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Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Análise do Plano Diretor de São Paulo
• Introdução;
• Plano Diretor de São Paulo;
• Estratégias do Plano Diretor;
• Macrozonas e Macroáreas;
• Leis de Zoneamento do Solo;
• Outros Aspectos Importantes do Plano Diretor.
OBJETIVO
DE APRENDIZADO
• Demonstrar a importância do Plano Diretor para a cidade, bem com seus desdobramentos
no desenho urbano e na paisagem.
UNIDADE Análise do Plano Diretor de São Paulo
Introdução
Plano diretor é um documento que sintetiza e torna explícitos os objetivos consensuados
para o Município e estabelece princípios, diretrizes e normas a serem utilizadas como base
para que as decisões dos atores envolvidos no processo de desenvolvimento urbano convir-
jam, tanto quanto possível, na direção desses objetivos (SABOYA, 2007, p. 39).
Dizer que o plano é um documento significa que ele deve ser explicitado, ou seja, não pode
ficar implícito. Ele precisa ser formalizado e, no caso do Brasil, essa formalização inclui a
aprovação de uma lei do plano diretor na Câmara. Em segundo lugar, o plano deve explicitar
os objetivos para o desenvolvimento urbano do Município. Quando se deseja planejar algo,
um elemento fundamental é poder responder à pergunta: “O que eu quero?” ou: “O que nós
queremos?”. Esses objetivos não são “dados”, ou seja, não estão definidos a priori. Eles pre-
cisam ser discutidos democraticamente e consensuados de alguma maneira. A diversidade
das cidades faz com que seja normal a existência de objetivos conflitantes e, por isso, discu-
tir sobre os objetivos pode ajudar a encontrar soluções que contemplem mais de um ponto
de vista. Através do estabelecimento de princípios, diretrizes e normas, o plano deve for-
necer orientações para as ações que, de alguma maneira, influenciam no desenvolvimento
urbano. Essas ações podem ser desde a abertura de uma nova avenida, até a construção
de uma nova residência, ou a implantação de uma estação de tratamento de esgoto, ou a
reurbanização de uma favela. Essas ações, no seu conjunto, definem o desenvolvimento da
cidade, portanto é necessário que elas sejam orientadas segundo uma estratégia mais am-
pla, para que todas possam trabalhar (na medida do possível) em conjunto na direção dos
objetivos consensuados. O zoneamento é um instrumento importante nesse sentido, já que
impõe limites às iniciativas privadas ou individuais, mas não deve ser o único. É importante
também que estratégias de atuação sejam definidas para as ações do Poder Público, já que
essas ações são fundamentais para qualquer cidade. A escolha do local de abertura de uma
via, por exemplo, pode modificar toda a acessibilidade de uma área e, por consequência,
seu valor imobiliário. (...) O importante é que o plano defina o caminho, que seja capaz de
direcionar as iniciativas isoladas para que, no conjunto, o todo seja maior que a soma das
partes. Disponível em: https://bit.ly/38VRnkv
Imagine-se em uma mesa de reuniões na qual diversas pessoas, que representam outras
tantas pessoas, estão discutindo sobre o futuro de milhões e milhões de habitantes. Cada
um grupo com interesses totalmente adversos, mas complementares.
Acrescente, nessa reunião, o caráter financeiro, em que muita gente pode ganhar
mais ou menos dinheiro, dependendo das suas escolhas.
Junte, também, o caráter político, em que os vereadores podem ganhar mais ou me-
nos votos dependendo dos seus apoios.
E, além disso tudo, profissionais técnicos, especializados em determinados assuntos,
expõem suas opiniões e pareceres.
Tudo isso parece uma grande confusão – e é um pouco sim – mas, na realidade, esse
é um dos grandes avanços na Democracia dos últimos anos.
A partir do dia 10 de julho de 2001, vigora em nosso país o Estatuto das Cidades.
O Plano Diretor Participativo está previsto na Lei 10.257/01 e impõe que todos os muni-
cípios com mais de 20 mil habitantes devem, obrigatoriamente, elaborar um Plano Diretor.
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Lei nº 10.257, de 10 de Julho de 2001. Disponível em: https://bit.ly/3luwPod
É bem verdade que, anteriormente a essa data, já existia o Plano Diretor, mas o gran-
de avanço foi a participação de toda A Sociedade Civil na elaboração dele. Portanto, o
que descrevemos mais acima é a realidade.
As Audiências Públicas, previamente agendadas, promovem reuniões com represen-
tantes da população e discutem quais serão os rumos que a cidade deve seguir.
Por exemplo: os representantes dos Movimentos Sociais propõem aumentar a de-
manda de oferta habitacional em algumas áreas da cidade. Por outro lado, os grandes in-
vestidores e incorporadores buscam soluções para construir mais e obter lucros maiores
nas mesmas áreas. Isso gera um conflito, que deve ser mediado e solucionado. A partir
desse impasse, são propostas Leis que atendam a ambas as demandas.
O que mais tem valor na cidade é a terra, o solo, os terrenos. Todos querem o melhor
terreno, na melhor localização, com o menor custo possível, para conseguir o maior
lucro imaginado.
Sabemos que isso é praticamente uma utopia. Os Planos Diretores Participativos
vêm de encontro aos interesses de toda a população, buscando equilibrar as forças dos
Agentes (Empreendedores, Políticos, Movimentos Sociais, Categorias de Classe, Am-
bientalistas etc.), que atuam nos rumos da cidade.
O Estatuto da Cidade é uma Lei Federal, mas os Planos Diretores são Leis Municipais.
Você deve estar se perguntando: isso não gera um conflito de Leis?
Certamente NÃO, pois o Estatuto da Cidade é uma Lei Federal que abre a possibili-
dade para a elaboração dos Planos Diretores Participativos municipais.
Cada município pode e deve elaborar suas próprias Leis referentes à gestão do
seu território.
E a questão é exatamente essa: o município deve promover sua gestão territorial de
tal maneira que seja o mais democrático possível, gerando produtividade e riqueza, mi-
nimizando os impactos sociais, ambientais, potencializando a Economia, promovendo
condições de vida digna para toda sua população.
Todavia, o Estatuto da Cidade também prevê que, qualquer Plano Diretor Participa-
tivo deve conter questões comuns como, por exemplo, disciplina do parcelamento, do
uso e da ocupação do solo, zoneamento ambiental, instituição de zonas especiais de
interesse social e direito de preempção. Veremos o que são esses termos mais adiante.
Por fim, vale mencionar que o Estatuto da Cidade busca promover o desenvolvimento
a partir da diversidade regional, visto que cada cidade tem suas especificidades.
Exatamente por isso, chamar a população para discutir e definir regras que definirão
os destinos da cidade é um avanço proporcionado pelo Estatuto da Cidade.
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O Coeficiente de Aproveitamento (CA) é um índice que indica quanto é possível cons-
truir no terreno. Adotando o CA básico de 1, significa que todo proprietário de terreno
pode construir apenas uma vez a área do seu terreno.
Por exemplo: se o terreno tem 200m2, a construção pode ter no máximo 200m2
também. Entretanto, se o proprietário quiser construir mais no terreno, ele é obrigado
a pagar uma outorga onerosa.
Esse dinheiro é depositado no Fundurb e destinado a melhorias da cidade. Essa es-
tratégia tem como finalidade combater a terra ociosa que não cumpre a função social,
arrecadar imóveis abandonados e os destinar à função social e implementar uma cota
de solidariedade.
Figura 1
Fonte: Adaptada de Prefeitura de São Paulo
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Essa estratégia tem como um dos objetivos implementar uma Política Habitacional
mais abrangente.
Para que isso aconteça, o Plano Diretor prevê o crescimento da cidade próximo ao
transporte público, conforme a estratégia a seguir:
Figura 2
Fonte: Adaptada de Prefeitura de São Paulo
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Para isso, cria os Eixos de Estruturação da Transformação Urbana, que otimiza o
aproveitamento do solo, incentivando empreendimentos de uso mistos próximas à Rede
de Transporte Coletivo de média e alta capacidade (metrô, trem e corredores de ônibus).
Figura 3
Fonte: Adaptada de Prefeitura de São Paulo
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Isso ocorre, principalmente, nos eixos fluviais do Rio Tietê e do rio Pinheiros, pas-
sando pelo centro da cidade.
Figura 4
Fonte: Adaptada de Prefeitura de São Paulo
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Preservar o patrimônio e valorizar as iniciativas culturais
Tem como finalidade ampliar a proteção e a dinâmica de espaços culturais, afetivos e
simbólicos da cidade, visto a importância da memória e da identidade urbana.
Macrozonas e Macroáreas
Para que os objetivos dessas estratégias sejam alcançados, o Plano Diretor promove
a gestão territorial a partir das Macrozonas e Macroáreas.
Figura 5
Fonte: Adaptada de Prefeitura de São Paulo
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Figura 6
Fonte: Adaptada de Prefeitura de São Paulo
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Importante!
Há uma Tabela para cada uso de solo. Nessa tabela os parâmetros urbanísticos devem
ser respeitados como Taxa de ocupação e Coeficiente de Aproveitamento.
A seguir, umu Quadro dos Zoneamentos definidos pelo Novo Plano Diretor de São Paulo.
Zona Mista: destinada para usos residenciais e não residenciais, podendo inclu-
ZM sive estar presente as duas atividades no mesmo lote ou edificação.
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Vale a pena olhar quais são as especificidades de cada uso do solo. O material disponibili-
zado pela Prefeitura é extremamente Didático e está disponível em: https://bit.ly/2NEbZ9u
Outros Aspectos
Importantes do Plano Diretor
O Plano Diretor de São Paulo prevê outros aspectos importantes. Um deles versa
sobre o aspecto de que todo o terreno deve cumprir sua função social, como previsto na
Constituição de 1988.
Para isso, cria-se o IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano) progressivo, aumentan-
do o valor do imposto até 15% do valor do terreno, caso ele esteja sendo subutilizado.
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As operações urbanas consorciadas é outro instrumento urbanístico para o desenvol-
vimento da cidade.
A seguir, vejamos o texto das operações urbanas extraídos do site da própria Prefei-
tura de São Paulo:
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CEPAC é realizada por negociação no Mercado de Balcão Organizado da BOVESPA. Uma vez
alienados em leilão, os CEPAC podem ser negociados livremente no mercado secundário,
até que sejam vinculados a um lote dentro do perímetro da Operação Urbana Consorciada.
Disponível em: https://bit.ly/3c2pbhN
Em Síntese
As Leis e o Desenho da Cidade:
Para finalizar esta Unidade, vamos pensar como as Leis também desenham a cidade.
Desde as primeiras Legislações Urbanas, já havia preocupação de regulamentar as
construções urbanas. Aqui no Brasil e, especialmente, em São Paulo, é comum encon-
trarmos residências geminadas e lindeiras ao passeio público, isto é, sem recuos late-
rais, frontal e fundo.
Você deve se perguntar: essas casas são todas irregulares?
Muito provavelmente não, pois quando foram construídas era permitida essa tipologia.
Com as mudanças nas Legislações, foram incorporados os recuos e, muitas vezes, não é
incomum encontrarmos edificações no meio do lote, o que também não está irregular,
pois também foram construídas em outro momento de Legislação urbana.
Atualmente, o Plano Diretor incentiva o uso misto, a fachada ativa e a fruição pública,
isto é, a possibilidade de transposições urbanas passando por dentro do lote privado.
Isso estabelece outra dinâmica na cidade e também outro desenho urbano. Isso signifi-
ca que há uma relação direta entre Lei e desenho da cidade
Por fim, vale incentivá-los a uma breve pesquisa: procurem sobre Teoria Miasmática
e veja como os saberes médicos e os de Engenharia Urbana se uniram em um de-
terminado momento histórico para pensar em uma cidade mais salubre e higiênica.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
Vitruvius
https://bit.ly/3r06UFX
Urbanista às Avessas
https://bit.ly/2N4lsXk
Leitura
O que é Plano Diretor?
https://bit.ly/38VRnkv
Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo – Lei nº 16.050, de 31 de Julho de 2014
https://bit.ly/2NEbZ9u
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Referências
DUARTE F. Planejamento Urbano. Curitiba: Intersaberes, 2004. (e-book)
SÃO PAULO. Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo Lei nº 16.050,
de 31 de julho de 2014. Disponível em: <https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/wp-
-content/uploads/2015/01/Plano-Diretor-Estrat%C3%A9gico-Lei-n%C2%BA-16.050-
-de-31-de-julho-de-2014-Texto-da-lei-ilustrado.pdf>. Acesso: 18/03/2021.
WALL, E. Desenho urbano. Porto Alegre: Bookman 2012 (Recurso on-line). (e-book)
Sites Visitados
OPERAÇÕES Urbanas. Gestão Urbana SP. Disponível em: <https://gestaourbana.pre-
feitura.sp.gov.br/estruturacao-territorial/operacoes-urbanas/>. Acesso: 18/03/2021.
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