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CURSO DE FORMAÇÃO
DE TÉCNICOS EM
TRANSAÇÕES IMOBILIÁRIAS
T.T.I.
DIREITO E LEGISLAÇÃO
Assim, esta seção busca atender não apenas as exigências da Resolução n. 717
aprovada pelo Conselho Federal de Corretores de Imóveis em 30 de outubro de 2001,
que incluiu ―Direito e Legislação‖ na grade de competências a serem adquiridas pelos
estudantes do ensino profissionalizante de Formação de Técnicos em Transações
Imobiliárias.
Para o Corretor obter o sucesso que todos desejamos em suas atividades de compra,
venda e locação de imóveis, é para ele fundamental conhecer além do Código de
Ética Profissional, os dispositivos do Código Civil e outros que dispõem sobre seu
exercício profissional, normas jurídicas que recentemente sofreram alterações,
especialmente as leis de Parcelamento do Solo Urbano, dos Registros Públicos,
Locações dos Imóveis Urbanos, e do Condomínio em edificações e incorporações
imobiliárias.
O DIREITO
Conceituação - A palavra "Direito" vem do latim "directus" - "que segue regras pré-
determinadas ou um dado preceito", do particípio passado do verbo "dirigere". O termo
evoluiu em português da forma "directo" (1277) a "dereyto" (1292) até chegar à grafia
atual (documentada no Século XIII).
Isto permite afirmar que o Direito implica pressupostos (por exemplo, honestidade e
respeito à posse de outrem) que possibilitam a concretização recíproca do querer de
cada um e de todos, observando-se que o querer exercido/possuído por cada um
encontra como limite o querer de todos.
Deve-se ressaltar que o Direito difere das demais normas de conduta pela existência
de sanção pelo seu descumprimento. A vida em sociedade e as consequentes
interrelações pessoais exigem a formulação de regras de conduta que disciplinem a
interação entre as pessoas, com o objetivo de alcançar o bem comum, a paz e a
organização social. Tais regras, chamadas normas éticas ou de normas de conduta,
podem ser de natureza moral, religiosa e jurídica.
A norma do Direito, chamada "norma jurídica", difere das demais por dirigir-se à
conduta externa do indivíduo, exigindo-lhe que faça ou deixe de fazer algo,
objetivamente, e atribuindo responsabilidades, direitos e obrigações. Já as normas
morais e religiosas, dirigem-se precipuamente à intenção interna, ao processo
psicológico.
1
Bobbio chama este processo de monopolização da produção jurídica por parte do Estado.
As normas jurídicas têm por objetivo criar direitos e obrigações para pessoas 2, sejam
elas naturais ou jurídicas3. Isto não significa que o Direito não discipline, por exemplo,
as coisas e os animais; quando, porém, o faz, é com o propósito de proteger direitos
ou gerar obrigações para pessoas, ainda que, modernamente, o interesse protegido
possa ser o de toda uma coletividade ou, até mesmo, da humanidade abstratamente.
2
Pessoa é todo ente dotado de personalidade para o Direito, isto é, da aptidão para ser titular
de direitos subjetivos. Um direito pressupõe um titular. Às pessoas, como sujeitos de Direito,
são reconhecidas as faculdades ou direitos subjetivos. Todo ser humano é pessoa. Toda
pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. Não somente as pessoas naturais
participam da vida jurídica; certas criações sociais, que são as pessoas jurídicas ou pessoas
coletivas, podem ser também sujeitos de Direito.
3
Em Direito, pessoa física (termo geralmente usado em Direito tributário e domínios afins), ou
pessoa natural (termo usado tradicionalmente em Direito civil), é o ser humano, tal como
percebido por meio dos sentidos e sujeito às leis da natureza. Distingue-se da pessoa jurídica,
que é um ente abstrato tratado pela lei, para alguns propósitos, como sujeito de Direito distinto
das pessoas naturais que o componham. O início da personalidade da pessoa natural é
explicado segundo duas teorias, a saber: a teoria natalista, que diz que o ser humano só possui
personalidade a partir do momento em que nasce com vida (separação do nascituro do corpo
da mãe); e a teoria concepcionista, segundo a qual o ser humano possui personalidade a partir
do momento da concepção, entendida como a união dos gametas masculino e feminino, isto é,
do espermatozóide com o óvulo. Diversos Direitos, nomeadamente os chamados Direitos de
personalidade, são garantidos apenas às pessoas naturais — assim o Direito à liberdade, à
integridade física, à saúde e outros, compatíveis apenas com a natureza do ser humano.
Correlato ao conceito de personalidade é o de capacidade de exercício. A capacidade de
exercício de uma pessoa natural é a possibilidade que o ordenamento jurídico lhe confere de
exercer pessoalmente os atos da vida civil — isto é, adquirir Direitos e contrair obrigações em
nome próprio. A legislação brasileira prevê três graus de capacidade de exercício: a
capacidade plena, a incapacidade relativa e a incapacidade absoluta.
Embora o conceito de Direito Natural tenha surgido na Grécia Antiga e tratado pelos
juristas romanos, sua importância para o Direito contemporâneo advém do movimento
racionalista jurídico do século 18, que concebia a razão como base do Direito e
propugnava a existência de um Direito natural (por exemplo, os direitos fundamentais
do homem) acima do Direito positivo. Este Direito Natural seria válido e obrigatório por
si mesmo. Defendido pelos iluministas, o Direito Natural representou, historicamente,
uma forma de libertação em relação à ordem jurídica imposta pelas autoridades das
monarquias absolutistas. Com as Revoluções Liberais, capitaneadas pela Revolução
Francesa (1789), iniciou-se um processo de codificação orientado pela razão,
apontada, naquela altura, como base do Direito Natural.
Fontes do Direito - As normas do Direito são criadas, modificadas e extintas por meio
de certos tipos de atos, chamados pelos juristas de fontes do Direito.
* a lei: entendida como o conjunto de textos editados pela autoridade superior (em
geral, o Poder Legislativo ou a Administração pública), formulados por escrito e
segundo procedimentos específicos. Costuma-se incluir aqui os regulamentos
administrativos.
* os princípios gerais de Direito: são os princípios mais gerais de ética social, Direito
natural ou axiologia jurídica, deduzidos pela razão humana, baseados na natureza
racional e livre do homem e que constituem o fundamento de todo o sistema jurídico.
Cada Direito nacional atribui importância maior ou menor a cada uma das fontes.
Como regra geral, os países de tradição romano-germânica consideram a lei como
principal fonte do Direito, deixando às demais o papel de fontes secundárias, na
ausência de norma decorrente da lei.
Como regra geral entende-se como pertencentes ao Direito Público as normas que
regulam as relações em que o Estado exerce a soberania, imperium, em que o
indivíduo é um súdito. Por outro lado, quando o Estado age de igual para igual com o
indivíduo (por exemplo, no caso de empresas estatais), a matéria poderá ser da
alçada do Direito Privado.
DIREITO CIVIL
O Direito Civil tem como objetivo estabelecer os parâmetros que regem as relações
jurídicas das pessoas físicas e jurídicas. Por isso, estabelece as condições em que os
membros de uma comunidade podem relacionar-se, nos mais variados sentidos.
4
Quando da elaboração deste trabalho, janeiro de 2011, o Congresso Nacional examinava o
Anteprojeto do Novo Código de Processo Civil que irá trazer diversas mudanças na maneira de
se aplicar e de se ver o Direito civil.
5
Na Internet, http://www.planalto.gov.br/ccivil/Decreto-Lei/Del4657.htm. Ver também Onaldo R.
de Queiroga ―A importância da Lei de Introdução ao Código Civil‖ artigo publicado no jornal
Carta Forense, 01 de setembro de 2008.
6
Decreto recepcionado como lei ordinária, com a publicação no D.O.U., edição de 09/09/1942,
tendo entrado em vigor no dia 24/10/1942, por força do Decreto-Lei de 17/09/1942.
Para Inácio de Carvalho Neto, a Lei de Introdução ao Código Civil é, na verdade, ―uma
lei de introdução ao Direito como um todo, com normas gerais sobre aplicação do
Direito e sobre Direito internacional privado".
A lei entra em vigor quando ocorre a revogação da anterior. Isto só se opera quando
ocorre a vigência da lei nova. Quando a lei nova silencia na indicação do prazo início
da sua vigência, observa-se, então, a regra o art. 1º da Lei de Introdução ao Código
Civil, que prevê que o prazo da "vacatio legis‖ 7 é de 45 dias, para aplicação da norma
no Brasil e de três meses para o exterior.
A vigência nada mais é do que a capacidade que a lei alcança para produzir efeitos. É
comum no Brasil a lei nova já trazer em seu bojo dispositivo estabelecendo a data do
início de sua vigência.
Em regra, a lei é editada para vigência por prazo indeterminado, mas em alguns casos
pode ocorrer que haja conveniência ou necessidade de se estabelecer um termo final
para a vigência lei.
7
Vacatio legis é uma expressão latina que significa "vacância da lei"; designa o período que
decorre entre o dia da publicação de uma lei e o dia em que ela entra em vigor, ou seja, tem
seu cumprimento obrigatório A questão diz respeito à aplicação da lei no tempo, como estudo
do Direito e do processo legislativo.
Finalmente, a Lei de Introdução ao Código Civil, por regular outras leis, continua
vencendo o tempo, mesmo com o advento do Código Civil de 2002, justamente porque
o seu texto, aliado ao do novo Código, ainda, é tido como atual e de uma eficácia
inconteste. Seu ponto forte é permitir que, diante de um litígio, mesmo sendo omissa a
legislação, o juiz, na forma do seu artigo 5º, antes de tudo tem condições de promover
justiça, julgando com equidade, observando o fim social, o bem comum, valendo-se,
pois, dos princípios da moralidade, da igualdade de Direitos e obrigações.
A referida Emenda ampliou o rol dos conhecidos direitos sociais, tendo entrado em
vigor na data de sua publicação, mas estabeleceu intensa polêmica entre os nossos
juristas, que se perguntam se a partir de tal data já estaria efetivamente assegurada a
moradia a todos. Infelizmente predomina, entre as respostas, a negativa, por motivos
que já se fazem conhecidos no que tange aos direitos sociais, não sendo novidade no
tocante ao novo direito.
8
―O direito constitucional à moradia e os efeitos da Emenda Constitucional 26/00‖. Jus
Navigandi, Teresina, ano 5, n. 42, 1 jun. 2000. Disponível em:
<http://jus.uol.com.br/revista/texto/579>. Acesso em: 21 jan. 2011.
Assim sendo, o direito à moradia, que já há muito tempo fazia parte do texto
constitucional, é agora ainda mais robustecido, com sua expressa menção no elenco
do artigo 6º da Carta Magna. Em que pese a ausência de eficácia social, a sociedade
– e, em especial, os corretores de imóveis - não deve esmorecer. Trata-se,
certamente, da concretização do maior dos sonhos da família brasileira e uma luta a
ser travada através dos decênios vindouros.
Cumpre observar que, não sendo rigorosa e clara a distinção entre direito público e
privado (já que essas categorias não podem ser definidas de forma plenamente
A) Parte Geral
I - Das Pessoas
II - Dos Bens
III - Dos Fatos Jurídicos
B) Parte Especial
Livro I - Do Direito das Obrigações
Livro II - Do Direito de Empresa
Livro III - Do Direito das Coisas
Livro IV - Do Direito de Família
Livro V - Do Direito das Sucessões
C) Parte Final ou Das Disposições Finais e Transitórias
O novo diploma legal não está isento de falhas ou de lacunas, dada a amplitude da
matéria codificada, mas pode-se serenamente dizer que ele se situa entre as melhores
codificações existentes, a começar pela sua estrutura original, com a unificação do
Direito das Obrigações e a inclusão de toda uma nova parte relativa ao Direito de
Empresa.
Aquele saudoso jurista analisou o espírito que presidiu a reforma feita, a qual assinala
a passagem de um sistema de regras destinado a reger uma nação fundamentalmente
agrária, à qual se destinava o Código de 1916, para uma estrutura cultural marcada
por novos valores sociais, e pelas mais avançadas conquistas da ciência e da
tecnologia.
Recordando que, nas primeiras décadas do século XX, 70% do povo brasileiro
moravam no campo, enquanto que, hoje em dia, em igual proporção, vivem nas
cidades, Miguel Reale assinalou que o Código Civil de 1916, representou estupenda
contribuição da ciência jurídica nacional, mas, não obstante o seu alto valor, acrescido
por precioso cabedal de doutrina e de jurisprudência, não mais correspondia às
necessidades histórico-sociais de nosso tempo, em especial se atentarmos para as
vertiginosas inovações ocorridas, em todos os planos da cultura universal, durante o
Explicou aquele professor que a estrutura do novo Código Civil Brasileiro não encontra
similar em qualquer outra nação, constituindo uma ordenação original em consonância
com a nossa própria experiência jurídica e legislativa, na qual veio espontaneamente
se compondo a unidade do Direito das Obrigações, em razão da vetustez do Código
Comercial de 1850.
Destacando que o novo Código Civil não abrange todo o Direito Privado, mas tão
somente as questões que emergem da unidade do Direito das Obrigações, como é o
caso das normas relativas à atividade empresarial, deixando intocável o Direito
Comercial com a respectiva legislação especial, Miguel Reale congratulou-se com a
Nação ―por adotar uma Lei Civil que será da maior valia para o País, sobretudo em
razão dos princípios de eticidade, socialidade e operabilidade que presidiram a sua
elaboração‖, para concluir:
“Desde o pórtico dos Direitos da personalidade – inexistente no Código de
1916 – até as normas estabelecidas em razão da função social da propriedade e do
contrato; desde a maioridade aos dezoito anos até a revisibilidade do regime de bens
no casamento; desde a extinção do “pátrio poder”, substituído pelo “poder familiar”, até
os dispositivos que salvaguardam o real interesse da prole; desde as novas figuras
criadas no campo do Direito das Obrigações até a disciplina da atividade empresarial;
desde a preferência dada às “cláusulas abertas”, propiciadoras de ampla
compreensão hermenêutica e de maior interferência do juiz na solução dos conflitos,
até as novas regras sobre responsabilidade objetiva; desde a constante remissão aos
princípios de equidade e de boa-fé até o tratamento da posse de bens imóveis em
razão do valor do trabalho que a motiva; desde a eliminação de formalidades absurdas
na lavratura dos testamentos até a preservação dos direitos dos herdeiros, do cônjuge
inclusive, é toda uma nova atmosfera normativa que surge no mundo do Direito, com
paradigmas de renovado humanismo existencial.”
Não caberia, neste trabalho, discorrer sobre cada um dos mais de dois mil dispositivos
do Código. Para a habilitação do corretor de imóveis é bastante examinar aqueles
mais vinculados ao exercício profissional, e que são os que se seguem:
Parte Geral
Pessoa é o ser a que se atribui direitos e obrigações. Pode ser pessoa natural ou
jurídica. Natural é aquela que tem existência física real, como os homens em geral;
jurídica é a que tem existência fictícia ou abstrata, sendo fruto da ordem jurídica, como
por exemplo, as sociedades anônimas.
Muita discussão tem ocorrido sobre o verdadeiro conceito de pessoa jurídica. Para
alguns, as pessoas jurídicas são seres de existência anterior e independente da ordem
jurídica, se apresentando ao direito como realidades incontestáveis (teoria orgânica da
pessoa jurídica). Para outros, as pessoas jurídicas são criações do direito e, assim,
Hoje, para a maioria dos teóricos, a natureza das pessoas jurídicas é a de uma ideia,
cujo sentido é partilhado pelos membros de uma comunidade jurídica, que a utilizam
na composição de seus interesses. Em sendo assim, ela não preexiste ao direito.
O artigo 41 do Código Civil brasileiro de 2002 alinha como pessoas jurídicas de direito
público interno a União, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios, os municípios,
as autarquias (como o INSS, etc.) e as demais entidades de caráter público criadas
por lei (por exemplo, fundações públicas como as universidades federais ou
estaduais). Sua existência legal (personalidade), ou seja, sua criação e extinção
ocorrem pela lei.
2) Sobre o domicílio
Além do domicílio civil, existem outras modalidades de domicílio, como, por exemplo, o
domicílio eleitoral. Urge destacar que o termo 'domicílio' é também empregado,
excepcionalmente, no direito, para indicar a casa de morada de pessoa.
O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com
ânimo definitivo. Se a pessoa tiver várias residências onde viva, cada uma delas será
considerada seu domicílio; se a pessoa não tiver residência habitual, seu domicílio
será o local onde for encontrada. Também é domicílio, quanto às relações
concernentes à profissão, o local onde exercer suas atividades; se a pessoa exercitar
profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações
que lhe corresponderem.
Cumpre ainda ter em conta que o domicílio da União é o Distrito Federal; dos Estados
e Territórios, suas as respectivas capitais; do Município, o lugar onde funcione a
administração municipal. Das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as
respectivas rias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu
estatuto ou atos constitutivos.
3 – Sobre os bens
Destacam os especialistas que ―fato, "tout court", é qualquer acontecimento. Mas nem
todos os acontecimentos são relevantes para o Direito, pois não criam, extinguem ou
modificam situações jurídicas. Apenas aqueles fatos que produzem efeitos na seara
do direito são chamados fatos jurídicos‖.
Assim, segundo a doutrina, pode-se conceituar fato jurídico como sendo todo o
acontecimento, natural ou humano, capaz de criar, conservar, modificar, ou extinguir
relações ou situações jurídicas. Os estudiosos estabeleceram a seguinte classificação:
fato aquisitivo (todo aquele que cria direito); modificativo (todo fato que modifica o
direito); extintivo (que extingue um direito), conservativo, que conserva um direito.
Além destes, destacam-se os fatos jurídicos naturais, que podem ser ordinários, como
o nascimento, que marca o início da personalidade do homem, e a morte, que põe
termo à personalidade jurídica; ou extraordinários, como tempestades e furacões. Há
9
Hermeneuta é aquele que é versado em hermenêutica, ou seja, intérprete. Conforme o
dicionário Michaelis: "hermenêutica - sf (gr hermeneutiké) 1 Arte de interpretar o sentido das
palavras, das leis, dos textos etc. 2 Interpretação dos textos sagrados e dos que têm valor
histórico." No âmbito jurídico eles sãos aqueles que interpretam as normas. Exemplo: José
Afonso da Silva é um grande hermeneuta brasileiro.
Os atos jurídicos em sentido amplo (fatos jurídicos humanos) podem ser lícitos,
quando realizados em conformidade com o Direito, ou ilícitos, quando realizados em
desconformidade com o Direito.
O gênero Ato Jurídico Lato Sensu é subdividido nas espécies: os Atos Jurídicos em
Sentido Estrito ou meramente lícitos, e os Negócios Jurídicos. Os primeiros são
aqueles que derivam de um comportamento humano, nos quais os efeitos jurídicos
(criação, conservação, modificação ou extinção de direitos) estão fundamentalmente
previsto na lei. Neste tipo de ato, a manifestação de vontade não se subordina ao
campo da autonomia privada do agente, ou seja, o agente não possui a faculdade de
moldar os efeitos que sua manifestação de vontade produzirá.
Um bom exemplo para ilustrar essa ausência de autonomia do agente no Ato Jurídico
em Sentido Estrito é o reconhecimento de filho ilegítimo: Digamos que uma pessoa
teve um filho fora do casamento. O Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº
8.069/90), em seu artigo 26, permite que este filho seja reconhecido no próprio termo
de nascimento, por testamento, mediante escritura, etc. Nesse caso, o agente não
possui a autonomia de impor condições para o reconhecimento da paternidade. Dessa
forma, ele não poderá impor ao reconhecimento da paternidade, por exemplo, a
condição de não contrair nenhuma relação jurídica com o filho, visto que do
reconhecimento surgem efeitos jurídicos previstos na norma como o direito ao nome,
pátrio-poder, obrigação de prestar alimentos, direitos sucessórios, etc. Resumindo,
diz-se que no Ato Jurídico em Sentido Estrito apenas se efetiva o pressuposto fático
contido na norma jurídica.
Os adeptos da corrente objetivista, no entanto, afirmam não ser verdadeiro tal conceito
adotado pelos voluntaristas, tendo em vista que nem sempre o declarante manifesta a
sua vontade dirigida a um determinado fim querido e previamente conhecido. Dentre
outros, apresentam o exemplo da hipótese de conversão substancial em que as partes
concluem um negócio jurídico inválido que, entretanto, poderá ser convertido em outra
categoria de negócio (princípio da conservação) se possui os requisitos de validade
deste.
Percebe-se, por conseguinte, que nessa situação o negócio que se deu com a
conversão não era o desejado e pretendido, e, no entanto, não se pode objetar que se
trata de um Negócio jurídico.
Parte Especial
Sabemos que é por meio das relações obrigacionais que se estrutura o regime
econômico. Assim, através do direito das obrigações se estabelece também a
autonomia da vontade entre os particulares na esfera patrimonial, como destaca a
professora Bruna Lyra Duque10 em uma análise histórica do tema.
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Advogada e consultora jurídica em Vitória (ES), mestre em Direitos e Garantias
Constitucionais Fundamentais, especialista em Direito Empresarial, professora da graduação e
pós-graduação da FDV
O Direito das Obrigações é, pois, um ramo do Direito Civil que tem por fim contrapesar
as relações entre credores e devedores. Consiste num complexo de normas que
regem relações jurídicas de ordem patrimonial que têm por objeto prestações (dar,
restituir, fazer e não fazer) cumpridas por um sujeito em proveito de outro.
Conceituando o contrato como uma espécie do gênero negócio jurídico que possui
natureza bilateral e pelo qual as partes se obrigam a dar, restituir, fazer ou não fazer
alguma coisa, a renomada mestra ressalta: ―O contrato é, portanto, o acordo de
vontades entre pessoas do direito privado, amparado pelo ordenamento legal e
realizado em função de necessidades que gera, resguarda, transfere, conserva,
modifica ou extingue direitos e deveres, visualizados no dinamismo de uma relação
jurídica obrigacional.‖
Como primeira manifestação deste dirigismo contratual por parte do legislador, afirma
Marcelo Junqueira Calixto11, podemos recordar a chamada "Lei da Usura" (em
verdade trata-se do Decreto 22.626/33), que limitou as taxas de juros a serem
cobradas em qualquer contrato. Proibiu ainda o anatocismo, isto é, contar juros dos
juros.
Manifestação bem mais recente e ainda mais evidente deste dirigismo contratual pode
ser vista no Código de Defesa do Consumidor, que, por exemplo, traz um rol não
11
Advogado. Mestre e doutorando em Direito Civil pela UERJ. Professor dos Cursos de Pós-
Graduação da UERJ e da FGV. Professor-agregado do Departamento de Direito da PUC-Rio..
Calixto destaca que o mesmo princípio aplica-se ainda às fases das negociações
preliminares e pós-contratual, isto é, mesmo após o término do prazo de vigência do
contrato.
12
Rio de Janeiro, Renovar, 2000.
Propriedade e Posse
O Código Civil classifica os bens imóveis considerando o solo com a sua superfície, os
seus acessórios e adjacências naturais (árvores e frutos), o espaço aéreo e o subsolo;
tudo o que for permanentemente incorporado ao solo (plantações, prédios e outros) e
tudo quanto no imóvel o proprietário mantiver intencionalmente para sua exploração,
sua estética e o que promover comodidade ao proprietário. Tanto o Código Civil como
a Constituição fazem distinção entre propriedade do solo e propriedade de jazidas,
minas e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica para o efeito
de exploração ou aproveitamento industrial.
Vimos que a propriedade imobiliária ainda pode ser privada, quando sob o domínio
individual (de uma determinada pessoa) ou pública, relativa aos bens pertencentes à
União, aos Estados, Municípios, Distrito Federal e não são particulares. Os bens
públicos podem ser os de uso comum do povo, como os mares, rios, estradas, ruas e
praças, os de uso especial, como edifícios e terrenos a serviço federal, estadual ou
municipal, e ainda podem ser dominiciais (patrimônio da União, Estados ou
Municípios), como as terras devolutas, os lagos e águas que banham fronteiras, ilhas,
plataforma continental, terras ocupadas pelos índios e o mar territorial.
Desde muito cedo, observa a Professora Rita Dione Araújo Cunha, a necessidade de
delimitação de uma área acontecia, quando uma tribo, família ou grupo de pessoas
reivindicava o direito sobre essa área para pescar, caçar ou para colheita, fosse
através de guerras entre grupos, por acordos entre si ou pela aplicação de leis criadas
pelos mesmos.
13
Nunes, P.: Dicionário de tecnologia jurídica, 10 ed., vol.2, Freitas Bastos S.A., Rio de Janeiro
1979, p.710–711
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, vários setores da economia em muitos países
ocidentais foram objeto de nacionalização e, tanto a consciência dos governos da
época, como a opinião pública mundial, reconheceu que determinados bens deviam
ser da propriedade do Estado e outros, individuais, não devendo, contudo, ser usados
com fins contrários aos sociais.
O novo Código Civil (lei nº 10.406/02) divide o Direito das Coisas em direitos
decorrentes da posse e direitos reais, sendo que destes últimos, destaca-se a
propriedade. O direito real pode ser definido como o poder direto e imediato sobre uma
coisa que a ordem jurídica atribui a uma pessoa para satisfazer interesses jurídico-
privados nos termos e limites neles fixados.
O direito das coisas é um ramo do direito privado, do direito civil patrimonial. Tem
como características: Eficácia absoluta (ao poder direto e imediato que o titular tem
sobre a coisa objeto do seu direito corresponde a obrigação de todas as pessoas o
respeitarem, tem eficácia erga omnes. Daí esteja instituído o principio da tipicidade, só
existem os previstos na lei); sequela (corresponde ao direito de perseguição, a
sequela traduz-se em o direito real seguir a coisa que constitui o seu objeto);
prevalência (também denominada preferência, consiste na prioridade dos direitos reais
sobre os direitos de crédito e sobre os direitos reais constituídos posteriormente
quando total ou parcialmente incompatíveis com o anterior), e inerência (não é
juridicamente possível transmitir o mesmo direito real de uma coisa para outra).
São princípios do direito das coisas o da coisificação (direito real deve versar sobre
coisas e não sobre pessoas ou outros bens não coisificáveis); da especialidade ou
individualização (o objeto dos direitos reais deve ser uma coisa certa e determinada);
da totalidade da coisa (o objeto de um direito real é a coisa na sua totalidade); da
compatibilidade (só pode existir um direito real sobre determinada coisa, na medida
em que seja compatível com outro direito real que a tenha por objeto); da elasticidade
(o direito sobre uma coisa tende a abranger o máximo de utilidades que proporciona);
da transmissibilidade (os direitos reais podem mudar de titular quer inter vivos, quando
vivos, quer mortis causa, quando mortos); da tipicidade (não é possível constituir
direitos reais diferentes dos previstos na lei).
Posse - A posse pode ser real ou presumida, de boa-fé ou de má-fé, direta ou indireta.
Existem duas teorias que definem o conceito de posse: 1) a de Savigny (Subjetiva):
Para ele, a fim de se caracterizar a posse, é necessário que o possuidor tenha o
"corpus" (ter a coisa em seu poder), e "animus" (vontade de ter a coisa como sua),
sendo que se tiver somente o "corpus" não será considerado possuidor e sim,
detentor, não tendo, com isto, proteção possessória; e 2) a de Ihering (Objetiva): este
jurista, a fim de se configurar a posse, há necessidade de se comprovar apenas o
"corpus", dispensando-se o "animus", pois este se encontra inserido naquele.
Agora, o Novo Código Civil conceitua propriedade no caput do art. 1.228, limitando-o,
no §1º, para adequá-lo aos problemas da contemporaneidade, fazendo referência a
questões como o "equilíbrio ecológico" e a "poluição". Este parágrafo, que constitui
uma inovação em relação do Código anterior, preceitua que o "direito de propriedade
deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de
modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a
flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e
artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas".
Cumpre ressaltar que são direitos reais considerados no art. 1.225 do Código Civil: a
propriedade, a superfície, as servidões, o usufruto, o uso, a habitação, o direito do
promitente comprador do imóvel, o penhor, a hipoteca, a anticrese, a concessão de
uso especial para fins de moradia e a concessão de direito real de uso.
É certo que a função social da propriedade já está prevista na CF/88 (arts. 5º, XXIII, e
170, III), mas a sua inserção no Novo Código Civil foi da maior importância,
principalmente por abandonar em definitivo o paradigma do individualismo jurídico,
permitindo que o magistrado concretize a conhecida regra de interpretação prevista na
Lei de Introdução do Código Civil (DL 4.657/42): "Na aplicação da lei, o juiz atenderá
aos fins sociais a que ela se destina e às exigências do bem comum" (art. 5º).
Faz-se necessário enfatizar, entretanto, que a finalidade do Novo Código Civil não é
incentivar a intromissão do Estado na propriedade privada, mas apenas impor limites à
ação do proprietário, quando ele extrapola a esfera de seu direito individual, exigindo a
interferência do Poder Público. Afinal, toda nova lei precisa ser bem compreendida,
para promover o desenvolvimento social.
Hipoteca - é o direito real que o devedor confere ao credor, sobre um bem imóvel de
sua propriedade ou de outrem, para que o mesmo responda pelo resgate da dívida. O
que garante a dívida é a substância de um imóvel, no qual continua na posse do
proprietário, embora responda pelo resgate do débito. O devedor conserva em suas
Direito da Empresa
O Código Civil de 2002 considera empresário aquele que, em pleno gozo de sua
capacidade civil e não legalmente impedido, exerce profissionalmente atividade
econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Suas raízes estão no direito de propriedade, seja como direito subjetivo à detenção de
uma coisa, seja como ramo especializado da Doutrina Jurídica.
Como parte do Direito Imobiliário pode-se citar o Direito Registral Imobiliário, que cuida
dos fenômenos jurídicos aliados ao registro de imóveis.
No Brasil, o princípio da boa-fé, que impera por todo o Código Civil de 2002,
estabeleceu um novo enfoque para a corretagem de imóveis, ampliando a
responsabilidade dos profissionais do mercado imobiliário, através do Artigo 723, que
dispunha: ―O corretor é obrigado a executar a mediação com a diligência e prudência
que o negócio requer, prestando ao cliente, espontaneamente, todas as informações
sobre o andamento dos negócios; deve, ainda, sob pena de responder por perdas e
danos, prestar ao cliente todos os esclarecimentos que estiverem ao seu alcance,
acerca da segurança ou risco do negócio, das alterações de valores e do mais que
possa influir nos resultados da incumbência.‖
Esta redação, todavia, despertava dúvidas, por dar margem à interpretação de que o
corretor só prestaria as informações do negócio se fosse solicitado, podendo omitir as
que não fossem questionadas, sem responder por danos. Logo o legislador imprimiu
toda a clareza que se fazia necessária, baixando a Lei n° 12.236 de 19 de maio de
2010, que conferiu àquele dispositivo a seguinte redação: ―O corretor é obrigado a
executar a mediação com diligência e prudência, e a prestar ao cliente,
espontaneamente, todas as informações sobre o andamento do negócio‖.
Com a nova redação do artigo 723 e o acréscimo de um parágrafo único rezando que,
―sob pena de responder por perdas e danos, o corretor prestará ai clientes todos os
esclarecimentos acerca da segurança ou do risco do negócio, das alterações de
valores e de outros fatores que possam influir nos resultados da incumbência‖, o
corretor teve aumentada não só a sua responsabilidade como também a
respeitabilidade.
Nos dias atuais, pode-se afirmar que praticamente toda a sociedade começa a
reconhecer a importância do corretor como um técnico indispensável para a realização
de um bom negócio no mercado imobiliário. Como em todas as profissões, porém,
sempre há profissionais que acabam maculando a imagem da classe. As reclamações
mais numerosas são a respeito de intrusos, pessoas não habilitadas pelo CRECI e
que se apresentam como profissionais, e outras, que atuam com parcialidade
O Código Civil de 2002, através do Art. 1332 e seguintes, inovou com a criação e
regulamentação do Condomínio Edilício, dispondo sobre a Convenção, que deve ter a
concordância de 2/3 das frações ideais tornando as disposições ali constantes
obrigatórias para todos os titulares de direito sobre as unidades condominiais, ou
ainda, sobre os que têm a posse ou a detenção delas (quem tem posse, mas se
apresenta como proprietário). A legislação deixa claro que a convenção somente
valerá para terceiros se a estiver registrada no Cartório de Registro de Imóveis, que
geralmente exige:
A Convenção, em si, pode ser feita por escritura pública (com registro no Cartório de
Notas) ou instrumento particular (simples documento assinado). Para o Novo Código
Civil, condômino é proprietário e proprietário são as pessoas (físicas ou jurídicas), que
possuírem escritura pública dos negócios jurídicos (transações) efetuados. Tais
definições se devem ao fato do capítulo do Condomínio Edilício estar dentro do livro
do ―Direito das Coisas‖, título ―Da Propriedade‖, e assim ser um Direito Real que segue
as regras do artigo 108 do Código Civil.
Além das cláusulas referidas no art. 1.332 do Código Civil e das que os interessados
houverem por bem estipular, a convenção determinará:
Ainda sobre o assunto, cumpre destacar mudanças que vêm ocorrendo sobre o
Sistema Registral, lembrando que o Código Civil de 1916 adotou um Sistema Registral
misto, tendo o atual Código mantido a sua natureza —constitutivo e declarativo. No VI
Simpósio de Direito Imobiliário, a Associação Gaúcha dos Advogados do Direito
Imobiliário Empresarial enfatizou que o reconhecimento da importância das atividades
Registral e Notarial, tem aumentado em função dos esforços desenvolvidos assegurar
a efetividade da justiça. O Notário é o receptor da vontade das Partes, na medida em
que atua com imparcialidade, saneando, prevenindo litígio e provando os negócios
jurídicos. Já o Registrador atua como se fosse um magistrado, em virtude de que
somente a ele cabe exercer o princípio da qualificação do título a ser registrado
(independência e autonomia), admitindo ou não o ingresso do documento no fólio real.
Assim, estando o título em ordem, será procedido ao ato, o que gerará publicidade
(ficção de conhecimento).
INQUILINATO
Imóvel na planta
Comprar um imóvel e, enfim, ter a casa própria é o sonho de muitos brasileiros. Para
que o grande projeto de vida, que envolve expectativas, trabalho e geralmente muito
dinheiro, não seja transformado em pesadelo, é preciso cuidados. No ato da compra,
nenhuma cautela pode ser considerada um ato de exagero ou desconfiança excessiva
por parte do consumidor que fecha o negócio.
O jornal ―O Estado de São Paulo‖ publicou recentemente uma notícia segundo a qual
em todo Procon Municipal, queixas relacionados a construtoras e empresas de
loteamentos já foram destaques entre as reclamações a esses órgãos. Porém ainda
hoje, elas só perdem para os bancos, cartões de crédito, empresas de telefonia.
Felizmente o Poder Judiciário vem coibindo os abusos. Comprovante disso é a
decisão da 4ª Turma do Superior Tribunal de Justiça que considerou inteiramente
ilegal a cobrança de juros, por parte das incorporadoras, antes de entregar as chaves
do imóvel.
A cobrança dos juros antes da entrega do imóvel era prática comum entre as
construtoras, mas começou a ser limitada após o surgimento do Código de Defesa do
Consumidor, em 1990. O CDC considera nulas as cláusulas de contrato tidas por
abusivas. Em 2001, a Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça editou
portaria declarando abusiva qualquer cláusula "que estabeleça, no contrato de venda
e compra de imóvel, a incidência de juros antes da entrega das chaves". Em 1997, o
Ministério Público do Distrito Federal firmou com 27 construtoras um termo de ajuste
que proibia esses juros.
Para o relator, a cobrança de juros durante a obra, antes da entrega das chaves, é
descabida porque, nesse período, a construtora é quem usa o capital do promitente
comprador e este nem sequer tem o gozo do imóvel. ―O que há é uma verdadeira
Ao proclamar seu voto contra o recurso da construtora, o relator concluiu que, ―se há
aporte de capital, tal se verifica por parte do comprador para com o vendedor, de sorte
a beirar situação aberrante a cobrança reversa de juros compensatórios de quem
entrega o capital por aquele que o toma de empréstimo‖. (As informações foram
fornecidas pela Assessoria de Imprensa do STJ acerca do processo REsp 670.117)