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Epizoocoria (Gregório Batista)

Os répteis também têm sua importância nas dispersões de sementes, a chamada:


saurocoria. Porém, a maioria dos estudos de saurocoria apontam que os répteis realizam a
endozoocoria, ou seja, disposição pelas fezes. Entretanto, no artigo científico disponível o site
da SciElo, é apresentado uma exceção com a iguana verde, que realiza a epizoocoria. No
estudo é percebido que as sementes de Melocactus curvispinus são ingeridas pelo lagarto
verde e sofrem em sua passagem pelo trato intestinal, contudo, as sementes que ficam presas
no focinha, germinam mais rápido e em maior quantidade. Os dados colhidos pelo estudo
sugerem, então, uma maneira alternativa de dispersão por lagartos que não constituem em
sua passagem pelo trato intestinal.

A saurocoria, ou dispersão de sementes por répteis como lagartos, tartarugas e cobras


(dinossauros também), é uma forma antiga de dispersão de sementes. Os répteis
desempenharam um papel importante na reprodução das plantas desde o jurássico (Howe &
Westley, 1988) e são reconhecidos como importantes dispersores de sementes das primeiras
gimnospermas e angiospermas (Tiffney, 1984 ). A maioria dos répteis não tem em sua dieta
frutas e outro vegetais e por isso esse tipo de dispersão é bastante rara, sendo mais comum,
porém, em ilhas e ambientes áridos pois nesses lugares os lagartos podem ser herbívoros
vertebrados dominantes. Estima-se que cerca de 202 espécies de lagartos em 19 famílias
consomem frutas e realizam dispersões (Olensen & Valido, 2003).

Seguindo para o exemplo da Iguana iguana e a Melocactus curvispnus na floresta seca


de Tatacoa no centro da Colômbia onde ocorre a dispersão do tipo epizoocoria. Nessa relação
mutualista ocorre também a dispersão (saurocoria) endozoocoria, que é dispersão das
sementes através das fezes (como dita anteriormente), porém, desconsiderados como
eficiente ou complementares para o funcionamento do ecossistema pois a parte da
comparação de dados fico constatado que a endozoocoria mais prejudicava a semente do que
a auxiliava em seu desenvolvimento. Contudo, ao alimentar-se da fruta da Melacactus
curvispnus as sementes ficavam grudadas sem seu focinho e assim as sementes eram
transportadas para longe da planta mãe e também mantinham sua viabilidade (Figura 1).

Figura 1. Foto tirada na floresta seca de Tatacoa mostrando um espécime de Iguana iguana
jovem se alimentando da fruta da Melocactus com a semente presa sem seu focinho.
Os dados coletados pelo estudo constatam que a dispersão apresentada na imagem
acima é a mais eficiente e os gráfico oriundos da pesquisa podem provar isso:

O gráfico ao lado
mostra os resultados
coletados a partir da
dispersão por
endozoocoria,
epizoocoria e pela
própria planta. Sendo a
linha pontilhada, endo; a
cinza, pela planta; e a
contínua, epizo.

Neste segundo gráfico


é possível observar a
chances de germinação da
planta a partir do estudo
realizado. Sendo,
novamente, a epizoocoria a
maneira mais viável para o
desenvolvimento da planta,
tendo 100% de chance de
germinar quando carregada
acidentalmente no focinho
do lagarto.

É valido destacar
também o vigor de plantas germinadas que passaram pela epizoocoria. No estudo foram
comparadas e constatou-se que essas plantas tinham maior disposição e melhores condições
de se devolverem, além de disponibilizarem mudas com maiores probabilidades de
sobrevivência e muito mais vigorosas. Além disso, mostraram também maior resistência a
predadores. Isso poderia ter uma boa aplicabilidade na agricultura e na silvicultura.

Portanto, como podemos ver, a interação da I. iguana e a M. curvispinus na floresta


seca de Tatacoa (Hulia, Colômbia) tanto a endozooria quanto a epizoocoria são dispersões
presentes na relação, sendo a epizoocoria a que apresenta melhor resultados de
desenvolvimento da planta, sugerindo que as I. iguana podem ser consideradas uma espécie
dispersora e predadora da M. curvispinus simultaneamente. Este é o artigo é o primeiro relato
de epizoocira por iguanas, que é um meio esquecido e alternativo de dispersão de sementes
por lagartos que compreende uma passagem pelo seu trato digestivo e que merecia maior
atenção para o entendimento da ecologia de florestas secas.
Referências Bibliográficas:
LASSO, Eloisa; BARRIENTOS, Lucas Santiago. Epizoocoria por meio de iguanas uma floresta seca: Um
mecanismo de dispersão de sementes despercebido. Colômbia, Bogotá. Colomb. v. 18, n. 1, p. 151-159,
2015. Disponível em: <http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0120-
07392015000100011&lng=en&nrm=iso>. Acessado dia: 01/12/2020

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