Você está na página 1de 5

UNIVERSIDADE VILA VELHA - UVV

CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

Vinícius Ribeiro de Oliveira

CEPHALOCHORDATAS: Branchiostoma caribaeum

Disciplina: Zoologia dos Vertebrados 1


Professor: Levy Gomes

VILA VELHA
Abril – 2021
INTRODUÇÃO

O filo dos Cordatos abrange três subfilos, dentre eles, está o dos cefalocordados (VARGAS &
DEAN, 2010), que são cordados semelhantes a peixes. Os cefalocordados, inicialmente foram
descritos como moluscos, com o avanço dos estudo sobre esses organismos, o grupo foi redescrito
como um anfioxo (RUPPERT & BARNES, 1996), sendo o seu principal representante do subfilo.
Os organismos pertencentes a esse grupo foram por anos alvos de pesquisas e estudos onde o foco
principal esteve centrado em suas relações filogenéticas (VARGAS & DEAN, 2010). Os anfioxos,
por possuírem em seu ciclo de vida uma notocorda, fendas branquiais e um tubo nervoso dorsal,
todas as características básicas do filo dos cordados, são de grande importância e de interesse
zoológico como fonte de estudo. (ALVES, et al., 2001). A notocorda persistente reforça a teoria de
que os cefalocordados tenham uma ligação direita maior com os vertebrados que os urocordados,
mostrando que esses grupos tenham tido um único ancestral comum. Os anfioxos são animais
bentônicos (RUPPERT & BARNES, 1996) que habitam águas marinhas rasas (ALVES, et al.,
2001) e vivem enterrados, onde seu corpo escava areias rasas lavadas pela corrente e sua cabeça
fica exposta na corrente (RUPPERT & BARNES, 1996). Devido a esse modo de vida, é comum se
referir o local que esses organismos são capturados de “fundos de anfioxos’ (ALVES, et al., 2001).
Eles também são encontrados em locais de clima temperado, regiões tropicais e em sedimentos
como a areia, cascalhos e até mesmo material de concha. Nesses sedimentos, os anfioxos não se
apresentam de forma regular, ou seja, são abundantes em um ponto e ausente em outro ponto,
mesmo com alguns centímetros de distância (VARGAS & DEAN, 2010). Os cefalocordados são
animais filtradores (RUPPERT & BARNES, 1996) e sua alimentação se dá através de produção
microbiana e fitoplanctônica, sendo partículas menores que 100 mícron, tal característica mostra sua
importância na teia alimentar, quando tais organismos são predados por peixes e crustáceos e
transferem para níveis tróficos superiores uma produção microbiana (SILVA, et al., 2008). O corpo
dos cefalocordados possui um aspecto afilado, em forma de ponta de lança quando visualizado em
ambas duas extremidades do corpo (ALVES, et al., 2001). Seu corpo ainda é dividido em cabeça,
que possui um rostro em sua parte final e porta uma boca com cirros orais, um tronco, uma cauda,
além de um ânus. Os cefalocordados também possuem o corpo segmentado, com músculos
especializados na natação num formato de “V” em cada lado do corpo, esses segmentos musculares
são os miômeros. Tais miômeros servem para escavação e movimentação ondulatória do corpo para
a natação. Esses organismos possuem um capuz oral circundado por 22 cirros bucais carnosos que
compõem o seu sistema digestório. Possuem também uma faringe comprimida composta por várias
fendas branquiais diagonais, essa faringe possui um sulco hiper branquial dorsal e um endóstilo
ventral, no qual os micro-organismos serão filtrados pelos cirros bucais e serão presos e capturados
nas fendas branquiais pelo muco produzido pelo endóstilo. Uma novidade evolutiva presente nesse
grupo, é o surgimento de um fígado delgado e saculiforme que irá secretar líquidos digestivos. O
sistema circulatório dos cefalocordados é fechado, simples e incompleto, mas bem desenvolvido,
com artérias, vasos sanguíneos porém sem um coração especializado. No lugar, possuem u bulbo
pulsátil que tem a função de um coração, movendo o sangue para os arcos branquiais, onde ele é
oxigenado e coletado por uma aorta dorsal par. Assim como os urocordados, os cefalocordados
também são amoniotélicos, ou seja, excretam amônia como principal composto através de seus
nefrídios ciliados localizados acima da faringe. O seu sistema nervoso é composto por um tubo
nervoso simples com um canal central, essas estruturas forma uma vesícula cerebral com dois pares
de nervos cranianos. A reprodução dos cefalocordados é sexuada e a fertilização é externa e são
organismos dioicos. Para a fertilização ocorrer, ambos os anfioxos que estão férteis precisam estar
próximos para que a fertilização possa ocorrer, pois nesses organismos, a desova é síncrona, e os
gametas são expostos na corrente hídrica. Sua larva é em formato de peixe e possuem a nadadeira
caudal desenvolvida por serem planctônicos e possuem também um corpo assimétrico (RUPPERT
& BARNES, 1996). Sua fase larval pode ser duradoura, permitindo assim que os organismos sejam
transportados por correntes para habitats distantes (VARGAS & DEAN, 2010).

METODOLOGIA

Na aula prática realizada pelo professor Levy Gomes, foi apresentado para os alunos como funciona
a utilização da lupa no laboratório para a análise morfologia de animais. Foi apresentado o anfioxo
da espécie Branchiostoma caribaeum para os alunos observarem após a apresentação e funções da
lupa, e pedido para que cada aluno realizasse uma ilustração cientifica da espécie.

DESENVOLVIMENTO

Os cefalocordados são representados pelos anfioxos, das quais as espécies do gênero


Branchiostoma são as mais conhecidas (VARGAS & DEAN, 2010). A espécie Branchiostoma
caribaeum é a única espécie de anfioxo bentônico que ocorre em águas brasileiras e são poucas as
informações que existem sobre sua ocorrência (SILVA, et al., 2008). Essa espécie se trata de um
cefalocordado comumente utilizado em áreas costeiras como bioindicadores no âmbito de qualidade
de áreas ambientais por um processo de biomonitoramento. Essas espécies possuem uma vasta
importância nessas áreas devido à sua sensibilidade a alterações mínimas em seu habitat natural,
como por exemplo, contaminações por efluentes domésticos. Os cefalocordados desse gênero
preferem áreas limpas com fragmentos de origem orgânica. Segundo estudos, o tipo de segmento é
o principal fator abiótico que proporciona a distribuição desse anfioxos, de forma que algum tipo de
alteração nesses sedimentos, irão influenciar na distribuição desses organismos (BARBOSA et al.,
2016). As larvas desse gênero são conhecidas em todo o mundo e, em algumas partes, são
importantes na utilização como alimento em algumas partes da Ásia, sendo consumidos de diversas
formas (ALVES, et al., 2001).

REFERÊNCIAS

ALVES, M.S.S., LINS-E-SILVA, A.C., SILVA, L.A.M., MELO, L.C.O. Cephalochordata do


Estuário do Rio Paraipe, Itamaracá, Pernambuco. Tropical Oceanography, v. 29, n.2 (2001).

BARBOSA, F.M.F., COUTO, B.M.C., PINHO, S.J.C., SOUZA, G.B.G. Utilização do anfioxo
Branchiostoma caribaeum (Cephalochordata) como indicador de contaminação por efluentes
domésticos na Praia da Ribeira (Salvador-BA). Revista Cientefico, v. 18, n. 37 (2018).

RUPPERT, E. & BARNES, R.D. 1996. Zoologia dos Invertebrados. 6ª ed., Roca Ed., São Paulo.
1029 p.

SILVA, L.F.B., TAVARES, M., SOARES-GOMES, A. Population structure of the lancelet


Branchiostoma caribaeum (Cephalochordata: Branchiostomidae) in the Baía de Guanabara,
Rio de Janeiro, southeastern Brazil. Rev. Bras. Zool., Curitiba, v. 25, n. 4, p. 617-623, Dec. 
2008.

VARGAS, J.A., DEAN, H.K. On Branchiostoma californiense (Cephalochordata) from the


Gulf of Nicoya estuary, Costa Rica. Rev. biol. trop, San José, v. 58, n. 4, p. 1143-1148, Dec. 
2010.

Você também pode gostar