracteristicas do modelo atémico atual: 01. 0 atomo consiste de entidades neutras, positivas e negativas, chamadas, respectivamen- te, néutrons, protons e elétrons 02. Os prétons e os néutrons esto localizados no nticleo do dtomo, que é pequeno, mas con- centra a maior parte de sua massa. 03. Os elétrons esto localizados fora do nticleo, numa regido chamada de coroa ou eletrosfe- ra, responsavel por quase todo o volume do atomo. ‘Ao mesmo tempo em que se desenvolvia o principio da dualidade da luz, observacdes mais rigo- rosas quanto ao espectro descontinuo, produzido pela lampada de hidrogénio, mostraram que as linhas do espectro eram mais finas e muito préximas entre si: 0 chamado espectro fino. Como o espectro é consequéncia do salto de um elétron de uma érbita para outra, 0 aparecimento de linhas muito préximas indicava a existéncia de érbitas eletrénicas de niveis energéticos muito préximos. Valor da energia de cada nivel ou camada Assim, Sommerfeld admitiu que os niveis de energia (camadas) seriam formados por subniveis de energia (subcamadas), sendo uma circular, e as demais, elipticas. Niveis de energia u eoe Quimica EXERCICIO RESOLVIDO 01. ENEM Considere um equipamento capaz de emitir radiacao eletromagnética com comprimento de onda bem menor que a da radiagdo ultra- violeta. Suponha que a radiacao emitida por esse equipamento foi apontada para um tipo especifico de filme fotografico e entre o equi- pamento e 0 filme foi posicionado 0 pescoco de um individuo. Quanto mais exposto a radia- do, mais escuro se torna o filme apés a reve- lagdo. Apés acionar 0 equipamento e revelar o filme, evidenciou-se a imagem mostrada na figura abaixo. VA ALEM A. Nuimeros quénticos Modelos atémicos e funsées inorganicas Dentre os fendmenos decorrentes da intera- do entre a radiagdo e os dtomos do indivi- duo que permitem a obtencio dessa imagem inclui (em) -se a: a. absorcao da radiagdo eletromagnética e a consequente ionizacao dos étomos de célcio, que se transformam em ato- mos de fésforo. |. maior absorgdo da radiacao eletromag- nética pelos dtomos de calcio que por outros tipos de atomos. €. maior absorgo da radiagao eletromag- nética pelos dtomos de carbono que por dtomos de calcio. maior refracao ao atravessar os étomos de carbono que os dtomos de calcio. . maior ionizagao de moléculas de gua que de dtomos de carbono. 2 Resolucao Pela observacao da radiografia, a maior absor- 0 de radiaco ocorre nos ossos, os quais S40 formados principalmente por célcio. Portanto, conclui-se que ha maior absor¢ao pelos dto- mos de calcio, visto que os tecidos ao redor dos ossos so formados essencialmente por carbonos, nos quais ndo se observa absorcao. Resposta B Por dificuldades discutidas no item 6 deste capitulo, no qual se torna claro que os cientistas demonstram preferéncia por identificar os elétrons por seu contetido energético e ndo por sua posicao na eletrosfera, a partir de célculos mateméticos e da ajuda do diagrama de energia, conclui-se que os elétrons se dispem ao redor do nticleo de acordo com o que se denomina conjunto de nimeros quanticos, um conjunto de nimeros e/ou letras que determinaré a posi- 0 dos elétrons nos atomos. R Modelos atémicos e funcées inorgénicas Existem quatro nmeros quanticos: A.1, Némero quantico principal (n) Corresponde aos niveis ou as camadas (K, L, M,N, O, P, Q), ou seja, n que é um numero inteiro variando de 1 a 7, o qual nos diz o nivel principal de energia do elétron. ‘A.2. Numero quantico de momento — Angular, azimutal ou secundério (d) Corresponde ao subnivel de energia, que designado pelas letras s, p, d, f, mas que as- sume os valores 0, 1, 2 e 3, respectivamente. ‘A.3. Numero quantico magnético (m) Corresponde & orientacao espacial da nuvem eletrénica de acordo com o modelo atual da eletrosfera e do subnivel. Cada subnivel comporta um numero variavel de orbitais, de acordo com: A.4. Numero quantico de spin (do inglés = girar) (ms ou s) Corresponde a orientagao do préprio elétron na nuvem, indica a orientago do elétron ao redor do seu préprio eixo e, como existem dois sentidos possiveis, este numero quantico assume, por conven¢ao, dois valores: 7. Distribuicdo eletrénica Considerando-se 0 modelo atémico de Bohr e © principio da dualidade proposto por De Bro- glie em 1924, conceitua-se o elétron ndo mais como uma estrutura material propriamente dita, visto que ora se comporta como energia, ora como particula. Dessa forma, a eletrosfera passa a apresentar uma magnitude diferente daquela proposta por Rutherford. A. Niveis energéticos Acletrosfera esta dividida da seguinte maneira: 3 Quimica |spin negativo © preenchimento do niimero quantico spin se dé, um a um, iniciando-se pelo primeiro orbital com o spin negativo até o titimo or- bital com esse mesmo spin e somente depois de todos preenchidos com esse spin é que se inicia 0 preenchimento com o spin positivo. Exemplos 4 + [4 1h tei eeTt Tt Tt ty iee Teel ted TH Tt Cada combinacao dos quatro numeros quan- ticos é Unica para um elétron. Assim, os trés primeiros ntimeros quanticos so usados para descrever orbitais atémicos e caracterizam os elétrons que neles se en- contram, jé 0 quarto nimero quantico (spin), © qual é utilizado na descrico do comporta- mento especifico de cada elétron, é especifi- coe diferencial. Exemplo n=3,d=1,m=+1,s=+1/2 Significa: 3p, pois: Hy TE 101 Considerando-se o elétron como particula: 7 camadas eletrénicas (K, L, M, N, 0, Pe Q). Considerando-se 0 elétron como energia (onda): 7 niveis de energia (1, 2, 3, 4, 5, 6, € 7) A.1. Capacidade maxima de elétrons em cada nivel de energia Tebrico Equagdo de Rydberg: @xs., = 2n? kK tL M N ©O© PQ 2 8 18 32 SO 72 98 Tabela de niveis I Quimica Modelos atémicos e fungdes inorgdnicas Experimental Numero de elétrons do elemento livermério: Z kK tL M N O P Q 2 8 18 32 32 18 6 16 Tabela de niveis IL A camada (nivel) de valéncia é a camada mais externa da eletrosfera. B, Subniveis energéticos Segundo estudos sobre o espectro descontinuo dos dtomos, os niveis de energia da eletrosfera de um étomo apresentam subdivis6es de energia - os subniveis. Kok ™ N ° P Q 1s 2s2p 353p3d Asap adaf SsSpSdSfSg 6s 6pEd 6t6gGh 78 7p 7d TF7g7hTi Tabela de subniveis I Nos dtomos dos 116 elementos conhecidos, os subniveis 5, 6f, 6g, 7d, 7f, 7g, 7h, 7i esto vazios. B.1. Capacidade maxima de elétrons em cada subnivel de energia s Pp d f 2 6 10 4 Tabela subniveis 11 C. Distribui¢do eletrénica nos subniveis de um dtomo neutro Um dos fatores que determinam a estabilidade de um étomo é que, quanto menor for a energia agregada a um elétron, maior sera sua estabilidade. Assim, os subniveis sdo preenchidos em ordem crescente de energia. Ao se completar um subnivel de menor energia, parte-se para 0 preenchimento de um outro subnivel. Essa distribuigao de elétrons pela eletrosfera através dos subniveis de energia recebeu o nome de configuracao eletrénica. Linus Pauling descobriu que a energia dos subniveis cresce na seguinte ordem: 1s 2s 2p 3s 3p 4s 3d 4p 5s 4d Sp 6s 4f Sd 6p 7s Sf 6d, Ordem de energia crescente E nesta ordem que os subniveis deverao ser preenchidos. Para obter essa ordem, basta seguir as diagonais no diagrama denominado diagrama de Pauling. coe u Modelos atémicos e fungées inorgénicas Diagrama de Linus Pauling Assim, para fazermos a distribuigao eletréni- ca de um dtomo neutro, devemos conhecer 0 seu numero atémico (Z) e, consequentemen- te, seu ntimero de elétrons, e distribui-los em ordem crescente de energia dos subniveis. Exemplo Bromo (Br):2= 35; logo, apresentaré 35 elétrons Ordem energética (ordem de preenchimento}: segue-se o diagrama de Pauling ysBr: 1s? 2s? 2p® 3s? 3p 4s? 3d! 4p> Ordem geométrica (ordem de camada): pri- meiro faz-se a distribuicdo eletrénica em or- dem crescente de energia e depois separam- -se 05 subniveis por camadas de energia 1s? .2s?2p°—3s'3p"3d'? as? ap? K L M N 2 8 18 7 Exemplo de preenchimento de ordem energética e geométrica ‘A camada de valéncia do Br é a camada N ou nivel 4. D. Distribuigao eletrénica nos subniveis de um ion A distribuigao eletrénica em fons é semelhan- tea dos atomos neutros. Convém lembrar que 15 Quimica Quimica Chamamos esses trés constituintes de particu- las fundamentais HL terosteafeeron et) Proton = p (+) Nucleo | ¢ (nticleons) } néutron = n (com carga zero) Modelo de Rutherford-Bohr com particulas subatdmicas A.1, Numero atémico ou nuimero de protons (2) Numero atémico corresponde ao ntimero de protons existentes no nuicleo de um dtomo. E 0 nuimero que identifica o dtomo, caracte- rizando-o como um determinado e especifico elemento, além de determinar suas proprieda- des quimicas. Arepresentacao do numero atémico dos ato- mos 6: 3 prétons (+) p=397=3 Identidade do étomo — mimero de protons Exemplos © tomo de carbono tem numero atémi- co 6, logo, possui 6 protons em seu nucleo (2=6) >.€. © dtomo de ferro tem numero atémico 26, logo, possui 26 prdtons em seu nticleo (Z= 26) > xFe. © Atomo de chumbo tem nimero atémico 82, logo, possui 82 prétons em seu nticleo (Z= 82) > Pb. 16 Modelos atémicos e funsées inorganicas A.2. Numero de néutrons (n) O numero de néutrons (n) existentes no nti- cleo de um dtomo é o responsavel pela estabi- lidade estrutural do nucleo. Essa propriedade no é representada no simbolo do elemento. A.3. Numero de massa (A) O ntimero de massa é o somatério de ntimero de particulas existentes no nticleo, ou seja, a soma do ntimero de prétons (2) e do nimero de néutrons (n).. A +n A representacao do ntimero de massa dos to- mos é:"E ou E, Exemplo Um atomo neutro tem 19 prétons e 21 néu- trons, portanto: Z = 19, n= 21 A=Z+n=19+21=30— portanto: “E ou E” B. Elemento quimico Elemento quimico é 0 conjunto de dtomos que apresenta 0 mesmo numero atémico (Z), ou seja, a mesma identidade quimica Exemplo © elemento oxigénio é o conjunto de étomos que possuem 8 protons em seus nticleos, ou seja, todos os dtomos que apresentam nime- ro atémico igual a 8 Observacao Uma particula definida como atomo apresen- ta-se neutra, ou seja, o numero de elétrons existentes na eletrosfera é exatamente igual ao nimero de prétons do seu nucleo (numero atémico). Atomo = p* Uma particula definida como fon apresenta-se carregada eletricamente, ou seja, 0 numero de protons do seu niicleo (numero atémico) & diferente do niimero de elétrons existentes na eletrosfera. cation p* >e on pt te" dnion —p* » 21 = 22, 092708) soigou sos06: oO ‘syojew-00u oO soyuauaja sop enipouad ejaqey ‘Tabela Periédica moderna 20 Modelos atémicos e funcées inorgénicas Quimica 1s? \2s’ 2p® \3s?3p® 4s? 2 K)oe mM )M O calcio estd no 42 periodo eno grupo 2 (IIA). ‘Além dessas caracteristicas referenciais, a estrutura da tabela também pode ser dividida em qua- tro grandes éreas, sendo que, em cada uma delas, podem ser encontrados elementos em fun¢do do subnivel de maior energia de sua eletrosfera. 123 45 6 7 8 9 1011 1213 14 15 16 17 18 —— od Tabela por grandes éreas B. Classificagdes Os elementos da Tabela Periédica podem ser divididos em trés conjuntos bastante caracteristicos: B.1. Elementos representativos ("“grupos” A) Sao elementos que apresentam o elétron de maior energia localizado no subnivel s ou p, sendo que o numero do grupo (nao oficial) é o numero de elétrons na camada de valencia. Os grupos dos elementos representativos recebem nomes particulares: 1 (IA) ~ grupo dos metais alcalinos (4lcalis = caracteristicas basicas) Observaso: o hidrogénio, embora apareca no grupo 1 (IA), néo é um metal alcalino 2 (IIA) —grupo dos metais alcalinoterrosos (dlcalis = caracteristicas basicas e encontrados na terra) 13 (IIIA) - grupo do boro 14 (IVA) - grupo do carbono 15 (VA) - grupo do nitrogénio 16 (VIA) ~ calcogénios (“formadores de cobre”) 17 (VIIA) ~ halogénios (“formadores de sais”) 18 (VIIIA) ~ gases nobres 8.2. Elementos de transi¢So externa (“grupos” 8) So os elementos que contém o elétron de maior energia colocado em subnivel d, apresentando este subnivel incompleto (grupos 3 (IIIB), 4 (IVB), 5 (VB), 6 (VIB), 7 (VIB), 8, 9 e 10 (VIIIB). Esto localizados no centro da tabela Anumeracao desse grupo pode ser determinada pela soma do ntimero de elétrons dos subniveis se d mais externos (regra valida apenas para a determinaco oficial da IUPAC). 21 coe Quimica Modelos atémicos e fungdes inorganicas Exemplos 2aV 1s? 2s? 2p® 3s? 3p® 4s* 3d? = somas+d=2+3=5 elemento vanddio estd situado no 42 periodo e no grupo 5 (VB). aaCd 18? 2s? 2p® 35? 3p° 4s? 3d!° 4p® 5s? 4d" soma s+d=2+ 10= 12 O elemento prata esta situado no 52 periodo e no grupo 12 (IIB). B.3. Elementos de transi¢do interna (“grupos” IIIB) Sao conhecidos como séries dos lantanideos e dos actinideos e, por apresentarem o elétron de maior energia, colocado em subnivel f, so representados & parte da estrutura principal da Tabela Periédica. Esto situados, respectivamente, no 62 e no 72 periodo, entre o grupo 2 (IIA) e 0 grupo 3 (IB). a. Lantanideos (metais terras raras) => 62 periodo => elementos de Z: 57 a 70 b. Actinideos => 72 periodo => elementos de Z: 89 a 102 3, Propriedades periédicas Sao propriedades cujos valores se repetem medida que o nimero atémico aumenta (ou dimi- nui). Avaliam-se comparativamente os elementos da Tabela Periédica tomando como referéncia ora os elementos situados em um mesmo periodo, ora elementos de um mesmo grupo, Exemplo O nimero de elétrons na camada de valéncia é uma propriedade periddica, pois sempre apre- senta um aumento repetitivo quando se caminha ao longo de um periodo em razdo do aumento do nimero atémico. Namero de elétrons na ev. oT 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Zz Propriedades periddicas — nimero de elétrons na c.v. eoe 2 Modelos atémicos e funcées inorgénicas A. Raio atémico © raio atémico ¢ definido como a distancia entre o nucleo de um dtomo e o limite de sua eletrosfera, sendo que sua dimenséo depen- de diretamente da intensidade da atraao en- tre o préprio nucleo (positivo) e a eletrosfera (negativa). Porém, & muito dificil medir 0 raio de um ato- mo isolado, pois a eletrosfera (nuvens de elé- trons) nao apresenta um limite bem definido, Assim, para efeito de estudo, podemos consi- derar 0 raio atémico como a metade da distan- cia entre dois nicleos vizinhos de um elemen- to, nao ocorrendo ligacdo quimica entre eles. OOD A.1. Elemento de um mesmo periodo 2 2 Quando dtomos apresentam o mesmo nuime- ro de camadas (mesmo periodo), o de maior numero atémico terd o menor raio, pois existe nele maior interacdo nticleo-eletrosfera. A.2. Elemento de um mesmo grupo Em um grupo, & medida que o Z aumenta (de “cima” para “baixo”), 0 nlimero de camadas aumenta e, portanto, mesmo que o ntime- ro de protons também aumente, a distancia nticleo-eletrosfera seré maior. Dessa forma, quanto maior for 0 numero de camadas ele- trénicas, maior seré o raio do tomo. Raio atémico A.3. . Raio iénico A.3.1. Raio de cation Quando um atomo perde elétrons, ocorre a perda do Ultimo nivel de energia. Assim, quanto menor for a quantidade de niveis, maior seré a interag3o ntcleo-eletrosfera e menor serd 0 raio. Logo, raio do étomo > raio do cation. Quimica Atomo Cation \ (G A.3.2. Raio de Anion Quando um atomo ganha elétron, aumenta a repulsdo da nuvem eletrénica, pois aumenta- se o numero de elétrons na Ultima camada, diminuindo-se a interacao nticleo-eletrosfera, aumentando 0 seu tamanho. Logo, raio do tomo < raio do dnion. Atomo. Anion 102" raio 0

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