Você está na página 1de 2

Écfrase e comunicação acessível

Antonio Herci

Resumo
O confinamento social trouxe um grande protagonismo para a comunicação em rede e digital, tanto nas
relações familiares, quanto sociais e profissionais. Pelo próprio meio em que ocorre, potencializou uma
tendência já presente na contemporaneidade: a hipertrofia na produção e circulação de imagens. O que
demandou um enorme desafio: como transmitir informações visuais de uma foto, performance
corporal, esporte, texto, figura ou logotipo, telas de navegação etc., para cegos?
Responder e implementar ações e algoritmos que tentem solucionar essas demandas da linguagem na
contemporaneidade fazem parte do trabalho e da construção de uma pauta para uma comunicação
acessível.
Este trabalho trata de uma solução implementada que, partindo da preocupação levantada — como
compartilhar imagens com cegos? — revelou uma forma extremamente criativa de produção e
transmissão de informação digital que, resgatando uma das mais antigas práticas da cultura humana, se
coloca como técnica de argumentação: a ÉCFRASE.

Se na vida cotidiana as questões de acessibilidade são diluídas, mediadas ou ignoradas,


na arena digital elas assumem um lugar de destaque, pois concentram, no mesmo
espaço, demandas acumuladas de ocupação do espaço político e superação de
barreiras sociais.
A pandemia trouxe um período de convivência remota e digital em que diversas
questões que passam despercebidas no cotidiano ganharam prioridade causando, em
determinadas áreas, um grande impacto nas relações pessoais, políticas, culturais,
artísticas, criativas ou profissionais. A LINGUAGEM em seus vários meios — palavras,
sons, imagens iconografias, convenções — foi o ponto de encontro de praticamente
toda essa demanda constituindo uma ARENA SEMÂNTICA.
Nessa arena ganham força algumas questões que, no cotidiano, passam por um
processo de diluição, fragmentação ou apagamento pelo preconceito. Uma das que
sobressaiu foi a questão da acessibilidade do corpo ao mundo virtual, isto é, a
comunicação em rede para cegos, surdos, paralisados cerebrais, com dificuldades de
locomoção ou tato, que tenham algum tipo de deficiência ou dificuldade na leitura.

Você também pode gostar