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Caracterização Física e Química
Caracterização Física e Química
Campinas, SP
2011
INSTITUTO AGRONÔMICO
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA
TROPICAL E SUBTROPICAL
Campinas, SP
Junho de 2011
ii
DEDICATÓRIA
A Deus, a vida.
Ao meu noivo Michel Henrique de Oliveira César, por acreditar comigo que sonhos são
possíveis e por fazê-los acontecer;
À família, concedida por Deus e escolhida pelo coração, pelo suporte, companheirismo e
pelos tantos momentos de alegrias compartilhados.
iii
AGRADECIMENTOS
Meus agradecimentos.
iv
SUMÁRIO
v
3.3.3.1 pH ______________________________________________________________________________ 38
3.3.3.2 Condutividade elétrica_______________________________________________________________ 41
3.3.3.3 Capacidade de troca de cátions ________________________________________________________ 41
3.3.3.4 Amônio e nitrato ___________________________________________________________________ 43
3.3.3.5 Macro e micronutrientes _____________________________________________________________ 44
3.3.3.6 Cloro ____________________________________________________________________________ 45
3.3.4 Avaliação dos substratos no cultivo do morango ____________________________________________ 46
3.3.4.1 Local do experimento _______________________________________________________________ 46
3.3.4.2 Casa de vegetação __________________________________________________________________ 46
3.3.4.3 Arranjo experimental________________________________________________________________ 46
3.3.4.4 Sistema de irrigação_________________________________________________________________ 48
3.3.4.5 Transplante _______________________________________________________________________ 49
3.3.4.6 Composição e manejo da solução nutritiva _______________________________________________ 50
3.3.4.7 Condução da cultura ________________________________________________________________ 51
3.3.4.8 Coletas de dados ___________________________________________________________________ 57
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ___________________________________________ 58
4.1 Caracterização física de substratos para plantas ___________________________________ 58
4.1.1 Umidade ___________________________________________________________________________ 58
4.1.2 Densidade aparente e volumétrica _______________________________________________________ 59
4.1.3 Densidade real ou de partículas _________________________________________________________ 62
4.1.4 Matéria orgânica e cinzas ______________________________________________________________ 63
4.1.5 Porosidade _________________________________________________________________________ 64
4.1.6 Granulometria_______________________________________________________________________ 65
4.1.7 Capacidade de retenção de água _________________________________________________________ 68
4.1.7.1 Capacidade de retenção de água pela Instrução Normativa brasileira ___________________________ 69
4.1.7.2 Capacidade de retenção de água pela Norma Européia ______________________________________ 70
4.1.7.3 Comparação dos métodos brasileiro e europeu ____________________________________________ 72
4.2 Caracterização química de substratos para plantas _________________________________ 73
4.2.1 pH ________________________________________________________________________________ 73
4.2.2 Condutividade elétrica ________________________________________________________________ 75
4.2.3 Capacidade de troca de cátions__________________________________________________________ 75
4.3 Avaliação dos substratos no cultivo do morango____________________________________ 77
5 CONCLUSÕES ________________________________________________________ 84
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ______________________________________ 86
ANEXO _______________________________________________________________ 94
vi
LISTA DE TABELAS
Tabela 3 Área cultivada (ha), produção (t) e produtividade (t ha-1) de morango nos
principais municípios produtores do Estado de São Paulo, entre os anos de
2000 e 2009. 22
Tabela 4 Análises iniciais dos elementos químicos, determinados no extrato 1:1,5, nas
amostras de substrato. 45
vii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Substratos avaliados: fibra de coco granulada, casca de pínus Lupa, casca de
arroz, casca de pínus Vida Verde, mistura de 50% de fibra de coco
granulada com 50% de casca de arroz (base % v v-1), mistura de 50% de
casca de pínus Lupa com 50% de casca de arroz (base % v v-1) ,
respectivamente (Foto: Thais Queiroz Zorzeto). 29
Figura 9 Preenchimento do tubo com porções de ensaio (a), saturação do tubo (b),
disposição das amostras (c). (Fotos: Thais Queiroz Zorzeto). 37
Figura 10 Preenchimento dos anéis (a), saturação dos anéis (b) e aplicação das tensões
referentes à curva de retenção de água nos anéis (c). (Fotos: Thais Queiroz
Zorzeto). 37
Figura 11 Retirada da fita que unia os anéis (a), separação dos anéis (b) e pesagem do
anel da amostra com a amostra e sem a gaze (c). (Fotos: Thais Queiroz
Zorzeto). 38
viii
Figura 12 Material utilizado para extração da solução do substrato: água deionizada e
substrato (a) e procedimento para obtenção do ponto correto de saturação
(b). (Fotos: Thais Queiroz Zorzeto). 39
Figura 16 Filtração das amostras de substrato (a), solução extraída (b) e medição da
condutividade elétrica das soluções extraídas dos substratos (c) (Fotos:
Thais Queiroz Zorzeto). 41
Figura 18 Conjunto de filtração a vácuo montado (a) e lavagem do material retido (b)
(Fotos: Thais Queiroz Zorzeto). 42
Figura 19 Titulação da solução com NaOH (a) e ponto de viragem da titulação (b)
(Fotos: Thais Queiroz Zorzeto). 43
Figura 20 Destilação (a), titulação das amostras (b) e ponto de viragem (c) (Fotos:
Thais Queiroz Zorzeto). 44
Figura 23 Disposição dos vasos nas bancadas feitas de paletes e chapas de papel
reciclável impermeável, dentro da casa de vegetação. (Fotos: Thais Queiroz
Zorzeto). 47
ix
Figura 26 Montagem do sistema para coleta do percolado da irrigação: pratos de
polipropileno com um furo por prato (a) e um anel de borracha encaixado
(b), dentro do qual foi colocada uma mangueira para escoamento da água
percolada. Com um trado, buracos foram abertos na superfície do solo (c)
para encaixar os frascos coletores, tornando possível a medição do volume
percolado das irrigações (d). (Fotos: Thais Queiroz Zorzeto). 49
Figura 28 Nível correto para o transplante de mudas (Fonte: PASSOS & PIRES,
1999). 50
Figura 29 Pesagem dos fertilizantes para solução nutritiva (a), medição diária da
condutividade elétrica (b) e do pH (c) (Fotos: Thais Queiroz Zorzeto). 51
Figura 34 Fruto normal (a) e fruto branco (b) (Fotos: Thais Queiroz Zorzeto). 55
x
arroz, através dos métodos descritos pela Instrução Normativa nº 31, de 23
de outubro de 2008, do MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA, 2008) e pela Norma Européia EN 13040 do Comitê
Europeu de Normatização (CEN, 1999a). 59
Figura 41 Valores de porosidade para fibra de coco granulada, casca de pínus Lupa,
casca de pínus Vida Verde, casca de arroz e das misturas de fibra de coco
granulada e casca de arroz e de casca de pínus Lupa e casca de arroz,
calculados pela Norma Européia EN 13041 de 1999 (CEN, 1999b). 65
Figura 42 Análise granulométrica para fibra de coco granulada e casca de pínus Lupa,
com tempos de agitação de 3 e de 10 minutos. 66
Figura 43 Análise granulométrica para casca de pínus Vida Verde e casca de arroz,
com tempos de agitação de 3 e de 10 minutos. 67
Figura 45 Água retida pela fibra de coco granulada, casca de pínus Lupa, casca de
pínus Vida Verde, casca de arroz e pelas misturas de fibra de coco granulada
e casca de arroz e de casca de pínus Lupa e casca de arroz, na tensão de 10
hPa, sendo as referências para o ajuste da tensão a base do anel volumétrico
e o centro do mesmo (metade da altura). 69
Figura 46 Curva de retenção de água da casca de pínus Lupa, casca de pínus Vida
Verde, fibra de coco granulada, casca de arroz, mistura de fibra de coco
granulada com casca de arroz e mistura de casca de pínus Lupa com casca
de arroz, submetidos às tensões 10, 30, 50, 60 e 100 hPa. 70
xi
hPa. 72
Figura 52 Massa seca da parte aérea do total das plantas, cultivadas em fibra de coco,
casca de arroz e mistura de fibra de coco e casca de arroz, volume de
substrato por planta e freqüência de irrigação. 77
Figura 53 Número total médio de frutos colhidos e para a massa fresca dos frutos,
contados e pesados em campo, para cada tipo de substrato e volume de
substrato por planta, na freqüência de irrigação de 2 vezes por dia. 78
Figura 54 Número total médio de frutos colhidos e para a massa fresca dos frutos,
contados e pesados em campo, para cada tipo de substrato e volume de
substrato por planta, na freqüência de irrigação de 3 vezes por dia. 79
Figura 55 Número total médio de frutos colhidos e para a massa fresca dos frutos,
contados e pesados em campo, para cada tipo de substrato e volume de
substrato por planta, na freqüência de irrigação de 4 vezes por dia. 80
Figura 56 Massa média dos frutos colhidos, para cada tipo de substrato e volume de
substrato por planta, nas freqüências de irrigação avaliadas. 81
Figura 57 Diferença nos tamanhos dos frutos cultivados na mistura de substratos (a) e
na casca de arroz pura (b) (Foto: Thais Queiroz Zorzeto). 82
xii
Caracterização física e química de substratos para plantas e sua avaliação no
rendimento do morangueiro (Fragaria χ ananassa Duch.)
RESUMO
O estudo de atributos físicos e químicos de substratos no Brasil ainda é tido como incipiente,
sendo poucos os trabalhos realizados e escassa a padronização disponibilizada pelo MAPA −
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. O substrato é um insumo utilizado no
cultivo em recipiente em substituição ao solo, principalmente como alternativa à eliminação
do uso do brometo de metila, proibido por lei, para desinfestação. O projeto, realizado de
2009 a 2011, foi dividido em duas fases: a primeira, em laboratório, no Instituto Agronômico
(IAC), consistiu na caracterização física e química de substratos para plantas; e a segunda, em
Jundiaí (SP), na avaliação da resposta do morangueiro, segundo produtividade e massa seca
da parte aérea, da cultivar Oso Grande cultivada em vaso com 3 diferentes substratos: fibra de
coco granulada, casca de pínus Vida Verde, casca de arroz, casca de pínus Lupa e misturas de
fibra de coco e de casca de pínus Lupa, ambas com casca de arroz. O delineamento
experimental da 1ª fase foi inteiramente casualizado, com 6 tratamentos e 5 repetições. A 2ª
fase foi composta por tratamentos em faixas, sendo 3 tipos e 3 volumes de substrato e 3
freqüências de irrigação, com 5 repetições e 3 plantas por parcela. A fibra de coco granulada
apresentou alta porosidade (55%), baixa densidade volumétrica (174 kg m-3) e alta capacidade
de retenção de água. Para os substratos à base de pínus, a alta capacidade de retenção de
água, aliada à baixa porosidade (até 30%), podem trazer problemas à aeração do ambiente
radicular, à movimentação e drenagem de água no recipiente. A casca de arroz possui
granulometria composta por partículas grandes, o que favorece a aeração, mas prejudica a
retenção de água pelo material. No cultivo do morangueiro em vaso, a fibra de coco e a sua
mistura com a casca de arroz, em geral, não diferiram significativamente entre si para
quantidade e massa de frutos colhidos. Apesar disso, o melhor resultado obtido, em
magnitude, ocorreu para a mistura com freqüência de irrigação de 3 vezes por dia e 1,0 L de
substrato, com produtividade média de 223 g planta-1. A casca de arroz foi ineficiente para o
cultivo do morangueiro em vaso, pois seus frutos apresentaram-se aquém (11 g fruto-1) da
massa média dos frutos colhidos nos demais substratos. Entretanto, na forma de misturas, a
casca de arroz torna-se adequada ao cultivo, possibilitando resultados estatisticamente
semelhantes quando comparados à fibra de coco granulada, além de redução do custo de uso
desses substratos para o produtor.
Palavras-chave: cultivo sem solo, morango, propriedade do substrato.
xiii
Physical and chemical characterization of plant substrates and its assessment
in the yield of strawberry (Fragaria χ ananassa Duch.)
ABSTRACT
In Brazil the amount of published studies on substrate physical and chemical attributes is rare,
with few papers and scarce standardization through MAPA − Ministério da Agricultura
Pecuária e Abastecimento (Ministry of Agriculture, Livestock and Supply). The substrate is a
material used in the cultivation of container to replace the soil, mainly as an alternative to
eliminate the use of methyl bromide, product prohibited by law, for pest control. This project,
carried out from 2009 to 2011, was developed in two phases: the first phase, in the laboratory,
at the Agronomic Institute (IAC), consisted of a physical and chemical characterization of the
substrates for plants; and the second phase, in Jundiaí (SP), to evaluate the response of
strawberry, according to productivity and dry mass of shoot, Oso Grande cultivar grown in
pots in 3 different substrates: coconut fiber, pines bark Vida Verde, rice shell, pines bark Lupa
and mixtures of coconut fiber and pines bark Lupa, both with rice shell. The experimental
design of the first phase was randomized with six treatments and five replications. The
second phase consisted of banded treatments, with three types and three volumes of substrate
per plant and three irrigation frequencies, with five replications and three plants per plot. The
granulated coconut fiber show high porosity (55%), low bulk density (174 kg m-3) and high
water retention. For substrates with pine with high water retention and low porosity (until
30%) it may bring problems for the aeration of the rooting medium of plants, water movement
and drainage in a container. Rice bark has its particle size composed of large particles that
favor the aeration of the root environment, but affect negatively the water retention of the
material. In the strawberry crop in pots, coconut fiber and its blend with pure rice husk, in
general, did not significantly differed for the amount and weight of fruits. Nevertheless, the
best result occurred, in magnitude, for the mixture of substrates with irrigation frequency 3
times per day, with average yield of 223 g plant-1. Rice husk was ineffective for growing
strawberries in pots, because its fruits were below (11g fruit-1) of the mean weight of
harvested fruits in the other substrates. Therefore, in the form of mixtures, the pure rice husk
beyond become suitable, enabling statistically similar results when compared to granulated
coconut fiber, besides the reduction of the cost of using these substrates for the producer.
Key words: soilless cultivation, substrate property, strawberry.
xiv
1 INTRODUÇÃO
1
gradativa da produção quando cultivado no mesmo local, ao longo dos anos. Dessa forma,
recomenda-se o cultivo sem solo, com o substrato como meio de fixação das plantas e com
sistema de fertirrigação.
Os objetivos do projeto foram: na primeira fase, em laboratório, caracterizar física e
quimicamente 6 tipos de substratos para plantas, sendo 4 deles puros (fibra de coco granulada,
dois tipos de casca de pínus provenientes de empresas diferentes e casca de arroz) e 2
misturas (fibra de coco granulada e casca de pínus Lupa, ambas com casca de arroz), por meio
dos atributos umidade, densidade volumétrica, densidade de partícula, porosidade,
granulometria e capacidade de retenção de água, e pH, condutividade elétrica e capacidade de
troca de cátions; na segunda fase, avaliar a resposta do morangueiro em três desses insumos
caracterizados física e quimicamente em três volumes de substrato (1,0, 1,5 e 2,0 L) e três
freqüências de irrigação (2, 3 e 4 vezes por dia).
2
2 REVISÃO DE LITERATURA
3
“ideal”; caso essas características sejam significativamente distintas dos valores ótimos
recomendados, proceder ao seu melhoramento; e, finalmente, considerar ensaios de
crescimento vegetal (ABAD et al., 1993).
Uma conseqüência dessa evolução é a aparição de uma diversidade de materiais que
pretendem satisfazer ao amplo leque de necessidades. A pesquisa de materiais e de suas
propriedades é determinada em parte pela maior exigência de controle na produção sem solo
e, por outro lado, pelo aumento da intensificação, a necessidade de otimizar operações, de
aproveitar melhor o espaço disponível e de limitar os custos (MARTÍNEZ, 2000), pois, como
ABAD et al. (1993) já afirmavam, do ponto de vista agrícola, a finalidade de qualquer meio
de cultivo é produzir uma planta de qualidade, no mais curto período de tempo, com os mais
baixos custos de produção, sendo que a obtenção e a eliminação do substrato, uma vez
utilizado, não deve provocar impacto ao ambiente.
2.1.2.1 Turfa
4
alvo de grupos de defesa ambiental, o que tem levado à substituição da turfa por compostos
orgânicos (GRUSZYNSKI, 2002).
5
Como possibilidade à não carbonização das cascas de arroz, elas podem ser apenas
envelhecidas, processo que ocorre no material orgânico como resultado do passar do tempo,
devido a fatores ambientais, e que pode eliminar ou reduzir toxinas do meio, tornando-o
estabilizado (ABAD et al., 1993).
Um material pode ser caracterizado mediante uma gama de propriedades, sejam elas
físicas, químicas ou biológicas. Entretanto, segundo KAMPF (2008), as características físicas
indispensáveis para a caracterização fundamental do material podem ser resumidas em:
densidade volumétrica, porosidade e capacidade de retenção de água. A partir dessas
propriedades é possível indicar a qualidade e sugerir usos e limitações dos substratos.
6
2.2.1 Umidade inicial
7
apresentam densidade de partícula de 2,65 g cm-3 e de matéria orgânica, de 1,45 g cm-3
(FERMINO, 2003).
8
cultivos em substratos era realizada em recipientes com altura entre 10 e 15 cm (DE BOODT
& VERDONCK, 1972). Assim, a diferença entre a PT do substrato e o volume de água retido
a 10 hPa corresponde ao espaço de aeração (EA) do substrato (CORÁ & FERNANDES,
2008).
A quantidade de água retida pelo substrato em um recipiente, depois de saturado e
deixado drenar livremente, ou seja, o valor complementar à determinação do espaço de
aeração, corresponde à capacidade de recipiente do substrato (MARTÍNEZ, 2002). Esse
conceito foi inicialmente definido por WHITE (1964), e desenvolvido posteriormente por DE
BOOT & VERDONCK (1972). Representou uma etapa importante na época para a decisão
da escolha do substrato de cultivo, a fim de se evitar asfixia da raiz devido à falta de oxigênio
no meio.
Esse conceito é análogo ao da capacidade de campo para solos, os quais se encontram
nesse estado quando cessa a drenagem, depois de saturados com água. Segundo MINER
(1994), não é suficiente que um substrato possua uma elevada capacidade de recipiente, já que
apenas uma parte da água retida nessas condições estará disponível às plantas.
Em experimentos com Fícus, conduzidos por DeBoodt e Verdonck, observou-se que
as plantas não apresentaram condições ótimas de desenvolvimento quando a tensão matricial
do substrato foi maior que 100 hPa. Portanto, definiu-se essa tensão como a limite
correspondente ao volume de água retido não disponível para a planta, denominado água
remanescente (AR) ou tamponante do substrato, ou ponto de murcha permanente (PMP).
Dessa forma, o volume de água retido no substrato e disponível às plantas corresponde ao
volume na faixa de tensão entre 10 e 100 hPa (CORÁ & FERNANDES, 2008).
No entanto, entre 10 e 100 hPa existem diferentes tensões de retenção de água, de
forma que DeBoodt e Verdonck observaram que tensões acima de 50 hPa afetavam de
maneira desfavorável o crescimento das plantas. Portanto, esse valor foi definido para
distinguir o volume de água facilmente disponível (AFD), retido entre as tensões de 10 e
50 hPa, do volume de água tamponante (AT) do substrato, entre as tensões de 50 e 100 hPa
(CORÁ & FERNANDES, 2008).
Conhecer a capacidade de retenção de água de um substrato é importante, pois permite
uma programação mais adequada do manejo da irrigação das culturas. É imprescindível esse
conhecimento para estabelecer um equilíbrio entre a água disponível para as plantas e o
espaço de aeração para o desenvolvimento das raízes, pois espaço de aeração deficiente e alta
retenção de água podem reduzir a oxigenação para as raízes e dificultar seu desenvolvimento
(LUDWIG et al., 2008).
9
Em condições ótimas, o substrato ideal deve apresentar entre 20 e 30% (v v-1) de água
facilmente disponível, entre 4 e 10% (v v-1) de água de reserva e entre 24 e 40% (v v-1) de
água total disponível para as plantas (ABAD et al., 1993)
Existem determinadas forças, responsáveis pela retenção de água nos microporos dos
substratos, que vencem a força da gravidade, como as forças capilares, que resultam da
atração da água pelas superfícies de contato. Por exemplo, ao se submergir um tubo capilar
de vidro na água, o líquido alcançará no tubo uma altura superior ao nível da água no
recipiente, sendo tanto mais alto quanto menor o diâmetro do tubo, pois maiores serão as
forças capilares que retêm água (MINER, 1994). De forma semelhante ocorre nos microporos
de um meio de cultivo: quanto menor o tamanho da partícula e, portanto, o diâmetro dos
poros, maior será a força de retenção de água por capilaridade.
A energia responsável pela força de sucção necessária para que a planta extraia a água
retida no substrato, denominada potencial matricial, será tanto maior quanto menor forem os
poros. Essa água retida por capilaridade, não sendo capaz de realizar trabalho livremente e,
portanto, havendo a necessidade de se aplicar uma força de sucção para extraí-la, terá
potencial negativo e tanto mais negativo quanto mais retida se encontre a água no meio
(MINER, 1994).
2.2.5 Granulometria
10
tamanho de poros entre 30 e 300 µm, pois, assim, haverá equilíbrio entre a água disponível e a
aeração do ambiente de crescimento das plantas.
11
A porosidade considerada ideal é de 85% (DE BOODT & VERDONCK, 1972), e o
espaço de aeração, de 20 a 40% do volume (LUDWIG et al., 2008).
2.3.1 Legislação
12
(pH) com uma faixa de ± 0,5; e facultativamente a capacidade de troca catiônica (CTC) em
mmolc dm-3 ou mmolc kg-1 (MAPA, 2004).
Em 12 de setembro de 2006, foram publicados os métodos oficiais para a
determinação dos parâmetros obrigatórios em substratos de plantas e condicionadores de solo
e republicados através da Instrução Normativa nº 17, em 21 de maio de 2007 (MAPA, 2007),
no Diário Oficial da União, da Secretaria de Defesa Agropecuária. Essa Instrução Normativa
foi alterada pela atual Instrução Normativa nº 31, de 23 de outubro de 2008 (MAPA, 2008).
Na Europa, o processo para normalização de Substratos de Cultivo e Melhoradores de
Solo iniciou-se em 1989, com a criação do Comitê Técnico 223, dentro do Comitê Europeu de
Normatização (CEN) (BURÉS & FARRÉ, 2000). Esse grupo é composto por quatro
subgrupos, sendo que há um específico para métodos de análises físicas e químicas. Em 1999,
devido ao empenho dos pesquisadores e dos laboratórios envolvidos, a Europa teve
publicadas suas Normas de análise e caracterização dos componentes e das misturas de
substratos para plantas, o que representa um avanço na busca do consenso para esse mercado
(FERMINO, 2003).
A Norma Européia EN 13040 (CEN, 1999a) determina para o preparo das amostras
passar cerca de 5 L de substrato por uma peneira de 20 mm e, se necessário, agitar
suavemente. Se a peneira retiver mais do que 10% em volume, o procedimento não é
considerado apropriado para o material ensaiado. Se a quantidade retida for menor que 10%,
esse material deverá ser reduzido fisicamente, para que se consiga passar toda a amostra pela
peneira.
A Instrução Normativa nº 17, de 21 de maio de 2007 (MAPA, 2007), determina passar
a totalidade da amostra, como recebida, pela peneira de malha 19 x 19 mm (ASTM ¾"). Caso
fique retida uma quantidade menor ou igual a 10%, deve-se proceder à redução física das
partículas, em partes iguais e tantas vezes quantas forem necessárias, para que todo o material
passe através da peneira. Caso uma quantidade superior a 10% fique retida na peneira de 19 x
19 mm, os métodos para análise física são inadequados ao material e não devem ser
utilizados.
13
2.3.3 Matéria seca e umidade
14
para secagem a 105ºC, quando mineral, ou 65ºC, quando orgânico, por 48 horas ou até peso
constante.
No Brasil, a Instrução Normativa nº 31, de 23 de outubro de 2008 (MAPA, 2008),
descreve o método da auto-compactação, de forma bastante semelhante ao utilizado na
Alemanha, diferindo apenas no volume da proveta (utiliza-se a de 500 mL) com
preenchimento até, aproximadamente, a marca de 300 mL com o substrato na umidade atual.
Algumas das características físicas de substratos comumente avaliadas em laboratório
são determinadas com base no volume calculado em relação à densidade da amostra úmida,
como densidade da amostra seca, porosidade total, espaço de aeração e água disponível.
Entretanto, os métodos existentes na Europa e no Brasil diferem entre si em relação à
umidade inicial do substrato para a determinação da sua densidade volumétrica. Segundo
SPIER et al. (2008), é necessário padronizar os procedimentos para a mensuração. Ainda, o
autor e seus colaboradores afirmam que a correção do teor de umidade inicial da amostra para
50% (v v-1), com base na determinação prévia da matéria seca, parece ser o procedimento
mais adequado para reduzir a variabilidade observada nos resultados das análises de rotina.
Para o trabalho, SPIER et al. (2008) utilizaram casca de arroz carbonizada, substrato
comercial à base de casca de pínus e substrato comercial à base de turfa, em três repetições.
Os dados obtidos indicaram resultados semelhantes para os dois métodos de determinação de
densidade da amostra úmida e apontaram uma redução na variação dos teores de umidade
inicial das amostras submetidas ao método com correção prévia da umidade.
15
banho termostático a 20ºC e preenche-se com água destilada, previamente fervida e esfriada a
20ºC, pesando-se o balão com o substrato e todos os poros preenchidos com água. Faz-se
então o mesmo procedimento apenas com água destilada para calibrar o balão utilizado.
16
- Porosidade Total (PT): umidade volumétrica nas amostras saturadas (0 hPa);
- Espaço de aeração (EA): diferença entre a porosidade total e a umidade volumétrica na
tensão de 10 cm de coluna d´água (10 hPa);
- Água facilmente disponível (AFD): volume de água encontrado entre os pontos 10 e 50 cm
de coluna d´água (10 e 50 hPa);
- Água tamponante (AT): água volumétrica liberada entre 50 e 100 cm de coluna d´água;
- Água disponível (AD): volume de água liberado entre 10 e 100 cm de coluna d´água;
- Água remanescente: volume de água que permanece na amostra após ser submetida à
pressão de sucção de 100 hPa, equivalente à “água de microporos”.
Segundo KLEIN et al. (2002), durante o processo para a determinação da capacidade
de retenção de água em substratos, ocorre uma redução de volume, com acomodação natural
do material e essa redução deve ser medida, pois a variação do volume pode alterar a
distribuição do tamanho dos poros e da dinâmica da água. De acordo com os autores, o
método de análise da retenção de água utilizando dois cilindros não difere do método em que
apenas um cilindro é utilizado, desde que se compense a altura da acomodação do material.
2.3.7 Granulometria
17
Parte-se de 100 g de amostra de material seco ao ar ou em estufa de convecção forçada
à temperatura inferior a 40ºC. Colocam-se as peneiras ordenadas por tamanhos no
equipamento, que deve funcionar durante 10 min à máxima amplitude e de forma
intermitente. Passado esse tempo, pesa-se o conteúdo de cada peneira e do coletor do fundo
em recipiente tarado, com precisão de 0,01 g. A soma de todas as frações não deve ser inferior
em mais de 2% do peso inicial da amostra. A diferença ou a perda do peneiramento se
incorpora na fração mais fina. Os resultados se expressam como porcentagem em peso de
cada fração (MINER, 1994).
18
trabalhavam em base de volume, mas com relações diferentes de diluição para extrair os sais
do substrato com água.
No Brasil, o problema é semelhante. A Instrução Normativa nº 17, de 21 de maio de
2007 (MAPA, 2007), recomenda que o pH e a condutividade elétrica (CE) sejam
determinados no mesmo extrato que emprega a relação de 1:5 (substrato:água) em volume,
sendo que a dosagem do volume de substrato é feita em massa calculada pela densidade
úmida. Entretanto, alguns laboratórios utilizam um método europeu adaptado de
SONNEVELD et al. (1974), que recomenda a diluição na razão de 1:1,5.
Segundo ABREU et al. (2007), a diluição mais baixa (1:1,5) é adotada na Holanda,
com padronização da umidade inicial, sendo as amostras submetidas a uma pressão constante
de 0,1 kg cm-2 antes de se proceder à sua diluição (SONNEVELD et al., 1974;
SONNEVELD, 1988). A proporção de diluição mais alta (1:5) foi proposta pelo Comité
Europeo de Normalización (Comitê Europeu de Normalização) (CEN, 2001).
2.6 Morangueiro
19
próximas produziam maior número de frutos, com melhor formação e tamanho superior.
Com isso, concluiu que a Fragaria chiloensis possuía apenas flores femininas, e a Fragaria
virginiana, com flores hermafroditas, fecundava a primeira, obtendo assim maiores
rendimentos (SANTOS, 1999). Visando à maior propagação do material, a propagação foi
realizada pela germinação dos aquênios e, como resultado, algumas plantas possuíam frutos
bastante superiores às espécies originais e muitas tinham flores completas (com órgãos
masculinos e femininos na mesma flor). Essas eram selecionadas para plantios subseqüentes
e deram origem ao morangueiro cultivado atualmente Fragaria χ ananassa Duch (SANTOS,
1999).
2.6.2 Cultivares
20
Com produção precoce, possibilita a colheita a partir de 60 dias após o plantio. Apesar de ser
sensível a fungos de solo, é tolerante à micosferela (SANTOS, 2005).
21
Tabela 2 – Área cultivada, produção e produtividade de morango no Estado de São Paulo,
entre os anos de 2000 e 2009.
Área cultivada Produção Produtividade
Ano
ha t t ha-1
2000 673 21.671 32,2
2001 707 23.607 33,4
2002 615 19.787 32,2
2003 560 17.714 31,6
2004 699 23.401 33,5
2005 645 22.412 34,7
2006 447 14.719 32,9
2007 421 12.479 29,7
2008 476 13.733 28,8
2009 497 18.904 38,0
Fonte: IEA (2011)
Tabela 3 – Área cultivada (ha), produção (t) e produtividade (t ha-1) de morango nos
principais municípios produtores do Estado de São Paulo, entre os anos de 2000 e 2009.
Atibaia Jarinu Jundiaí Piedade
Ano Área Prod. Produtiv. Área Prod. Produtiv. Área Prod. Produtiv. Área Prod. Produtiv.
ha t t ha-1 ha t t ha-1 ha t t ha-1 ha t t ha-1
2000 120 2.880 24 50 1.800 36 20 576 29 200 8.000 40
2001 120 2.880 24 80 2.880 36 20 576 29 180 7.200 40
2002 120 2.880 24 80 2.880 36 20 576 29 80 3.200 40
2003 120 2.880 24 80 2.880 36 20 576 29 80 3.200 40
2004 270 8.088 30 80 2.880 36 20 840 42 80 3.200 40
2005 120 2.880 24 80 2.880 36 20 840 42 200 8.000 40
2006 120 2.880 24 80 2.880 36 46 1.319 29 30 1.560 52
2007 120 2.880 24 70 2.520 36 46 1.319 29 ----- ----- -----
2008 120 2.880 24 101 3.232 32 46 1.319 29 ----- ----- -----
2009 80 1.920 24 60 1.920 32 5 210 42 200 10.400 52
Fonte: IEA (2011). Produtiv. = produtividade
Até 2008, Jundiaí figurava como o 4º maior produtor de morango do Estado, mas o
alto valor da terra e de mão-de-obra e a dificuldade em controlar pragas e doenças foram
apontados como os fatores que levaram à redução da produção (CALEGARIO et al., 2008).
22
2.7 Cultivo do morangueiro
O ambiente protegido pode ser um túnel (baixo ou alto) ou uma casa de vegetação, em
que o cultivo sem solo pode ser adotado. A maioria dos produtores que adotou o cultivo em
casa de vegetação utiliza estruturas com no mínimo 3 m de altura total, chegando a uma altura
máxima de 4,5 a 4,7 m. Além disso, no caso de uma estrutura sem nenhum controle
ambiental, GOTO & DUARTE FILHO (1999) recomendam uma estrutura de 7 m de frente
com um comprimento de 30 a 40 m.
Uma das principais causas da ocorrência de doenças no morangueiro, como
Micosphaerella fragariae, Xanthomonas fragariae e Botrytis cinerea, segundo
PIRES et al. (1999), é o molhamento foliar. RESENDE & MALUF (1993) já haviam
constatado esse fato em seus resultados, ao reduzirem a incidência de mancha de micosferela
(Micosphaerella fragariae / Ramularia tulasnei), quando utilizado o cultivo protegido.
Além do molhamento foliar, fatores estimulam as pesquisas nesse tipo de ambiente
para a cultura do morangueiro, como a possibilidade de deslocamento do período normal da
23
safra, antecipando-a ou prolongando-a, com vistas aos aspectos econômicos, quando a oferta
está aquém da procura e os preços pagos pelos produtos são maiores (GOTO & DUARTE
FILHO, 1999). Entretanto, apesar dos aspectos econômicos, é necessária a preocupação com
o aumento das chuvas nessa época, em que a incidência de doenças é favorecida, reduzindo a
produção e a qualidade do produto e elevando os custos e os riscos com a saúde dos
trabalhadores e dos consumidores, com a intensificação das aplicações de defensivos
agrícolas.
Além disso, o morangueiro, quando cultivado em solo, torna-se alvo do ataque de
fungos, bactérias e nematóides nele presentes e, por isso, os produtores tiveram que se adaptar
e tornar a cultura itinerante, buscando reduzir o inóculo inicial a cada safra. Rotações de
áreas de plantio são exigências fundamentais para o manejo das condições fitossanitárias,
realidade que não condiz com as principais propriedades produtoras, pois em sua maioria
possuem pequenas áreas disponíveis para a produção. O problema torna-se ainda mais
conflitante quando se adota o cultivo protegido em casa de vegetação, pela dificuldade de
deslocamento dessas estruturas (FERNANDES JUNIOR, 2009).
24
Nos Estados Unidos, o cultivo em escala comercial do morangueiro em sistemas sem
solo é mais recente que na Europa, sendo que ainda há a busca pela adequação de técnicas que
sejam viáveis economicamente. Na Flórida, segundo PARANJPE et al. (2003), essa
viabilidade econômica ocorre e relaciona-se com colheitas precoces, permitindo preços de
30% a 40% superiores aos do período normal de safra.
No Brasil, a utilização do substrato como meio de crescimento para as plantas em
substituição ao uso do solo também tem sido adotada pelos produtores, com resultados
produtivos e econômicos questionáveis (GIMÉNEZ et al., 2008). Os mesmos autores
apontam os principais entraves ao crescimento desse tipo de cultivo no país como a falta de
informação e de pesquisas.
25
No Rio Grande do Sul, ANDRIOLO et al. (2002) utilizaram sacolas plásticas com
3,5 L de substrato à base de fibra de coco e casca de pínus, com fertirrigação semanal por
meio de gotejadores.
Em Jundiaí (SP), FURLANI & FERNANDES JUNIOR (2004) avaliaram os
substratos casca de arroz carbonizada, fibra de coco, mistura de casca de pínus e vermiculita,
mistura de fibra de coco, casca de arroz pura e vermiculita. Observaram que, no sistema de
cultivo composto por sacolas plásticas em esquema de colunas verticais, o substrato com
melhores resultados comprovados entre os avaliados no Brasil foi a casca de arroz
carbonizada, pois não houve compactação do material na base das colunas e
comprometimento da drenagem e da oxigenação radicular.
Segundo GIMÉNEZ et al. (2008), no Rio Grande do Sul, o substrato mais utilizado é a
casca de arroz carbonizada, em sacolas plásticas com 50 L de substrato e 3 plantas por sacola,
perfazendo um volume de substrato de 16 L planta-1, aproximadamente.
Embora a casca de arroz carbonizada seja facilmente disponível e de baixo custo, seu
emprego em larga escala torna suas características imprecisas na padronização do material,
devido ao processo de carbonização, além de sofrer restrições ambientais (GIMÉNEZ et al.
2008).
A fibra de coco utilizada como substrato, segundo NUNES (2000), possibilita um
ambiente excelente para o desenvolvimento radicular das plantas, com características de
elevada retenção de água e alta porosidade. COSTA & LEAL (2008), avaliando variedades
de morangueiro em diferentes sistemas de produção e tecnologia de ambiência, inclusive com
fibra de coco e casca de arroz carbonizada como substratos puros, observaram que o melhor
sistema hidropônico de produção, em todos os ambientes, foi o que continha a fibra de coco,
tanto em relação à produtividade, quanto ao número de frutos do morangueiro.
Quando substratos não possuem características físicas desejáveis ao cultivo de plantas
como matéria-prima única, ou quando se torna necessária a redução do custo com esse
insumo, podem-se utilizar misturas de substratos. PEREIRA et al. (2006), avaliando o efeito
da mistura de um substrato comercial (à base de casca de pínus, turfa e vermiculita) com
vermiculita, casca de arroz carbonizada e solo (Argissolo amarelo), em porcentagens iguais
em volume e com 5 L do substrato por planta, observaram que há possibilidade de redução do
substrato comercial em mistura com a casca de arroz carbonizada e com o solo, sem prejuízos
à produtividade e à qualidade de frutos do morangueiro.
26
2.7.4 Irrigação e necessidade hídrica da cultura
A água, como principal constituinte vegetal (cerca de 80%), é utilizada pela planta no
transporte de solutos, como solvente em vários processos metabólicos, na turgescência
celular, e é responsável pela forma e estrutura dos órgãos, atuando no mecanismo estomático
(GOTO & DUARTE FILHO, 1999).
No Brasil, é bastante comum encontrar produtores que irrigam seus campos de
morangueiro por aspersão, um tipo de irrigação que pode acarretar condições favoráveis para
o desenvolvimento e a disseminação de fungos e bactérias causadores de doenças, como a
antracnose no pedúnculo, nas flores e nos frutos jovens (flor preta) (PIRES et al., 1999).
Para evitar esse risco, recomenda-se o uso da irrigação por gotejamento, que apresenta
como vantagens a não-aplicação de água na parte aérea da planta, possibilitando uso de
tecnologia como a automatização, controle das irrigações e fertirrigação.
O morangueiro é uma planta sensível tanto ao déficit hídrico, tendo a irrigação como
prática essencial ao seu cultivo, quanto ao excesso de água que, aliado a um período
prolongado de saturação, pode favorecer o desenvolvimento de patógenos como Pythium spp.,
Rhizoctonia spp. e Phytophthora cactorum, além da lixiviação de nutrientes e redução no
desenvolvimento radicular pelos baixos níveis de oxigênio nesse tipo de ambiente (PIRES et
al., 1999).
Uma deficiência hídrica grave ou prolongada, de maneira geral, pode reduzir o
desenvolvimento de órgãos vegetativos da planta. Nessa situação, os estômatos se fecham,
para evitar perdas maiores de água da planta, a assimilação de CO2 é reduzida, bem como a
translocação de produtos fotossintetizados, havendo acúmulo de açúcares e, portanto,
deficiência de alguns nutrientes, pela incapacidade da planta de absorvê-los nestas condições
(GOTO & DUARTE FILHO, 1999).
Segundo MAAS (1984), o morangueiro é excepcionalmente resistente aos danos
causados pelo excesso hídrico por um período de 6 a 7 dias. O contínuo alagamento,
entretanto, torna-se prejudicial às plantas. Na Califórnia, o excesso de água na forma de
irrigação prolongada ou muito freqüente tem sido associado a uma desordem no morangueiro,
caracterizada pela falta de rigidez e de cor no fruto, com um aspecto mosqueado rosa e
branco, tanto interna quanto externamente (MAAS, 1984).
A determinação da freqüência de irrigação, entretanto, deve considerar o tipo de
substrato utilizado e suas características físicas, que podem determinar a capacidade de
retenção de água e o nível de oxigenação do material. Devido ao volume limitado do
27
recipiente para o desenvolvimento das plantas, podem ocorrer oscilações entre o conforto e o
estresse hídrico, a disponibilidade de oxigênio e a falta dele, dependendo do tipo de substrato
(MARFA & GURI, 1999).
BORTOLOZZO et al. (2007) avaliaram, para a casca de arroz carbonizada, com 2 L
de substrato por planta, o efeito da freqüência de irrigação sobre a produtividade do
morangueiro. Dentre as freqüências de 1, 2, 3 e 4 vezes por dia, a maior produção média de
frutos foi observada irrigando-se as plantas 4 vezes por dia.
28
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Material
Figura 1 – Substratos avaliados: fibra de coco granulada, casca de pínus Lupa, casca de
arroz, casca de pínus Vida Verde, mistura de 50% de fibra de coco granulada com 50% de
casca de arroz (base % v v-1), mistura de 50% de casca de pínus Lupa com 50% de casca de
arroz (base % v v-1) , respectivamente (Foto: Thais Queiroz Zorzeto).
29
com 9 tratamentos, sendo 3 substratos (fibra de coco granulada, casca de arroz e mistura dos
dois em iguais volumes) e 3 volumes de substrato por planta (1,0, 1,5 e 2,0 litros), com 5
repetições em cada tratamento e 3 plantas por parcela, totalizando 405 plantas. Foi realizada a
análise de variância e, quando significativa, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey
a 5% de probabilidade.
3.3 Métodos
a b
30
3.3.2 Caracterização física de substratos
3.3.2.1 Umidade
(Equação 1)
-1
sendo: U = Umidade (% m m );
m w = massa úmida do substrato;
ms+b = massa seca do substrato + béquer;
mb = massa do béquer;
31
material e o volume obtido foi lido. Pesou-se o material descontando a massa da proveta e
anotando o volume final que o substrato atingiu após a compactação (Figura 3).
a b c
a b c d
Figura 4 – Equipamento utilizado para determinação da densidade aparente (a): peneira de
19 x 19 mm de malha, funil e anéis. Disposição do substrato no equipamento (b) e colocação
32
do peso sobre o material por 180 s (c), separação do anel do cilindro de ensaio (d) e
nivelamento da borda superior do cilindro. (Fotos: Thais Queiroz Zorzeto).
a b c d
Figura 5 – Preenchimento do picnômetro com substrato seco em estufa a 105ºC (a); amostras
em chapa de aquecimento (b); preenchimento do volume do picnômetro com água destilada
fervida e esfriada a 20ºC (c); secagem do exterior do picnômetro e nova pesagem do material
(d). (Fotos: Thais Queiroz Zorzeto).
33
em banho termostático a 20ºC e se completou o volume com água destilada, fervida e esfriada
a 20ºC. Retirou-se do banho, secando o exterior do picnômetro, pesando-o posteriormente
(Pa).
A densidade real foi calculada pela equação 2.
(Equação 2)
-1
sendo: D real = densidade real ou de partícula (g mL );
d água a 20ºC = densidade da água a 20ºC;
Ps = massa do picnômetro + substrato seco;
Pm = massa do picnômetro;
Psa = massa do picnômetro + substrato + água
Pa = massa da água.
3.3.2.4 Porosidade
A porosidade total dos substratos foi calculada segundo a Norma Européia EN 13041
de 1999 (CEN, 1999b) através da equação 3, que utiliza valores da densidade real ou de
partícula e da densidade aparente seca.
(Equação 3)
-1
sendo: Ps = Porosidade do substrato (% v v );
D aparente seca = densidade aparente seca;
D partícula = densidade de partícula.
34
mantida na mufla durante 1 hora, desligando o equipamento depois desse tempo. Quando a
amostra atingiu temperatura ambiente, pesou-se a quantidade de cinzas obtida.
a b
Figura 6 – Disposição dos cadinhos de porcelana em bandeja (a) para colocação na mufla (b)
(Fotos: Thais Queiroz Zorzeto).
3.3.2.6 Granulometria
Segundo MINER (1994), não existe uniformidade quanto à série de peneiras que
devem ser utilizadas para a classificação granulométrica dos substratos. Para tanto, devem-se
selecionar em função das disponibilidades.
FERMINO (2003) utilizou peneiras com as seguintes malhas: 3,35; 2,00; 1,00; 0,60 e
0,106 mm, recomendando tempo de agitação de 3 minutos. MINER (1994) recomenda que,
para classificação de compostos de resíduos urbanos, devem-se utilizar peneiras de malha de
2 a 40 mm; para objetivos relacionados à retenção e aeração, utilizar malha de 0,1 a 1 mm. O
tempo de agitação estipulado por MINER (1994) é de 10 minutos. Portanto, as malhas das
peneiras utilizadas foram: 3,350; 2,000; 1,000; 0,500; 0,250; 0,105 e 0,062 mm e os tempos
de agitação foram de 3 e de 10 minutos, para comparação entre os autores, utilizando-se 100 g
de substrato seco em estufa a 65ºC, colocado em agitador mecânico da marca Produtest
(Figura 7).
a b
Figura 7 – Preparação do equipamento com peneiras dispostas para separação do material (a)
e pesagem das frações separadas (b). (Fotos: Thais Queiroz Zorzeto).
35
3.3.2.7 Capacidade de retenção de água
a b c
Segundo a Norma Européia EN 13041 (CEN, 1999b), saturou-se a amostra com água,
equilibrando-a posteriormente a uma pressão de 50 hPa em um leito de areia. A amostra foi
então transferida para cilindros formados por dois anéis (ambos com 100 ± 5 mm de diâmetro
interno e 50 ± 1 mm de altura), reumedecida e equilibrada às pressões hidrostáticas referentes
à curva de retenção de água. Uma vez alcançado o equilíbrio, calcularam-se as propriedades
físicas a partir dos pesos úmido e seco da amostra do anel inferior.
Para o procedimento desse método, preencheram-se 2 tubos com porções de ensaio,
com cuidado, para evitar a formação de buracos artificiais. Cobriu-se cada tubo com uma
36
gaze sintética, fixando-a com um elástico. Mantendo um fluxo constante, o banho de água foi
lentamente preenchido até que o nível estivesse a 1 cm abaixo da borda superior do tubo,
permanecendo em repouso com o nível da água constante até o umedecimento completo da
amostra (até máximo de 36 h). Retiraram-se os tubos, transferindo-os imediatamente para a
mesa de sucção de leito de areia. O fundo do tubo deveria estar completamente em contato
com a areia. Aplicou-se durante 48 h uma pressão hidrostática de 50 hPa, medidos a partir do
fundo do tubo (Figura 9).
Para que se evitasse a quebra da coluna d´água, ou seja, para que a água da coluna não
caminhasse em direção à mesa, devido à evaporação da água nela contida, retiraram-se as
amostras assim que ocorresse equilíbrio com a coluna d´água.
a b c
Figura 9 – Preenchimento do tubo com porções de ensaio (a), saturação do tubo (b),
disposição das amostras (c). (Fotos: Thais Queiroz Zorzeto).
a b c
Figura 10 – Preenchimento dos anéis (a), saturação dos anéis (b) e aplicação das tensões
referentes à curva de retenção de água nos anéis (c). (Fotos: Thais Queiroz Zorzeto).
37
Preencheram-se completamente os anéis, saturando-os novamente durante um mínimo
de 24 h e máximo de 36 h. Retiraram-se as unidades com cuidado, transferindo-as
imediatamente para o tanque de areia, assegurando-se que a areia estivesse em contato com a
parte inferior da unidade (Figura 10).
Aplicou-se, então, uma pressão hidrostática de 10 hPa, medida a partir da metade da
altura do anel inferior. Depois, preencheram-se os outros pontos da curva de retenção de água
aplicando-se pressões de 30, 50, 60 e 100 hPa.
Retiraram-se os cilindros da amostra de anel duplo do leito de areia e, colocando-os
sobre uma superfície plana e estável, levantou-se, verticalmente com cuidado, o anel superior.
Nivelou-se a amostra com a borda superior do anel inferior sem provocar compactação.
Retirou-se todo o material aderido no exterior do anel da amostra e anotou-se a massa, com
cuidado para não girar o anel (Figura 11). Colocou-se o anel na estufa sem alterar sua
estrutura e secou-se a 103 ± 2ºC até obter massa constante.
a b c
Figura 11 – Retirada da fita que unia os anéis (a), separação dos anéis (b) e pesagem do anel
da amostra com a amostra e sem a gaze (c). (Fotos: Thais Queiroz Zorzeto).
3.3.3.1 pH
Para a determinação do pH, foram utilizados dois métodos de extração: o descrito por
SONNEVELD et al. (1974) adaptado, com diluição para a extração da solução de substrato na
proporção 1:1,5, para sua posterior caracterização química do pH e de outros atributos e o
38
descrito pela Instrução Normativa do MAPA nº 17 de 21 de maio de 2007 (MAPA, 2007),
que recomenda diluição na proporção 1:5.
O procedimento, descrito por SONNEVELD et al. (1974) adaptado, consistiu em
colocar em um recipiente cerca de 200 mL de substrato sem tratamento prévio, acrescentando
a ele água deionizada, lentamente. Apertou-se suavemente o substrato com as mãos até que a
água escorresse por entre os dedos, o que correspondia ao ponto correto da saturação (Figura
12).
a b
Figura 12 – Material utilizado para extração da solução do substrato: água deionizada e
substrato (a) e procedimento para obtenção do ponto correto de saturação (b). (Fotos: Thais
Queiroz Zorzeto).
Utilizando anéis de metal para dosagem de substrato, com volume de 100 cm³
(diâmetro de 48 mm e altura de 54 mm) e um equipamento para estruturação dos anéis
(Figura 13), foram unidos e preenchidos delicadamente, sem pressionar, com o material
úmido até a borda superior. Colocou-se um peso com diâmetro menor que o anel
(aproximadamente 1,8 kg) sobre o substrato para compactação, por cerca de 10 s (Figura 13).
a b c
Figura 13 – Cilindros utilizados (a), preenchimento com o substrato úmido (b) e compactação
do material (c). (Fotos: Thais Queiroz Zorzeto).
39
Separaram-se os dois anéis de metal com uma faca e removeu-se o anel superior.
Cuidadosamente, removeu-se o anel inferior, colocando o substrato compactado em um frasco
de vidro de 200 mL, de abertura com o mesmo diâmetro do anel de metal. Adicionaram-se
150 mL de água deionizada, fechando o frasco para agitação em mesa horizontal a 220 rpm
por 30 minutos (Figura 14).
a b c d
Figura 14 – Transferência do substrato para o frasco (a), medição da água deionizada para
diluição (b), frascos prontos (c) para agitação (d). (Fotos: Thais Queiroz Zorzeto).
a b
Figura 15 – Peneiramento do extrato do substrato (a) e medição do pH (b). (Fotos: Thais
Queiroz Zorzeto).
40
3.3.3.2 Condutividade elétrica
a b c
Figura 16 – Filtração das amostras de substrato (a), solução extraída (b) e medição da
condutividade elétrica das soluções extraídas dos substratos (c) (Fotos: Thais Queiroz
Zorzeto).
41
a solução de acetato de cálcio a pH 7 e o ácido acético formado é titulado com solução
padronizada de hidróxido de sódio. O carvão ativo é empregado para prevenir as perdas dos
materiais orgânicos solúveis durante a lavagem.
Pesaram-se 5,00 g da amostra de substrato moída e 2,00 g de carvão ativado,
transferindo-os para um frasco. Para essa análise, fez-se prova em branco acrescentando
apenas o carvão. Juntou-se 100 mL de HCl 0,5 mol L-1, medido em proveta, agitando durante
30 minutos no agitador tipo Wagner (Figura 17).
a b c
Figura 17 – Pesagem da amostra de substrato (a), solução de ácido clorídrico acrescentada (b)
e agitação da amostra em agitador tipo Wagner (c). (Fotos: Thais Queiroz Zorzeto).
a b
Figura 18 – Conjunto de filtração a vácuo montado (a) e lavagem do material retido (b)
(Fotos: Thais Queiroz Zorzeto).
Procedeu-se nova lavagem apenas após todo o líquido de lavagem anterior ter sido
drenado. Efetuou-se número de lavagens suficiente para se ter um volume de 350 a 400 mL.
42
Terminada a fase de lavagens, desprezou-se o primeiro líquido, trocando-se o kitassato
utilizado por outro de igual capacidade (1000 mL).
A fase seguinte consistiu em transferir 100 mL de solução de acetato de cálcio
0,5 mol L-1 para copo de 250 mL. Esse volume de solução foi distribuído sobre toda a
superfície do material em sucessivas porções de 10 mL, sob vácuo reduzido, para permitir
uma lenta percolação. Uma nova porção de solução de acetato de cálcio apenas foi
adicionada após a porção anterior ter sido drenada para o kitassato. Lavou-se o material
retido com porções de água destilada até totalizar um volume de aproximadamente 300 mL no
kitassato. Transferiu-se a solução contida no kitassato para erlenmeyer de 500 mL e titulou-se
com solução 0,1 mol L-1 de NaOH padronizada, empregando-se fenolftaleína como indicador
(Figura 19). A prova em branco foi feita empregando-se o carvão ativado e omitindo a
presença da amostra.
a b
Figura 19 – Titulação da solução com NaOH (a) e ponto de viragem da titulação (b) (Fotos:
Thais Queiroz Zorzeto).
43
Recolheu-se aproximadamente 40 mL de destilado em frasco de 50 mL com
graduação de volume, contendo 5 mL de solução de ácido bórico-indicador. A solução
mudará da cor vinho para a verde marinho, à medida em que se recolhe o líquido destilado
(Figura 20a). A seguir, titulou-se com H2SO4 0,0025 mol L-1 previamente padronizado, sendo
que a cor foi alterada de verde para rosa claro no ponto de viragem (Figura 20).
a b c
Figura 20 – Destilação (a), titulação das amostras (b) e ponto de viragem (c) (Fotos: Thais
Queiroz Zorzeto).
Para a extração de nitrato, utilizando o mesmo extrato no balão onde foi determinado o
amônio, acrescentou-se 0,2 g de liga de Devarda e procedeu-se à destilação a vapor,
recolhendo cerca de 40 mL do destilado, em frasco de 50 mL com graduação de volume,
contendo 5 mL de solução ácido bórico-indicador. Titulou-se com H2SO4 0,0025 mol L-1
previamente padronizado.
Figura 21 – Espectrômetro de emissão óptica em plasma de argônio (ICP OES) (Foto: Thais
Queiroz Zorzeto).
44
3.3.3.6 Cloro
Para a extração de cloro, foi utilizado o método descrito por SONNEVELD et al.
(1974) adaptado, com extrato obtido pela diluição 1:1,5, com filtração das amostras. A
determinação do cloro foi feita por eletrodo de íon seletivo no aparelho Orion 710 A+, que
tem a capacidade de determinar também pH.
Colocou-se 3 mL da amostra, com uma pipeta, em copo plástico e, com pipetador
automático, mais 9 mL de solução tampão de cloreto a ele, aguardando no mínimo dez
minutos para fazer a leitura (Figura 22).
a b c
Figura 22 – Solução extraída dos substratos (a), acrescentada de solução tampão de cloreto
(b) e determinado o teor de cloro (c) (Fotos: Thais Queiroz Zorzeto).
Tabela 4 – Análises iniciais dos elementos químicos, determinados no extrato 1:1,5, nas
amostras de substrato.
N- N-
Substrato B Ca Cu Fe K Mg Mn Na P S Zn NH4+ NO3 - Cl-
mg L-1
Fibra coco
0,2 0,7 <0,1 0,2 97,1 0,7 0,1 3,3 3,5 7,4 0,1 1,06 <0,1 63,78
granulada
Casca pínus
0,1 12,4 <0,1 2,5 103,3 5,4 0,1 39,3 0,7 30,4 0,1 1,68 0,26 15,98
Lupa
Casca pínus
0,1 12,7 <0,1 <0,1 62,6 13,1 <0,1 7,6 1,3 0,5 <0,1 2,58 36,66 3,55
Vida Verde
Casca arroz 0,1 <0,1 <0,1 <0,1 134,0 1,3 0,2 4,4 9,4 6,1 <0,1 2,91 0,36 48,28
Fibra coco
granulada + 0,2 <0,1 <0,1 <0,1 158,6 0,1 <0,1 5,4 9,6 8,2 <0,1 2,35 0,38 65,44
casca arroz
Casca pínus
Lupa 0,1 5,6 <0,1 0,8 137,9 3,6 <0,1 33,5 0,8 20,7 <0,1 2,27 0,66 32,78
+ casca arroz
45
3.3.4 Avaliação dos substratos no cultivo do morango
46
Cada faixa foi montada sobre bancadas, dispostas em 2 corredores. Devido ao baixo
pé-direito da estrutura da casa de vegetação, as bancadas foram dispostas próximas da
superfície do solo, em paletes, com uma chapa de papel reciclado impermeável de dimensões
de 1,20 m por 1,50 m sobre os mesmos. Os vasos foram dispostos em 8 fileiras no sentido
longitudinal da casa de vegetação, no espaçamento de 0,25 m por 0,25 m a partir do centro
dos vasos (Figura 23).
Figura 23 – Disposição dos vasos nas bancadas feitas de paletes e chapas de papel reciclável
impermeável, dentro da casa de vegetação. (Fotos: Thais Queiroz Zorzeto).
a b c
Figura 24 – Pesagem do substrato em laboratório (a), colocação do plástico separador da
pedra e do substrato (b) e preenchimento dos vasos com os substratos em análise (c) (Fotos:
Thais Queiroz Zorzeto).
Para a disposição dos vasos de forma casualizada, foi realizado um sorteio das
posições de cada parcela de cada tratamento, sendo que, antes de se iniciar uma nova
seqüência, todos os tratamentos deveriam estar dispostos em fileira, sorteando-se uma nova a
47
seqüência para as próximas repetições. Assim, cada faixa correspondeu à mesma seqüência
sorteada de vasos.
O sistema de irrigação automatizado foi localizado com uma estaca gotejadora por
vaso e independente para cada volume de substrato, podendo-se aplicar a freqüência de água
adequada às características de cada faixa. As estacas derivavam de uma linha central de ¾ de
polegada através de microtubos com 0,5 m de comprimento. Essa linha central, por sua vez,
derivava de uma linha principal de mesmo diâmetro de mangueira, para levar a fertirrigação
aos dois corredores de bancadas de cada faixa de freqüência de irrigação.
Ainda, para distinguir o acionamento da bomba de forma automática, foi utilizada uma
válvula solenóide para cada faixa de freqüência de rega, que era acionada com o comando do
controlador no momento e na duração programada durante o dia. Com o comando, o conjunto
motobomba de 1 cv, integrado com um filtro de disco e conectado ao reservatório de solução
nutritiva com capacidade para 500 L, era acionado e fertirrigava as respectivas faixas
programadas.
a b c
Figura 25 – Montagem do controlador para automatização da irrigação (a), montagem das
válvulas solenóides da irrigação (b) e montagem dos microtubos para colocação de estacas
gotejadoras em cada vaso (c). (Fotos: Thais Queiroz Zorzeto).
A irrigação foi realizada desde o primeiro dia após o transplante, sendo aplicada
inicialmente 4 vezes por dia, sem distinção entre os tratamentos, para favorecer o pegamento
das mudas. No 26º dia após o transplante, iniciou-se a diferenciação da irrigação por
gotejamento para as 3 faixas, com vazão média dos gotejadores de 0,05 L min-1, sendo cada
faixa uma freqüência diferente de irrigação: 2 vezes por dia, às 9 e às 14 h, na primeira faixa;
3 vezes por dia, às 9, 14 e 16 h, na segunda faixa; e 4 vezes por dia, às 9, 12, 14 e 16 h, na
terceira faixa.
48
Foi montado um sistema para coleta e medição do volume percolado de irrigação
diária, composto de pratos de polipropileno de 26 cm de diâmetro com um furo de
aproximadamente 0,5 cm na parede do prato próximo à base do mesmo, dentro do qual foi
disposto um anel de borracha para encaixar e vedar uma mangueira transparente de 0,5 cm
diâmetro externo aproximadamente. Para a coleta da água percolada nos pratos, as
mangueiras foram dispostas dentro de frascos, colocados em furos abertos na superfície do
solo. Todos os dias os volumes percolados foram medidos com uma proveta graduada e
descartados, para a avaliação da uniformidade da vazão da irrigação (Figura 26).
a b c d
Figura 26 – Montagem do sistema para coleta do percolado da irrigação: pratos de
polipropileno com um furo por prato (a) e um anel de borracha encaixado (b), dentro do qual
foi colocada uma mangueira para escoamento da água percolada. Com um trado, buracos
foram abertos na superfície do solo (c) para encaixar os frascos coletores, tornando possível a
medição do volume percolado das irrigações (d). (Fotos: Thais Queiroz Zorzeto).
3.3.4.5 Transplante
Foi transplantada apenas uma muda por vaso, da cultivar Oso Grande, escolhida por
sua importância de mercado e por sua boa adaptabilidade ao cultivo sem solo. O transplante
foi realizado no dia 2 de julho de 2010 e as mudas (Figura 27), produzidas e doadas pela
empresa Viveiro Fragária, de Jundiaí, encontravam-se com aproximadamente 7 cm de altura e
3 a 4 folhas, em bandejas de polipropileno com 70 células e em floração.
49
GREATHEAD et al. (1977) e SCAGLIA et al. (1995) relatam que os primeiros 15
dias a partir do transplante são críticos para o pegamento da muda, devendo o substrato
permanecer úmido nesse período. Além disso, o transplante correto deve levar em
consideração a posição da coroa da planta em relação à superfície do solo, nem muito alta,
nem muito baixa, mas em íntimo contato com o substrato (Figura 28).
Figura 28 – Nível correto para o transplante de mudas (Fonte: PASSOS & PIRES, 1999).
As plantas foram nutridas por solução nutritiva completa veiculada pelo sistema de
gotejamento em todas as irrigações, com início no 18º dia após o transplante, sendo a
fertirrigação monitorada todos os dias, antes do início da primeira irrigação, tendo a sua
condutividade elétrica medida com um condutivímetro de bolso da marca Western,
devidamente calibrado, e o seu pH também analisado com fitas de pH da Merck.
Os valores de pH e da condutividade elétrica são bastante variáveis, segundo a
composição das soluções nutritivas. Entretanto, segundo GIMÉNEZ et al. (2008), o
morangueiro é sensível à salinidade, podendo reduzir a produtividade da cultura, mas valores
muito baixos de condutividade elétrica podem prejudicar a qualidade do fruto. As faixas
recomendadas são: para pH, entre 5,5 e 6,5; e para condutividade elétrica, entre 1,2 e
1,8 dS m-1.
Com a medição da condutividade elétrica pode-se colocar apenas o necessário que
falta para atingir a condutividade esperada da solução nutritiva calculada e, com a medição do
50
pH da água, também pode-se alterar apenas quando necessário. Inicialmente, fez-se análise
da água utilizada para conhecer os seus teores de nutrientes disponíveis e o nível de pH.
Observando-se um pH excessivamente elevado, em torno de 8,5, optou-se por utilizar um
produto à base de fósforo (Fosphorus plus) para baixar o pH ao nível recomendado (Figura
29).
a b c
Figura 29 – Pesagem dos fertilizantes para solução nutritiva (a), medição diária da
condutividade elétrica (b) e do pH (c) (Fotos: Thais Queiroz Zorzeto).
Os tratos culturais comuns às três faixas de rega, como retirada das folhas velhas ou de
estolhos, foram sempre realizados na mesma época, partindo-se dos mesmos critérios. Da
51
mesma forma, foi feito o mesmo para o controle fitossanitário e deficiências nutricionais,
mesmo quando a incidência de determinada praga, doença ou sintoma era maior em um
tratamento do que em outro. Não foi realizada nenhuma aplicação em caráter preventivo,
apenas de forma corretiva.
Logo após o transplante das mudas do morangueiro, essa toalete, se realizada de forma
inadequada e excessiva, pode aumentar a mortalidade das plantas, além de diminuir o
crescimento inicial, atrasando a frutificação e reduzindo, portanto, a produtividade (PASSOS
& PIRES, 1999). Além disso, as inflorescências que porventura acompanharam mudas de
maior tamanho foram eliminadas, pois representam fortes drenos de nutrientes e poderiam
retardar o desenvolvimento vegetativo.
No decorrer do ciclo de vida do morangueiro, entretanto, foi realizado desbaste tanto
de folhas, quanto de flores ou frutos doentes, por auxiliar no manejo de pragas e de doenças,
diminuindo o inóculo de folhas e aumentando o arejamento entre as plantas. Entretanto,
segundo PASSOS & PIRES (1999), essa poda deve ser cuidadosa, sem retirar excessivamente
as folhas das plantas, pois o desenvolvimento ou a quantidade foliar reduzidos podem
acarretar redução na distribuição de açúcar aos frutos.
Diariamente foi realizada uma avaliação de todas as plantas de forma visual,
observando-se possíveis sintomas de deficiências ou excessos nutricionais, ocorrências de
pragas e ou doenças, para um controle eficiente do experimento, anotando-se as observações e
seguindo conforme recomendação agronômica.
Durante o ciclo de produção do morangueiro, a primeira fase de crescimento
vegetativo ocorre em geral entre fevereiro e abril, logo após o transplante das mudas,
dependendo da região de produção. Nessa época, os dias são mais longos e as temperaturas
relativamente mais altas, fator que influencia o número de gemas florais e, conseqüentemente,
de frutos que se formarão. Com o adequado desenvolvimento vegetativo e o clima favorável,
com dias curtos e temperaturas mais amenas, será induzido o florescimento em geral próximo
ao outono, em meados de setembro (DUARTE FILHO et al., 1999).
Devido ao transplante realizado tardiamente, para favorecer o crescimento vegetativo
das plantas e evitar o dreno de nutrientes para os frutos precoces, foram podadas folhas
velhas, flores e estolhos.
Aos 25 dias após o transplante, as folhas mostraram sintomas de deficiência de
magnésio e de cálcio (Figura 30). Em vista disso, foi pulverizado sulfato de magnésio na
proporção de 15 g do fertilizante para 5 L de água limpa.
52
a b
Figura 30 – Folha do morangueiro coletada no experimento com sintomas de deficiência de
magnésio (a) e de cálcio (b) (Fotos: Thais Queiroz Zorzeto).
Nessa mesma época, observou-se a ocorrência de lagartas (Figura 31), que foram
retiradas manualmente. Devido ao aumento de sua ocorrência, espalhada em todo o cultivo,
optou-se por utilizar um controle biológico, para exclusão mais eficiente, sendo aplicado o
inimigo natural Bacilus turigiensis no 70º dia após o transplante.
A lagarta-rosca é considerada uma praga secundária na cultura do morangueiro.
Entretanto a falta de seu controle pode causar sérios danos à planta, já que a lagarta, de
hábitos noturnos, raspa a epiderme inferior das folhas jovens e pode, portanto, diminuir
potencialmente a taxa fotossintética das plantas. Durante o dia, as larvas escondem-se
enroladas e enterradas no solo ou no substrato.
Seu ciclo de vida é de aproximadamente 50 dias, dos quais permanece 30 dias como
larva, podendo atingir 45 mm de comprimento, período após o qual empupa durante cerca de
15 dias. Os adultos são mariposas com 35 mm de envergadura e de coloração marrom, com
manchas pretas; as fêmeas adultas podem ovipositar sobre as folhas, solo e ou substrato,
próximo das plantas (FADINI & ALVARENGA, 1999).
a b
Figura 31 – Lagarta-rosca alimentando-se da folha do morangueiro (a) e mosquito Fungus
gnatus (b). (Fotos: Thais Queiroz Zorzeto).
53
controle, utilizou-se a aplicação de cal virgem na superfície do solo com o surgimento de
algas, para excluir os ovos ali depositados, e de um produto à base de cloro, Tecsa clor,
pulverizado entre os vasos, na proporção de 4 mL L-1 de água limpa, para evitar a formação
de algas.
Devido ao tráfego de máquinas no local próximo à casa de vegetação e à baixa
umidade relativa no período de cultivo, procedeu-se à lavagem das folhas das plantas pela
ocorrência excessiva de poeira sobre as mesmas, uma vez por semana, a partir do 68º dia após
o transplante (Figura 32).
a b c
Figura 32 – Morangueiro com quantidade excessiva de poeira em suas folhas (a), lavagem
das folhas com pulverização de água (b) e morangueiros com folhas lavadas (c). (Fotos: Thais
Queiroz Zorzeto).
Observou-se também a ocorrência de ácaro rajado nas plantas, a partir do 80º dia
(Figura 33), com formação de um tipo de “teia” nas folhas do morangueiro, tornando a sua
parte inferior mais escura.
a b c d
Figura 33 – Epiderme inferior da folha do morangueiro sadia (a) e com infestação de ácaro
rajado (b); epiderme superior da folha do morangueiro sadia (c) e com sintoma de infestação
de ácaro rajado (d). (Fotos: Thais Queiroz Zorzeto).
54
principais pragas. Por causa desse ataque e com a conseqüente morte das células, as folhas
lesionadas tornam-se descoradas, podendo até reduzir a taxa fotossintética das plantas quando
em altas infestações. Outro sintoma aparece também na epiderme inferior da folha, após a
colonização da praga na planta, onde o ácaro tece um emaranhado de fios, sobre o qual a
fêmea deposita seus ovos (FADINI & ALVARENGA, 1999).
O monitoramento periódico da população dessa praga é de extrema importância para o
controle eficaz. Como é difícil a visualização do ácaro a olho nu, deve-se utilizar uma lupa de
mão, com 20 vezes de aumento, para sua identificação e contagem.
O controle dessa praga com a utilização de métodos químicos é complicado, pois os
ácaros instalam-se na epiderme inferior das folhas e há necessidade de se aplicarem acaricidas
de baixa toxicidade e curto período de carência, devido às colheitas diárias. Além disso, é
comum o aparecimento de ácaros resistentes aos acaricidas; procedeu-se, no entanto, à
aplicação de acaricidas, visando atingir ácaros adultos, em conjunto com acaricidas que
atingissem os ovos já depositados.
Para favorecer o crescimento vegetativo foram realizadas 3 aplicações de aminoácido,
contido no produto FisherFert Induri, na proporção de 10 mL desse produto diluído em 5 L de
água limpa, aos 35º, 58º e 70º dias após transplante.
A cada 15 dias foi realizada a lavagem da caixa d´água e do filtro da irrigação, para
maior eficiência da retenção das partículas indesejáveis na tubulação da irrigação, devido à
possibilidade de entupimento dos gotejadores.
No início de outubro, os frutos apresentaram uma coloração mosqueada rosa e branca
(Figura 34), típica do fruto albino, uma doença não infecciosa, ou seja, que não é transmitida
por um patógeno associado. Os frutos apresentam-se normais em tamanho e em aparência,
mas lhes faltam a coloração característica e a firmeza (ficam moles e sem sabor), além de
apodrecerem rapidamente após a colheita (MAAS, 1984).
a b
Figura 34 – Fruto normal (a) e fruto branco (b) (Fotos: Thais Queiroz Zorzeto).
55
A causa principal do aparecimento do fruto albino, segundo MAAS (1984), é a baixa
translocação do açúcar para o fruto durante a maturação, o que pode ocorrer durante picos de
produção do fruto precedidos de alta temperatura seguida de dias nublados, ou devido à
aplicação excessiva de nitrogênio, ou devido a súbitas perdas de folhas através de ações de
patógenos ou pragas.
Em meados de outubro de 2010, observaram-se manchas avermelhadas e escuras nas
nervuras das folhas dos morangueiros, tanto na epiderme superior, quanto na inferior (Figura
35), em todos os tratamentos, de forma generalizada.
a b c
Figura 35 – Primeiros sintomas visuais da incidência de Rhizoctonia: parte superior (a) e
inferior (b) da epiderme foliar com as nervuras avermelhadas e escuras e evolução da doença
(c) com a expansão do avermelhamento pela folha e murcha da planta (Fotos: Thais Queiroz
Zorzeto).
56
a b
Figura 36 – Aparecimento de fungos na fibra de coco granulada, nos volumes de 1,0 e 1,5 L
por planta, na faixa correspondente à irrigação mais freqüente (a) e verificação das raízes,
para observar a ocorrência de umidade excessiva nos substratos em planta cultivada em fibra
de coco granulada, sob a mesma freqüência de irrigação (Foto: Thais Queiroz Zorzeto).
57
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1.1 Umidade
60
a4A b5B a5A b6A Umidade a 65ºC
a3A b3B a3A b4B Umidade a 103ºC
50
Umidade (%)
40
a2A b2B
30
20
a1A b1B
10
0
Fibra co co Casca pínus Casca pínus Casca arro z Fibra co co Casca pínus
granulada Lupa Vida Verde granulada + Lupa + casca
casca arro z arro z
Substratos
Figura 37 – Umidades de quatro substratos (fibra de coco granulada, casca de pínus Lupa,
casca de arroz e casca de pínus Vida Verde) e duas misturas (fibra de coco granulada com
casca de arroz e casca de pínus Lupa com casca de arroz), após secagem a 65ºC e a 103ºC.
58
Obs.: Letras minúsculas com índices comparam substratos diferentes e letras maiúsculas, temperaturas para
mesmos substratos. Valores seguidos de mesma letra ou mesmos índices não diferem entre si pelo teste de
Tukey, a 5% de probabilidade.
800
a5A Densidade
700
b5B a4A volumétrica
600
Densidade (kg m-³)
IN 31 - MAPA
b4B
500 a3A Densidade
b3B aparente
400
EN13040 - CEN
300
a2A
200 b2B a2A b2B
a1A b1B
100
0
Fibra coco Casca pínus Casca pínus Casca arroz Fibra coco Casca pínus
granulada Lupa Vida Verde granulada + Lupa + casca
casca arroz arroz
Substratos
59
Instrução Normativa nº 31, de 23 de outubro de 2008, do MAPA - Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (MAPA, 2008) e pela Norma Européia EN 13040 do Comitê
Europeu de Normatização (CEN, 1999a).
Obs.: Letras minúsculas com índices comparam substratos diferentes e letras maiúsculas, diferentes níveis de
compactação para mesmos substratos. Valores seguidos de mesma letra ou mesmos índices não diferem entre si
pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
Essa diferença foi devido à maior fonte de erros na determinação pela Instrução
Normativa, pois a compactação é realizada pelo próprio avaliador, deixando cair a proveta sob
a ação do seu próprio peso por dez vezes consecutivas e nem todas as vezes a proveta cairá
sobre a superfície de trabalho da mesma forma, como deveria, podendo titubear sobre seu
próprio eixo ou cair de maneira precisa, o que alterará a compactação e a leitura do volume
ocupado pelas partículas na proveta.
60
Além disso, a forma como a proveta, no caso da Instrução Normativa, e o cilindro de
ensaio, no caso da Norma Européia, são preenchidos também pode afetar a variação da
análise. Para o primeiro método, a recomendação é evitar a formação de poros artificiais ao
colocar o substrato na proveta, sendo que depende do avaliador a forma como a amostra é
colocada, se mais sutil ou brusca; para o segundo método, é utilizada uma peneira disposta
sobre um funil e a amostra, ao ser peneirada, cai diretamente dentro do cilindro de ensaio, o
que reduz a dependência do avaliador.
Ainda, DE KREJ et al. (2001) mostraram que a utilização de um peso externo para a
compressão de um volume definido de substrato pode gerar problemas com substratos
fibrosos ou com partículas muito grandes. Além disso, apesar de MINER (1994) ter afirmado
que a compressão devido à aplicação do peso de 650 g sobre o substrato é semelhante àquela
experimentada pelo substrato pela ação de seu próprio peso, os autores afirmam que apenas
75% da densidade volumétrica determinada pelo método da auto-compactação pode ser obtida
pela compressão de um peso externo, devido à compactação não ser uniforme por todo o
volume do cilindro de ensaio. Com os substratos em análise, obteve-se um valor médio para a
densidade volumétrica a partir da compactação de um pistão correspondente a 90% da
referida densidade obtida por ação de seu próprio peso (Tabela 6).
Além da compactação, variações no teor de umidade inicial da amostra levam à
alteração no valor de densidade com a amostra úmida, conforme determinado por FERMINO
(2003). Segundo a autora, a umidade inicial presente nas amostras tem dois efeitos: aumenta
o peso das partículas umas sobre as outras e aumenta a adesão entre elas. VENCE et al.
(2010) concordaram ao afirmar que os valores de densidade do substrato úmido têm alta
dependência da umidade inicial da amostra. Por exemplo, para a fibra de coco granulada
úmida obteve-se densidade volumétrica de 173,94 kg m-3 e, para o mesmo substrato,
excluindo-se a sua umidade, 92,16 kg m-3 (Tabela 6).
Considerando a importância que a determinação adequada da densidade volumétrica
do substrato úmido apresenta, uma vez que afeta indiretamente os cálculos de outros
parâmetros físicos, e que a umidade inicial da amostra promove alteração nos resultados de
análise obtidos por diferentes operadores, torna-se necessário padronizar os procedimentos
para sua mensuração. A correção do teor de umidade inicial da amostra para 50%, com base
na determinação prévia da matéria seca, parece ser o procedimento mais adequado para
reduzir a variabilidade observada nos resultados das análises de rotina (FERMINO, 2003).
Entretanto, na prática, essa correção é difícil de ser realizada de forma precisa, pois
considera-se que uma amostra de substrato está com umidade próxima a 50% (v v-1) quando,
61
visualmente, ao ser comprimida entre os dedos, mantém-se aglutinada, sem formar torrão,
nem tampouco liberar água (FERMINO, 2003). Essa aproximação leva a variações na
umidade, pois é dependente da prática de cada laboratorista. Nesse sentido, FERMINO (2003)
encontrou valores de umidade de 62% para amostras de turfa umedecidas segundo o controle
visual na forma em que foi descrito anteriormente.
A Instrução Normativa nº 31, de 23 de outubro de 2008, do MAPA - Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA, 2008), determina que seja utilizada a
densidade seca para registro dos substratos. Na tabela 6, observa-se que os valores das
densidades secas, tanto a obtida pelo método do MAPA (2008), quanto a do CEN (1999a),
são comparáveis.
62
2,5
)
-3
Densidade real média (kg m
b b
2 b
a a a
1,5
0,5
0
Fibra coco Casca pínus Casca pínus Casca arroz Fibra coco Casca pínus
granulada Lupa Vida Verde granulada + Lupa + casca
casca arroz arroz
Subs tratos
Figura 39 – Densidade real ou de partículas para a fibra de coco granulada, casca de pínus
Lupa, casca de pínus Vida Verde, casca de arroz e das misturas de fibra de coco granulada e
casca de arroz e de casca de pínus Lupa e casca de arroz, pelo método descrito por MINER
(1994).
Obs.: Letras minúsculas comparam substratos diferentes. Valores seguidos de mesma letra não diferem entre si
pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
63
100
b3
80 a3
Valor (% m m -1)
b2 b2
b2 b2
60
Matéria
a2 a2 a2
a2 orgânica
40
b1
Cinzas
20 a1
0
Fibra coco Casca pínus Casca pínus Casca arroz Fibra coco Casca pínus
granulada Lupa Vida Verde granulada + Lupa + casca
casca arroz arroz
Substratos
4.1.5 Porosidade
64
apresentando ainda um valor muito aquém do ideal teórico (entre 75 e 90% de porosidade)
(Figura 41).
60
a a a
50
10
0
Fibra coco Casca pínus Casca pínus Vida Casca arroz Fibra coco Casca pínus
granulada Lupa Verde granulada + Lupa + casca
casca arroz arroz
Substratos
Figura 41 – Valores de porosidade para fibra de coco granulada, casca de pínus Lupa, casca
de pínus Vida Verde, casca de arroz e das misturas de fibra de coco granulada e casca de arroz
e de casca de pínus Lupa e casca de arroz, calculados pela Norma Européia EN 13041 de
1999 (CEN, 1999b).
Obs.: Letras minúsculas comparam substratos diferentes. Valores seguidos de mesma letra não diferem entre si
pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
4.1.6 Granulometria
65
Além disso, substratos com grande porcentagem de partículas pequenas tornam-se
inadequados para vasos menores, pois retêm mais água e diminuem o espaço de aeração. A
baixa porosidade e o baixo espaço de aeração podem estar relacionados com a grande
quantidade de partículas de tamanho reduzido, aliando a isso uma alta densidade
(LUDWIG et al., 2008).
Os resultados (Figuras 42 e 43) indicam que houve predominância de frações
intermediárias (entre 2,0 e 0,5 mm) para a fibra de coco granulada, o que pode ser adequado,
quando se aliam alta porosidade à presença de microporos, responsáveis pela boa aeração e
pela retenção de água no ambiente; uniforme para a casca de pínus Lupa e a casca de pínus
Vida Verde, o que pode ser prejudicial pela acomodação das partículas menores entre as
maiores, diminuindo a porosidade do material devido à sua cimentação; houve também
predominância de frações grandes (entre 3,35 e 1,00 mm) para a casca de arroz, o que
favorece a aeração do ambiente radicular, mas pode prejudicar a retenção de água do material
pela ausência de microporos responsáveis por essa função.
60
50
A
40 A
% m m-1
B
B
30
B A
20
10 A A A A
A A A A A A
0
> 3,350 3,350 - 2,000 - 1,000 - 0,500 - 0,250 - 0,105 - < 0,062
2,000 1,000 0,500 0,250 0,105 0,062
60
50
40
% m m-1
30
A A A A A A
20
A A A A
10 B A
B A B A
0
> 3,350 3,350 - 2,000 - 1,000 - 0,500 - 0,250 - 0,105 - < 0,062
2,000 1,000 0,500 0,250 0,105 0,062
Figura 42 – Análise granulométrica para fibra de coco granulada e casca de pínus Lupa, com
tempos de agitação de 3 e de 10 minutos.
Obs.: Letras maiúsculas comparam tempos de agitação para mesmos substratos. Valores seguidos de mesma
letra não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
66
Casca pínus Vida Verde 3 min 10 min
60
50
40
% m m-1
30 A A
A A
20 A A B A
A A
10 B A
A B A B
0
> 3,350 3,350 - 2,000 - 1,000 - 0,500 - 0,250 - 0,105 - < 0,062
2,000 1,000 0,500 0,250 0,105 0,062
60
A
50 B
40
% m m-1
A
30 A
20 B
A A
10
B A A A A A A
0 A A
> 3,350 3,350 - 2,000 - 1,000 - 0,500 - 0,250 - 0,105 - < 0,062
2,000 1,000 0,500 0,250 0,105 0,062
Figura 43 – Análise granulométrica para casca de pínus Vida Verde e casca de arroz, com
tempos de agitação de 3 e de 10 minutos.
Obs.: Letras maiúsculas comparam tempos de agitação para mesmos substratos. Valores seguidos de mesma
letra não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
67
Mistura fibra de coco granulada + casca de arroz 3 min 10 min
60
50
A
40
% m m-1
30 A B A A
A
20 A
B B
10 B A
B B A B A
0
> 3,350 3,350 - 2,000 - 1,000 - 0,500 - 0,250 - 0,105 - < 0,062
2,000 1,000 0,500 0,250 0,105 0,062
60
50
40
% m m-1
A
30 A B
20 A A A A
B
A A A A
10
A A A B
0
> 3,350 3,350 - 2,000 - 1,000 - 0,500 - 0,250 - 0,105 - < 0,062
2,000 1,000 0,500 0,250 0,105 0,062
68
4.1.7.1 Capacidade de retenção de água pela Instrução Normativa brasileira
80
b4A
70 a4A
60 a3A b3A b3A
a3A A partir da base
50
a2A b2A a2A b2A do anel
40
30 A partir da
20 metade da altura
a1A b1A
10 do anel
0
Fibra coco Casca Casca Casca Fibra coco Casca
granulada pínus Lupa pínus Vida arroz granulada + pínus Lupa
Verde casca + casca
arroz arroz
Substratos
Figura 45 – Água retida pela fibra de coco granulada, casca de pínus Lupa, casca de pínus
Vida Verde, casca de arroz e pelas misturas de fibra de coco granulada e casca de arroz e de
casca de pínus Lupa e casca de arroz, na tensão de 10 hPa, sendo as referências para o ajuste
da tensão a base do anel volumétrico e o centro do mesmo (metade da altura).
Obs.: Letras minúsculas com índices comparam substratos diferentes, e letras maiúsculas comparam referências
de ajuste da tensão para mesmos substratos. Valores seguidos de mesma letra ou mesmos índices não diferem
entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
Observa-se que não houve diferença significativa entre as referências para o ajuste da
tensão, sendo possível sua determinação tanto a partir da base do anel volumétrico, quanto a
partir de seu centro. Entretanto, recomenda-se que a referência adotada seja a partir da base
do anel volumétrico da amostra, pela facilidade e maior exatidão desse ponto.
Além disso, a Instrução Normativa nº 14 de 15 de dezembro de 2004 (MAPA, 2004)
admite, sobre as garantias do produto, tolerância de 10% para menos em relação aos
resultados analíticos obtidos pelos laboratórios certificados para a capacidade de retenção de
água de substratos.
69
A diferença entre os valores de retenção de água obtidos a partir do centro do anel ou
da sua base (Tabela 7), tomando como referência a base do anel, enquadraram-se na
tolerância admitida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, com exceção
da mistura de fibra de coco granulada com casca de arroz.
80
Fibra coco granulada
60
Casca pínus Lupa + casca
arroz
40 Fibra coco granulada +
casca arroz
Casca arroz
20
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
Tensão (- cm c.a.)
Figura 46 – Curva de retenção de água da casca de pínus Lupa, casca de pínus Vida Verde,
fibra de coco granulada, casca de arroz, mistura de fibra de coco granulada com casca de
70
arroz e mistura de casca de pínus Lupa com casca de arroz, submetidos às tensões 10, 30, 50,
60 e 100 hPa.
Com esses pontos das curvas é possível obter mais informações, de forma mais clara, a
respeito do espaço de aeração e da água disponível às plantas (Figura 47).
100
EA
90
AFD
Volume água (%v v -1)
80
70 AT
60
50
40
30
20
10
0
Fibra coco Casca pínus Casca pínus Casca arroz Fibra coco Casca pínus
granulada Lupa Vida Verde granulada + Lupa + casca
casca arroz arroz
Substratos
Figura 47 – Espaço de aeração (EA), água facilmente disponível (AFD) e água tamponante
(AT) para fibra de coco granulada, casca de pínus Lupa, casca de pínus Vida Verde, casca de
arroz, mistura de fibra de coco granulada com casca de arroz e mistura de casca de pínus Lupa
com casca de arroz.
71
granulada mostrou-se adequada, garantindo à cultura uma certa quantidade de água para o seu
desenvolvimento, mesmo em condições mais limitantes.
120
b5A Europa
Volume água (% m m -1)
100
b4A b4A Brasil
80
a4B b3A
a3B a3B b2A
60
a2B a2B
40
b1A
20 a1B
0
Fibra coco Casca pínus Casca pínus Casca arroz Fibra coco Casca pínus
granulada Lupa Vida Verde granulada + Lupa + casca
casca arroz arroz
Substratos
Figura 48 – Comparação de métodos do MAPA (2008) e do CEN (1999b), para água retida
pela fibra de coco granulada, casca de pínus Lupa, casca de pínus Vida Verde, casca de arroz,
mistura de fibra de coco granulada com casca de arroz e mistura de casca de pínus Lupa com
casca de arroz, na tensão de 10 hPa.
Obs.: Letras minúsculas com índices comparam substratos diferentes, e letras maiúsculas comparam métodos
diferentes para mesmos substratos. Valores seguidos de mesma letra ou mesmos índices não diferem entre si
pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
Observa-se que, pelo método europeu, a quantidade de água retida no ponto de 10 hPa
é superior àquela determinada pelo método brasileiro. Isso pode ser devido à saturação mais
completa e homogênea das partículas das amostras, pois naquele processo os substratos em
análise são submetidos a uma pré-saturação e pré-submissão a 50 hPa, para homogeneizar a
amostra antes de iniciar o procedimento para determinação da umidade nos pontos da curva
de retenção de água.
VENCE et al. (2010) obtiveram resultados semelhantes ao analisar a retenção de água
de quatro tipos de substratos pelos métodos europeu e brasileiro. Observaram que as
72
diferenças obtidas podem ser explicadas pela diferença do tratamento inicial que as amostras
receberam: pela EN 13041, a dupla saturação e a pré-tensão a 50 hPa, que padroniza a
umidade da amostra antes de se iniciarem os pontos da curva, influiu no alto valor de retenção
de água com relação ao outro método.
4.2.1 pH
Tabela 8 – Valores de pH da fibra de coco granulada, casca de pínus Lupa, casca de pínus
Vida Verde, casca de arroz, mistura de fibra de coco granulada com casca de arroz e mistura
de casca de pínus Lupa com casca de arroz, com diluição 1:1,5 e 1:5.
pH
Substrato
1:1,5 1:5
Fibra coco granulada 6,6 a 6,7 b
Casca pínus Lupa 8,0 a 8,2 b
Casca pínus Vida Verde 5,3 a 5,5 b
Casca arroz 6,9 a 7,2 b
Fibra coco granulada + casca arroz 6,5 a 6,8 b
Casca pínus Lupa + casca arroz 8,0 a 8,3 b
Obs.: Letras minúsculas comparam diluições diferentes para mesmos substratos. Valores seguidos de mesma
letra não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 1% de probabilidade.
73
9,0
y = 1,0199x + 0,1065
8,5
R2 = 0,9903
8,0
7,5
pH 1:5
7,0
6,5
6,0
5,5
5,0
5,0 5,5 6,0 6,5 7,0 7,5 8,0 8,5 9,0
pH 1:1,5
Figura 49 – Correlação dos valores de pH obtidos para diferentes substratos (fibra de coco
granulada, casca de pínus Lupa, casca de pínus Vida Verde, casca de arroz e mistura de fibra
de coco granulada e de casca de pínus Lupa, ambas com casca de arroz) em duas proporções
de diluições da solução aquosa (1:1,5 e 1:5).
74
4.2.2 Condutividade elétrica
0,6
1:1,5
a2A a2A
0,5 1:5
a1A a1A a1A a1A
CE (mS cm -1)
0,4
b1B
0,3
b1B b1B b1B b1B
0,2
b1B
0,1
0,0
Fibra coco Casca pínus Casca pínus Casca arroz Fibra coco Casca pínus
granulada Lupa Vida Verde granulada + Lupa + casca
casca arroz arroz
Substratos
75
solução nutritiva. Os resultados das análises mostram que houve diferenças significativas
entre as capacidades de troca de cátions para os diferentes tipos de substratos (Figura 50).
A casca de arroz foi o material que apresentou menor capacidade de troca de cátions,
oposto ao resultado da fibra de coco granulada e da casca de pínus, que apresentaram a maior
capacidade de troca de cátions e não diferiram entre si.
MARTÍNEZ (2002) observou que quando a capacidade de troca de cátions é bastante
baixa, quase nula, o manejo no cultivo de plantas deve adotar alta freqüência de aplicação de
fertilizantes. Entretanto, com valores de capacidade de troca de cátions mais elevados, o
intervalo entre as aplicações deve ser mais distante, possibilitando a retenção dos nutrientes
no substrato e a sua liberação gradativa às plantas (MARTÍNEZ, 2002).
Como afirmou FONTENO (1996), o resultado da mistura não é a soma de seus
componentes, fato observado nos substratos aqui avaliados. Verifica-se que o valor da
capacidade de troca de cátions das misturas da fibra de coco granulada e da casca de pínus
Lupa, ambas com a casca de arroz, foi intermediário aos valores dos substratos puros (Figura
51).
600
500 a4 a4
CTC (mmol c kg -1)
400
a3 a3
300
a2
200
a1
100
0
Fibra coco Casca pínus Casca pínus Casca arroz Fibra coco Casca pínus
granulada Lupa Vida Verde granulada + Lupa + casca
casca arroz arroz
Substratos
Figura 51 – Capacidade de troca de cátions (CTC) dos substratos fibra de coco granulada,
casca de pínus Lupa, casca de pínus Vida Verde, casca de arroz, mistura de fibra de coco
granulada com casca de arroz e mistura de casca de pínus Lupa com casca de arroz.
Obs.: Letras minúsculas com índices comparam substratos diferentes. Valores seguidos de mesmos índices não
diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
76
4.3 Avaliação dos substratos no cultivo do morango
Para os substratos em estudo e para os seus volumes por planta, não houve diferenças
estatísticas entre as freqüências de irrigações de 2, 3 e 4 vezes por dia, com relação à massa
seca da parte aérea (Figura 52). O que se observou foi a diferença significativa entre a massa
seca das plantas cultivadas na casca de arroz em comparação com aquelas desenvolvidas na
fibra de coco e na mistura dessa com a casca de arroz, diferença que refletirá na produção e no
rendimento dos frutos colhidos nesses 3 tipos de substratos.
-1
Frequência irrigação 2x dia
20
Massa seca parte aérea (g)
15 Aa Aa
Aa Aa 1,0 L
Aa Aa
planta -1
10 1,5 L
Ba 2,0 L
Ba Ba
5
0
Fibra coco Casca arroz Mistura fibra coco + casca
Substratos arroz
-1
Frequência irrigação 3x dia
20
Massa seca parte aérea (g)
15 Aa Aa Aa
Aa Aa Aa
1,0 L
planta -1
10 1,5 L
Ba Ba
2,0 L
Ba
5
0
Fibra coco Casca arroz Mistura fibra coco + casca
Substratos arroz
-1
Frequência irrigação 4x dia
20
Massa seca parte aérea (g)
Aa
15 Aa Aa
Aa Aa Aa
1,0 L
planta -1
10 Ba 1,5 L
Ba
Ba 2,0 L
0
Fibra coco Casca arroz Mistura fibra coco + casca
Substratos arroz
Figura 52 – Massa seca da parte aérea do total das plantas, cultivadas em fibra de coco, casca
de arroz e mistura de fibra de coco e casca de arroz, volume de substrato por planta e
freqüência de irrigação.
Obs.: Letras minúsculas comparam volumes diferentes para mesmos substratos, e letras maiúsculas comparam
diferentes substratos para mesmo volume. Valores seguidos de mesma letra não diferem entre si pelo teste de
Tukey, a 5% de probabilidade.
77
A produção total de frutos por planta, em números e em gramas, foi avaliada
comparando-se, para cada freqüência de irrigação, os tratamentos referentes aos tipos e aos
volumes de substrato utilizados, através da análise de variância e, quando significativa, pelo
teste de Tukey a 5% de significância.
Para a freqüência de irrigação de 2 vezes por dia (Figura 53), observa-se que não
houve diferença significativa entre a fibra de coco e a mistura para o número (média dos 3
volumes de vaso de 11 frutos planta-1) e a massa de frutos colhidos (média dos 3 volumes de
vaso de 175 g planta-1 e 192 g planta-1, respectivamente). A casca de arroz apresentou
resultados significativamente menores tanto para a quantidade de frutos, como para sua
massa.
10 Ba
Nº fru to s p lan ta
8 Ba
6 Bb
4
0
Fibra coco Casca arroz Mistura fibra coco + casca arroz
Substratos
200 Aa Aa
Aa
150
-1
p lan ta
Ba
100
Bb
Bb
50
0
Fibra coco Casca arroz Mistura fibra coco + casca arroz
Substratos
Figura 53 – Número total médio de frutos colhidos e para a massa fresca dos frutos, contados
e pesados em campo, para cada tipo de substrato e volume de substrato por planta, na
freqüência de irrigação de 2 vezes por dia.
Obs.: Letras minúsculas comparam volumes diferentes para mesmos substratos, e letras maiúsculas comparam
diferentes substratos para mesmo volume. Valores seguidos de mesma letra não diferem entre si pelo teste de
Tukey, a 5% de probabilidade.
Irrigando 3 vezes por dia cada vaso, o número e a massa de frutos colhidos
apresentaram comportamento semelhante com relação ao tipo e ao volume de substrato
78
utilizado (Figura 54). Com a mistura dos substratos obteve-se em magnitude a maior
quantidade (12 frutos planta-1) e a maior massa de frutos colhidos (223 g planta-1) no volume
de 1,0 L por planta (Anexo II), mas não houve diferença significativa para os outros volumes
estudados para esse substrato.
Para a fibra de coco, houve diferença significativa da mistura com relação ao número e
à massa dos frutos (Figura 54). A casca de arroz apresentou resultados significativamente
menores tanto para a quantidade, quanto para a massa de frutos colhidos (média dos 3
volumes de vaso de 8 frutos planta-1 e 87 g planta-1 , respectivamente) .
10 Ba
Ba Ba Ba
8
0
Fibra coco Casca arroz Mistura fibra coco + casca arroz
Substratos
-1
Freqüência de irrigação: 3x dia 1,0 L 1,5 L 2,0 L
250
Aa Aa
Aa
M assa fresca frutos (g)
200
Aa
Ba
150
planta -1
Ba
Ba Ba
100
Ba
50
0
Fibra coco Casca arroz Mistura fibra coco + casca arroz
Substratos
Figura 54 – Número total médio de frutos colhidos e para a massa fresca dos frutos, contados
e pesados em campo, para cada tipo de substrato e volume de substrato por planta, na
freqüência de irrigação de 3 vezes por dia.
Obs.: Letras minúsculas comparam volumes diferentes para mesmos substratos, e letras maiúsculas comparam
diferentes substratos para mesmo volume. Valores seguidos de mesma letra não diferem entre si pelo teste de
Tukey, a 5% de probabilidade.
Na irrigação ainda mais freqüente, durante 4 vezes por dia (Figura 55), a mistura dos
substratos e a fibra de coco pura apresentaram melhores resultados com 2,0 L dos respectivos
substratos, com relação ao número (12 frutos planta-1) e à massa de frutos colhidos (220 g
79
planta-1 e 202 g planta-1, respectivamente), apesar de estatisticamente para a mistura não haver
diferenças significativas entre os outros volumes.
Para a casca de arroz, o comportamento é oposto: a irrigações mais freqüentes, devido
à sua baixa capacidade de reter água, a produção do número de frutos é melhor no menor
volume de substrato por planta (em 1,0 L, produziu 9 frutos planta-1), assemelhando-se
estatisticamente ao número colhido nos outros substratos nesse mesmo volume (Figura 55).
Apesar disso, a sua produtividade (em 1,0 L, produziu 121 g planta-1) ainda é
significativamente menor do que dos produzidos pelos outros substratos nesse mesmo
volume.
10 Ab Aa
N º fru to s p lanta
8 Bb Bb
6
0
Fibra coco Casca arroz Mistura fibra coco + casca arroz
Substratos
Aa
200 Aa
Ab Bb
-1
150 Ba
plan ta
B ab
100
Bb
50
0
Fibra coco Casca arroz Mistura fibra coco + casca arroz
Substratos
Figura 55 – Número total médio de frutos colhidos e para a massa fresca dos frutos, contados
e pesados em campo, para cada tipo de substrato e volume de substrato por planta, na
freqüência de irrigação de 4 vezes por dia.
Obs.: Letras minúsculas comparam volumes diferentes para mesmos substratos, e letras maiúsculas comparam
diferentes substratos para mesmo volume. Valores seguidos de mesma letra não diferem entre si pelo teste de
Tukey, a 5% de probabilidade.
80
obteve-se 11 g fruto-1, para a casca de arroz, em comparação com 16 g fruto -1 para a fibra de
coco e 18 g fruto-1 para a mistura.
-1
Frequência irrigação 2x dia 1,0 L 1,5 L 2,0 L
20 Aa
18 Aa
Aa Aa Aa Aa
16
(g fruto )
-1
12
Ba Ba
10
8
6
4
2
0
Fibra coco Casca arroz Mistura fibra coco + casca arroz
Substratos
-1
Frequência irrigação 3x dia 1,0 L 1,5 L 2,0 L
20 Aa Aa
Aa
18
16 AB a B a
Massa média fruto
Ba
14
Ba Ca
(g fruto )
-1
12
10 Ca
8
6
4
2
0
Fibra coco Casca arroz Mistura fibra coco + casca arroz
Substratos
-1
Frequência irrigação 4x dia 1,0 L 1,5 L 2,0 L
20,0
Aa Aa Aa
18,0
AB a Aa
Massa média fruto
16,0 Aa
Ba
14,0
(g fruto )
-1
12,0 Ba Ba
10,0
8,0
6,0
4,0
2,0
0,0
Fibra coco Casca arroz Mistura fibra coco + casca arroz
Substratos
Figura 56 – Massa média dos frutos colhidos, para cada tipo de substrato e volume de
substrato por planta, nas freqüências de irrigação avaliadas.
Obs.: Letras minúsculas comparam volumes diferentes para mesmos substratos, e letras maiúsculas comparam
diferentes substratos para mesmo volume. Valores seguidos de mesma letra não diferem entre si pelo teste de
Tukey, a 5% de probabilidade.
Essa diferença mostra a eficácia, mas a ineficiência desse substrato em sua forma
única para o produtor para o cultivo do morangueiro, pois, apesar de ter possibilitado a sua
produção, seus frutos apresentaram-se aquém da massa média dos frutos colhidos nos demais
substratos analisados (Figura 57). Entretanto, na forma de misturas com outros substratos, a
casca de arroz torna-se adequada ao cultivo, possibilitando resultados estatisticamente
81
semelhantes quando comparados a substratos já estabelecidos no mercado, como a fibra de
coco granulada.
a b
Figura 57 – Diferença nos tamanhos dos frutos cultivados na mistura de substratos (a) e na
casca de arroz pura (b) (Foto: Thais Queiroz Zorzeto).
Tabela 9 – Produtividade e a massa de frutos colhidos, para cada tipo de substrato e volume
de substrato por planta, referentes a 1,5 mês de colheita.
Produtividade Massa fruto
Substratos e volumes
g planta-1 g fruto-1
Fibra coco granulada 1,0 L 153,0 15,6
Fibra coco granulada 1,5 L 155,0 15,3
Fibra coco granulada 2,0 L 182,5 16,5
Casca arroz 1,0 L 104,3 12,5
Casca arroz 1,5 L 75,8 10,9
Casca arroz 2,0 L 70,3 10,5
Mistura fibra coco granulada + casca arroz 1,0 L 201,0 17,9
Mistura fibra coco granulada + casca arroz 1,5 L 195,0 17,5
Mistura fibra coco granulada + casca arroz 2,0 L 206,1 17,8
82
FERNANDES JUNIOR et al. (2002), na região de Jundiaí (SP), avaliando a produção
de frutos da cultivar Campinas IAC–2712, obtiveram 106,1, 160,2 e 230,5 g planta-1,
respectivamente, em função de três sistemas de condução em ambiente protegido (em colunas
verticais com casca de arroz carbonizada, hidropônico-NFT e solo), dados referentes a 2
meses de colheita (setembro e outubro). Para o peso médio dos frutos, os autores obtiveram,
respectivamente, 10,0, 10,4 e 12,1 g fruto -1, valores que se aproximaram dos obtidos pelo
cultivo em vaso em casca de arroz “in natura” (Tabela 9).
PIRES et al. (2007), em Atibaia (SP), obtiveram produtividade de 654,5 g planta-1,
com duração de colheita de 7 meses, e peso médio de frutos de 8,3 g fruto -1 para a cultivar
Campinas IAC-2712, em experimento realizado de abril a dezembro, em solo, sob casa de
vegetação, o que firma a potencialidade do cultivo do morangueiro em fibra de coco
granulada e na sua mistura com a casca de arroz (Tabela 9), nas condições do experimento.
83
5 CONCLUSÕES
84
Na avaliação do rendimento do morangueiro cultivado em vaso e em substrato, o
melhor resultado obtido, em magnitude, ocorreu para a mistura de fibra de coco granulada
com casca de arroz, na irrigação com freqüência de 3 vezes por dia, em 1,0 L do substrato por
vaso.
Para a fibra de coco granulada e para sua mistura com a casca de arroz, na irrigação
mais freqüente, os melhores resultados ocorreram com 2,0 L dos substratos por planta, devido
à alta capacidade de retenção de água e à limitação do espaço para drenagem eficiente nos
vasos.
Para a casca de arroz, com irrigações mais freqüentes, devido à sua baixa capacidade
de reter água, a produção do número de frutos é melhor no menor volume de substrato por
planta, apesar de a sua produtividade ser ainda significativamente menor do que a dos outros
substratos nesse mesmo volume.
Portanto, a casca de arroz é eficaz, porém ineficiente para o cultivo do morangueiro
em vaso. Entretanto, na forma de misturas, esse substrato torna-se adequado ao cultivo,
possibilitando resultados estatisticamente semelhantes quando comparados àqueles já
estabelecidos no mercado, como a fibra de coco granulada.
85
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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caracterização química de substratos para plantas. Horticultura Brasileira, Campinas, v. 25,
n. 2, p. 184-187, 2007.
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de frutos de morangueiro cultivado em substrato com diferentes soluções nutritivas.
Horticultura Brasileira, Brasília, v. 20, n. 1, p. 24-27, 2002.
ANTUNES, L.E.C.; FILHO, J.D.; CALEGARI, F.F.; COSTA , H.; REISSER JUNIOR, C.
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FRUTICULTURA, 20, 2008, Vitória. Anais... Vitória: INCAPER, 2008.
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CADAHIA, C. Fertirrigacion – Cultivos hortícolas y ornamentales. Madrid: Ediciones
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1988. Cap. 4: Principles of nutrition.
BURÉS, S.; FARRÉ, F.X.M. Normativa Europea sobre sustratos de cultivo y mejoradores de
suelo – Aplicación en el ámbito nacional. Actas de Horticultura, Almeria, n. 32, 2000.
86
CALEGARIO, F.F.; IWASSAKI, L.A.; HAMMES, V.S. A situação da cultura e o
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93
ANEXO
94
Anexo I – Parecer técnico do fungo que acometeu o final experimento, informado pelo Centro
de Pesquisa e Desenvolvimento de Fitossanidade do Instituto Agronômico.
95
Anexo II – Número, produtividade e massa de frutos do morangueiro, para diferentes tipos e
volumes de substratos, cultivados em vasos em 3 freqüências de irrigação.
Freqüência de
Substratos e volumes nº frutos Produtividade Massa média fruto
irrigação
-1 -1
frutos planta g planta g fruto-1
96