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Projeto Urbano

Análise do Plano Diretor de São Paulo

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Dr. Rodrigo Vitorino Assumpção

Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Análise do Plano Diretor de São Paulo

• Introdução;
• Plano Diretor de São Paulo;
• Estratégias do Plano Diretor;
• Macrozonas e Macroáreas;
• Leis de Zoneamento do Solo;
• Outros Aspectos Importantes do Plano Diretor.


OBJETIVO

DE APRENDIZADO
• Demonstrar a importância do Plano Diretor para a cidade, bem com seus desdobramentos
no desenho urbano e na paisagem.
UNIDADE Análise do Plano Diretor de São Paulo

Introdução
Plano diretor é um documento que sintetiza e torna explícitos os objetivos consensuados
para o Município e estabelece princípios, diretrizes e normas a serem utilizadas como base
para que as decisões dos atores envolvidos no processo de desenvolvimento urbano convir-
jam, tanto quanto possível, na direção desses objetivos (SABOYA, 2007, p. 39).
Dizer que o plano é um documento significa que ele deve ser explicitado, ou seja, não pode
ficar implícito. Ele precisa ser formalizado e, no caso do Brasil, essa formalização inclui a
aprovação de uma lei do plano diretor na Câmara. Em segundo lugar, o plano deve explicitar
os objetivos para o desenvolvimento urbano do Município. Quando se deseja planejar algo,
um elemento fundamental é poder responder à pergunta: “O que eu quero?” ou: “O que nós
queremos?”. Esses objetivos não são “dados”, ou seja, não estão definidos a priori. Eles pre-
cisam ser discutidos democraticamente e consensuados de alguma maneira. A diversidade
das cidades faz com que seja normal a existência de objetivos conflitantes e, por isso, discu-
tir sobre os objetivos pode ajudar a encontrar soluções que contemplem mais de um ponto
de vista. Através do estabelecimento de princípios, diretrizes e normas, o plano deve for-
necer orientações para as ações que, de alguma maneira, influenciam no desenvolvimento
urbano. Essas ações podem ser desde a abertura de uma nova avenida, até a construção
de uma nova residência, ou a implantação de uma estação de tratamento de esgoto, ou a
reurbanização de uma favela. Essas ações, no seu conjunto, definem o desenvolvimento da
cidade, portanto é necessário que elas sejam orientadas segundo uma estratégia mais am-
pla, para que todas possam trabalhar (na medida do possível) em conjunto na direção dos
objetivos consensuados. O zoneamento é um instrumento importante nesse sentido, já que
impõe limites às iniciativas privadas ou individuais, mas não deve ser o único. É importante
também que estratégias de atuação sejam definidas para as ações do Poder Público, já que
essas ações são fundamentais para qualquer cidade. A escolha do local de abertura de uma
via, por exemplo, pode modificar toda a acessibilidade de uma área e, por consequência,
seu valor imobiliário. (...) O importante é que o plano defina o caminho, que seja capaz de
direcionar as iniciativas isoladas para que, no conjunto, o todo seja maior que a soma das
partes. Disponível em: https://bit.ly/38VRnkv

Imagine-se em uma mesa de reuniões na qual diversas pessoas, que representam outras
tantas pessoas, estão discutindo sobre o futuro de milhões e milhões de habitantes. Cada
um grupo com interesses totalmente adversos, mas complementares.
Acrescente, nessa reunião, o caráter financeiro, em que muita gente pode ganhar
mais ou menos dinheiro, dependendo das suas escolhas.
Junte, também, o caráter político, em que os vereadores podem ganhar mais ou me-
nos votos dependendo dos seus apoios.
E, além disso tudo, profissionais técnicos, especializados em determinados assuntos,
expõem suas opiniões e pareceres.
Tudo isso parece uma grande confusão – e é um pouco sim – mas, na realidade, esse
é um dos grandes avanços na Democracia dos últimos anos.
A partir do dia 10 de julho de 2001, vigora em nosso país o Estatuto das Cidades.
O Plano Diretor Participativo está previsto na Lei 10.257/01 e impõe que todos os muni-
cípios com mais de 20 mil habitantes devem, obrigatoriamente, elaborar um Plano Diretor.

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Lei nº 10.257, de 10 de Julho de 2001. Disponível em: https://bit.ly/3luwPod

É bem verdade que, anteriormente a essa data, já existia o Plano Diretor, mas o gran-
de avanço foi a participação de toda A Sociedade Civil na elaboração dele. Portanto, o
que descrevemos mais acima é a realidade.
As Audiências Públicas, previamente agendadas, promovem reuniões com represen-
tantes da população e discutem quais serão os rumos que a cidade deve seguir.
Por exemplo: os representantes dos Movimentos Sociais propõem aumentar a de-
manda de oferta habitacional em algumas áreas da cidade. Por outro lado, os grandes in-
vestidores e incorporadores buscam soluções para construir mais e obter lucros maiores
nas mesmas áreas. Isso gera um conflito, que deve ser mediado e solucionado. A partir
desse impasse, são propostas Leis que atendam a ambas as demandas.
O que mais tem valor na cidade é a terra, o solo, os terrenos. Todos querem o melhor
terreno, na melhor localização, com o menor custo possível, para conseguir o maior
lucro imaginado.
Sabemos que isso é praticamente uma utopia. Os Planos Diretores Participativos
vêm de encontro aos interesses de toda a população, buscando equilibrar as forças dos
Agentes (Empreendedores, Políticos, Movimentos Sociais, Categorias de Classe, Am-
bientalistas etc.), que atuam nos rumos da cidade.
O Estatuto da Cidade é uma Lei Federal, mas os Planos Diretores são Leis Municipais.
Você deve estar se perguntando: isso não gera um conflito de Leis?
Certamente NÃO, pois o Estatuto da Cidade é uma Lei Federal que abre a possibili-
dade para a elaboração dos Planos Diretores Participativos municipais.
Cada município pode e deve elaborar suas próprias Leis referentes à gestão do
seu território.
E a questão é exatamente essa: o município deve promover sua gestão territorial de
tal maneira que seja o mais democrático possível, gerando produtividade e riqueza, mi-
nimizando os impactos sociais, ambientais, potencializando a Economia, promovendo
condições de vida digna para toda sua população.
Todavia, o Estatuto da Cidade também prevê que, qualquer Plano Diretor Participa-
tivo deve conter questões comuns como, por exemplo, disciplina do parcelamento, do
uso e da ocupação do solo, zoneamento ambiental, instituição de zonas especiais de
interesse social e direito de preempção. Veremos o que são esses termos mais adiante.
Por fim, vale mencionar que o Estatuto da Cidade busca promover o desenvolvimento
a partir da diversidade regional, visto que cada cidade tem suas especificidades.

Exatamente por isso, chamar a população para discutir e definir regras que definirão
os destinos da cidade é um avanço proporcionado pelo Estatuto da Cidade.

Plano Diretor Participativo – Ministério das Cidades. Disponível em: https://bit.ly/3rYXX0W

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Plano Diretor de São Paulo


Vamos abordar, agora, o novo Plano Diretor de São Paulo. A escolha por esse Es-
tudo de Caso tão específico se dá devido à importancia da cidade para a economia do
Estado, bem como para o país.
É em São Paulo que grandes conflitos devem ser solucionados, com grande comple-
xidade. Muitos municípios têm Planos Diretores similares ao de São Paulo, mostrando,
assim, a grande influência que essa cidade tem no país.
Além de ser uma cidade importantíssima sob diversos aspectos, ela é, também, o
principal município da maior Região Metropolitana do Brasil. Isso significa que os outros
trinta e oito municípios que compõem a RMSP sofrem e exercem influnêcia diretas no
cotidiano dessa cidade.
O Novo Plano Diertor de São Paulo é uma Lei promulgada em 31 de julho de 2014
e que orienta o cescimento e o desenvolvimento urbano até 2030.
Esse plano é revisado periodicamente, e correções podem ser feitas. Como já disse-
mos, é um plano participativo e visa a garantir uma cidade equilibrada, justa e democrá-
tica para todos os seus cidadãos:

O PDE estabelece a defesa de um projeto de cidade democrática, inclusiva, ambientalmente


responsável, produtiva e, sobretudo, com qualidade de vida. Persegue uma visão estratégica
que paute as ações de planejamento, ciente dos limites de uma visão totalizante. As grandes
questões UM PLANO PARA QUALIFICAR A VIDA EM SÃO PAULO Prefeitura de São Paulo 10 da
cidade, como mobilidade, meio ambiente, moradia e trabalho, extrapolam os limites admi-
nistrativos do município. São Paulo – cidade e metrópole – exige uma visão sistêmica que
reconheça os vínculos estratégicos entre as ações estruturantes e as políticas de qualificação
da escala local e cotidiana da vida na cidade. Disponível em: https://bit.ly/2NEbZ9u

O que vamos apresentar adiante refere-se à Metodologia de Gestão do Território


Urbano, na busca do desenvolvimento social e econômico da cidade.

Estratégias do Plano Diretor


O Plano Diretor propõe estratégias para a gestão e a atuação no território, desde a me-
lhor distribuição de renda, passando por questões de moradia e a vida cotidiana dos bair-
ros e o desenvolvimento econômico, chegando até a discutir as dinâmicas metropolitanas.
A seguir, estão apresentadas algumas dessas estratégias.

Socializar os ganhos da produção da cidade


A fim de socializar os ganhos na produção urbana, o Plano Diretor prevê a adoção
do Coeficiente de Aproveitamento Básico igual a 1.

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O Coeficiente de Aproveitamento (CA) é um índice que indica quanto é possível cons-
truir no terreno. Adotando o CA básico de 1, significa que todo proprietário de terreno
pode construir apenas uma vez a área do seu terreno.
Por exemplo: se o terreno tem 200m2, a construção pode ter no máximo 200m2
também. Entretanto, se o proprietário quiser construir mais no terreno, ele é obrigado
a pagar uma outorga onerosa.
Esse dinheiro é depositado no Fundurb e destinado a melhorias da cidade. Essa es-
tratégia tem como finalidade combater a terra ociosa que não cumpre a função social,
arrecadar imóveis abandonados e os destinar à função social e implementar uma cota
de solidariedade.

Figura 1
Fonte: Adaptada de Prefeitura de São Paulo

Assegurar o direito à moradia digna para quem precisa


O déficit habitacional é um dos grandes problemas da cidade. O novo Plano Diretor am-
plia as ZEIS para cinco tipos distintos, abrangendo um maior número de habitantes possível.

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Outro avanço é a implementação da Cota de Solidariedade, na qual é possível des-


tinar uma parte da Área construída para Habitação Social, ou adquirir um terreno na
mesma Macroárea – conceito que veremos adiante – para a construção de HIS.

Essa estratégia tem como um dos objetivos implementar uma Política Habitacional
mais abrangente.

Melhorar a mobilidade urbana


A mobilidade urbana é outro problema que deve ser solucionado. Para isso, o Novo Plano
Diretor incentiva o transporte coletivo, integrando os diversos modais, e o uso de bicicletas.

Para que isso aconteça, o Plano Diretor prevê o crescimento da cidade próximo ao
transporte público, conforme a estratégia a seguir:

Figura 2
Fonte: Adaptada de Prefeitura de São Paulo

Orientar o crescimento da cidade nas


proximidades do transporte público
A fim de reduzir os deslocamentos diários na cidade, o Plano Diretor propõe organizar
a oferta de moradia e emprego com maior proximidade.

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Para isso, cria os Eixos de Estruturação da Transformação Urbana, que otimiza o
aproveitamento do solo, incentivando empreendimentos de uso mistos próximas à Rede
de Transporte Coletivo de média e alta capacidade (metrô, trem e corredores de ônibus).

Figura 3
Fonte: Adaptada de Prefeitura de São Paulo

Qualificar a vida urbana dos bairros


Para esse item, o Plano Diretor estimula a estruturação de uma Rede de Centralida-
des, ampliando a oferta de Equipamentos Urbanos, limitando os gabaritos de altura das
edificações, bem como o adensamento.
Essa estratégia parece muito óbvia, mas, na realidade, é um grande avanço para os
rumos da cidade.
Em primeiro lugar, porque há o incentivo do uso misto e a Fachada Ativa, em que os
térreos dos edifícios estão voltados para o acesso da população, em geral com comércios
e serviços.
Há também a proposta de ampliar para 167 os Parques na cidade. Por fim, nos mio-
los de bairro, só é permitido construir duas vezes a área do terreno, com um limite de
28 metros de altura.
Com isso, diminui-se a densidade demográfica, minimizando os impactos no trân-
sito também.

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Reorganizar as dinâmicas metropolitanas


Essa é uma proposta de Projetos de Intervenção Urbana para promover as transfor-
mações urbanas necessárias e reorganizar as dinâmicas metropolitanas.

Isso ocorre, principalmente, nos eixos fluviais do Rio Tietê e do rio Pinheiros, pas-
sando pelo centro da cidade.

Tem como um dos objetivos distribuir a oferta de emprego em polos estratégicos,


proteger as Áreas Industriais e promover a implantação de outras novas áreas.

Figura 4
Fonte: Adaptada de Prefeitura de São Paulo

Promover o desenvolvimento econômico da cidade


A fim de melhor promover as atividades produtivas, o Plano Diretor propõe ações
para reduzir as desigualdades socioterritoriais, com criação de Zonas, Parques Tecno-
lógicos, Perímetros e Polos de Incentivo ao desenvolvimento econômico em diferentes
regiões da cidade.

Incorporar a Agenda Ambiental ao desenvolvimento da cidade


A dimensão ambiental é extremamente importante no aspecto de organização territorial.
O Plano Diretor define uma área da cidade como Zona Rural com sua dinâmica atre-
lada à promoção e à ampliação de Zonas de Proteção e Preservação Ambiental.

Além disso, há um estímulo para a criação de novos Parques e ampliação de Áreas


Verdes da cidade.

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Preservar o patrimônio e valorizar as iniciativas culturais
Tem como finalidade ampliar a proteção e a dinâmica de espaços culturais, afetivos e
simbólicos da cidade, visto a importância da memória e da identidade urbana.

Fortalecer a participação popular


nas decisões dos rumos da cidade
Esse é um grande avanço do Plano Diretor, que vai estimular a participação efetiva
da população nas discussões e nos rumos da cidade. As informações sobre projetos em
andamento, licenciamentos e dados socioeconômicos ficam disponíveis, em meio digital,
para a população.

Macrozonas e Macroáreas
Para que os objetivos dessas estratégias sejam alcançados, o Plano Diretor promove
a gestão territorial a partir das Macrozonas e Macroáreas.

Ambas são consideradas elementos estruturantes do ordenamento territorial. Temos


duas Macrozonas e oito Macroáreas, a saber:

Figura 5
Fonte: Adaptada de Prefeitura de São Paulo

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A Marcrozona de Proteção e Recuperação Ambiental (Área Verde indicada no Mapa)


é um território ambientalmente frágil devido às suas características geológicas e geotéc-
nicas, à presença de mananciais de abastecimento hídrico e à significativa biodiversida-
de, demandando cuidados especiais para sua conservação.

Essa Macrozona é composta por quatro Macroáreas, que são:


1. Macroárea de Redução da Vulnerabilidade e Recuperação Ambiental;
2. Macroárea de Controle e Qualificação Urbana e Ambiental;
3. Macroárea de Contenção Urbana e Uso Sustentável;
4. Macroárea de Preservação de Ecossistemas Naturais.

A Macrozona de Estruturação e Qualificação Urbana (área cinza do mapa). Essa


Macrozona é composta por quatro Macroáreas, que são:
1. Macroárea de Estruturação Metropolitana;
2. Macroárea de Urbanização Consolidada;
3. Macroárea de Qualificação da Urbanização;
4. Macroárea de Redução da Vulnerabilidade Urbana.

Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo – Lei nº 16.050.


Disponível em: https://bit.ly/2NEbZ9u

Figura 6
Fonte: Adaptada de Prefeitura de São Paulo

Leis de Zoneamento do Solo


O Plano Diretor também define as Leis de Zoneamento e o uso do solo, isto é, o Plano
vai demostrar o que pode e o que não pode ser construído em determinados territórios.

Cada Zoneamento tem suas especificidades e parâmetro urbanísticos que definem


alturas, recuos e uso definidos.

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Importante!
Há uma Tabela para cada uso de solo. Nessa tabela os parâmetros urbanísticos devem
ser respeitados como Taxa de ocupação e Coeficiente de Aproveitamento.

A Lei de Zoneamento entende a cidade como um território articulado, e que funcione


de forma integrada. Dessa forma, o Plano Diretor visa a enfrentar as desigualdades e as
particularidades de cada local, ao mesmo tempo em que sistematiza o desenvolvimento
estratégico da metrópole.

Assim, as zonas foram organizadas em três diferentes grupos: territórios de trans-


formação, qualificação e preservação.

Os territórios de transformação objetivam a promoção do adensamento construti-


vo e populacional das Atividades Econômicas e dos Serviços Públicos, a diversificação
de atividades e a qualificação paisagística dos Espaços Públicos de forma a adequar o
uso do solo à oferta de Transporte Público Coletivo.

Os territórios de qualificação buscam a manutenção de usos não residenciais existen-


tes, o fomento às atividades produtivas, a diversificação de usos ou o adensamento popu-
lacional moderado, a depender das diferentes localidades que constituem esses territórios.

Os territórios de preservação de áreas em que se objetiva a preservação de bairros consoli-


dados de baixa e média densidades, de conjuntos urbanos específicos e territórios destina-
dos à promoção de atividades econômicas sustentáveis conjugada à preservação ambiental,
além da preservação cultural. Disponível em: https://bit.ly/3r5OmnI

A seguir, umu Quadro dos Zoneamentos definidos pelo Novo Plano Diretor de São Paulo.

Quadro 1 – As Zonas predefinidas para a LPUS

ZER Zona Exclusivamente Residencial: destinada, apenas, para usos residenciais.

Zona Predominantemente Residencial: destinada para usos residenciais e não


ZPR residenciais, desde que suas atividades sejam compatíveis com usos residenciais.

Zona Mista: destinada para usos residenciais e não residenciais, podendo inclu-
ZM sive estar presente as duas atividades no mesmo lote ou edificação.

Zona de Centralidade: destinada para localização de atividades típicas de áre-


ZC as centrais ou centros de bairro, coexistindo usos residenciais e não residenciais.

Zona de Desenvolvimento Econômico: destinada à manutenção e modernização


ZDE de atividades produtivas, em especial vinculadas ao desenvolvimento tecnológico.

Zona Predominantemente Industrial: destinada para implantação de usos


ZPI industriais e usos não residenciais incômodos a usos residenciais.

Zona de Ocupação Especial: destinada para usos específicos, com caracterís-


ZOE ticas únicas na cidade.

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Zona de Prevenção e Desenvolvimento Sustentável: destinadas a conserva-


ZPDS ção da paisagem e a implantação de atividades compatíveis com a manutenção
dos recursos ambientais.

Zona Especial de Interesse Social: destinada, predominantemente, à moradia


ZEIS digna para população de baixa renda.

Zona Especial de Preservação Cultural: destinada à preservação de bens de


ZEPEC valor cultural.

Zona Especial de Proteção Ambiental: destinada à proteção de áreas que


ZEPAM prestam serviços ambientais.

Zona Especial de Preservação: destinada à preservação de Unidades de Con-


ZEP servação de Proteção Integral.

Zona de Transição: destinada à transição de densidade e volumetria e uso entre


ZT zonas distintas.

Fonte: Adaptado de Prefeitura de São Paulo

Vale a pena olhar quais são as especificidades de cada uso do solo. O material disponibili-
zado pela Prefeitura é extremamente Didático e está disponível em: https://bit.ly/2NEbZ9u

Outros Aspectos
Importantes do Plano Diretor
O Plano Diretor de São Paulo prevê outros aspectos importantes. Um deles versa
sobre o aspecto de que todo o terreno deve cumprir sua função social, como previsto na
Constituição de 1988.

Para isso, cria-se o IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano) progressivo, aumentan-
do o valor do imposto até 15% do valor do terreno, caso ele esteja sendo subutilizado.

Nesse sentido, o Plano define a forma como as propriedades urbanas atenderão à


função social e estabelece um regime urbanístico vinculante, tanto para particulares
quanto para o Poder Público.

O IPTU progressivo não fragiliza o direito à propriedade privada. Ao contrário, ele


cria responsabilidade socioeconômica ao usufruto desse direito.

Ele também não fragiliza o princípio constitucional da função social da propriedade.


Ele apenas garante que imóveis ociosos ou abandonados possam ser utilizados, segundo
regulamento de Lei Municipal.

Nesse caso, o município é responsável por executar e cumprir o objetivo constitucio-


nal das funções sociais da cidade e da propriedade.

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As operações urbanas consorciadas é outro instrumento urbanístico para o desenvol-
vimento da cidade.

A seguir, vejamos o texto das operações urbanas extraídos do site da própria Prefei-
tura de São Paulo:

As Operações Urbanas são instrumentos de intervenção pública, regu-


ladas pelo Plano Diretor e aprovadas mediante lei municipal, que es-
tabelecem regras urbanísticas específicas e incentivos ao adensamento
populacional e construtivo para uma determinada área da cidade, com
perímetro previamente definido. Têm por objetivo alcançar metas de
qualificação para os territórios que abrangem, por meio de um conjunto
de diretrizes urbanísticas, como estabelece o Estatuto da Cidade (Lei Fe-
deral 10.257 de 2001). As áreas de interesse para Operações Urbanas
Consorciadas em São Paulo são previstas no Plano Diretor Estratégico
– PDE, aprovado pela Lei nº 16.050 em 2014, dentro da Macroárea de
Estruturação Metropolitana.
O perímetro de uma Operação Urbana é favorecido pela possibilidade de
flexibilizar limites estabelecidos pela lei de zoneamento vigente, mediante
o pagamento de contrapartida financeira à Prefeitura. Este dinheiro será
usado em intervenções e melhorias urbanísticas realizadas na própria
região, pelo Poder Público. A lei da Operação Urbana pode prever, tam-
bém, incentivos não onerosos, como estímulo adicional a investimentos
privados na região.
Os recursos das contrapartidas financeiras, nas Operações Urbanas Con-
sorciadas, são antecipados pela venda dos Certificados de Potencial Adi-
cional de Construção – CEPAC. Assim, para participar da Operação Ur-
bana Consorciada, utilizando seus benefícios, os empreendedores podem
adquirir área adicional de construção e alteração de outros limites da lei
de uso e ocupação do solo, mediante o pagamento em CEPAC.
As Operações Urbanas sempre têm um conselho deliberativo e consultivo –
chamado Grupo de Gestão ou Comissão Executiva, no caso da OU Centro
– que conta com a participação da sociedade civil, garantindo controle social.
Cada grupo de gestão tem suas características, composição e atribuições
próprias e todos acompanham o andamento da implementação da respecti-
va operação urbana e decidem sobre a aplicação dos recursos arrecadados.
Fonte: https://bit.ly/3c2pbhN

CEPAC (Certificado de Potencial Adicional de Construção) é um título mobiliário, emitido


pela Prefeitura do Município de São Paulo, utilizado como meio de pagamento de contra-
partida para a outorga de parâmetros urbanísticos adicionais dentro do perímetro de uma
Operação Urbana Consorciada. Cada CEPAC equivale a uma determinada quantidade de me-
tros quadrados de construção adicional ou a modificação de usos e outros parâmetros para
um terreno específico.
As emissões de CEPAC são regidas pelas determinações contidas nas instruções normati-
vas da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) que regulamentam a emissão dos títulos, as
responsabilidades pelo acompanhamento das Operações Urbanas Consorciadas e indicam
a forma de exercício dos direitos assegurados pelos CEPAC. A oferta pública primária dos

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CEPAC é realizada por negociação no Mercado de Balcão Organizado da BOVESPA. Uma vez
alienados em leilão, os CEPAC podem ser negociados livremente no mercado secundário,
até que sejam vinculados a um lote dentro do perímetro da Operação Urbana Consorciada.
Disponível em: https://bit.ly/3c2pbhN

Em Síntese
As Leis e o Desenho da Cidade:
Para finalizar esta Unidade, vamos pensar como as Leis também desenham a cidade.
Desde as primeiras Legislações Urbanas, já havia preocupação de regulamentar as
construções urbanas. Aqui no Brasil e, especialmente, em São Paulo, é comum encon-
trarmos residências geminadas e lindeiras ao passeio público, isto é, sem recuos late-
rais, frontal e fundo.
Você deve se perguntar: essas casas são todas irregulares?
Muito provavelmente não, pois quando foram construídas era permitida essa tipologia.
Com as mudanças nas Legislações, foram incorporados os recuos e, muitas vezes, não é
incomum encontrarmos edificações no meio do lote, o que também não está irregular,
pois também foram construídas em outro momento de Legislação urbana.
Atualmente, o Plano Diretor incentiva o uso misto, a fachada ativa e a fruição pública,
isto é, a possibilidade de transposições urbanas passando por dentro do lote privado.
Isso estabelece outra dinâmica na cidade e também outro desenho urbano. Isso signifi-
ca que há uma relação direta entre Lei e desenho da cidade

Por fim, vale incentivá-los a uma breve pesquisa: procurem sobre Teoria Miasmática
e veja como os saberes médicos e os de Engenharia Urbana se uniram em um de-
terminado momento histórico para pensar em uma cidade mais salubre e higiênica.

O Plano Diretor é um instrumento urbanístico importantíssimo para a vida dos cidadãos.

A participação nas Audiências Públicas, inclusive nas revisões do plano, é um ato


de cidadania.

Exerça seu direito!

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
Vitruvius
https://bit.ly/3r06UFX
Urbanista às Avessas
https://bit.ly/2N4lsXk

Leitura
O que é Plano Diretor?
https://bit.ly/38VRnkv
Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo – Lei nº 16.050, de 31 de Julho de 2014
https://bit.ly/2NEbZ9u

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Referências
DUARTE F. Planejamento Urbano. Curitiba: Intersaberes, 2004. (e-book)

SERPA, A. O espaço público na cidade contemporânea. São Paulo: Contexto, 2007.


(e-book)

SÃO PAULO. Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo Lei nº 16.050,
de 31 de julho de 2014. Disponível em: <https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/wp-
-content/uploads/2015/01/Plano-Diretor-Estrat%C3%A9gico-Lei-n%C2%BA-16.050-
-de-31-de-julho-de-2014-Texto-da-lei-ilustrado.pdf>. Acesso: 18/03/2021.

WALL, E. Desenho urbano. Porto Alegre: Bookman 2012 (Recurso on-line). (e-book)

Sites Visitados
OPERAÇÕES Urbanas. Gestão Urbana SP. Disponível em: <https://gestaourbana.pre-
feitura.sp.gov.br/estruturacao-territorial/operacoes-urbanas/>. Acesso: 18/03/2021.

O que é plano diretor? Urbanidades. 2008. Disponível em: <https://urbanidades.arq.


br/2008/06/13/o-que-e-plano-diretor/>. Acesso em: 18/03/2021.

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