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RESUMO
A sexualidade inicia-se desde o nascimento, e não há idade fixa para seu término.
Porém, conforme ressalta Foucault (1988b), ela pode ser bloqueada por forças externas advindas
do discurso da família, da religião, da mídia, entre outros, razão porque é necessário um
trabalho de desconstrução e/ou desmistificação das crenças e dos estereótipos veiculados.
Grande parte das mulheres que frequentam a clínica psicológica reclama, todavia do
fantasma da disfunção sexual e afirmam que esta situação contribui para a grande parte de suas
insatisfações e frustrações. As mulheres que apresentam tal disfunção, demonstrando situação
sexual que as atrapalham e as torna infelizes manifestando frustração, dor e culpa (Furlani:
2003).
A mulher frígida vive numa espécie de "prisão", aguardando que seu parceiro muitas
vezes abra sua cela. Este conceito é totalmente ingênuo já que para a mulher a solução não passa
por alguma experiência sexual diferenciada, mas a mensagem clara é ter de mudar sua condição
de percepção de mundo, abandonando anos de construção de um modelo psicológico. Qualquer
conselho ou idéia mirabolante para vencer a frigidez estará fadado ao fracasso, pois há um vazio
absoluto na mulher perante tal tarefa. O que existe é um legado deixado por herança dos medos,
mitos e crenças errôneas a respeito da sexualidade para própria sexualidade (Furlani: 2003;
Foucault: 1988a.; Foucault: 1987b).
Auguste Comte defendia um único método para todas as ciências a fim de alcançar o
conhecimento positivo, entendido como aquele que é real, preciso, útil e objetivo. Logo a
filosofia positivista aplicada às ciências propunha à investigação destas leis partindo dos fatos e
do raciocínio lógico que regem os fenômenos. Nesta perspectiva a sexualidade humana pode ser
estudada a partir das leis naturais dentro de uma dinâmica de causa e efeito que rege o
organismo biológico (Comte: 2014).
Para Foucault (1979; 1999), a partir do Século das Luzes que o corpo é descoberto como
objeto e alvo de poder e aí que o corpo, enquanto objeto de desejo, de prazer, o dispositivo de
sexualidade vai atuar. Sendo o lugar do sexo onde se manifesta a sexualidade, o corpo que
trabalha, precisa ser controlado, disciplinado, vigiado e acima de tudo, precisa ser saudável para
servir e produzir a força do trabalho. É nessa perspectiva que o poder disciplinar investiu sobre
o corpo.
Este poder é caracterizado pelo espaço, pelo tempo e a vigilância como principais
instrumentos de controle. Estas se desenvolvem em instituições como a escola, o hospital, a
prisão, o quartel e o convento, sociedade e na própria família que usa desse poder para
controlar, proibir e disciplinar (Foucault: 1987a).
significado de emancipado. Isso fazia com que muitas mulheres tivessem conceitos errados a
respeito de si e da sua sexualidade (Foucault: 1988a; Giacoia Júnior: 2004).
Outro ponto que merece reflexão neste sentido também se trata da facilidade que o
menino tem desde pequeno em tocar seu genital em contraposição à menina que dificultada pela
anatomia da genitália feminina que disposta de forma a não lhe permitir, ou ao menos dificultar
o toque. Nos momentos da micção o menino leva vantagem com relação à manipulação já que a
disposição do pênis permite o toque durante o processo de direcionar o jato da micção enquanto
que a menina não tem estas disposições ao seu alcance neutralizando o contato que
desenvolveria a sexualidade e o conhecimento do corpo interditado pela moral que não permite
a ela o toque dos dedos descobridores (Valle: 2006).
Segundo Foucault (1988a; 1988b), diz-se que no inicio do século XVIII ainda vigorava
certa franqueza quanto às praticas e experimentações da sexualidade e das particularidades dos
atos sexuais. As práticas não procuravam o segredo; as palavras eram ditas sem reticência
excessiva e, as coisas, sem demasiado disfarce, tinha-se com o ilícito uma tolerante
familiaridade. Eram frouxos os códigos da grosseria, da obscenidade, da decência, se
comparados com os do século XIX. Gestos diretos, discursos sem vergonhas, transgressões
visíveis, anatomias mostradas e facilmente misturadas, crianças astutas vagando, sem incomodo
nem escândalo, entre os risos dos adultos: os corpos “pavoneavam”.
A partir da era vitoriana, a sexualidade vira tabu: assunto proibido, cheio de mistérios,
circunscrito às quatro paredes do quarto. O sexo e suas intimidades são confiscados pela família
conjugal. Tudo que divisa com essa forma de agrupamento humano começa a tratar o sexo
como algo que não se deve mencionar ou praticar abertamente (Foucault: 1988a).
Essa repressão moderna do sexo se sustenta no fato de coincidir justamente com a época
de desenvolvimento pleno do capitalismo. Assim, uma coisa justifica a outra: o trabalho
sobrepõe o prazer, aprisionando-o ao fator da procriação.
Existe uma relação intensa entre poder e sexo. Quem domina o discurso aberto e
transgressor passa a emanar uma autoridade interessante ao passo que aqueles que não se
encaixam na lógica vitoriana de sexualidade e fogem à regra do que é considerado correto e
respeitável deixam de serem vistos como sérios ou confiáveis. Estes conceitos e preconceitos
determinam comportamentos restritivos e impeditivos no sentido de vivência saudável da
sexualidade o que contribui com o adoecer feminino moralizado.
A sexualidade é tida durante muito tempo como anomalia que não devem ser somente
punidas, como também extintas e entre elas a homossexualidade, tanto masculina quanto
feminina e todas as variações sexuais que se pareçam com estas sexualidades podem ser
castigadas com as interdições e repressão.
Devido a esses fatores descritos acima e outros, a sexualidade feminina não ainda não
tem lugar de normalidade ou necessária. Muitas pessoas ainda de fato não sabem o que sexo
significa para o ser humano e que está implicado com seu lado fisiológico, que são como os
hormônios, necessário para a sobrevivência.
Segundo Arán e Peixoto Júnior (2007) na obra intitulada “Corpos que pensam: sobre os
limites discursivos do sexo”, a feminista militante, Judith Butler faz uma reflexão
epistemológica a cerca dos conceitos que permeiam a sexualidade humana apresentando os
limites discursivos de cada perspectiva. Entretanto parece corroborar com a idéia construtivista
quando defende que a sexualidade humana é resultante do processo de materialização da norma
construída socialmente, assim como da materialização da norma excluída que subverte a norma
dominante.
Em geral, tende-se a pensar que existe uma separação entre o poder da regulação-
entendido como uma estrutura unificada e autônoma- e o próprio gênero, como se o
primeiro agisse reprimindo e moldando os sujeitos sexuados, transformando-os em
masculinos ou femininos. (...) Essa concepção deriva fundamentalmente da teoria de
poder formulada por Michel Foucault, na qual o poder não atua simplesmente
oprimindo ou dominando as subjetividades, mas opera de forma imediata na sua
construção (2007; p. 132).
A mulher e a menopausa
Isso ocorre quando a mulher entra na fase da vida que apresentam mudanças nas
respostas sexuais, havendo amplos estudos que apontam para fatos impeditivos da satisfação
sexual e a diminuição das frequências da atividade sexual que podem diminuir com a transição
menopáusica. É a transição do climatério a fase mais complicada da vida emocional e sexual da
mulher quando atinge o ápice da maturidade em plena atividade para o trabalho e produção.
Embora o climatério seja uma condição fisiológica normal, o qual será vivenciado por
todas as mulheres envolve mais que o fim da fertilidade. Estes processos biológicos de
influencia de regulação hormonal aceleram também o sistema de envelhecimento e
conseqüentemente afeta os sentimentos e a autoestima da mulher.
Após um ano sem menstruar podemos afirmar do ponto de vista biológico que a mulher
está passando pelo período específico da menopausa. Caracterizado pela insuficiência ou
incapacitação dos folículos ovarianos para a produção de estrogênios, ou estrógenos, nas
concentrações necessárias para a produção saudável e suficiente de ovulação e consequente
menstruação.
Por fim, a pós-menopausa, que se inicia um ano após a amenorreia, decorre desde o final
da menstruação até à morte. A perda progressiva da função ovárica e a mudança hormonal
inerente conduzem a uma variações de alterações e sintomas de caráter multiorgânico que a
curto, médio ou a longo prazo interferem na qualidade de vida feminina, afetando a sua saúde
física, mental, bem como a sua atividade quotidiana, ao nível laboral, relacional e afetiva.
Contudo, nossa pesquisa aponta para o fato de que, devemos ter em conta que várias
manifestações clínicas e a sua gravidade variam de mulher para mulher, sendo influenciadas por
fatores biopsicossociais que determinam o impacto deste período de mudança na mulher que o
vivencia.
Verificamos também que existe sintomatologia que ocorre num curto espaço de tempo,
sintomatologia precoce, que afeta a mulher a nível físico e psicológico e a sintomatologia que
ocorre a longo prazo, sintomatologia tardia, podendo promover doenças cardiovasculares e
osteoporose, devido à carência dos hormônios estrogênicos responsáveis pela fixação de cálcio
nos ossos.
Conclusões
BIBLIOGRAFIA
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