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Clark Darlton
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Por outro lado e apesar de Arcon manter uma grande guerra contra os
Maahks, que está no seu ápice, o Imperador atual, deste vasto domínio, é
Orbanashol III, um homem brutal e de grande astúcia. O qual está sob a
suspeita e há boatos espalhados de ter planejado e executado a morte de seu
irmão, Gonozal VII, a fim de assumir o poder para si.
Mesmo que Orbanashol III tenha estabelecido firmemente o seu poder, existe
um homem a quem o Imperador de Arcon deve temer: Atlan, o herdeiro
legítimo do trono. Após a morte de Gonozal VII, seu pai, ele havia
desaparecido sem deixar vestígios, juntamente com o ex-médico particular
de Gonozal VII.
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Eiskralle – Garra de Gelo - Um Chretkor. Ele pode ser transparente, mas
ele mostra que ele tem coragem intestinal.
Como disse, até certo momento conseguimos uma vida tranquila e pacífica,
Fartuloon, Eiskralle e eu até aquele dia sinistro quando tudo que
representara o velho padrã o de vida se quebrara.
Um pedido de socorro via rá dio por ajuda médica havia nos atraído para o
Deserto da Aranha. Lá , fomos surpreendidos e atacados por cinco
Arconidas como Fartuloon e eu. Fora somente com muitas dificuldades
que pudemos colocá -los fora de açã o e retornar a Tarkihl, onde nos
aguardava uma nova surpresa.
Era o início de um novo tipo de aventura, sem meu guia, meu salva-vidas e
guarda pessoal.
Tarkihl deve ter sido de uma só vez uma antiga fortaleza, mas ninguém
sabia quem tinha originalmente construiu. Embora a estrutura nã o fosse
excepcionalmente alta, no entanto, cobria uma grande á rea, formando um
triâ ngulo gigante. Eram necessá rias cerca de 3 horas para uma pessoa
cruzá -la a pé. Seu material bá sico parecia ser de um metal muito
semelhante ao bronze, aparentemente em formas brutas e puras. A
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monotonia da superfície lisa das paredes era interrompida por vá rias
elevaçõ es e projeçõ es. Mas o que era diferente em Tarkihl e que sempre
me impressionara era sua tremenda semelhança como sendo meramente
um aglomerado de montanha no deserto.
Como eles levaram Fartuloon para fora de nossas vistas, Eiskralle estava
de pé ao meu lado. "Qual é o significado disso?", Ele me perguntou. "Por
que Fartuloon deva ser preso em nome do Imperador? Que crime
cometera? E por que Declanter nã o faz nada a respeito? "
Entramos no palá cio por uma entrada lateral. Ninguém nos impediu de
fazê-lo, embora, em virtude da situaçã o eu esperava ser parado por um
guarda. Chegamos ao interior do edifício sem sermos notados e, em
seguida, fomos o mais rá pido possível para os aposentos em que vivíamos.
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"Bem, e agora?", Perguntou Eiskralle e se sentou em uma cadeira que era
grande para ele. "Nó s certamente nã o podemos simplesmente ir e
perguntar por que Fartuloon foi preso."
"Isso seria um grande erro", eu concordei com ele. "Além disso, nã o temos
nenhuma idéia de que ele foi acusado. Talvez seja tudo apenas um engano.
"
Com a exceçã o de sua parte subterrâ nea, eu conhecia Tarkihl muito bem.
Aqui eu tinha crescido estudado e brincado, de modo que eu conhecia
inú meras passagens e corredores secretos ao redor de todo o local. Eu era
capaz de imaginar como os construtores dos mais poderosos e
desconhecidos destas estruturas devem ter vivido aqui juntos, assistindo e
mutuamente espionando uns aos outros a partir destes esconderijos
secretos.
Agora eu era grato a eles por sua clarividência. "Direto lá fora, no corredor
está à figura"...
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sabendo coisas que permaneceram desconhecidas pelos adultos. Há uma
passagem através das paredes laterais. Ele conecta nossos aposentos com
os do Tatto. "
"Essa foi a idéia original por trá s da passagem secreta. Vamos lá !"
O corredor era mais parecido com um tú nel com o teto arqueado. A luz
fraca surgia a partir de um cabo nas proximidades, mas era o suficiente
para nos guiar neste ambiente familiar. Auscutamos atentos, mas nã o
conseguimos detectar qualquer ruído.
Mais uma vez a certeza de que ninguém estava nas proximidades. Entã o
me abaixei até o pedestal pesado e usando ambas as mã os para pressionar
simultaneamente contra duas protuberâ ncias quase imperceptíveis.
Imediatamente ouvimos um leve estrondo que parecia vir de dentro da
criatura metá lica e ao mesmo tempo, ele começou a girar em sua base.
Abaixo dela uma abertura apareceu e uma escadaria íngreme que levava
para baixo para as profundezas.
Estava escuro, mas mais à frente uma luz fraca brilhava. Era uma parte da
parede passagem que emitia a sua pró pria iluminaçã o continuamente. A
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luz surgia de dentro do metal que se parecia ao bronze, alimentada por
uma fonte desconhecida de energia. Por toda a Tarkihl havia muitas dessas
luzes.
Dez metros à nossa frente um brilho estreito de luz era visível na parede.
Lá encontramos uma ranhura alongada que tinha 5 centímetros de altura e
meio metro de largura, permitindo duas ou três pessoas estar lado a lado
confortavelmente. A partir de uma elevaçã o moderada se poderia olhar
para baixo a partir dali diretamente para a sala do Tatto de conferência,
que ele usava para as consultas com os representantes regionais dos
planetas.
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inferior ao Armanck Declanter, mas apesar disso tudo o Tatto ainda era o
Tatto.
“... E tal acusaçã o contra mim é mais do que ridícula!", Disse Fartuloon, e
com raiva batera com o punho na mesa. "O que eu poderia ter a ver com
essas coisas, estando aqui em Gortavor?"
O Tatto nã o parecia estar muito feliz, mas ele encobriu sua indecisã o com
um ar de autoridade. "Eu nã o posso e nã o vou decidir a questã o, Fartuloon.
Um representante oficial de Orbanashol III possui plenos poderes e
autoridade do Imperio e o mesmo fora incumbido de interrogar um
médico chamado Fartuloon. Nem mesmo eu sei mais do que isso. Eu nã o
quero nem saber muito mais! "
Senti com estranheza que o Tatto estava tratando meu pai adotivo, com
mais formalismo do que o habitual. Nã o obstante as diferenças na
hierarquia sempre tinham sido bons amigos e havia tido muita
informalidade um com o outro. Mas agora...
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difíceis com eles nas pró ximas horas. Ou você diria Tatto, que nunca ouviu
falar dos Kralasenes antes? "
Lá estava o nome novamente, que Fartuloon tinha usado uma vez antes o
mesmo nome, quando ele vira nossos atacantes no deserto. Na época, eu
tinha certeza que nunca ouvira esse nome antes em minha vida, nem
Eiskralle sabia, também, o que tais pessoas eram ou existiam.
"Sim, o Kralasenes," meu pai adotivo o repetiu com raiva. Mas, de repente
havia um tom em sua voz que era algo mais do que apenas a raiva
impotente. Reconheci-o imediatamente pelo que era: era realmente temor.
"Os mercená rios mais desumanos, depravados e insolentes da galá xia,
membros das tropas mercená rias do nosso diletíssimo Imperador! O líder
deles é...”. Ele parou de repente e se virou com olhos arregalados para o
Tatto. Ele respirou fundo e fez silêncio.
À vista de onde está vamos podíamos ver dois guardas ao lado de uma
porta que agora se abriu. Segundos depois, um homem entrou e era mais
magro e esquelético do que qualquer um que eu já tinha visto na vida. Ele
deu 3 ou 4 passos pela sala e depois parou. Seus movimentos eram
estranhamente bruscos, como se andasse feito marionete controlada por
cordas.
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Mas o que especialmente me chamou a atençã o foi o fato de que ele nã o
parecia ter olhos. Em seu lugar haviam dois cones alongados de metal com
cerca de 4 a 5 centímetros de comprimento, que estavam presos por
grampos de prata. Este par de 'ó culos' estranho era preso à testa por meio
de correias.
Houve também outra coisa bastante perceptível sobre ele. Ele usava uma
pequena arma de energia portá til, um projetor de impulsos, que ficava
presa ao seu braço direito com uma combinaçã o em laço de couro de tal
forma que ele puderia atirar sem ter que sacar a partir de um coldre.
Entã o foi este homem que tinha entrado na sala, lembrando-me de uma
vez de um monstro desumano. E como eu vi meu pai adotivo olhar para ele
captara a expressã o de puro horror em seus olhos.
Como resposta ele recebeu uma espécie de riso sarcá stico. Enquanto isso,
o homem deu alguns passos a mais, até que se chegou à mesa. Sua mã o
esquerda tateou o tampo da mesa e puxou uma cadeira para se sentar. Ele
esticou as pernas e depois voltou seus olhos sob o aparelho para Fartuloon
em ó bvio triunfo.
"Entã o, desta vez encontramos a pista certa", disse ele. Havia um tom tã o
gelado em sua voz que fez Eiskralle estremecer...
Como estava para saber mais tarde, este cego, Sofgart, era conhecido em
todo o Império como o agente mais cruel e feroz do Imperador e detinha
carta branca. Ele e seu grupo mercená rio. Ele teria um planeta inteiro à
sua disposiçã o, para onde ele levaria seus prisioneiros, a fim de interrogá -
los e usar seus métodos inenarrá veis para extrair informaçõ es. Somente
quando convocado pela autoridade superior absoluta que ele sempre
voltava e reportava diretamente para Orbanashol III apó s suas missõ es.
O que este monstro queria de Fartuloon, que sempre fora uma espécie de
pai adotivo e amigo para mim? Eu estava prestes a descobrir.
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"Levou muito tempo para encontrá -lo", disse o cego, observando
cuidadosamente sua vítima. Os olhos sintéticos serviram para acentuar
seu aspecto horrível. "Eu tenho uma ordem de nosso Imperador e posso
ler para você e a certeza que você será capaz de me dar algumas
informaçõ es valiosas. Se nã o, você se arrependerá . Mas antes que eu
prossiga eu tenho que fazer uma exigência: nenhum nome deverá ser
mencionado, nem detalhes, nada. Estou certo de que você está ciente a
quem estou me referindo. Você está pronto? "
Sofgart falou. "É como se segue: O Príncipe de cristal está vivo. Traga-me
sua cabeça!” Apesar de sua aparente deficiência, o cego olhou
profundamente para Fartuloon. "Você sabe de alguma coisa, traidor?"
Mesmo que o meu pai adotivo pudesse ter feito qualquer coisa de que eu
nã o soubesse, até entã o nã o fui capaz de qualquer julgamento. Certamente
a mensagem do Imperator estava muito além de minha capacidade de
entendimento.
Tatto ainda revelava que ele era envolvido interiormente com tudo isso,
mas ele continuou sentado lá e nã o fez nada. Comecei a odiá -lo, mesmo
que eu pudesse entender sua hesitaçã o. Se ele agisse de outra forma ele
poria em jogo a sua vida, mas também a de sua família, que incluía
Farnathia.
A voz de Sofgart o Cego ainda continuava fria como gelo: "Sua pergunta é
supérflua. Você sabe muito bem o que quero dizer e como eu disse isso.
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Nó s vamos levar a cabeça do Príncipe de Cristal para Arcon e você nos
ajudará a fazê-lo".
Por um longo momento, parecia que o cego terrível estava prestes a se por
sobre os pés, mas ele se controlou surpreendentemente bem. Quando as
sentinelas armadas correram ele acenou com a mã o. "Entã o, essa é a sua
convicçã o, Fartuloon? Você sabe, é claro, que você acabou de pronunciar
sua pró pria sentença de morte...".
"Sim, estou ciente disso. Entã o, acabe logo com isso! "
"Eu nã o vou nem tentar", disse meu pai adotivo com um tom tã o
indiferente que me confundiu.
O cego se inclinou para frente. "Ouça bem, Fartuloon eu vou te fazer uma
proposta. Você vai me revelar onde o Príncipe de Cristal está se
escondendo e eu vou esquecer o que foi dito aqui. Eu vou deixar você livre.
"
"Você teria que matá -lo de tal forma que sua cabeça ficasse intacta. O que
daria muito trabalho, ainda mais com um projetor de impulsos".
"Tudo bem, isso é o suficiente, inferno você é o pró prio demô nio!",
Exclamou Fartuloon em sú bita repulsa. "Mas qualquer coisa que você
tentar é inú til. Eu realmente nã o sei nada sobre o Príncipe de Cristal. Só
espero que ele continue vivo por causa da justiça. "
"O Imperador colocou um preço por sua cabeça grande o suficiente para
comprar um planeta inteiro, Fartuloon. Mas a cabeça deve estar intacta
para que possa ser identificada. "
O cego sorriu astutamente. "É mesmo? Entã o por que um médico real,
chamado Fartuloon acontece de desaparecer tã o de repente e sem deixar
vestígios e deserta quando Orbanashol assumiu o trono? "
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Finalmente Sofgart falou muito calmamente. "Conheço um planeta
distante, desconhecido e delicioso. Ele nã o tem um nome, mas isso é
irrelevante. Todo mundo que eu levo para esse mundo nunca o deixa
novamente. Você está ansioso para dar uma olhada nele, Fartuloon? "
"Para que reflitas sobre isto traidor. Para uma aná lise cuidadosa de suas
alternativas: se você gostaria de continuar aqui neste mundo agradá vel
como médico ou se prefere vir comigo e se familiarizar com o meu pró prio
paraíso. Faço-me claro, Fartuloon?”
Depois disso, nem mais uma palavra fora dita. Os guardas vieram e
levaram meu pai adotivo para fora do salã o. Sofgart o Cego e Declanter
seguiram em silêncio ambos.
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2/ Território Proibido
Esperamos alguns minutos até que o eco de seus passos havia sumido.
Entã o eu conduzi Eiskralle de volta certa distâ ncia, onde poderíamos estar
a salvo de qualquer espiã o.
"Vamos ajudá -lo!", afirmou Eiskralle determinado. "Ou você acha que eu
deixaria um bom amigo em maus lençó is assim, só porque alguém quer
descobrir algo com ele que ele nã o sabe?"
Refleti sobre a situaçã o. Entã o, eles prenderiam-no sob o palá cio, em uma
regiã o que mesmo eu nã o conhecia, e que todos nó s temíamos. Os
fantasmas dos construtores há muito extintos de Tarkihl se dizia que ainda
assombravam a á rea. Se as histó rias eram verdadeiras ou nã o, eu nã o tinha
intençã o de me aventurar lá . Pelo menos nã o ainda.
Farnathia!
Estranho, que justamente num momento como este eu fosse pensar nela
novamente. Ela nã o corria perigo no presente caso, desde que seu pai ficou
isento e neutro durante a coisa toda. Mas se eu me juntasse a ela, em
seguida, sua vida também estaria em perigo. Por outro lado, eu nã o
deixaria Fartuloon em apuros.
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Mas será que isso significa que era necessá rio familiarizar Eiskralle com os
meus sentimentos mais secretos? Nã o através de qualquer meio! Este
iceberg andante provavelmente nem sequer entende o que essas emoçõ es
significavam, em primeiro lugar. "Temos que conversar com Farnathia", eu
disse.
"É claro, quem nã o sabe isso? Que vocês se conhecem desde a infâ ncia.
Mas o que isso tem a ver com Fartuloon? "
"Eu sei que ela está mais familiarizada com as regiõ es subterrâ neas de
Tarkihl do que eu, pelo menos, sobre o que ela ouviu. Talvez ela possa nos
dizer onde fica a Seçã o Azul. "
"Você espera aqui", eu disse a ele. Afinal, ele nã o tem que saber tudo sobre
nó s. "Eu vou encontrar Farnathia e dizer a ela o que aconteceu. Entã o
veremos se ela pode nos ajudar. "
"Nã o devemos perder tempo nem um ú nico minuto. Vista se com algo
quente, pois pode ser frio, onde precisaremos ir. E sem mais perguntas por
agora. A vida de meu pai depende disso."
Ela nã o sabia que Fartuloon era apenas meu pai adotivo. Eu mesmo
soubera recentemente dele.
Ela me seguiu obediente, mas tive pouco tempo para desfrutar do prazer
no fato de que ela confiou em mim assim cpmpletamente. Havia mais em
jogo do que nossa amizade, nossa confiança e talvez até nosso amor.
"Saudaçõ es, Farnathia", disse ele com alívio e ele se levantou para pegar o
casaco dela. Para mim tudo isso é um desperdício de tempo. Temos apenas
um nú mero limitado de horas.
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"Portanto, nã o me deixe esperando por mais tempo. Diga-me o que
aconteceu! "
Dissemos a ela.
Ela nos olhou com medo. "Atlan, mesmo que nó s dois nunca estivemos lá ,
sempre pensamos que conhecíamos Tarkihl melhor do que a maioria das
pessoas. Eu já ouvi falar disso, mas isso é tudo. "
Ela me fitou, amedrontada. "A Seçã o Azul? Você deseja isso de mim? "
"Eu tenho que ir, Farnathia. A vida de meu pai depende disso. Você sabe
que eu tenho que resgatá -lo. Se nã o lhe ajudar, ele estará perdido. "
“Qualquer um pode ser enganado, até mesmo ele”. Vamos juntar alguns
suprimentos de comida e bebida, para sermos capazes de nos esconder
por algum tempo nos subterrâ neos. Tempo nã o muito longo, de toda
forma, porque em poucas horas, será tarde demais. Temos que nos decidir
rapidamente. “Se você nã o quiser vir, pelo menos nos diga como chegar lá ,
mas você tem que se apressar.”
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Quando ela olhou para mim, foi com uma expressã o que misturava
preocupaçã o com lealdade. Ela confiava em mim, mas ela tinha um medo
terrível do que estava à nossa frente. "Tudo bem, eu vou com você", ela
disse de repente, “mas sob uma condiçã o"...
"Meu pai nunca deve saber que ajudei você. Ele nã o me perdoaria por
fazer algo que o contrariasse. "
Ela evitou o meu olhar interrogativo. "Se isso acontecer, você nã o será
capaz de explicar", disse ela. "Mas de qualquer maneira, eu vou levar você
até lá . Quando? "
Ela sorriu o que sempre foi uma visã o magnífica para mim.
Fiquei um pouco perplexo que "a nossa passagem", que tínhamos usado
tantas vezes era uma das muitas que também levavam para os níveis
inferiores. Farnathia mantivera o seu segredo muito bem. Na pró xima
oportunidade eu teria que perguntar como ela sabia disso, mas agora nã o
havia tempo.
"Na Seçã o Azul", ela respondeu, mas nã o havia o menor tremor em sua
voz.
Eu ignorei seu comentá rio e corri atrá s de Farnathia, que tinha ido à
frente. Eiskralle seguia logo atrá s de mim, carregando a lanterna que
tínhamos trazido.
"Nã o será por muito tempo, mas teremos que ir com mais cuidado", disse
ela, "mas aqui nã o há qualquer perigo. A Seçã o Azul e a passagem regular
sã o separadas de nó s por uma parede que possui isolamento acú stico".
Olhei para meu reló gio. Desde Eiskralle e eu tínhamos visto os guardas
levarem Fartuloon, muito tempo se passara. A menos que Sofgart o Cego
decida encurtar o tempo estipulado, teríamos cerca de duas horas e meia
para trabalhar.
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"Estamos quase lá ", disse ela em voz baixa. "Nã o temos mais nada para
discutir antes de prosseguirmos? Mais tarde nã o seremos capazes de falar,
porque na Seçã o Azul é mantida vigiada continuamente. Há uma escadaria
que leva diretamente de lá para os níveis superiores, mas eu nã o acho que
nã o será possível usá -la mais tarde para voltar. "
"Muito bem! Entã o pelo menos a maior parte ficou para trá s", disse ele,
otimista.
“Pelo contrá rio meu amigo”, eu disse, contrariando sua confiança perigosa,
“agora que é quando tudo começa”!
Ele fez um som como se seus dentes estavam batendo, mas ele nã o disse
nada.
Farnathia avançou.
"Talvez os guardas extras que ele vai ter será uma forma de dizer onde ele
está ."
Antes que ela abrisse a porta ela perguntou outra coisa: "E o que faremos
quando nos depararmos com os guardas? Nó s nã o temos nenhuma arma”.
"Se nos derem tanto tempo," eu rebati com raiva, mas a raiva era dirigida a
mim mesmo. "De qualquer forma, devemos ser capazes de cuidar de pelo
menos um deles e nó s pegaremos a sua arma."
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Acordamos alguns sinais pelos quais podíamos comunicar-nos em silêncio.
Ficamos ali imó veis, com as costas apoiadas na parede. Nã o havia nenhum
ponto cego nem para a direita ou a esquerda de nó s.
Pela primeira vez eu percebi que está vamos expondo-nos demais. O que
pesava em minha consciência era o fato de eu ter exposto Farnathia ao
maior perigo. Se algo acontecesse com ela o que seria minha culpa e me
censuraria pelo resto da minha vida.
Eu ouvi o som abafado de vozes masculinas, como que de uma distâ ncia
considerá vel. Eles estavam em algum lugar à nossa esquerda. À direita de
nó s a passagem perdia-se na escuridã o absoluta. Na outra direçã o,
pudemos ver os quadrados perpetuamente brilhantes de luz em intervalos
regulares ao longo das paredes.
Farnathia correu para a direita do tú nel onde havia uma passagem lateral
ligada ao corredor principal. Desta vez nó s nã o precisá vamos de um
convite. Eiskralle e eu a seguimos em silêncio e saímos de vista nem um
segundo mais cedo. O corredor em que havíamos entrado era tã o baixo
que Farnathia e eu mal conseguíamos ficar de pé, mas o teto ainda era alto
o suficiente para Eiskralle.
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Farnathia respirou lenta e profundamente. "A mudança da guarda", ela
sussurrou para mim. "Temos de esperar porque os outros em breve
estarã o voltando. Pelo menos agora nó s temos a certeza de que só temos
um destacamento de guardas a enfrentar".
A julgar pelo som dos passos havia 4 ou 5 homens, no má ximo, que agora
alcançaram a escada e começaram a subir. Seus passos se tornaram mais
fracos, até que finalmente nã o podiam ser ouvidos.
Chegamos ao lugar onde as escadas levavam para cima. Elas eram bastante
amplas e bem iluminadas. Eu teria dado muito para saber onde eles
levaram, mas nã o tive coragem de fazer perguntas mais. À nossa frente
estava um corredor igualmente bem iluminado. Em ambos os lados do
largo corredor eu poderia perceber portas gradeadas que eram espaçadas
a intervalos regulares, que eu soubesse eram entradas para as celas
individuais.
No começo ela parecia estar assustada com isso, mas entã o ela indicou que
poderíamos cautelosamente nos aproximar das celas e simplesmente dar
um salto passando as aberturas. Presumivelmente, os prisioneiros, assim,
só seriam capazes de ver-nos como sombras esvoaçantes e poderiam
supor que fosse um guarda passando correndo pela sua porta. Eu nã o
achei que fora uma soluçã o muito boa, mas eu nã o conseguia pensar em
algo melhor.
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Antes de sair novamente cuidamos de olhar mais atentamente a passagem
antes de nó s. Tinha talvez uns 200 metros de comprimento e parecia
terminar em uma parede lisa que era desprovida de celas. Farnathia
indicara que o corredor virava lá em um â ngulo reto e continuava. Desde
que nã o vimos ninguém à nossa frente era certo que Fartuloon nã o estaria
localizado nesta parte dos calabouços. Assim, nã o era necessá rio procurar
as celas que estavam antes de nó s. A localizaçã o de Fartuloon estaria
marcada pela presença dos guardas.
Perto das duas primeiras celas assumimos uma posiçã o lado a lado e com
um sinal fizemos um salto simultâ neo passando as aberturas. As portas
eram feitas com barras tã o estreitas que ninguém no interior das celas
podia ver muito longe para a direita ou para esquerda. Mas se qualquer
um dos internos estivesse com o rosto contra as grades, ele poderia
perceber-nos.
Foi necessá ria meia hora para cobrirmos os 200 metros e, apesar do
tempo que gastamos, está vamos ofegantes quando chegamos à passagem a
direita em â ngulo.
Neste ponto, podíamos ouvir, agora, as vozes dos guardas. Desta vez eu
nã o permitiria Farnathia que assumisse a liderança. Delicadamente mas
com firmeza segurei suas costas e espiei ao redor do canto abaixo o trecho
final do corredor. A confiança que eu tinha sentido até entã o foi quebrada
com o que vi.
Olhei para meu reló gio. "Em menos de uma hora e meia eles virã o buscá -
lo. Nó s vamos ter que fazer o nosso lance na meia hora pró xima, se quiser
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ter uma vantagem.” A situaçã o era desesperadora, mas eu nã o podia e nã o
desistiriria.
Eiskralle trouxe seus lá bios de cristal para perto do meu ouvido. "Deixe-
me prosseguir sozinho", ele sussurrou. "Como sou transparente eles
sofrerã o o choque de suas vidas quando vêem os ossos e os ó rgã os que
andam flutuando pelo ar. Entã o você pode tirar vantagem da surpresa e
me seguir. "
Por um momento eles pareciam estar hipnotizados. Ficaram ali imó veis,
olhando fixamente. Eles poderiam ter permanecido nesse estado até
Eiskralle ter a chance de alcançá -los, mas eles viram para além dele e nos
avistaram os dois a seguir atrá s. E, certamente, ninguém poderia discutir o
fato de que Farnathia e eu parecermos arcô nidas normais. Foi esta visã o
que mais uma vez lhes devolveu a liberdade de movimento.
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Eu poderia dizer imediatamente que, apesar de sua aparência desleixada,
que faziam parte de uma força de combate de elite, se assim se pode
perdoar o uso da palavra 'elite' em relaçã o a seres como estes. De qualquer
forma, eles foram bem treinados e suas reaçõ es foram imediatas.
Ele estava em cima deles antes que tivessem tempo para sacar suas armas
e usá -las. Ao mesmo tempo eu empurrei Farnathia com força o suficiente
para jogá -la no chã o, para sua pró pria proteçã o, e corri em direçã o a
Eiskralle dar-lhe uma ajuda. Sozinho ele nã o teria chance contra os três
adversá rios. Mas ele já estava em açã o.
Mas, finalmente ela nos lembrou de nosso objetivo principal. "Onde está
Fartuloon?", perguntou ela. "Nó s temos que encontrá -lo."
"O guarda do Tatto pode voltar em breve", disse Eiskralle. "Vou prestar
atençã o nele, enquanto você procura por Fartuloon".
Eu tinha quase esquecido o quarto guarda, entã o foi bem que Eiskralle se
ocupou dele. Fui com Farnathia e fizemos uma busca nos calabouços. Era
na cela 10 ou 11 que achei meu pai adotivo.
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Ele nã o pareceu ter notado o que tinha acontecido lá fora, porque ele
apenas estava curvado em seu calabouço e olhava para o espaço. Ele nem
sequer olhou para cima quando ouviu nossos passos.
Entã o, ele ergueu os olhos e nos viu. Eu nunca tinha visto tal expressã o de
espanto misturado com terror na minha vida. "Você está louco?"_ Era tudo
o que ele dizia.
"Voltado para a parede mais distante com as costas para nó s", eu disse a
ele e eu levantei projetor térmico, a fim de derreter as barras da porta de
sua cela. "Vai ficar um pouco quente aí dentro."
Eu estava irritado com a sua cabeça dura. "Nó s queremos te tirar daqui e
iremos!" Eu respondi-lhe. "Nã o crie mais empecilhos para nó s do que os
que já temos, apenas afastem-se dessa grade. Eu vou acabar com estas
barras".
Ele estudou Farnathia por algum tempo antes de falar com ela. "Você
ajudou Atlan nisso? Entã o você é mais corajosa do que seu pai. Você deve
ter pensado muito antes de correr tamanho risco por mim."
Eu teria preferido dizendo-lhe que ela tinha feito isso por mim, mas eu
decidi ficar quieto sobre isso. Enquanto isso Eiskralle se juntara a nó s. Ele
disse que nã o tinha encontrado o quarto guarda. Aparentemente, o guarda
de Palá cio do Tatto tinha deixado o Setor Azul por meio de outra saída.
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Agora Fartuloon assumiu a liderança. "Vamos tentar chegar à superfície,
quer por sua passagem secreta ou subindo as escadas. Talvez possamos
nos esconder por algum tempo em meus aposentos. Ninguém sabe quem
matou os três Kralasenes, e se, no entanto ninguém sentiu falta de você, é
possível que..." _Ele parou de repente.
"Mexam-se! Siga-me depressa! Eu sei onde podemos ir, pelo menos por
enquanto...".
3/ Cidade do Desconhecido
Era apenas uma hipó etese minha, mas que Fartuloon tinha vindo até aqui
inú meras vezes no passado. Ele levava-nos sempre a frente com a certeza
indefectível de um sonâ mbulo, encontrava tú neis laterais estreitos e
portas secretas que ele abria com facilidade e praticidade. Eu nã o tiinha
tempo para fazer perguntas, mas decidi que compensaria isso mais tarde,
quando a oportunidade surgisse.
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Fartuloon acenou com a mã o, sentado numa cama. "Sentem-se, meus bons
amigos. Aqui estamos seguros, por enquanto. Atlan, o que você está
carregando nessa mochila? "
Senti, pela primeira vez que estava com uma fome de urso. "É sorte que eu,
pelo menos, pensei trazer isso", eu disse e eu desempacotando nosso
suprimento de alimentos. "Mas seria uma boa idéia enquanto você estiver
comendo, responder à pergunta de Farnathia".
Ele mastigava a comida enquanto falava. "Você quer dizer, onde estamos?
Bem, nó s estamos profundamente sob Tarkihl, cerca de 100 metros abaixo
do nível do solo. Você pode ter certeza que ninguém irá procurar-nos por
aqui. Mas nã o podemos ficar aqui para sempre. "
Ele olhou para mim, pareceu-me, com um pouco de paciência. "No ano
passado eu tive bastante tempo para estudar Tarkihl. Eu queria descobrir
como foi e quem o construiu. O resultado foi que nunca encontrei todas as
respostas, mas no decorrer de minhas pesquisas eu cheguei a conhecer
quase todas as suas partes e níveis. Tarkihl é uma estrutura tã o grande
que, se passasse sempre por manutençã o, haveria espaço aqui para
milhõ es de pessoas. "
Outra pergunta pesava muito sobre mim e eu nã o conseguia evitá -la mais.
"Por que eles te prenderam?"
"Entã o eu nã o entendo porque a pista que Sofgart seguia deveria levá -lo a
você em particular."
"Meu rapaz, você nã o deve esquecer que vivi muito e vi muitas coisas
durante toda a vida. Além disso, você sabe, eu era o médico pessoal de
Gonozal. Eu nã o me surpreendo que Sofgart tenha me encontrado, e queira
de todas as formas, incriminar- me para proteger a si mesmo. "
Fartuloon assentiu. "No momento é o mais seguro plano que acredito que
nó s podemos aplicar. A ú nica coisa é que nó s ficaremos com fome de novo
muito em breve. Esta noite vou lá em cima e pego mais alguns suprimentos
e trago de volta. Se eu tiver uma chance eu posso também tentar descobrir
o que estã o fazendo a respeito de minha fuga e quem é o suspeito de tê-la
planejado”.
Farnathia tomou uma posiçã o firme contra isso. "Você nã o vai sair daqui,
Fartuloon! Em vez disso, você vai descrever o caminho para mim!
Ninguém suspeita de mim e todo mundo sabe que eu muitas vezes vagueio
ao redor em Tarkihl. Mesmo que alguém me veja, ainda assim nã o
levantará suspeita”.
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"E esse será o tempo no qual estaremos preocupados com você", disse
Fartuloon, e depois de mirá -la por um momento, ele acrescentou: "A
menos que você nos faça uma promessa".
“Uma promessa”?
"Que você tentará voltar aos seus aposentos e que você ficará lá . Ninguém
deve ter notado a sua ausência e assim você estaria segura lá . Nó s três
permaneceremos aqui. Mais tarde, quando o furor sobre a minha fuga se
acalmar você pode nos avisar. Por esse tempo ninguém ficaria desconfiado
se você tivesse que ir a outro de seus pequenos passeios por Tarkihl".
"Deixe-a, Atlan. Ela tem opiniã o pró pria. Nesse meio tempo seria uma boa
idéia pegarmos e dormirmos um pouco. Porque em breve precisaremos de
muita energia”.
****
Com uma tremenda sensaçã o de alívio, ela caiu sobre sua cama e estendeu
sobre ele temporariamente. A tentaçã o de simplesmente fechar os olhos
agora e pensar em tudo o que havia acontecido apenas como um sonho
ruim pairava gigantescamente dentro dela, mas a preocupaçã o que sentia
por seus amigos foi maior.
33
E foi a tempo de pegar um noticiá rio local e lá na tela estava o insidioso,
ó culos de proteçã o exposto na face de Sofgart o Cego. Ela nunca tinha visto
o Cego antes em sua vida, mas a descriçã o que fiz dele permitiu que ela o
reconhecesse instantaneamente. O aspecto repugnante do monstro
humano a assustava até ao ponto dela preferir desligar o vídeo, mas ela
finalmente se forçou a ouvir o que ele estava dizendo.
Era seu pai, que ficara aliviado ao encontrá -la aqui. "Entã o você está em
casa novamente", disse ele quando entrou. Ela fechou a porta e o seguiu.
Ele apontou para a imagem na tela. "Você já ouviu sobre tudo que houve?
Fartuloon foi capaz de fugir”.
Sua auto cofiança e atitude fria retornaram. "Nã o se preocupe, pai ninguém
nos pode ouvir aqui. Você pode estar certo. Estou familiarizada com os
segredos de Tarkihl".
34
Isso pareceu acalmá -lo um pouco. "Mesmo assim você tem que ter
cuidado. Este emissá rio de Orbanashol é o verdadeiro demô nio. Receio
que ele capturará Fartuloon novamente. Afinal, para onde ele poderá ir?
Tarkihl está cercada. Ninguém poderá escapar".
"Se eu tivesse tentado qualquer coisa, minha filha, ele teria trazido a todos
nó s a maior desgraça. Ninguém pode ir contra a vontade do Imperador
sem sofrer consequências terríveis. Eu nã o fui capaz de levantar a mã o
para ele, mas agora me parece que outros fizeram isso por mim. Três
Kralasenes foram mortos pela equipe de resgate desconhecida. Nó s só
descobrimos isso. Quando a notícia foi levada à Sofgart ele ficou furioso.
Ele jurou que levará os cú mplices de Fartuloon com ele para seu planeta
privado. O que isso significará para eles todos nó s sabemos”.
Ele olhou para ela intrigado. "Você está feliz por Fartuloon ter sido
libertado? Entã o é melhor que você nã o revele esse sentimento a ninguém
além de mim”.
Ele deu de ombros. "A propó sito, onde está Atlan? Acabei de vir dos
aposentos de Fartuloon e ele nã o estava lá . Até mesmo Eiskralle está
sumido, embora os dois entrassem em Tarkihl logo apó s a prisã o ter sido
efetivada”.
"Sim, minha criança é uma questã o real, é muito grande. Você conhece
apenas uma pequena fraçã o dela, mas isso é provavelmente ainda maior
do que eu. Quanto disso Atlan conhece”?
Ela sabia que tinha que protegê-lo, agora. "Ele tem muitas vezes
acompanhado a mim, mas eu nã o acho que ele tentaria uma excursã o
solitá ria e sem a minha orientaçã o. Por que você pergunta, pai”?
"Bem, seria muito natural para ele alimentar a ideia de libertar seu pai,
você nã o acha? Em qualquer caso, é o que eu vou ter que supor a menos
que ele apareça por aqui muito em breve”.
"Nã o, mas por outro lado eu nã o seria capaz de ajudá -lo, tampouco”.
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"Estou meio cansada", disse ela. "Eu acho que gostaria de tirar uma
soneca”.
Declanter deu um ú ltimo olhar para a tela de vídeo, onde mais instruçõ es
eram dadas em forma de texto. Ele virou-se para a porta. "Eu venho ver
você mais tarde", disse ele.
Atlan!
Ela passou por seus aposentos mais uma vez. Ela suspeitava que estes
também ela estivessem vendo pela ú ltima vez, mas era bastante prová vel
que ninguém iria suspeitar de sua ausência, mesmo que ela desaparecesse
por algum tempo. Eles todos tinham que presumir que ela fora em mais
uma de suas caminhadas habituais de exploraçã o em Tarkihl e que ela
podia ter caído presa dos fantasmas dos níveis mais baixos. Nenhuma
pessoa em sã consciência faria qualquer conexã o entre ela e Fartuloon. Ela
finalmente levou seu pacote e abriu a porta.
Por um longo momento ela se sentiu como se fosse desmaiar. Seus joelhos
começaram a tremer e ela fechou os olhos, se livrar da visã o de sua figura
magra e aquele rosto horroroso. Mas, entã o, cada segundo que passava a
aproximava da concretizaçã o dura de que tudo agora dependeria só dela
calcado em sua presença de espírito e seu comportamento inteiro com
este diabó lico perseguidor.
Ela forçou um sorriso. "Oh!", Exclamou ela, mas nã o disse mais nada.
O sorriso em seu rosto feio se tornou uma careta. "Nossa menina bonita
parece prestes a embarcar em pequeno passeio", disse ele, apontando para
os pacotes de suprimentos. "Nó s estamos sob um alerta de emergência,
minha criança”.
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viagem, senhor, é apenas uma curta caminhada. Eu sempre dou pequenas
caminhadas através de Tarkihl quando eu fico entediada”.
"Muito bem! É por isso que eu queria fazer-lhe uma pequena visita. Sua
excursã o pode esperar, eu suponho”?
Ele fechou a porta atrá s dele. "Apenas algumas perguntas, nada mais. o que
você leva nos pacotes”?
Ela hesitou o que foi um erro. Ele pegou os pacotes de suas mã os sem
resistência e os abriu. Quando ele olhou para ela novamente ele nã o estava
sorrindo.
Ele chegou perto dela e deu-lhe um empurrã o que a fez cair sobre a cama.
Sentou-se rapidamente ao seu lado para que ela nã o pudesse escapar. Sua
mã o direita e a arma de impulso amarrado ao seu braço para frente
37
ficaram a meros centímetros de distâ ncia de seu
corpo.
Ela nã o sabia exatamente o que ele pretendia fazer, mas seu instinto a
advertiu fortemente. Ela procurou sobre ela, em desespero, à procura de
alguma arma. Sobre sua cabeça em uma prateleira empoeirada havia uma
estatueta metá lica. Era uma representaçã o da besta extinta de 4 pernas
que era usada em Tarkihl para marcar as entradas de muitas passagens
secretas. Ela tinha 20 centímetros de altura e era muito pesada. Se ela
pudesse apenas agarra-la com uma mã o livre e esmagar a cabeça desta
criatura detestá vel seria com isso...
Atlan tinha se referido aos ó culos do cego como 'olhos de funil’. Ele nã o
poderia ver tã o bem ou tã o rapidamente quanto ele se possuisse uma
visã o normal. E esse detalhe que poderia ser a sua salvaçã o.
"Eu nã o vou”! Ela gritou, esperando incitar-lhe e que a sua atençã o fosse
distraída.
Ela levantou-se como que para ficar longe dele e sem olhar para cima, ele
tentou forçá -la para baixo novamente, mas ao mesmo tempo, ela estendeu
a mã o direita e agarrou a está tua de metal. Com toda a força que ela
possuia trouxe o objeto pesado para baixo e bateu contra o boné de couro.
****
38
Acordei quando Farnathia entrou e simplesmente deixou cair os pacotes
sua comida e irrompeu em lá grimas. Eu pulei da cama e corri para ela,
levá -la gentilmente em meus braços.
"Farnathia, tudo está bem agora. Você está aqui conosco novamente”.
"Você tem que descansar menina. Que foi uma longa viagem para você”.
Olhei para ele com raiva. "Um bloco de gelo como você nã o seria capaz de
entender", eu disse em tom de repreensã o. "Afinal, o que ela passou foi
demasiado para seu sistema nervoso”.
Fartuloon havia ficado branco de susto, como uma folha de papel e ele me
olhou, sentindo-se impotente.
39
No entanto, Farnathia abriu os olhos e balançou a cabeça. "Eu vou te dizer
agora e depois dormir, se eu puder. É melhor para você saber
imediatamente para que você possa pensar e a planejar o que fará a
seguir”.
Ela nos contou toda a histó ria e concluiu: "Eu realmente nã o sei se ele está
morto ou nã o. Talvez o seu boné de couro tenha amortecido o golpe. De
qualquer forma, ele ficou inconsciente. Mas se ele recupera a consciência,
ele saberá que você está aqui embaixo em Tarkihl. Ele somou dois mais
dois muito rapidamente quando viu os
mantimentos”.
"Eu apenas sei", ele respondeu, e com isso deitou-se na sua cama e fechou
os olhos.
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****
Muito abaixo de nó s sob a rocha só lida havia uma fonte com uma vibraçã o
constante e um zumbido quase inaudível, como se motores ou má quinas
de algum tipo estivessem em funcionamento. Eiskralle arriscara um
palpite de que poderia haver usinas de energia perpetuamente
funcionando aqui, em algum lugar, que iluminava as passagens e
proporcionava a toda Tarkihl seu poder.
De repente Fartuloon parou. "Só mais 100 metros e vocês terã o uma
surpresa. Estive aqui muitas vezes, mas nunca tive tempo para dar uma
olhada, detalhada. Mas agora temos tempo de sobra. Vamos ficar um ou
dois dias na cidade”.
"Cidade”? Olhei para ele como suspeitando de sua lucidez. "O que você
quer dizer com isso? Nã o me diga que há realmente uma cidade aqui
embaixo”!
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as superfícies lisas metá licas em 5 faixas separadas, cada uma das quais
possuia 5 metros de largura. Nas bordas exteriores de cada rodovia havia
faixas deslizantes em passeios para pedestres, mas neste momento estes
transportadores estavam parados.
Fartuloon sentia um prazer obvio com nosso espanto mudo. Ele nos levou
a um ponto saliente de observaçã o e nó s o segumos. Viemos para onde se
podia ver toda a cidade.
42
Ele descartou o problema com um aceno de mã o. "Nã o se preocupe, meu
filho, há uma abundâ ncia de á gua lá embaixo na cidade. Á gua doce. O
sistema de abastecimento funciona ainda e perfeitamente”.
Fartuloon parecia ter lido meus pensamentos. "Sã o inú teis tais perguntas
sobre eles, Atlan. Eu rumino essas questõ es em meu cérebro há 10 anos e
ainda nã o encontrei nenhuma resposta. A cidade está aqui. Nada mais
pode ser dito. Depois que terminarmos aqui, nó s vamos dar uma olhada
em tudo por aqui”.
"Nó s vamos encontrar abrigos, bem confortá veis, incluindo á gua e algumas
outras coisas que possam lhes interessar muito. Se tivermos sorte,
podemos até descobrir o que está acontecendo lá encima no palá cio. As
inteligências que construiram Tarkihl devem ter pensado em
tudo, até a tal ponto que um dia poderíamos usar certos artificios de
escapar daqui”.
O céu artificial acima de nó s estava azul e o sol atô mico, agora pendurado
suspenso logo acima da praça circular. Estima-se que eu poderia estar a
cerca de 200 metros abaixo, mas eu poderia estar enganado. O "horizonte"
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era obscurecido pelos edifícios, mas seria fá cil concluir que consistia de
paredes de rocha.
Farnathia estava entusiasmada. "Eu nunca teria sonhado que algo assim
poderia existir bem debaixo dos nossos pés. É fantá stico”!
"Isso que ele faz, mas em intervalos regulares ele sai e entã o, tornar-se-á
noite e fará frio. O controle automá tico para ele está escondido em algum
lugar no fundo da rocha. Eu nunca fui capaz de localizá -lo. Deve ser
conectado à estaçã o de energia central”.
Ele nos levou a uma das casas que era uma duplicata de todos os outros.
Uma escada de largura nos levou em seu interior. Tudo aqui estava em um
estado surpreendente de preservaçã o como se os habitantes originais
pudessem estar voltando a qualquer momento, talvez de uma excursã o de
piquenique. Dois corredores ramificaram-se a partir do hall de entrada
grande, mas até agora eu nã o podia ver as portas.
Fartuloon apontou para outra escadaria. "Vamos lá para cima", disse e foi
abrindo caminho.
No segundo nível existiam portas. Fartuloon abriu uma delas e fez uma
mesura simulada como que nos convidando para entrar. "Posso mostrar-
lhe a minha segunda casa”...?
Enquanto ainda em sua cadeira ele operou um controle remoto. Uma das
portas do gabinete se abrius. Um conjunto de vídeos estendidos para fora e
sua pequena tela iluminando de uma vez. Eu reconheci a câ mara de
conselho do Tatto.
"Como você pode ver, podemos acompanhar tudo o que está acontecendo
lá em cima. A propó sito, eu nã o trouxe este conjunto para cá . Eu encontrei-
o aqui e funcionando perfeitamente. Também pena que nã o está no
conselho agora, mas nó s vamos pegá -los mais cedo ou mais tarde”.
"É como se seu pai soubesse que isso iria acontecer, Atlan! Agora estou
começando a acreditar que tudo ficará bem. Essa pessoa Sofgart nã o pode
ficar em Gortavor para sempre, se ele ainda continua vivo. Espero que ele
ainda esteja, porque o pensamento de que eu tenha matado um homem é
insuportá vel”.
"Ele nã o é um homem, ele é uma fera", disse Eiskralle, que ouvira seu
comentá rio. "Qual das camas é minha”?
No fundo da escada pode ser visto que conduziram alguem para o palá cio.
Nó s também percebemos um movimento de algum tipo. Três homens
desceram para a Seçã o Azul e uma delas foi...
E ele concluiu: "Eu quero que Fartuloon esteja vivo, bem como a menina.
Você sabe que a recompensa foi oferecida para ambos. Também é possível
que o filho de Fartuloon esteja com eles. Nã o há recompensa oferecida por
ele, mas talvez para a criatura estranha do Chretkor que deve ter matado
pelo menos um Kralasene se nã o todos os três. Onde está o homem que
será nosso guia”?
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Todos eles começaram a caminhar e desapareceram de nossa vista quando
eles sairam do alcance da câ mera escondida.
"Se eles nos encontrarem, teremos que escapar de novo, meu filho. Eu
conheço um caminho que leva ainda mais profundamente em Tarkihl, mas
nã o vamos encontrar cidades mais ou mesmo conforto. Seria uma boa
idéia preparar quatro embalagens de suprimentos para que nã o
perdessemos tempo, se eles chegarem até aqui. Essa é uma tarefa para
você, Farnathia. Eu vou dar uma olhada no sistema de alerta que eu
encontrei aqui antes. Pode ser possível e necessá rio ativá -lo novamente”.
Depois que Farnathia adormeceu, fui para meu quarto. Eiskralle ainda se
sentou na cama e foi vasculhar a sua coleçã o de tesouros. Eu sorri para ele
brevemente e se deitou na minha pró pria cama.
47
****
Eiskralle tinha o reló gio na hora que os viu na tela principal. Fartuloon
mandou-nos para pegar os pacotes de alimentos e armas e nos
prepararmos para a escapada. Ele nos deu 10 minutos, nã o mais.
"De qualquer forma", disse Fartuloon, “eles levaram dois dias para cobrir
esse trecho relativamente fá cil. Eles estarã o exaustos, mas, claro, a visã o
da cidade pode reanimá -los a novos esforços. No entanto, a partir de agora
eles nã o serã o capazes de seguir as pistas se tivermos o cuidado para nã o
deixar nenhuma evidência para trá s. A cidade tem uma dú zia de saídas que
levam a direçõ es diferentes. Nó s tomaremos o caminho mais difícil”.
"Você tem que confiar em mim! Eu sei exatamente o que estou fazendo. A
principal coisa é nos livrarmos de nossos perseguidores. Eu nã o gosto de
deixar a cidade mais do que você, mas é inú til continuar tentando se
esconder aqui, porque mais cedo ou mais tarde eles nos encontrarã o”.
"Além disso”, disse Eiskralle, "os hiperespiõ es terã o que perder pelo
menos uma semana para fazer uma busca completa na cidade. Por esse
tempo estaremos sobre as colinas e bem longe”.
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Eiskralle ter se referido á s colinas nã o foi muito distante da verdade na
medida em que todas as ruas que conduziam para a periferia se
mostravam como aclives suaves em direçã o ao ‘horizonte’. Fartuloon nos
manteve de forma constante em um ritmo rá pido, mas cumpriu com a sua
insistência, uma vez que percebi que ele conhecia melhor quanto de tempo
que dispunhamos. Entramos num tú nel, que em declive acentuado descia
através da rocha só lida para o submundo desconhecido, e quando
está vamos bem dentro dele Fartuloon pediu uma parada.
"É melhor que vocês tomem um bom fô lego aqui", disse ele. "Ainda temos
um longo caminho a percorrer”.
Voltou sobre seus passos até a entrada do tú nel, que era outra das vias
veiculares. Ele espiou com cuidado e olhou para trá s em direçã o à cidade.
Segui e me juntou a ele, incapaz de conter a minha curiosidade por mais
tempo. Farnathia e Eiskralle se sentaram na pedra do meio fio fronteira
com a estrada.
Ele balançou a cabeça sem olhar para mim. "Eu os vejo em pé lá em frente
a nó s, a 2 km de distâ ncia. Pela primeira vez em suas vidas eles estã o
olhando para esta cidade. Eu gostaria de saber o que eles estã o pensando
agora”.
"A cidade vai atrasá -los e muito", eu sussurrei, embora a esta distâ ncia de
mais de dois mil metros nã o poderiam ter me ouvido. "Fartuloon, você nã o
dirá para onde estamos indo”?
Ele sorriu por um momento, mas depois ficou sério. "Tudo bem, eu vou te
dizer. Vamos a algumas á reas de Tarkihl que também sã o desconhecidas
por mim”.
Eu fiquei tenso. "Desconhecidas? Entã o como é que vai nos guiar, se você
nã o conhece qualquer passagem secreta ou o destino a que chegaremos”?
"Descriçã o”? Aqui estava aquele lado dele de novo misterioso que me
obrigaram tantas vezes a perguntar para ele. "Onde você encontrou uma
descriçã o de coisas que é supostamente desconhecida”?
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"Entre milhares de livros na biblioteca do Tatto está lá um em particular
que me deparei. Ninguém parece ter notado o seu conteú do, exceto eu
mesmo. Eu li isso. Ele contém toda a planta de Tarkihl e também as rotas
de fuga para fora da mesma. É claro que algumas coisas que ele continha
nã o ficaram totalmente claras para mim. E também você tem que lembrar
que o livro é muito antigo. Desde que foi escrito lá poderia ter havido
algumas alteraçõ es feitas, seja pela natureza ou pelo homem. Uma coisa
que é certa, ele foi escrito por Arcô nidas e nã o pelos construtores de
Tarkihl".
Pareceu-me ser muito imprová vel que ninguém tenha descoberto este
livro além de Fartuloon. Poderia ser possível para um livro permanecer
em uma biblioteca sem nunca ter sido lido, durante décadas?
Aqui está vamos no profundo coraçã o de Tarkihl que ainda retinha os seus
segredos.
E aqui se deu o primeiro encontro com uma forma de vida que existia
nessas profundidades.
****
Eu ouvira falar dos ‘Garçons Mudos' antes, mas nunca obtera qualquer
informaçã o mais pormenorizada sobre eles. Apenas uma vez em minha
vida eu encontrei uma criatura dessas. Foi em uma das caminhadas na
minha exploraçã o por Tarkihl, mas eu tinha fugido apenas tã o afibado que
nem a observara direito, era uma forma esférica e desconhecida.
A partir de relatos que havia ouvido Eu sabia que ao mesmo tempo eles
haviam frequentado a superfície de Tarkihl com muito mais
frequentemente no passado. Seu propó sito sempre fora uma espécie de
impulso instintivo em servir o Arcô nidas, que nã o tinham nenhum
interesse em aceitar tais serviços. Isso porque eles, sempre a realizavam
tarefas, que nã o fazia sentido para ninguém.
Fartuloon deu uma pasada. "Os Servos Silenciosos", disse ele calmamente.
"Nã o sã o perigosos, mas podem tornar um problema, porque à s vezes eles
ficam no meio do caminho. Aparentemente, eles sã o criaturas que uma vez
serviram os construtores desconhecidos de Tarkihl e sobreviveram a seus
mestres. Nã o temos que temê-los porque sã o inofensivos. Por outro lado,
eles nã o vã o ser de nenhuma ajuda para nó s, porque nã o há como se
comunicar com eles”.
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Farnathia segurou meu braço com tanta força que quase gritei de dor. "Os
Servos Silent”! Exclamou ela. "Já ouvi falar deles”...
Fantasmas!
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Ela tateou alguma coisa no bolso de seu casaco e, em seguida, puxou para
fora. Era um rolo de fita marcadora. Na verdade, era...
"Como você pode fazer uma coisa dessas”? Eu perguntei em voz baixa.
"Nem Eiskralle percebeu”?
Minha mente em raciocínio corria velozmente. Uma coisa era certa que
tínhamos que nos livrar do marcador que havia sido colocado pelo
caminho. Mas qual dentre nó s iria refazer o longo caminho que tinhamos
percorrido a fim de recolher o fio revelador?
Apesar do meu amor por ela isto nã o fez diferença para mim. Nossas vidas
estavam em jogo. "Espere aqui, Farnathia. Eu vou fazer isso por você, e nã o
tenha medo. Eu acho que seu marcador de trilha será a nossa salvaçã o
destes Servos Silenciosos".
Fui ao meu pai adotivo e relatei-lhe o que Farnathia havia feito em sua
ansiedade. No começo, ele ficou irritado, mas depois quando mencionei os
Servos Silenciosos seu rosto se iluminou. Eiskralle estava conosco e nos
brindou com seu sorriso vítreo.
"Essa é a soluçã o!", Exclamou Fartuloon. Ele pegou a ponta fita marcador
que Farnathia lhe entregou e foi até para o pró ximo Servo Silencioso.
"Enrole!", Disse ele lentamente e de forma muito clara. "Você pode
entender isso? Enrolá -lo”! Ele demonstrava por meio de mímica por alguns
metros e, cuidadosamente, coletando na forma de um novelo como uma
bola. "Basta manter e seguir o fio até chegar à cidade”.
Ele parecia saber de tudo, mas ainda nã o estava disposto a revelar para
nó s.
5/ O Mar da Escuridão
Ao longe, quanto mais nos aproximá vamos mais alto o barulho se tornava.
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Eiskralle começou a tremer quando ficou mais frio. Finalmente ele parou.
"Eu vou espatifar em pedaços, Fartuloon, porque estamos andando em
uma galeria de gelo. Isso nã o é bom para minha saú de”!
Até Mesmo Fartuloon fez uma parada, juntamente com Farnathia e eu.
"Galeria de Gelo”? Ele repetiu as palavras, pensativo. "Nã o, isso nã o é uma
caverna de gelo, Eiskralle. Estamos, provavelmente, aproximando-nos do
reservató rio de á gua que fora deixado pelos construtores de Tarkihl. Ele
tem pouco a ver com gelo”.
"Estou ciente disso, mas mantenha a calma. Uns poucos graus de diferença
nã o quebrarã o você. A variaçã o térmica é muito pequena”.
Nó s seguimos em frente.
O piso tornou-se ú mido e escorregadio ao passo que antes tinha sido seco
como areia. Eishralle choramingava e repreendia a si mesmo o tempo todo
e a cada 5 minutos previa sua pró pria morte. Felizmente, porém,
estavamos acostumados a seus caprichos e fomos capazes de ignorar a sua
tagarelice.
Um fenõ meno muito natural é o que ocorria aqui. Uma grande quantidade
de umidade infiltrara-se na rocha que nos envolvia no tú nel, elevando o
nivel de umidade do ar, o que retirava calor dos corpos, entã o eu e
Farnathia sentíamos muito frio, assim tirei meu casaco e o coloquei acima
do seu. Apó s uma pequena pausa nó s continuamos sem mais interrupçã o.
Apesar do frio eu sentia sede. Desde que deixamos a cidade que nã o tinha
uma gota de á gua para beber.
55
"Vamos em breve atingir o grande lago subterrâ neo", ele disse, quando
começou a desembrulhar os pacotes de comida. "Vamos fazer uma pausa”.
"Tudo bem entã o”... Eiskralle mastigou a comida com sua boca
transparente. "O que vem a ser esse grande lago que você mencionou”?
"Nã o sei", respondeu Fartuloon. "Só sei do lago, eu mesmo, a partir das
descriçõ es que li. O que estamos ouvindo deve ser a cachoeira que o
alimenta. Que se coaduna com a descriçã o".
Ele balançou a cabeça. "Você pode estar certo, Atlan. Tradiçõ es sã o muitas
vezes falsamente interpretadas. Isso acontece em todos os mundos”.
56
Farnathia conseguiu comer alguma coisa, embora com esforço. Senti-me
mais sedento do que nunca. Finalmente, depois de horas, pareceu-me,
Fratulon deu-nos um sinal para que desmontá ssemos o acampamento. Nó s
arrumamos nossas mochilas e seguimos. Agora ele estava carregando a
lanterna e avançava muito lentamente. A cada passo o som estrondoso
aumentava. Eu pensei que já podia sentir a umidade no ar. Eiskralle, que
mantinha a retaguarda, ficava resmungando que simplesmente nã o
suportaria mais e que a qualquer momento quebrar-se-ia todo em uma
nuvem de gelo.
No primeiro momento parecia que está vamos mais uma vez diante de uma
cidade, exceto que agora era de á gua. A caverna possuía dimensõ es
semelhantes e o mesmo tipo de céu artificial em arco acima dela com um
sol atô mico em seu centro. Claro que brilhava só muito vagamente agora,
como se fosse noite de acordo com a programaçã o automá tica, há muito
tempo, inserido.
Tirei meu pacote e andei sobre a costa rochosa. A á gua era relativamente
suave e as ondas se esgotavam na borda, suavemente. Com a minhas mã os
em concha peguei o líquido freco e bebi. Ele tinha um gosto bom e muito
agradá vel. Os outros, logo, seguiram meu exemplo. Depois disso fomos em
frente, rentes à parede do penhasco à nossa esquerda e do lago à nossa
direita, até chegarmos a um local protegido, que era relativamente seco. Os
fragmentos de rocha em torno de nó s serviam como bancos improvisados
e sentamo-nos.
57
Eiskralle se esquecera dos seus medos e perguntou: "E o que acontecerá
daqui em diante, Fartuloon? Você leu este livro misterioso que nenhum de
nó s conheceu. Você voltará a levar-nos de volta à luz do dia”?
Fartuloon olhou penetrantemente para ele e depois sorriu. "Você está com
frio”?
"Claro que eu estou com frio, Fartuloon!" Retrucou o Chretkor. "Mas eu lhe
fiz uma pergunta”.
"Você quer dizer, aonde vamos daqui? Eu tenho que me lembrar de onde,
Eiskralle. Eu só li partes do livro e na época eu nã o sabia que necessitaria
desse conhecimento tã o de repente. Mas você pode ter certeza que vamos
encontrar o limite”!
Fartuloon epa sua expressã o facial parecia indicar que ele tinha falado
demais. "É uma designaçã o para algo que eu li no livro. Eu nã o sei o que
isso significa, mas em qualquer caso, é provavelmente uma saída. Este lago
é uma das estaçõ es que foi indicada ao longo do caminho. Entã o,
aparentemente estamos no caminho certo”.
Isso foi tudo que Eiskralle conseguiu tirar dele. E eu nã o estava disposto a
tentar fazer mais.
Depois de algum tempo Fratulon disse: "Nó s temos que seguir a costa pela
esquerda até encontramos a ú nica passagem que leva de volta para
Tarkihl. Depois disso vamos chegar ao Rio Só rdido, pelo menos, é assim
que o livro se refere a ele. Eu nã o posso imaginar o porquê”.
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"E sobre o lago"? Perguntou Eiskralle. "É cada vez reabastecido com á gua
como se houvesse também uma reserva. Em algum lugar ele deve chegar à
superfície novamente”.
Ele estava certo de novo a esse respeito, mas nossa situaçã o era
desesperadora, a menos que ele pudesse encontrar um caminho. O que
seria esse limite ao qual tinha acabado de se referir?
Eu me senti com vontade de descartá -lo no lago, mas em vez disso, virou-
se para Fartuloon. "Para onde vamos primeiro”? Eu perguntei.
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À nossa frente à margem fez uma curva acentuada e apareceu uma saída,
como se apó s uma entrada. Notei que Fartulron de repente aumentou o
passo como se tivesse reconhecido outro sinal mencionado no livro.
Fartuloon guiou-nos até lá e depois parou. "É isso aí”! Exclamou como que
aliviado de um fardo pesado. "O caminho para o Rio Mucky”!
Parei e virei para ele, exasperado: "Você sabe que eu estou começando a
me irritar com você, meu pequeno amigo. Apesar dos nossos conselhos
para que você se agasalhe e se aqueça, continua correndo e caminhando
quase nu. Nã o é de admirar que você esteja congelando. Agora mantenha a
boca fechada, poderia"? É verdade que eu estava sendo um pouco duro
com ele, mas sua tagarelice eterna e queixumes contínuos nos lembravam
de sempre do quanto realmente estava frio.
"Ah sim, mas o que sigifica o sinal”? Perguntei-lhe assim que estudei a
gravura incompreensível. Havia duas linhas onduladas que se pareciam
grá ficos senoidais.
Ficamos onde está vamos e vimos uma das lâ mpadas acender do outro
lado. A porta secreta nã o dera nenhum sinal de que iria se fechar
novamente. Eu ainda podia ouvir os passos de Fartuloon por algum tempo,
até desaparecerem.
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passos novamente. Pouco tempo depois vimos à luz de sua lanterna e lá ele
ficou diante de nó s.
Uma vez que estavamos dentro da nova passagem que ele acuionou a
fechadura deslizante da porta de rocha atrá s de nó s, de modo que nenhum
perseguidor seria possível de nos rastrear. Entã o, ele assumiu a liderança
novamente.
"Antes de chegarmos ao Rio Mucky temos que passar por inú meras
câ maras. Eu dei uma olhada em algumas delas agora. Estou imaginando
que elas sã o o que resta de zonas de barreiras antigas ou quem sabe,
algum tipo de laborató rios experimentais. O livro também os menciona,
embora, naturalmente, nã o chegou a dar qualquer explicaçã o razoá vel a
respeito de suas existências. Se vocês tomarem cuidado de sempre
fazerem o que eu disser, aqui vocês nã o vã o se ferirem”.
"Quando chegar a hora, Atlan. Eu ainda nã o sei muito mais do que o resto
de vocês. Na primeira câ mara, nã o há gravidade, como eu descobri. Essa
parte nó s podemos lidar, mas com o que vem depois disso... bem, vamos
ver”.
Ele parou quando chegamos à primeira câ mara, e vimos que estava muito
vazia. Isto é, com a exceçã o de anéis e outros dispositivos de gurada-mã o
(argolas fixadas nas paredes) eu descobri nas paredes, mas a uma altura
de 5 metros sobre nossas cabeças. Isso servira para me convencer de que
os criadores desconhecidos de Tarkihl tinham usado esta câ mara para
treinamento de futuros astronautas sob a condiçã o de ausência de peso.
62
Sussurrei para Farnathia: "Vá à minha frente para que eu possa ajudá -la se
você tiver qualquer problema”.
Ela assentiu com a cabeça, mas nã o disse nada. Enquanto isso, eu mantive
um olho em Fartuloon. Pisou com cuidado sobre o limite invisível para a
câ mara e tomou um impulso. Mas bem na hora saiu do chã o e partiu
diretamente para cima com facilidade e sem peso até sua mã o estendida
tocar o teto. Apesar de ter corrigido o seu curso a partir daí ele começou a
virar e torcer no ar. Quando ele pegou o anel pró ximo, ele parou o vô o por
um momento. Ele nos deu um sinal de encorajamento e depois voou para
frente em uma linha direta para a abertura da passagem de saída. Pouco
antes de ele chegar lá ele pegou outro anel de suporte. Enquanto segurava
ele empurrou os pés para frente o suficiente para que ele pudesse sentir a
gravidade novamente. Só entã o ele soltou e ele caiu sobre de quatro, como
um felino, dentro da passagem.
64
que ele estava numa batalha interna, mas, felizmente, podíamos nos
comunicar. O quarto nã o isolara as nossas vozes.
Fartuloon chamou-lhe: "Se você andar rá pido só vai levar alguns segundos.
Nada vai poder acontecer com você”.
"Bobagem, você vai fazer isso, você tem que fazer! Entã o deixaremos tudo
para trá s. Em frente fica o Rio Mucky".
Continuamos por uma hora sem qualquer sinal do barulho das á guas, mas
de repente lá está vamos nó s, de pé na margem do rio. Quando vi a massa
lentamente se movendo diante de mim eu soubea de vez por que o autor
desconhecido do livro misterioso tinha chamado de ‘Mucky River '.
Nã o era á gua que fluia neste curso subterrâ neo, mas sim um caldo espesso,
de aparência pastosa como esgoto que me lembrou de melaço. Acima dele
um teto arqueado, em rocha crua e elevado, e que era fosforescente. Eu
calculei que o rio possuia cerca de 200 metros de largura. Fluia a partir de
nossa esquerda para a direita, lentamente e maciçamente como chumbo
líquido ou mercú rio.
"Vamos descansar um pouco aqui e depois vamos pensar sobre isso", disse
Fartuloon. "Até agora nó s sempre encontramos uma soluçã o”.
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6/ O Rio Sujo
Atrá s de mim Fartuloon disse: "Nó s temos que atravessar este rio. O livro
deixa isso muito claro. Mas parece ser impossível. Se tivéssemos um barco
de algum tipo”...
"O que está faltando", respondi sem esperança, “sã o alguns dos mó veis que
vimos na cidade. Com isso, poderíamos ter construído uma jangada”.
"Mó veis!" Eu me virei para vê-lo olhando para mim com um novo
entusiasmo. "No livro havia mençã o de quartos mobilados, que estariam
localizados entre o limite e o rio. Aparentemente, passamos por eles em
nosso caminho até aqui. Você espera com os outros que eu vou dar uma
olhada”!
Ele estava certo. Poderíamos ter passado por uma dú zia de passagens
secretas, sem perceber-las.
"Está com medo?" Eu perguntei apenas para ter algo a dizer e tentando
esconder minhas emoçõ es.
Ela olhou para mim. "Eu nã o tenho medo porque você está comigo”.
Ela estando bem perto de mim. "Se ele consegue ou nã o, o mais importante
é que estamos juntos. Eu só temo por meu pai. O Cego irá vingar-se nele”.
"Ele nã o tem qualquer razã o para tanto, principalmente tudo o que você
fez foi tentar se defender. Ele sabe disso muito bem. Nada vai acontecer
com o Tatto".
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Ele voltou meia hora depois. "Estamos com sorte", ele nos informou e
sentou-se. "É claro que vamos ter de arrastar o material por meio
quilô metro. Mas nó s vamos construir a jangada”.
"Eu já pensei nisso", disse Fartuloon, “por isso, dei um olhar mais ao redor.
A poucas salas de distâ ncia há uma oficina. E numa emergência temos o
projetor tpermico. Este material nã o pode defender-se de um raio
térmico”.
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Quando eu expressei minha preocupaçã o com o peso do material,
Fartuloon procurou tranquilizar-me. "A lama vai supotá -lo", disse ele. "O
peso específico desse material é maior do que o da á gua. Essa é a minha
menor das minhas preocupaçõ es. O que eu estou querendo saber é sobre
se conseguiremos avançar bastante sobre a lama para realmente
atravessar. De qualquer forma o escritor do livro deve ter feito isso ou ele
nã o teria sido capaz de descrever o que está além do rio”.
Farnathia ajudava sempre que podia, mas principalmente eu via seu olhar
vagar em direçã o ao outro lado do rio, onde todos os detalhes eram
ocultos pela névoa pá lida. Estava claro para todos nó s que esta seria uma
aventura rumo a incertezas, mas nã o podiamos nem permanecer onde
está vamos, nem voltar a trá s.
Que tínhamos algo para comer enquanto Fartuloon voltou mais uma vez
aos quartos para obter á gua potá vel. Ele trouxe-nos duas latas cheias que
foram localizadas na oficina e estas nó s carregamos na balsa junto com o
equilíbrio de nossas provisõ es. Só entã o podemos colocar nossa balsa
improvisada no rio lamacento.
Eu fui o primeiro a ouvi-lo. Era uma espécie irregular de som como pingos
pesados. No começo era fraco e distante, mas a cada minuto passado se
tornava mais alto, vindo da direçã o em que íamos à deriva. No começo eu
nã o era capaz de identificá -lo, mas finalmente uma suspeita terrível me
atingiu.
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Nó s tínhamos a muito ultrapassado o meio do rio. É ramos, agora, capazes
de impulsionar e avançar mais rapidamente, embora nã o o
suficientemente rá pido para sermos capazes de recuperar o fô lego para
um ú nico sprint. Os sinistros sons salpicos e respingar das gotas de lama
caindo se aproximava mais e mais.
Eu lutei para manter claro na minha mente a visã o horrível do que estava
por vir. Eu via nos redemoinhos sobre a borda de pedras a jangada frá gil,
dominado pela corrente enxurrada, de lama sem nome ou mesmo
submerso nela. Está vamos nos preciptando para o abismo e, talvez, de
mergulhar em um lago do xarope pegajoso. Talvez nó s vir para cima e
talvez nã o. Em qualquer caso, nã o seria capaz de respirar e nó s em ú ltima
instâ ncia se afogar.
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Mantivemo-nos aproximando da margem, onde eu podia ver o contorno de
um caminho estreito. Se pudéssemos alcançá -lo estaríamos salvos, pelo
menos por enquanto. Mas a queda para o lago abaixo estava apenas a 100
metros agora.
"Esperem aqui", disse ele aos outros dois. "Atlan e eu vamos dar uma
olhada no lago"...
"Eu acho que nã o foram mais além deste ponto", disse Fartuloon, “mas eu
tive que conferir. Temos que ir rio acima, até chegarmos à pró xima
passagem. E entã o vamos em frente”.
Ele me olhou com uma expressã o estranha, mas respondeu: “Para o limite,
meu filho".
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Mais uma vez eu decidi nã o perguntar mais. Ele devia saber o que estava à
frente de nó s e até agora ele nos guiara bem. Eu coloquei minha completa
confiança nele.
Ele balançou a cabeça. "E isso o que faremos, mas nã o aqui. Uma vez que
tenhamos encontrado a passagem nã o estarã o longe à s câ maras, onde os
antigos tinham seus alojamentos. Lá nó s vamos ter um descanso completo
porque temos que pensar em Farnathia".
Quando nos voltamos para os outros com nosso plano e eles ficaram
visivelmente decepcionados que ainda restava mais uma caminhada e o
descanso sonhado fora adiada. Pegamos nossos pacotes e marchamos rio
acima, até que finalmente descobrimos o tú nel que procurá vamos bem
rente a parede rochosa. Vimos que o caminho a frente continuava ao longo
da margem do rio.
Nã o fiz perguntas por que a fadiga pesavao sobre nossos membros como
chumbo. Se eu pudesse teria votado por 2 ou 3 dias de descanso. Era fá cil
de ver que Farnathia também aderiria com gosto este período para
recuperaçã o. Apenas Eiskralle parecia estar fresco e alegre, mas isto foi
provavelmente devido ao fato de que a temperatura ambiente girava
constantemente em um nível de cerca de 70.
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proteçã o e segurança, que era a principal coisa. Houve até conveniências
extras como novas instalaçõ es de á gua e banheiros.
“Só um dia”!
7/ O Limiar Enfim!
Isso era tudo. Ela só serviu para aprofundar o mistério. Com quem
Fartuloon tina a intençã o de negociar e o quê?
Mas o que seria essa dificuldade, entã o, e com quem ele estaria tentando
negocial?
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Meu otimismo original tinha diminuído um pouco. Tudo parecia muito
diferente para mim quando nó s tínhamos resgatado Fartuloon de seu
calabouço e conseguimos fugir. Mas agora está vamos em fuga há dias e
nã o tinhamos ido muito longe, onde a distâ ncia estava em causa. Ainda
está vamos localizados dentro de Tarkihl em algum lugar, mas mesmo que
o mundo lá chegasse ao fim, nã o iriamos perceber isso. Está vamos tã o
perto e tã o isolados de tudo.
Ele falou baixinho para nã o despertar Farnathia. "Entã o, que nos dá tempo
agora para comer alguma coisa. Estou com uma fome de... como”...
Ele estava certo. Nã o havia nada que pudéssemos fazer sobre a nossa
situaçã o no presente, até Fartuloon retornar. Até entã o, nó s pretendíamos
fazer o melhor uso de nosso tempo.
E era ele.
"Vocês finalmente estã o acordados”? Ele disse quando entrou na sala. "Eu
estava começando a pensar que vocês poderiam dormir por pelo menos
duase semanas ainda. Vocês acharam o meu bilhete”? Ele perguntou
quando se sentou.
Ele deu de ombros. "Nem uma palavra, mas suas açõ es e gestos indicam
muito claramente que eles nã o estã o deixando ninguém passar. Eles estã o
bloqueando o caminho para o Limiar".
Eiskralle falou um pouco afobado. "Por favor, diga-nos, uma vez por todas,
o que este é negó cio de ‘Limiar’”?
"Poderíamos usá -los para pinos puck", sugeriu Eiskralle. Ele se referiu a
um jogo antigo, mas que já foi popular que era um pouco semelhante ao
boliche, exceto que um metal pesado "puck" era usado em vez de uma bola
de boliche.
****
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Uma hora mais tarde, embalamos nossos suprimentos e seguimos
Fartuloon por um corredor muito espaçoso, que para nosso espanto estava
bem iluminado. O ar também estava fresco e puro. Aqui tudo parecia estar
funcionando tã o bem como sempre e ha milhares de anos.
"Será que você vê isso", gritou Fartuloon quando parou. "O que devemos
fazer? Nã o respondem a qualquer tentativa que fiz e deixei as nossas
intençõ es bem claras para eles. Entã o, eles devem saber que queremos
passar. Mas nos impedem”.
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O que aconteceu entã o foi espantoso para dizer o mínimo: 4 ou 5 das
criaturas bolhas atiraram-se sobre Eiskralle e conseguiram levantá -lo do
chã o. Eles o pegaram-no com seus frá geis braços à procura e o levaram
embora.
Porém Fratulon realizada nos de volta. "Claro! É isso aí! ", Exclamou. "Por
que nã o pensei nisso antes?"
"O que faz você pensar que eles o levarã o ao ‘Limiar’ ou que vamos
encontrá -lo lá novamente? Poderia muito bem ser que eles o sequestraram
para outro lugar e talvez até mesmo venham a matá -lo."
Foi uma sensaçã o estranha de entrar no meio dos mais silenciosos e tê-los
levantar-nos imediatamente para o ar. Agarrei-me firmemente a Farnathia
com a minha mã o esquerda, enquanto agarrando a coronha do meu
projetor de impulso com o outro. Eu estava determinado agora que eu iria
usar a arma em caso de emergência se os nossos adversá rios eram as
formas de vida orgâ nica ou andró ides.
Está vamos todos sendo levados na mesma direçã o. Eu já podia ver Garra
Ice à distâ ncia. Eles tinham-lo e ele estava lá com um olhar de estupefaçã o
no rosto. Ele agarrou freneticamente o pacote de comida para ele, mas os
Servos silenciosos nã o tentaram tirar isso dele. Seu rosto se iluminou
consideravelmente quando eles também nos trouxeram para a sala onde
nos colocaram sobre nossos pró prios pés. Silenciosamente como sempre,
as criaturas, em seguida, retiraram-se.
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"Bem", disse Fartuloon, “talvez eu superestimasse o problema, se ele
nunca fora um. Claro que nã o me ocorreu apenas para saltar no meio de
todas aquelas coisas bolha porque para uma coisa que eu nã o tinha
qualquer cobertura apoio no momento. Como eu ia saber que só queria
ajudar quando eles estavam no caminho"?
"Bem, eu gostaria de saber uma vez por todas o que este ‘Limiar’ é", disse
Ice Claw.
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Pegamos a passagem para a esquerda.
Desta vez, fomos levados para uma sala que se encheu de telas de videos
que foram construídos, nas paredes revestidas de metal em intervalos
regulares. Em cada uma destas havia pequenos consoles de controle com
uma cadeira na frente de cada um deles. Era um centro regular de
comunicaçõ es!
"É este deveria ser o ‘Limiar’?" Ofegante Ice Claw, que estava bastante
exausto por agora.
O resto de sua declaraçã o era ó bvio. Ele estava certo, é claro, porque um
pouco de descanso nos faria bom, especialmente Farnathia. Mas até agora
nenhuma queixa tinha vindo de seus lá bios.
Mas entã o eu ouvi o que ele estava dizendo. "... Desmantelar ou demoli-la.
Um destes dias Tarkihl vai ser explodido porque é usado por criminosos
como um lugar para se esconder. O Tatto vai ter um novo palá cio, é claro,
mas temos que acabar com relíquias antiquadas do passado, quando sua
hora chegar".
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"Ele só escuta o que eu digo Tatto", gritou Sofgart. "Esqueceu-se que era
sua filha que tentara me matar? Eu poderia prendê-lo como
corresponsá vel por isso”.
"O que você nã o pode Sofgart, apesar de seu enorme poder! Cace sua
presa, mas se você vai atraz de minha filha e de Tarkihl estará sozinho”!
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transmissores e Hipercomunicadores... bem, vocês verã o. Isso, se nó s
pudermos encontrar o ‘Limiar’".
Mais uma vez Fartuloon fez da mesma maneira quando entramos no tú nel
que ainda nã o tinha sido explorado. Nã o é fá cil para eu descrever a emoçã o
que tomou conta de nó s quando nó s o seguimos. Desde o início de nossa
fuga até o ‘Limiar’ que fora nosso objetivo, mas nenhum de nó s poderia
sequer imaginar o que poderia ser. O misterioso livro que Fartuloon tinha
revelado ser a nossa salvaçã o, por isso, se todas as outras instruçõ es do
livro acabaram se confirmando, até agora, isso é o que veríamos!
Mais uma vez as paredes do tú nel eram feitas do mesmo metal como o
bronze que me acostumara nos níveis superiores. Emitia um brilho suave e
constante de sua pró pria substâ ncia. Nossas lanternas nã o eram mais
necessá rias.
Poderia ter sido descrita como tendo a forma esférica, exceto pelo fato de
que o chã o era plano e liso. Em comparaçã o com as câ maras do outro lado,
que já visitamos. Este espaço onde o chã o era bastante restrito, composto
de apenas alguns metros quadrados. No entanto, a partir da entrada as
paredes curvadas e convexas em arcos de profundidade e, em seguida,
arqueadas amplamente acima de nó s para formar um teto abobadado,
como um cofre. Por isso, era na verdade uma esfera com o piso plano.
Elas eram janelas para outras dimensõ es, ou era simplesmente algum tipo
de fotoimagem?
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Fartuloon fez um sinal para nó s. “Permaneçam onde estã o. Tenho que
verificar minhas informaçõ es”.
Ele foi até uma das “janelas” de quartzo e começou a manipular alguns
controles que estavam abaixo dela.
E agora eu tinha tempo pra dar uma olhada nas assim chamadas foto
imagens. Uma delas mostrava uma selva com um lago pantanoso onde
gigantescos sá urios se alimentavam. Ao lado dela, havia uma cidade
moderníssima, aparentemente a cidade central de um mundo pertencente
ao Grande Império. E ao seu lado havia o negrume do espaço e o brilho das
estrelas do universo como me lembrava de já ter visto em filmes. Havia um
lento movimento no campo de estrelas como se a cena estivesse sendo
capturada por uma câ mera a bordo de uma espaçonave viajando a
velocidade da luz. O resto das telas cô ncavas revelavam planetas desertos,
paisagens cultivadas ou mundos em avançado estado tecnoló gico.
O Deserto da Aranha!
Ele virou ligeiramente a cabeça para olhar de forma significa para mim e
Eiskralle. “Elas sã o reais e estã o no presente,” disse-nos. “O que vocês
estã o vendo aqui é a realidade, o presente. Isto é o ‘Limiar’”.
“Nada mais do que uma estaçã o transmissora. É claro que um tipo especial
de transmissor. Ele tem funcionado por milhares de anos e nunca fora
desligado. O autor do livro que falei sempre contava a estó ria de como ele
penetrou tã o profundamente dentro de Tarkihl e sobreviveu para retornar
do exterior – mas ele voltou em uma nave de Arcon”.
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Eu o encarei como se ele fosse um fantasma. “O que você está tentando nos
dizer”?
“Simples, meu rapaz”. Ele apontou para uma das telas onde uma
hipercidade era vista com edifícios em formato de funis invertidos. ”Ele
simplesmente entrou nesta imagem”.
“Gortavor”?
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caminhos, relativamente, mortais. Ninguém se aventuraria a ir a tais
lugares, nem mesmo Sofgart o Cego e seus Kralasenes.”
Eu estava ouvindo somente com um ouvido, por assim dizer, pois a tela me
fascinava muito mais. Se nã o estivesse autoconsciente, poderia submeter-
me a um impulso e dar um passo direto para o meio da imagem. Ela tinha
um efeito hipnó tico sobre mim. Farnathia segurava com força meu braço
como se ela suspeitasse o que se passava comigo.
“E tenho escolha”?
Senti os dedos de Farnathia apertarem com força meu braço assim que
Fartuloon pisou corajosamente na semiesfera parecida com quartzo da
tela e desapareceu dentro da cena do deserto.
Fora isto, o deserto estava vazio. Para nó s nã o teria volta para Tarkihl. O
transmissor havia desaparecido.
Eiskralle nã o foi o ú nico a se espantar com isso, porque minha reaçã o foi à
mesma que a dele. Tinha ouvido muito sobre este país do Norte onde devia
haver incríveis massas de gelo e neve. Para Eiskralle era o lugar onde ele
explodiria em milhares de estilhaços se ele realmente fosse para lá .
Entretanto, antes de tudo, pensei em Farnathia. Nã o está vamos
suficientemente equipados para empreender tal jornada. Eu disse isso a
Fartuloon.
O sol logo se poria. Ficaria entã o, escuro e frio. Entretanto, ainda tínhamos
nossas jaquetas quentes e a capa de Farnathia. Nã o poderíamos acender
nenhuma fogueira porque seria imediatamente detectada por qualquer
patrulha aérea.
Para o Norte...
.......
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